Chapter 1: Prólogo
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Nas Ruínas Dragônicas, outrora um reino repleto de riquezas ancestrais. E quase destruído pela arrogância e eugenia dos progenitores.
Mesmo em declínio, as Ruínas permaneciam magníficas. Rios de Qi puro serpenteavam por vales férteis. Montanhas flutuantes desafiavam a gravidade, e florestas exuberantes abrigavam bestas ferozes e ervas de poder incalculável.
Era um reino onde qualquer ser, por mais humilde, podia cultivar o Dao[1] e buscar a imortalidade. Uma herança da magia draconiana ancestral.Um mundo brutal onde os fortes governavam absolutos.
Desse caldeirão de ambição, oito grandes nações surgiram, mantendo uma paz precária baseada no medo mútuo e na cooperação necessária para sobreviver em um mundo tão perigoso.
A paz, porém, é frágil. E quando a força de uma nação cresce, sua ambição também cresce.
A cobiça pelos recursos para o cultivo os cristais de Qi das montanhas flutuantes, as ervas da Iluminação, as minas de cristais de sangue dragônico ,os Mananciais de Essência Vital – rompeu o frágil equilíbrio.
A guerra irrompeu, um conflito apocalíptico que durou cinco mil anos e ceifou incontáveis vidas, arrasando reinos inteiros e extinguindo linhagens ancestrais.
Ao fim dos cinco milênios de carnificina, apenas duas potências colossais permaneciam de pé, separadas por uma fronteira de cinzas e ossos.
De um lado, a Nação do Deus Marcial, formada pela unificação desesperada de quatro nações sobreviventes. Seu líder supremo é Jin Shakan, um cultivador de 7.700 anos no ápice do 4° Estágio do Reino do Imperador Marcial Imortal.
Um homem que carrega o peso de uma civilização em seus ombros. Seu braço direito é o venerável Grão-Mestre Lao Tiang (2° Estágio do Reino do Imperador Marcial Imortal), um estrategista cuja sabedoria é tão afiada quanto sua lâmina.
E protegendo suas fronteiras, os temíveis generais Shou Khan e Kao Khan (ambos no 5º Estágio do Reino do Caminho Imortal), guerreiros cujos nomes sozinhos fazem tremer o solo.
Do outro lado, a Nação do Demônio Marcial. Seu nome não foi escolhido por eles, mas dado pelo inimigo, após o tirano Hanshin Dokko conquistar e subjugar as três nações vizinhas com crueldade e poder absolutos.
Hanshin é a personificação do temor da Nação do Deus Marcial. Um gênio militar e cultivador de poder imensurável, cujos métodos sombrios são tão falados quanto sua força.
A guerra entrou em um impasse sangrento, um silêncio tenso que precede a tempestade final.
A Nação do Deus Marcial sabe que não pode cair. A queda significaria a obliteração total, o fim de tudo pelo que lutaram por cinco mil anos.
No tranquilo pavilhão de meditação de Lao Tiang, o ar cheirava a incenso e anciedade. O Grão-Mestre observava o voo de um pássaro celestial, tentando encontrar clareza na calma antes da tormenta.
De repente, um brilho sutil emanou de um cristal de comunicação em sua mesa ,um cristal que não pulsava há décadas.
Era o sinal. Seu espião mais profundo, uma agente implantada no coração da corte de Hanshin há séculos, finalmente se manifestava.
O risco de tal ato era catastrófico; ela só o faria se a informação fosse de extrema urgência e importância.
Com dedos que tremiam levemente, Lao Tiang ativou o cristal. Não havia imagem, apenas um sussurro fantasmagórico, carregado de pavor e pressa, ecoando na sala silenciosa:
"A reclusão começa sob a lua nova. Em meio ciclo solar.Ele tentará avançar em breve."
A mensagem cortou-se abruptamente. O cristal escureceu, reduzido a pó inerte. O silêncio que se seguiu foi mais estrondoso que qualquer explosão.
Lao Tiang ficou paralisado, as palavras ecoando em sua mente. "Avançar". Hanshin já era um monstro no ápice do Reino do Imperador Marcial Imortal.
Se ele avançasse agora muito menos para um reino superior, nem mesmo Jin Shakan poderia detê-lo.
Toda a estratégia, todas as defesas, toda a esperança da nação tornava-se obsoleta naquele instante.
Ele se levantou, seu rosto, outrora sereno, agora uma máscara de granito gravada com preocupação. Ele precisava avisar o Imperador Jin.
Os preparativos para a guerra tinham que ser acelerados.
Planos desesperados precisavam ser traçados.
A corrida contra o tempo havia começado.
A ascensão de um demônio ou a queda de um deus seria decidida nos próximos dias.
E o destino das Ruínas Dragônicas, o legado esquecido do Primeiro Pai, pendia na balança.
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[1] 'Dao' é o caminho que o guerreiro usa para cultivar sua mente,corpo e espírito. Existem vários caminhos.
Chapter 2: 001. Sob o Luar o Demônio Se Reclui.
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A Nação do Demônio Marcial - Palácio das Lágrimas de Sangue
O ar na capital, Noite Umbra, era pesado e eletrizado, como a calmaria opressiva que precede um furacão. Dos quatro cantos do reino, uma corrente interminável de recursos era canalizada para o coração do palácio imperial,
uma estrutura negra e pontiaguda que se erguia como um punho desafiador contra o céu.
No Grande salão ascendente, uma câmara circular escavada no subsolo e forrada com placas de obsidiana polida que refletiam a luz de mil velas, o ritual de preparação atingia seu clímax.
Sacerdotes vestidos com robes carmesim, seus rostos ocultos por máscaras de oni, cantavam mantras na língua dragônica em uníssono.
A cada sílaba, os geodos de cristal de Qi puro, pilhados das montanhas flutuantes,
eram dispostos em padrões complexos ao redor de uma plataforma central. Eles brilhavam com uma luz interior pulsante, sua energia vital sendo lentamente drenada para alimentar a formação.
No centro dessa espiral de poder, imóvel e com os olhos fechados, estava Hanshin Dokko. Seu manto negro de dragão caíra, revelando um torso cortado por cicatrizes que contavam a história de cinco mil anos de guerra.
Cada cicatriz parecia vibrar, absorvendo a energia densa que saturava o ar. Seu rosto, normalmente uma máscara de desdém imperial, estava tenso com uma concentração feroz. Ele não buscava a longevidade ou iluminação;
ele buscava a conquista absoluta. Cada respiração sua era um furacão silencioso, puxando o Qi para dentro de seu núcleo danificado, comprimindo-o e nutrindo.
Um homem magro e pálido, o Ministro do Interior, Ko, observava de um canto, seus dedos ossudos contorciendo-se com ansiedade.
"Tudo está pronto, Vossa Majestade!",
Sussurrou, sua voz um farfalhar seco.
"Os tributos das três províncias foram coletados. O Cristal do Coração da Montanha Flutuante de Xian foi integrado à formação".
"Nada faltará".
Hanshin não abriu os olhos.
"E os distúrbios no Leste? A rebelião dos Grãos de Arroz?"
"Esmagada, Vossa Majestade!" Ko respondeu rapidamente". "O General Mo enviou suas cabeças como aviso".
"A paz foi restaurada".
"Paz?" "Hahaha!"Hanshin riu, um som baixo e rochoso. "Só há paz quando não há mais ninguém para se opor".
"Vigie! Se qualquer um perturbar minha reclusão, extermine sua linhagem até a sétima geração". "Eu não tolerarei um único sopro de dissidência".
Ko inclinou-se profundamente, um calafrio percorrendo sua espinha.
"Como ordenartes soberano".
Do lado de fora, sob a luz fraca de uma lua nova que parecia sangrar no céu enevoado, os exércitos do Demônio Marcial formavam quilômetros de linhas de defesa concêntricas. Bestas de cerco energizadas por Qi apontavam para os céus.
Sentinelas com olhos de águia patrulhavam incansavelmente. Eles não estavam lá para lutar contra um inimigo exterior; estavam lá para garantir que o maior pesadelo de seu inimigo se tornasse realidade, sem interferências.
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Nação do Deus Marcial - Salão do Trono do Amanhecer Etéreo.
Enquanto a escuridão se consolidava em "Noite Umbra", a capital da Nação do Deus Marcial, "Aurora", era banhada pela luz suave do entardecer. Mas não havia paz na luz.
No salão do trono, onde colunas de jade branco se erguiam para sustentar um teto pintado com a história dos dragões fundadores, a atmosfera era de gelo cortante.
Imperador Jin Shakan estava sentado em seu trono, sua postura ereta,suas mãos ,que podiam partir continentes firmes nos braços da cadeira.
Seu rosto, marcado por milênios de sabedoria e perda, era impenetrável, mas seus cabelos e olhos dourados, que brilhavam com a luz, cintilavam com uma fúria contida.
Diante dele, Lao Tiang terminava de relatar a mensagem devastadora.
Os generais Shou Khan e Kao Khan estavam parados à frente.
Imóveis como estátuas, mas o Qi ao seu redor ondulava como o ar sobre uma fornalha, um testemunho silencioso da fúria que fervilhavam em seu interior.
"Ele tentará avançar em breve!", finalizou Lao Tiang, sua voz ecoando solenemente no vasto salão.
O silêncio que se seguiu foi mais pesado que qualquer discurso.
Foi o General Shou Khan quem quebrou o silêncio. Seus punhos estalaram.
"Então é isso! O rato vai se esconder em seu buraco para ficar maior. Devemos atacar agora, enquanto ele está vulnerável em sua reclusão". "Um ataque total, com tudo que temos! "
Kao Khan, sempre mais tático, cruzou os braços sobre seu peito largo.
"Atacar como que, Irmão?"
"Suas defesas serão impenetráveis. Seria como lançar nosso exército contra uma montanha".
Ele espera isso. Ele quer que nós nos desgastemos contra suas fortificações!"
"Então o que sugere?".
Rosnou Shou Khan, virando-se para o Irmão.
"Ficamos sentados aqui, polindo nossas armas, esperando que ele surja como um deus demônio e esmague nosso reino sob seu calcanhar?"
"Silêncio!!!".
A palavra do Imperador Jin não foi gritada. Foi dita com calma, mas carregava o peso absoluto da autoridade. Cortou o debate como uma lâmina. Ambos os generais imediatamente se curvaram e recuaram um passo.
Jin Shakan ergueu os olhos, olhando para além dos presentes, para o legado de cinco mil anos que ele carregava.
"Lao Tiang!?"Disse o Imperador, sua voz um rugido distante".
"Sua agente... ela pagou o preço final?"
Lao Tiang fechou os olhos por um breve momento e acenou com a cabeça.
"O cristal se desintegrou. Ela só faria isso se sua capa tivesse sido rompida".
"Sim, Vossa Majestade. Ela se foi".
"Ela será lembrada!"
Declarou Jin, uma promessa gravada em aço.
"E sua bravura nos deu a única coisa que importa agora: "tempo".
Ele se levantou, e sua simples estatura preencheu o salão. "Shou está certo em seu desejo de lutar".
"Kao está certo em sua cautela.,um ataque direto é uma sentença de morte".
"Mas a passividade também o é." Ele desceu os degraus da plataforma do trono, seu olhar passando por cada um deles.
"Não vamos atacar apenas ele. Vamos atacar sua fonte de poder".
Lao Tiang ergueu as sobrancelhas.
" Vossa Majestade?"
"Hanshin não está fazendo isso sozinho. Ele está consumindo os recursos de todo o seu reino para alimentar essa ascensão. Ele unificou três nações pela força. O ódio e o medo devem fervilhar sob a superfície" Jin declarou.
"Enquanto ele estiver distraído, nós vamos cortar o fluxo". Ele apontou para os generais.
"Shou Khan . Kao Khan. Vocês liderarão ataques nas rotas de suprimento, nos locais de mineração de Cristal de Qi".
"Não para ocupar, mas para destruir. Criem caos. Forcem-nos a desviar guerreiros para a proteção interna".
Por fim, ele voltou-se para Lao Tiang. "Grão-Mestre! Use sua rede. Alimente as chamas da dissidência. Espalhe a notícia de que Hanshin está drenando a própria vida de suas terras para seu ganho pessoal".
"Que ele deixará suas próprias províncias como um deserto estéril. Deixe o povo dele duvidar". Deixe-os temer seu imperador mais do que temem a nós.
"Use suas sombras!"
Seus olhos brilharam com a frieza de uma estrela distante. "Nós não podemos impedi-lo de tentar avançar. Mas podemos garantir que quando ele emergir, ele o faça mais fraco do que esperava".
"E que encontre um reino à beira da revolta, não unificado em sua glória".
Era um plano desesperado. Uma aposta de que a tirania de Hanshin havia plantado as sementes de sua própria destruição.
"O tempo de nos escondermos acabou!" O Imperador concluiu, sua voz ecoando com um poder final.
"Não lutaremos pela vitória. Lutaremos pela chance de sobreviver. Lutaremos para que a queda do dragão demoníaco não signifique o fim de tudo".
"Agora, vão. E que o legado do Primeiro Pai, Draconis, nos guie".
Sob a mesma lua nova que iluminava a reclusão de um demônio, a Nação do Deus Marcial se preparava para sua jogada mais perigosa. A guerra havia entrado em sua fase final.
Chapter 3: 002. Sombras no Umbral e a Serpente Adormecida.
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Salão das Decisões Silenciosas - Nação do Deus Marcial.
