Chapter 1: Visita Surpresa
Chapter Text
"Montanhas Arzelisia: lugar inóspito e desagradável, quase tudo quer você para o jantar. Mesmo assim, uma raça de pequenos humanoides se desenvolveu em suas cavernas, por séculos formaram uma sociedade próspera, mas recentemente ela quase chegou à beira da extinção.
Ameaçados serem devorados por dragões de gelo ou dizimados pelo povo Quagoa, essas pessoas que ali viviam mal tinham esperança de aguentar mais alguns anos antes de sumirem de vez. Suas artes e técnicas seculares já quase haviam desaparecido e o fim parecia inevitável.
Agora passados menos de dois anos, essas lembranças parecem tão distante como se fossem décadas, sua sociedade cresce rapidamente, seus trabalhos com Runecraft se tornaram novamente famosos, não só nos armamentos, mas em utensílios domésticos para o dia a dia, suas cervejas muito procuradas nas tavernas dos reinos vizinhos são levadas por mercadores ansiosos por fortunas e aventuras, sua população, aparentemente, nunca teve tantos nascimentos em um período tão curto.
Pelo visto, tudo que é preciso para recuperar um reino à beira do fim é apenas esperança... e muita, muita cerveja.
Quem ali vive é chamado de povo anão e fora salvo por algo que deveria ser descrito como intervenção divina, pois um ser que só poderia ser chamado de supremo surgiu em sua hora de maior necessidade, dominando os grandes Frost Dragons e esfacelando os exércitos dos Quagoas. Este é o senhor da Grande Tumba de Nazarick, o Rei Feiticeiro, o ser Supremo Ainz Ooal Gown, e hoje é dia de festa, pois seu salvador veio visitá-los.
Ainz não gostava muito de avisar sobre suas visitas, geralmente isso causava uma paralisação em quase todos os serviços e um dia comum virava um feriado improvisado, com cerimônias tediosas e banquetes longos. Isso acontecia mesmo entre o povo anão, que era bastante prático, mas nunca perdiam uma oportunidade para uma pausa e algumas cervejas, por isso Gondo Firebeard quase teve um ataque cardíaco quando o portal rodopiante surgiu no meio de seu escritório e de lá emergiu seu salvador.
- Olá Gondo, como vão os negócios? - disse Ainz, despreocupadamente.
- AaaH! - disparou o anão.
Essas visitas ajudavam a descansar a mente e a escapar de toda a burocracia de comandar vários reinos, por isso Ainz sempre tentou soar informal e queria que lhe tratassem assim também, claramente sem muito sucesso.
- Sua majestade, é uma honra recebê-lo no Reino Anão, se soubéssemos de sua vinda teríamos preparado uma recepção adequada para o senhor.
- Tcs! Esses seres deveriam estar sempre preparados com toda pompa que Ainz-sama merece - arinsu! - estalou a vampira gótica que agora se mostrava ao lado de seu senhor.
- Pare Shalltear, se eu quisesse tal coisa, eu mesmo teria mandado avisar com antecedência! Me desculpe Gondo por vir assim, esta é apenas uma visita para ver pessoalmente como está o reino do meu bom amigo - 'sem precisar passar por toda aquela chatice de relatórios' - pensou Ainz.
- F-Fico extremamente feliz por toda consideração que Sua Majestade dispensa para este humilde servo - balbuciou Gondo.
- Gostaria de dar uma olhada nos avanços na arte Runecraft, seus relatórios são bastante otimistas.
- O senhor me lisonjeia com tais palavras, gostaria de conhecer uma das nossas mais novas fábricas? - disse o orgulhoso anão.
- Era exatamente isso que eu tinha em mente Gondo. Shalltear, você está dispensada por enquanto, pode seguir até as bases dos correios aéreos e avaliar como está a logística, espero logo um relatório - disse Ainz firmemente, mas por dentro ele grunhia com a perspectiva de ler mais papéis.
- Ouço e obedeço, Ainz-Sama-arinsu.
Dentro da grande fábrica recém-construída, centenas de anões trabalhavam em seus setores, haviam até mesmo salas separadas e resistentes para aquelas coisas que sem o devido cuidado poderiam simplesmente fazer KABUM!
- Como Lord Ainz deve saber, o nosso reino tem aumentado a produção de Runecrafts de forma exponencial. O que nos limita ainda é a mão de obra especializada, mestres são difíceis de preparar, é preciso tempo e experiência para se colocar mais do que duas runas em uma arma ou armadura, por isso os itens menores se tornaram o maior interesse dos ferreiros mais jovens. O senhor sabe quais são os itens mais procurados hoje?
- Não, acho que não estou a par.
- São essas coisas aqui - disse Gondo segurando dois aros de metal com cores ligeiramente diferentes - Aros de luz e calor para interiores são os que mais vendem! Por serem Runecraft, são mais baratos e duráveis que itens encantados, e como cada um só carrega uma runa, os mais novos conseguem fabricar rapidamente.
- Vejo que facilitar o dia a dia das pessoas é um bom negócio. Afinal, poder comprar um item para manter sua casa aquecida e iluminada nos longos dias de inverno é o desejo da maioria das pessoas. Penso que logo vão criar um que esfrie o ambiente para o verão - Ainz disse de forma humorada enquanto se afastava.
- 'RESFRIAR A CASA!' - Gritou internamente o jovem anão que estava trabalhando na mesa onde os aros foram pegos. Sendo muito novo, tinha apenas um palmo de barba e parecia ter sido atingido por um martelo metafórico.
- Isso pode ser feito? Claro que sim! - discutia consigo mesmo - Basta trocar a runa de calor pela de frio que usamos nos tonéis de cerveja, talvez precise de mais de uma, ou mudar um pouco ela para aumentar o efeito e o alcance, vai ser preciso meses de experimentos, seria um investimento arriscado de tempo, mas as possibilidades superam o risco.
- Imagine aros para esfriar salas, casas inteiras, lojas, até prédios! As pessoas que não aguentam o calor como nós os anões vão comprar essas coisas como se a vida delas dependesse disso! Resfriadores pequenos em cada cômodo ou grandes para salões e fábricas, chiques ou apenas práticos, fortunas viriam para quem conseguir fazer funcionar.
Quem visse a cena poderia imaginar que o jovem anão iria começar a se dar socos a qualquer momento tamanha era a sua comoção.
- Como ninguém pensou nisso antes? Espera, alguém pensou, Sua Majestade pensou, AGORA, após ouvir uma única vez, somente um ser de inteligência inigualável para pensar em algo assim e comentar tão casualmente. NÃO, isso não foi casual, foi de propósito, ele sabia que o ouviriam, preciso falar com o Rei Gondo, pedir autorizações, recursos, tempo e vou precisar pagar a TIRF - e então ele saiu correndo atrás de seu rei.
Curiosidade sobre a TIRF (Taxa de Inovação do Reino Feiticeiro), não era a primeira vez que o Rei Feiticeiro trazia inovações tecnologicas e de conceitos. A partir dos primeiros meses de contato entre o Reino Anão e o Reino Feiticeiro, as ideias fluíam continuamente, desde como tornar rodas de carroças ou eixos mais duráveis, até alguma maneira mais eficiente de fazer algo. Eram tantas informações novas que o Reino Anão estava constrangido de usar elas sem devolver algo para o Rei Feiticeiro, então foi criada a TIRF, uma taxa paga em forma de cota única ou porcentagem nos lucros por usar uma ideia, como Royalties.
Algumas dessas ideias eram muito simples, já outras extremamente complicadas, por isso o fator risco vinha para quem quisesse tentar produzir algo, já que o investimento de tempo e dinheiro era considerável, mas até agora todas essas novidades renderam lucros para os envolvidos.
Enquanto isso, Ainz e Gondo chegavam ao setor de armamentos.
- Toda a fábrica segue o modelo de linha de produção que Vossa Majestade sugeriu. Nós recebemos das forjas os produtos prontos para a colocação das runas, então aqui usamos essas menores apenas para aquecer suficientemente o metal e talhar.
Runecraft é uma arte quase perdida, quem a conhece não sabe nem a metade do que ela pode fazer. Diferente de um item encantado que precisa de rituais, escritas mágicas, mana para ser feito, os itens rúnicos em comparação precisam apenas de um pouco mais de tempo e muita força de vontade. Literalmente consiste em infundir uma intenção mágica em um objeto na base da martelada.
- Veja vossa majestad-
- Eu já disse antes Gondo, basta me chamar de Ainz.
- Impossível Vossa Majestade, seria uma total falta de respeito! Mas continuando, o Senhor vê que aqui nós recebemos as espadas de aço, são as mais fracas da fábrica e por isso só aguentavam duas runas: afiar e endurecer. Espadas de Orichalco e Adamantite aguentam quatro e até cinco runas, mas graças aos conselhos que o Senhor nos deu, deixamos de usar a runa endurecer, que era usada nas armaduras, e agora usamos uma variação chamada resistência, que aumenta a dureza e a flexibilidade da lâmina, assim conseguimos colocar uma terceira runa, leveza e fazemos testes com uma quarta. O metal ainda deforma e se destrói quando a quarta runa é adicionada, mas estamos perto de produzir lâminas baratas e de alta qualidade.
- Tenho certeza que sim Gondo, pois eu mesmo possuo lâminas de aço com seis runas, aqui veja - disse Ainz enquanto retirava do nada uma pequena adaga ricamente entalhada.
- 'Na verdade são itens lixo que você recebe quando faz as primeiras missões em Ygdrassil, eu só tenho guardado pois detesto me desfazer das coisas' - pensou.
- Seis runas! Incrível! Em uma lâmina tão pequena! Que entalhes precisos e essa combinação de runas, eu nunca pensaria nisso, ela é linda, novamente acho que sem a ajuda de Vossa Majestade nunca poderíamos retomar a arte de Runecraft.
- Não exagere Gondo, sei que logo vocês produzirão algo digno de Nazarick.
- Nazarick?!
- Minha casa, Gondo, onde eu moro.
- EEH!? - gritou um jovem anão que se aproximava correndo.
- Sim? Posso ajudá-lo? - disse o Ser Supremo.
- A-Acho que traí o senhor, Vossa Majestade - gaguejou Rumble antes de desmaiar
Chapter 2: O andarilho
Summary:
Ainz ouve a história da chegada de um estranho.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça é o Mr.Bonestrazendo o segundo capítulo da minha fanfic de Overlord. Espero que gostem
Com vocês.
Aquele que Voltou
Capítulo 02: O andarilho
Chapter Text
'Meu nome é Rumble Redson. Sou um dos jovens ferreiros que trabalha na nova fábrica Runecraft da capital Feo Berkana. Hoje conheci o Rei Feiticeiro e acho que vou morrer'.
Rumble abriu os olhos lentamente. Ele viu as luzes da sala, as paredes de pedra e o senhor da morte de pé próximo a ele. Pode-se imaginar a rapidez com que um anão se levanta, mas nada se compara ao pulo que Rumble deu ao se jogar aos pés da entidade.
O anão prostrou-se com a cabeça tocando tão fundo o chão que poderia abrir um buraco, coisa que ele realmente tinha a intenção de fazer, cavar um buraco, se enfiar dentro e tampar tudo pra sumir, tal era sua vergonha.
— Levante-se – ordenou o senhor da morte.
— Me desculpe, Vossa Majestade, não tenho como demonstrar a extensão do meu arrependimento por minhas ações.
— Levante-se eu disse, não tenho como conversar com você nessa posição, e ainda nem sei qual foi a sua falta para julgá-lo. – ‘É tão chato ser solene nessas horas, tudo tem que ser tão cerimoniosos… UFF!’ – suspirou Ainz.
— Levante-se rapaz, você está se envergonhando e me envergonhando na frente de Sua Majestade, explique-se de uma vez Rumble. – grunhiu entre os dentes um Gondo bastante mal humorado.
— Me desculpe, não foi minha intenção macular a honra do Rei Ferreiro na frente de Sua Majestade.
— Não se preocupe jovem, seu rei não foi diminuído pela sua humildade, mas até isso tem limites, então comece explicando por que você acha que me traiu!
— Certo, ahem…, é uma história uma pouco longa.
— Seja preciso e se atenha aos detalhes para que eu julgue se você está em dívida comigo ou não.
— Bem, isso aconteceu mais ou menos há uns seis meses atrás… Com a libertação de Feo Jera no ano anterior, a reconstrução da cidade estava adiantada, todos estavam animados e logo seriam enviadas mais cargas da nova Runecraft junto com os outros ferreiros que se mudariam para o Reino Feiticeiro. Eu era encarregado de levar uma das carroças e partiríamos no dia seguinte, então eu e alguns amigos resolvemos comemorar, já que essa seria a minha primeira viajem além do reino anão.
Lógico que quase tudo é motivo para beber em se tratando de anões.
— Nós estávamos bebendo no Porco Ensaboado, a estalagem mais próxima da saída das carroças, estava eu, Fineas Rocker, Vulkus Stellman e Brock Shoter. Na verdade não sou muito amigo de Brock, só o suporto por ser sobrinho da minha prima, pessoa desagradável, sempre reclamando, fazendo o menos possível de sua parte, sempre com algum esquema por fora para tirar vantagem, e se isso não fosse possível, pelo menos a outra pessoa teria prejuízo.
— Não vejo o porquê de você mencionar tanto os defeitos desse seu… “conhecido” – disse Gondo.
— Bem, é porque ele morreu! Quero dizer, não é que eu queira falar mal dos mortos, mas é que não há motivo para falar bem também – continuou Rumble.
— O que aconteceu é que estávamos na estalagem, bebendo e jogando um pouco, ninguém ainda tinha ganhado muito nos últimos meses, mas o futuro era otimista, então estávamos fazendo um joguinho amigável, jogando por cobres sabe, Brock estava roubando como sempre, nada que fosse preciso brigar, mas isso tirava um pouco o ânimo.
— Foi então que entrou na estalagem a coisa mais estranha que já tinha posto os pés lá, um humano.
— Humano! - exclamaram os dois reis simultaneamente.
— Sim, humano, um homem. Isso era novo mesmo, a gente sabia que começaríamos a fazer mais comércio com outros povos, mas nunca imaginamos que alguém viria tão cedo, ainda mais um humano! Geralmente, nós que saímos para negócios e faziam décadas desde que o último apareceu. Se tivesse vindo para comércio ou outro assunto teria usado a entrada principal e ido para as áreas de entrada da cidade, mas ali?! Ali era a saída pela porta dos fundos.
— Continuamos a jogar, mas lógico que ficamos com meio ouvido naquela pessoa.
— Ele estava molhado, mas não sujo, nem parecia ter vindo de uma longa viagem ou carregava uma mochila grande. Foi direto para o balcão falar com Forge, o dono da estalagem – figura bruta, de poucas palavras, uma boa pessoa que passou por tempos difíceis quando o único dinheiro vinha da bebida e comida vendida em uma cidade que ficou em guerra por quase uma década. O estranho pediu quanto era para passar a noite, nove cobres aliás, eu sei porque ia dormir lá e sair cedo junto com Fineas e Vulku.
— “Nove cobres”, disse o Forge, “adiantado”.
— Então o humano disse: “Veja, meu nome é… Telcontar” – desse jeito ele falou – “eu estou meio sem dinheiro agora, mas gostaria de saber se o senhor teria algum trabalho para eu poder pagar o quarto e uma refeição”.
— “Sem trabalho” – falou Forge, e então continuou – “Desculpe amigo, mas as coisas só agora estão começando a andar de novo, ainda não posso abrir mão de alguns cobres” – nunca tinha visto Forge usar tantas palavras em uma mesma frase.
— “Contudo… posso negociar se você tiver algo trocável” – Forge continuou enquanto olhava a bolsa surrada do estranho.
— “Desculpe, mas o que tenho aqui tem um valor sentimental pra mim e não posso trocá-lo”.
Então ele se virou e nos viu jogando, veio em nossa direção e sorriu.
— “Olá! Sou Telcontar, posso jogar com vocês?”
— “Ora, veja amigo, a gente está jogando apenas pra se divertir e passar o tempo, jogando por cobres” – eu disse.
— “Além disso, sabemos que você não tem dinheiro.” – sutil como sempre o Brock.
— “Ora, eu achei que poderia tentar algum serviço com os senhores”.
— “Nah! Não é a gente que contrata os trabalhadores, mas se quiser jogar, talvez o que esteja nessa bolsa sirva como aposta” - Falou rindo o Brock.
— “Ok.”
— “Como assim!?” – eu disse – “Meio que a gente escutou você falar que o que tinha nessa bolsa só tinha valor pra você e que não podia trocar, agora você nem hesitou em apostar o que quer que seja isso” – eu retruquei.
Ele apenas sorriu e disse que não tinha problema em apostar, bastava ele ganhar, nisso a gente riu alto.
Ele só pediu pra não mostrar o que tinha na bolsa, ia fazer parte do suspense da aposta, podia ter pedras ou um retrato com bordas de prata, realmente uma aposta. A gente só deu de ombros, mas o Brock, ele tinha aquele sorriso estranho que ele faz quando tem alguma tramoia em mente.
Coisas de valor sentimental geralmente valem mais do que se pensa, pingentes ou broxes com imagens pelo menos valem algumas pratas e Brock sabia disso.
— “Certo eu sou Rumble, este é Fineas, aquele é Vulku e o marrento com as cartas é Brock”.
— “Eu sou Telcontar, ao seu dispor. Certo! O que estamos jogando?”
— “Cartas anãs, você conhece? Eu embaralho”.
— “Já joguei anos atrás, mestre Brock.”
— “Você já jogou com anões antes? Carta”.
— “Ah sim, mestre Rumble, há algumas décadas atrás eu passei por aqui, as coisas não estavam tão ruins.”
— “Por favor, pare com os honoríficos, ainda somos jovens demais para sermos mestres ferreiros, mas faz bastante tempo desde a sua última visita hein!? Carta, eu aumento dois cobres”.
— “Certo, só gosto de ser educado mest- senhor Vulku, mas faz bastante tempo mesmo, eu gosto de viajar, conhecer outros lugares.”
— “Eu gosto de ser chamado de mestre, pode continuar chamando Ha! Há!”
— “Não duvido disso, mestre Brock, não duvido.”
— “Sabe, pode ser muito perigoso sair andando por aí sozinho, nem todo mundo é tão hospitaleiro.”
— “Eu sei me virar mestre Brock, e basta ser um pouco correto com as pessoas pra não arrumar problemas. Carta.”
— “Um pensamento simples, mas honesto, eu estou fora.”
— “Na próxima você ganha Fineas.”
— “Não do jeito que você dá as cartas, Brock.”
— “E eu lá tenho culpa se a sorte sorri mais pra mim do que pra vocês! Eu aumento três cobres”.
— “Eu saio.”
— “Eu também”.
— “Certo! O que você tem, mestre Brock?”
— “Três Lords, senhor Telcontar. Há! Há! Há!”.
— “Esse é o problema da sorte mestre Brock, às vezes ela resolve olhar para o outro lado. Dois pares de Majestades.”
— Vossas Majestades deveriam ter visto a cara do Brock quando percebeu que tinha perdido no próprio jogo.
— “Impossível! Você deve ter trapaceado seu humano!” – xingou Brock.
— “E como eu faria isso? Você que estava dando as cartas!” – replicou Telcontar.
Nessa hora o Brock já tinha levantado e agarrava o humano pelo colarinho. A gente já ia intervir, quando vimos o que o senhor Telcontar segurava em sua mão.
Ele tinha uma adaga de aço colocada no pescoço do Brock, mas o mais incrível era que a adaga tinha duas runas… de cada lado!
— Quatro runas! Em uma adaga, nós mal colocamos três, onde ele arrumou isso!? – Disse Gondo.
O olhar de Ainz se tornou sinistro e as chamas dentro de seus olhos se acenderam – ‘Uma adaga de quatro runas deve ser rara no Novo Mundo, provavelmente um item vindo de um jogador, ele mesmo pode ser um jogador ou descendente’ – os alertas dispararam dentro da cabeça do ser supremo.
— E o que aconteceu depois, senhor Rumble?
— Ah sim Vossa Majestade, nós meio que começamos um “deixa disso” com o Brock, que já tinha ficado assustado com a lâmina. Então o senhor Telcontar disse:
— “Acho que você não começaria uma briga por causa de onze cobres, não é?”
— “Não, claro que não!” – o Brock falou quase se mijando.
— “Então acho que estamos resolvidos, não é senhores?” – ele disse recolhendo os cobres. Telcontar então se retirou dando boa noite para a gente enquanto sorria.
— Certo, mas isso não explica como você acha que traiu sua majestade!
— Ah sim, isso foi no dia seguinte.
— ‘Como os anões gostam de contar histórias’ – pensou Ainz – Onze cobres, então ele só ganhou o suficiente para se hospedar.
— E uma refeição Vossa Majestade, que custou dois cobres.
— Só o valor exato para uma noite, deve ter saído com fome pela manhã.
— Ah não vossa Majestade, o café da manhã é incluso.
— Humm, interessante – murmurou Ainz.
Chapter 3: Uma História Conhecida
Summary:
O Viajante conta uma história antiga.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, aqui é o Mr. Bones trazendo o capítulo 3 da minha fanfic de Overlord.
Então com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 03: Uma história conhecida
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- No dia seguinte, eu estava descendo cedo para comer, pois eu, Vulku e Fineas íamos sair assim que clareasse, então vi o senhor Telcontar sentado em um canto. - continuou Rumble sem perder mais tempo.
- "Bom dia senhor Telcontar, pelo jeito o senhor acorda como os anões, cedinho".
- "Bom dia senhor Rumble," - ele disse - "sim já sou acostumado, o senhor gostaria de sentar e comer algo? E por falar nisso, vi que os seus dois amigos acabarem de sair."
- "Claro, eles devem terminar de fazer os últimos ajustes antes de partirmos."
- "É assim mesmo. Então, para onde vocês estão indo?"
- "Vamos para o Reino Bruxo, o senhor conhece?"
- "Já ouvi falar algumas coisas ruins e algumas outras muito ruins".
- "Ah! Isso depende pra quem você perguntar, de nós anões você só vai ouvir coisas boas, principalmente por termos sido salvos pelo Rei Feiticeiro pessoalmente".
- "Quais boatos você escutou? O de que ele matou quase 200 mil soldados nas Planícies Katze, que subjugou os dragões de gelo, acabou com o exército Quagoa, que ele venceu um rei demônio, que arrasou Re-Estize ou o de que ele é um morto-vivo?!" - indaguei com animação.
- "Isso, todos eles."
- "Provavelmente você deve ter ouvido muita gente".
- "E são verdadeiros?" - ele perguntou.
- "Sim, provavelmente, pelo menos eu acredito que sim. Pelo que eu testemunhei na luta contra os Quagoa, tenho certeza que sim! Eu o vi uma vez de perto, realmente ele é um morto-vivo, mas não um comum, nada se compara com ele", eu disse.
- "Quer dizer então que ele não odeia os vivos, pelo menos não os anões. Já os Quagoas pode ser outra história".
- "Acho que o Rei bruxo é prático em suas ações, sei que ele teve seus motivos para nos salvar, acabar com os Quagoa provavelmente era necessário para o que ele queria. Os dragões nem foram massacrados pelo que ouvi, parece que vão trabalhar levando grandes coisas entra os reinos".
- "Sobre o que aconteceu em Katze, acho que foi uma maneira de encerrar aquela guerra de uma vez por todas, eles já estavam nessa há décadas".
- "Se o Rei Feiticeiro não estivesse lá senhor, provavelmente uns 40 mil soldados de cada lado teriam morrido, no ano seguinte de novo e de novo, o Rei só pôs fim a essa sandice, matando tudo de uma vez e só de um lado".
- "Só um louco continuaria em guerra depois disso." - afirmou o senhor Telcontar.
- "Sim, com certeza. Mas seja honesto comigo, o que traz o senhor a essas terras?" - eu perguntei.
- "Na verdade estou só de passagem." - ele falou, assim sem interesse, como se não tivesse um destino para ir.
- "É mesmo!? Qual é o seu negócio, se me permite perguntar".
- "Bem, eu sou um contador de histórias, colecionador de contos, então eu viajo muito e fico por pouco tempo em algum lugar, o bastante para aprender algo e compartilhar algo, assim eu vou vivendo um dia de cada vez."
- "Deve ser difícil estar sempre em movimento ou se sustentar, pelo que vimos ontem, a propósito, me desculpe pela atitude do meu colega, aquilo foi estúpido."
- "Sem problemas, 'aham', "geralmente quem gosta de tramar muito, desconfia de todos e acha que todo mundo é igual a ele."
- "É um bom conselho, se as pessoas prestassem mais atenção neles, menos confusão arrumariam.
- "Sem dúvida! Mas sobre as viagens, eu posso não ter muito comigo, mas o que tenho é o suficiente pra mim por enquanto, gosto da companhia dos outros viajantes e sempre faço alguma amizade por onde passo, como você Rumble."
- "Ora, fico feliz que tudo acabou dando certo então, senhor Telcontar".
- "Além do mais senhor Rumble, algum dia vou encontrar a minha casa e lá vou poder descansar de verdade."
- "Espero que a sorte lhe sorria então, você falou de histórias, que tipo de histórias, você é um bardo?".
- "Não, não sou um bardo, mas é quase isso. Às vezes conto histórias para entreter grupos viajantes ou em vilas e cidades por onde passo para ganhar algum dinheiro, mas nada de surpreendente."
- "Eu coleto e conto as histórias folclóricas de lugares que já não existem mais, algumas ouvi em reinos por onde passei, outras são mitos de suas próprias terras, histórias passadas de boca a boca, algumas conhecidas só pelos mais velhos e outras já esquecidas por todos, menos por mim, algumas são lendas".
- "Mas nem toda lenda é inventada, às vezes você encontra uma tão fantástica, com atos que superariam os mais esplendidos herois, que você acaba achando que aquilo nunca aconteceu, mas elas foram reais".
- "Por exemplo, vou lhe contar uma história, uma história sobre uma fortaleza e uma de suas conquistas, ela se chama..."
"A fortaleza"
Há muitas eras atrás, existia um reino cujo nome foi perdido no tempo, um reino de batalhas onde quem lá vivia só podia se dedicar a três coisas: amizade, aventuras e batalhas, não necessariamente nessa ordem.
Os habitantes do lugar se juntavam em buscas por glória, honra e diversão, mas às vezes a diversão de alguns batia de frente com a de outros e as disputas eram inevitáveis, pois nem todos eram tão bons, alguns tinham intenções mais sombrias, atacavam outras fortalezas apenas por serem diferentes, caçavam seus habitantes por esporte e se dedicavam ao extermínio de outras raças.
Uma das antigas fortalezas que fora atacada era também uma das mais fortes, não porque usava fortunas para comprar armas mais poderosas, como as outras faziam, mas porque seus ocupantes eram muito, mas muito preparados contras seus algozes, na verdade eram tão preparados que foi preciso um exército para confrontá-los.
Através de trama e conluio, um exército nunca antes formado surgiu, atacando quando parte dos senhores da antiga fortaleza estava fora.
Quem ficou lutou junto com os protetores com toda sua força, lançando feitiços lendários, golpeando com armas que poderiam abrir montanhas, mas os invasores eram tão fortes quanto eles, e estavam em maior número.
Nem mesmo a Cavaleira Rubra suportou o ataque. Ela encontrou seu fim nos portões da fortaleza, ainda segurando sua lança quebrada.
O Mestre estrategista, apesar de sua força, pereceu junto com seus servos.
O honrado Guerreiro Azul, que poderia rivalizar qualquer atacante em um duelo, não suportou a maré de inimigos.
Os irmãos que se apoiavam nas lutas cumpriram suas funções, reduzindo o número de invasores e os enfraquecendo.
Somente quando a última vítima caiu é que o destino dos invasores foi selado. Amaldiçoados, eles sofreram tanto que o Humano Imortal pôde defender a fortaleza ancestral até que seus senhores voltassem para acabar com o exército invasor.
Nenhuma moeda foi levada, nenhum prêmio reivindicado ou troféu ostentado, tudo que levaram foi morte e sofrimento.
A fortaleza sobreviveu, a um alto custo, mas nunca mais outro exército invasor tentou usurpá-los. Uma lição foi ensinada a todos que a invejavam: não mexa conosco.
- "Que história hein! Meio curta, mas muito boa, é real? Quem era a Cavaleira Rubra?" - eu perguntei, pois a história era realmente muito boa, contada numa forma que te fazia prestar atenção, quase como um encanto de um bardo, ela era... cativante, e o senhor sabe como os anões gostam de histórias.
- Sim, percebo isso bem - disse Ainz enquanto revirava seus olhos metaforicamente.
- "A história pelo que eu sei é real" - ele continuou - "contada de diversas maneiras por pessoas diferentes, mas essa é apenas uma de suas histórias, cada personagem tem suas próprias aventuras, é aí que você pega o público, você dá uma amostra e deixa com um gostinho de quero mais, assim eu ganho alguns cobres e consigo sobreviver".
- "Muito bem, entendi o ponto, mas se me permite perguntar, sem que isso me custe um cobre é claro, como se chama a fortaleza atacada, senhor Telcontar?" - eu quis saber.
- "Na verdade, dizem que a fortaleza ainda existe escondida em algum lugar secreto ou à vista de todos, mortalmente protegida, mas à espera de seus senhores, e eu algum dia vou encontrá-la. Essa fortaleza se chama Nazarick, já ouviu falar?"
Chapter 4: Farewell
Summary:
In this part we discover Rumble's betrayal.
Notes:
Hello Scrolls and Followers of Justice, I'm Mr. Bones bringing you the chapter of the week of my Overlord fanfic.
With you the
One Who Came Back
Chapter 04: Farewell
Chapter Text
If before there were warnings signs inside the Supreme Being's head, now there were all kinds of emergency signals - 'Nazarick! He said Nazarick! It's not something people know about, I barely mention it to the subordinate nobles, Jircniv knows, Renner, her dog, Gondo, maybe someone else who overheard some conversation' - Ainz mentally martyred himself for the lack of care he occasionally had when mentioning his home.
Gondo was surprised and quite apprehensive, he saw where the problem was, a stranger looking for the Sorcerer King's abode was something of note. Such a delay in reporting such a suspicious attitude could simply bring the relationship between the two kingdoms to ruin. If any of His Majesty's subordinates had heard about it, heads would have rolled.
"Nazarick, are you sure about this!?" - Ainz asked, trying to maintain his composure.
"Yes, absolutely, he asked me if I knew or had heard of it, in fact he even asked me if there were any rumors about some ancient ruins."
"That's when I mentioned that I'd already heard a story about a newly discovered ruin. At the time, an acquaintance who had spent time in Arwintar learned that workers were needed to explore a ruin, but as he had broken a leg he could not participate."
"Arwintar, I understand. Maybe I already have my next destination" - he said.
" So Your Majesty, I indicated a possible way to your house, to someone I barely knew - a dying Rumble confessed.
" Calm down Rumble, even if you knew it was my house, which you didn't, you still pointed to something that is nothing more than a rumor, from a place that has nothing to do with me - 'HE SENT HIM STRAIGHT TO THE FALSE NAZARICK!!!' - shouted Ainz internally.
" I'm very relieved, Your Majesty, but even so, I think someone looking for your home should be something to report quickly..." - Gondo muttered apprehensively.
"Don't worry, Gondo, now that I know this, I'll take the necessary precautions and investigate the origin of this Telcontar. Did anything else happen while you were with him, Rumble?"
"Nothing too noteworthy, sir. After breakfast, he asked me if he could take a ride to the crossroads, as we were leaving, I gladly accepted, after all, I still owed him for the problem the night before."
"We found Fineas and Vulku in the wagons, the others were already there, and the families heading to Karne Village were also ready."
"We followed the main exit tunnel, which today has a much more modern structure, but at the time it was being updated and the other passages were expanded to improve the flow that went to other parts of the city."
"When we reached the exit we ran into old Brotkin, the night watchman, who seemed quite sullen. When he saw Mr. Telcontar, his mood seemed to improve, they greeted each other and exchanged a few words, it was like this:"
"Hello Brotkin, good morning!" - I said.
"Good morning only if it's for you," - he replied in a grunt.
"Hello Brotkin, I see you haven't finished your shift"- Mr. Telcontar said.
"Hello Telcontar, are you leaving yet? Hope your stay wasn't too bad." - he said changing his tone.
"No, no, no problem, but wasn't the night good? Why was he in such a bad mood so soon?"
"Well, the night was fine, but Brock's son of a rock who was supposed to replace me is an hour late, so I have to stay here until someone shows up."
"Don't worry my friend", "every cloud has a silver lining" - said Mr. Telcontar with a pompous and funny air, kind of on purpose I think, this improved the general mood.
"I hope you have a good trip, sir" - said Brotkin, and then we were on our way.
"During the trip we didn't talk much, I asked if he intended to walk all the way to Arwintar and he said that maybe not, even though I knew he had no money and hardly anyone would pay attention to him on the road."
"A few hours later we arrived at the crossroads where we were going to separate and there was a cart driven by a boy, stuck up to the axles. Mr. Telcontar got out and went towards an elderly gentleman who was pulling his horse, who reacted without much enthusiasm."
"Greetings!" - he said - "Looks like you guys need help".
"Yes, thank you, we kind of got stuck here, just pulling isn't working" - the old man said.
"I think my colleagues over there must have some shovels, let's get this out of here soon." - Mr. Telcontar said waving to us.
"You know, at the time we didn't even think of denying help, the way Mr. Telcontar spoke was so natural, it seemed that we were old acquaintances."
"Some of us got down with the shovels and we started digging together with Mr. Telcontar and the old man, in minutes we freed the wheels and the wagon unraveled.
"Thanks a lot, but I don't think I have any money to pay for the help" - said the old man, a little embarrassed.
"No problem, mister, "helping those in need is a duty of those who can" - said Mr. Telcontar.
Ainz thought - 'That sentence... is not the same, but it is very similar to the one Touch Me said, it could be...'
"Well, if you want to reciprocate, it looks like we're heading in the same direction, could you give me a ride?" - he said.
"The old man smiled and gestured to the wagon" - "I won't go very far, but the path you want to share will be welcome".
"And that was it, we said goodbye and went on our way. Ah, before he left he told me another one of his witty phrases to me, "the shortest path is not always the best". At the time I thought it was just another thing he did, but when we got to the fork at the edge of the forest, I kind of decided to take the long way out."
"In the end it was a good decision, we learned that the road had become impassable in places because of the rain, and with the wagons full we would have been stuck there for days."
"I see your memory is great Rumble! If that's all that happened, I just have one question, how did this traveler arrive at the Dwarf Kingdom?" - Ainz asked.
"Hmm! I don't know much about how it went, but old Brotkin could tell you more since he was on guard.
"Then let's talk to him!" -Ainz said heading towards the exit as if he was going for a walk, his curiosity was piqued and he was enjoying himself despite his worries.