O escritório privado de Lao Tiang era gelado, refletindo a mente de seu ocupante ordenada, funcional e repleta de profundidades ocultas.
Após a reunião com o Imperador, ele não se dirigiu aos quartéis-generais ou aos campos de treinamento.
Em vez disso, ele retirou um pergaminho simples de uma prateleira, murmurou uma palavra de poder e uma seção da parede de pedra deslizou sem ruído, revelando uma escada que mergulhava na escuridão.
Ele desceu até uma câmara circular completamente vazia, onde a única luz era um pilar pálido de luz que entrava por uma claraboia no alto. O ar era frio e imóvel.
"O tecido da realidade se rasga". Sussurrou Lao Tiang, sua voz ecoando baixinho no espaço contido.
"O demônio busca ascender. Nosso Imperador traçou um plano de fogo e aço para distrair a besta. Mas nós... nós atacaremos seu "coração."
Ele não estava se dirigindo a ninguém. Apenas às sombras.
E, como se tivessem sido tecidas a partir da própria escuridão, quatro figuras se materializaram. Não houve som de passos, nem dispersão de névoa.
Um momento a câmara estava vazia; no seguinte, quatro silhuetas ajoelhadas, vestidas com roupas justas de um cinza tão escuro que parecia sugar a luz ao seu redor, estavam diante dele, cabeças baixas em profunda reverência.
Eram as Sombras, a facção mais secreta e letal da nação, respondendo apenas ao Grão-Mestre.
Lao Tiang não perdeu tempo.
"Hanshin inicia sua reclusão. As defesas de Noite Umbra estão no auge, centradas em sua câmara".
"Nosso objetivo não é apenas o próprio Hanshin". "Nosso objetivo são seus quatro Mestres de Formação, os arquitetos das barreiras que protegem o castelo e canalizam energia para ele".
"Eliminem-nos, e não apenas enfraqueceremos significativamente as defesas para os ataques de nossos generais, mas potencialmente interromperemos o fluxo de Qi para sua ascensão, corrompendo-a".
Ele fitou cada uma das quatro figuras.
"Cada um de vocês tem um alvo designado. Infiltrem-se, matem-nos e sumam".
"A discrição é primordial". "O caos que se seguirá será nossa verdadeira arma".
Seu olhar repousou por um momento mais longo na figura mais próxima, mais esguia que as outras.
"Yue Tiang?"
A Sombra ergueu a cabeça. Seus olhos, da cor de âmbar escuro, brilharam sob o capuz. Nenhuma emoção transparecia em seus traços finos, mas uma devoção absoluta era visível em seu olhar.
A órfã que ele encontrara entre os escombros
de uma cidade fronteiriça, com um talento assombroso.
Seu cultivo era restrito ao Reino do Caminho Marcial imortal 1° Estágio. Mas suas técnicas de integração das sombras e seu núcleo de cultivo não emitia a menor pulsação de Qi.
Ela era um vazio, invisível para qualquer sensor espiritual, uma anomalia perfeita para uma assassina.
"Meu pai!" Sua voz era um sopro, quase inaudível.
Lao Tiang estendeu a mão. Em sua palma repousava uma adaga. O cabo era de osso negro entalhado, mas a lâmina era a verdadeira maravilha, ou monstro.
Era feita de um material vítreo e translúcido, dentro do qual um fluido vermelho-escuro e denso, como sangue coagulado, pulsava lentamente. Parecia vivo.
"Adaga do Sussurro Abissal". Anunciou Lao.
"Forjada com o veneno paralisante da Serpente Dragão do Abismo"."Uma única grama é suficiente". "Ela não é fatal por si só ,isso seria uma misericórdia que Hanshin não merece".
"Mas seu veneno atrofia e corrompe os meridianos, transformando o Qi em uma âncora de agonia". "É uma ferramenta para incapacitação, não para morte limpa". "Para você, minha protegida, cuja mão é a mais certeira".
Yue Tiang estendeu as duas mãos e recebeu a adaga com a solenidade de um ritual. O objeto pareceu sussurrar para ela, uma sensação gelada e sedenta que ecoou em seu próprio vazio interior.
"Agradeço, meu pai!". Ela disse, embainhando a adaga em uma bainha especial em sua coxa. O objeto pareceu se fundir com as sombras de sua roupa.
"Dentro de meio ciclo solar, quando a lua estiver em seu ponto mais negro, a ofensiva principal começará". "Estejam posicionados e prontos".
"A infiltração será seu maior desafio. Confusão será sua aliada".
Lao Tiang olhou para seu esquadrão de assassinos fantasmais.
"O destino de nosso reino repousa não apenas nos exércitos, mas no silêncio de suas lâminas. Não falhem".
As quatro figuras inclinaram a cabeça em perfeita sincronia. Sem outra palavra, elas pareceram se dissolver de volta nas sombras da câmara, deixando para trás apenas um frio residual.
Enquanto as Sombras se preparavam para sua dança mortal, os generais Shou Khan e Kao Khan transformavam o plano do Imperador em ação.
Nos pátios de parada, tropas de elite eram reunidas. Não eram grandes exércitos, mas unidades menores e ultra-móveis, especialistas em sabotagem e ataques-relâmpago.
Cartas de rotas de suprimento, mapas de minas de cristal e perfis de generais inimigos eram estudados. A máquina de guerra do Deus Marcial se voltava para a logística, um alvo incomum, mas vital.
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Câmara do Dragão Caído - Noite Umbra
Profundamente dentro do Palácio das Lágrimas de Sangue, Hanshin Dokko engoliu a última pílula de um conjunto de doze.
O sabor era de metal incandescente e terra vulcânica, queimando sua garganta, mas uma onda de poder primordial inundou seus meridianos, fazendo com que as cicatrizes em seu torso brilhassem com um vermelho sombrio.
Garrafas de poções reluzentes vazias a seus pés, seu conteúdo agora uma tempestade fervilhante em seu núcleo.
Seus olhos se abriram, não mais humanos, mas poças de lava fundida. A dor era excruciante, mas era uma dor que ele conhecia bem, a dor do poder. Ele a abraçou.
Com um gesto brusco da mão, ele fez sinal para os mestres alquimistas e servos trementes que se retirassem. Sua voz ecoou na câmara, distorcida pelo poder cru que ele continha.
"SAIAM AGORA!"
A ordem foi um golpe físico, empurrando todos para fora.
Quando o último servo tropeçou para além da porta, Hanshin fixou seu olhar em uma única figura que permanecia imóvel perto da porta.
Um homem de estatura média, vestido com uma armadura negra simples, seu rosto marcado por batalhas e lealdade absoluta. Seus olhos eram frios e calculistas.
"Liu Xiu!" Rugiu Hanshin, o Qi em sua voz quase material.
"Agora esta no comando." "Nenhuma mensagem, nenhum intruso, nenhum sussurro de perturbação deve chegar até mim".
"O reino é seu para defender. O mundo é seu para queimar, se necessário".
Liu Xiu, o Comandante-General da Nação do Demônio Marcial, um Imperador Marcial Imortal da 2° Estágio, curvou-se profundamente, seu punho cerrado batendo no peitoral de sua armadura com um som seco.
"Não falharei,meu soberano!" "Sua voz era áspera, rouca da inalação constante de fumaça de batalha e de poucas palavras".
Sem mais delongas, a maciça porta de rocha de amethista negra, cravejada com runas de contenção de energia, começou a se fechar com um rangido grave que parecia vir das entranhas do mundo.
A fenda de luz diminuiu até se tornar uma linha e então desapareceu, selando Hanshin Dokko com sua ambição monstruosa e poder insondável.
Do lado de fora, Liu Xiu se virou. Seus olhos, agora a única autoridade máxima no reino, percorreram os corredores vazios. Ele não era um mero brutamontes; era um estrategista meticuloso. Ele sabia que o inimigo não ficaria parado.
"Triplicar as patrulhas!"
Ordenou ele a um subcomandante que surgiu da sombra.
"Ativar todas as formações de detecção em potência máxima". "Qualquer anomalia, por menor que seja, é relatada diretamente a mim". "Ninguém entra. Ninguém sai".
Enquanto ele marchava para assumir seu posto no centro de comando, uma sensação de pressão imensa pairava sobre ele. Ele não estava apenas protegendo um castelo; estava protegendo o futuro de um deus demônio em gestação.
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E em algum lugar, nas sombras entre os dois reinos, quatro assassinos e um exército de sabotadores já se moviam, suas ações preparando o palco para um confronto que decidiria o destino de todas as Ruínas Dragônicas.
Chapter 4: 003. Conflito, Infiltração e Ódio.
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Fronteira Oeste da Nação do Demônio Marcial - Vale do Lamento Silencioso
A poeira vermelha do entardecer misturava-se com a fumaça negra que subia da caravana carbonizada. O cheiro de carne queimada e metal derretido empestava o ar.
O General Shou Khan , montado em seu poderoso Yaoguai[1] blindado, observava com satisfação brutal o trabalho de seus homens.
Seus cavaleiros, montados em bestas aladas menores e mais ágeis, haviam atingido como um furacão.
Os guardas da caravana de suprimentos – minérios de cristal de alta pureza destinados à capital – jaziam mortos, seus corpos despedaçados pela força esmagadora de Khan.
"Queimem tudo! Não deixem nem um grão de pó utilizável!" Seu rugido ecoou pelo vale, acompanhado pelo estalido alegre do fogo consumindo madeira e tecido.
Um de seus capitães aproximou-se, manchado de cinzas.
"General, a carga é imensa. Poderíamos desviar parte para nossos próprios armazéns..."
Khan girou em sua montaria, seu olhar capaz de parar o coração de um homem comum.
"Você é burro ou traidor? Isto não é pilhagem!"
"É sabotagem. O objetivo é que nada chegue ao Demônio"."Se não podemos usar, nós destruímos! Entendido?"
O capitão empalideceu e recuou, saudando rapidamente.
"Sim, General!"
Enquanto as chamas cresciam, Shou Khan olhou para leste, em direção ao coração do território inimigo. Um sorriso feroz cruzou seu rosto. Era apenas o início.
O caos era uma semente que ele plantaria com alegria em cada estrada, em cada mina, em cada posto avançado.
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Posto de Comando de Fronteira Norte - Fortaleza da Garra Gélida
Enquanto Shou Khan era o furacão, Kao Khan era o terremoto – lento, metódico e inevitável.
De dentro de uma tenda de comando simples, ele estudava mapas de disposição de tropas com um olhar crítico. Seus ataques não eram sobre barulho e fúria, mas sobre precisão cirúrgica.
"O comboio do General Mo!" Ele disse, apontando para um ponto no mapa.
"Ele é o braço direito de Liu Xiu na logística".
"Se ele cair, a cadeia de suprimentos do norte entra em colapso".
Um de seus tenentes, um homem jovem com olhos afiados, inclinou-se.
"Seus guardas são numerosos, General Kao Khan". "Um ataque direto seria custoso".
"Por isso não atacaremos o comboio!" Respondeu Kao Khan, um leve sorriso nos lábios.
"Atacaremos a ponte de pedra de Singra, três milhas à frente!".
"Minhas equipes já colocaram os explosivos de Qi. "Quando o comboio de Mo estiver a meio caminho, nós... recolheremos a ponte".
A estratégia era clara: eficiência máxima, baixo risco, dano catastrófico. Enquanto Shou Khan espalhava o terror, Kao Khan cortava artérias vitais com uma navalha.
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Portões Externos de Noite Umbra - Vila de Pó de Pedra
A vila era um lugar miserável, um tumor de madeira podre e barro seco encravado nas sombras das imponentes muralhas da capital.
Era para onde iam os que fugiam dos impostores extorsivos, da conscrição forçada e da fome que começava a se espalhar pelo interior, já que todos os recursos eram desviados para a capital. O ar cheirava a desespero e suor.
Por entre a multidão de rostos cansados e roupas esfarrapadas, moviam-se quatro figuras. Eles haviam trocado os trajes cinza por farrapos sujos, sujado seus rostos com terra e adotado a postura curvada e derrotada dos refugiados. Eram invisíveis não por magia, mas por serem parte da paisagem da miséria.
Yue Tiang, com seu rosto sujo e um trapo cobrindo parte de seu cabelo, ajudava uma mulher idosa a carregar um balde de água suja. Seus movimentos eram desajeitados, apropriados para uma camponesa faminta.
Mas seus olhos âmbar percorriam cada centímetro do posto de guarda à frente, memorizando os turnos, os padrões de patrulha e a localização das runas de detecção esculpidas nos pilares do portão.
Um dos outros assassinos, o que respondia pelo nome de "Vento", murmurou enquanto se ajoelhava para amarrar uma sandália.
"As runas são do tipo defluxo"."Detectam picos de Qi ativo".
"Passivos, como os nossos, são indetectáveis. O verdadeiro problema são os guardas com olhos de águia no topo da muralha".
"Eles procuram ameaças de fora, não de dentro". Sussurrou Yue de volta, sem olhar para ele.
"Eles esperam um exército, não uma ideia. Nós somos a poeira que entra pelas frestas."
Ela observou um capitão da guarda, arrogante, empurrando um refugiado para fora do caminho. O ódio no olhar do homem era palpável.
"Lao Tiang estava certo. O veneno da discórdia já estava aqui, fermentando".
Eles só precisavam administrar o veneno final.
Dentro de seus farrapos, cada um dos assassinos carregava uma pequena bolsa contendo não armas, mas informações.