A funny scene unfolded with a King running in front of another King, as if he were a mere guide on a tour.
Gondo struggled to keep up with His Majesty's pace until they reached the carriages, and then they made their way to the freight exit with Rumble as coachman.
The tunnel through which they were going had been enlarged in recent months to accommodate the flow of wagons, as this was the lowest part of the mountain, it was obvious that such a place would become the point of entry for the loads.
Usually, merchants used the upper entrance, it went straight to the commercial district and government areas, but the constant arrival of products forced the expansion of the lower exit, giving access to the warehouse area more easily.
Even though this is not the main entrance to the underground city, the wagons with products passed through here, generating a high movement of coachmen, porters and the like that formed an army of workers who lacked accommodation, food and entertainment while they rested or waited their turn to load the wagons.
So the warehouse district grew, gaining new inns and taverns that provided food, drink, rest, and other diversions if you were interested in dwarven female company.
Off the mountain, commerce has also expanded in the same way and where there are people, there is money, and where there is money, there is someone trying to earn it or steal it. Logically, security was increased with the Death Knights provided by the Sorcerer King, even though not in as many numbers as in the Kingdom, they kept things in line.
Arriving at the end of the tunnel is the Dwarf Kingdom customs area, here the transport wagons are inspected. What used to be just a guardhouse is now a large inspection structure.
The inspection chief in this area is the longest-serving worker, rewarded for all his years of work with... more work. He thought about retiring in a few decades and maybe he could still become Head of Security for the area, but maybe it was a long way off dream as the Chief General of Customs didn't like him very much.
"Check under the bags too and inside them with the testing rod" - shouted a dwarf who looked like he had many years on his back, but no one would dare challenge.
"Hello Chief Brotkin, what's new around these parts?"
"Rumble! You miserable stone-roller, how have you been? What brings you here?"
"I come on official mission, we need to speak with you in private."
"Sounds serious, I imagine whoever is inside the carriage is important."
"Yes someone very important, don't be alarmed but the Sorcerer King wants to talk to you."
"THE SORCERER KING! HA HA HA HA! Good joke, you almost got me, if you'd said you were the King Under the Mountain I would have believed you" - chuckled Brotkin, but then he stopped at the sight of Rumble's serious face and wide eyes.
"Wait a minute, are you serious? By His Majesty's bones, please tell me you're not serious."
Rumble just nodded his head before Gondo and Ainz exited the carriage.
"Hello, I'm Gondo Firebeard, King Under the Mountain."
"And I am the Sorcerer King Ainz Ooal Gown, it is a pleasure to finally meet you, Master Brotkin."
Chapter 5: Chegada e Partida
Summary:
Ainz ouve coisas interessantes e toma uma grande decisão.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores de la Justicia, es Mr.Bones trazendo o capitulo da semana, estou muito animado com o que escrevi até agora.
Com vocês
Aqele que voltou
Capítulo 05: Chegada e partida
Chapter Text
Os dois Reis haviam escutado a conversa e resolveram se divertir um pouco tentando parecer mais solenes do que desejavam. A reação foi imediata à tal atitude, todos numa área de cem metros caíram de febre abaixando a cabeça.
O momento ficou desconfortável quando nenhum dos dois sabia quem deveria dar a ordem para levantar a cabeça. Gondo pensava que o Rei Feiticeiro, como seu suserano, ia dar a ordem, enquanto Ainz, um assalariado, pensava que Gondo como rei desse povo deveria fazer isso.
A situação se manteve até que Ainz tossiu levemente no punho e disse - Ahan! Acho que você deveria falar algo Gondo.
- Ah sim, Vossa Majestade, LEVANTEM AS CABEÇAS E CONTINUEM O TRABALHO, SUA MAJESTADE AGRADECE SUA SAUDAÇÃO.
Ainz apenas acenava para todos como uma Miss, algo estranho mesmo para um morto-vivo, seu supressor de emoções não parava de brilhar.
- Bem Brotkin, podemos ir a algum lugar mais reservado?
- Por aqui suas Majestades - disse o anão nervoso, nunca ele tinha encontrado com a realeza, ainda mais duas, esse seria um dia a ser contado para seus netos, ele pensava.
Dentro da alfândega, em uma sala longe dos olhos curiosos, se sentavam em poltronas ricamente ornamentadas que Ainz havia criado do nada, pois apesar de ser um posto importante, ainda era uma área de trabalho e tudo ali era simples. Então Ainz pensou que uma cadeira comum não aguentaria o seu peso, e depois de criar uma poltrona ele ficou com vergonha de ser o único a se sentar confortavelmente, então ele criou várias outras, que agora seriam itens de proteção pelo povo anão, sendo mantidos em um museu décadas depois com uma placa que dizia: "Nessas poltronas se sentaram o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown, o Rei Sob a Montanha Gondo Firebeard, o Mestre Ferreiro Rumble Redson e o Chefe Geral Alfandegário Brotkin Blackrock".
- Parece bastante ocupado senhor Brotkin - quebrou o gelo o ser supremo.
- Bastante Vossa Majestade, nos últimos meses o movimento só tem aumentado, então contratamos novos visitantes e eles, na melhor das hipóteses, são... inexperientes.
- Penso que o contrabando de coisas ilegais seria inibido pela presença dos Cavaleiros da Morte.
- Sim, sim, algumas mais acidentalmente sim, como o contrabando de armas saindo do reino, mas a entrada é que nos dá trabalho. Onde existem regras, alguém quer quebrar-las, quer trazer itens sem verificar a origem, coisas com efeitos duvidosos, mas o maior problema é o pó negro.
- Achei que os Oito Dedos haviam sido destruídos e não operavam mais. - disse Ainz, lembrando que havia ordenado a parada do uso do pó negro pela organização depois que assumiram o controle.
- Esse é o problema com o poder Vossa Majestade, o poder não suportar as infecções - falou Gondo - quando os Oito Dedos pararam de fornecer drogas, alguém assumiu o negócio, traficantes menores e até sem organizações, às vezes alguém em casa sozinho cultivando um único pé que produz pó preto o suficiente para três pessoas e se achando o rei do narcotráfico.
- Eu entendo, bandidos menores seriam difíceis de perceber por não estarem ligados a ninguém. Sozinhos são um incômodo, mas em quantidade podem causar tanto estrago quanto uma organização.
- 'Em E-Rantel nunca entrou por causa da fiscalização extremamente rigorosa, mas nas outras cidades e vilas se tornariam um problema, terei que falar disso com Albedo, não podemos permitir que esse tipo de gente se desenvolvesse' - pensava o Rei Feiticeiro.
- É um trabalho difícil, mas alguém precisa fazê-lo e parece que você está se esforçando bastante.
- Obrigado Vossa Majestade, eu faço o que posso, trabalho como vigiar estas cavernas há anos e não é agora que sobrevivemos à guerra que deixei estranhos invadirem a minha casa com essas porcarias.
- Por falar nisso, gostaria de saber sobre uma pessoa, alguém que veio aqui há quase seis meses atrás, no meio da noite, ele se chamava Telcontar, você se lembra dele?
- Telcontar, sim, sim, me lembro, o contador de histórias, ele fez algo ruim? Para dois governantes virem aqui não deve ter sido boa coisa, estou com problemas?
- Não, você não, mas procuramos saber sobre ele, coisa confidencial entende?
- Claro Mestre Gondo, eu entendo, sobre o senhor Telcontar então... - começou Brotkin.
- Eu estava de plantão nessa mesma saída, na época era apenas uma entrada simples com um portão, a gente mantinha vigilância à noite para evitar algum ataque. Sempre somos dois, mas o meu companheiro teve que voltar para a cidade, algum problema com falta de gente para checar os mortos-vivos, sabe, trabalha dia e noite direto, mas alguém sempre tem que ficar de olho pois não são muito inteligentes , então bastante para cumprir ordens simples.
- Após várias horas no meio da madrugada, por vezes você vê e ouve coisas estranhas, mas ele chegou do nada, antes da meia-noite, sem fazer barulho. No meio da chuva você escuta a bateria dela no corpo de algo, mas ele me pegou desprevenido, e não, eu não estava dormindo.
- Ele veio até o portão e falou - "Salve amigo, noite ruim hein?!" - eu fiquei admirado de alguém falar de forma tão casual daquele jeito - "Olá, quem vem lá!?" - eu disse.
- "Olá, tudo bem? Eu estou de passagem e procuro um lugar para passar a noite, será que eu posso sair dessa chuva?" - ele questionou.
- Eu meio que reagi instintivamente e deixei se aproximar, sabe, reagi sem pensar, ele podia ser um ladrão ou invasor, mas não passou por essa atitude, era educado e soava sincero, podia estar usando magia, mas eu não tenho como saber. Hoje estamos preparados pra isso, eu mesmo soliciti magic casters capazes de detectar charme, foi uma briga conseguir, mas já prendemos vários contrabandistas tentando usar nos agentes, então valeu a pena.
- Ele bateu as roupas para tirar a água da chuva, nem estava tão molhado como deveria, estranho né, então ele sorriu e perguntou como eu estava, sabe, como se fossemos amigos, começou a conversar, eu fazendo o meu serviço, chorando o seu nome, de onde vinha, para onde ia, qual era a intenção aqui.
- Ele pensou um pouco e disse que se chamava Telcontar, que era um contador de histórias, que vinha da direção de E-Libera e antes passava por E-Pespel, mas que já tinha passado nos últimos meses por Horbuns, na capital do Reino Draconico e até trabalhou em algumas tabernas em Kami Miyako, a capital da Teocracia Slane, ele disse que não sabia para onde iria e que só queria passar a noite se possível.
- Eu pedi que tipo de histórias ele contava e ele disse que dependia do público e então conto uma história satisfatória sobre uma humana e sete anões, ahan! Mas acho que Vossas Majestades não gostariam de ouvir - lembrando o quão obscena a história soava.
- Não, não, obrigado - disseram os dois reis ao mesmo tempo tendo um mau pressentimento.
- Então sem sinal de intenção maldosa e sem armas, achei que não teria problemas com a entrada dele, afinal esperávamos que as pessoas começassem a nos visitar de novo após a guerra.
- Sem armas você diz. - falou Ainz.
- Sim, eu o revistei, sem armas, sem mochila, na verdade sem nada que indicasse que ele estava viajando.
- 'Interessante, de onde ele tirou a mochila surrada e a faca então? Ele roubou ou achou no caminho, ele não pode ter tirado do nada... ou pode?' - pensava Ainz enquanto analisava a história.
- Ele me cumpriu, agradeceu e disse que ficou feliz em saber que as pessoas ainda se mantêm animadas hoje em dia, então ele fez algo estranho.
- O que? - disse o Suserano se inclinado para frente.
- Ele pegou a minha mão, fechou os olhos e disse - "a sorte vem para aqueles que estão atentos" - sorriu e foi-se embora. Apenas no dia seguinte que eu o vi novamente, apesar do meu mau humor parecia que a presença dele fazia essas coisas passarem.
- Interessante - disse Ainz.
- E sobre o Brock, você sabe alguma coisa? - perguntou Rumble.
- Sim eu sei alguma coisa dele - disse Brotkin com cara azeda.
- Ele era o motivo do meu mau humor, era pra ele ter vindo assumir o meu lugar de manhã cedo, mas ele tava atrasado, só depois quando veio me substituir é que eu sabia o que tinha comprado.
- E o que foi? - indagou Gondo.
- Ele morreu! Sabe a intersecção do túnel T-27 com o W-42, aquele que desabou? Então ele estava lá.
- Eu me lembro, o túnel de passagem, estava sendo ampliado usando os mortos-vivos, o que ele fazia por lá?
- Bem mestre Gondo, o túnel era um atalho para a área onde morávamos, eu era vizinho dele veja só, então a gente passou por lá todo dia, ficou sabendo pela irmã dele que morava junto, que ele saiu uma hora atrasada de casa e passou pelo túnel, então ouve o desabamento, alguém deixou de cuidar dos mortos-vivos que cavaram demais em algum lugar fraco, tudo veio abaixo.
- Mas sabe de uma coisa, eu realmente tive sorte no final, pois se ele não tivesse se atrasado provavelmente eu estaria voltando por lá na hora que tudo caiu.
- "Há machos que vem para o bem" - murmurou Ainz.
- Sim, Telcontar havia me dito isso, Vossa Majestade conhece a frase? Eu nunca tive ouvido ela antes e caí bem para a situação, se me permite o trocadilho.
- parecia ele gosta de frases espirituosas - 'Shalltear, venha até a minha localização'.
De dentro de um redemoinho negro surgiu uma pequena donzela gótica.
- Estou aqui para servi-lo, Ainz-Sama.
- Shalltear, pelo que eu sei você tem habilidades desenvolvidas para a arte, não é mesmo?
- Um pequeno hobby que adquirir se meu senhor permite dizer - 'Isso! Consegui fazer Ainz-Sama me notar, agora estou na frente daquele gorila na corrida pelo coração de meu mestre!'
Em algum lugar de Nazarick uma súcubo acabava de espirrar.
- Bem Shalltear, você acha que poderia fazer um retrato de uma pessoa só pela descrição?
- Acho que sim, Ainz-Sama - disse a vampira produzindo um pergaminho e uma pena a partir do nada.
- Senhor Brotkin e Rumble, poderiam descrever o senhor Telcontar?
Alguns minutos depois Ainz olhou para um retrato falado muito bem desenhado de uma pessoa extremamente comum, cabelos castanhos, olhos claros, pele clara, pouco bronzeada, estranho para um viajante.
- Bem, acho que terminamos por aqui, então estou indo, obrigado pela companhia Gondo, mestre Brotkin, mestre Rumble, adeus.
- Nós que agradecemos pela visita Vossa Majestade e esperamos que o senhor volte logo.
- Com certeza voltarei Gondo, Shalltear estamos indo para casa.
- Como desejar Ainz-sama-arinsu - disse a vampira criando um novo portal.
- 'Albedo, preciso que reúna os Guardiões e as Plêiades' - ligou Ainz levando dois dedos à cabeça.
- 'Entendido, Ainz-sama. Aconteceu algo, meu senhor?' - a voz da súcubo soava assustada pelo pedido urgente de seu mestre.
- 'Sim Albedo, Nazarick vai caçar.'
Chapter 6: Reunião de Emergência
Summary:
Ainz reune todos para decidir como localizar o Viajante, Quem irá nessa missão?
Notes:
Olá Pergaminos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo um novo capítulo para vocês.
Comentários são bem vindos.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 06: Reunião de emergência
Chapter Text
Dentro do grande salão do trono de Nazarick se reuniam os Guardiões e as Plêiades. Todos aguardavam avidamente a palavra do seu senhor que ali se apresentava em toda sua glória, ao seu lado uma beldade de classe mundial e aos pés da escada uma vampira gótica.
- Todos se curvem à presença do Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown e jurem sua obediência.
- Assim juramos! - proferiram em coro todos os presentes.
- Todos se apresentam para cumprir suas ordens Ainz-sama, lamento muito pela demora em nos reunirmos.
- Eu que peço desculpas por reuni-los tão inesperadamente, Albedo. Podem se levantar.
- Nós vivemos para servi-lo, Ainz-sama. - afirmou o arquidemônio.
- Bem, então colocarei os seus serviços à prova Demiurge, bem como os serviços de todos vocês guardiões! Trago informações de que alguém está procurando a Grande Tumba de Nazarick e esse indivíduo possivelmente é um jogador.
A comoção entre todos foi visível. Cocytus bufava vapores gelados, Demiurge agitava seu rabo de um lado para o outro, até mesmo Albedo quebrou sua máscara de confiança.
- Um jogador, Ainz-sama? Será possível!?
- Sim Albedo, não só é possível como também nossa rede de vigilância não o detectou. Pelo que sabemos, geralmente os jogadores são bastante chamativos, mas se ele for inteligente o bastante talvez tenha decidido se manter escondido.
- Não sabemos há quanto tempo ele pode ter chegado ao novo mundo ou se realmente ele é um jogador.
- Ele pode ser um descendente perdido de um dos antigos, um desses chamados godkin. - sugeriu Demiurge.
- Essa possibilidade também não pode ser negligenciada. Em minha visita ao reino anão usei este cristal de gravação durante o... *ahan*! Depoimento das pessoas que tiveram contato com esse viajante, então prestem atenção e me digam o que vocês pensam. Tal dispositivo estava sendo usado desde que Ainz percebeu esquecer facilmente de assuntos menos importantes, assim ele poderia revisar suas reuniões sempre que quisesse.
Todos escutaram enquanto Ainz deixavam o cristal reproduzir as conversas que ele teve.
- Então agora preciso saber a opinião de todos.
- Acho que a voz de Ainz-sama é magnífica mesmo gravada, arinsu.
- Ela. Soa. De. Forma. Solene. Como. Um. Nobre.
- A voz de Ainz Sama é muito legal!
- S-Sim, A-Ainz-sama soa muito legal.
- Ainz-Sama possui a voz mais onipotente de todas.
- Sim, essa gravação será guardada pessoalmente por mim Ainz-sama - gemeu lascivamente Albedo.
Todos os guardiões elogiavam sucessivamente a voz de Ainz enquanto as plêiades e Sebas balançavam a cabeça em concordância.
- Sobre o estranho! - suspirou Ainz - quero saber o que vocês acham sobre o estranho.
- Caçá-lo como uma presa e torturá-lo, arinsu.
- Enfrentar. E. Derrotar.
- Dar de alimento para os meus bichinhos.
- P-prendê-lo na Ce-cela Negra.
- Eu preciso de mais material para pergaminhos se Ainz-sama me permite.
- Devemos matá-lo o quanto antes.
Novamente todas as plêiades e Sebas concordavam balançando a cabeça.
- 'Eles são muito extremos' - pensava Ainz.
- Bem, antes disso precisamos encontrá-lo. Por isso eu os reuni, vou selecionar alguns para iniciar a busca por esse viajante.
- Sugiro que Nazarick fique em alerta máximo e os guardiões de prontidão em caso de um ataque, Ainz-sama.
- Não acho que seja o caso Albedo, ele parece procurar pela tumba, mas não parece saber muito, nem demonstra hostilidade, mas concordo em elevar o nível de segurança.
- Se me permite dizer, Ainz-sama, me intriga ele falar com tanta casualidade sobre os lugares específicos por onde passou, isso soa como uma armadilha, deveríamos enviar os Hanzos para rastreá-lo.
- Eu já havia pensado nisso Demiurge, os Hanzos são bons em buscar, se infiltrar e arrancar informações, mas não possuem a habilidade de investigação que precisamos. Ter pessoas sumindo para serem interrogadas chamaria muito a atenção.
- Assim teremos que ir aos outros reinos de forma incógnita, por isso enviarei as plêiades para investigarem.
- Como esperado de Ainz-sama - 'Somente um ser supremo para conceber um plano imediatamente, além de detectar um possível inimigo que passou despercebido por nossa vigilância'.
- Lupusregina Beta, você manterá vigilância na Vila Karne caso ele apareça por lá, não me decepcione.
- Sim, Ainz-sama - Lupusregina abaixou a cabeça, ela sabia que não poderia falhar novamente em seu serviço.
- Yuri Alfa, sei que você está sobrecarregada com a administração do orfanato e das novas escolas, mas terei que pedir mais esse serviço a você, fique de olho em E-Rantel para mim. Se precisar de apoio, tanto o Ator de Pandora como Momon e Narberal Gama estarão à disposição na cidade.
- Nada é mais importante que suas ordens, Ainz-sama, e agradeço o apoio antecipadamente - disse Yuri, curvando-se.
- CZ2128 Delta, você irá para o Reino Santo. Encontre-se com Neia Baraja, esse será deu disfarce para ir até lá, e procure alguma informação desse contador de histórias, não deve ser difícil diferenciá-lo de outros bardos, já que ele não usa instrumentos musicais.
- Sim Ainz-Sama - respondeu CZ com uma voz monótona, mas com um leve brilho em seu único olho visível.
- Entoma Vasilissa Zeta, você irá a Arwintar, mas não de forma incógnita, você irá como visitante do Reino Feiticeiro. Já que eles são nossos vassalos, quero aproveitar e ver como está a integração com os povos heteromórficos, então sua missão será dupla.
- Ouço e obedeço Ainz-Sama - disse a empregada de batalha.
- Sebas Tian, você irá ao Reino Dracônico como representante do Reino Feiticeiro, já está na hora de termos contato mais formal com a Rainha Draudellion. Desde que assumimos as Planicies Katze o Reino Dracônico deve ter tomado um fôlego agora que pode se concentrar na invasão dos Homens-Fera.
- Investigue discretamente sobre contadores de histórias, a capital do Reino Dracônico não deve receber muitos imigrantes nos últimos anos com homens-fera batendo à sua porta.
- Farei como ordena, Ainz-sama. Se me permite, eu gostaria de levar Tuare comigo, assim manteremos a aparência de uma comitiva oficial.
- Eu permito isso Sebas, enquanto a você Solution Epsilon, você irá ao covil dos lobos. Estou te mandando para Kami Miyako, você entende a situação?
Solution Epsilon é um slime predador capaz de assumir a aparência humana para atrair suas presas, foi criada por Hero-Hero e tem alta capacidade para infiltração, coleta de informações e dissimulação, ela é uma verdadeira espiã.
- Sim Ainz-Sama, eu entendo. Se infiltrar em território inimigo, não chamar a atenção, coletar informações, evitar ser identificada, eliminar resistência e se retirar rapidamente se descoberta.
- Isso mesmo Solution, como slime você pode mudar sua aparência, não?
- Sim Ainz-Sama, posso mudar a minha roupa e fisionomia. Diferente de Narberal Gama que é uma doppelgänger, eu não posso assumir a aparência de uma pessoa específica ou seus maneirismos, mas posso mudar o comprimento do cabelo, a forma de meu corpo e detalhes do meu rosto o bastante a fim de não chamar a atenção.
Enquanto falava, Solution fazia tais mudanças, até que na frente de Ainz estava uma pessoa totalmente diferente: ela tinha o corpo esguio, aparência mais jovem, o cabelo curto com franja e suas roupas eram mais simples, como uma saia e um top de aventureiro, mas em seu rosto ainda havia o sorriso sádico.
- Muito bom Solution, será bastante eficiente, assim você não será reconhecida como a empregada de batalha do Reino Feiticeiro - 'Ela se parece com alguém que já vi antes, mas quem?' - pensou Ainz.
- Então agora partam! Mandem relatórios assim que tiverem informações, espero o seu melhor.
- Sim, Ainz-sama! - responderam todos simultaneamente
Chapter 7: Interludio
Summary:
Como cada Guardião recebe as notícias.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo um interlúdio antes da aventura continuar , eles virão quase sempre após um arco, epero que gostem.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio
Chapter Text
Após todos se retirarem, Ainz seguiu para seu escritório. Havia muito trabalho a ser feito e mesmo que Albedo fizesse a maior parte, ele ainda precisava aprovar a maioria, então haviam pilhas de formulários esperando seu carimbo. Ainz suspirou, pensando em como ele precisava de férias.
Albedo permaneceu na sala do trono. Ela imaginava que seu "esquadrão de ataque secreto" encontraria jogadores antes que eles pudessem se mostrar, pois os considerava arrogantes e chamativos, assim sendo fácil localizá-los. Contudo, se fosse algum ser supremo que retornou, ele teria vindo diretamente a E-Rantel e procurado Momonga após ouvir o nome de Ainz Ooal Gown, estranhamente não foi isso que aconteceu, alguém está juntando informações sobre a tumba, não mostra nenhum poder superior, nem chama a atenção, e o pior, conseguiu se manter afastado do radar por todo esse tempo, Albedo estava preocupada.
Demiurge já formulava o seu vigésimo plano de como castigar quem quer que se atreveu a dizer o nome da Grande Tumba de Nazarick em uma história para crianças. Apesar de não usar o nome dos guardiões, todos sabiam do que se tratava, sua maior vergonha, a vez em que foram derrotados e permitiram que invasores pusessem os pés em terreno sagrado- 'nunca mais' - pensou o arquidemônio - 'nunca mais!'.
Cocytus estava de prontidão em seu andar. Depois da notícia de que um possível jogador ou um de seus descendentes estava à procura de Nazarick, ele passou a afiar compulsivamente uma de suas espadas, uma que já possuía um fio capaz de cortar por entre os átomos, ainda assim ele a afiava sem dizer uma palavra.
Aura e Mare não comentaram nada entre si. Os elfos tinham sentimentos estranhos a respeito da notícia e se preocupavam com possíveis mudanças, eles não gostavam de mudanças. Da última vez que algo mudou, eles foram abandonados por sua criadora. Nada deveria mudar, tudo deve permanecer igual na Grande Tumba.
Shalltear estava em sua cama, bebendo algo vermelho em um cálice de cristal ricamente ornamentado, seus pensamentos eram turbulentos, ela estava entre a ansiedade da caçada e a espera indefinida, a proteção de Nazarick e a busca de seus inimigos, da ultima vez sua imprudência lhe rendeu uma derrota desastrosa e humilhante - 'Eu preciso me controlar' - pensou a vampira enquanto esmagava o cálice.
Na sala do tesouro, Ator de Pandora estava de folga do serviço de Momon, alheio a tudo que estava acontecendo, pois não foi chamado para a reunião de emergência. Ele só tinha um pensamento: '♪ Limpa, limpa, limpa, lustra, lustra, lustra eeeeeeeee cataloga, tu ruru ruru ruru♪'.
Chapter 8: Solution na terra do racismo
Summary:
Solution mostra suas habilidades e um encontro inesperado acontece.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o cap.07, um novo arco começa , se vocês gostam da Solution, eu les trago um pouco dela.
Espero que gostem, comentários, teorias e análises são bem vindos.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 07: Solution na terra do racismo
Chapter Text
Quase dois meses haviam se passado desde o envio das equipes de investigação. Os relatórios eram esparsos, pois a informações escassas dificultavam a busca por pistas.
Solution Epsilon era a mais preparada para investigar e se mostrou hábil ao juntar pequenas informações sobre o caminho seguido pelo "viajante". Assim que saiu da Grande Tumba, Solution pegou um portal até o Reino Anão e dela seguiu o rastro pelas vilas que ficavam entre as cidades, a primeira coisa que percebeu é que "Telcontar" mudou de nome ao chegar ao Reino Anão.
Na cidade de E-Libera foi fácil obter informações a respeito de um bardo que não usava instrumentos e apenas contava histórias - ele ficava geralmente na praça, entretinha as crianças de dia e os desocupados à noite, mas quando perguntavam o seu nome ele se chamou de Lovecraft, nome estranho para qualquer um, até mesmo chamativo, todos se lembrariam de um nome tão esquisito.
Nada de mais útil foi possível tirar de lá, apenas que ele ficou por uma semana e seguiu viagem. Na estalagem por onde passou pouco sabiam dele, fazia mais perguntas do que respondia, queria saber de histórias sobre tumbas, ruínas e reinos antigos, sem algo para aprender parece que ele desistiu e seguiu viajem.
Além de seu outro nome, Solution conseguiu confirmar a cidade de onde ele tinha vindo, E-Pespel. Ela passou novamente pelas pequenas vilas no caminho e notou uma inconsistência no tempo de viagem: somente se o viajante tivesse a sorte de conseguir carona todas as vezes que se locomovia pela estrada ele se moveria tão rápido e isso era improvável, ele chegava dias antes do que um viajante normalmente conseguiria fazer, era como se corresse o dia todo e só parava a noite, ou se nunca parasse de andar, nem para descansar ou comer, seria mais um indício de sua origem godkin?
Outra coisa que ela percebeu foi que o viajante não contava apenas histórias. Em uma vila, ele ajudou uma pessoa com a perna quebrada, apenas magia de cura de baixo nível para cicatrizar a fratura, mas no resto do ferimento ele usou um tipo de emplastro, sem ervas, apenas um papel com escritas estranhas, colado sobre o ferimento e que segundo o aldeão, levou um dia para curar o que normalmente levaria semanas. Ao pedir se o aldeão havia guardado tal "amuleto", assim como foi chamado pelo velho senhor, ele disse que após sair da perna o item simplesmente se queimou, indicando que era realmente mágico.
Analisando tudo isso Solution concluiu que ele podia usar magia de Nível 1, mas o amuleto era algo desconhecido. Ela sabia que pergaminhos de mensagem e de cura maior assim como os talismãs que Entoma usava queimavam, e que as curas podiam ser administradas pelo poder da mana por clérigos ou por qualquer um com poções, mas usar um amuleto que ficava colado por tempo indeterminado e que demorava a fazer efeito era ineficiente e desconhecido para a plêiade.
Em E-Pespel foi um pouco mais difícil de conseguir informações sobre o viajante, pois apenas uma pequena parcela da população tinha lembranças dele, mas após um pouco de persuasão alguém lembrou aonde um viajante falador havia se hospedado. Ele manteve o modus operandi, se registrou em uma estalagem próxima à praça como Lovecraft, passava o dia nas praças conversando e a noite nas tabernas. Solution imaginava que se você buscava informações sobre um lugar perigoso, seria mais discreto, por isso ela começava a investigar na periferia, mas ele sempre ia direto ao centro das cidades, parecia querer chamar o máximo de atenção e não se mostrava preocupado com a possível ligação entre a Nazarick da história e o Reino Feiticeiro. Como alguém assim passou despercebido pelas equipes de observação?
Mesmo após reunir o máximo de informações nessa última semana, não foi possível determinar de onde ele veio. Nas vilas circundantes e nas que seguiam para a Teocracia ou o Reino Dracônico, Solution não conseguiu nada, parecia que ele havia ignorado tais lugares, então as únicas indicações eram as que ele mesmo havia fornecido: as capitais dos reinos. Solution pediu autorização para avançar diretamente para a capital da Teocracia Slane, Kami Miyako, e agora ela precisava realmente mostrar as suas habilidades.
Ao chegar à capital, a Plêiade imediatamente sentiu a mudança de atitude dos moradores, todos pareciam agir como se fossem superiores aos outros, não apenas com outras raças o que era obvio em se tratando dos elfos, todos maltratados e com orelhas cortadas nas pontas, mas entre si também, não era apenas o classismo comum, bastava ter a cor do cabelo errada ou falar diferente que você era tratado de forma pior que o normal e aparentemente em uma sociedade escravagista esse pensamento era fomentado e incentivado pelo governo e pelos templos. Ela queria queimar tudo ali.
Seguindo o padrão do viajante, Solution foi direto às praças da cidade, mas esta era uma capital gigantesca e uma das mais antigas, com vários distritos comerciais, então tudo precisava ser verificado discretamente. Fingindo estar procurando seu irmão sumido, ela usou o retrato falado e procurou por contadores de histórias, mas não obteve sucesso. Enquanto isso, alguns moradores dos bairros menos favorecidos a olhavam de forma estranha, como se reconhecessem alguém.
Solution passou a usar um manto com capuz sobre a roupa curta de aventureira, o que pareceu ter o efeito contrário do que ela pretendia, algumas pessoas ficavam assustadas quando a viam, então ela tentou sorrir, mas desistiu depois que os primeiros fugiram mais rápido ainda.
Seu tempo estava acabando, ela sabia disso. Fazer perguntas era arriscado aqui, mesmo alguém procurando um irmão perdido era informação, e informação nessa cidade era vendida nas esquinas. Em certas ocasiões ela teve que ser até mesmo mais do que persuasiva com os informantes, um ou dois deles e alguns guardas tiveram que sumir, afinal uma garota precisa comer, por isso em poucos dias já se tinha boatos de algo caçando nos becos.
O rastro havia esfriado totalmente, então só quando ela chegou a uma das regiões comerciais mais afastadas do centro é que houve um reconhecimento - "Estranho" - pensou Solution, desconfiada. Nessa cidade, o viajante parecia não querer chamar a atenção, o modus operandi tinha mudado! Contudo, intensificando a desconfiança da Plêiade, o reconhecimento não foi de um bardo, mas sim de um dono de taberna.
A taberna em questão se chamava "A Besta" e havia sido vendida há mais de um ano, sendo que o atual proprietário reconheceu o retrato como o do antigo dono.
- Sim, eu conhecia o TW há anos, acho que eu era o amigo mais antigo dele, mas não sabia que o nome dele era Lovecraft! Era um cara falador, cheio de histórias pra contar, nenhuma delas sobre ele.
- Veja, esse pode ser o meu irmão, ele está sumido há vários anos, um marido ciumento o perseguiu e ele deve ter mudado de nome algumas vezes, assim perdemos contato... - disse uma Solution com um jeito meigo nada característico.
- Eu entendo, isso não parece com algo que ele faria, realmente não me lembro dele tendo mais que algumas noites com alguém, mas sempre foi respeitoso com as mulheres. A Sylvia aqui já trabalhava na taberna antes de mim e ela disse que TW nunca tentou algo com ela, ele falava que relacionamentos no trabalho nunca acabam bem - articulou o taberneiro apontando para a jovem que terminava de limpar as últimas mesas.
- Você é meio elfa, mas sem orelhas cortadas, é mesmo uma escrava?
A jovem olhou com desconfiança, viu o taberneiro acenar com a cabeça em aprovação e então falou.
- Sim... mais ou menos. Fui comprada há vários anos pelo TW, eu era uma criada em uma das casas um pouco mais abastadas da região. Tive sorte, meu dono nunca havia abusado de mim e estive lá por quase toda a minha vida, então quando ele morreu haviam dívidas que o resto da família resolveu pagar vendendo todas as coisas, sendo eu uma dessas coisas.
- Uma meio-elfa intocada valia uma boa quantia em dinheiro. Eu estava sendo preparada para ir a leilão quando TW apareceu, ele me viu em pânico, em uma cela como todas as outras elfas que seriam vendidas, então ele falou algo com um dos vendedores, parecia se conhecerem, mas não havia gentileza um com o outro. O vendedor bufou, xingou e então se virou para mim, abriu a minha cela e falou que hoje era meu dia de sorte, me entregou e pegou uma bolsa de moedas dele com o que deveria ser o preço mínimo por mim em um leilão, o vendedor disse que a dívida estava paga e que nunca mais queria ver ele ali.
- TW me levou pelas ruas segurando a corrente sem dizer uma única palavra, me trouxe até a taberna e trancou a porta, assim que ele se virou sua atitude mudou.
- Achei que seria ali que eu seria devastada, estava pronta para isso, me fingi de forte na verdade, ele sorriu, tirou a corrente e me pediu para sentar, eu sentei no chão como um bom escravo, ele correu até mim e disse "não, aqui dentro você senta na cadeira", eu fiquei confusa, ele queria brincar comigo!?
- Então ele começou a falar como odiava este lugar e o que faziam com as pessoas, eu me perguntei quais pessoas, parecia que ele tinha lido a minha mente, olhava e apontava pra mim enquanto gesticulava "pessoas".