Moedas falsas, rumores escritos em pedaços de papel sujo, histórias de como Hanshin estava
drenando a vida da terra, condenando todos à morte por fome para alimentar sua própria ambição.
Eles semeariam essas histórias nos becos e tavernas, intoxicando a população com a verdade antes de partirem para seu verdadeiro objetivo.
Enquanto a noite caía sobre a vila miserável, a escuridão tornou-se sua aliada. Yue Tiang encontrou um canto escuro entre duas cabanas, longe dos olhares curiosos.
Ela não sentia medo, apenas uma fria determinação. Esta era a missão para a qual ela foi criada. A filha das sombras, prestes a desafiar o próprio dragão em seu covil.
Do lado de fora dos muros, o caos crescia. Dentro dos muros, o ódio fermentava. E nas sombras mais profundas, quatro assassinos esperavam, prontos para levar a discórdia diretamente para o coração da fortaleza.
A infiltração havia começado.
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[1] Yaoguai: Termo que se refere a monstros, demônios ou espíritos animais na mitologia chinesa, muitas vezes usados como montarias ou guardiões.
Chapter 5: 004. Sussurros no Mercado Sombrio.
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O anoitecer em Noite Umbra não era de quietude, mas de um murmúrio abafado e constante, como o zumbido de um enxame de insetos preso sob uma tigela. A "Cidade Baixa", um labirinto de becos estreitos e edifícios
inclinados que se aglomeravam na sombra da cidadela imperial, fervilhava de uma vida própria, corrupta e desesperada.
Era aqui, longe da disciplina marcial dos níveis superiores, que o verdadeiro pulso da cidade – fraco e intoxicado – ainda podia ser sentido.
Yue Tiang movia-se por esses becos com a fluidez de um peixe em águas turvas. Seus farrapos de refugiada a camuflavam perfeitamente entre os marginalizados, os ladrões e os informantes que habitavam aquele lugar.
Seus companheiros Sombras já haviam se dispersado, cada um seguindo seu próprio caminho em direção aos seus alvos, semeando o caos necessário para cobrir seus rastros.
Seu destino era um lugar conhecido como "O Cálamo e a Adaga", uma taverna subterrânea onde mercadores de informação, assassinos de aluguel e desertores do exército se misturavam sob uma névoa de fumaça barata e álcool roubado.
O ar era espesso e pesado, cheirando a mentira e traição.Ela se encostou em um canto escuro, fingindo beber uma caneca de aguardente podre enquanto seus ouvidos, aguçados além do normal, filtravam dezenas de conversas simultaneneas.
"...o imposto de grãos foi triplicado novamente". "Minha família vai passar fome este inverno..." "...dizem que o General Comandante Liu Xiu executou um comandante por questionar uma ordem"...
..."A guarnição norte está com o moral por um fio.....vi com meus próprios olhos! Um comboio de cristais enorme, vindo das minas do sul, foi obliterado....Ninguém sobreviveu. Dizem que foi o próprio Deus Marcial..."
Um sorriso quase imperceptível tocou os lábios de Yue. As sementes plantadas pelos irmãos Khan já estavam brotando. O medo e a desconfiança se espalhavam.
Foi então que ela ouviu a conversa que procurava. Dois homens, vestidos com as túnicas surradas de servidores públicos de baixo escalão, estavam encostados no balcão, murmurando entre eles com vozes embriagadas e amargas.
"...não adianta reclamar, Wen. Eles levaram meu último filho para o 'serviço de escavação profunda'. Nem sei se está vivo" "...Escavação?Bobagem. Todos sabem. Eles estão drenando os veios de Qi da terra sob o próprio palácio.
"... É para Ele. Para a ascensão."
"...Silêncio,idiota! Falar isso é sentença de morte!"
"...E daí?O que resta? Eles estão sugando a própria vida do solo. As colheitas estão murchando, o gado está fraco. Em um ano, não haverá mais nada aqui".
"... Só um deserto estéril e um tirano faminto por poder que não se importa se todos nós morrermos!"
A fala do homem, carregada de um ódio cru e desesperado, era a deixa perfeita. Yue se aproximou silenciosamente, deslizando pela multidão como uma fumaça.
Quando passou por trás do homem mais vocal, seu movimento foi tão suave que ele nem percebeu o pequeno pedaço de papel denso e dobrado que foi parar no bolso rasgado de sua túnica.
Ela não parou. Continuou, repetindo o movimento outras vezes, plantando suas sementes venenosas em bolsos de comerciantes descontentes, soldados bêbados e até na bolsa de uma prostituta que reclamava do sumiço de clientes ricos.
Cada pedaço de papel continha uma variação da mesma mensagem, escrita com uma tinta que desapareceria em horas:
~O Dragão Devora seu Próprio Reino. Ele suga o Qi da terra, condenando-nos à fome para alimentar sua ganância. Nossos filhos morrem nas minas por sua ambição. A Ascensão do Demônio é a Morte de Todos.~
~Perguntem a seus mestres, por que
as colheitas falham? Por que o ar perdeu seu vigor?~
O trabalho dela ali estava feito. Os rumores, agora alimentados por "provas" físicas efêmeras, se espalhariam como um incêndio em um campo seco.
A discórdia não era mais apenas um sentimento; era uma informação "vazada", e isso a tornava muito mais perigosa.
Ela saiu do Cálamo e da Adaga, fundindo-se novamente com as sombras dos becos.
Agora, era hora de se concentrar no verdadeiro objetivo. Ela precisava encontrar uma maneira de subir para os níveis superiores da cidade, onde os Mestres de Formação residiam e trabalhavam, protegidos não apenas por guardas, mas por barreiras de energia que mesmo sua anomalia natural poderia ter dificuldade em atravessar sem ser notada.
Enquanto isso, em outro ponto da Cidade Baixa, uma das outras Sombras, "Vento", observava a movimentação de um carroção puxado por Yaoguai que subia uma rampa em direção à cidadela.
O condutor ostentava a insígnia dos Fornecedores Reais de Provisões Alquímicas. Era uma oportunidade. Um plano começou a se formar em sua mente, um caminho para dentro.
A infiltração estava em andamento.
O veneno da dúvida estava nas entranhas da cidade.
E quatro assassinos invisíveis se moviam em direção ao coração da fortaleza, cada um deles um prenúncio de morte para aqueles que sustentavam a ambição do tirano.
Chapter 6: 005: Covil do Dragão Imperador.
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O ar mudou, era uma sensação sutil a princípio, um formigamento na nuca, um peso invisível sobre os ombros.
Nos campos de batalha distantes, onde os generais" Khan" lideravam seus ataques relâmpago, os cultivadores de maior percepção hesitaram por um breve instante.
O fluxo do Qi ao seu redor, antes uma corrente previsível, tornou-se pesado e lento, como melado, antes de ser repentinamente sugado em direção à capital inimiga, como se uma maré cósmica estivesse mudando de direção.
Dentro da Nação do Deus Marcial, no Salão do Trono do Amanhecer Etéreo, o Imperador Jin Shakan ergueu a cabeça abruptamente. Seus olhos, que brilhavam com a luz dourada.
Ele não precisou de sensores ou relatórios.
Cada fibra de seu ser, cada centelha de seu poder de 7.700 anos, sentiu a mudança no próprio mundo.
"Ele começa a acordar!".
A voz de Jin ecoou baixa e grave no salão silencioso, fazendo com que Lao Tiang, que meditava em um canto, abrisse os olhos instantaneamente.
"Todo reino reage perante sua arrogância."
Lao Tiang sentiu um frio percorrer sua espinha. A pressão era palpável mesmo a essa distância, uma presença opressiva que se estendia por milhares de quilômetros.
"As Sombras estão em posição". Sussurrou, mais para si mesmo do que para o Imperador. "Que suas lâminas sejam rápidas."
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Noite Umbra - Cidadela Imperial.
Na Cidade Baixa, o murmúrio constante de descontentamento foi subitamente sufocado por um silêncio pesado e inexplicável.
Os refugiados, os ladrões, os soldados bêbados – todos pararam no que estavam fazendo, instintivamente olhando para cima, em direção ao palácio negro.
O ar estava eletricamente carregado, difícil de respirar. As lamparinas e tochas sufocando, suas chamas sendo puxadas não pelo vento, mas por uma força invisível que sugava a energia do ambiente.
Dentro do covil da besta, a pressão era insuportável. Os guardas nas muralhas sentiam suas reservas de Qi serem drenadas lentamente, uma sensação de vertigem espiritual tomando conta deles.
As runas de proteção nas paredes cintilavam com uma luz fraca e irregular, lutando para se manterem ativas enquanto a energia era violentamente canalizada para dentro.
No centro de comando, o General Liu Xiu estava de pé diante de um enorme mapa de cristal que mostrava o reino.
De repente, as luzes que representavam as linhas de Qi do mundo começaram a tremer e depois se curvaram violentamente, todas convergindo para um único ponto: a Câmara do Dragão Caído.
Seu rosto, normalmente um modelo de frieza calculista, estava pálido. Ele sentiu o poder avassalador, uma vontade tão feroz que ameaçava esmagar a dele própria.
Ele era um Imperador Marcial Imortal de 2° Estágio, uma existência que comandava o respeito e o terror de milhões, mas naquele momento, ele não passava de uma formiga aos pés de um colosso prestes a se erguer.
"Todos os recursos para as defesas externas! agora!". Sua voz soou rouca, quase quebrada, para seus subcomandantes.
"Ignore o desperdício! Ative todas as formações no máximo! Ele não deve ser perturbado!"
Yue Tiang e "Vento" trocaram um breve olhar de dentro de um nicho escuro em um corredor de serviço restrito que eles haviam se infiltrado. O ar aqui vibrava, fazendo com que o metal das paredes emitisse um zumbido de baixa frequência.
"Ele está rompendo a barreira". Sussurrou Vento, seus olhos com uma mistura de terror e admiração.
"O próprio ar está se rendendo a ele".
Yue não disse nada. Ela apenas apertou o cabo da Adaga do Sussurro Abissal escondida em suas vestes. A lâmina pulsava mais forte agora, como se sentisse a presença colossal de Qi.
Sua anomalia a protegia da drenagem mais severa, mas mesmo ela podia sentir o mundo ao seu redor curvando-se perante a vontade de Hanhin.
Eles sabiam que não tinham mais tempo. A janela para agir estava se fechando rapidamente. Se Hanshin conseguisse consolidar seu avanço, mesmo que parcialmente, nenhuma adaga seria capaz de tocá-lo.
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Câmara do Dragão Caído.
Dentro da câmara selada, o mundo havia cessado de existir. Tudo que restava era um vortex de poder primordial e indescritível.
Hanshin Dokko flutuava no centro do turbilhão, seu corpo era pouco mais que um contorno distorcido dentro de um núcleo de luz carmesim e negra tão intensa que doía os olhos.
Os geodos de Cristal de Qi ao seu redor estouravam em sequência, transformando-se em pó fino à medida que a última centelha de energia era arrancada deles.
As runas no chão brilhavam com o fervor de uma fornalha, canalizando a energia roubada do mundo exterior diretamente para ele.
Cada célula de seu corpo estava sendo desmontada e reconstruída. Cada meridiano era expandido à força, rasgando e se regenerando repetidamente sob o influxo avassalador de poder.
A dor era além da compreensão mortal, uma agonia que transcendeu a carne e atingiu a própria alma. Mas Hanshin a abraçou. Ele rugiu, e o som não era de um homem, mas do próprio cataclismo.
Um rugido que não ecoou na câmara, mas nas fundações da realidade.
Ele podia sentir isso. O limiar. A barreira entre o que ele era e o que ele almejava ser o "Reino da Divindade". Um verdadeiro Dragão. Um reino que nenhum ser havia pisado desde os tempos dos Antigos.
Era uma porta feita de agonia extrema e vontade pura. E ele estava prestes a entrar por ela.
Lá fora, o céu acima de "Noite Umbra" escureceu. Nuvens negras rodopiaram em um vórtice gigantesco, raios silenciosos de energia pura cortando a escuridão.
A terra tremeu levemente, não um tremor de destruição, mas um tremor de submissão.
Em duas nações, em milhares de corações, uma única verdade ficou clara: o Dragão Demoníaco estava acordando, e ele estava prestes a ascender.
O sucesso significaria o fim de uma era. A falha, um vácuo de poder que engoliria o mundo em um conflito ainda mais terrível.
O destino de todas as Ruínas Dragônicas pendia sobre um fio, e o fio estava prestes a arrebentar
Chapter 7: 006: O Ápice, A Sombra Assassina e O Veneno Ancestral
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Foi como o nascimento de uma estrela.
Um pulso de energia silenciosa e absoluta expandiu-se do Palácio das Lágrimas de Sangue, varrendo todas as Ruínas Dragônicas.
Não foi um som, mas uma presença que se impôs sobre a consciência de cada ser vivo.
Bestas nas florestas congelaram de terror, aves caíram do céu e cultivadores em meditação profunda foram violentamente arrancados de seus estados, seus corpos tremendo com uma reverência primitiva e aterrorizada.
Hanshin Dokko havia transcendido.
Dentro da câmara selada, o vortex de poder colapsou sobre si mesmo, sendo absorvido pelo corpo que agora irradiava uma autoridade divina.
Ele não parecia maior,mas sua presença era. Sua forma física era agora uma âncora para um poder que distorcia a luz ao seu redor.
Seus olhos se abriram, e neles não havia mais lava, mas a fria e infinita escuridão do espaço interestelar, pontilhada com o brilho distante de estrelas agonizantes.