- Ninguém tinha me chamado de pessoa antes, éramos coisas, objetos, bens a serem usados, foi aí que eu chorei, chorei com se tudo na minha vida tivesse vindo de uma vez, aquele simples ato rompeu a barreira que eu tinha levantado, ele apenas ficou ao meu lado segurando a minha cabeça, então quando eu parei de chorar ele disse "Chá?" e me ofereceu uma xícara.
- As primeiras semanas foram constrangedoras. Eu tentava fazer algo ao meu novo mestre e ele me afastava, dizia que não era para chamar ele assim dentro da taberna, lá fora precisávamos manter certa aparência, mas não na taberna ou a sós, eu perguntava por que ele estava fazendo tudo isso e ele me falou que não podia salvar todos os elfos, mas se ele pudesse salvar apenas um já teria valido a pena morar naquele lugar.
- Uma vez ele tentou me mandar em uma caravana para Re-Estize, que era para eu me separar dela assim que estivesse fora da Teocracia, eu recusei, implorei para ficar, não poderia deixar ele sozinho com esses monstros - continuou a meio-elfa.
- O TW sempre foi cuidadoso sobre como agir com os elfos - interrompeu o taberneiro - todos que frequentavam a taberna tinham alguma coisa contra a forma que os elfos eram tratados, mas a maioria não tinha como fazer algo, apenas pequenas ajudas e gentilezas, eu depois que assumi mantive as coisas do jeito dele.
- "TW", o que significa, e se posso perguntar, porque ele vendeu a taberna?
- Ah, não faço ideia do que quer dizer TW, as iniciais do seu nome acho eu, mas ele nunca falou e nem perguntamos, e a taberna não foi vendida, ele a perdeu - disse o proprietário sorrindo com grande orgulho.
- Como assim? Não entendo... - questionou Solution se fazendo de desentendida, uma das maneiras mais fáceis de conseguir informações era deixar as pessoas se gabarem.
- Olha foi assim: na última semana ele vinha reclamando do clima da cidade, desde que o tal Rei Feiticeiro apareceu, todo mundo parecia apreensivo e irritado, menos os adoradores de Susharna, esses estavam extasiados, parecia que o filho ou o pai de deus havia descido a terra para guiá-los.
- TW dizia que já era hora de se mudar, na verdade eu sei que ele estava preocupado, como se alguém o estivesse seguindo. Então uma noite enquanto a gente jogava cartas, eu estava sem emprego fazia semanas, minhas economias estavam na mesa de jogo, era a última chance de conseguir algo para me sustentar por um tempo, só tinha eu e ele, o resto já tinha ido embora, foi então que ele apostou a taberna. Sabe, tinha bastante dinheiro no jogo, mas a taberna era demais, eu sabia que ele podia estar blefando, mas ele nunca blefou, nem uma vez, eu era amigo dele, mas tava com uma mão muito boa e pensei "Ah! Que se dane, depois eu peço emprestado pra ele".
- Então eu ganhei, foi incrível! Ele nem titubeou, sorriu pra mim, me deu um abraço e disse que só ia pegar umas coisas e que já ia embora. Antes de ir ele me pediu como favor que eu não jogasse mais, pois eu era péssimo nisso, que cuidasse da Sylvia e da "Besta", se despediu de nós e foi embora.
- Eu fiquei aparvalhado, parecia que ele tinha planejado tudo, eu não tinha nada e agora era dono duma taberna.
- Não sei o que dizer sobre isso - 'acho realmente que ele planejou uma fuga bem em cima da hora' - pensou Solution - mas do jeito que vocês falam, não ficam preocupados de eu contar toda essa maneira "diferente" de lidar com os elfos? Com certeza isso pode trazer problemas se os templos souberem.
- Sabemos disso, mas ele deixou isso bem claro quando foi embora, "se alguma garota me procurar, conte a minha história e não esconda nada, diga que fui embora, vocês estarão seguros" e sabe de uma coisa, você é a segunda garota a procurá-lo, será que virão mais?
- 'Segunda garota? Será que era a pessoa que o estava seguindo? Por que deixar essas informações e ordens?' - essas e outras perguntas passavam pela cabeça de Solution.
- Como era a tal garota que o procurou antes, será que ele estava com problemas de novo?
- Não posso dizer muito sobre ela, usava capuz, mas, com certeza, era menos simpática que você. Queria saber onde ele estava, para onde tinha ido, de onde ele veio, todas as perguntas que eu não sabia responder, quase tive a cabeça cortada, ela era muito forte, por sorte a Sylvia veio em meu socorro. A garota estranhou um "escravo" defendendo seu "dono", a Sylvia contou a mesma história para ela, isso pareceu mudar o humor da garota, então ela foi embora.
- Então TW esperava que ela viesse atrás dele e vocês contaram a mesma coisa para mim só porque sou uma garota procurando por ele - 'coincidência, talvez' - pensou Solution.
- Obrigada pela ajuda, talvez eu consiga encontrar o meu irmão fora das terras da Teocracia. Desejo uma boa sorte para vocês dois. - disse a Plêiade ao ver que a meio-elfa segurava a mão do taberneiro com mais intimidade que um empregado normalmente teria.
Ao sair da taberna, Solution colocou seu capuz. Nesse momento, ela sentiu uma presença e imediatamente soube que alguém a estava observando, sutilmente, mas para ela a sensação era bastante perceptível.
Seguindo pela rua, Solution foi em direção a um dos becos. Ao chegar lá, alguém falou.
- Então é realmente você! Quem poderia imaginar isso!?
- 'Com quem ela está falando?' - pensou Solution.
- Nunca imaginei que depois de tudo você voltaria a esta cidade... Clementine!
- 'QUEM?!'
Chapter 9: Entre Becos e Esgotos
Summary:
Solution em uma luta de vida ou morte... será?
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o capitulo 08 da minha fanfic.
Aqui teremos o confronto de Solution, não tenho experiência em descrever lutas, ou qualquer outra coisa afinal está é minha primeira fanfic, por favor comentem para que eu possa melhorar.
Com vocês
Aquele Que Voltou
Capítulo 08: Entre becos e esgotos
Chapter Text
- 'Agora me lembro com quem Solution se parecia!' - pensou o Suserano em sua cama - 'com aquela garota louca que eu matei durante a invasão dos mortos em E-Rantel, qual era o nome dela? Espero que não traga problemas para Solution'.
Alguns dias antes, dentro de uma sala reservada na capital da Teocracia Slane, uma reunião entre os cardeais começava com uma péssima notícia.
- Recebemos informações perturbadoras sobre guardas sumindo de seus postos, e corre um boato nas ruas de que alguns informantes e prostitutas também desapareceram - disse o Cardeal Raymond.
- Não sei por que você acha isso relevante - falou com desdenho o Cardeal Dominic que presidia a reunião - ralé e alguns guardas não deveriam ser uma preocupação a ser considerada para nós.
- Eu trago esse assunto aqui porque, segundo testemunhas, alguma coisa os pegou nos becos, enquanto outros dizem ter visto uma certa pessoa na cidade, ela pode ser descrita como jovem, cabelo curto, loira, e usava uma roupa... *ahan* provocante.
- Pelo sangue dos Seis, você só pode estar brincando, ela não poderia ter voltado, poderia? - perguntou um Cardeal Genedine bastante assustado.
- Sim, acredito que Clementine voltou para cidade, a descrição bate.
- Certo, mas por que você acha que pode ser ela, Raymond?
- Porque, Dominic, pairam muitas dúvidas sobre a sua suposta morte pelo herói negro Momon. Nós enviamos uma equipe para recuperar o corpo, mas como já sabem, ele havia sumido, não sabemos quem o recuperou, se foi o Zuranon, os Oito Dedos ou uma facção desconhecida, não sabemos nem mesmo se ela realmente morreu pelas mão de Momon ou se o que ele contou foi verdade! Talvez ela tivesse um item de ressuscitação, ou outro companheiro o fez, muitas lacunas abertas para supor que ela apenas esteja morta.
- E você Raymond, imagina que ela possa ter voltado aqui para buscar o que? Vingança, espionar, cortar pontas soltas, roubar mais itens?
- Uma dessas alternativas Dominic, senão todas. Ela é perigosa demais para deixarmos isso passar, precisamos enviar uma das escrituras atrás dela.
- Podemos mobilizar a Escritura Windflower para rastreá-la, mas somente a Escritura Holocausto pode lidar com ela, mesmo que tenha perdido níveis depois de ressuscitar, isso se ela realmente morreu - falou Dominic com confiança.
- Ela é minha. - proferiu a voz feminina de alguém que só agora os cardeais repararam ter entrado na sala de reuniões.
- Zesshi Zetsumei, você não foi chamada aqui - disse o Cardeal Ivon com uma carranca.
- Ora me desculpe, eu acho que NÃO recebi o comunicado para NÃO comparecer, mas já que estou aqui, eu queria contribuir um pouco, afinal acho que sou a melhor opção para lidar com a traidora - disse a meio-elfa da forma mais sarcástica possível.
- Chega Zesshi, mas você está certa, a Windflower rastreará e você interceptará essa espiã. Se for mesmo Clementine, mate-a rapidamente, depois podemos tentar ressuscitar ela e interrogá-la.
Zesshi saiu sem nem mesmo olhar para o Cardeal Dominic, ela não gostava dele. Essa chance de sair da sala dos tesouros onde ela mantinha guarda permanente não podia ser desperdiçada.
Levou uma semana para a escritura rastrear e localizar a invasora, agora Zesshi entrava em cena.
- Então Clementine, você não vai me cumprimentar?
Solution se manteve de costas para a atacante, ela não precisa dos olhos para ver, bastava usar a sua intenção e focar em uma direção para enxergar ao seu redor. Como slime, todo o seu corpo funciona como receptor visual, então ela moveu os dedos de uma mão para fora da capa e "olhou" por meio eles.
- 'Uma elfa, não, meio-elfa, poderosa, provavelmente o acento extra das Escrituras, godkin sem dúvida, mais forte do que eu' - analisou rapidamente - 'não devo me expor, talvez possa usar essa confusão como disfarce, preciso escapar'.
Solution estava preparada para se passar por aventureira, uma ladina na verdade, então ela estava bem suprida de lâminas de arremesso. Com um movimento rápido, duas facas foram lançadas em direção aos olhos de Zesshi.
Com uma facilidade impressionante, ela desviou das lâminas, fazendo exatamente o que Solution queria, assim ela não viu o ataque rasteiro vindo em sua direção.
Mas Zesshi era rápida, muito rápida, ela se recuperou na posição e bloqueou o ataque com a foice. Com o impulso, ela girou o corpo e acertou Solution no estômago, lançando-a a metros de distância.
- Você acha que eu não estou preparada para o seu estilo de luta? Sei muito bem como você gosta de esfaquear as pessoas e ficar olhando elas sangrarem.
Se ao menos Solution soubesse de quem ela está falando, seria mais fácil tentar simular a técnica de combate de Clementine. Ela nem se lembrava de quando Nabe encontrou com a assassina durante as suas primeiras aventuras, pois ignorava qualquer menção sobre os humanos, era como ouvir que Narberal Gama esteve brincando com a comida.
Mas agora as poucas informações que ela obteve seriam de ajuda, ela já sabia que Clementine era uma sádica, check, usava lâminas, check, atacava de perto, check, era procurada, check, precisava ser morta, check.
Ela não poderia manter a farsa por muito tempo, tudo tinha que acabar logo, agora ela estava encurralada no final do beco, exatamente onde queria estar.
Novamente usando as lâminas para distrair a atenção de Zesshi, Solution se lançou no ar a uma velocidade estonteante, e mais uma vez a meio-elfa desviou do ataque. Usando um rodopio, ela desferiu um corte em direção de "Clementine", imaginando que ela desviaria com um giro e tentaria esfaquear o seu flanco, onde ela estaria preparada para defender, mas não foi o que aconteceu.
O que Zesshi viu foi a cabeça com o capuz saltar no ar após ser atingido pela foice, o corpo de "Clementine" atingiu a parede no fundo do beco e caiu como... uma marionete cujo os fios foram cortados, sua cabeça rolou a poucos metros de onde ela estava.
- UFF - bufou a meio-elfa - isso foi fácil, você deve ter perdido mais níveis do que esperava Clementine. Mesmo antes, você nunca foi páreo para mim e agora sua cabeça vai enfeitar os muros da cidade.
Mas antes que Zesshi pudesse se aproximar, alguém gritou com ela da entrada do beco.
- Alto! Pare em nome de Sua Santidade! - gritou o chefe da patrulha que passava por ali - saia de perto do corpo e se aproxime com as mãos levantadas.
Zesshi às vezes odiava sair pela cidade, pois ninguém realmente a conhecia e os guardas a confundiam com alguma elfa fugitiva. Ela não queria matar ninguém sem motivo, então guardou sua foice se aproximou da patrulha.
- Eu sou Zesshi Zetsumei, acento extra da Escritura Negra, estou em missão especial, acabo de eliminar uma espiã.
- Me desculpe pelo incômodo, mas poderia se aproximar da luz? Precisamos identificá-la. Vocês dois vão até o fim do beco e confiram o corpo. Senhora Zesshi, eu a reconheço, já a vi uma vez antes, então não se preocupe, mas temos informações sobre sumiços estranhos nas ruas, por isso o excesso de cuidado.
Zesshi iria apenas ignorar toda essa atenção quando ouviu os gritos dos guardas no final do beco, parecia o grito de crianças sendo atacadas por demi-humanos.
Todos se moveram até lá e encontraram um dos guardas jogado contra a parede, faltava uma perna e ele chorava copiosamente, o outro havia desaparecido, junto com o corpo de Clementine.
- NÃO! - amaldiçoou Zesshi - 'Onde o corpo foi? Ela voltou à vida de novo?' - Onde está o corpo? O que aconteceu? - ela gritou com o guarda sobrevivente.
- U-Uma coisa, uma coisa pegou ele! Pegou minha perna, tudo queima, queima, queima... - a sanidade parecia sumir da mente do guarda.
Zesshi se aproximou e viu a queimadura, as marcas viscosas pelo chão e as grades do esgoto entortadas.
Só podia ser isso, uma criatura saiu do esgoto e pegou o corpo de Clementine, atacou os guardas e fugiu para baixo. Só algum tipo de slime muito grande poderia ter feito tal coisa tão rapidamente, deve ser essa criatura que estava atacando nos becos, então Clementine estar aqui era só coincidência?
- Droga! - xingou Zesshi enquanto se abaixava e agarrava a grade do esgoto. Ela precisa encontrar a criatura, ela precisa do corpo de Clementine. Ela então arranca as grades chumbadas no chão com facilidade e se joga na escuridão do buraco amaldiçoando - Droga, droga, droga
Chapter 10: : Nos Esgotos da Loucura
Summary:
Zesshi enfrentará seu pior pesadelo.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o capitulo 09.
Este capítulo é um pouco maior porque não queria cortar a ação, ainda a forma de escrita mudou um pouco, quase não coloquei diálogos, estou testando escritas diferentes, espero que gostem, obrigado.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 09: Nos esgotos da loucura
Chapter Text
Zesshi caiu através do buraco que ela abriu, atingindo o fundo do esgoto com um forte impacto. Mesmo sem o mínimo de luz, ela podia enxergar no escuro, se era por ser meio-elfa ou por possuir itens que lhe possibilitavam isso não importava, mas, ao ver onde havia pousado, talvez ela preferisse não ter essa capacidade.
Kami Miyako era a cidade humana mais antiga existente neste mundo. Criada a partir do legado dos Seis Deuses, ela foi construída com inovações inexistentes em outros lugares, uma delas era o seu sistema de esgotos, feito de forma a evitar as enchentes, ele foi sendo ampliado conforme a cidade crescia e hoje ele se tornou um labirinto por baixo da cidade, um labirinto por onde passavam todos os dejetos. Mesmo não tendo um sistema de esgoto em cada casa, isso só significava que a sujeira vinha direto das ruas e tudo acabava sendo arrastado pelos túneis até desaguarem em um sistema de cavernas que provavelmente levaria para o oceano.
Os esgotos são o habitat perfeito para várias criaturas, ratos, aranhas, slimes, lagartos, insetos, esses animais prosperavam nesse ambiente, alguns cresciam e se multiplicavam até atingirem tamanhos incompatíveis, então começavam a se espalhar até a superfície. Quando isso acontecia, aventureiros eram contratados para exterminar esses parasitas, mas às vezes eles encontravam coisas maiores do que podiam lidar.
Se alguém sumia, não voltava do serviço ou desaparecia, eram enviados mais aventureiros para fazer uma busca. O que eles resgatavam por vezes era a parte de um corpo e a criatura que o pegou, geralmente um rato gigante, uma aranha monstruosa sentada em sua teia com cães e gatos presos nela. Mas de vez em quando algo vinha de fora, das cavernas, apesar de existirem grades e portões que impedissem a livre passagem, eles não têm a manutenção apropriada, assim grandes criaturas entravam e faziam seus novos ninhos nesse ambiente aconchegante.
Provavelmente foi algo assim que arrebatou o corpo de Clementine, pegou o guarda e todos aqueles desaparecidos nas últimas semanas. Zesshi podia lidar com qualquer criatura que ela topasse, afinal nada rivalizou com ela... até agora. Sua força era indiscutível, seu treinamento excepcional, com pouco mais de 10 anos já era mais forte que aventureiros nível ouro, agira ela estava na melhor das hipóteses, aborrecida. Ter que descer aqui era cansativo, mas ela queria ter certeza de encontrar o corpo de Clementine antes que a criatura tivesse tempo de digerir ela, e rastrear não era o seu forte.
Apesar de sua óbvia deficiência, no esgoto, por enquanto, só haviam duas direções a serem tomadas. Ela estava prestes a tomar o caminho errado, quando percebeu os ratos vindo correndo do outro lado, então era para lá que ela deveria ir.
A claustrofobia infligida por aquele lugar seria opressiva para qualquer pessoa, mas Zesshi estava acostumada aos corredores estreitos do cofre. Ficar sozinha não a incomodava mais, mas mesmo assim a sensação de que algo a observava era contínua, e sempre que passava pela entrada de outro túnel ou cano parecia que algo saltaria sobre ela.
Seguindo pelo túnel até uma bifurcação, novamente foi guiada pela fuga dos ratos, indo por um túnel particularmente empilhado de sujeira e dejetos, as paredes recobertas de limo, o lugar perfeito para slimes se proliferarem, mas estranhamente não havia nenhum, apenas a fuga dos ratos e aranhas indicavam que algo vivia ali.
Zesshi pensava que essa busca pela espiã seria a chance dela poder andar pela cidade, algo raro para ela, mas não imaginava que estaria chafurdando em água suja até os joelhos - 'o nível da água mudou?' - ela pensou, provavelmente estava chovendo em algum lugar na cidade, e se fosse muito forte logo tudo estaria alagado e ela perderia a chance de encontrar o que é que morasse ali.
Foi então que ela ouviu um som abafado de algo borbulhante. A água subiu rapidamente, então ela viu a criatura, um slime gigante se movia ondulando lentamente o corpo. Ela viu um rato desavisado ser engolfado pela criatura que não possuía olhos, mas percebia tudo a sua volta, e quando notou uma presa maior, se lançou diretamente nela.
Zesshi soltou um bufo de tédio - 'um slime, que coisa boba' - a meio-elfa pensou. Puxando sua foice, ela simplesmente golpeou a criatura, mas para sua surpresa, a lâmina se prendeu no teto. Para cortar uma criatura como aquela, nenhuma força maior precisava ser usada, por isso a lâmina parou cravada na pedra. Isso deu ao monstro um segundo de vantagem e um tentáculo viscoso se projetou em direção ao rosto de Zesshi. Com um movimento de cabeça, ela evitou ser apanhada, mas sentiu o cheiro que o tentáculo emitia, o cheiro de ácido.
A pele de Zesshi era bastante forte para resistir à maioria dos ataques que recebia durante o treinamento com o capitão da Escritura Negra, seus itens também tinham resistência superior, mas não seria nada agradável ser atingida nos olhos por ácido.
Com um movimento rápido da mão, ela cortou o tentáculo que caiu na água suja. Novamente, Zesshi se posicionou para outro golpe, mas desta vez seria forte o suficiente para não ser parado pelas paredes. Sua lâmina desceu sobre a criatura, cortando ela ao meio, foi como cortar a própria água, sem a sensação de resistência, isso meio que levou Zesshi a dar uma passo a mais do que ela queria, então outro tentáculo se projetou do monstro, como um chicote. Zesshi desviou facilmente, quando percebeu que o tentáculo mudou de direção num ângulo de noventa graus, era óbvio que aquilo não era um chicote, era parte da criatura, ela podia controlar como queria, e não só isso, a ponta do tentáculo que parecia maleável de repente se enrijeceu, como uma lâmina, indo direto para os seus olhos..
- Ele quer me cegar!? Como esse monstro sabe o que fazer?
Atingir o ponto fraco era uma atitude imbuída de inteligência, e até agora Zesshi havia tratado a criatura como um animal, esse fora o seu primeiro erro. Zesshi usou sua foice pra se defender, quando percebeu outro tentáculo vindo em sua direção, então mais outro e outro, logo ela estava lidando com dez deles ao mesmo tempo, defendendo e os cortando fora. Ora eles eram maleáveis com chicotes, então se tornavam duros como espadas, vindo de direções impossíveis para um humano executar, mas para a criatura parecia simples.
Zesshi nunca esteve acuada em uma luta, já fora golpeada antes, mas pressionada dessa maneira nunca. Sua fúria só aumentava e seus golpes capazes de cortar pedras apenas passavam pelo monstro arrancando tentáculos, mas sem um efeito definitivo, então algo quase a atingiu por trás, com sua agilidade ela desviou correndo pela parede do túnel fazendo um círculo perfeito.
O que tentou esfaquear ela era outro slime, menor mas usando os mesmos truques, mas de onde havia vindo esse, como podia haver dois com as mesmas características de ataque? Então Zesshi percebeu que não era outro slime, era o mesmo, os tentáculos cortados não ficaram parados, rastejaram e se uniram formando outra criatura que a atacava simultaneamente, muito coordenados para serem independentes, provavelmente compartilhando a mesma mente mesmo que separados.
Os golpes aumentaram sua frequência, Zesshi ainda podia evitar eles, mas foi então que ela percebeu o que seus próprios golpes haviam feito com o túnel, esse foi o seu segundo erro, não se importar com os danos colaterais. Toda a estrutura estava cortada ou destruída, pedras começaram a cair sobre ela, essa percepção foi quase tarde demais para reagir a tempo. Se jogando em uma passagem lateral que surgiu antes que tudo viesse a baixo, Zesshi escorregou pelo túnel até cair em outro maior a dezenas de metros de profundidade.
Zesshi puxou sua foice para se defender do golpe que não veio. Cuspindo água suja, ela começou a caminhar pelo novo túnel, seguindo o caminho contrário dos pequenos lagartos. Se funcionou uma vez, talvez funcione de novo, ela teria que cuidar com seus golpes, ser soterrada viva com um slime gigante era a última coisa que ela queria nesse momento.
O túnel seguia em uma inclinação constante para baixo por centenas de metros, recoberto de limo, mas agora nenhum sinal da criatura, nem dos ratos, ou aranhas, ou qualquer coisa, apenas aquele limo por toda parte.
- PELOS DEUSES!! - gritou Zesshi quando a compreensão chegou tarde demais, ela não estava em um túnel recoberto de limo, ela estava dentro da criatura.
O monstro caiu sobre ela vindo de todas as direções, engolfando o seu corpo, se ela soubesse o que era gelatina ela diria que era como nadar em uma, mesmo tentado abanar os braços, não saía do lugar. Zesshi puxou sua foice e tentou golpear em todas as direções, esse foi o seu terceiro erro e talvez o seu último.
Zesshi Zetsumei possuía um ponto fraco marcante: a falta de combate real com algo tão forte quanto ela. Esmagar um exército era fácil, bastava balançar sua foice que os inimigos eram pulverizados, mas agora ela lutava com algo que era invulnerável à sua arma.
Zesshi pensou que poderia tentar queimar a criatura com uma bola de fogo. Ela não era uma lançadora de magia especificamente poderosa, mas, pelo menos, isso ela era capaz. Mas como fazê-lo dentro do monstro?
- 'Não consigo respirar, não posso lançar fireball, se abrir a boca esse monstro vai entrar por ela, meus olhos, consigo sentir ele pressionando meus olhos! Tenho que tampar o nariz, meus ouvidos, ele vai estourar os meus tímpanos, entrar no meu cérebro, me derreter por dentro!'
Foi então que Zesshi sentiu a umidade invadir as suas roupas, a criatura escorregava pelas aberturas, sobre a sua pele, por dentro de suas proteções, descendo até suas roupas íntimas tentando invadir o seu ser.
- 'PELOS SEIS!! VOU SER ESTUPRADA POR UM MONSTRO!' - traumatizada pelo fato de sua mãe ter sido estuprada pelo rei dos elfos, Zesshi nunca se aproximou de alguém intimamente, o máximo que ela tinha feito era flertar com seus oponentes sobre conceber um filho forte se fosse derrotada. Ela nunca imaginou que um monstro assim pudesse subjugá-la, mais tímida do que ela realmente admitia, nunca tinha sido tocada, até aquele momento quando sentiu que a gosma escorria para dentro de sua roupa íntima pela parte da frente... e por trás.
Tal agonia resultou em um golpe inesperado, Zesshi tentava estapear a gosma que escorria pela sua roupa, sem conseguir afastar a criatura, ela golpeou com toda a sua força como se fosse matar uma mosca que estava em todos os lugares.
O Camarão Louva-deus é uma espécie de crustáceo bem pequena, mas particularmente poderoso, com apenas doze centímetros em média, suas garras podem dar um soco equivalente a metade da força de um ser humano adulto. O impacto delas é capaz de gerar uma microbolha que se desloca em velocidade supersônica, produzindo um efeito conhecido como sonoluminescência. Essas bolhas implodem com tamanha velocidade que geram luz e calor que, por uma fração de segundo, chega a atingir uma temperatura de quase quatro mil e setecentos graus Celsius, algo um pouco abaixo da temperatura da superfície do sol.
Zesshi era muito maior do que o crustáceo Camarão Louva-deus, mas ela não sabia o que era um crustáceo ou um camarão, nem saberia dizer se já tinha comido um ou se eles existiam no Novo Mundo, nada disso passava pela cabeça da meio-elfa, tudo o que ela queria era que a coisa parasse de tocá-la.
Com o bater das palmas das mãos de Zesshi ela produziu uma explosão sônica tão forte que estraçalhou a criatura em todas as direções, arremessando o monstro por dezenas de metros pelo túnel, e o que sobrou no centro foi uma Zesshi superaquecida respirando ruidosamente.
Seus ouvidos zuniam, seus olhos ardiam, seus dentes vibravam, seu nariz e ouvidos tinham sangue escorrendo, mas ela não sentia mais o rastejar da criatura em seu corpo. Os pequenos pedaços que ficaram dentro de sua roupa foram incinerados pela alta temperatura, incluindo qualquer sujeira ou resíduo que havia ali, ela estava mais limpa agora do que quando entrou no túnel, mas não por muito tempo.
Mesmo machucada, seus ouvidos não haviam estourado e, apesar do zumbido constante, ela pode escutar o estranho matraquear que se aproximava pelos dois lados do túnel.
Vindo em sua direção estava algo que só poderia ser descrito como um pesadelo, a criatura agora ocupava o túnel inteiro nos dois sentidos e na frente da coisa se projetavam tentáculos chicoteando pelas paredes com inúmeras bocas, slimes não tem bocas, mas essa criatura criou algo parecido com uma, que surgiam, escorriam e se deslocavam pelo corpo conforme a criatura avançava. Dentro deles, pontas como espadas no lugar de dentes, produzindo um matraquear incessante "telek tek tek telek tek".
Zesshi precisava sair dali, ela não podia ser engolfada de novo. Correndo em direção à parte mais baixa, ela se preparou para o golpe, e antes que a criatura a tocasse, ela bateu novamente com as duas mãos juntas na direção do monstro, a experiência é a mãe da sobrevivência, e a onda de choque dessa vez abriu a criatura ao meio, espalhando o corpo contra as paredes, abrindo um caminho que Zesshi pôde aproveitar usando sua velocidade.
A criatura se recompôs rapidamente, sem saber se esses impactos podiam realmente machucar o monstro, Zesshi precisava de espaço. Correndo, ela viu o final do túnel que acabava em uma abertura, mas quando chegou lá não era um salão, mas sim um enorme sumidouro, um buraco gigante onde os outros túneis desaguavam, a chuva deveria ser enorme pela quantidade de água que jorrava ali.
Com os tentáculos quase a alcançando, Zesshi, sem desacelerar, usou sua força para saltar sobre a enorme abertura, se projetando até a parede oposta onde ela cravou sua foice para se segurar, e com um rápido movimento lançou fireball várias vezes na direção do monstro que agora se esticava no ar tentando alcançá-la.
Com o seu peso, apenas alguns tentáculos quase conseguiram capturar a meio-elfa. O monstro desabou no turbilhão abaixo e só agora Zesshi conseguiu contemplar o tamanho gigantesco da criatura - Como algo desse tamanho vive debaixo dos nossos pés e não percebemos?
O monstro serpenteava pelas águas tentando se segurar nas pedras lisas, até que começou a ser sugado definitivamente pelo redemoinho, sendo arrastado para as cavernas abaixo. Se Kami Miyako tivesse sorte, o monstro seria levado até o mar, senão, alguém teria que montar guarda neste local pelo resto da vida, e esse guarda não era Zesshi Zetsumei, na opinião dela.
Esgotada como nunca se lembrava de ter ficado antes, Zesshi se jogou até a escada de manutenção próxima que quase cedeu com seu peso, e então lentamente começou a grande escalada que a levaria para a superfície centenas de metros acima.
Essa missão havia se tornado mais do que queria, enfrentar uma antiga colega, lutar nos esgotos e talvez, quase talvez, pudesse ter morrido. Fazer um relatório disso seria a maior dor de cabeça, ainda bem que ela não se importava nem um pouco com isso, dane-se o relatório, danem-se os cardeais, dane-se o que pensam dela, tudo isso fica para depois, o que Zesshi precisava agora era de um banho e dormir por uma semana.
Do turbilhão abaixo, no lado oposto da parede por onde Zesshi subiu, um fino tentáculo viscoso, na espessura de um fio de cabelo, se projetava da água. Como a meio-elfa já havia ido embora faziam alguns minutos, o tentáculo começou a escorrer... para cima, subindo lentamente a parede, seguindo as reentrâncias das pedras para não ser detectado. Quando atingiu o túnel de manutenção, o fio começou a se acumular em uma poça, depois em uma pequena bolha que começou a rolar, e então a se expandir. Logo já tinha a altura da cintura de um adulto, então passou a se arrastar, depois surgiram pernas e braços rudimentares, e quando atingiu o tamanho de uma pessoa, sua aparência mudou para uma bela empregada sorridente.
Solution é um slime e, como todos os slimes, sua verdadeira forma é fluida. A aparência de empregada foi criada por Hero-Hero, mas é mantida por sua força de vontade, ela não possui um espaço dimensional como os outros, pois ela mesma contem sua própria dimensão de bolso internamente, sendo maior por dentro do que por fora. Ela é capaz de manter vários corpos dentro de si até serem digeridos. Nesse "espaço pessoal", ela consegue até mesmo manter sua própria massa comprimida dentro de si, essa foi a única vez que ela se lembrava de ter liberado e expandido tanto o seu corpo, uma experiência enriquecedora.
Sua intenção nunca foi derrotar a meio-elfa e nem conseguiria em um confronto direto. Suas ordens eram para identificar o viajante e retornar, evitar o confronto e preservar o disfarce, todas as prerrogativas tinham sido seguidas, e quando ela foi encurralada, só havia uma maneira de escapar sem expor Nazarick e ser confundida com outra pessoa jogou a seu favor.
Ela precisava perder de forma rápida para não perceberem o erro, então sua ideia inicial seria de se projetar como um slime por baixo de seu "corpo" morto, roubando o corpo antes de ser verificado. Foi pura sorte os guardas surgirem na mesma hora, ser seguida não foi bom, mas ajudou mais no disfarce e ainda pôde testar a criança, guiando ela pelo esgoto. Nesse espaço confinado a meio-elfa não se saiu muito bem, Solution tinha todas as vantagens e, apesar daqueles golpes sônicos serem bastante eficientes, ela podia imaginar uma ou duas maneiras de evitá-los na próxima vez.
Agora ela deveria seguir pelo túnel que já havia sido estudado antes, indo até a saída mais longe da cidade. Dali irá para outra cidade, então pegará um portal para entregar o seu relatório final ao Ser Supremo que a comandava. Talvez ela ganhasse uma recompensa, ela sabia exatamente o que pedir - Aquele pequeno Miyoshi ficará sem trabalhar por um bom tempo fufufufu! - riu a empregada de batalha.
Chapter 11: Interludio 2
Summary:
Nada melhor que um banho
Notes:
Olá amigos, mais um arco terminou na minha fanfic Aquele que Voltou, como será costume trago um interlúdio antes do próximo que terá... dragões, espero que gostem.
Com vocês
Aquele Que Voltou
Interlúdio 2
Chapter Text
Zesshi estava em sua banheira tentando tirar a sujeira do esgoto. Apesar de já estar nisso há horas, o cheiro parecia não querer sair dela.
- 'Maldição, maldita seja Clementine por me fazer ir naquele lugar nojento, o que será que ela estava fazendo aqui e por que ela foi na "Besta"? Vou precisar ficar de olho naquele lugar de novo' - pensava a meio-elfa enquanto afundava na banheira e começava a se esfregar novamente.
Em Nazarick, Ainz estava aproveitando um de seus momentos mais relaxantes, deitado na grande banheira quente enquanto Miyoshi-kun percorria as reentrâncias de seu esqueleto.
- 'Dois meses já se passaram. Os relatórios, apesar de abundantes, são muito confusos, já era hora de conversar com eles pessoalmente. Albedo já os convocou e logo estarão aqui.... Que dor de cabeça vai ser juntar todas essas informações' - pensava o Suserano enquanto unia os dedos em um OK e soprava uma bolha de sabão, algo prodigioso para quem não tem lábios ou pulmões.
A bolha subiu e subiu então passou para o outro lado da cerca e....
- Atchin!!
- Tem alguém aí?
- Hã!!! Sou eu meu senhor, Shalltear, Shalltear Bloodfallen, estou aproveitando o momento para relaxar um pouco... shhhh! sussuros "cale a boca, eu sei o que faço".
- Tem mais alguém aí?
- Hããã, bem...
- Sou eu Ainz-Sama, Albedo.
- Vocês estão juntas!! E não estão brigando?
- Sim meu senhor, parece que atingimos um objetivo em comum-arinsu.
- Sei, isso é muito bom! Afinal, trabalhar junto para o bem comum é um dos objetiv... vocês por acaso não pegaram o espelho de visão remota, não é?