Ele era um Deus Dragão. O primeiro em eras incontáveis.
Um rugido de triunfo absoluto ecoou em sua mente, tão potente que poderia ter obliterado montanhas. Ele estendeu uma mão, observando a realidade se curvar e tremer ao seu redor, obediente à sua mais ínfima vontade.
A embriaguez do poder era intoxicante, superior a qualquer vinho ou poção. Ele era o ápice.
O fim de todas as coisas.
Mas toda ascensão tem um preço. O poder divino rugia dentro dele, um oceano furioso contido em um vaso que ainda não estava totalmente temperado para contê-lo.
Este era o momento crítico da consolidação, o momento em que até um deus recém-nascido é vulnerável, pois deve focar toda a sua vontade em domar a tempestade que ele próprio invocou.
Foi nesse exato momento de triunfo supremo e vulnerabilidade concentrada que as Sombras atacaram.
Em quatro locais diferentes da cidadela, os Mestres de Formação que sustentavam as barreiras de proteção e canalizavam energia caíram mortos. Um, envenenado por uma agulha fina enquanto ajustava um cristal de focalização.
Outro, com a garganta cortada por um fio de Qi quase invisível enquanto ele registrava o fluxo de energia bem-sucedido. Um terceiro, apunhalado pelas costas por uma lâmina que absorvia o som no momento exato em que Hanshin ascendia, abafando seu grito de alerta.
O quarto simplesmente desapareceu, puxado para dentro das próprias sombras de sua sala de controle, seu destino desconhecido.
A morte deles foi tão simultânea e perfeita que as defesas do palácio, já tensionadas ao limite pela ascensão, oscilaram.
Por um único e crítico segundo, as camadas mais internas de detecção e proteção em volta da "Câmara do Dragão Caído" piscaram e falharam.
E um segundo era tudo o que Yue Tiang precisava.
Ela havia se espremido em um espaço entre duas vigas de suporte de energia, sua anomalia a tornando uma mancha de nada mesmo para os sensores mais aguçados.
Ela viu a luz da ascensão, sentiu a onda de poder divino e, mais importante, viu a momentânea falha na formação de segurança.
Ela moveu-se. Não como uma pessoa, mas como um pensamento, um reflexo da escuridão.
A porta de amethista negra, agora sem a energia ativa que a mantinha selada, cedeu por uma fração de polegada sob a pressão de seu corpo e de uma técnica de dissolução de sombras. Foi o suficiente.
Dentro da câmara, Hanshin ainda estava imerso na euforia de seu poder, sua consciência voltada para dentro para consolidar o oceano cósmico dentro de seu núcleo. Ele era um deus. Quem ousaria? Quem poderia desafia-lo?
Ele não ouviu. Não percebeu. A arrogância da divindade recém-nascida era seu ponto cego.
Yue Tiang não teve tempo para admiração ou terror. Seu treinamento, sua própria existência, culminava naquele instante.
Ela se materializou atrás dele como um fantasma, a Adaga do Sussurro Abissal já em movimento, não para o coração, uma impossibilidade contra um corpo divino.
Mas para um ponto específico nas costas, entre as omoplatas, um aglomerado crucial de meridianos que canalizava o Qi recém-adquirido.
A lâmina de sangue de serpente dragão pulsou com um desejo maligno e encontrou sua marca.
Não foi uma punhalada profunda. A pele de Hanshin, tocada pela divindade, resistiu como aço celestial. A ponta da adaga penetrou talvez uma polegada, não o suficiente para causar dano físico real.
Mas não era esse o objetivo.
O veneno ancestral da Serpente do Abismo, um corrosivo espiritual que existia desde os tempos dos dragões antigos, não precisava de uma ferida profunda. Ele precisava apenas de um condutor.
No momento do impacto, a lâmina de cristal estilhaçou-se, liberando toda a sua carga venenosa diretamente no ponto de meridiano.
Uma dor aguda, fria e alienígena rompeu a euforia de Hanshin. Não era a dor gloriosa do poder, mas uma sensação de profanação, de podridão.
Ele sentiu o fluxo majestoso de seu Qi divino ser contaminado, como veneno sendo despejado em um rio cristalino.
Os meridianos ao redor da ferida imediatamente entorpeceram, atrofiando, e a corrupção começou a se espalhar como um raio, tentando paralisar o sistema circulatório de seu poder.
O rugido de triunfo em sua mente transformou-se em um grito de fúria constrangedora e surpresa absoluta.
Seu reflexo não foi um pensamento, mas um decreto da realidade. Ele ainda não tinha controle total de seu poder, mas sua raiva era uma força primal.
Hanshin nem mesmo se virou. A simples onda de sua vontade, um pulso de energia divina crua e indisciplinada, explodiu de seu corpo.
Yue Tiang não teve chance de recuar, nem de sequer perceber o que a atingiu. Um instante ela estava lá, sua missão cumprida. No instante seguinte, sua existência foi simplesmente... apagada.
Ela não foi explodida em pedaços; foi desintegrada, atomizada pela pura e absoluta força da divindade que ela ousara desafiar.
Seu corpo, sua adaga, sua anomalia tudo se dissolveu em partículas de luz que logo se apagaram, sem deixar um único traço de que ela jamais existirá.
Nenhum grito, nenhum último pensamento. Apenas o silêncio abrupto da aniquilação.
A câmara ficou em silêncio novamente, mas a euforia havia se dissipado.
Hanshin permaneceu de pé, respirando profundamente, a pequena ferida em suas costas latejando com um frio que parecia queimar.
O fluxo de seu poder, outrora claro e triunfante, agora estava obstruído e envenenado.
A consolidação de seu cultivo, que deveria ser um momento de perfeição, tornara-se uma batalha interna contra um veneno ancestral.
Ele não era mais um deus completo. Era um deus ferido, profanado. E a fúria que emanava dele agora não era triunfante, era vingativa e infinita. Alguém pagaria por isso. Tudos pagariam por isso
Chapter 8: 007: A Ira Do Dragão.
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A fúria que emanava da Câmara do Dragão Caído era um peso físico, esmagador.
O ar no corredor exterior tornou-se denso como chumbo, fazendo com que os poucos guardas de elite que ali permaneciam caíssem de joelhos, sangrando pelo nariz e ouvidos.
Esmagados não por um ataque, mas pela pura aura de ódio de seu soberano.
Então, a maciça porta de amethista negra, um artefato de poder imenso que havia resistido a milênios e a própria ascensão de um deus, simplesmente... deixou de existir.
Não houve explosão. Não houve estilhaços. Com um gesto furioso da mão de dentro da câmara, a matéria da porta desintegrou-se em um fino pó violeta que caiu como cascata no ar, revelando a figura titânica e furiosa de Hanshin.
Sua pele ainda fumegava com o excesso de poder divino não consolidado, e seus olhos, poças de escuridão estelar, queimavam com uma fúria capaz de extinguir sóis.
"LIU XIU!!!"
Seu rugido não foi um simples grito. Foi uma onda de força que percorreu todos os corredores da cidadela, fazendo com que as paredes tremessem e runas de contenção se acendessem por toda parte, lutando para evitar que a própria estrutura desabasse.
Foi a voz de um deus traído, e cada sílaba era um golpe.Quase instantaneamente, uma figura surgiu do final do corredor, movendo-se com velocidade sobrenatural antes de se lançar ao chão, prostando-se com a face tocando a pedra fria. Era Liu Xiu.
Seu rosto estava pálido, não de medo do inimigo, mas do tremor de ira que emanava de seu mestre. A aura divina, mesmo manchada e furiosa, era tão avassaladora que era quase impossível levantar a cabeça.
"Meu soberano?". Sua voz, normalmente rouca e firme, soou abafada e pequena contra o rugido ecoante.
Hanshin avançou, seus passos não fazendo som, mas cada um causando uma leve distorção na realidade ao seu redor, como se o mundo não pudesse contê-lo adequadamente. Ele parou sobre o general prostrado.
"O que". "Significa". "ISSO?"
Suas palavras eram facas de gelo, cortantes e mortais.
"Meus aposentos foram violados!". "Uma sombra rastejou para dentro do meu santuário no momento da minha ascensão!"
"EXPLIQUE!"
A acusação pairou no ar, pesada e mortal. Liu Xiu manteve a testa pressionada contra o chão, sua mente girando a uma velocidade vertiginosa.
"Invasão?". "Durante a ascensão?" Era impossível". "A menos que..."
"Soberano!"
Ele disse, sua voz um pouco mais firme, lutando contra o peso esmagador.
"Os sensores detectaram breves falhas periféricas durante... durante o ápice de seu transcendimento". "Quatro dos Mestres de Formação foram mortos no mesmo instante".
"Acreditamos que foi uma investida coordenada de assassinos de elite do Deus Marcial".
"Mas juro por minha vida e meu cultivo, todos os pontos de entrada foram selados!"
"Os assassinos que identificamos dentro dos muros já foram caçados e eliminados!"
"A segurança foi..."
"ELIMINADOS?"
A interrupção de Hanshin foi como um trovão, cortando a justificativa de Liu Xiu.
"Então como você explica ISSO?"
Hanshin se virou levemente, indicando com a cabeça o local entre suas omoplatas. A pequena perfuração em sua pele divina ainda estava lá, um ponto negro e repugnante de onde emanava uma fria corrupção que até Liu Xiu, de sua posição humilde, podia sentir.
Era uma profanação. Uma marca de vergonha no corpo de um deus.
"Eles falharam em me matar, General!"
Hanshin sussurrou, sua voz agora perigosamente baixa e serena, o que era infinitamente mais aterrorizante que seu rugido.
"Mas conseguiram manchar minha ascensão com seu veneno". "Envenenaram o poço da minha divindade". "Enquanto eu lutar para expurgar esta corrupção, minha consolidação estará incompleta".
Liu Xiu não tinha palavras. O terror que sentiu foi substituído por um desespero gelado. Ele havia falhado. Catastroficamente.
"Peço sua misericórdia, soberano!". Sua voz foi um gemido de puro pavor.
"Misericórdia?" Hanshin riu, um som seco e horripilante.
"Você não pede misericórdia". "Você pede uma chance para corrigir seu fracasso".
"E você a terá".
Han Shin retirou sua intenção sobre ele, e Liu Xiu ficou livre da opressão que o esmagava no chão,enguendo seu tronco para ficar de joelhos e encontrar o olhar furioso de seu mestre.
"Organize o exército". "Prepare-se para receber visitas".
Ordenou Hanshin, sua voz trovejando novamente.
"Shakan logo estará aqui". "Posso sentir a agitação em suas auras, a determinação deles se acendendo como um farol tolo".
"Eles pensam que me enfraqueceram". "Que encontraram uma brecha". "Eles virão testar sua sorte, tentar aproveitar essa suposta vantagem"
"Que venham!"
Liu Xiu sentiu um choque percorrer seu corpo. 'Eles viriam? Um ataque direto à capital?' Pensou.
"Sim, meu soberano!" Liu Xiu gritou.
"Nossas defesas estarão prontas! Nós..."
"NÂO!" Hanshin cortou sua fala.
"Não sejam apenas defensivos". "Preparem-se para aniquilação total". "Quando eu terminar com esse veneno, marcharemos". "Mas primeiro, vamos recebê-los". "Vamos mostrar ao velho Jin o que significa despertar um dragão".
"Agora, faça isso!"
Ele não esperou uma resposta. Sua atenção já estava se voltando para a corrupção em seu corpo.
"E CHAME O MESTRE ALQUIMISTA! "
Ele rugiu, o som fazendo a poeira de ametista tremer no chão.
"Preciso me livrar dessa impureza e consolidar meu cultivo!"
"A GUERRA ESTÁ DECLARADA!"
Sem olhar para trás, Hanshin voltou para os restos de sua câmara, deixando Liu Xiu ajoelhado no corredor, a ordem ecoando em seus ouvidos. O medo havia sido substituído por uma resolução terrível.
Não era mais apenas sobre defender; era sobre preparar uma armadilha e depois um contra-ataque esmagador.
Liu Xiu se levantou, seu rosto agora uma máscara de determinação feroz.
Ele se virou e correu, suas ordens ecoando pelos corredores antes mesmo de chegar ao centro de comando. A capital, que já estava em alerta, agora se transformaria em uma fortaleza pronta para o cerco e, em seguida, para a carnificina.
A guerra havia mudado. Era uma cruzada de vingança pessoal de um deus ferido, e ele, Liu Xiu, seria o condutor de sua ira..
Chapter 9: 008: Diagnóstico e Ataque
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Salão do Trono do Amanhecer Etéreo - Nação do Deus Marcial
A luz da manhã banhava a capital Aurora, mas não trazia consigo a promessa de um novo dia, e sim o prenúncio de um amanhecer sangrento.
No grande pátio de parada, um exército de quarenta mil cultivadores estava formado em fileiras perfeitas e silenciosas.
Suas armaduras, gravadas com runas de proteção e o emblema do dragão solar, brilhavam sob a luz incipiente. Bestas de guerra treinadas, Yaoguai de escamas metálicas e olhos ardentes, bufavam impacientes, sentindo a eletricidade no ar.
No centro do pátio, diante das tropas, o Imperador Jin Shakan estava parado, uma figura de autoridade absoluta.
Ele vestia sua armadura de guerra, um conjunto de placas de orichalco branco e dourado que parecia fundir-se com sua própria pele, emanando uma aura de impenetrabilidade serena.