- Nãããããããoo.
- Que bom, porque aquelas proteções ainda estão ativas, então se tentasse usá-lo ou olhar por cima causaria grandes proble... isso são buracos na cerca?
Em um plano mirabolante, as guardiãs fizeram tais buracos com antecedência. Sem ninguém para ser observado, a segurança não foi ativada e agora estando afastadas da cerca e usando suas visões prodigiosas descobriram como burlar o sistema, isso até Ainz mencionar o fato em voz alta.
- VIOLAÇÃO DO CÓDIGO DE CONDUTA DETECTADO! SISTEMAS ATIVADOS! PERVERTIDOS SERÃO PUNIDOS!
- CORRA! CADA GUARDIÃ POR SI!!!
- PERVERTIDOS SERÃO PUNIDOS...
- Aff! Será que não tenho um minuto de descanso? - choramingou o Ser Supremo.
Chapter 12: Um Passeio Relaxante
Summary:
O que será que a Rainha Draudellion pensará ao encontrar outro dragonóide.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o capitulo 10 da minha fanfic Aquele que Voltou.
Neste arco vamos acompanhar Sebas no reino Dracônico,
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 10: Um passeio relaxante
Chapter Text
Após ser dispensado por seu mestre, Sebas imediatamente começou a se preparar para partir, seguindo até o posto onde Tuare estava de serviço.
— Boa noite, Tuare, como passou o dia? – disse o mordomo de forma polida.
— Muito bem Senhor Sebas, já encerrei as tarefas diárias e estava me preparando para o jantar, o senhor me acompanha?
Essa era uma das poucas oportunidades que tinham para ficar juntos. Por causa dos serviços em Nazarick e da mansão em E-Rantel, Tuare estava bastante atarefada, e mesmo com o anel de sustento, suas obrigações ainda eram mentalmente exaustivas. Diferentemente das outras empregadas que lutariam por uma hora a mais de serviço, Tuare tinha decidido em suas horas de folga se aperfeiçoar nas inúmeras tarefas exigidas na Grande Tumba de Nazarick.
Apesar de suas aulas com Yuri Alfa terem acabado, ainda estava longe de possuir a eficiência das empregadas homúnculos, por isso ainda passava horas praticando seus deveres. Como chefe das empregadas em E-Rantel, ela deveria ser o exemplo de disciplina e dedicação.
Servir a Grande Tumba de Nazarick era um ato de amor, amor compartilhado por todos os seus habitantes. Tuare sabia disso, assim como ela sabia que se alguma falta lhe fosse atribuída, refletiria diretamente em Sebas Tian, seu salvador. Um ato impensável para Tuare, pois apesar de se dedicar de corpo e alma ao Rei Bruxo e à Grande Tumba, tudo isso só era relevante pois vinha depois de Sebas. Para ela, o austero mordomo era a coisa mais importante em sua vida, e se fossem necessárias horas intermináveis de sacrifício para ter minutos a mais com ele, tudo valeria a pena.
Durante o jantar, Sebas repassou suas ordens a Tuare e em menos de duas horas ambos estavam prontos para a partida. No dia seguinte um último encontro para repassar as instruções entre todos que receberam a missão e logo estavam a caminho.
Tuare ficou decepcionada ao saber que não fariam todo o caminho até o Reino Dracônico, tal viagem levaria semanas, semanas junto a Sebas. Foi decidido que usariam um portal até a distância de um dia de viajem, o bastante para serem percebidos pelas patrulhas que levariam a notícia de que um emissário do Reino Feiticeiro chegava.
Sebas se sentava regiamente em seu acento e Tuare estava à sua frente tentando não demonstrar a empolgação que sentia, pois apesar do nervosismo por estar em missão oficial, ela estava extasiada por viajar para um país estrangeiro. A empregada sempre viveu em E-Rantel, sua infância se passou em uma vila não mais distante do que um dia de viagem, então tudo era uma aventura, ainda mais acompanhada de Sebas.
Alguns quilômetros após sair do portal, Sebas e Tuare foram abordados por uma patrulha que parecia estar de serviço a mais tempo do que deveria.
— A-Alto! Quem se aproxima? – gritou de forma assustada o homem que parecia ser o chefe da patrulha.
Os soldados nunca tinham visto uma carruagem tão deslumbrante. Sua aparência dizia realeza em todos os sentidos, feita com um material negro desconhecido e detalhes em dourado. O óbvio brasão do Reino Feiticeiro em sua lateral, bem como o fato de ser puxada por Devoradores de Alma e guiada por um Elder Lich tornavam a pergunta do chefe da patrulha redundante.
Um ser parecido com um goblin, mas vermelho, usando um fraque com cartola e sentado ao lado do cocheiro morto-vivo se manifestou.
— Está é a comitiva levando o Emissário do Reino Feiticeiro na função de embaixador até a capital do Reino Dracônico. Solicitamos uma audiência com sua majestade a Rainha Draudillon Oriculus, a fim de tratar de assunto oficial em estabelecer contato diplomático.
O chefe da patrulha estava confuso, afinal as comitivas representantes de reinos que vinham até o Reino Dracônico geralmente eram formadas por várias carruagens com dignatários e servos, escoltadas por dezenas de cavaleiros. Enquanto isso, ali estava uma única carruagem, sem escolta, e mesmo com os mortos-vivos que a guiavam, a imagem de simplicidade que passava parecia involuntária.
— Não fomos informados de sua vinda, mas como dignitários, os… senhores, receberão uma escolta até a capital e enviaremos um mensageiro com sua solicitação. Bem-vindos ao Reino Dracônico.
O diabrete ao lado do cocheiro apenas fez uma reverência sem tirar a cartola, coisa que revelaria seus pequenos chifres, já que não queriam assustar seus anfitriões.
Dentro da carruagem, o mordomo estava satisfeito com o desenrolar do primeiro contato. Ele imaginava que talvez fosse necessário intervir na conversa, mas aparentemente a fama do Reino Feiticeiro o precedeu.
— Acho que foi tudo bem, senhor Sebas.
— Não precisa ser tão formal comigo aqui dentro, Tuare. Mesmo não sendo uma viagem de lazer, podemos aproveitar o passeio.
O nível de vergonha chegou ao insuportável para Tuare enquanto ela corava até parecer um tomate, pois a situação começava a lembrá-la cada vez mais de uma viagem romântica.
Entre conversas e assuntos corriqueiros, Tuare reparou que as janelas ficaram escuras e o som que vinha do lado de fora havia desaparecido. Se não fosse pelo leve chacoalhar da carruagem, ela poderia ter pensado que estavam parados. Algo havia acontecido, mas como Sebas não demonstrou reação negativa ou se deu ao trabalho de explicar o ocorrido, a empregada apenas aproveitou o momento em sua companhia. Do lado de fora, caos era a palavra.
Algumas horas após o encontro com a patrulha, aconteceu o que todos os cavaleiros que faziam a função de escolta improvisada temiam, uma emboscada.
Apesar de estarem longe das zonas de batalha, muitas vezes os demi-humanos enviavam grupos para testar a segurança do reino, procurando pontos fracos na sua vigilância, atacando pequenas vilas menos protegidas e fazendo um lanchinho eventual.
Este grupo em particular era formado por Gnolls e um Hobgoblin, em torno de quinze atacantes, o suficiente para derrubar qualquer patrulha na borda do reino. Quanto mais próximo da capital, mais fortes eram os cavaleiros, e este pequeno grupo de cinco protegendo uma carruagem puxada por animais que eles nunca tinham visto antes parecia pedir para ser atacado.
O Diabrete sentado ao lado do cocheiro já havia percebido a aproximação dos atacantes a centenas de metros, mesmo dentro da floresta, achou que seria rude avisar que seriam atacados. Ele esperou até estarem a apenas algumas dezenas de metros para informar que o serviço de escolta deixava a desejar.
— Formação! Formação, droga! Não deixe esses demi-humanos chegarem na carroça – gritou o chefe da patrulha.
— Senhores, não desejo me intrometer em seu serviço e nem causar um incidente diplomático, mas como estamos com pressa, peço que me deixem cuidar deste empecilho – disse o diabrete após silenciar o interior da carruagem.
Sem desacelerar, o pequeno demônio usou um chicote para golpear a trela dos dois Devoradores mais à frente da carruagem, soltando-os. Estes então se separaram e foram de encontro ao grupo atacante.
O que se seguiu foi uma série de gritos vindos da floresta, a princípio de ataque e de fúria, depois de desespero e medo. Apenas um gnoll saiu correndo em direção à estrada, faltando-lhe parte da cabeça e um braço, tentando fugir em vez de atacar. Vendo esta cena, o cavaleiro mais próximo golpeou a criatura, mais para acabar com seu sofrimento do que para se proteger.
Tudo não durou mais do que alguns minutos. Os devoradores retornaram às suas posições na frente da carruagem e magicamente se atrelaram novamente. Os cavaleiros só podiam pensar - 'o que estamos escoltando?'.
Algumas horas depois, chegava ao castelo da capital um mensageiro com seu cavalo quase esgotado, trazendo a notícia de que o embaixador do Reino Feiticeiro estava próximo.
Na sala do trono, o nervosismo era palpável.
— Como isso pôde acontecer? Somos tão insignificantes a ponto de mandarem apenas uma carruagem? Sem mensageiros, sem uma grande comitiva… a não ser que aquela única carruagem seja mágica e maior por dentro do que por fora, contendo um batalhão de funcionários – dizia a rainha andando de um lado a outro, desejando fortemente um copo de vinho.
— Não penso que seja assim, Vossa Majestade.
— Explique-se, senhor Primeiro-Ministro! – exclamou a rainha com óbvio desdenho jocoso. Apesar de suas posições, a rainha e o primeiro-ministro mantinham uma convivência bastante liberal em suas conversas.
— Acredito exatamente o contrário do que sua Majestade pensa. O Reino Bruxo enviou uma única carruagem contendo apenas uma comitiva privada com o embaixador e sem escolta para demonstrar, principalmente, sua força.
— Não entendo sua colocação – a rainha falou de forma mal humorada.
— Com uma comitiva pequena, eles demonstram que não precisam de vários nobres para abrir negociações de tratados ou relações amistosas, inclusive eu soube que, em Re-Estize, a primeira Ministra Albedo seguia desacompanhada em sua visita, com comitiva mínima. Parece que eles acreditam que somente países fracos tentam impressionar com quantidade. Sobre a segurança, eles não precisam de escolta porque não correm perigo, se a descrição do mensageiro está correta, então as criaturas que puxam a carruagem são Devoradores de Almas, somente um destruiria um exército e parece que são quatro puxando, então eles fazem as duas funções. Não ter mensageiros indica a intenção de uma conversa direta, pois se fôssemos avisados antes, prepararíamos recepções e bailes para agradar o convidado, nobres tentariam impor suas influências antes mesmo que a rainha pudesse conversar com o embaixador. Então todas essas nuances na verdade indicam que o Rei Feiticeiro leva a senhora e o reino em grande estima.
— Oooh! O Rei Feiticeiro deve ser incrivelmente inteligente para planejar algo assim! – disse a rainha com um humor um pouco melhor e certo alívio.
Dentro da Grande Tumba de Nazarick, o ser supremo Ainz Ooal Gown teve a leve sensação de querer espirrar, o que era impossível para um esqueleto, já que ele não tinha nariz, ou pulmões, ou sequer respirava…
Chapter 13: Recepção e Decepção
Summary:
Sebas chega ao Reino Dracônico, como será sua recepção?
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Cap.11 para vocês.
Comentem e me ajudem a melhorar.
Com Vocês
Aquele que voltou
Capítulo 11: Recepção e decepção
Chapter Text
O representante do Reino Feiticeiro se aproximava da capital do Reino Dracônico ao final da tarde. O brilho do sol avermelhado sobre a estrutura negra dava um ar sinistro a carruagem, e seus guias não ajudavam a melhorar tal impressão.
Quando chegaram ao enorme portão da muralha que cercava a cidade, a escolta se adiantou para informar o capitão responsável pela segurança. Nesse meio tempo, um soldado magrelo saiu do posto e se dirigiu até a carruagem.
— Checagem de segurança! Peço a todos que desçam para a inspeção da carroça – disse o soldado sem prestar atenção a quem ele estava se referindo.
— Me desculpe senhor, não estou familiarizado com tais procedimentos, mas acredito que esteja havendo um equívoco, pois estamos em missão oficial. – declarou o diabrete de forma polida.
— Não me interessa quem sejam vocês, todos devem passar pela inspeção se-nhor…– dizia o soldado mal-humorado antes de parar no meio da frase, momento em que finalmente levantou os olhos do registro e viu com quem falava.
— Acredito que seja então de bom tom informá-lo que esta é a comitiva transportando o embaixador do Reino Feiticeiro, logo esta carruagem é uma extensão do próprio Reino Feiticeiro. Se o senhor chegar a tocá-la, tal toque será considerado uma invasão ao território do Rei Feiticeiro, um ato de agressão injustificado, configurando assim uma declaração de guerra. Peço ao senhor que repense suas palavras e pondere sobre suas próximas ações – discursou o diabrete enquanto o Lich e os Devoradores de Almas passaram a encarar o trêmulo soldado.
— E-Eu, eu, eu, eu… – isso foi tudo que o soldado foi capaz de dizer antes de ser derrubado por outros cinco que se jogaram sobre ele. Estes faziam parte da escolta que acompanhou a carruagem durante o dia e passaram a arrastar o soldado desavisado para dentro da guarita, de onde vieram gritos ininteligíveis.
Um outro soldado saiu da guarita, enfurecido e aparentemente muito preocupado.
— Capitão Leonis, Oficial de dia se apresentando. Lamento o incômodo passado senhor, sua presença agracia nosso reino. A segurança será garantida e sua passagem será guiada pessoalmente por mim até o palácio. Espero que tenham uma boa estadia no Reino Dracônico e novamente lamentamos o ocorrido.
— Agradecemos pela preocupação, Capitão Leonis. Nenhuma falta foi cometida intencionalmente e espero que o soldado não seja punido de forma muito rigorosa por apenas ter feito o seu serviço, mesmo que com óbvia desatenção.
— Suas palavras serão levadas em consideração senhor, e agradecemos por sua condescendência. – informou o capitão enquanto pensava em como punir o recruta que quase começou uma guerra em sua primeira semana de serviço no portão principal.
— GUARDA DE HONRA, MONTAR! ORDINÁRIO, MARCHE! – esbravejou o capitão à frente da comitiva.
A carruagem seguia pela cidade que se preparava para a noite. Todos abriam caminho para a comitiva que agora era composta por uma dezena de cavaleiros do reino que seguiam na frente e também atrás, temendo que algum desavisado confundisse novamente a carruagem com algo menor do que a realeza.
Sob as luzes das tochas que se acendiam, a carruagem parecia ainda mais sinistra. Ao avistar os animais que a puxavam, os moradores se escondiam em suas casas e lojas. Olhando através da janela, estremeciam ao perceber quem era o cocheiro e seu acompanhante, imaginando que tipo de criatura terrível se encontrava no interior do veículo, e que planos nefastos eles pretendiam executar contra a população da cidade.
Já dentro da carruagem, Tuare servia outra xícara de chá a Sebas enquanto comiam despretensiosamente pequenos biscoitinhos de limão.
— Seus biscoitos são deliciosos, Tuare.
— Muito obrigada senhor Sebas. Mas acredito que haverá uma recepção para o senhor, provavelmente com muita comida, então não há necessidade de comer esses biscoitos simples.
— Ao contrário, mesmo que haja tal recepção, eu não abriria mão de provar sua comida, mesmo por um banquete.
Tuare se manteve corada com o elogio. Ela adorava essas conversas com Sebas, pois a educação e o carinho que o mordomo lhe transmitia era sua maior recompensa, além do fato de que Sebas nunca passava dos limites.
Ela imaginava que provavelmente seu código de honra o impedia de tais atitudes, quando na verdade Sebas não tinha a mínima experiência com o sexo oposto ou sabia algo sobre relacionamentos. Tudo o que ele sabia vinha de sua programação como NPC e da semelhança que os NPCs compartilhavam com seus criadores, no caso com Touch Me, que tentava ser um exemplo de retidão e justiça. Sebas só aprendera sobre como se comportar com uma mulher durante seus estudos na Grande Biblioteca de Assurbanípal. Ainda bem que ele não chegou a ler os livros reservados na ala de Peroroncino.
Quando a Grande Tumba de Nazarick foi transportada, muita coisa se alterou com a diferença entre os mundos. Em um exemplo, o que era apenas magia convencional em Yggdrasil, no Novo Mundo se tornou uma magia de alto nível, da mesma forma que, quando os NPCs ganharam consciência neste mundo, parte de sua personalidade veio da programação de seus criadores que eram fanáticos por criar uma lore de fundo para cada personagem.
Outra parte da personalidade veio do que pode ser chamado de impressão psíquica, que é o sentimento impregnado em um objeto. Esse sentimento pode conter memórias e até personalidade, sentimentos bons geram impressões boas, sentimentos ruins geram impressões ruins, o que leva a objetos malignos, como carros assassinos, geladeiras vingativas e quadros amaldiçoados. Com os guardiões e servos de Nazarick houve algo parecido, a diferença é que agora estavam vivos.
Ao chegar à frente do palácio, o capitão da guarda passou a emitir ordens aos cavaleiros.
— GUARDA DE HONRA, ALTO! DESMOOONTAR! GUARDA DE HONRA, SENTIDO! APRESENTAAAAAR ARMAS! – esbravejou o capitão.
Apesar das janelas da carruagem serem de algum material desconhecido, completamente negras pelo lado de fora, por dentro eram transparentes, permitindo assim que os passageiros desfrutassem da paisagem.
— 'Melhor' – pensou Sebas ao ver as guarnições tomarem posição. Em comparação com a guarda que os escoltou pela estrada e a que os recebeu nos portões, essa estava em outro nível. Bem alimentados, bem equipados e bem treinados, os soldados demonstravam disciplina e controle. Nada comparável com Nazarick ou mesmo com a guarda humana em E-Rantel, mas com um padrão um pouco melhor do que eles tinham visto até agora no Reino Dracônico.
O diabrete vestido de cavalariço desceu e se posicionou ao lado para abrir a porta da carruagem.
Dentro do palácio, uma legião de nobres aguardava a chegada do embaixador, todos apreensivos com a misteriosa figura, contudo, ninguém estava mais nervosa do que a própria rainha. Agradar o embaixador e ganhar as graças do Rei Feiticeiro era imprescindível, pois sem isso, em vez de destruir os exércitos dos homens-fera, quem acabaria aniquilado provavelmente seria o Reino Dracônico, e a rainha pretendia fazer de tudo para que fosse a primeira opção a acontecer.
Quando o arauto anunciou a chegada do embaixador do Reino Feiticeiro, todos prenderam a respiração. Quando as portas se abriram, os corações foram a mil – quem seria o embaixador? Como ele seria? Que tipo de monstro enviaram para “devorar” o reino!?
À frente do grupo estava Sebas, seguido por Tuare. Os nobres esticavam o pescoço para tentar ver o embaixador que deveria, por algum costume estranho, estar vindo atrás.
O Mordomo de Nazarick seguiu até o pé da escada, mantendo a sua postura régia habitual. Ao se aproximar, fez uma mesura e se apresentou.
— Eu sou o Embaixador Sebas Tian, na função de emissário oficial do Reino Feiticeiro. É um prazer estar na presença de Vossa Graça Rainha Draudillon Oriculus.
— Eh!? – a rainha foi capaz de dizer.
Momentos constrangedores se passaram. A surpresa de que o embaixador era humano pegou todos desprevenidos, e até mesmo a rainha parecia desconcertada.
O silêncio na sala do trono era total e ninguém se atrevia a emitir um único som, até que o Primeiro-Ministro tomou a frente.
— Bem-vindo ao Reino Dracônico Lord Sebas Tian, estamos felizes que tenha feito uma boa viagem. – articulou o Primeiro-Ministro.
— Obrigado pela atenção, senhor Primeiro-Ministro, mas não há necessidade de me chamar de Lord, afinal não sou um nobre, apenas um humilde servo de Sua Majestade, o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown.
O burburinho se tornou geral, cochichos e até mesmo palavras começaram a se elevar, nenhum dos nobres estava contente.
— Não é um nobre… Apenas um servo… Que humilhação… – sussurravam todos.
A Rainha Draudillon olhava fixamente para Sebas. Os presentes acreditavam que ela também estava indignada, pois ainda não tinha palavras, mas o seu silêncio era por outro motivo. Ela sabia, ela sentia, ela pôde sentir assim que a porta da carruagem foi aberta, aquilo deveria ser muito encantado para suprimir tal sensação.
– 'Tolos!'– ela pensou – 'Somos todos tolos!' – A rainha compreendia que em sua frente não havia um homem, mas uma criatura que ninguém no reino jamais tinha visto, e mesmo ela raramente encontrara um. Em sua frente, fazendo uma reverência, estava um Dragon Lord.
Chapter 14: Double Dragon
Summary:
Sebas terá seu primeiro contato com a Rainha Draudellion, será que se darão bem?
Notes:
Olá Seguidores da Justiça e Pergaminhos, Mr. Bones trazendo o capitulo 12.
Alguns desses capítulos estão ficando muito longos pra mim, culpa de escrever sobre Sebas kkkkk.
Comentários e correções são bem vindos, obrigado.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 12: Double Dragon
Chapter Text
Todos os dragões emitem uma aura característica que só é sentida por sua própria raça, variando de intensidade de acordo com a força do dragão: quanto mais forte a aura, mais forte a criatura que a emite. Diferente dos magos e magic casters, que se baseavam em mana, a aura dos dragões vinha de seu poder bruto.
Sebas emitia um poder avassalador se comparado com outros dragões, mas, ironicamente, ele não sabia disso. Somente dragões que conviviam entre si possuíam esse conhecimento inerente, porém Sebas raramente encontrou outro dragão no Novo Mundo - os Frost Dragons, por estarem subjugados, não emitiam essa sensação, já Hejinmal era molenga demais para algo assim, e os dragões invocados em Nazarick não possuíam tal aura, deixando Sebas completamente inexperiente nessa área.
Enquanto fitava Sebas, a rainha cravava os dedos no trono, que já teria se esmigalhado se não fosse de metal. Não sabia o porquê, mas sua mente dizia que ele era muito mais forte do que ela, aflorando um instinto primitivo de saltar no mordomo e morder o seu pescoço. Com décadas de vida, era a primeira vez que a Rainha se sentia atraída por alguém.
Finalmente, a rainha em forma de criança quebrou o burburinho que se elevava.
- Seja bem-vindo, Lord Sebas! É imenso o prazer de receber um enviado do Reino Feiticeiro. Como dignatário, o senhor será tratado com toda a pompa e circunstância que tal título acompanha - disse a rainha, enfatizando os pontos necessários para calar a multidão.
- Sinto-me honrado, Vossa Majestade. Minha comitiva e eu agradecemos por sua hospitalidade.
- Nós que agradecemos por sua visita, Lord Sebas. E para expressar esse sentimento, preparamos uma pequena recepção para o senhor, ou talvez prefira descansar após a longa viagem.
- De forma alguma, Vossa Majestade, apreciaremos muito tal recepção.
- Por favor, então que todos aproveitem.
Assim, os nobres logo se dirigiram até o salão de festas do palácio, onde música, comida e bebida estavam à disposição dos convidados. O que se seguiu então foi uma série interminável de apresentações.
Após o choque inicial, foi muito fácil para os nobres enxergarem a possibilidade de atrair a atenção do embaixador. Muitos já haviam pensado em aproveitar a chance de conseguir a graça do Reino Feiticeiro, e apesar de seus medos de que o embaixador fosse algum tipo de criatura morta-viva, a maioria levou suas filhas mais dotadas para recepção, afinal nunca se sabe o que a presença feminina poderia despertar.
Entre apresentações, leves bajulações e constrangedoras insinuações das filhas dos nobres, Tuare e o valete diabrete se mantiveram afastados, já que os dois membros da comitiva supostamente estavam ali apenas para atender o embaixador. Se não fosse por sua cor vermelha, o diabrete facilmente se passaria por um jovem cavalariço, pois trajava um smoking completo e cartola, enquanto Tuare, com seu vestido de empregada, não poderia ser diferenciada das outras serviçais do palácio.
Com o decorrer da festa, Sebas acabou cercado por nobres que tentavam exaltar suas importâncias, o porquê de serem indispensáveis e como poderiam contribuir para a melhoria das relações entre os reinos. Em determinado momento, um nobre se aproximou de Tuare, que acabara se afastando.
- Você que está parada, vá buscar mais vinho! - ordenou o nobre visivelmente embriagado.
Percebendo o engano, Tuare estava prestes a informar o nobre de que não fazia parte do grupo de empregadas do palácio, e o diabrete se preparou para intervir, mas não foi necessário.
O nobre começou a tremer e a suar quando sentiu a presença em suas costas, presença essa também sentida por todo o salão. Então uma voz diplomática, porém firme, pôde ser ouvida.
- Tuare, por favor, fique perto de mim. E quanto ao senhor, acredito que uma das empregadas do palácio pode lhe servir, com licença.
Um fantasma de sorriso passou pelo rosto de Tuare.
Após o ocorrido, o nobre precisou ser retirado do recinto, já que suas pernas pararam de funcionar e o cheiro que vinha de suas calças poderia começar a incomodar os outros convidados.
Ninguém mais ousou se aproximar dos assistentes do embaixador até que, algumas horas depois, um pajem se dirigiu a Sebas.
- Lamento incomodá-lo, Lord Sebas, mas sua Majestade a Rainha deseja falar com o senhor.
- Por favor, mostre o caminho.
Tudo isso fazia parte do protocolo para receber pessoas influentes, um sistema extremamente complicado de auto-adulação e exibicionismo por parte dos nobres para poderem demonstrar o que consideravam seu poder, sem ter a mínima ideia de que nada disso impressionava Sebas, já que tudo em Nazarick era maior e melhor.
Ao chegarem em frente à porta do salão reservado, Tuare e o diabrete se mantiveram ao lado, enquanto Sebas adentrou.
- Boa noite senhor embaixador, espero que esteja aproveitando a recepção. Nos próximos dias, o senhor provavelmente será convidado para várias outras, pelo que pude saber dos nobres.
- Boa noite, Vossa Majestade. Sim, a recepção tem sido agradável.
- Fico feliz em saber disso, Lord Sebas. O senhor gostaria de sentar? Assim poderemos conversar mais confortavelmente.
- Seria extremamente rude de minha parte, Vossa Majestade.
- Deixe disso senhor embaixador, dessa forma estaremos mais à vontade - disse a Rainha com voz infantil.
- Se assim deseja, Vossa Majestade.
- Por favor, me conte sobre o Reino Feiticeiro. Como o senhor sabe, recebemos poucas notícias de além das nossas fronteiras - a rainha parecia uma criança genuinamente curiosa.
- Alguns comerciantes chegam até nós com notícias, apesar de nossos mensageiros aparentemente não chegarem aos seus destinos - disse a rainha abaixando os olhos, como se lamentasse que todos os mensageiros haviam sido comidos. Os homens-fera obviamente deixavam pessoas entrarem no Reino, afinal assim tinham mais comida, mas sair era outra história.
- Sim, sentimos em não poder nos apresentar antes. O Reino Feiticeiro, como a Vossa Majestade imagina, vem se estruturando no último ano e criando relações com os outros reinos na medida em que nossos interesses vão se manifestando.
- Desde que Reino Feiticeiro foi fundado vossa Majestade, nossas obrigações têm se mostrado inúmeras: reestruturar a capital, acomodar as novas raças, estabelecer vínculos fortes com os vizinhos, apaziguar as Planícies Katze... mas os desafios estão sendo facilmente abordados.
- Nós particularmente agradecemos por esta última parte! Sem o perigo eminente que vinha das Planícies, nós pudemos nos concentrar em uma única frente, talvez por isso ainda estejamos aqui - disse a rainha curvando levemente a cabeça.
- Nós apenas agimos no melhor interesse para nossa população, Vossa Majestade, mas estamos contentes que nossas ações tenham auxiliado alguém, mesmo que indiretamente, e esperamos ajudar mais ainda, como temos feito com nossos vizinhos.
- Veja, Vossa Majestade, com o aumento do comércio vindo do Reino Anão, nossa base de infraestrutura tem aumentado consideravelmente, e é por isso que estamos aqui no Reino Dracônico, para que possamos estabelecer um novo vínculo de comércio e troca cultural.
- Como Vossa Majestade deve saber, o Rei Feiticeiro precisou recentemente prestar ajuda ao Reino Santo por conta da invasão demoníaca, e ainda hoje eles sofrem com uma guerra civil por isso novamente pedimos desculpas pela demora em nos apresentarmos corretamente.
- Oh! De jeito algum, Senhor Embaixador! Sua chegada veio na melhor hora possível! E sobre essa guerra no Reino Santo, espero que ela termine logo para o bem de seus cidadãos! Mas pelo que eu saiba, eles ainda estão sob ataque dos demi-humanos de Abellions Hill.
- Não, em absoluto, hoje Abellions Hill está sob o comando do Reino Feiticeiro e já estabeleceu várias cidades de convívio demi-humano. É tão interessante ver o quanto uma sociedade pode progredir com uma boa gerência.
- Mas também ouvi falar do que aconteceu em Re-Estize, Senhor Embaixador. Tudo aquilo é verdade?
- Lamento dizer, mas o Reino de Re-Estize não existe mais e sua capital desapareceu. Um ato de agressão levou a uma decisão pelo fim do reino, a corrupção andava de forma desenfreada, os nobres exploravam seus súditos e a Coroa não era mais capaz de resolver seus próprios problemas. Quando tal situação ameaçou a soberania de nosso reino, o Rei Feiticeiro se viu obrigado a demonstrar o limite até onde alguém poderia abusar de sua complacência.
- É muito triste saber que tantas vidas foram perdidas pela incompetência de seus governantes. Esperamos nos mostrar mais dignos de sua atenção, Lord Sebas... mas devido ao adiantado da hora, o senhor deve querer descansar, amanhã poderemos conversar novamente.
- Uma boa noite para Vossa Majestade e aguardo ansiosamente pelo nosso próximo encontro - afirmou Sebas, abaixando a cabeça antes de se retirar.
Após a saída de Sebas, o primeiro-ministro se virou para a rainha.
- Então, parece que nos achamos em uma situação complicada.
- Direto ao ponto, como sempre senhor Primeiro-Ministro. Sim, muitas questões se apresentam, por isso chamei o embaixador até aqui antes que alguma facção nobre o monopolizasse - disse a rainha mudando a sua postura.
O que antes parecia uma criança com um cargo importante tentando dar o seu melhor para se portar como adulta, agora era uma mulher falando com toda a autoridade e experiência de décadas de governo. Sua forma infantil servia apenas para desarmar os nobres e para ser menosprezada por seus adversários, sendo que poucos sabiam que essa não era sua verdadeira aparência. Imaginavam que ela, por ser descendente de dragões, apenas envelhecia muito devagar, o que era verdade em parte, mas não tanto quanto pensavam.
Com o uso de magia de dragão, Draudillon Oriculus podia alterar a aparência a seu bel-prazer, e apesar de não ter ficado mais velha, sua fala se tornou a de uma adulta.
- Gostaria de saber de antemão qual é opinião do Rei Feiticeiro sobre nós - falou a rainha enquanto o Primeiro ministro fez um som estranho olhando para ela.
- Deixe disso, todos esses rodopios em volta da questão me cansam! - falou a rainha com uma aspereza não característica da idade. O primeiro-ministro apenas revirou os olhos.
- Como Vossa Majestade quiser. Acredito que o embaixador está aqui para conhecer o reino, seu povo, sua cultura e também para avaliar nossa economia e capacidade militar diante da atual situação com a invasão dos homens-fera.
- Ou seja, ele está aqui para saber se vale a pena sermos salvos.
- Como Vossa Majestade sabe, existe um limite até onde um reino pode se autossustentar. Se as agressões que sofremos forem tantas a ponto de enfraquecer a nossa infraestrutura econômica, não importa se o exército dos homens-fera sumisse amanhã, o reino entraria em colapso e simplesmente não faria sentido o Reino Feiticeiro continuar aplicando recursos nesse local. Seria mais simples esperar a tomada total do reino e após isso expulsar os homens-fera e recomeçar a repovoar do zero.
- O que todo bom governante busca é a maior vantagem possível para desenvolver o seu reino e em contrapartida elevar seus aliados senhor Primeiro-Ministro. No império Baharuth, a vassalagem se mostrou eficiente e agora os dois compartilham dos benefícios que um deles alcança. Já no Reino Anão, uma sociedade quase em colapso pôde ser trazida de volta com a intervenção certa, e o lucro vindo disso é incalculável, considerando que agora o Reino Feiticeiro possui tecnologias runicas nunca antes vistas por conta da arte anã.
- Sim, pelo que o embaixador contou Vossa Majestade, podemos ver o que aconteceu nos dois outros reinos de forma distinta. No Reino Santo, o Rei Feiticeiro estabeleceu uma situação diplomática única, com interesses específicos, e após a derrota de Jaldabaoth não houve mais intervenções. Mas o apoio do Reino Feiticeiro ao governo do norte é eminente, a vantagem estratégica com a tomada de Abellions Hills é obvia e até mesmo uma nova religião surgiu, clamando a divindade do Rei Feiticeiro.
- Já em contrapartida - acrescentou o primeiro-ministro - em Re-Estize aconteceu o oposto. Eles também estavam a ponto de uma guerra civil, mas não havia vantagem em manter aquele governo, então com um simples ato de agressão da parte deles o Reino Feiticeiro teve a justificativa para limpar o terreno e começar sua nova expansão.
- Exatamente, senhor Primeiro-Ministro, o Rei Feiticeiro demonstrou como ele pode ser generoso e terrível ao mesmo tempo. Precisamos mostrar o nosso valor, ou seremos o próximo Re-Estize.
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Ufa! Que capitulo dificil de escrever, manter o personagens educados e com a pompa certa foi um pesadelo, em determinado momento entrei em uma espiral de "por favor", "obrigado" e educação sem fim que quase enlouqueci kkkkkkkkkkkkkk!!!
Chapter 15: O Que é o Amor?
Summary:
Nesta parte saberemos um pouco mais sobre Tuare e teremos uma participação especial.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones com o capítulo 13 da minha Fanfic.
Se houver erros me ajudem a melhorar, comentários e correções são bem vindos. Obrigado.
Com vocês
El que Volvio
Capítulo 13: O que é o amor?
Chapter Text
Por todo o tempo que Sebas ficou na audiência com a Rainha, Tuare se manteve ao lado da porta junto com o valete, aguardando. Muitos serviçais passavam pelo corredor e às vezes era possível ouvir que falavam sobre o embaixador.
As pessoas possuem a tendência de não perceber o que acontece à sua volta, já que o ambiente comum e sem perigo leva ao ponto de relaxamento. Por sua vez, aventureiros possuem um nível de atenção muito maior devido à natureza de seu trabalho - o risco de morte por uma desatenção é grande. Da mesma forma, na Grande Tumba de Nazarick, o lugar mais perigoso no Novo Mundo para um humano, qualquer deslize pode significar morte, mas Tuare já estava acostumada, não só por causa da exposição a tais perigos, mas também pelo seu treinamento.
Umas das qualidades mais prezadas na Tumba é a excelência, ou seja, fazer o seu melhor serviço o tempo todo o máximo possível. Tuare foi treinada para isso, e mesmo o ser humano pode ser ensinado a ser 100% eficiente com as ferramentas e motivação certa.
Aqui neste palácio humano, onde os maiores perigos eram as maquinações mundanas, os sentidos de Tuare podiam perceber conversas a dezenas de metros de distância: ela podia ouvir as empregadas cochicharem sobre como o embaixador era bonito, se era casado ou sobre qual família conseguiria chamar sua atenção com uma de suas filhas.
Em E-Rantel, enquanto passeava com Sebas, Tuare percebia também essas conversas, mas num tom mais respeitoso. Por estarem sempre na companhia um do outro em seus momentos de folga, as pessoas sabiam que havia um relacionamento entre eles, além disso, Tuare detinha um cargo importante na mansão do Rei Feiticeiro. Mas aqui... aqui ela era apenas uma empregada acompanhando seu mestre.
Mestre, companheiro, namorado, afinal o que eles eram? Tuare às vezes se pegava pensando nisso, qual era o seu relacionamento com Sebas?
Ela era a namorada dele? Pois passeavam juntos, comiam juntos, andavam de mãos dadas pela cidade e às vezes se beijavam em locais discretos, mas nunca houve uma conversa, sobre isso, simplesmente surgiu depois que ela foi salva, duas vezes, por Sebas. Na verdade, quem tomou a iniciativa de beijá-lo foi ela. Será que ele sentia a mesma coisa que ela ou apenas se sentia na obrigação de corresponder a uma ilusão que ela mesma criou?
Ela era sua companheira? Pois eles repartiam seu tempo juntos e muitas coisas levavam a conversas onde as decisões de Sebas eram ponderadas pelas ideias dela. Isso é companheirismo, não é? Há amor nisso?
Ela era a serviçal que seguia seu mestre? Ela era uma empregada, mas será que ela seria somente isso, alguém que estava ali para servir Sebas em todos os seus desejos, afinal, por ter tido sua vida salva por ele, ela estava em dívida. Por que então não usufruir disso o máximo possível, mesmo que eles talvez nunca se tornassem íntimos em uma cama?
Olhando para si mesma, Tuare percebia o quanto era deficiente no quesito atração quando comparada às outras mulheres. As empregadas homúnculos podiam ser descritas como perfeitas, todas eram diferentes umas das outras, mas o charme de cada uma era inegável. Em E-Rantel, mulheres nobres com muito mais prestígio em seu dedo mínimo circulavam nas ruas. Aqui, as filhas mais voluptuosas do reino se mostravam disponíveis, e agora até a rainha estava em uma conversa privada com Sebas.
Em contrapartida, Tuare não era mais tão jovem, seu jeito era simples, apesar de seus modos terem sido refinados à perfeição para o padrão humano, e o seu passado era horrível. Quem poderia querer algo com ela?
Esses pensamentos intrusivos surgiam de vez em quando, achar que não era o suficiente ou que apenas tinham pena dela, até mesmo questionar o seu amor por Sebas. Ela realmente amava ele? Talvez tudo não passava de admiração ou algum tipo de obrigação mental de servir a quem tinha lhe salvado.
Então, ela estava apaixonada ou apenas admirava muito seu salvador? Quando esses pensamentos apareciam, ela se lembrava da melhor resposta que pôde obter de si mesma, e essa resposta veio com a ajuda de um lugar inesperado, do Lord Demiurge.
Poucas semanas após passar pelo treinamento mínimo exigido pela Senhora Yuri Alfa e começar o serviço na Grande Tumba, Tuare foi convocada para limpar no andar do arquidemônio. As empregadas ficaram em polvorosa, pois raramente alguém ia lá, os serviços eram realizados pelas convocações do Lord Demiurge. Várias empregadas se reuniram para preparar Tuare, lhe trazendo anéis de sustento e resistência - essa foi a primeira vez que as empregadas homúnculos pareciam se solidarizar com a humana, mostrando um nível de preocupação visível.
Ao chegar no andar que se parecia com uma caverna vulcânica, Tuare foi escoltada por um demônio com a aparência de um homem extremamente belo, com chifres e asas de morcego. Passaram por criaturas vindas de locais abissais, os horrores lançavam olhares para a humana, e ao chegarem a um enorme prédio, ela foi recebida por outro demônio: este tinha a forma de uma mulher que gritava, em todos os sentidos, luxúria: lábios que fariam um homem se derreter, seios enormes, quadris sedutores e roupas mínimas. O ser demoníaco a levou por corredores labirínticos, onde em cada sala que passavam algo indescritível estava sendo executado, seguiram então até o que seria o escritório do guardião do andar.
O arquidemônio estava sentado atrás de sua mesa, parecendo aguardar a chegada da empregada, com largo um sorriso a cumprimentou.
- Bem-vinda. Gostaria que você realizasse a limpeza desta sala.
- Um bom dia para o senhor, Lord Demiurge. Começarei imediatamente.
Os equipamentos de limpeza já estavam ali à disposição da humana, e estranhamente, o local parecia impecável, o que não impediu que Tuare fizesse todo o serviço de limpeza novamente. Enquanto ela trabalhava, o guardião mantinha seus olhos em cima dela, até que veio a pergunta.
- Como você tem passado, gostando da estadia?
- M-Muito bem, obrigada, Lord Demiurge. Os dias são atarefados e todos estão sendo muito cortêses, mas acredito que ainda precisarei me esforçar muito para chegar perto das habilidades das outras empregadas.
- Claro que sim, afinal há limites para o que um humano pode realizar, não é?
- Como o senhor disse. Mas, mesmo assim, me empenharei ao máximo para que possa servir aqui.
- Essa é uma atitude louvável, pois não há maior honra do que servir ao Rei Feiticeiro.
- Acredito que seja, ma-... Lamento, Lord Demiurge, não deveria expressar meus pensamentos sem sua autorização.
- Por favor, não pare agora. Gostaria muito de saber sua opinião sobre nós.
Tuare engoliu em seco. Ela estava de costas para o arquidemônio, mas podia sentir um misto de hostilidade e malícia que vinha dele, na verdade, de todos que estavam neste andar. Na maioria do tempo na Tumba, o que ela sentia era indiferença, mas aqui a sensação era de que queriam ela para o jantar, e não da forma boa.
Ela ponderou suas palavras, respirou fundo e falou.
- A-Acho que todos na Grande Tumba de Nazarick estão apaixonados.
- Apaixonados? - isso foi estranho até para Demiurge. Amor, vindo de um demônio! - Explique.
- Acho que todos que aqui habitam amam a Grande Tumba de Nazarick e o Rei Feiticeiro - Tuare era uma mulher simples, nunca teve muito estudo, seus pensamentos e forma de falar apenas agora estavam se desenvolvendo, graças às aulas de Sebas e Yuri Alfa, mas ainda era difícil pôr em palavras o que ela queria dizer.
- Não é normal amar o seu governante supremo?
- Não no nível dos habitantes daqui, Lord Demiurge. Se me permite explicar, acho que a dedicação aqui vista não pode ser encontrada em lugar nenhum e só pode ser considerada como amor, puro e incondicional.
- Se alguém se dedica a um serviço por mera obrigação, isso seria servidão. Se fossem seguir alguém pelo seu poder, seria apenas por interesse. - Tuare continuava - Se o significado dela for pessoal, como adorar a um deus, seria devoção. E se você sacrificar tudo por essa pessoa o tempo todo, seria martírio.
- Mas não é o que acontece aqui. Todos se dedicam o tempo todo a fazer o seu melhor para a prosperidade da Grande Tumba e do Rei Feiticeiro, competindo entre si, mas também se apoiando para o bem comum - falava Tuare, tentando usar o máximo de educação e as novas palavras que havia aprendido recentemente.
- Então não seríamos diferentes das opções que você disse antes, seriamos apenas fanáticos - apontou o arquidemônio com óbvio desgosto.
- I-Isso seria verdade se o Rei Feiticeiro não fosse quem ele é. Nas poucas semanas em que estou trabalhando aqui, eu vi como ele cumprimenta as empregadas quando passam pelo corredor, como demônios são tratados com respeito ao encontrarem com ele, e como as criaturas frágeis do sexto andar são protegidas pela mão de seu senhor - Tuare respirou fundo antes de proferir as próximas palavras.
- Aqui está a diferença: todos recebem amor e gratidão do Rei Feiticeiro em retorno à sua dedicação. Eu ainda não estou pronta para servi-lo diretamente em seu escritório, mas a maior queixa que parece vir das empregadas é de que tirarei uma parte infinitesimal de seu tempo e atenção com o Rei Feiticeiro. Se isso não é amor, como posso chamar?
- Um amor que é dedicado ao nosso senhor, inclusive por Sebas - disse Demiurge.
- Sim, o amor do Senhor Sebas para a Grande Tumba é inquestionável. Por isso mesmo que preciso me esforçar para ser aceita como parte de Nazarick, assim também farei parte desse amor.
- O senhor disse que sou apenas humana, e é verdade, nunca poderei me comparar às outras empregadas de Nazarick, mas não é isso que importa, não importa se você é apenas uma convocação ou um grande guardião, contanto que façamos o nosso melhor, nosso senhor nos amará da mesma forma.
Tuare nem havia percebido que chamara a Grande Tumba de jeito tão informal ou que se referira ao Rei Feiticeiro como seu mestre, mas Demiurge percebeu.
Ele também percebeu que Tuare não havia demonstrado interesse no Incubus ou na Succubus que a acompanharam, ou que tivesse pensamentos preconceituosos por todos os demônios por onde passou, medo, talvez. Ela nem mesmo vacilou ao passar pelas salas onde torturas estavam sendo aplicadas em outros humanos. Sua vontade e resolução estavam focadas em ser aceita na Tumba.
O arquidemônio procurava uma falha que justificasse a retirada da proteção de seu senhor, mas tudo que recebeu foi um presente inesperado: a noção de que eram amados por seu mestre, pois isso era perceptível até para a humana.
Demiurge agradeceu pelo serviço e dispensou Tuare para se retirar. No caminho de volta, a sensação de desprezo que sentiu ao entrar havia diminuído a ponto de quase desaparecer. Na verdade, ela até foi cumprimentada ao passar por demônios que usavam tridentes para enfiar algo em uma cratera fumegante. Aparentemente, todos eram convocações do Lord Demiurge, logo compartilhavam de sua opinião, o que para Tuare significava que ela havia passado pelo teste do guardião.
Ela nunca contou isso a Sebas, mas talvez compartilhasse o acontecido algum dia, pois se lembrava disso com carinho. Foi ali que ela percebeu que os servos da Grande Tumba podiam amar e que podiam mudar de ideia sobre certas coisas. Talvez Sebas nunca a amasse como amava Nazarick, mas ela esperava que pudesse algum dia amá-la como mulher.
Logo que Sebas saiu da audiência com a Rainha, os três seguiram para suas acomodações. O quarto de Tuare e do valete ficavam em lados opostos, ligados por portas internas ao de Sebas. Ao chegarem lá, se dirigiram para os seus cômodos.
- Tuare, por favor, fique. Gostaria que você me fizesse companhia mais um pouco.
- Claro, Senhor Sebas, o Senhor provavelmente quer discutir sobre... aquele assunto.
- Não, de jeito algum. Gostaria apenas de ficar um pouco mais com você.
Tuare então abriu um verdadeiro sorriso de felicidade.
Chapter 16: Mais Sorte que Juízo
Summary:
Sebas e Tuare encontram talvez os dois humanos mais... peculiares de todo o Novo Mundo.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o capitulo 14 de minha fanfic.
Comentários e correções são bem vindos. Obrigado.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 14: Mais sorte que juízo
Chapter Text
As semanas que se seguiram foram cheias de movimentação. Durante o dia, Sebas visitava fábricas, comércios e repartições, já que como agente oficial do Reino Feiticeiro, ele solicitou que a vistoria das atividades ocorresse in loco. Já à noite, o mordomo frequentava festas promovidas pelos nobres.
Nesse meio tempo, quem fazia o papel de espiã era Tuare. Usando a mesma desculpa que Solution, ela dizia procurar pelo irmão perdido da maneira mais aberta possível, na verdade foi até mesmo solicitada permissão para isso, pois se tentasse encobrir o que fazia, com certeza a escolta relataria tal atitude. Ela perguntava à criadagem e aos comerciantes, enquanto Sebas tratava de realmente analisar a infraestrutura do Reino Dracônico.
Após quase um mês, foi possível perceber que os habitantes da capital provavelmente estavam em melhores condições que as cidades e vilas vizinhas. Com uma estrutura bem organizada e os estoques de comida abastecidos pela produção local, a cidade poderia se autossustentar por anos. Seus moradores compartilhavam a opinião de que a situação confortável era graças aos esforços da Rainha em manter os impostos baixos, o fornecimento de comida aos menos afortunados e o uso de aventureiros nas batalhas.
Já os nobres não gostavam muito de serem taxados para bancar tudo isso e talvez essa fosse a maior queixa contra a realeza, fora o fato de não conseguirem se livrar do avanço dos homens-fera.
O tempo estava acabando, pois mesmo uma missão oficial entre os reinos tinha um prazo a cumprir. O embaixador não poderia se manter indefinidamente sem estabelecer uma embaixada oficial, a qual só seria criada depois de assinarem inúmeros tratados que somente seriam lidos após o retorno ao Reino Feiticeiro, e quase não haviam mais desculpas para se manter no Reino Dracônico.
Tudo já havia sido verificado, mas os nobres ainda tinham a intenção de manter o embaixador entretido e satisfeito. Assim, quando Sebas informou que essa seria a sua última semana de estadia, todos se prepararam para uma última tentativa de... Ahan! Puxar o máximo possível o saco do embaixador.
A missão, em parte, estava falhando, e Sebas começou a ficar preocupado. Eles não haviam conseguido nenhuma informação acerca do viajante, visto que aqui ele pareceu tomar uma atitude muito mais contida, e mesmo os hanzos colocados para vasculhar a capital não localizaram ninguém com a descrição fornecida. Isso só significava que ele não estava mais ali, mas poderia ter estado meses atrás.
Uma das últimas partes a serem vistas por Sebas foi as muralhas. Essa também era a melhor oportunidade de se obter informações sobre o viajante, já que poucas pessoas vinham à capital, somente comerciantes bem protegidos ou refugiados chegavam ali, esses últimos em quantidade ínfima, pois os homens-fera não costumavam deixar vítimas escaparem.
Sempre durante as visitas, o embaixador estava acompanhado por nobres, mas mesmo eles acabaram se cansando depois de tantos relatórios chatos. Assim, na última semana, Sebas seguia apenas com Tuare e uma escolta específica para aquele dia.
Quando se dirigiam até a entrada principal, Sebas foi informado pela sua escolta de que as guarnições nas muralhas trabalhavam em turnos, se revezando nos portões e muralhas. Das quatro guarnições existentes, apenas uma estava de folga, e se não conseguissem informações das três restantes, seria difícil obter da última sem levantar suspeitas.
Ao chegarem no portão principal, foram recebidos pelo Capitão da Guarda, o qual passou um relatório simples sobre o funcionamento das guarnições. Enquanto Sebas estava ocupado, Tuare passou a fazer sua parte investigativa, mostrando para os guardas o retrato de seu irmão perdido e fazendo perguntas simples, mas ninguém reconheceu o viajante. Faltavam ainda os guardas nas muralhas.
Seguindo com tour, passaram a caminhar sobre as grandes muralhas, com o capitão exaltando como eram defensáveis. Tuare seguia abordando os vigias, que não eram muitos, então seria rápido, se não fosse a distância que teriam que percorrer ao redor da cidade. Na metade do caminho, um guarda rechonchudo reconheceu o retrato.
- Sim, eu vi esse camarada uns sete meses atrás. Não lembro o nome dele. - então o guarda se virou e gritou para o companheiro a quase uma centena de metros que montava vigia em outro ponto.
- EI, SKULL!
Sem resposta.
- EEEEII! SKUUUULL!
- O QUE TU QUER, BULK!? - gritou estridentemente o guarda magrelo.
- VOCÊ LEMBRA DE UM CARA QUE VEIO AQUI UNS MESES ATRÁS!?
- O QUEE?
- VO-CÊ LEM-BRA DE UM CA-RA QUE SAIU COM A GEN-TE UNS MESES A-TRÁÁÁS!?
- QUEM?!
- O TAGARELA!
- O QUE?
- OO TA-GA-RE-LA!
- SIM!
- QUAL O NOME DELE!?
- HÃ?
- O NO-ME DE-...
- PELOS OSSOS DO SUPREMO, PEÇA PRA ELE VIR ATÉ AQUI! - gritou Tuare entre os dentes ao perder completamente a paciência com os dois guardas idiotas. Se houvesse alguém que não sabia que ela estava fazendo perguntas antes, agora metade da cidade estava ciente de tal fato. Ela tinha vontade de jogar os dois guardas de cima da muralha, torcendo que algum homem-besta estivesse esperando pra pegá-los.
- Oi, o que você quer Bulk? - disse o guarda magrelo ao chegar.
- Você lembra o nome do tagarela, acho que era estrangeiro, Jor alguma coisa?
- Jorge, o nome dele era San Jorge, nome esquisito, cara esquisito.
- Interessante... - disse Sebas ao se aproximar após escutar os gritos dos guardas. Por sorte, o capitão que os acompanhava era bastante velho, escutava mal e precisou retornar ao portão principal.
- Que susto senhor, de onde o senhor veio! - disseram quase juntos os dois guardas se abraçando e logo depois tomando uma posição quase... eu disse QUASE defensiva.
- Me desculpem, sou Sebas Tian, estou acompanhando a dama. Vocês disseram que já tinham visto esta pessoa?
- Sim, nós vimos, foi há uns sete meses, não é Skull? Isso, sete messes atrás.
- Vocês se importariam de contar como foi? - perguntou Tuare de forma mais calma.
- Ora, pra senhorita, claro que não! - disse Bulk, que parecia ser o "cérebro" da dupla.
- Bem, como eu disse, foi há uns sete messes. A gente estava de guarda no portão mais longe, o que fica sempre trancado, então a gente resolveu sair para dar uma olhada em volta.
- Fazer uma ronda de rotina - completou Skull - avaliar os arredores.
- Foi quando a porta fechou atrás da gente, o vento deve ter empurrado ela. A gente tentou chamar os nossos colegas do lado de dentro, mas acho que eles tinham ido fazer algo.
- Checagem de perímetro interno - interrompeu novamente Skull.
- 'Acho que eles foram trancados pra fora pelos colegas. Conheço eles a menos de cinco minutos e já quero estrangular os dois, eles simplesmente estão contando como são incrivelmente incompetentes!' - Tuare pensava enquanto tentava manter um sorriso.
- Oh! Que coisa, vocês devem ser muito corajosos para ficarem do lado de fora das muralhas até alguém abrir, com todos esses homens-fera por aí - disse Tuare de forma estranha para ela.
- Ah bem! A gente tenta, né? Então resolvemos seguir com a patrulha até o outro portão, no meio do caminho a gente viu aquele cara vindo da direção do deserto, tipo direto das terras dos homens-fera.
- Sim, era estranho. Mesmo de dia ninguém vai ou vem de lá sem uma patrulha. Os guardas das muralhas ficam sempre de olho, mas ninguém reparou nele, acho que eram as roupas, todas claras, como se tivesse camuflado para o deserto - esclareceu Skull, mudando a opinião de Tuare sobre quem seria o "cérebro" dos dois.
- Então a gente abordou ele. Sabe, existem povos lagartos, então por que não um povo camaleão? Se ele fosse um homem-fera disfarçado, a gente foi checar.
- 'Não é bem assim que mimetismo funciona, no máximo seria camuflagem' - pensou Sebas, deixando pra lá a ideia de um homem lagarto doppelgänger.
- Então eu falei...
- A gen-te falou...
- A geeeente falou: "Alto! Quem vem lá?".
- Ele respondeu: "Olá! Sou um viajante e gostaria de descansar em sua cidade".
- "Qual o seu nome, de onde você vem, e para onde vai?" A gente perguntou.
- "Meu nome é Jorge" - ele falou - "San Jorge, e eu venho de lá e estou indo para lá" - ele disse apontando primeiro para onde deveria ser a Teocracia e depois apontou para outra direção onde deveria ser o Império.
- Foi quando a gente viu a uma centena de metros por entre uma pilha grande de rochas a cauda de um homem-besta se esconder.
- Deveria ser uma patrulha deles, mas tão perto a gente nunca viu.
- 'Provavelmente eles estavam ali o dia todo observando o tempo da ronda dos guardas e quantos eram, informações cruciais para uma invasão. Deveriam estar esperando o anoitecer para ir embora e levar de bandeja a frequência das patrulhas do Reino Dracônico' - pensava Sebas, analisando os perigos que o povo da cidade estava passando sem saber.
- Então a gente deu o alarme, tocamos as cornetas até que alguém na muralha também viu os homens-fera nas rochas. Em seguida, um pelotão veio a galope do portão mais próximo e acabou com eles, eram todos homens-leões, mas diferentes, sem juba, pardos, pareciam aqueles leões que vivem nas montanhas, uma vez eu vi um no circo.
- "Quem soou o alarme?" - perguntou o capitão.
- "Foi o Skull e o Bulk aqui senhor!" falou o Jorge.
- Então a gente foi recebido pelo capitão da guarda que nos elogiou pela nossa, como ele disse, "perspicácia ao perceber uma possível invasão". A gente então recebeu um bônus e uma folga, e quando nos demos conta estávamos em um bar bebendo com o Jorge.
- Skull e Bulk são nomes estrangeiros, vocês não são daqui? - Perguntou Tuare.
- Nascidos e criados ali na Alameda. "Skull" e "Bulk" foram os apelidos que o Jorge deu pra gente e acabou pegando.
- Mais alguma coisa que ele tenha dado a vocês? - indagou Sebas.
- Ah sim, ele deu essa medalha pra gente, para dar sorte!
Sebas olhou atentamente para o presente. Aquilo não era uma medalha, era uma moeda de cobre de Yggdrasil.
Chapter 17: Flor-de-Lis
Summary:
A investigação leva Sebas ao pior lugar do Reino Dracônico, como isso afetará o Mordomo de Ferro?
Notes:
Olá Pergaminos e Seguidores da Justiça, Mr. Bones trazendo o cap.15 da minha fanfic.
Ajudem a melhorar a minha escrita comentando, Obrigado.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 15: Flor-de-Lis
Chapter Text
Apesar de nunca ter visto uma moeda de cobre de Yggdrasil, era impossível Sebas não reconhecê-la. Lá estava a Árvore do Mundo, em seus galhos e pontos representando os nove reinos que a compunham, e escrito em um alfabeto diferente do japonês, YGGDRASIL.
— Será que posso examiná-la? – perguntou Sebas.
— Umm… Veja, o Jorge pediu pra não deixar ninguém pegar ela senão a sorte ia embora, então só eu e o Skull ficamos com ela até agora.
— Sim, e tem ajudado bastante a gente! Se não fosse por ela, eu não teria conseguido voltar a trabalhar com o Bulk.
Sebas olhava atentamente, então fez algo estranho, realmente estranho, ele se aproximou da moeda e deu uma leve cheirada.
Fato interessante é o de que os dragões são os animais com o melhor olfato que já existiram. Um dragão que retornasse para o seu covil após anos e o encontrasse esvaziado de seu tesouro seria capaz de localizar pelo cheiro cada moeda espalhada pelos reinos e o ladrão que as levou. Logicamente que essa pessoa seria devorada, junto com a sua família, os vizinhos, a velhinha da esquina e provavelmente toda a cidade.
Inesperadamente, os dois únicos cheiros que Sebas percebeu eram os dos guardas.
— Vocês poderiam falar mais sobre ele? – perguntou Tuare – como ele estava, onde vocês foram, como estava a vida? Sabe, não tenho notícias dele há muito tempo…
— Bem, como eu disse, a gente só meio que saiu pra beber. Ele falava muito, contando um monte de histórias de um grupo de aventureiros que lutavam contra uma quimera alada gigante.
— COM uma quimera – corrigiu Skull.
— CONTRA – retrucou Bulk – onde já se viu lutar junto de uma quimera do tamanho de um castelo?
— Uma quimera desse tamanho! Nunca ouvi falar, deve ser algo digno dos Reis da Ganância!
— Não sei nada a respeito disso moça, acho que é tudo inventado. Um monstro parte dragão, leão, gorila e outros bichos desse tamanho seria lembrado por muita gente.
— Oh! Vejo então, deve ser assim. – disse Tuare.
— Então a gente tava indo de uma taberna pra outra. Ele era bem divertido, só uma hora que ele ficou estranho.
— Estranho como?
— Ele parou de rir do nada, ficou sério, parecia até sóbrio, ficou encarando uma mansão no bairro chique, a Flor-de-Lis, que na verdade é um bordel para os ricos e só convidados podem entrar. A gente falou pra ele que não tinha como ir lá, e ele apenas disse “vamos ver”, mas não parecia contente, e acho que foi isso. Meio que a gente apagou na taberna seguinte e não vimos mais ele.
— Oh! Muito obrigada pela sua ajuda, senhores! Traz um alento para meu coração saber que meu irmão está bem, espero que os senhores tenham um bom serviço – agradeceu Tuare.
— Aqui, pela ajuda. – disse Sebas entregando uma pequena bolsa de moedas.
— Ora não precisa agradecer! – disse Bulk guardando rapidamente as moedas – se precisar de mais alguma coisa é só nos procurar.
Enquanto Sebas e Tuare se retiravam, Skull falou.
— Ei Bulk, você acha que a gente devia ter falado como foi que aconteceu a coisa dos homens-fera? Tipo, e se acharem que a gente se trancou para fora sozinho?
— Ummm… EI, VOCÊS, VOCÊS NÃO VÃO CONTAR PRA NINGUÉM NÉ!?
Tuare apenas virou o rosto sorrindo e fez um gesto de trancar a boca com uma chave e jogar fora.
— Viu, tudo certo Skull, você se preocupa demais.
Durante o retorno ao castelo, Sebas solicitou que o cocheiro passasse pela frente da mansão conhecida como Flor-de-Lis. Esta não era a carruagem do Reino Feiticeiro, pois chamaria muita a atenção passear com algo puxado por um Devorador de Almas, então enquanto estiveram no Reino Dracônico estavam utilizando uma carruagem emprestada do palácio.
Sebas sabia que isso ajudava a ser monitorado pelos nobres, assim, quando solicitou tal desvio, alguém já teria ideias de como agradar o embaixador na próxima recepção.
Nesta mesma noite, algumas horas antes de outra festa em homenagem ao embaixador, um grupo de nobres se reunia.
— Então o nosso embaixador é mais humano do que pensávamos – disse o nobre com um leve sorriso.
— HMPF! – bufou outro – depois de semanas seguindo ele, não conseguimos nenhuma informação sobre seus pensamentos. Tudo que ele falava nas festas eram coisas genéricas e elogios vagos sobre o reino, nada escapava sobre a sua terra.
— Nenhuma indiscrição esse tempo todo, nem da comitiva, quero dizer, daquela empregada, ela só faz perguntas sobre um irmão sumido. Será que se a gente o achasse teríamos alguma coisa?
— Acho que não, é apenas uma empregada. Mesmo que o embaixador esteja dormindo com ela, como suspeitamos, quem se colocaria em risco por ela?
— Os guardas da muralha com quem eles conversaram não disseram nada de útil, dois idiotas por sinal, então não tínhamos nada… até agora.
— Me parece que o embaixador resolveu mostrar a sua verdadeira face na última hora hahahaha!
— Ninguém pode ser tão santo como ele queria parecer! Não cortejou nenhuma filha…
— Ou esposa…
— Ou empregada. Agora casualmente mostra interesse no nosso… clube privado, então teremos que mostrar o outro lado da cidade para ele! – disse maliciosamente um dos nobres.
— Como vamos fazer isso?
— Durante a festa o abordarei e irei convidá-lo para a reinauguração do Flor-de-Lis que será amanhã.
— Tenha cuidado, seja sutil. Não podemos desperdiçar essa chance.
— Eu sou a sutileza em pessoa hahahahaha!
Enquanto riam, algo os espreitavam.
— 'Tudo segue como planejado, Lord Sebas' – disse o hanzo terminando a mensagem.
Como havia imaginado, Sebas foi abordado por uma dos nobres naquela noite. Foi terrivelmente longo o tempo que levou para chegar no assunto, cheio de meandros e receios, até que deram o passo final, entregando um cartão negro a Sebas, um convite especial, nele havia escritas que só apareciam sob certa luz.
Na noite seguinte, Sebas chegou à mansão. Na verdade, ela era bastante discreta do lado de fora, não dando a impressão de que fosse algo muito além de uma moradia em um bairro nobre, até mesmo muito próxima do castelo.
Sebas estava, como de costume, acompanhado de Tuare. Ela ficaria junto da carruagem e assim poderia tentar conseguir maiores informações com os outros empregados.
Quando entrou na mansão, Sebas foi recebido pelo dono, um nobre menor que estava obtendo lucros com a venda de entretenimento mais… adulto.
— Bem-vindo à minha humilde morada Lord Sebas, estou feliz que o senhor pôde comparecer à reinauguração de minha casa. O senhor bebe algo? – disse o nobre oferecendo uma taça a Sebas.
— Ah sim, o convite veio de última hora, mas não poderia deixar de marcar presença. Me parece que a sua residência passou por um infortúnio nos últimos meses?
— Sim, sim, uma série de pequenas desventuras obrigou que ela fosse… aham, reformada.
— Acho que um incêndio não pode ser considerado “uma pequena desventura”.
— Vejo que ficou sabendo mais de mim do que eu esperava, o senhor é mesmo cheio de surpresas! Acredito que se sentiria mais confortável na nossa sala VIP, por favor me siga.
Saindo do salão de entrada, onde tudo que os convidados podiam desfrutar era de luxo, passaram para a parte posterior da mansão, na qual ficava a luxúria: empregados seminus circulavam e ofereciam bebidas, jogos de azar variados estavam disponíveis, assim como os próprios empregados.
Sebas não demonstrava o mínimo interesse. Tudo o que buscava era alguma pista deixada pelo jogador, pois era óbvio que ele o estava guiando. Como dizia um dos Seres Supremos, “o universo odeia a coincidência, mas adora uma ironia”, e não era por acaso ele ter encontrado os guardas ou a moeda, ou mesmo o fato dele estar ali naquele momento. O viajante planejava algo, soltando pequenas migalhas pelo caminho, mas descobrir as migalhas era o grande problema.
Vendo a expressão entediada de Sebas, o anfitrião achou que havia descoberto o que atrairia o embaixador. Jogos não o interessavam, mulheres não pareciam chamar sua atenção, nem homens pelo jeito e, neste ramo, ele geralmente sabia o que alguém com mais idade como o embaixador poderia gostar. Todos aqueles velhos nobres gostavam e este era o único lugar do reino que podia fornecer esse tipo de… atenção.
— Lord Sebas, noto que nada aqui lhe atrai. Pelo visto o senhor é um cavalheiro de gostos refinados, então eu gostaria de convidá-lo para conhecer nossa área mais exclusiva.
— Exclusiva quanto?
— Muito exclusiva, apenas uns poucos têm acesso, afinal somos especialistas neste quesito. Alguns poderiam ir até o Espinho Sangrento ou a Madame Buffon para ter atendimentos “diferenciados”, mas apenas nós fornecemos algo deste calibre – narrou o anfitrião enquanto guiava Sebas para os andares mais abaixo.
Sebas já estava farto disso. Ele já havia visto depravação suficiente ao passar por salas e mais salas cheias de desejos abjetos e luxúria, o que não estava ajudando o seu humor. Ele resgatou Tuare de um lugar parecido, ainda bem que ela não o acompanhou.
— Lord Sebas, espero que isto seja de seu agrado – disse o anfitrião ao abrir a última porta. Dentro de um quarto ricamente mobiliado, em uma grande cama com dossel, estava sentada uma menina.
— Por que há uma criança aqu-… – Sebas não terminou a frase quando a realidade o atingiu.
Normalmente, os NPCs só conhecem aquilo que foi programado por seus criadores. Entretanto, por alguma razão, após a mudança de mundo, esse conhecimento foi extrapolado assim como as magias e parte das características pessoais de seus criadores também passou para eles completandi suas personalidades. Dessa forma, Demiurge foi programado para ser um Arquidemônio que odeia os humanos e se delicia com o seu sofrimento (tudo para a glória de Nazarick, é claro) apenas porque Ulbert odiava as pessoas de seu antigo mundo.
O mordomo sabia o que as pessoas podiam fazer umas com as outras atrás de portas fechadas, o próprio Peroroncino programou a maioria desses fetiches em Shalltear, mas mesmo ele tinha limites.
Sebas provavelmente é o NPC mais inocente depois dos gêmeos, pois Touch Me o programou com alto senso de justiça, mas nunca chegou a programar todos os tipos de crimes que ele considerava errado. Seria impossível fazer isso e um desperdício de tempo para a lore de um jogo, então Sebas estava tendo, pela primeira vez, a revelação do quanto um ser humano pode ser monstruoso.
Foi quando o som começou. Uma vibração que aumentou, fazendo as paredes tremerem – “Um trovão? Terremoto!!” – pensou o anfitrião, até perceber que o som vinha do embaixador.
Aquilo não era um tremor, era o rosnado de um dragão em fúria.
Chapter 18: Fúria
Summary:
Nesta parte veremos um lado diferente de Sebas e Tuare, uma chegada inesperada muda tudo.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o capítulo 16 da minha fanfic.
Ajude-me a corrigir e melhorar minha escrita comentando e compartilhe, obrigado.
Com você
Aquele que voltou
Capítulo 16: Fúria
Chapter Text
Tuare passou a maior parte do tempo junto aos outros funcionários nos fundos da mansão. Algo comum a todos é falar mal dos patrões, e ninguém tinha algo de bom para falar sobre os nobres que frequentavam a Flor-de-Lis.
Entre as conversas, Tuare descobriu o quanto a nobreza também era podre aqui. Isso nunca mudava: aqueles que tinham poder abusavam dos menos afortunados. Com ela foi assim, em todo lugar era assim, menos no Reino Feiticeiro, lá esses tipos de pessoas seriam esfoladas vivas. Isso parecia confortar Tuare, saber que o Rei Feiticeiro governaria a todos no futuro. Foi quando ela escutou o rugido.