Lao Tiang estava ao seu lado, vestindo robes simples de combate, seu rosto um lago de calma determinada, mas seus olhos, tão antigos quanto os do Imperador, refletiam a gravidade do momento.
O Primeiro Ministro aproximou-se, carregando com cuidado um baú negro cravejado com adornos dourados que reluziam com uma luz interior suave.
Ele se ajoelhou e abriu a tampa, revelando um veludo azul-profundo sobre o qual repousava uma esfera perfeita.
Era do tamanho de um punho, feita de um cristal tão límpido que parecia conter o próprio céu. No seu centro, uma única e minúscula gota de um líquido prateado pulsava com uma luz suave, como um coração batendo.
"Soberano Jin!" "Aqui está o que me pediu".
Disse o Primeiro Ministro, sua voz solene.
"A Esfera Ancestral".
Lao Tiang inclinou-se levemente para observar, um suspiro de admiração escapando de seus lábios.
"Uma lágrima cristalizada de Ventus, o filho de Suien, a matriarca de sua família, Soberano Jin".
"É a última?"
"Sim!". Confirmou Jin Shakan, seu olhar fixo na esfera com uma mistura de reverência e tristeza.
"É um tesouro Ancestral, um legado do sangue da Tempestade que corre em minhas veias". "Tem o poder único de conter e selar o poder de outra pessoa, mesmo que divino, por um breve período". "Será nosso trunfo nesta batalha".
"A única chance de igualar o campo de batalha".
Ele estendeu a mão, e a esfera pairou de seu baú, flutuando suavemente até se encaixar em um receptáculo circular no centro de seu peitoral. O cristal brilhou fracamente, sincronizando-se com seu próprio Qi.
Sem uma palavra, o Imperador Jin Shakan elevou-se no ar. Não houve um grande esforço, nenhum ocilação dramático de energia.
Ele simplesmente suspendeu-se, pairando sobre seu exército, sua aura envolvendo-o como um manto invisível de autoridade.
Lao Tiang seguiu-o um instante depois, elevando-se com uma graça etérea, suas vestes esvoaçando suavemente.
Jin olhou para baixo, para seus generais, para seus soldados. Para o reino que ele havia governado por milênios.
"PARA A GLÓRIA!". Sua voz, amplificada por seu Qi, rolou sobre as fileiras como um tambor divino.
"PELA NAÇÃO DO DEUS MARCIAL!!!"
O grito de resposta de quarenta mil vozes foi um só, um rugido que fez tremer os alicerces da cidade.
E então, como uma maré dourada, eles partiram. O Imperador e seu Grão-Mestre na frente, uma vanguarda de luz contra a escuridão que emanava do oeste.
Seus generais, Shou Khan e Kao Khan, já estavam em terras inimigas, preparando o terreno e aguardando a chegada de seu líder para o assalto final.
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Câmara do Dragão Caído - Noite Umbra
Dentro dos aposentos devastados de Hanshin, o ar estava gelado e pesado. O Mestre Alquimista-Chefe, um homem ancião de rosto enrugado e olhos cansados, tremia incontrolávelmente prostrado diante de seu soberano. Ele havia acabado de dar seu diagnóstico.
"É... é um veneno Ancestral, meu Soberano".
Ele gaguejou, sua voz um farfalhar de medo.
"Das eras mais profundas, do sangue da Serpente do Abismo". "Não... não temos contra medidas para ele em nossos registros".
"Sua natureza é corromper a essência espiritual em um nível fundamental".
Hanshin permaneceu imóvel, seu rosto uma máscara de pedra, mas a fúria em seus olhos era um abismo.
"O que isso significa?" sua voz saiu baixa, um sibilar perigoso.
"O Soberano pode... pode suprimi-lo por agora, com sua força divina".
O alquimista explicou rapidamente.
"Pode isolá-lo, contê-lo para lutar". "Mas... não será possível consolidar totalmente seu cultivo enquanto o veneno persistir. E...! "
Ele hesitou, temendo a próxima palavras.
"FALE!"
"E o veneno é corrosivo". "Mesmo contido, ele consumirá lentamente o Soberano por dentro". "Se... se não for purgado por completo... o Soberano... perderá seu poder... em alguns séculos".
O silêncio que se seguiu foi mais aterrorizante que qualquer rugido.
"NÃO PODE SER!"
Hanshin finalmente explodiu, seu grito fazendo com que as paredes já danificadas da câmara rachassem ainda mais. Sua aura divina, instável e corrompida, explodiu, arremessando o Mestre Alquimista contra a parede com um baque surdo.
"EU SOU UM DEUS! EU TRANSCENDI!"
Foi nesse exato momento de fúria absoluta que seus sentidos divinos, aguçados mas manchados, detectaram uma perturbação massiva no limite oriental de seu reino.
Uma presença familiar, solar e determinada, movendo-se em sua direção com velocidade implacável, seguida por um exército e outra presença antiga e traiçoeira.
Ele congelou. A fúria contra o alquimista foi instantaneamente redirecionada, canalizada em um ódio puro e concentrado.
"MALDITO SEJA JIN SHAKAN!!!"
Ele rugiu para as paredes vazias.
"NÃO PODE SE SEGURAR POR MAIS TEMPO, NÃO É?". "Vem se aproveitar da suposta fraqueza?" Venha morrer, então!".
Ele se virou para o alquimista inconsciente e depois para a porta, onde Liu Xiu sem dúvida já estava organizando as defesas.
A batalha pela qual ele esperava a séculos chegara, mas não em seus termos. Ele estava ferido, incompleto, envenenado. Mas ele ainda era um Deus Dragão. E mesmo um deus manco era mais do que suficiente para lidar com um mortal.
Chapter 10: 009: A Guerra e A Tartaruga Negra.
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O triunfo de Hanshin havia sido curto. A ascensão à divindade, manchada pelo veneno, foi o estopim, mas o odio e a revolta havia sido meticulosamente espalhado pelas Sombras.
As sementes de discórdia plantadas por Yue Tiang e seus companheiros nos becos miseráveis de Noite Umbra germinaram com velocidade assustadora, alimentadas pelo medo e pela raiva de um povo espremido entre a tirania de seu imperador e a ameaça externa.
A notícia de que Hanshin estava drenando a vida da terra para sua ascensão, condenando todos à fome, tornou-se "verdade" incontestável.
Afinal, as colheitas estavam murchando. O ar estava mais pobre em Qi.
E o imperador, em seu egoísmo, não se importava.
Quando o exército do Deus Marcial cruzou a fronteira, não encontrou uma nação unida pronta para se defender. Encontrou o caos.
Dias antes da chegada do exército dourado, a guerra civil estourou. Não foi uma rebelião organizada, mas uma erupção de fúria desesperada.
Multidões famintas, lideradas por desertores do exército e cultivadores menores que se recusaram a ver seu mundo morrer, incendiaram armazéns de grãos saqueados, atacaram postos de guarda e tentaram, em vão, escalar os muros da cidadela imperial.
Eles não lutavam por vitória; lutavam por vingança, por um último ato de desafio antes do fim.
Os guardas da cidade, já sobrecarregados com a paranóia de Liu Xiu, foram obrigados a se voltar para dentro. A ordem para "conter a discórdia a qualquer custo" resultou em ruas inundadas de sangue.
A capital transformou-se em um campo de batalha de três fronts: os rebeldes, a guarda cidade leal a Hanshin, e o exército regular, tentando manter uma ordem que já não existia.
No topo das muralhas da cidadela, ignorando a fumaça negra que subia da cidade abaixo, o grosso do exército de elite do Demônio Marcial mantinha sua formação.
Vinte e oito mil guerreiros do Reino do Caminho Marcial Imortal, cinco mil capitães no 2° Estágio do mesmo reino, mil Sub-Comandantes na 4° estágio reino do caminho marcial imortal.
Cento e setenta Comandantes no ápice do mesmo reino. E três Generais no 1° estágio reino Imperador marcial imortal. Todos eles respondem diretamente ao Comandante General Liu Xiu que observa impassível, perante o tumulto abaixo.
Seu rosto era uma máscara de granito. Ele ignorou os gritos, o cheiro de fumaça e o distante estrondo de combates nas ruas. Sua lealdade não era para com o povo, ou a nação, mas para um único homem.
Sua ordem era clara,defender o soberano e preparar-se para aniquilar o inimigo externo.
A escória rebelde era um problema para a guarda da cidade.
Quando a presença avassaladora de Jin Shakan tornou-se tangível no horizonte, Liu Xiu ergueu um punho. Um silêncio abrupto caiu sobre suas tropas, a disciplina marcial superando até o ruído da cidade em convulsão.
"AGUARDANDO SUAS ORDENS, SOBERANO IMPERADOR!"
A voz de Liu Xiu ecoou, forte e clara, cortando o ar pesado, direcionada para o céu acima do palácio.
De dentro do palácio, uma figura elevou-se lentamente. Hanshin Dokko pairou acima dos pináculos negros de seu covil. Sua aura, outrora um símbolo de poder absoluto, agora era uma coisa instável e perigosa; divina, sim, mas manchada por uma fria corrupção que a tornava errática e dolorosa de se observar.
A ferida em suas costas latejava com uma dor surda que alimentava sua fúria.
Seu olhar, cheio de desdém e ódio, varreu a cidade abaixo dele, como se os rebeldes fossem insignificantes insetos. Seus olhos então se fixaram no leste, onde um brilho dourado se aproximava rapidamente.
Sem uma palavra para Liu Xiu ou para seu povo morrendo, Hanshin ergueu as mãos. Seus movimentos foram precisos, cheios de uma autoridade cruel.
Ele executou uma série de selos complexos com as mãos, cada gesto puxando fios de energia escura das próprias fundações da capital.
Com um rugido que pareceu vir das entranhas do mundo, uma formação colossal foi ativada.
Runas gigantescas, da cor de sangue e obsidiana, incendiaram-se no céu acima de Noite Umbra, interligando-se para formar um domo translúcido e sinistro que cobriu toda a capital.
"Baken #10!!". "Formação Defensiva: Casco De Tartaruga Negra!"
O ar dentro do domo tornou-se pesado e opressivo, carregado com a vontade de Hanshin. Era uma formação de aprisionamento e amplificação.
Ela não apenas protegeria a cidade de ataques externos, mas também canalizaria toda a energia dentro dela – incluindo a dos combatentes morrendo – diretamente para Hanshin, alimentando-o e suprimindo temporariamente o veneno com puro poder bruto.
"Que venham!". A voz de Hanshin finalmente trovejou, distorcida e amplificada pela formação, fazendo o próprio domo tremer.
"Venham todos!" "Suas mortes servirão para alimentar o verdadeiro Imperador deste mundo!".
O palco estava armado. De um lado, a cidade em chamas, um exército leal em meio ao caos e um deus ferido e irado.
Do outro, o farol de luz dourada do Deus Marcial e seu exército, avançando implacavelmente para o coração da escuridão.
A batalha dos Imperadores estava prestes a começar.
Chapter 11: 010: A Brutalidade e a Inteligência - A Dança dos Irmãos Khan.
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A capital Noite Umbra estava encurralada. Como uma besta acuada, seus muros negros e pontiagudos pareciam contrair-se sob o cerco implacável da Nação do Deus Marcial.
Jin Shakan, um farol de autoridade calma no centro de seu acampamento, executara sua estratégia com precisão cirúrgica: três lados sitados, um portão deixado aberto—não por clemência, mas por cálculo estratégico.
Uma rota de fuga criava pânico, desorganização e quebrava o espírito de resistência até o último homem.
O som que precedeu o inferno foi o ritmo primordial da guerra: milhares de soldados batendo suas lanças contra escudos reforçados, um metrônomo de metal e madeira que ecoava contra as muralhas de Noite Umbra, seguido por um urro uníssono que mais parecia o rugido de uma única e colossal fera.
Era o som do fim se aproximando.
Então, o primeiro embate rompeu a linha.
Um soldado do Demônio Marcial, os olhos arregalados pelo ódio e pelo medo, investiu com sua lança.
A ponta de aço perfurou o pescoço de um adversário, mas o ímpeto foi tão brutal que a arma transpassou carne e osso e cravou-se no crânio do homem atrás.
Um momento de caos silencioso, e então a maré de batalha engoliu aquele pequeno drama.
Cinquenta metros adiante, uma luz ofuscante seguida por um BOOM ensurdecedor vaporizou vinte guerreiros de armadura pesada.
Não sobrou carne, apenas metal retorcido e fumegante e um cheiro doce e metálico de ozônio e sangue queimado.
Os estilhaços deste horror chovendo como granizo mortal feriram dezenas ao redor.
No epicentro do caos, um estrondo abalou o chão. Uma cratera apareceu onde antes havia uma fileira de defensores. No centro, erguendo-se sobre os corpos esmagados de seus inimigos, estava Shou Khan.
Em suas mãos, ele empunhava sua arma, "O Esmagador de Montanhas", um martelo de guerra colossal de cabeça única, forjado de ferro negro e cravejado com runas de impacto que brilhavam com um vermelho sombrio.
A gargalhada dele era mais estridente que o ruído da batalha.
"Hahaha!!! Isso é que é diversão!" "Onde está o próximo chefe de matilha, Irmão?!"
Seu grito foi captado por um artefato de comunicação sônico incrustado em seu elmo,uma fina agulha de cristal que vibrava com a voz de Kao Khan, do alto de sua montaria alada.
"Setenta metros a leste, Irmão". "Comandante de infantaria, armadura de oficial de obsidiana, tentando reorganizar a linha quebrada". "Coordenadas: Marca de Fumaça Carmesim".
A visão de Kao Khan, lá do alto, era a de um tabuleiro de xadrez sangrento. Seus cavaleiros de besta alada "Os Falcões de Jade"não atacavam.
Eles pairaram, mapeando, identificando alvos de valor e transmitindo suas posições através de espelhos de sinalização e do artefato no elmo de Shou. Kao Khan era a mente, Shou Khan, o punho.
Shou Khan rugiu de satisfação e saltou. Não era um salto gracioso, era um lançamento balístico de seu corpo massivo. Ele cruzou os setenta metros como um meteoro, aterrissando com outro estrondo que fez o chão tremer.
O comandante de infantaria, de armadura de obsidiana, mal teve tempo de erguer sua espada antes que O Esmagador de Montanhas descesse em um arco devastador. O golpe não cortou; ele pulverizou. A armadura, o corpo, a espada ;tudo foi reduzido a uma mistura ensanguentada e informe contra o solo.
"Fracos!" "Vocês são como porcos no abatedouro!" "Hahaha!!"
Guerreiros próximos, impulsionados pelo desespero e pela lealdade, investiram contra ele com lanças. As pontas encontraram sua pesada armadura e se estilhaçaram ou se entortaram sem deixar mais que arranhões.
Shou Khan girou seu corpo com uma agilidade assustadora para seu tamanho. A cabeça do martelo gigante descreveu um círculo perfeito. O impacto não desmembrou; esmagou, transformando ossos em pó e carne em pasta.
Cinco guerreiros foram ceifados em um único movimento.Enquanto isso, Kao Khan desceu de sua montaria. Ele era um fantasma; movendo-se com passos silenciosos entre o caos, seus dedos lançavam "Os Ferrões da Víborra",agulhas finíssimas de metal negro encharcadas em um veneno neuroparalisante de ação rápida. Ele não mirava em torsos ou cabeças.
Seus alvos eram as pequenas fendas nas juntas dos cotovelos, axilas, pescoço e visores dos elmos.
Uma alfinetada quase indolor, e o guerreiro inimigo caía alguns segundos depois, o corpo rígido, sufocando silenciosamente enquanto seu próprio destacamento avançava sobre ele. Dezenas caíam assim, suas mortes quase invisíveis no tumulto geral.
"Irmão, recue!" "Meu novo brinquedo chegando na sua posição". "Três... dois..."
A voz calma de Kao Khan ecoou no elmo de Shou. O gigante riu mais uma vez e deu um salto para trás, criando distância.
"...Um."
Uma sequência de explosões sincronizadas—BOOM! BOOM! BOOM!—rompeu exatamente onde Shou Khan estivera momentos antes.
Eram os "Ovos de Serpente" de Kao Khan—pequenos geodos de cristal de Qi instável, inscritos com runas de detonação retardada e plantados por seus agentes durante a confusão inicial.
A detonação não era de fogo, mas de força de Qi pura e concussiva, projetando estilhaços de cristal afiados que penetravam até as armaduras mais resistentes.
Uma fileira inteira de lançeiros foi obliterada, abrindo um buraco gigantesco nas defesas.
Sem seus comandantes, desmoralizados pela brutalidade de um irmão e paralisados pela precisão mortal do outro, os guerreiros do Demônio Marcial ficaram à mercê da própria sorte. A linha de frente desmoronou.
Os soldados da Nação do Deus Marcial, vendo a brecha e liderados pelo exemplo aterrorizante dos Khans, avançaram com renovado vigor, inundando o espaço que os irmãos haviam aberto com sangue e ferro.
Aniquilar o inimigo era o objetivo. E naquele dia, os irmãos Khan eram os instrumentos mais eficientes e aterrorizantes dessa aniquilação, uma sinfonia de brutalidade e inteligência composta para o apocalipse.
Chapter 12: 011: A Colheita da Morte e a Dança do Carrasco.
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Um silêncio pesado e antinatural sucedeu a fúria inicial da batalha. Não era a paz, mas a calmaria grotesca que precede uma tempestade ainda pior. Então, começou.
Uma névoa baixa e pútrida, que não era vapor d'água, mas a própria essência da morte condensada, começou a levantar-se dos corpos espalhados no campo.
Milhares de cadáveres, de ambos os lados, exalavam seu último suspiro de Qi vital, mas em vez de se dissipar na natureza, ele era torcido, corrompido e sugado em direção ao coração de Noite Umbra como um rio negro e spectral.
O ar ficou gelado e o cheiro de ferrugem e carne podre tornou-se sufocante.
No centro de comando móvel da Nação do Deus Marcial, Lao Tiang estremeceu. Seus olhos, que testemunharam milênios, arregalaram-se de horror puro.
"Meu soberano! Sente isso?" "Sua voz era um fio de angústia, algo raro no venerável Grão-Mestre".
"O Qi... ele está sendo revertido!" "Violado!"
"Eles não estão apenas drenando a energia; estão profanando a própria passagem para o além, transformando o descanso final em essência para alimentar seu trunfo nessa guerra!"
Jin Shakan, impávido, mas com uma ruga de profunda repulsa em sua testa, observou o rio de energia necrótica fluir.
Ele podia ouvir,não com os ouvidos, mas com sua alma,os ecos de gritos silenciosos, de almas aprisionadas e torturadas, sendo arrastadas de volta ao mundo físico para alimentar a ambição do tirano.
"Hanshin cruzou um limite do qual não há retorno." Disse o Imperador, sua voz grave como o rolar de um tambor fúnebre.
"Ele não é mais um cultivador; é um necromante, uma doença nesse mundo!"
Do outro lado do campo, no topo de uma torre de observação negra, o General Liu Xiu observava o mesmo fenômeno. Um sorriso fino e cruel cortou seu rosto frio.
Ele se virou para Hanshin, que permanecia em seu trono de energia, absorvendo o fluxo mórbido.
"Meu Imperador." Disse Liu Xiu, sua voz um sibilo metálico.
"O inimigo avança com nossa própria força vital roubada. Nossos mortos se levantam contra nós em espírito. Permita-me ir pessoalmente?"
"Deixe-me mostrar ao velho Jin e a seu Grão-Mestre o verdadeiro significado de terror."
"Iguálarei as fileiras deles... com seus próprios cadáveres."
Hanshin, com os olhos fechados, absorvendo o poder profano, acenou lentamente.
"Faça-os sangrar, General." "Faça-os lembrar por que temem a sombra de nossa bandeira."
Liu Xiu não voou; ele disparou. Um estampido sônico marcou sua partida, deixando para trás apenas ar rarefeito. Sua primeira parada não foi no chão, mas no ar, ao lado de dois generais do Deus Marcial que coordenavam a artilharia de bestas de cerco.
Eles nem o viram chegar.
"Maken #7: Voz da Discórdia Interna!"
Sussurros caóticos invadiram suas mentes.Por um breve instante, cada um viu o outro como um demônio horrendo. Um deles, em pânico, girou e desferiu um golpe contra o outro.
No momento de confusão, Liu Xiu apareceu entre eles, suas mãos vestidas com luvas de aço sombrio,atingindo suas gargantas com a precisão de um açougueiro, esmagando o pomo de adão e a coluna vertebral com um único movimento rápido.
Seus corpos caíram da plataforma.
Ele então mergulhou em direção ao solo, onde três bestas de cerco gigantescas, energizadas por cristais de Qi, lançavam projéteis devastadores contra as muralhas de Noite Umbra.
"Haken #4: Explosão Carmesim!"
Ele não conjurou uma esfera.Ele tocou o cristal de Qi de cada besta com a ponta do dedo, implantando uma minúscula semente de energia instável.
Três explosões simultâneas silenciosas e intensas vaporizaram as bestas e suas equipes.
No segundo seguinte, ele aterrissou como um falcão entre uma falange de defensores de armadura pesada.
"Baken #10: Tumba de Cristal Sônico!"
Ele não gritou o feitiço.Ele sussurrou. Um único, agudo e inaudível som, sintonizado com a frequência ressonante do metal e da carne. O efeito foi instantâneo e horripilante.
Os guerreiros, no meio de um grito de guerra, simplesmente se vitrificaram. Suas armaduras, corpos e armas transformaram-se em estátuas de cristal translúcido e frágil, suas expressões de fúria congeladas para sempre.
Liu Xiu não parou. Ele avançou em um redemoinho através da fileira de estátuas, seus movimentos tão rápidos que foram apenas um borrão.
O que restou para trás não foram corpos, mas uma nuvem de pó de cristal fino e colorido de vermelho sangue,os restos pulverizados de dezenas de homens.
Pousando suavemente em frente ao próximo destacamento inimigo, que recuava em horror, Liu Xiu ergueu a mão. Os fragmentos maiores de cristal—pedaços de pernas, braços, elmos— flutuaram pairarando no ar acima dele, girando lentamente como uma constelação macabra.
"Aqui está a vossa glória!" Sua voz cortou o barulho da batalha como uma lâmina. "Comam dela!"
Com um gesto brusco de sua mão, a chuva de cristal afiado caiu. Não era um ataque para matar; era para desmembrar e aterrorizar.
Homens gritaram enquanto seus membros eram decepados, suas armaduras eram furadas, seus rostos eram desfigurados por estilhaços que haviam sido seus companheiros momentos antes.
Uma clareira de carnificina e agonia pura se abriu nas fileiras do Deus Marcial.
Liu Xiu então voou com outro estampido sônico, reaparecendo no alto, acima de um general inimigo que tentava, em vão, conter o pânico. Liu Xiu caiu como um meteoro, seus pés conectando-se com os ombros do homem com força esmagadora.
BUUMMMM!!!
O impacto não só matou o general; ele o enterrou até o torso no solo, sua cabeça esmagada entre seus próprios ombros como um fruto maduro.
"Vocês se intitulam generais?" "São apenas gado, esperando o abate."
Quatorze guerreiros de elite da Guarda do Amanhecer, reconhecendo a ameaça existencial, romperam das fileiras. Seus elmos eram adornados com penas de ave solar, e suas armaduras brilhavam com runas de purificação.
Eles cercaram Liu Xiu, suas lanças e espadas formando uma gaiola mortal de aço e luz. Eles se moveram com a sincronia perfeita de quem treinou a vida toda para isso.
Liu Xiu, pela primeira vez, parou. Ele desviou de uma lança, bloqueou uma espada com seu bracelete, e recebeu um golpe de outra espada nas costas—que foi desviado por sua armadura, mas não sem deixar uma marca profunda.
A investida foi feroz, coordenada. Então, uma lança astuta, lançada de trás do cerco, não o atingiu, mas transpassou a perna do guerreiro à sua frente para chegar à sua coxa, rasgando a armadura e o tecido muscular.
Liu Xiu olhou para o ferimento, depois para o homem que o golpeara. Um brilho de respeito perverso acendeu em seus olhos.
"Bela manobra!" Ele cuspiu, ignorando o sangue que agora escorria por sua perna.
Então, ele se endireitou. A aura ao seu redor mudou. O ar pesou. Ele levantou a voz. Ele simplesmente gritou, e as palavras não foram ouvidas com os ouvidos, mas impressas diretamente nas almas dos quatorze guerreiros.
"DE JOELHOS!"
Era a Sentença Amaldiçoada dos Liu, um feitiço de maldição de 9°nível de poder ancestral. Não era uma ordem; era um decreto da realidade que se aplicava especificamente a eles.
Seus joelhos fraquejaram não por fraqueza muscular, mas porque a própria estrutura de seus ossos, a contração de seus tendões e o fluxo de seu Qi foram reescritos para obedecer.
Um a um, com grunhidos de puro terror e esforço impotente, os quatorze heróis da Guarda do Amanhecer foram forçados a se ajoelhar no chão ensanguentado, tremendo incontrolavelmente, suas armas caindo de mãos inertes.
Liu Xiu caminhou lentamente entre eles, seu olhar frio percorrendo cada rosto distorcido pelo pavor e pela vergonha.
"SEUS CÃES!!"
A segunda palavra foi o gatilho. Liu xiu puxou fios invisíveis ,fechando sua mão. não houve som de metal. A cabeça de cada guerreiro simplesmente... se separou do corpo, rolando no chão lamacento como frutos podres cortados por uma faca invisível.
Quatorze jatos de sangue jorraram ao céu em um macabro tributo, e então os corpos desabaram, inertes, aos pés de Liu Xiu.
O General Comandante ficou de pé no meio do anel de morte silenciosa, respirando levemente, seu ferimento latejante.
A mensagem estava enviada. A retaliação necrótica de Hanshin tinha seu campeão, e seu nome era terror.
Chapter 13: 013: A Fome da Tartaruga e o Silêncio da Serpente.
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Um silêncio pesado pairou sobre o campo de batalha, quebrado apenas pelos gemidos dos moribundos e pelo zumbido sinistro da energia necrótica que ainda fluía para Noite Umbra.
Liu Xiu, ainda com o gosto metálico do sangue inimigo na boca e o latejar do ferimento na coxa, recebeu a ordem mental como um choque gelado uma pressão urgente e inquestionável na sua mente, emanando do próprio soberano.
Sem hesitar, ele se transformou em um borrão sombrio, deixando para trás a carnificina que havia criado. Seu voo de retorno foi uma linha reta e violenta através do céu, o estrondo sônico um lamento fúnebre para os que morriam abaixo.