- Sebas, o que fizeram com você?
O anfitrião olhava para as costas do embaixador, mas algo estava errado: sua silhueta tinha ficado maior, haviam chifres, havia uma cauda e, principalmente, havia a sensação de morte eminente.
- Mate, mate essa coisa! - gritou o nobre para os seguranças que os acompanhavam.
Quando se aproximaram, houve um movimento rápido de mão e então os seguranças tinham se transformado em manchas na parede. O esfíncter do anfitrião se soltou, dando o alerta para correr, e ele correu o mais rápido possível, mal tendo tempo de dobrar uma esquina antes que chamas engolfassem o corredor.
Gritos o seguiam, assim como o som de portas sendo arrancadas, homens chorando como crianças antes de serem silenciados, e um calor sufocante. O anfitrião cruzou com uma empregada correndo para o lado errado, talvez ela lhe desse alguns segundos para chegar em seu escritório.
- Mais um pouco, só mais um pouco! - bufava o homem, até que conseguiu fechar a porta secreta do que parecia ser um cofre.
Então ele escutou o baque e o arranhar no metal - 'ele nunca vai passar por ali' - pensou, antes de ver a porta ser arrancada apenas com a força dos dedos.
- N-Não por f-favor, não m-me mate!
A criatura se aproximava lentamente, pronta para arrancar a cabeça do homem, quando uma voz foi ouvida.
- Precisamos dele vivo - disse Tuare. Sua voz não vacilou. Ela nunca tinha visto Sebas assim antes, e sabia que era ele. Ela precisava que ele parasse.
- Precisamos que ele nos conte tudo. Se não conseguirmos aqui, há pessoas que conseguem em casa, mas ele precisa estar vivo até lá! - Tuare estava mudando, tinha mais confiança, ela estava crescendo.
- Senhor, pelo que você pode ver, não posso segurá-lo por muito tempo, não se o senhor não ajudar. Precisamos de informações.
- TUDO, EU CONTO TUDO! SÓ NÃO DEIXE ELE ME PEGAR! - gritava o anfitrião histericamente.
- Muito bem. Você já viu esta pessoa?
- O que? Não! Espere... já vi sim! Ele achou um cartão negro perdido, veio uma semana aqui antes que a gente descobrisse que ele não tinha dinheiro nem pras bebidas.
- Quando?
- Meses atrás, antes do incêndio! Oh, pelos Quatro, a mansão vai queimar de novo!
Um rugido veio de Sebas.
- Acho que o senhor deveria se preocupar com o que vai acontecer com você se não responder tudo - advertiu Tuare.
O homem engoliu em seco.
- Ele veio, tinha um cartão de convidado, só ficava na sala de entrada, nunca subiu pros quartos ou pros jogos. Não tivemos tempo de checar mais a fundo, foi uma semana infernal, todo dia alguma coisa fechava a casa antes dos clientes especiais chegarem, isso até que o incêndio começo... oh, porra, foi ele né, foi ele que fez alguma coisa! Mas como alguém entope um esgoto ou seca um poço?
- Ele nunca foi até as crianças? Isso é verdade? - perguntou Tuare se dirigindo a uma das meninas que estavam paradas perto da porta.
Enquanto Tuare procurava desesperadamente por Sebas nos andares inferiores e o encontrou transtornado, massacrando os nobres e seguranças que estavam naquele lugar, todas as crianças correram para o mesmo quarto. A empregada sabia o que haviam feito com elas, o horror que tinham passado. Sebas, em sua fúria, não as tinha machucado, mas elas morreriam se ficassem ali, então calmamente Tuare as chamou.
- Olá, meu nome é Tuareninya, estou aqui pra ajudar! Não tenham medo, viemos salvá-las.
- Vocês são heróis? - perguntou uma das crianças enquanto fitava Sebas que estava de novo no corredor.
- Não - respondeu Tuare - só queremos ajudar.
- Que bom! Você vai nos proteger do herói?
- Vamos proteger de qualquer coisa que queira te machucar.
- Ele vem com gente? - apontou para Sebas.
- Você tem medo dele? Ele não precisa vir junto agora.
- NÃO! ELE TEM QUE VIR COM A GENTE, NOS PROTEGER!
- 'Sebas parece um monstro coberto de sangue saído de um pesadelo. O que fizeram com essas crianças a ponto de pedirem esse tipo de ajuda!?' - pensou Tuare enquanto estendia a mão.
- Sim, ele vem junto e vai proteger vocês.
Então todas correram e se agarraram às saias de Tuare. O anel de proteção ajudaria a passar pelas chamas, mas teriam que ser rápidos e não poderiam ficar muito tempo na mansão, logo tudo estaria consumido.
Quando Sebas passou a perseguir novamente o anfitrião, Tuare seguiu atrás, chegando a tempo apenas de impedir que o mordomo-dragão o devorasse. Agora, ela conversava com uma garotinha.
- Você já viu esse homem alguma vez há alguns meses? Ele foi até vocês? Ele... fez alguma coisa?
- Não, nunca vi ele não. Poucos vinham até a gente, todos velhotes, menos o herói. Ele nos mandava usar máscara antes de entrar no quarto, pra não ver ele.
- Então ele poderia ser esse herói?
- Não, o herói vem aqui há muitos anos.
Pensar há quanto tempo essas crianças estavam passando por tudo isso embrulhou o estômago de Tuare.
- Sebas, precisamos ir, logo os guardas do palácio vão chegar! Eles não podem pegar esse monstro, ele deve ser punido em Nazarick - sussurrou Tuare tão baixo que somente Sebas seria capaz de ouvir, enquanto ela pensava em pedir um favor especial a Demiurge sobre como lidar com esse verme.
Lentamente, Sebas começou a mudar, então lá estava de novo o Mordomo de Ferro de Nazarick.
- Desculpe se deixei você preocupada Tuare, vamos sair daqui - "Lady Shalltear, tenho um convidado para ser atendido por Neuronist. Poderia por favor abrir um portão? Ah! Obrigado!" - Sem cerimônia, Sebas arremessou o anfitrião através do portal negro e esta foi a última vez que o viu.
Dentro do palácio, o pânico se instalava.
- Vossa Majestade não pode sair assim! - gritava o Primeiro-Ministro enquanto corria atrás da Rainha.
- Claro que posso! Sou a droga da rainha e você me acordou no meio da noite pra dizer que o embaixador foi a um bordel no meio do bairro nobre e que agora ESTÁ EM CHAMAS!
- Os cavaleiros estão indo para lá! A mansão não fica próxima de outras construções, o fogo não vai se espalhar.
- ESSA NÃO É A MALDITA QUESTÃO! - gritou a rainha. Ela parou, respirou fundo e explicou.
- Eu senti, senti a fúria de um dragão, aquele tremor de antes. Eu sei o responsável por isso, só não imagino o que fizeram para irritar tanto ele. O que tem lá, senhor Primeiro-Ministro?
- Não sei, minha senhora. Nunca fui convidado, e mesmo que fosse, eu abandonei meus desejos carnais há muitos anos. O lugar já foi investigado antes, parece ser apenas um bordel exclusivo para os ricos e poderosos. Eu sou apenas o Primeiro-Ministro, não ganho o suficiente ou tenho contatos para ser um cliente daquele lugar.
A Rainha bufou - Com certeza alguém quer esconder algo.
- Eu preciso ir até lá, preparem uma escolta. Se o embaixador morreu em um incêndio, eu preciso estar pronta para oferecer a minha cabeça em troca.
Toda a mansão já queimava e quando o fogo se extinguisse, não sobraria nada. Dezenas de empregados seminus ou de uniforme completo entulhavam as ruas e parte do jardim, junto com mais uma centena de curiosos. A comitiva precisou abrir caminho para se aproximar.
Formando um cordão de isolamento, a Rainha pôde presenciar a lenta caminhada de uma silhueta que vinha da mansão engolida pelas chamas até sua direção.
A Rainha não deveria ter descido da carruagem, estar tão próxima das pessoas instiga algo nelas. Sempre existe alguém descontente, e basta uma oportunidade para fazer algo.
A voz de um nobre menor começou a ser ouvida do meio da multidão, instilando a revolta contra a realeza e pressionando os guardas para que tomassem alguma atitude. Havia gente demais, e então alguém jogou uma pedra na Rainha, não se importando com o fato de que ela não se feriria com isso, mas sim com a imagem que seria o estopim para uma revolta.
Mas a pedra nunca a atingiu, foi parada pelas mãos de alguém usando uma armadura completa: O aventureiro Adamantite Cerebrate.
- Olá, Rainha Draudellion, é sempre um prazer encontrá-la assim - disse Cerabrate despreocupadamente enquanto esmagava a pedra com a mão.
- V-Você voltou... - 'Não, de todas as pessoas, ele não!'
Chapter 19: Castigo
Summary:
Nesta parte veremos a chegada do protetor da Rainha, mas quem a protege de seu protetor?
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o fim do arco de Sebas com o capítulo 17 da minha fanfic.
Comentem e compartilhem, obrigado.
Com você
Aquele que voltou
Capítulo 17: Castigo
Chapter Text
Todos pararam imediatamente. Cerabrate era o principal aventureiro do reino e a maior defesa contra os homens-fera. Ele tinha uma péssima fama, mas ninguém levantaria a voz para falar algo. Ninguém queria morrer.
- Acabei de voltar, estava indo ao palácio quando vi as chamas.
- Que bom que apareceu, agora pode me soltar - a Rainha falou enquanto tirava o braço que estava ao redor de seus ombros.
- Claro, Vossa Majestade - respondeu o aventureiro com um sorriso malicioso.
- Lord Sebas, o que aconteceu aqui? - questionou a Rainha ao embaixador que havia acabado de chegar.
- Algo muito desagradável, Vossa Majestade. Acho que a senhora deveria escutar o que estes têm a dizer - disse Sebas apontando para as crianças que estavam agarradas às saias de Tuare.
Todos ficaram chocados quando as viram, algumas usavam roupas infantis, mas muito curtas, algumas estavam vestidas como adultos, mas minimamente. A revolta entre as pessoas começou novamente e um novo tumulto parecia estar preste a irromper. Cerabrate se virou para a Rainha e disse:
- Vossa Majestade precisa sair daqui, eles vão queimar tudo.
- Não! Se eu fugir agora, o reino cairá antes do fim da noite.
- Não se preocupe Vossa Majestade, eu cuido disso! Afinal, eu sou o seu herói.
Foi então que Sebas sentiu o cheiro de amônia no ar. Ele se virou e percebeu uma das crianças tremendo em pânico - ela não tinha demonstrado esse tipo de reação à noite toda, apesar das coisas que viu.
- O que houve criança? O que aconteceu?
- O h-herói, o herói tá aqui! "E-Eu s-sou o s-seu herói", é o que e-ele sempre f-falava quando vinha no meu quarto... - respondeu a criança por entre as lágrimas.
Pela segunda vez nesta noite, Sebas se enfureceu.
A rainha estava sendo empurrada por Cerabrate em direção à carruagem quando olhou para Sebas e percebeu a raiva que o consumia. Essa era talvez a sua única chance de se livrar desse monstro, então fez contato visual com o mordomo e sussurrou sem falar: "Por favor".
Nesse momento, um grito de terror silenciou a multidão. Era Cerabrate, sua mão que antes estava no ombro da Rainha agora era segurada pelo Mordomo de Ferro.
- O que você está fazendo!? - gritava o aventureiro.
- Tire suas mãos imundas dela.
Cerabrate se esforçou para soltar a mão esmagada, mas era como tentar puxá-la debaixo de uma bigorna gigante. Finalmente, ele conseguiu libertá-la, graças a todo o sangue que esguichava de seus dedos.
- Me cure, ME CURE, PORRA! - esbravejou para um de seus companheiros da Crystal Tears. Apesar de temerem Cerabrate, ninguém se mexeu. Todos o odiavam.
Ele agarrou uma das poções do cinto assim que se lembrou delas e a bebeu. Sua mão voltou a crescer e se curar.
- Seu maldito, não sei quem é você, mas vai pagar por isso!
Sebas estava pronto para matar Cerabrate ali mesmo na frente da multidão e da Rainha, um ato de guerra que certamente seria pago com sua vida.
Então, a voz da Rainha soou limpa e calma.
- Lord Sebas, eu, a Rainha Draudillon Oriculus, Rainha do Reino Dracônico, solicito ajuda do Reino Feiticeiro para deter e punir por crimes contra a humanidade o aventureiro Adamantite conhecido como Cerabrate da Crystal Tears. O Reino Feiticeiro irá nos ajudar?
- Sim, ele irá - disse Sebas, agora tomando uma posição de luta mais calma, antes de se lançar em direção a Cerabrate.
- O que você está fazendo sua vadi-... - a voz de Cerabrate falhou quando foi atingido.
Os movimentos de Sebas eram precisos, e a cada golpe feito com as pontas dos dedos, ecoava um som similar ao de galhos quebrando, mesmo com a armadura completa, podia-se escutar os ossos do aventureiro sendo esmigalhados. Se antes na mansão Sebas era um furacão, agora ele era o raio.
O corpo humano possui em torno de 206 ossos. Sebas já havia golpeado mais de trezentas vezes antes de Tuare tocar seu ombro.
Nesta noite, a empregada novamente mostrou mais resiliência do que era esperado dela.
- Sebas Tian, você está aqui para o deter, não para executá-lo. Você não é o carrasco, você o Mordomo da Grande Tumba de Nazarick. Deixe que os seus o punam.
O mordomo parou de golpear e assumiu sua postura de costume.
- Sim, mais uma vez você tem razão. Obrigado Tuare por me lembrar quem eu sou - disse Sebas enquanto recuava.
Mas Tuare não se afastou, ela se aproximou do moribundo aventureiro. Seus ossos estavam partidos, expostos em alguns lugares, seus membros tortos em ângulos estranhos, sangue jorrava de suas feridas. Ele morreria em breve.
Tuare pegou uma poção vermelha de sua bolsa e despejou uma única gota sobre o rosto de Cerabrate. Mesmo com a mandíbula partida e aberta, ele tentou sorrir pelo gesto, foi quando a dor chegou.
Após ser surrado tanto, Cerabrate estava além da dor, em estado de choque. Com a poção de cura, seu corpo começou a se refazer, mas Tuare havia derramado tão pouco que a consequência foi apenas fechar os ferimentos e solidificar as fraturas, não colocar elas de volta no lugar, não amenizar a dor.
O corpo humano não foi feito para ter tantas dobras, a agonia deveria ser escruciante. A única maneira de acabar com isso seria a morte ou quebrar todos os ossos de novo, e então usar uma poção de cura maior. Ninguém se daria o trabalho.
- CIDADÃOS DO REINO DRACÔNICO! HOJE RECEBEMOS A AJUDA DO REINO FEITICEIRO PARA ACABAR COM UM MAL QUE ASSOLAVA NOSSA CIDADE, NÃO O PERIGO DOS HOMENS-FERA QUE NOS DEVORAM FORA DESTES MUROS, MAS DE UMA FERA QUE DEVORAVA NOSSA ALMA DENTRO DESTA CIDADE. HOJE PODEREMOS DORMIR MAIS SEGUROS, A FERA FOI QUEBRADA, PRESA E SERÁ PUNIDA GRAÇAS A ESTA AJUDA E POR ISSO NÓS DO REINO DRACÕNICO E EM NOME DE SUA MAJESTADE DRAUDILLON ORICULUS SÓ PODEMOS AGRADECER A LORD SEBAS TIAN, MUITO OBRIGADO! - bradou o Primeiro-Ministro em um discurso inflamado.
As pessoas aplaudiram, acenaram, muitas vieram congratular Sebas e então, finalmente, começaram a se dispersar.
- Precisamos conversar - informou a Rainha a Sebas que assentiu com a cabeça.
O dia seguinte até a noite foi tumultuado para a Rainha. Diversos nobres haviam sumido, outros simplesmente fugiram, e quem ficou ou apoiava a Rainha ou simplesmente a culpava.
Os depoimentos dos empregados mostravam que eles eram ameaçados ou drogados para trabalharem naquele lugar. O dono estava desaparecido, mas Draudellion suspeitava quem já o havia pego.
As portas do escritório se abriram e Sebas foi anunciado para entrar, seguido de Tuare.
- Boa noite, senhor embaixador.
- Boa noite, Vossa Majestade. Espero que minhas atitudes não tenham lhe prejudicado.
- Nada que não possa ser controlado. Na verdade, você nos ajudou imensamente, sem o senhor não seríamos capazes de deter Cerabrate.
- Sabe, já ouvi histórias de cavaleiros salvando princesas das presas de um dragão, mas nunca uma sobre um cavaleiro dragão salvando uma rainha dragão de um monstro humano! - riu baixinho a Rainha.
- Vossa Majestade se subestima. A senhora seria mais do que capaz de lidar com alguém como ele.
- Fisicamente, sim. Mas aquele maldito mantinha o reino sob ameaça, se ele quisesse poderia começar uma revolta antes que pudéssemos silenciá-lo.
- Nós sabíamos, EU sabia das "preferências" de Cerabrate. Achei que se conseguisse mantê-lo interessado, talvez outras crianças não sofreriam desse mal. Eu... eu não sabia daquele lugar - disse Rainha de forma chorosa.
- Eu sei disso. O Rei Feiticeiro não a culpa pelo acontecido, ele recebeu os meus relatórios e vê como o seu povo a ama e que você tem feito o impossível para protegê-los.
- E agora?
- Agora retornarei ao Reino Feiticeiro, emitirei o meu relatório final, e solicitarei pessoalmente um envio urgente de ajuda para o Reino Dracônico. Deixarei a investigação sobre ontem à noite aos cuidados do seu reino, se me permite. Gostaria de enviar as crianças para o orfanato em E-Rantel, tentaremos descobrir de onde elas vieram e daremos a assistência que precisarem. Talvez, com o tempo, até possam esquecer o que passaram.
- Sim, nós ainda não temos condições de tratá-las. Acho que nunca mais terão interesse em retornar.
- E o senhor embaixador? Voltará para estabelecer a embaixada do Reino Feiticeiro?
- Acho que o meu serviço aqui está concluído, Vossa Majestade, lamento muito.
- Mas você poderia voltar, eu poderia pedir especificamente por você, poderia pedir que você ficasse, aqui... comigo - dizia a Rainha enquanto seu corpo mudava e sua voz se tornava adulta. Agora ela era uma jovem mulher na flor da idade, mas com muitos anos de vida em seus olhos.
Tuare nem mesmo se assustou, ela havia percebido os olhares que a Rainha lançava para Sebas. Ela sabia que se o Rei Feiticeiro ordenasse, Sebas ficaria aqui, até mesmo se casaria com a Rainha para unir os dois reinos, afinal, ele amava Nazarick e quem era ela comparada a uma rainha.
- Se me fosse ordenado a ficar, eu ficaria. Mas meu coração não estaria aqui, este já ama... alguém - respondeu Sebas olhando levemente para Tuare.
A rainha olhou por sobre o ombro de Sebas e viu a empregada corar intensamente. Ela entendia.
- Você é uma mulher de sorte - disse a rainha - e o senhor é a pessoa mais honrada que já conheci. Sabe, eu sou 1/8 dragão, o senhor é mais da metade, não, 99% dragão, posso sentir isso, mas esse 1% o torna mais humano do que todos nós. Espero que algum dia o senhor retorne.
- Eu também espero isso, Vossa Majestade. Se me der licença, preciso terminar os preparativos para a partida. Adeus, Rainha Draudillon Oriculus.
- Adeus, Lord Sebas Tian, até breve.
- 'Eu posso esperar' - pensou a Rainha - 'Posso esperar mais cinquenta anos se for preciso. Ela é apenas humana, quantos anos ela pode viver ainda? Algum dia talvez ele fique sozinho, e então poderíamos começar algo' - a rainha foi deitar com esse pensamento - 'Algum dia talvez ele volte pra mim'.
Na manhã seguinte, a carruagem deixou a capital do Reino Dracônico, seguindo pelo caminho que haviam feito antes, desta vez escoltados por uma guarda de honra.
- Talvez possamos aproveitar mais o retorno, não é mesmo Lord Sebas?
- Absolutamente. Assim que sairmos das terras do reino, pegaremos um portal para Nazarick.
Tuare fez um beicinho após descobrir que o passeio estava acabando.
- Mas hoje, de noite, talvez eu possa... visitá-la e talvez... ahan... a gente possa, comemorar, o sucesso da missão - disse Sebas corando, algo inimaginável para ele.
- Sim, hoje à noite iremos comemorar! - disse Tuare com um sorriso sensual.
Chapter 20: Interludio 3
Summary:
Sebas retorna a Nazarick, logicamente discute com Demiurge e Ator de Pandora surge com informações sobre o sistema monetario de Ygdrassil.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o terceiro Interludio.
Obrigado por lerem até aqui, foi muito bom escrever sobre Sebas, Tuare e Draudillon, mas o proximo arco será sobre a Plêiade mais nova, Entoma entrará em cena.
Com vocês
Aquele que voltou
Interlúdio 3
Chapter Text
- Você não trouxe a moeda! - exclamou Demiurge com óbvio desdenho.
Ao chegar em Nazarick, Sebas logo foi apresentar seu relatório pessoalmente ao Ser Supremo. Coincidentemente, todos estavam retornando ao mesmo tempo, então Ainz queria que o máximo de guardiões estivesse presente nesse momento, e apesar de ainda não ter solicitado os relatórios, Demiurge se adiantou para questionar Sebas.
- Não, eu não trouxe a moeda - respondeu o austero mordomo.
- Por quê!?
- Por que não havia necessidade. Ela foi dada de bom grado aos guardas e eles não estavam dispostos a abrir mão dela, mesmo quando ofereci uma certa quantia.
- Você podia ter oferecido mais!
- Isso apenas chamaria a atenção para nós de forma desnecessária.
- Você podia tê-la tomado ou mandado um hanzo pegá-la depois!
- E arrastar na lama o nome da Grande Tumba de Nazarick? Não vou nos rebaixar a meros ladrões.
- Hunf - bufou o arquidemônio - eu ainda gostaria de ter a moeda para examiná-la.
- Me desculpe, Lord Demiurge. Se isto puder ajudar, eu fiz um desenho com a ajuda de Lady Shalltear, a pedido de Lord Sebas - disse Tuareninya.
O arquidemônio levantou uma das sobrancelhas ao pegar o papel.
- Umm... passável - murmurou Demiurge.
Um fantasma de sorriso surgiu no rosto estoico de Sebas.
- Demiurge, traga até mim - disse Ainz fazendo a pose de ser supremo que já havia praticado.
- Realmente, pelas gravuras é uma moeda de Yggdrasil.
- Me desculpe meu senhor, mas nunca havia ouvido falar de uma moeda de cobre de Yggdrasil - confessou Demiurge.
- Oh, é mesmo? 'Ator de Pandora, você poderia trazer alguma amostra das moedas que estão nos tesouros?' - disse Ainz enviando a mensagem ao guardião.
- 'Ja, mein Vater, gerade jetzt'¹ - respondeu Ator de Pandora enquanto Ainz agradecia por ninguém poder escutar o retorno da mensagem.
Alguns instantes depois, Ator de Pandora chegou ao salão do trono.
- Heil Lord Ainz Ooal Gown! Ich bin hier, um dir zu dienen².
- 'DROGA!' - gritou internamente Ainz.
- Bem-vindo, Ator de Pandora. Mostre a todos as moedas e, por favor, se atenha ao assunto.
- Ja! Como todos podem ver aqui, tenho as moedas de Yggdrasil. Tirando as edições comemorativas e colecionáveis, o sistema consistia em quatro classes de moedas: cobre, prata, ouro e platina. Tais moedas eram coletadas durante as missões e, conforme elas se tornavam mais difíceis, maiores eram suas recompensas, da mesma forma que os grupos aventureiros são pagos.
- Mas diferente do valor das moedas em circulação no Novo Mundo, as moedas de Yggdrasil eram classificadas apenas pelo seu valor intrínseco e não pelo valor do metal agregado.
- Assim, uma moeda de prata valia o mesmo que cem de cobre e uma de ouro cem das de prata. Logicamente, eram necessárias cem moedas de ouro para se obter uma de platina. Assim, quando era preciso fazer uma grande transação, você poderia usar menos moedas.
- Nesse caso, não haveria necessidade de um cofre tão grande ou de uma montanha de ouro como a que foi usada para me ressuscitar - adicionou Shalltear de modo interessado.
- Não, realmente não haveria. Mas ainda há um grande valor simbólico ao se ter uma montanha de moedas de ouro, elas são muito mais significativas do que um punhado de moedas de platina, mesmo não sendo apenas um punhado em se tratando da sala do tesouro.
- Afinal, existe uma certa poesia ao dizer que você vale uma montanha de ouro, não é? - disse Ainz mais para si mesmo do que para os guardiões, mas todos escutaram e se viram cheios de orgulho com as palavras de seu mestre.
- Ahan! Obrigado, Ator de Pandora, vamos aguardar a chegada das Pleiades para começarmos a reunião.
- Ich danke dir für die Gelegenheit, mein Vat...³
- SEM ALEMÃO! - cortou Ainz.
¹ Sim, meu pai, imediatamente.
² Salve Lord Ainz Ooal Gown! Estou aqui para servi-lo.
³ Obrigado pela oportunidade, meu pai...
(Me desculpe se houver erros de tradução para o alemão, boto a culpa toda no Google Tradutor)
Chapter 21: Viagem a Baharuth
Summary:
Nesta parte veremos mais de nossa Pleiade mais fofa, interagindo com pessoas de fora de Nazarick, como o mundo irá reagir?
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones com novo capítulo e novo arco.
Por favor se puderem me ajudar com a correção eu agradeceria, me ajudem a melhorar a escrita.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 18: Viagem a Baharuth
Chapter Text
- Não, não, não, não! - resfolegava o bandido enquanto corria pelos becos - não posso ser pego, preciso escapar!
Desviando de mendigos, caixas velhas e sacos de lixo, o bandido corria desesperadamente, 'como isso aconteceu?' era o seu pensamento. Tudo estava indo bem até semanas atrás, quando os boatos começaram. Pessoas sumindo, agiotas e gigolôs espancados, tudo estava indo de mal a pior até esta noite, quando a coisa desandou de vez.
Agora estava sendo perseguido por sabe-se lá o que, mas então uma esperança surgiu: uma patrulha, guardas imperiais no fim do beco, talvez eles o salvassem.
- SOCORRO! EU PRECISO DE AJU-... - tentou gritar o bandido antes de ser arrebatado de volta para a escuridão do beco.
- Você escutou isso? - disse um dos guardas.
- Não, e nem você ouviu nada.
- M-Mas alguém pode estar precisando de ajuda, você não ouviu os boatos?
- Se você está se referindo a um aventureiro caçando escórias que vendem pó negro pela cidade, espancando bandidos e ladrões, não, não ouvi nada, e mesmo que tivesse ouvido, seria tudo besteira para nos distrair. Agora presta atenção na patrulha, outras pessoas precisam mais de nós do que esses tipos.
- Sim senhor... - disse o soldado mais novo se resignando.
Assim que voltaram a caminhar, o soldado mais velho olhou por sobre o ombro para cima a tempo de ver uma figura esguia saltando com algo de arrasto por entre os prédios, ele apenas abriu um leve sorriso e pensou antes de seguir a sua ronda - 'Boa caçada, colega'.
42 dias antes:
Arwintar, capital do Império Baharuth. "Cidade de Ouro", "Pedra Preciosa da Civilização". Se comparada com as capitais dos outros reinos, Arwintar era muito mais moderna e progressista em sua arquitetura e cultura. Kami Miyako era antiga, "velha" muitos diriam. Apesar de ter o maior poderio bélico com suas Escrituras, seu exército de fanáticos e dominar grande parte dos comércios, há muito ela deixou de ser uma referência, se tornando uma cidade triste e sombria. Re-Estize era uma rival apenas nas questões fronteiriças, sua capital, na melhor das hipóteses era, ajeitadinha. O Reino Santo poderia rivalizar quando estava em seu auge, mas hoje, após uma invasão demoníaca e uma guerra civil, sua beleza foi tomada e o que sobrou se tornou opaco. Mesmo a capital do Reino Feiticeiro, E-Rantel, apesar de já superar em muito o Império com sua capacidade organizacional e crescimento exponencial, ainda estava a décadas de ser tão grande quanto Arwintar.
Então, a jóia do Império, baluarte da civilização, aquela que tirava o fôlego dos visitantes e inspirava bardos para suas canções, só gerava um pensamento em Entoma.
- Meh! - disse a empregada de batalha ao descer de sua carruagem.
Meh: Uma palavra usada pelos Supremos e que não existe no Novo Mundo. Sua origem é desconhecida por Entoma, mas pela sua experiência, parece ser usada quando alguém tenta impressionar, mas falha miseravelmente nesse quesito. Logo, ela achou de bom tom usá-la ao vislumbrar pela primeira vez a capital do império vassalo.
Entoma havia recebido ordens de seu mestre para buscar discretamente o viajante e avaliar a integração racial no império, então a melhor forma de se fazer, segundo suas irmãs, seria como turista.
- Como esconder que você está procurando algo específico sem chamar a atenção? Simples, deixe que todos saibam que você quer conhecer tudo, chamando o máximo de atenção! - sugeriu Solution, a empregada mais preparada para espionagem - Mas isso só funcionará porque se trata de você ser quem é Entoma.
- Não sei se entendo o que você quis dizer.
- Veja, Entoma, você é minha irmã mais querida, e EU TE AMO, mas você não é a mais discreta de nós. Apesar de seu disfarce usual, você ainda chamaria a atenção por onde passa, mesmo que seja comum entre os aventureiros usarem máscaras, um olhar mais atento revelaria a sua natureza não humana, então por que tentar escondê-la?
- Mas você também vai se infiltrar de forma escondida... por que não usar o mesmo?
- Porque eu posso me passar por humana, sondar discretamente e não chamar a atenção! Além disso, sou uma mentirosa excepcional.
Entoma pareceu definhar após essa afirmação.
- E é por isso que funcionará com você Entoma! O fato de você estar lá para algo que já é esperado do Reino Feiticeiro servirá de manto para ocultar a verdadeira natureza de sua missão, basta seguir o fluxo de turistas e se expor o máximo possível enquanto sua equipe de apoio faz um pente fino na Capital.
Isso pareceu melhorar o ânimo da empregada.
Entoma chegou a Arwintar da forma mais usual possível, pegando um portal até a fronteira, depois passou pela checagem na nova alfândega e adentrou outro portal até alguns quilômetros da Capital.
Ela usava a carruagem mais discreta que a Grande Tumba possuía, e ainda assim era de maior qualidade do que as que os nobres possuíam: branca com detalhes dourados, sem emblema algum do Reino Feiticeiro, puxada por um Sleipnir branco majestoso e conduzida por um cocheiro sorridente que usava ricas veste de cavalariço.
Ao adentrarem a Capital, Entoma pode notar o número de raças diferentes circulando pelas ruas, apesar da maioria absoluta dos transeuntes ser humana, havia sua parcela de heteromorfos, mas aparentemente todos ainda humanoides e em quantidade bem menor do que em E-Rantel.
Dessas raças, a maior quantidade era de elfos, depois anões, homens-lagarto, homens-coelho, alguns minotauros e até mesmo homens-macaco que ela ainda não tinha visto antes. Todos pareciam ser aventureiros em algum grau, vindo em busca de oportunidades de trabalho ou talvez comércio, isso seria uma das coisas a serem investigadas nas semanas que seguiriam.
Chegando no Hotel Grande Maçã Dourada, o cocheiro abriu a porta da carruagem para que Entoma pudesse descer, carregando uma bagagem mínima. O cocheiro seguiu atrás da empregada enquanto ela se dirigia até a recepção do hotel, que embora fosse um dos mais importantes da Capital, não estava tão movimentado quanto o esperado.
- Olá, gostaria de um quarto, por favor.
- A senhorita gostaria de fazer uma reserva para seu senhor em qual data?
- Não, não. A reserva seria para mim com entrada imediata, se possível.
- Oh! Me desculpe pelo equívoco senhorita, temos alguns quartos à disposição, mas lamento dizer que são nos andares superiores.
Apesar da modernidade na arquitetura, o Império ainda possuía tecnologia basicamente arcaica, então elevadores estavam fora de questão, por isso quanto mais alto era o prédio, menos procurados eram os quartos, afinal ninguém gostaria de subir vários andares para poder descansar.
- Ah! Não se preocupe senhor, se possível gostaria do quarto na cobertura.
- Cobertura? Me desculpe, mas não estou familiarizado com o termo.
- O quarto do último andar.
- Ah! Entendo, infelizmente o último andar é a residência do proprietário do hotel, mas garanto que a suíte abaixo deverá ser de seu agrado, a vista é maravilhosa.
- Que bom, estou empolgada para conhecer sua cidade.
- Ora bem, nós da Grande Maçã Dourada Royal Hotel nos orgulhamos de nossa localização, estamos apenas a algumas quadras do Comércio Central e a alguns quilômetros da Grande Arena. Se desejar, ainda pode facilmente chegar ao Museu de Arte Imperial, hoje em dia passeios são organizados para os visitantes.
Um UNFF! foi então ouvido por todos. Ao lado de Entoma estava uma rica senhora mais velha, com enormes joias e um olhar de desdenho.
- Me desculpe senhora, algo a incomoda? - perguntou o recepcionista.
- Não se preocupe, eu apenas estava lembrando o quanto o Império decaiu - respondeu a senhora com um pequeno olhar em direção a Entoma.
- Não entendi muito bem o que a senhora quer dizer com isso.
- Ora, desde que o Imperador se tornou vassalo, temos visto mais pessoas desse tipo circulando por aqui.
- De qual tipo a senhora está se referindo? - disse Entoma com um tom mais agressivo.
- Não precisa se irritar mocinha, sei que você deve ser importante de onde veio, mas nós somos o Império, nós somos a referência para os outros, mas essa referência parece estar, como posso dizer, diminuindo com a ascendência de tantos "visitantes menores" vindos do estrangeiro.
- Ou seja, a senhora acha que eu não deveria estar aqui.
- Muitos não deveriam estar aqui! - afirmou o gerente da noite ao chegar à recepção.
- Eu ouvi a conversa e concordo plenamente com a senhora. Por favor, Gunther, chame a segurança - disse o gerente se dirigindo para o Gerente diurno, que logo voltou com dois brutamontes formalmente vestidos. Era como se tivessem enfiado armários dentro de ternos de mordomo.
- Por favor, acompanhem esta pessoa para fora do meu hotel - ordenou o gerente apontando para a rica senhora.
- O QUE!? COMO VOCÊ SE ATREVE!?
- Eu, como gerente E proprietário, me resigno a escolher quem pode usufruir do meu hotel.