Ao se aproximar dos muros negros da capital, uma visão aterrorizante o aguardava. Hanshin Dokko pairava sobre a agulha mais alta do Palácio das Lágrimas de Sangue, não como um homem, mas como um núcleo de escuridão palpável. Ao seu redor, o ar distorcia e aquele rio de energia morta de todo o campo de batalha convergia para ele, sendo tecido em algo monstruoso.
"Meu soberano?" "Qual é o seu comando?"
Liu Xiu sussurrou, aterrissando em uma varanda próxima e curvando-se, sua lealdade inabalável mesmo diante daquele espetáculo de horror.
Hanshin nem sequer olhou para ele. Seus olhos, poças de escuridão estelar, estavam fixos na barreira de energia que circundava a cidade. Um sorriso glacial cortou seu rosto.
"A Tartaruga se alimentou". "Está saciada". "Agora... deve crescer".
Suas mãos se moveram, tecendo selos complexos e antigos. A cada movimento, runas sangrentas e negras queimavam-se momentaneamente no ar ao seu redor antes de se dissiparem.
"Baken #12 Formação Defensiva": "Carapaça da Tartaruga Negra Faminta!".
E então, ele proferiu a sentença final, um decreto que ecoou não como som, mas como uma onda de desespero na alma de todos os presentes:
"Maken #11: Necrópole Amaldiçoada!"
O efeito foi imediato e apocalíptico. A barreira de energia que protegia Noite Umbra, antes um domo estático, moveu-se. Ela não se expandiu suavemente; ela avançou como uma maré negra e viscosa, rolando sobre o terreno e engolfando tudo em seu caminho.
"Meu soberano está usando dois feitiços de alto nível ao mesmo tempo....esplêndido!" Liu Xiu sussurrou ficando sem ação.
Os soldados do Demônio Marcial que estavam nos arredores foram os primeiros a ser atingidos. A escuridão os envolveu, e em vez de machucá-los, infundiu-se neles.
Seus olhos brilharam com uma luz vermelha e animalesca. Um rugido coletivo de fúria pura e descontrolada ergueu-se deles.
Sua força física aumentou drasticamente, seus músculos inchando sob as armaduras, mas sua racionalidade foi obliterada.
Eles se voltaram para os soldados inimigos mais próximos os feridos, os retardatários e os atacaram com uma brutalidade bestial, não para matar, mas para despedaçar e se banhar no sangue.
Cada morte, cada fragmento de vida extinta, alimentava a maré negra, fazendo-a avançar mais rápido, mais alto, mais faminta.
Ela não parou. A maré de escuridão rolou sobre o campo de batalha, engolindo o acampamento do exército do Deus Marcial.
Dentro da barreira móvel, era o inferno na terra. Guerreiros do Deus Marcial eram puxados para o chão negro e absorvidos, seus corpos definhando em segundos, sua energia vital drenada para alimentar a formação.
Outros eram atacados por seus antigos companheiros, agora transformados em criaturas frenéticas e amaldiçoadas. O ar era espesso com o cheiro de ferro, morte e podridão espiritual.
Jin Shakan e Lao Tiang elevaram-se no ar, pairando acima da maré de escuridão. Pela primeira vez, uma expressão de horror cru e pura repulsa cruzou o rosto impávido do Imperador. Lao Tiang estava pálido, suas mãos tremiam levemente.
"Meu soberano!" "Estamos perdendo centenas a cada instante! Esta abominação... ela se alimenta de nossa própria força!"
O grito de Lao Tiang era de angústia pura.
Jin Shakan fechou os olhos por um breve momento, não em desespero, mas em concentração profunda. Quando os abriu, a seriedade havia sido substituída por uma frieza absoluta.
"A hora da retaliação chegou, velho amigo".Disse Jin, sua voz calma, mas cortante como uma lâmina de gelo.
"Ele é poderoso, mas arrogante." "Uma formação desta magnitude e complexidade não pode ser sustentada por sua vontade apenas." "Deve haver âncoras." "Pilares que sustentam este pesadelo".
Lao Tiang entendeu imediatamente. Era um pedido de seu Imperador, mas também uma ordem.
Ele assentiu, fechando os olhos. Suas mãos, escondidas nas mangas largas de seu robe, começaram a tecer uma sequência de selos tão complexa e rápida que pareciam um borrão. Um brilho dourado e suave emanou de sua testa.
"Sentido Místico Dourado"-"Visão do Coração do Mundo!"
A consciência de Lao Tiang expandiu-se como um tsunami, varrendo todo o território da Nação do Demônio Marcial.
Seu corpo ficou rígido no ar, totalmente vulnerável, Jin Shakan moveu-se instintivamente, posicionando-se ao lado do Grão-Mestre, sua própria aura tornando-se uma barreira protetora ao redor de ambos. Ele sabia que se fossem atacados agora, Lao Tiang poderia sofrer danos espirituais irreparáveis.
A mente de Lao Tiang voou sobre montanhas, rios e cidades. Ele sentiu a dor da terra, o fluxo de energia corrompida e, então, encontrou o que procurava quatro pontos de poder obscuro, distantes e bem guardados, pulsando em uníssono com a formação principal.
Quatro obeliscos de obsidiana negra, cada um tão alto quanto uma torre de fortaleza, cravejados com runas pulsantes e protegidos por contingentes de soldados e mestres de formação.
Ele retornou a si mesmo ofegante, quase caindo do céu. Com um último esforço, ele projetou a localização exata e a imagem mental dos quatro obeliscos diretamente na mente de Jin Shakan.
"Quatro âncoras, meu soberano!" "Norte, Sul, Leste, Oeste. Estão... muito distantes". "Fora do alcance de qualquer exército..."
Lao Tiang arfou, sua voz fraca.
Jin Shakan colocou uma mão calmamente no ombro do amigo, transferindo uma suave onda de Qi para estabilizá-lo.
"Não se preocupe, Tiang". "Algumas serpentes não precisam viajar para caçar sua presa".
Jin fechou os olhos. A Lágrima Dragônica em seu peito, brilhou timidamente uma centelha de poder sendo invocada.
Ele não a usou para um golpe espetacular, mas para um feito de precisão e economia de escala no auxílio de conjurar um feitiço quádruplo.
Ele sussurrou, quase um pensamento:
"Maximização de Feitiço!"
"Haken #8: Vácuo da Serpente Silenciosa!"
Quatro pequenas esferas de pura escuridão, do tamanho de bolas de gude, materializaram-se diante dele. Elas não emitiram som, luz ou energia detectável. Eram a pura negação do espaço. Com um pensamento, Jin as enviou.
Elas não voaram; simplesmente deixaram de existir em sua localização e reapareceram instantaneamente nos locais exatos que Lao Tiang havia marcado, pairando a centímetros dos quatro obeliscos.
Para os guardas que os protegiam, não houve aviso. Não houve clarão ou rugido. Apenas um súbito e absoluto silêncio, seguido pela violência mais pura. As esferas de vácuo implodiram.
A implosão não foi de ar, mas de espaço. Cada obelisco, junto com dezenas de metros de terra, rocha, soldados e mestres de formação, foi simplesmente comprimido em um ponto de matéria infinitamente denso que, então, colapsou sobre si mesmo e desapareceu, deixando para trás apenas crateras perfeitamente esféricas e lisas no solo.
No campo de batalha, a maré negra da Necrópole Amaldiçoada estremeceu violentamente. Rachaduras luminosas cortaram sua superfície.
Os soldados amaldiçoados gritaram em agonia unisonal, caindo de joelhos enquanto a energia maligna que os possuía era violentamente expelida.
Então, como um castelo de cartas, a formação colossal desmoronou, dissipando-se no ar como fumaça negra, deixando para trás um silêncio pesado e o cheiro de ozônio e cinzas.
A escuridão nos olhos dos soldados sobreviventes se foi, substituída por confusão e exaustão profunda.
De sua torre, um rugido de fúria absoluta e incredulidade rompeu o silêncio.
"JIN SHAKAN!" "MALDITO!"" COMO VOCÊ OUSOU?!"
A voz de Hanshin Dokko era um vendaval de ódio puro. Pela primeira vez, havia uma nota de choque genuíno nele. Sua obra-prima profana, sua arma final, fora desfeita não por um exército, mas por um único homem agindo com precisão cirúrgica a centenas de quilômetros de distância.
A escuridão ao redor de Hanshin fervilhou violentamente. A maré de energia necrótica que fluía para ele foi severamente reduzida, mas não totalmente interrompida. Ele ainda era um deus ferido e enfurecido.
O campo de batalha estava em ruínas. A formação, quebrada. Os exércitos, dizimados e exaustos.
Agora, finalmente, não restava nada entre eles. A batalha dos impérios havia terminado. A batalha pessoal entre dois imperadores, dois ideais, duas vontades quase divinas, estava prestes a começar.
O ar entre eles pareceu cristalizar, carregado com a promessa de violência absoluta.
Chapter 14: 013: O Pedido e o Acerto de Contas.
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O silêncio que se seguiu à devastadora maré necrótica era mais aterrorizante que o próprio cataclisma.
A paisagem estava reduzida a um campo carbonizado e fumegante, pontilhado por formas indistintas que outrora foram guerreiros.
No epicentro da destruição, os dois Imperadores se encaravam, suas auras colidindo em uma tensão quase palpável, um prelúdio silencioso para o duelo divino.
Foi nesse vácuo de som que a voz de Liu Xiu cortou o ar, carregada de um ódio antigo e focado.
"APAREÇAM MALDITOS KHAN!!!!"
Como se respondendo a um chamado sombrio, Kao Khan materializou-se de uma sombra distorcida projetada por uma pilha de cadáveres, sua capa cinza imaculada, seus olhos frios calculando cada movimento.
Quase simultaneamente, com um rugido de raiva e dor, Shou Khan empurrou o corpo irreconhecível de sua besta de guerra, que tomara a maré necrótica por ele.
Ele surgiu de debaixo da carcaça, sua armadura de ametista escurecida pela água negra, seu rosto uma máscara de pura fúria.
"Meu Soberano," Liu Xiu falou, sem tirar os olhos de suas presas, sua voz um sibilo contido.
"Minhas habilidades seriam um estorvo em sua batalha contra Jin". "Durante este tempo... permita-me cuidar deste lixo antigo".
Hanshin nem sequer olhou para trás, sua atenção totalmente fixa em Jin Shakan.
"Faça como quiser, General". "Apenas certifique-se de que não sobrem pedaços para enterrar."
A ordem mal havia ecoado e Liu Xiu já havia se movido. O General disparou em voo. Ele fechou a distância instantaneamente, sua mão vestida com manoplas de mithril escuro agarrou Shou Khan pela garganta com um estalo seco que ecoou pelo ar.
Sem hesitar, ele se lançou para frente, arrastando o gigante como um brinquedo, voando em alta velocidade para longe do campo de batalha principal, em direção às Planícies.
Kao Khan não perdeu tempo. Um assobio agudo ecoou, e de trás de uma formação rochosa, sua própria besta alada, um raptor de penas escuras e olhos vermelhos, mergulhou.
Kao montou-a em pleno movimento e partiu no encalço, uma sombra determinada a proteger seu irmão.
Jin Shakan não moveu um músculo, mas Lao Tiang ao seu lado soltou um suspiro quase imperceptível.
"Não vai ajudar seus pupilos, antigo Grão-Mestre Assassino da extinta Nação do Fogo Marcial?" Hanshin zombou, um sorriso cruel estampando seu rosto.
Lao Tiang fitou o horizonte onde os três haviam desaparecido.
"Aquele tirano morreu há muito tempo, enterrado com suas vítimas". "E eles não são mais pupilos". "São guerreiros forjados no aço de mil batalhas".
Ele ergueu a cabeça, com uma calma inquebrantável.
"E eu acredito neles".
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Planícies das Bestas Gigantes - Leste da Nação do Demônio Marcial
BOOM!!
Um estrondo abalou as planícies quando Liu Xiu arremessou Shou Khan no solo como um meteorito, esmagando a terra e formando uma cratera de dez metros de diâmetro. A poeira levantou como uma cortina.
Quando a nuvem baixou, revelou Liu Xiu de pé na borda da cratera, impecável, e Shou Khan no fundo, enterrado até os ombros no solo fissurado.
O gigante cuspiu um dente quebrado junto com sangue, limpando o canto da boca com o dorso da luva.
"General Xiu," Shou Khan cuspiu o nome, sua voz um rosnado grave.
"Continua um covarde brutal como sempre!"
"Economizo minha honra para aqueles que a merecem, verme!" Liu Xiu retrucou, sua voz gelada.
"Agradeço, no entanto". "Essa é a oportunidade dourada para enfrentar o 'Carrasco' que destruiu minha terra, massacrou meu povo e escravizou os sobreviventes para saquear até a última migalha de nossas minas de cristais de Qi". Shou disse serrando os dentes.
"Então estamos diante da mesma oportunidade, General Shou! " zombou Xiu.
"Eu quero terminar o que comecei há mil e duzentos anos". "Exterminar os últimos descendentes da linhagem de vermes que comandavam a Nação do Fogo Marcial!"
Shou Khan se libertou do solo com uma explosão de terra, erguendo-se em toda sua altura titânica. Sua aura de pura força física começou a distorcer o ar ao seu redor.
A atmosfera entre eles ficou pesada, o ar tremeu com a fúria liberada. Shou Khan moveu-se primeiro. Não com agilidade, mas com puro poder cinético.