- Mas você disse que concordava comigo!
- Sim, eu concordo com a senhora, concordo que certos tipos de pessoa não deveriam estar aqui, as do tipo intolerante são as que abomino terminantemente.
- ISSO É UM ULTRAJE, NUNCA MAIS COLOCAREI OS PÉS AQUI! - esbravejava a senhora enquanto era escoltada para fora do hotel.
- Agradeço muito se a senhora fizer isso - disse o gerente.
- Lamento muito por isso, senhorita. Parece que algumas pessoas estão apegadas demais ao passado para ver a mudança chegando.
- Na verdade, eu que agradeço pelo auxílio e pela educação demonstrada, pelo visto o seu hotel está se adaptando aos novos tempos.
- Sim, como a senhorita diz: se adapte ou pereça! Com a vassalagem, o Império se abriu mais ainda para os novos povos, então logo conviveremos com muitas raças diferentes.
- Ser um hotel exclusivo para humanos não é uma boa opção comercial para a nova era, mas ainda temos a nossa parcela de pessoas que não entendem esse fato. Por isso o movimento diminuiu, mas a retomada parece ser promissora e breve.
- "Raças diferentes"... então o senhor percebeu que não sou humana! - disse Entoma com uma voz surpresa.
- Ah! Sim, logo percebi, sei dizer que a senhorita não é humana. É preciso ser muito observador para ser gerente de um hotel, mas seria muito rude e indelicado de minha parte perguntar de qual raça a senhorita pertence sem... um jantar antes. Aquela senhora provavelmente não havia notado, acredito que seu desdenho seja por ela imaginar que a senhorita fosse algum tipo de serviçal de férias.
- Por que o senhor diria isso?
- Suas roupas, apesar de serem extremamente ricas, ainda assim se parecem com as de, desculpe dizer, empregadas, como vistas nas caravanas que vem do Sul.
- Ah, mas é claro! Apesar de não ter vindo assim tão do Sul, pelo visto as minhas roupas parecem não se adequar às minhas... férias. Esse tipo de incidente pode se tornar rotineiro, aparentemente.
- Não se preocupe senhorita, não há tantas pessoas com tais tipos de pensamentos ultimamente. Mas se a senhorita desejar uma mudança de visual, tenho certeza que se divertirá imensamente nas lojas do Comércio Central! A coleção de outono está particularmente deslumbrante este ano.
- Acho que essa será uma das minhas primeiras paradas, então.
- Com certeza! Agora, a senhorita poderia assinar o nosso livro de registros? A senhorita possui alguma necessidade especial para a sua acomodação, alimentação diferenciada ou específica?
- Não, não, as acomodações humanas são mais do que satisfatórias para mim. E quanto à alimentação, acho que provarei a culinária local - disse Entoma pensando na rica senhora.
- Maravilhoso! Bem-vinda à Grande Maçã Dourada Royal Hotel, senhorita Entoma Vasilissa Zeta - disse o gerente enquanto lia o nome escrito em uma linda caligrafia cursiva.
Ao chegarem ao quarto, depois de vários andares e inúmeros degraus, Entoma se jogou na cama, mesmo não estando cansada, e falou para o cocheiro que a acompanhava com sua mala.
- Parece que a recepção foi o melhor do que o esperado, hein?!
O cocheiro se aproximou da cama, jogou a cartola, habilmente acertando o cabideiro no canto, e então começou a desabotoar o paletó e o colete. Em seguida, tirou a camisa, com movimentos ágeis exibiu o seu peito tonificado nu, seus músculos eram bem trabalhados e sua fisionomia se mantinha com aquele grande sorriso.
Então, uma fina linha rosada surgiu na base do pescoço do cocheiro, descendo até a altura do umbigo. Usando os dedos, ele começou a abrir o próprio peito até que fosse possível ver algo saindo de lá e se jogando de pé sobre a cama.
- Deveras minha cara, foi muito mais interessante, não? - respondeu Kyouhukou enquanto colocava sua pequena coroa.
Chapter 22: Trabalho em Equipe
Summary:
Nesta parte teremos a introdução de um personagem de outra Fanfic, "Masks & Shadows" que é uma sequencia de "What Masks Are Made Of", ambas escritas por AtheistBasementDragon, que fazem parte de uma das melhores e mais longas fanfics de Overlord que já li "God Rising", quero agradecer a ele por dar permissão para usar seu personagem original nesta fanfic.
Entoma conhece o Gerente da noite.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, sou o Mr. Bones trazendo a vocês o capítulo da semana da minha fanfic Overlord.
Obrigado por lerem até aqui, espero que estejam gostando, comentem e me ajudem a melhorar a minha escrita.
Com vocês
Aquele Que Voltou
Capítulo 19: Trabalho em Equipe
Chapter Text
— Então, o que você achou? – perguntou a empregada após usar um pergaminho antiadivinhação e outro de silêncio.
— Fiquei admirado como o tratamento aos heteromórficos parece estar se disseminando bem dentro do Império – disse Kyouhukou – mas isso pode ser apenas a primeira impressão, passaremos semanas avaliando o ambiente.
— Sim, aparentemente o Império já era mais aberto às outras raças, a vassalagem parece ter acelerado um processo já natural do lugar, mas vamos continuar com a análise amanhã cedo. Como já é noite, podemos iniciar as buscas o quanto antes… Já está tudo pronto com os seus familiares? – indagou Entoma salivando um pouco.
— Eles estão sempre prontos. Essa é uma boa oportunidade para testarmos a eficiência do novo sistema de busca, 'Lady Shalltear, estamos prontos para a entrega'.
— 'C-Certo' – respondeu uma voz trêmula.
Surgiu então um portal rodopiante no meio do teto, de onde começou a chover uma quantidade incontável de baratas. Pelo visto, tal portal estava diretamente ligado ao chão da câmara negra, e logo o próprio chão do apartamento estava cheio até quase começar a cobrir a cama, sendo que o fluxo não parecia que iria cessar tão cedo.
— 'Acho que é o suficiente para a primeira leva, Lady Shalltear. Pode fechar o portão, obrigado'.
— 'Ok' – respondeu rapidamente a vampira cortando a comunicação.
Kyouhukou olhou para os seus familiares e então ordenou.
— Família! Hoje nos apresenta uma oportunidade para demonstrarmos que não somos apenas instrumentos de tortura. Mostraremos nosso valor ao Ser Supremo que ficou conosco e nos ofereceu a chance de crescermos aos olhos da Grande Tumba, então sigam para todos os cantos e frestas desta cidade, observem, ouçam, localizem e se possível identifiquem o indivíduo anteriormente mostrado no workshop. Aguardo seus relatórios. Agora família, vão.
Dessa forma, a janela se abriu e os familiares de Kyouhukou se lançaram na noite, parte voando, outros rastejando pelas paredes, uma certa quantidade descendo diretamente pelos encanamentos do prédio até os esgotos.
— Como tudo vai funcionar, Kyouhukou?
— O processo será simples Lady Entoma, dois “observadores”, assim agora nomeados, se infiltrarão nas residências e passarão a checar o ambiente, bem como trocarão informações com os moradores, e se o local não se mostrar de interesse, um dos observadores ficará a postos e o outro seguirá para o próximo ponto de observação com maior potencial de informações, assim estabeleceremos os pontos chaves que manteremos vigilância cerrada. Seus relatórios serão enviados a mim por mensageiros que coletarão e retransmitirão os dados mais importantes, e com uma quantidade tão grande de “observadores”, seremos capazes de manter pelo menos um deles em cada casa da capital… e pare de comer os meus parentes!
— Nhom! Nhom! Mas eles são deliciosos! Nhom! Nhom! Nhom! – disse a empregada mastigando.
— Oof! – suspirou Kyouhukou – 'Lady Shalltear, estamos prontos para a segunda leva'.
Novamente o portal se abriu despejando milhares de baratas e logo se fechou, sem resposta vinda de Shalltear.
Kyouhukou olhou para seus familiares e começou o discurso conhecido.
— Família! Hoje nos apresenta uma oportunidade… – essa seria uma longa noite.
Na manhã seguinte.
— Bom dia, Kyouhukou.
— Bom dia Lady Entoma, como passou a noite?
— Bem, revisando as informações sobre o Império e separando possíveis pontos sensíveis para averiguação mais profunda, além de estabelecer um possível roteiro para maximizar com eficiência as visitas aos locais mais significativos e minimizar o tempo perdido.
— Ou seja, a senhorita esteve criando um guia de viagem, estou certo? Aceita uns biscoitos?
— Sim para ambos, obrigada. E você, como foram as avaliações preliminares?
— O sistema ainda está se espalhando, as primeiras informações começaram a chegar pela manhã: atividades criminosas em sua maioria, conspirações ainda não foram detectadas e nada relacionado ao viajante surgiu. Todos os relatórios estão sendo compilados no meu quarto que estou usando como QG, após isso eles são enviados para arquivamento e futura referência a pedido de Lord Demiurge.
— E o café da manhã, como foi pedido? Você precisou descer até o saguão?
— Não, em absoluto. Há um sistema bastante inteligente, porém simples, de comunicação com a recepção, apenas um tubo que desce até lá com um bocal na frente. Parece ser exclusivo para os últimos andares, o dono do hotel deve estar esperando receber hóspedes VIPs e fornecer atendimento privilegiado a eles, mas não consigo ver humanos subindo tantos andares sem um teleporte.
— Eu também percebi isso, talvez devêssemos conversar mais com o gerente.
— “Conversar”, é?! Aparentemente o gerente se mostrou bastante solícito à sua pessoa, Lady Entoma.
— Não sei o que você quer dizer com isso, nem mesmo fomos devidamente apresentados.
— Sim, deveras, com toda aquela comoção deixamos de seguir o protocolo adequado. Por sinal, não conseguimos localizar a sua algoz de ontem, talvez ela ainda esteja fora de nossa teia de informação, mas logo abrangeremos a cidade toda. Infelizmente, durante o dia a locomoção de nossos observadores está restrita a usar os esgotos, por isso a demora, peço desculpas pelo atraso, Lady Entoma.
— Atrasos são previstos segundo Yuri nee-chan. Nesse caso, partirei em breve para as primeiras avaliações sobre vestuário.
— Então a senhorita fará compras, estarei feliz em acompanhá-la. Dê-me apenas alguns minutos para vestir o Edgar.
— Edgar?! É assim que você o chama?
— Edgar era o nome dele, achei que seria descortês que fosse nomeado de forma diferente. Não é porque se tornou um Golem de Carne que ele perdeu sua identidade, os mortos merecem respeito apropriado, principalmente os que estão sendo úteis à Grande Tumba.
— Me desculpe pelas palavras indelicadas. Então, como exatamente o “Edgar” funciona?
— Bem, bem, somente sei o básico: ele é parte de um experimento de necromancia de Lord Ainz, aparentemente todas as suas vísceras foram removidas com antecedência, então ele foi transformado em um zumbi de classe diferente, o Golem de Carne, um tipo que não entra em decomposição e sua estrutura é mantida “sadia” através de magia.
— Ele não possui capacidade de pensamento simples como outros zumbis comuns: se você der uma ordem para um zumbi proteger uma porta e só deixar passar pessoas específicas ele entende, já um Golem de Carne só entenderia uma ordem como “mate quem entrar”. Até mesmo o conjurador correria o risco de ser atacado se não estiver preparado para mandar parar, por isso ele é incapaz de se locomover ou manipular coisas sem ordens diretas constantes. Quando estou dentro dele eu assumo o controle, as ordens seguem pelas minhas antenas que estão em contato diretamente em seu cérebro, então basta eu pensar que ele obedece.
— Mas, ele come?
— Figurativamente falando, através de contração muscular simples, assim consigo com que ele abra e feche a boca, mastigue e engula. Tudo desce pelo tubo do esôfago até mim, assim também posso comer. Além disso, usando essas contrações faço parecer com que ele esteja falando, mas infelizmente a expressão facial precisa de um ajuste fino futuramente, por enquanto ele mantém apenas esse sorriso.
— Acho que será suficiente. Pelo que pude perceber, os humanos muitas vezes abaixam a guarda ao verem um sorriso.
— Estranho, não é mesmo, senhorita? Para mim parecem apenas macacos mostrando os dentes.
— Esse parece ser um dos motivos que dificultam as integrações. As outras raças não reconhecem esses gestos, da mesma maneira que os humanos não percebem a diferença disso e isso – disse Entoma mostrando uma pequena variação na posição de seus pedipalpos.
— Acho que isso poderia ser considerado um belo sorriso, não é?! Então, a senhorita está pronta?
— Sim! – foi a resposta animada de Entoma – mas não pretendo me demorar muito.
12 horas depois chegava ao hotel uma empregada bastante animada, usando um vestido amarelo de mangas e um chapéu florido, sendo seguida por um Edgar sobrecarregado de várias sacolas.
Apesar de Entoma achar que a qualidade dos tecidos não chegava aos pés de suas roupas usuais, a variedade de cores e formas a entusiasmou muito, pois diferente dos aracnídeos comuns, ela era capaz de ver padrões de cores impossíveis aos humanos.
— Boa noite, senhorita Entoma.
— Hah! Se não é o nosso Gerente da Noite, como vai o senhor? Me desculpe, mas não fomos formalmente apresentados.
— Erro meu, aceite minhas sinceras desculpas. Parece que fiquei um tanto desnorteado com a altercação de ontem e perdi completamente a compostura, Ahan! Barintacha Hierofantes VI, Inta para os íntimos, ao seu dispor. Será que posso acompanhá-la?
— É um prazer conhecê-lo senhor Inta, e é claro que o senhor pode me acompanhar, estou indo para o meu quarto e sua companhia até lá seria um deleite.
Edgar revirava os olhos escondidos atrás da pilha de sacolas. “Vão para um quarto” ele diria, se já não estivessem indo para um.
Todos seguiam pelo corredor até a área das escadas passando por uma série de quadros, todos mostrando homens com a mesma compleição de família, muito parecidos se não fossem as roupas de épocas diferentes, cortes de cabelo ou barbas.
— Então, o senhor é o gerente e o dono do hotel?
— Sim, o hotel está na minha família a gerações. Aqui, este é meu Tataravô, ele construiu a primeira pousada em Arwintar, antes dela se tornar capital do Império, na época era apenas o reino Baharuth. Com meu trisavô, a pousada se tornou um hotel. Meu bisavô, na época em que a cidade já era capital, resolveu comprar os prédios laterais, demolir o antigo hotel e começar um novo e mais moderno, sua estrutura deveria suportar o contínuo crescimento e aumento de andares. Meu avô deu continuidade ao projeto e com meu pai o hotel chegou ao seu ápice, oito andares, somente as torres do palácio são mais altas.
— Mas por que tão alto? Os outros prédios têm no máximo quatro andares.
— Para abrigar as outras espécies! Humanos detestam subir escadas, eles se cansam muito facilmente. Meu bisavô percebeu que o Império seria mais aberto às outras raças, então resolveu investir nesse possível futuro, conforme a procura aumentava, mais andares eram construídos. Hoje, os andares superiores estão sendo mais procurados.
—Mas isso requereria um enorme investimento e risco, a maioria das outras espécies parecem ser de aventureiros, alguns mal conseguem se sustentar.
— Com certeza. Veja, somos um hotel de qualidade, mesmo antigamente o custo da hospedagem era alto, mas meu bisavô percebeu uma coisa, que às vezes podíamos receber alguém como um minotauro que pode parecer saído de um labirinto e você acharia que ele estaria melhor numa estalagem de aventureiro, mas daí ele abre um saco do tamanho da cabeça de um troll, cheio de rubis para pagar a estadia, tirados de alguma mina que só ele conhece, e após uma semana, ele está vestindo seda, com chifres enfeitados de ouro e usando uma carruagem guiada por um humano. No ano seguinte, ele está de volta com mais rubis e desejando as nossas melhores instalações, e então no outro ano ele é o maior comerciante de rubis do Império e sempre se hospeda conosco.
— Entendo. Humanos, demi-humanos, heteromorfos, homens-fera, todos tem algo em comum: dinheiro.
— Exato! Mas não me julgue mal, aquilo soou meio aproveitador, não é só pelo dinheiro, acho essa é uma boa oportunidade para tentar igualar a maneira como os povos são tratados. Por que um comerciante homem-lagarto precisa se hospedar numa pousada se ele pode usufruir de acomodações melhores, ser tratado com dignidade e respeito?
— Às vezes só queremos ser tratados de forma igual – suspirou a empregada.
— Sim, às vezes é tudo que queremos – concordou Inta.
Chapter 23: Trabalho Noturno
Summary:
Nesta parte veremos Entoma em um novo traje e começando as investigações.
Notes:
Pergaminos e Seguidores de la Justicia, Mr.Bones trazendo o capítulo 19 de minha fanfic Aquele que Voltou.
Comentem e me ajudem a melhorar a escrita, obrigado.
Com vocês.
Aquele Que Voltou
Capítulo 20: Trabalho noturno
Chapter Text
- Acho que chegamos ao meu apartamento - anunciou Entoma.
- É mesmo, como o tempo voa quando estamos em tão boa companhia! Por falar nisso, gostaria de saber se a senhorita aceitaria jantar comigo esta noite.
- B-Bem, estou lisonjeada, mas o dia foi cansativo e... - a empregada parecia envergonhada.
- Oh! Perdoe a minha impertinência, nem dei por mim o quanto isso poderia ser intrusivo, lamento muito pelo inconveniente... - Inta agora parecia envergonhado.
- Não, não, não... definitivamente não foi inconveniente, apenas fui pega de surpresa. Não é sempre que recebo tais convites, espero que o senhor entenda que eu estaria maravilhada em acompanhá-lo, mas infelizmente não esta noite.
- Então que tal um chá amanhã à tarde? Se isso não perturbar os seus passeios - sugeriu Inta de forma esperançosa.
- Está marcado senhor Inta, amanhã à tarde então.
- Até amanhã, senhorita Entoma.
Ainda bem que, ao entrar no apartamento, os feitiços de silêncio e antiadivinhação se acionaram automaticamente, senão...
- IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIHHHHHH!!!!!!! - guinchou estridentemente Entoma, parecendo uma adolescente.
- Eu gosto de açúcar, mas aquilo estava deixando enjoado até a mim - reclamou Kyouhukou.
- Não seja bobo, estávamos apenas conversando. Além do mais, faz parte do meu serviço investigar.
- Tenho certeza sobre quais partes pareciam que iam ser investigadas... - murmurou quase inaudivelmente o Duque do Terror.
- Eu ouvi isso. Sim, estou lisonjeada com a atenção, mas sei que não somos compatíveis, biologicamente falando.
- Nem tudo precisa ser biológico minha cara, mas infelizmente temos outros assuntos para tratar, não é mesmo?
- Claro, vamos começar hoje a investigação de forma mais direta aos pontos em destaque marcados pelos "observadores" - disse Entoma assumindo um jeito mais sério de falar, afinal ela tinha deveres a cumprir e isso era prioridade.
- Então a senhorita seguirá para um dos bairros mais afastados do centro, acredito que uma mudança de vestuário seria o indicado.
- Realmente, uma das coisas que nós Empregadas de Batalha não possuímos é um guarda-roupa muito extenso. Além dos uniformes, somente temos os conjuntos de praia e de eventos, Ano Novo, festa de gala, uniforme escolar, Halloween, Páscoa, Natal, seja lá o que esses nomes signifiquem, então fora Solution que pode mudar a sua própria roupa, todas somos deficientes neste quesito.
Entoma então retirou suas roupas novas, colocando-as cuidadosamente sobre a cama. Uma série de insetos parecidos com besouros começou a surgir e a subir por suas pernas, recobrindo o corpo inteiro.
Besouros Blindados: a natureza os levou a evoluir para uma espécie altamente resistente que vive em cavernas profundas, com uma carapaça derivada do oricalco, do qual se alimentam.
Esses insetos escalaram o corpo de Entoma e se posicionaram de forma a se agarrarem uns aos outros, formando o que parecia um collant negro de corpo inteiro feito de pequenas placas. Sobre a cabeça, as fêmeas da espécie, mais achatadas, formaram um capuz.
- Ficou bom. Assim a senhorita poderá se misturar às sombras, mas acho que precisará trocar de máscara, esse tom claro poderá lhe denunciar.
- Sem problema, basta fazer isso.
A empregada tocou um lugar específico do Inseto Máscara e este se tornou negro instantaneamente.
- Cromatóforos! Isso é novo.
- Sim, ultimamente tenho pesquisado novas espécies e descobri essa variante, parece que essa capacidade é relativamente nova, mas ela não faz apenas isso.
Então Entoma fez algo surpreendente, ela piscou e então sorriu, depois franziu os olhos e em seguida transformou o rosto em algo parecido com um emoji com a língua de fora, muito fofo por sinal.
- Incrível, a senhorita pode imprimir expressões! Está usando comandos mentais como eu uso com o "Edgar".
- Sim, isso mesmo. Por enquanto ainda não parecem naturais, mas acho que com a prática posso até mesmo fazer parecer que estou falando - mostrou Entoma como fazia abrir e fechar a boca desenhada na carapaça.
- Acho que é um novo passo evolucionário desses insetos, realizar mudanças para se adaptar a outros ambientes e poder caçar.
- Eles caçam? Me desculpe por não saber muito sobre outros insetos, senhorita.
- Sim, eles caçam. E não se preocupe com isso, eu mesma só sei porque, como Entomante, essa é a minha área de estudo. Na verdade, ter essa aparência de rosto é exatamente para atrair as suas presas para perto da colônia, daí todos atacam juntos.
- Então a sua presa favorita seria os humanos.
- Isto é obvio, afinal de contas, quem não gostaria de comê-los?
- Deveras, mas por que suas patas extras estão à mostra?
- Humm, depois que os BBs se juntam fica difícil conseguir uma abertura para expor elas, mas acho que se eu dobrá-las aaassimmm... pronto! Agora elas não vão chamar a atenção e estão prontas para agir - mostrou Entoma.
As patas aracnídeas saiam das costas e ficavam cruzadas sobre o peito formando um X de cor levemente diferente do resto, algo que, esteticamente falando, ficou muito bom, pensou Kyouhukou.
- Acho que já está escuro o suficiente, ninguém vai me ver saindo agora, vamos começar - anunciou a plêiade.
Entoma sobe na janela e se lança no vazio. Sua queda só é parada pelo balançar em uma teia que sai de sua pata, onde uma Aranha de Cordas estava presa.
A empregada poderia emitir sua própria teia, mas ela queria usar a sua entomância o máximo possível. Fora do treinamento, ela tinha poucas oportunidades para isso, e pela mesma razão não estava usando Fly, 'somente em uma emergência' - ela pensou.
-'Então, para qual lado?'
- 'Siga as luzes'.
- 'Que luze-... oooh! Estou vendo, bem pensado! São colaboradores?'
- 'Isso mesmo, meus familiares já estão formando uma rede usando os habitantes da cidade, a maioria está respondendo bem às nossas solicitações'. Abaixo de Entoma, haviam diversos pontilhados luminosos vindos de uma série de vaga-lumes que somente eram visíveis por alguém que estava acima dos prédios. Como a maioria das construções não era muito alta, Entoma logo foi obrigada a saltar de prédio a prédio.
Parte da noite de Entoma foi gasta avaliando diretamente pontos de interesse. Muito após a meia-noite, surgiu a oportunidade de abordar um deles.
- 'Senhorita Entoma, o nosso alvo está se deslocando a algumas quadras de onde você está, os observadores irão guiá-la'.
- 'Como vou identificar o alvo?'
- 'Ele foi marcado previamente com feromônio, você será capaz de ver facilmente'.
- 'Cheguei ao local, é realmente muito fácil de ver".
Abaixo na ruela, uma mulher era perseguida por um brutamontes que segurava uma faca tão grande quanto o seu antebraço. Encurralada, a mesma tentou se defender, conseguindo apenas receber alguns cortes nos braços, o agressor aparentemente gostava de brincar com sua presa, mas agora ele havia se cansado e sua vítima não tinha mais para onde escapar.
Crista viu quando a faca abaixou para perfurar o seu peito, mas a dor nunca chegou, apenas uma leve pontada. O que viu em seguida foi o assassino ser arrebatado para o alto e lá em cima, por entre os prédios, havia uma enorme teia de aranha onde o homem estava sendo enrolado por alguém muito menor do que ele.
A pessoa ou criatura virou o rosto para Crista e então começou a descer por um dos fios prateados. Ao atingir o chão, a princípio ficou em uma posição agachada que a fazia parecer uma Aranha Negra pronta para atacar. Em seguida, ela se levantou e caminhou em sua direção - pequena e esbelta, a silhueta dela denunciava de que se tratava de uma mulher por baixo de uma roupa de escamas negras.
- Você, você está bem?
- S-Sim, obrigada p-por me ajudar, não sei como agradecer p-por salvar minha vida. Aquele é o-o Açougueiro de Arwintar, um assassino, e-ele mata mulheres das ruas...
- Você não vai mais precisar se preocupar com ele... Crista Azules.
- Como você sabe o meu nome?
- Eu sei muito sobre você, sei que é uma "garota das ruas", mas também sei que você possui uma rede de informações bastante confiável. Suas amigas parecem ter acesso a todo tipo de fofoca.
- Você mandou ele atrás de mim?
- Não, de jeito nenhum! Mas eu não podia deixar você ser morta antes de falar contigo. Eu preciso de sua ajuda.
Crista estava desconfiada, mas aquela situação não parecia ter sido armada. A faca chegou a tocar seu peito antes do homem ser arrastado.
- Acredito em você, meus serviços estão às suas ordens.
- Ótimo. Eu procuro uma pessoa, um contador de histórias, falador, está na cidade ou esteve aqui nos últimos meses, este é um retrato dele. Busque informações, seu nome é Telcontar, mas pode estar se chamando de Lovecraft, ou até mesmo mudado de nome.
- Como vou entrar em contato com você?
- Basta deixar uma mensagem aqui mesmo, há um tijolo solto nessa parede.
Crista olhou para trás e não viu nada.
- Não tem tijolos soltos.
Então, uma mão negra atingiu a parede e arrancou um dos tijolos que, até então, estava bem fixo no muro.
- Agora tem. Basta colocar a mensagem ali e alguém virá buscar. Não se preocupe, ninguém mais lhe fará mal.
A garota vestida de negro então deu dois saltos mortais para trás e pulou até a teia, onde agarrou o Açougueiro de Arwintar e com uma incrível facilidade o carregou para cima dos prédios, desaparecendo na noite.
Crista ficou olhando para a enorme teia por um tempo enquanto acariciava sua barriga. Ela possuía muitas tatuagens, algumas sem significado específico, outras bastante pessoais, mas tinha uma em particular que sempre gostou, uma Aranha Negra sobre as costelas, pequena mas mortífera, uma predadora, um símbolo de força e superação para ela.
- "A Aranha Negra"... - murmurou Crista, sorrindo.
Como estava amanhecendo, Entoma se dirigiu para o hotel. Assim que entrou pela janela, ela encontrou Kyouhukou e seus familiares que estavam catalogando a noite inteira. Jogando o Açougueiro de Arwintar no chão do quarto, a empregada anunciou:
- Lanchinhooo!!!
Chapter 24: Dia a Dia
Summary:
Aqui descobrimos que Entoma ganhou uma fama inesperada e que Inta tem algo importante para contar.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo um novo capítulo de minha fanfic Aquele que Voltou.
Ajudem a melhorar a história comentando, obrigado.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 21: Dia a Dia
Chapter Text
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo um novo capítulo de minha fanfic Aquele que Voltou.
Aqui descobrimos que Entoma ganhou uma fama inesperada e que Inta tem algo importante para contar.
Ajudem a melhorar a história comentando, obrigado.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 20: Dia a Dia
As semanas que se seguiram foram de exploração. Durante o dia, Entoma era uma jovem heteromórfica passeando e aproveitando a cidade, sempre acompanhada de Edgar, mas algumas vezes com o gerente do hotel, como no dia anterior, quando tomaram chá em uma padaria bastante chique de um bairro nobre da Capital.
Durante a noite, ela saía usando seu traje negro, abordando informantes e espancando alguns traficantes de pó negro, pois seu mestre também lhe havia incumbido de eliminar esses tipos sempre que possível.
Em uma dessas noites, Entoma entrou em contato com uma gangue de crianças batedoras de carteiras e conseguiu possíveis locais onde um bardo contador de histórias poderia estar trabalhando, o que a levou até uma taberna altamente suspeita, e por causa de sua chegada, uma briga generalizada acabou se formando, sendo que a empregada foi a única pessoa a restar em pé. Realmente havia um contador de histórias ali, mas era um bardo ruivo que usava um bongô.
Certa vez, até mesmo acabou brigando com uma dupla de ladrões que, coincidentemente, entraram para roubar uma casa onde também ela havia arrombado para obter informações, o que a levou a jogá-los pela janela, bem em cima de uma patrulha que passava abaixo.
Por causa de suas ações, quase todas indiretas, a criminalidade diminuiu em certas áreas da cidade, e a partir daí se espalhou o boato de uma aventureira fazendo justiça com as próprias mãos. Em pouco mais de um mês, ela era a nova sensação da cidade: a "Garota Aranha" ou "Aranha Negra", ainda não haviam decidido qual apelido era melhor.
Até mesmo o Imperador Jircniv tinha interesse em saber quem ela era.
- Quero um retrato da Garota Aranha na minha mesa agora! - esbravejou uma vez.
Nesta noite Kyouhukou estava no quarto analisando documentos quando ouviu o bater à porta.
Toc Toc!
- 'Quem pode ser a essa hora?'
Toc Toc!
- Quem é?
- É Int-... Barintacha, seu gerente, senhor Edgar. Me desculpe incomodar tão tarde, mas será que eu poderia falar com a senhorita Entoma?
Kyouhukou não sabia o que fazer, Entoma estava em patrulha, como ele explicaria a ausência dela sem levantar suspeitas? Edgar estava momentaneamente indisponível após o incidente com o macarrão dias atrás.
- Só uns instantes, vou chamá-la.
Então a porta se abriu, apenas uma fresta, o suficiente para que parte da máscara de Entoma e a manga de um roupão aparecesse.
- Hummm?!
- Ah! Boa noite senhorita Entoma, eu estava passando e então pensei, sabe, que talvez, eu queria saber, se a senhorita gostaria, ah que tolo sou, acordá-la assim, me desculpe senhorita, me desculpe... - Inta girou nos calcanhares e se retirou rapidamente.
- 'O que foi isso?' - pensou Kyouhukou enquanto tirava o inseto máscara reserva de Entoma - Porcaria, eu devia apenas ter dito que ela estava indisposta.
.....................................
Enquanto isso no andar superior.
- Tolo, tolo, tolo, você só tinha um serviço pra fazer, "olá, a senhorita gostaria de compartilhar uma refeição tardia?", era só isso, mas nããão, você tinha que enfiar o pé na boca como um adolescente, tolo, tolo, tolo - se amaldiçoava o gerente.
A patrulha de hoje terminara mais cedo, sem novidades, então Entoma pretendia se preparar para o passeio do dia, ela visitaria a Academia Imperial na companhia de Inta. Mas quando chegou ao quarto, recebeu a notícia de que o gerente já havia lhe procurado minutos antes.
- O que poderia ser tão importante para ele me procurar a essa hora da noite?
- Não saberia dizer senhorita, ele parecia deveras nervoso, não sei se ele desconfia de algo, espero que não tenhamos estragado nosso disfarce.
- Eu vou falar com ele, ele ainda deve estar acordado.
- A senhorita acha prudente?
- Prudente ou não, não posso esperar até amanhã por algo que possa estragar toda a operação.
Entoma subiu até o andar superior e, quando estava prestes a bater à porta, ela ouviu um ruído de algo caindo dentro do quarto e sentiu um cheiro familiar, uma leve fragrância de sangue fresco.
Seus instintos agiram, Inta podia estar em perigo, ela então forçou a porta, que não cedeu nenhum centímetro - 'magia' - logo conclui a empregada. O problema de portas trancadas magicamente é que não adianta de nada se a pessoa for forte o suficiente para arrancá-la da parede que não é mágica.
Fazendo exatamente isso e com um salto, Entoma estava dentro do apartamento. No meio da sala havia caida uma senhora grande adornada por enormes joias, e sobre ela uma criatura alada, com pele esticada sobre membros anormalmente compridos, como se os seus ossos nunca tivessem deixado de crescer, costelas salientes, assim como os ossos da coluna bastante protuberantes, seus longos dedos terminavam em garras que pareciam lâminas, seu rosto pálido estava com a boca aberta, cuja mandíbula chegava até o peito, pois era a única maneira de abrir o suficiente, já que seus dentes eram tão compridos que se transpassavam, e quando a criatura fechou a boca, formaram uma espécia de viseira sobre o rosto.
A criatura então se virou para Entoma. Com os olhos vermelhos e estalados, ela segurava um naco de carne recém-arrancado, então o esticou na direção da Empregada de Batalha.
- Está servida?
- Inta?!
...........................................................
Minutos depois.
- Então... você é um vampiro.
- Acho que é a quarta ou quinta vez que respondo, sim, um vampiro.
Ambos agora estavam sentados à mesa apreciando um jantar tardio.
- Como não percebi antes?
- Provavelmente porque eu posso inibir toda aquela aura vampiresca comum que nós emitimos.
- Como você faz isso? Conheço alguns vampiros, nenhum consegue fazer isso sem amuletos, me desculpe pela intromissão, mas você nunca carregou um, eu chequei.
- Experiência. Certas coisas você vai aprendendo com o tempo, suprimir aura, intenção e até mesmo sua natureza faz parte da sobrevivência.
- Tempo... quanto tempo? Digo, qual a sua idade?
- Pelos ossos do Supremo, que indelicado! Nunca pergunte a idade de um vampiro.
- OH! ME DESCUL-... você estava sendo sarcástico, não é?
- Claro, hehhehe! Que graça tem você não poder se divertir com seus amigos? Eu tenho 2742 anos.
- Nossa, provavelmente você é o ser mais antigo deste mundo, depois dos dragões - cutucou a empregada.
- Ai! Agora me senti velho, eu mereci essa. Mas não, sei de elfos mais velhos, eremitas geralmente, alguns monstros não sencientes são mais antigos ainda, sou apenas bem cuidado.
- Mas com tanto tempo, o vampirismo deveria já ter dominado o mundo.
- Ah não. Sabe, vampiros geralmente não querem dominar o mundo, o que a gente faria com ele? Não é inerente de nossa natureza, apenas queremos o nosso cantinho. Além do mais, geralmente vampiros não vivem tanto quanto pensam. Você sabe qual é a maior causa de morte entre os vampiros?
- Estaca de madeira, lâmina de prata, AVENTUREIROS!?
- Tédio.
- O que?