Seu pé esmagou o chão, propelindo-o para frente com força devastadora. Seu punho, capaz de nivelar uma montanha, foi direto para o rosto de Liu Xiu.
O punho passou, mas não houve impacto. Liu Xiu simplesmente não estava mais lá. Ele havia se movido com uma velocidade sobrenatural, aparecendo ao flanco de Shou.
Seu pé, carregado com Qi, chutou o tendão de Aquiles do gigante com um estalo nítido e cruel que fez o gigante cambalear.
No mesmo movimento fluido, sua mão agarrou o rosto de Shou e, com uma força titânica, esmagou-o de volta no chão com um impacto que fez a planície estremecer, rachando a terra ao redor.
Liu Xiu pôs o pé sobre a cabeça de Shou, tentando esmagá-la contra as rochas.
"Sua força bestial sempre foi previsível, Khan!" "Bruta, mas sua arte é pouco refinada".
Shou, porém, não parou. Mesmo com a perna lesionada e a cabeça presa, seu instinto de lutador era primordial.
Com um urro de dor e raiva, ele torceu seu corpo de um ângulo impossível e chutou para cima com a perna boa, um golpe de desespero que atingiu Liu Xiu no peito com força suficiente para estilhaçar rochas.
O impacto arremessou Liu para trás, quebrando sua postura arrogante.
Liu Xiu recuperou o equilíbrio no ar, aterrissando suavemente a alguns metros de distância. Um leve sorriso cruel tocou seus lábios.
"Assim está melhor!" Ele sacou sua espada de aço escuro, a lâmina sussurrando sede de sangue ao ser empunhada.
Shou Khan levantou-se, sacando seu martelo de guerra de 100 quilos de seu anel dimensional como se fosse um graveto. Ignorou a dor latejante na perna.
Ele avançou de novo, mas desta vez seu ataque foi uma cortina de golpes esmagadores, cada um capaz de pulverizar osso e aço. Liu Xiu esquivava-se com movimentos mínimos e elegantes, seus calcanhares mal tocando o chão.
BOOM!! Um golpe errou e criou outra cratera no solo.
Foi a abertura que Liu Xiu esperava. Ele se projetou para a frente, sua espada um raio negro visando a axila exposta de Shou, um ponto fraco na armadura. A lâmina estava a centímetros de perfurar carne e osso quando…
Shiiink!
Três agulhas de aço, lançadas com precisão cirúrgica, silvaram em direção aos olhos e à jugular de Liu Xiu. A investida mortal do General parou abruptamente.
Ele girou sua espada, desviando duas das agulhas, e inclinou a cabeça para evitar a terceira, que passou raspando em seu elmo.
Kao Khan havia chegado. Ele estava agachado no alto de uma rocha, sua besta alada já dispensada. Em suas mãos, mais agulhas brilhavam sob a luz fraca, e seus olhos frios calculavam cada variável.
Sem perder um segundo, Kao arremessou dois pequenos frascos de cristal que voaram em um arco perfeito.
Eles não foram em direção a Liu Xiu, mas em direção à cabeça de seu irmão. Os frascos se quebraram contra o elmo de Shou Khan, liberando um líquido âmbar brilhante e um vapor revitalizante que envolveu imediatamente o gigante ferido.
Eram poções - Bálsamo da Célula Viva e Maré de Vigor Recuperado. Instantaneamente, o sangramento de Shou estancou, o tendão lesionado se reparou parcialmente, e uma nova onda de energia percorreu seus músculos fadigados.
Seus olhos, antes turvos pela dor, brilharam novamente com foco assassino.
A batalha havia mudado. Um mestre assassino havia chegado ao campo de batalha.
Liu Xiu observou a recuperação de seu oponente, e pela primeira vez, um sorriso largo e genuíno de antecipação surgiu em seu rosto, seus olhos faiscando com um prazer sádico.
"Finalmente!" Ele sussurrou, ajustando o punho de sua espada.
"Agora ficou realmente interessante".
Chapter 15: 014: A Maldição Da Vingança.
Chapter Text
O sorriso de Liu Xiu era uma fenda cruel em seu rosto demoníaco. A chegada de Kao Khan não o preocupava; apenas o incitava.
Era a oportunidade de exterminar os dois últimos descendentes significativos da linhagem que ele tanto desprezava.
Shou Khan, ignorando dor da lesão recem tratada em sua perna, rugiu e avançou novamente. Seu martelo de aço negro desceu como um raio, mas desta vez não foi um golpe cego.
Foi uma cortina de terra e poeira, uma distração massiva e barulhenta.
Kao Khan moveu-se em perfeita sincronia. Enquanto Shou atacava frontalmente, Kao desapareceu na contina, reaparecendo como uma sombra atrás de Liu Xiu.
Seus braços se moveram num borrão, lançando uma salva de agulhas envenenadas que silvaram em direção aos pontos fracos da armadura de mithril escuro– as juntas do pescoço, a parte de trás dos joelhos, as axilas.
Liu Xiu riu, um som seco e desdenhoso. Sua espada de aço negro dançou, desviando o golpe esmagador de Shou com um clarão de fagulhas, enquanto executou um feitiço.
"Reiken #7 Pulso do Vácuo Dissipador!"
Uma onda de energia pura pulsou de seu corpo,desintegrando as agulhas de Kao no ar antes que pudessem atingi-lo. A perfeição do feitiço executado por um especialista.
"Patético!" Liu Xiu cuspiu, usando o momento para chutar o torso de Shou, fazendo o gigante recuar alguns passos com um grunhido.
Mas os irmãos não se abalaram. Eles se recomporam com uma sincronia nascida de uma vida inteira de batalhas lado a lado.
Shou avançou novamente, seus golpes agora brutais, porém calculados, forçando Liu Xiu a se defender, a gastar energia.
Cada impacto do martelo de cem quilos contra a espada do general fazia os ossos de Liu Xiu tremerem, mesmo bloqueando.
Kao, por sua vez, havia mudado de tática. Ele não lançava mais agulhas, mas sim pequenos artefatos—"Os Orbes Diabólicos"—e fechado em seu interior uma inscrição de feitiço de 2° nível alimentada por um fragmento de cristal de Qi.
Que criavam paredes de fogo efêmeras, geadas repentinas e campos de eletricidade estática no terreno, não podiam ferir um Imperador Marcial de qualquer forma, mas podiam restringir os movimentos de Liu Xiu e forçando-o a uma defensiva constante, corroendo sua paciência.
A frustração começou a ferver dentro de Liu Xiu. Este não era o duelo de vingança que ele imaginara—um embate de habilidades superiores.
Era uma operação de cerco, uma perseguição cansativa executada por insetos teimosos que se recusavam a morrer.
"Chega disto!" "Seus vermes!" Ele rugiu, sua paciência se esgotando. Ele abriu a boca, e o ar ao seu redor pareceu se solidificar com a intenção maligna de seu poder. Ele estava preparando sua sentença.
"MORRAM SUAS PRAG..."
O comando mal havia começado a sair de seus lábios quando Kao Khan, antecipando-se completamente, arremessou um pequeno globo metálico aos pés de Liu Xiu. Não era um ataque mortal, mas um artefato de explosão sônica.
--BAMMM! ZIIIIMMM!--
Uma onda de som puro, ensurdecedora e desorientadora, explodiu no local. O ruído não causou dano físico, mas foi suficiente para interromper a concentração necessária para o feitiço de maldição.
Liu Xiu, instintivamente, cobriu os ouvidos com as mãos, um breve momento de vulnerabilidade.
Foi o único instante que Shou precisou.
Com um urro que vinha das profundezas de sua alma, Shou Khan ignorou toda a dor e investiu. Ele abandonou seu martelo, não havia espaço suficiente para usar, então num movimento surpreendentemente ágil para seu tamanho, agarrou Liu Xiu por trás, envolvendo-o em um abraço de urso titânico.
Seus braços, como correntes de aço, cerraram-se em volta do torso e do pescoço do general, as runas de ametista de sua armadura brilhando intensamente enquanto canalizava toda a sua força física monstruosa para imobilizar o inimigo.
"AGORA, IRMÃO!!!" Shou gritou, suspendendo o general do chão que rosnava irado, seu corpo trancando o de Liu Xiu.
E Kao estava lá, não com uma agulha, mas com uma adaga que ele materializou de seu anel dimensional.
A lâmina não era de metal, mas de cristal puro, e dentro dela pulsava um líquido vermelho escuro e coagulado – o último e mais precioso trunfo de Kao, uma pequena fração do 'Veneno Ancestral' que ele estava guardando para aquele encontro.
"ISSO É PRA VOCÊ CARRASCO!!" Kao Khan gritou.
Liu Xiu, preso pelo abraço desesperado de Shou, viu a adaga se aproximar. Seus olhos se arregalaram de raiva pura, não de medo. Então Shou sentiu algo restrigindo seu corpo.
Xiu havia amarrado o gigante com seus fios de Qi por dentro da armadura do titã. Estrangulando-o até que o esforço fez Shou vomitar sangue, a força do abraço fraquejou.
Liu Xiu quebrou a constrição do abraço do gigante e, no mesmo movimento fluido, suas mãos agarraram a garganta de Kao Khan com velocidade predatória.
Kao sentiu a pressão esmagadora imediatamente. Seus ossos do pescoço rangeram. A visão começou a escurecer. Ele via Liu Xiu de frente, seus olhos cheios de ódio triunfante.
Em um último, desesperado e heróico ato de vontade, Kao usou o pouco de consciência que lhe restava. Ele não tentou se soltar. Em vez disso, ele investiu com toda a força que tinha para a frente, impulsionando a adaga.
"MORRAAAA!!!" Kao gritou sufocado em agonia.
A lâmina encontrou a pequena fresta entre o ombro e o peitoral da armadura de Liu Xiu, penetrando profundamente. O cristal se quebrou, liberando o veneno ancestral diretamente na corrente sanguínea do general.
Um grito de fúria amaldiçoando seu rival, diferente de tudo o que ele havia emitido antes, escapou de Liu Xiu.
"MALDITO VERMEEEE!!!"
Sua expressão de triunfo se transformou em uma máscara de choque e dor. Veias negras surgiram em seu rosto, sangue escuro corrompido desceu de seus olhos.
A força fugiu de seus membros e Xiu caiu de joelhos, arrastando Kao Khan consigo.
Os dois irmãos, Shou dilarado por fios de Qi inquebráveis e Kao com a garganta esmagada, desaba ajoelhado com seu inimigo, três poderosos generais encontrando seu fim.
Por um momento, só se ouviu o som da respiração ofegante e agonizante acalmando e cessando.
"Huf,Huf....."
Restava apenas o vento que uivava entre as pedras e então, uma figura se materializou, flutuando alguns metros acima deles.
Era Liu Xiu.
O corpo de Liu Xiu que estava no chão, com a adaga cravada, começou a se dissolver como fumaça, uma ilusão perfeita dissipando-se. Revelando uma verdade cruel.
Liu Xiu olhava para baixo, para os dois irmãos Khan ajoelhados frente a frente,mortos – Shou, que estrangulara seu irmão com as próprias mãos.
Kao, que apunhalou e envenenou seu irmão, ambos vítimas de seus últimos esforços desesperados, sob o efeito de um feitiço de ilusão que havia começado no momento em que ele os chamara para a batalha.
"Vocês foram patéticos! " Disse Liu Xiu, sua voz carregada de um desprezo amargo e cruel.
"Meu mestre ordenou que não restasse pedaços pra enterrar".
"Haken #4 Explosão Carmesim! "
Após declarar o feitiço uma minúscula faísca flutuou na palma da mão direita de Liu Xiu, que foi encapsulada por uma pequena esfera.
Uma esfera translúcida do tamanho de um punho se formou engolfando a menor. O Qi fluía da mão de Liu Xiu pra dentro da esfera maior, se transformando, transmutando o Qi em um líquido vermelho vivo e reluzente.
O éter se materializou, enchendo a esfera maior até seu topo. Essa ação durou o tempo de uma respiração.
Então Liu Xiu a lançou de sua mão como um tiro.
A esfera maior quebrou derramando o éter líquido que se espalhou sobre os irmãos.
Quando a pequena esfera se partiu a Explosão Carmesim engoliu seus corpos com chamas vermelhas poderosas, consumindo carne e ossos, minutos depois dissiparam no ar; não restando nada que lembrasse os dois irmãos.
"Irmãos Khan... até mesmo vermes podem lutar como guerreiros".
"Essa é a distância intransponível entre um Reino do Caminho Marcial Imortal e um Imperador Marcial Imortal", sussurrou, para si mesmo.
Seu olhar voltou-se para o horizonte, onde a capital de sua nação começava a tremer sob o conflito dos verdadeiros titãs.
Ao longe, ele podia sentir a atmosfera em torno da capital se contorcendo, vortex de tempestades elétricas se formando no céu escuro. A energia liberada era avassaladora.
A batalha dos Imperadores estava começando de verdade. E Liu Xiu, tendo liquidado suas contas do passado, partiu em direção àquele turbilhão, pronto para servir a seu soberano no verdadeiro fim do mundo.
FicWhisper on Chapter 1 Sat 20 Sep 2025 09:04PM UTC
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CEZAR ANGELO (Guest) on Chapter 4 Mon 22 Sep 2025 10:22PM UTC
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Mago_velho on Chapter 7 Tue 23 Sep 2025 12:56AM UTC
Last Edited Tue 23 Sep 2025 02:02PM UTC
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