- O tédio é o que geralmente nos mata, literalmente. Após séculos de vida, você acaba sem perspectiva, já bebeu todas as bebidas, provou todos os sabores e acha que já viu de tudo, então ficamos deprimidos e nos enfiamos em uma caverna até definharmos ou sairmos de peito aberto contra um aventureiro.
- Mas você é, como posso dizer isso sem ofender... antigo.
- Acho posso ser chamado de Vampiro Antigo ou Vampiro Ancião, sim. Sobrevivi por tanto tempo talvez porque sou curioso. Ah, a propósito, é muito gratificante finalmente vê-la sem a máscara.
- Obrigada, achei que seria no mínimo cortês mostrar o rosto depois de arrancar a sua porta.
- Não se preocupe, ela já estava velha. A magia devia impedir os barulhos e o cheiro de sair, mas obviamente não fez isso. Talvez na próxima eu encante as paredes também.
- Desculpe novamente, e também acho agradável vê-lo assim.
- Ah, nem sempre posso me mostrar, passo a maior parte do tempo em minha aparência mais humana. Além disso, a maioria das coisas não foram feitas para serem manipuladas por dedos tão longos hehehehe! - disse o Vampiro Ancião mostrando os três dedos que seguravam a taça, os outros dois extremamente longos estavam dobrados em um ângulo humanamente impossível em direção ao cotovelo e depois à axila. Entre eles provavelmente uma membrana que, quando Inta esticasse os braços, deveria dar uma envergadura com mais de cinco metros de asas
- Por falar em disfarces, Barintacha Hierofantes, é seu nome mesmo?
- Claro, por seis "gerações", mas já tive outros nomes, acho que o mais antigo foi Barão Inta Barintacha.
- Você acha?
- Deixe de usar o seu nome por um século ou dois e você vai perceber que esqueceu algo mas não lembra o que é.
- Achei que vampiros fossem inteligentíssimos.
- Inteligentes? Sim, por causa da experiência, mas com memória prodigiosa? Não. Quando nos tornamos vampiro, nossa mente só fica mais... perceptiva, mas não ficamos mais espertos automaticamente.
- Mas com o tempo vocês aprende mais.
- Sim, mas nossa capacidade de reter memórias é tão boa quanto antes. Além do mais, algo que eu aprenda hoje pode ser irrelevante daqui a dez anos, imagine então depois de séculos, lembrar daquilo somente se eu fosse um elfo ou um dragão, que possuem memórias perfeitas.
- O que nós possuímos é vasta experiência, por isso dizem que somos tão inteligentes e cheios de planos intricados. Mas acho que os magic casters são muito mais inteligentes, independente de sua raça.
- Como assim?
- Veja, eles precisam ler e decorar milhares de livros para poder lançar umas poucas dezenas de feitiços, eles devem ter mentes extraordinárias.
Entoma então se lembra de seu mestre que é capaz de lançar milhares de feitiços, segundo Demiurge. Somente um Ser Supremo poderia ter uma mente assim.
- E como foi que você se tornou um vampiro?
- Do mesmo jeito de sempre, fui mordido por um e depois transformado, acho que ele nem sabia o que estava fazendo. Fui deixado sozinho, nem mesmo fiquei preso a um mestre, então eu era um vampiro novato em um baronato na fronteira mais distante de um país que nem existe mais, no meio do nada.
- E o que você fez depois?
- No primeiro milênio, passei em fúria sanguinolenta, no milênio seguinte em depressão profunda, mal saía da caverna para comer.
- Me desculpe por trazer essas lembranças.
- Oh não, tudo bem, é bom lembrar às vezes. Sabe o que me tirou de lá?
- Aventureiros, apareceram alguns tentando me matar e eu estava até agradecido. Foi quando eu vi as armas, eram todas diferentes, modernas, mais fortes, tinha um anão com um martelo rúnico incrível. Você sabe por que eles criaram as runas?
- Seeeeei... Nããão, não faço ideia.
- Eles queriam tornar o aço mais forte, é difícil trabalhar oricalco e adamantite, por isso fortalecer o metal mais maleável parecia o caminho óbvio. E sabe, aquilo era novidade para mim, mudança, eu queria aquilo, queria conhecer coisas novas e então eu saí e comecei a explorar o mundo de novo.
- Mas chega de falar de mim um pouco. Me diga, o que a Empregada de Batalha de Sua Majestade realmente faz em Arwintar?
Entoma engasgou e quase que espirra toda sua bebida no rosto de Inta.
- GLUP! COF! COF! Desculpe, como disse?
- Ora, como falei antes, sou bastante observador, já tinha ouvido falar da beleza das protetoras de Sua Majestade, então quando te vi tinha certeza de que você seria uma.
- Pare com os elogios... - disse a empregada fazendo algo que para uma aranha seria o equivalente a corar.
- Na verdade eu apenas suspeitava, sua reação agora apenas confirmou.
- Seu abusado!
- Hehe! Acredito que seu colega Edgar também não seja humano, talvez um tipo insectóide?
- Algo assim. O que o denunciou?
- Alguns maneirismos, mas também houve uma certa diminuição do estoque de mel e um aumento de baratas no hotel. Por falar nisso, agradeça a elas por serem tão educadas e não se mostrarem aos hóspedes, mas terei que cobrar pelo incidente com o macarrão.
- Lamento por isso, pagaremos pelos estragos.
- Mas me diga, qual a sua missão aqui? SE VOCÊ PUDER CONTAR, lógico, não quero forçar algo de você.
- Acho que nesse ponto posso confiar em você senhor Inta. Estou buscando uma pessoa em nome de Sua Majestade, o motivo não posso compartilhar, me desculpe - respondeu a empregada enquanto mostrava o retrato do viajante para Inta.
- Eu conheço esse cara! Foi meu ajudante de cozinh-...
- PFFRRRRRRRRRRRrrr!!!
Dessa vez, Inta foi banhado com um esguicho de bebida vermelha que saiu da boca de uma estupefata Entoma.
Chapter 25: Vigília
Summary:
Neste capítulo teremos um passeio, humor, um pouco de romance e saberemos mais do passado de Inta.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones com o capítulo 22 da minha fanfic Aquele que Voltou.
Espero que estejam gostando, mais uma vez coloquei um easter egg, para quem está acompanhando será importante, o Viajante faz isso de propósito. 😉
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 22: Vigília
Chapter Text
- Mais uma vez, me desculpe.
- Não se preocupe! Não é a primeira vez que uma garota me cobre de fluidos, conheço algumas pessoas que pagariam por isso.
- PARE DE FAZER TUDO SOAR TÃO PERVERTIDO!!!
- Só se você parar de se desculpar.
- Ok... Então, me fale mais sobre esse seu ex-empregado.
- O nome dele é Takuya Yamashiro, pelo menos foi o que ele deu na época, uns cinco meses atrás. Uma figura simpática, veio ao hotel bem quando eu precisava, o auxiliar do turno do dia quebrou o braço e eu precisava de um substituto, trabalhava o dia todo e ia embora ao anoitecer. Quase nunca o vi na verdade, como você pode imaginar, o período do dia não é a nossa hora mais ativa.
- Achei que vocês detestassem o sol.
- Gerentes de hotel?
- Vampiros, seu bobo.
- Quando mais novo sim, com o tempo vai se adquirindo resistência, e há produtos para passar sobre a pele. Hoje, se eu ficasse no sol, levaria mais de uma hora para começar a queimar, mas como vê, ainda prefiro me expor o mínimo possível - disse Inta mostrando brevemente sua pele para Entoma. Ambos usavam capas que cobriam a cabeça e escondiam suas roupas bonitas de mangas longas, nenhum dos dois queria chamar a atenção, não onde estavam.
- Certo. Me explique então por que a gente precisou esperar até o amanhecer para ir até o endereço onde ele mora ou diz ter morado?
- Primeiro, por que eu precisava de um banho.
- EU JÁ PEDI DESCULPAS!!!!
- He! He! He! Tudo bem, o motivo foi o local onde ele mora segundo seus observadores.
- Sim, eles reportaram que o endereço é de um armazém em um dos bairros decadentes, péssimo lugar pra morar, está sendo usado por um grupo perigoso em atividades mais do que escusas.
- Nesse caso, como já era final de noite, provavelmente não encontraríamos nenhuma atividade, então ir durante o dia para analisar in loco era a melhor opção para checar o local.
- Não gosto de esperar. Se ele desaparecer, nem que seja por alguns minutos, é você que vai ter que se explicar para o Rei Feiticeiro - falou a Empregada de Batalha em um tom jocoso.
- Se eu soubesse que iria me encontrar com Sua Majestade, eu aproveitaria para pedir mais tempo livre para você poder passear comigo.
- Não diga bobagens Hi! Hi! Hi!
- "Você sabe que eu posso te ouvir não é?!"
- "Então pare".
Kyouhukou havia desenvolvido um sistema de monitoramento bastante inteligente, ele e seus parentes possuem um certo grau telepático para poder conversar sem usar palavras, como as invocações que o Rei Feiticeiro usa, mas numa escala menor e apenas a curta distância. Mas aqui, com uma barata a cada quase dez metros, ele descobriu como retransmitir esse sinal, assim podendo acompanhar em tempo real, vendo e ouvindo o que acontece perto de um de seus familiares, em específico no caso o que estava escondido junto a Entoma, bastava focar, o que no momento era bastante difícil com toda essa rasgação de seda.
- Além do mais - continuou Inta - duvido que encontraremos ele, talvez alguma pista somente. Como eu disse antes, ele ficou apenas dois meses conosco e quando foi embora falou claramente que iria para o Reino Santo. Averiguar o armazém é apenas para saber o motivo dele ter fornecido esse endereço, já que tenho quase certeza que ele não morava aqui.
- Entoma, posso fazer uma pergunta?
- Claro, se eu puder responder.
- O que você tem escrito nesses dias?
- Ah, você percebeu! São apenas anotações sobre a viagem, como você pode imaginar, eu e minhas irmãs não temos muito tempo de folga, na verdade detestamos o tempo longe de nosso mestre, mas às vezes somos enviadas para cumprir missões que nos obrigam a... socializar. Então, se alguma delas algum dia vier aqui, poderá usar as minhas anotações para aproveitar melhor o seu tempo.
- Certo, você está fazendo um guia de viagem.
-"Eu te disse".
- "Calado" - Isso, pode se chamar assim.
- Já pensou em um título?
- Para que?
- Talvez você possa querer publicá-lo. Não existe algo do gênero para nós, agora que a segurança das pessoas, de todos os tipos de pessoas, aumentou, um livro assim poderia fazer um relativo sucesso. Que tal algo do tipo, "42 Dias em Arwintar, Um Guia de Viagens Para Heteromorfos".
- Por que 42? A gente nem pôde fazer o passeio na Academia.
- E esse passeio não conta? - indagou Inta enquanto girava de braços abertos, mostrando a rua por onde andavam: uma rua entulhada de sujeira em um bairro decrépito, onde até durante o dia era possível ver os ratos correndo.
- Pare seu bobo, vai chamar a atenção! Então onde é esse endereço?
- Passamos por ele a duas quadras atrás, aquele com os mendigos na porta.
- É mesmo?
- Sim, e aqueles não eram mendigos, eram guardas. A porta está marcada com um símbolo de tráfico.
- Tráfico de que?
- Drogas, armas, bebidas, pessoas. Provavelmente todas elas.
- Meu mestre mandou eliminar vendedores de drogas e escravidão é ilegal, mas que tipo de armas podem estar sendo contrabandeadas? Além disso, armas não são ilegais e todo mundo usa.
- Armas rúnicas. Hmm... vejo que você ficou surpresa.
- É claro, meu mestre trabalhou pessoalmente para o ressurgimento e revitalização da Arte Rúnica, ele não vai ficar contente. Alguém está contrabandeando do Reino Anão?
- Às vezes é mais simples do que se pensa. O Reino Feiticeiro possui o monopólio da fabricação delas, enquanto está nas mãos dos anões ou do Reino elas estão seguras, mas basta roubar a carga de algum mercador que estava levando para revender em viagem. Como não foi roubado diretamente do Reino Feiticeiro, vocês nem devem receber essas notícias.
Na verdade, Albedo já tinha um relatório em mãos sobre isso, pronto para autorizar o uso dos Hanzos para buscar e desmantelar tais ladrões e suas operações, estava apenas esperando o carimbo de Sua Majestade.
- Certo, vamos dar uma olhada de cima então.
Com graça e leveza, Entoma deu um salto, pousando lentamente sobre o telhado. Inta precisou de dois impulsos pela parede para alcançar o mesmo lugar.
- O prédio não possui saída pelo teto, aparentemente as únicas entradas são a da frente e as janelas que estão seladas - "Kyouhukou, você está aí?".
- "À disposição, milady. Os observadores receberam reforços e estão vasculhando o local, parece ter uma saída escondida para o esgoto e uma passagem para o beco atrás do prédio. Há aparentemente grande quantidade de contrabando, além de algum tipo de pessoa em uma jaula. Meus parentes não conseguem descrever direito devido ao fato de estar enrolado em panos e amontoado em um canto, pode ser o nosso alvo".
- "Ok, deixe eles em prontidão, qualquer novidade nos informe. Esperaremos o anoitecer para pegar o maior número de envolvidos".
- Muito bem senhor Barintacha, só me resta uma pergunta, onde vamos almoçar?
............................................
Após o almoço, um passeio à tarde e uma breve parada para o chá, o dia já começava a escurecer. O casal resolveu retornar ao posto de observação e, sem maiores novidades, apenas aguardavam pelo momento certo.
Segundo Inta, seria melhor esperar até após a meia-noite, para que houvesse a oportunidade de encontrar o maior número possível de bandidos.
- Me conte mais sobre o que aconteceu depois que você saiu da caverna! - disse Entoma deitada de costas olhando as estrelas, ela estava usando o traje de BBs negro, então era quase invisível na noite sem lua. Inta estava em sua forma natural, usando o manto com capuz que aparentemente era mágico, já que havia aumentado de tamanho para cobrir o corpo anormalmente desproporcional do Vampiro Ancião.
- Bem, depois que saí da caverna, passei a visitar as cidades. Às vezes criava um domicílio, mas quando começava a chamar a atenção, eu me mudava. Encontrei outros vampiros, todos muito mais novos do que eu, mas tinham muito mais experiência e me ensinaram várias coisas. Você sabia que a aparência natural de um vampiro muda muito conforme o indivíduo?
- Tenho pouca experiência com vampiros, a única com quem trabalho é minha superior Lady Shalltear. Sua aparência natural é bem diferente da sua, já as noivas vampiras parecem mais com você.
- A aparência de morcego é provavelmente a mais comum, mas também já encontrei uns insectóides e outros que pareciam com vermes. Geralmente, os vampiros adotam o aspecto de uma espécie que vive de sangue.
- Sobre a sua superior, eu gostaria de poder conversar com outro vampiro, faz séculos que não troco informações.
- Acho que você realmente poderia aprender algo, afinal ela é um Vampiro Verdadeiro.
- UM ORIGINAL!! Uau! Uma rainha vampiro, ela deve ser incrivelmente poderosa.
- Sim, mas também possui um humor perigoso. Lembre-se de ter o maior cuidado com ela se algum dia se encontrarem.
- Anotado.
- Você disse que saiu da caverna faz o que, uns sete séculos? Então você deve ter visto os tais Seis Deuses e os Oito Reis da Ganância.
- Você não tem ideia de como é fácil perder essas coisas. Quando os grandes feitos estão sendo feitos, ninguém percebe o tamanho da coisa e só décadas depois é que vão exaltar tudo aquilo. Por exemplo, eu só fui saber dos Seis Deuses cinquenta anos depois que apareceram, e ainda nem eram endeusados. Quando os Reis da Ganância apareceram, somente Surshana ainda estava vivo, e eu morava do outro lado do continente, nunca cheguei a ver um dos Oito Reis, todos se mataram décadas depois de surgirem. A religião dos Seis Deuses somente floresceu depois disso, os seguidores tornaram os seus feitos divinos, embelezaram suas histórias e aumentaram em muito suas conquistas, assim se criou uma religião.
- Você sabe que meu mestre é mais poderoso que os Seis Deuses.
- Provavelmente. Fiquei sabendo do poder de sua magia nas planícies Katze, se não for exagero...
- Não é.
- Ok, então ele é muito mais poderoso. Sei também da luta contra o Rei Demônio e o que está vindo depois dela, parece que uma nova religião está surgindo, muito mais rápido do que antes. O Rei Feiticeiro tem demonstrado constantemente seu poder, tanto para criar como para destruir, sua benevolência e seu castigo, isso é tudo o que as pessoas precisam para adorar como um Deus. Não duvido que logo ela se torne a religião dominante na maior parte do continente antes do fim da década.
- Você parece não acreditar na divindade.
- Pela minha experiência, seres divinos ou seres com poderes divinos vem e vão, só o tempo dirá quem era o verdadeiro Deus.
- Você faz bem em pensar assim, afinal meu mestre não é um ser divino, é um Ser Supremo.
- Qual a diferença?
- Deuses estão abaixo dele.
- Oh! Devia ter medido melhor as minhas palavras, já que provavelmente estou falando com um de seus anjos.
- Ah! Pare com isso seu bobo!
- "Eu ainda posso ouvir vocês!"
NHAK!
- O que foi isso?
- Nada, nhon nhon nhon, apenas um lanchinho! Acho que já está na hora de nós entrarmos.
Chapter 26: Ataque e Resgate
Summary:
Aqui teremos descobertas, ação, decepção, compreensão e aprendizado.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo mais um capítulo da minha fanfic.
Se curtiram compartilhem por favor, obrigado.
Com vocês.
Aquele que Voltou
Capítulo 23: Ataque e Resgate
Chapter Text
- Como vamos fazer então, as janelas estão muradas, acho que o jeito é arrombar a porta da frente.
- Eu tenho uma ideia melhor, senhor Gerente da Noite. Fly
Inta então viu Entoma subir e subir no céu. Com sua visão vampírica ele era capaz de vê-la a quilômetros de altura.
- O que ela pensa que vai fazer-... OH!
Dentro do armazém, o trabalho era frenético, mais de cinquenta homens carregando caixas e mais caixas e carroças. Pelo jeito era uma grande operação de evacuação, todos estavam muito apreensivos com as últimas notícias de como muitos negócios tinham sido estragados, principalmente para os traficantes de Pó Negro.
De repente, todos pararam. Começaram a ouvir um som baixo que foi aumentando em um assovio muito alto, então o teto veio abaixo.
Entoma estava tão alto que sua respiração saía em lufadas brancas, olhando para baixo ela cancelou Fly e começou sua descida vertiginosa. Seu corpo não era muito pesado, mas devido à altura em que estava e sua aceleração, protegida pelos Besouros Blindados, com mínima resistência ao vento, ela atingiu o teto do prédio como um míssil balístico, atravessando os andares antes de abrir uma cratera no meio do armazém.
Inta seguiu pelo buraco aberto, invocando seus familiares morcegos e espalhando ainda mais o terror.
- MATEM ELES SEUS MALDITOS! - ESTAMOS SENDO ATACADOS! - FAÇAM ALGUMA COISA! - esbravejavam alguns que pareciam ter se recomposto mais rápido do que se esperava.
Inta usava suas mãos, garras e asas, e por onde passava, os bandidos eram estripados. Já Entoma era pura graça, com movimentos acrobáticos ela desviava das tentativas de a golpearem enquanto ria, era divertido ver os humanos se baterem e esfaquearem uns aos outros enquanto tentavam infrutiferamente acertá-la, até que algo a atingiu, não fisicamente.
- EU VOU MATAR ESSE INSETO!!!
Entoma parou e observou a enorme marreta descer sobre ela, mas nunca chegou a atingi-la. Usando uma de suas patas extras, a marreta foi segurada, o homem parecia tentar colocar toda a sua força em vão. Desenrolando suas outras patas extras, Entoma as usou para se elevar até a altura dos olhos do enorme bandido.
- Eu não sou um inseto, sou um aracnídeo.
O chute no peito do agressor fez com que ele fosse arremessado do outro lado do armazém, atingindo uma das carroças carregadas de Pó Negro que acabou destruída.
Uma das características do Pó Negro, além de ser extremamente viciante, é o fato de ser inflamável. Como qualquer pó inflamável fino quando arremessado no ar em grande quantidade, se torna explosivo. Bastava apenas que a lanterna que estava pendurada na carroça se quebrasse, como aconteceu.
A explosão que se seguiu abriu um buraco na parede e começou um incêndio que logo se espalharia. A empregada foi pega de surpresa, ficando momentaneamente abalada, assim vários bandidos aproveitaram a oportunidade para tentar escapar, apenas para encontrar as portas lacradas por teias.
Os que seguiram para o esgoto foram parados pelos parentes de Kyouhukou e os que foram pelo beco encontraram os familiares de Inta.
O humor de Entoma tinha azedado, geralmente ela deixava um ou dois bandidos fugirem para espalhar o terror em forma de história por entre o submundo, uma técnica testada, confirmada e aprovada por seu mestre que a usou muito como Momon, mas hoje ninguém escapará.
Rimbor não sabia como tudo isso aconteceu, desviando de mendigos, caixas velhas e sacos de lixo, ele fugiu por uma viela, se aproveitando da explosão para fugir pelo buraco aberto na parede para o outro prédio, escapando em seguida para a rua vazia.
Ele tentava chegar a algum lugar seguro, entrou pela viela e então uma esperança surgiu, uma patrulha logo no final da ruazinha, eles poderiam protegê-lo, se fossem subornados talvez até o escoltassem até um local seguro, mas seu grito de socorro foi cortado quando foi puxado de volta para a escuridão, ninguém escaparia.
Entoma puxou Rimbor, o enrolou com teia e o carregou para cima do prédio em questão de segundos, ela nem mesmo viu o sinal de gratidão que o soldado veterano dirigiu a ela enquanto saltava por entre os prédios com sua carga de arrasto. Rimbor era um dos cérebros por trás dessa operação, ele era uma dos alvos a serem interrogados pela equipe de Nazarick.
Chegando sobre o telhado do armazém ela percebeu que Inta ainda não havia saído e o prédio já estava tomado de chamas - "será que algo aconteceu com ele? Ainda tenho que checar a jaula." - então se lançou pelo buraco até os andares abaixo.
- Inta! Onde você está?
- Aqui! - respondeu com uma voz estranha.
Ele estava agachado dentro da jaula, a porta tinha sido arrancada.
- É ele? Por que não me esperou?
- Não é ele, eu percebi assim que me aproximei das grades.
- O que é então?
- Crianças, são duas crianças.
- Droga, pelo jeito você tinha razão, podemos ir então, o prédio logo virá abaixo.
- O que vamos fazer com elas?
- Com quem?
- Com as crianças.
- Elas parecem mortas.
- Sim, em certo ponto estão mortas, mas não podemos deixar elas aqui.
- Por que não?
- São crianças.
- São apenas humanas.
Inta olhou para Entoma com uma mescla de espanto, tristeza, vergonha e decepção.
- Nunca pensei em ouvir algo assim de você... - murmurou o vampiro enquanto agarrava as duas crianças com as garras dos pés e então levantou voo seguindo pela abertura no teto e depois em direção ao hotel.
Entoma não entendia o que tinha acontecido, o que ela disse que irritou Inta?
Ela ficou remoendo o pensamento de que tinha feito algo errado, mas não sabia o que era, enquanto carregava Rimbor de volta ao seu apartamento, deixando ele amarrado no quarto subiu rapidamente para o de Inta, chegando lá encontrou Kyouhukou.
- O que você está fazendo aqui?
- O senhor Barintacha me pediu um favor, então eu vim esperar você para saber o que aconteceu já que a senhorita comeu o meu contato e o nosso gerente não quis dar muitas explicações.
- Bem, não sei o que houve, tudo aconteceu assim... - Entoma explicou como havia sido a noite até o momento onde algo irritou o vampiro.
- Você não disse isso?!
- O quê?
- Às vezes eu me esqueço do quanto a senhorita é jovem.
- Eu não entendo o motivo dele ter ficado irritado COMIGO!
- A senhorita disse para deixar as crianças lá para morrerem e o motivo disso é que eram apenas humanas.
- E por que isso é importante? - questionou a empregada de forma angustiada.
- Não sei se reparou, mas o Senhor Barintacha tem lutado pela integração dos povos não humanos.
- Sim eu sei disso, é uma luta fazer os humanos nos aceitarem.
- Esse é o ponto, integração e tolerância são uma via de mão dupla, isso inclui aceitar os humanos como eles são.
- Você quer dizer para perdoá-los?
- Não, de jeito algum, quem precisar ser punido será, quem pode mudar deve ser ensinado e incentivado a isso, e os inocentes devem ser protegidos.
- Mas eles não têm utilidade para nós, são apenas humanos fracos.
- Você é fraca.
- O quê voCÊ DISSE?!
- Você é fraca, se comparada a suas irmãs, você é fraca se comparada aos guardiões, você é fraca se comparada a Sua Majestade, e mesmo assim eles não te menosprezam, não te diminuem, ou desdenham, eles te apoiam e te fortalecem.
- O Rei Feiticeiro, se quisesse, poderia arrasar uma cidade humana com um único feitiço, se ele realmente quisesse todos os humanos mortos, bastaria esvaziar a Cela Negra e enviar meus parentes, cada um com uma porção ínfima de arsênico, em uma noite todos os humanos do reino estariam mortos ao custo de apenas algumas toneladas de veneno.
- Mas em vez disso ele escolheu o caminho mais longo, pelo que pude entender, nosso mestre deseja a paz entre as raças, todas elas, ele vê todos da mesma maneira, mesmo os humanos. E nós devemos aprender com isso.
- Eu não sabia - murmurou Entoma de forma envergonhada, então ela viu a porta do quarto se abrir.
- Int-... Pestonya?!
- Uma boa noite para a senhorita-au.
- Mas o que, como?
- Eu pedi para ela vir, esse foi o favor que o senhor Barintacha me solicitou, um curandeiro, lógico que com autorização de nosso mestre. Lorde Ainz apenas me perguntou se alguém da equipe havia se machucado, eu informei que não, então perguntou se era para o bem de Nazarick, e eu respondi que sim.
- Então Lord Ainz já deve saber da minha atitude.
- Provavelmente, inclusive acredito que ele sabia desde o começo, por isso envio você aqui.
- Era um teste e eu falhei.
- Ao contrário, acho que era mais uma aula, algo para você aprender, como foi feito com Lord Cocytus, por isso você deve contar pessoalmente tudo para Sua Majestade.
- Eu entendo, como os huma..., as crianças estão?
- Desnutridas, desidratadas, espancadas, com overdose de Pó Negro, mas após a cura estão bem fisicamente.
- Mas mentalmente...
- Inta! - Entoma correu até o vampiro que estava em sua forma mais humana - Me desculpe Inta, eu não entendia.
- Me perdoe também, acho que fui muito duro com você.
- Não precisa, eu mereci uma bronca, acho que meu mestre queria me ensinar algo que eu não estava vendo.
- Sua Majestade é muito sábio.
- Sobre as crianças, você disse antes que elas estavam mortas, mesmo não estando, explique para mim, por favor.
- Bem acho que legalmente estão mortas, elas provavelmente eram nobres, não tinham calos nas mãos, devem ter sido vendidas como escravas para pagar alguma dívida, mesmo entre os nobres caídos ainda existem leis que restringem como podem ser usados. Um nobre ainda retém conhecimento e às vezes contatos, então alguém com estudo acaba como chefe da criadagem, quanto menos você for capaz, pior o serviço, elas eram novas demais para trabalhar, devem ter virado damas de companhia.
- Mas como elas podem ter acabado naquele lugar?
- Talvez não fossem boa companhia, talvez a família que comprou teve que se livrar delas, mas, com certeza, foi há pouco tempo, elas não durariam muito mais em outro serviço, expuseram elas ao Pó Negro tentando entorpecê-las.
- Para o que?
- Acho que seriam escravas sexuais, pelo jeito seriam enviadas para outro reino, "intocadas" provavelmente valeriam bastante dinheiro para os malditos pervertidos.
- Como permitem isso?
- Não permitem, ainda mais hoje em dia onde a escravidão se tornou ilegal, mas basta algumas moedas de prata na mão do fiscal certo e você tem um documento comprovando que morreram de alguma doença, dai é só vender sem ninguém saber.
- Meu mestre precisa saber disso.
- Além disso, a overdose afetou demais a mente delas.
- Como assim?
- Vem comigo.
Chapter 27: Volta para casa
Summary:
Inta conta mais sobre o seu passado e busca de Entoma está chegando ao fim .
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o final de mais um arco da minha fanfic.
Se curtiram compartilhem por favor, obrigado.
Com vocês.
Aquele que Voltou
Capítulo 24: Volta para casa
Chapter Text
Entraram no quarto seguidos por Pestonya e Kyouhukou, dentro havia uma grande cama onde estavam deitadas duas meninas, muito novas, loiras, gêmeas, ambas estavam com os olhos abertos mas não reagiam à presença.
- Eu usei minha hipnose vampírica para olhar a mente delas, está em branco, não possuem memórias, isso é um dos efeitos do Pó. No começo, viciados vão perdendo a memória, esquecem a família, depois de si mesmos, desnutridos por esquecerem de comer, no final só resta a droga e morrem. Com elas acho que forçaram apenas algumas doses, mas grandes demais, talvez tivessem pressa.
- É minha culpa, eles estavam assustados, queriam tirar toda a operação de uma vez, eu fiz isso com elas.
- Não tem como saber Entoma, eles podiam já estarem planejando isso.
-VOCÊ NÃO PODE GARANTIR QUE A CULPA NÃO É MINHA!
- I-Irmã-ã...
- O quê ela disse? - Entoma estava surpresa.
Inta se aproximou, seus olhos brilharam em vermelho.
- Incrível, há algo aqui. É tênue, uma memória, antiga, desfocada, mas agora tem uma nova memória, viva, de sua voz. Graças, isso é um bom sinal.
- O que quer dizer, Inta?
- A mente delas não está morta, apenas adormecida, suas memórias, o que tornavam elas mesmas foi destruído, mas com ajuda talvez elas possam se recuperar, formar novas memórias.
- Pestonya, elas teriam ajuda nos orfanatos em E-Rantel?
- Infelizmente não temos experiência em tratar doenças mentais senhorita-au.
- Eu faço - Inta afirmou sem pestanejar.
- Por que você, Inta?
- Eu sou o mais indicado para isso, a hipnose pode ajudar, já fiz algo parecido uma vez. Sabia que já tive uma filha?
Entoma apenas balançou negativamente a cabeça.
- É mesmo, não contei sobre isso, você pode imaginar como ela morreu?
- "Estaca, lâmina de prata, aventureiros" - pensou Entoma - Não, não sei, Inta.
- De velhice, em sua cama, pacificamente, a seiscentos e trinta anos atrás, ela tinha 87, vinte e dois após a morte da mãe.
- Ela não era uma vampira!
- Não, não era, nem a mãe dela. Sabe, o vampirismo é uma maldição, mas se propaga como uma doença. Algumas doenças não passam para os filhos. Eu vivi uma vida calma com elas, mas no final ela mal me reconhecia, a hipnose ajudava, mas eu não sabia muito na época. Depois disso, jurei nunca mais ver um filho meu morrer assim, fui presente na vida de meus netos, mas os bisnetos se afastaram muito, ou fui eu, perdi o contato com eles, acho que morreram na ascensão dos Oito Reis, não tenho como ter certeza.
- Lamento muito sua perda Inta, você não precisa assumir essa responsabilidade.
- Não preciso, mas posso assumir, elas não têm ninguém, eu sou a melhor ajuda que elas terão.
*Toc Toc*
- Deve ser o Gunter com a comida.
Inta foi até a porta com Entoma logo atrás, mas não se mostrando para o Gerente do Dia.
- Ah! Obrigado, desculpe Gunter por incomodá-lo tão tarde, ou seria cedo?
- Estou ao seu dispor, senhor Barintacha.
- Ainda vou precisar saber onde o seu ex-empregado passava as noites - disse Entoma fora de vista, pensando em como ainda não havia acabado a sua missão.
- Acho que isso será difícil - Gunter respondeu subitamente - M-Me desculpe Senhor Barintacha, não era minha intenção escutá-los! - se empertigou o gerente.
- Não se preocupe Gunter, o que houve?
- Acredito que a senhorita deve estar falando do senhor Yamashiro, ele foi o único empregado a ir embora nos últimos anos.
- Sim, é dele mesmo, o endereço que deu era falso, precisamos saber onde ele passava as noites.
- Oras senhor, aqui, ele dormia aqui. O senhor autorizou.
- O que?
- Ele deu aquele endereço apenas se alguém o procurasse, tinha certos receios, mas ele disse que não tinha onde ficar, então eu pedi ao senhor se um dos empregados podia usar o quarto reserva para dormir aqui. Ele saía de serviço, se ausentava por poucas horas, acho que ia até uma taverna e depois voltava para dormir.
- Eu achei que fosse o Miko.
- O Miko ficou com o quarto também depois que se recuperou e voltou, quando o senhor Yamashiro foi embora.
- Agora eu vejo como vampiros podem ter memória ruim - zombou a empregada.
- VAMPIRO!? Quem?!
- Ninguém Gunter, você não ouviu nada sobre vampiros - disse Inta com olhos vermelhos e um gesto de mão.
- Sim senhor... acho que vou voltar à portaria, com licença Senhor Barintacha, senhorita Entoma.
- Boa noite senhor Gunter - disse Entoma de forma envergonhada - Ele não sabia?!
- Não.
- Me desculpe.
- Acho que ainda não é hora dele saber, amanhã vamos olhar o quarto.
No dia seguinte, nada foi encontrado no quarto, nem nas tavernas próximas e nem nas semanas seguintes. A busca foi geral, mas mais nada foi descoberto, então chegou o dia que todos foram chamados de volta à Nazarick.
- Acho que isso é um adeus - disse Entoma na janela de sua carruagem branca.
- Você pode vir me visitar, estamos apenas a um daqueles portais incríveis que vocês usam.
- Sempre que eu puder! Esse não vai ser o fim da Aranha Negra.
- Sempre preferi Garota-Aranha, mas você não soube? Parece que há um novo aventureiro, um homem-besta morcego.
- Um Homem-Morcego, quem acreditaria nisso!? - respondeu Entoma de forma jocosa.
- Não é?! Acho que se sentem mais seguros imaginando um homem-besta do que um vampiro herói, puro preconceito He! He! He!
- Por falar nisso senhor Barintacha - disse Kyouhukou - lembre-se que os meus parentes foram voluntários para ficarem, eles estão seguindo os desígnios de Sua Majestade o Rei Feiticeiro, espero que os trate bem.
- Com certeza o farei senhor Kyouhukou, eles ajudarão muito. Agora lhe devo dois favores.
- E como está se saindo a sua nova gerente da noite?
- A senhora Crista parece estar se adaptando bem e ela realmente sabe lidar com vítimas do Pó Negro, está ajudando bastante com as meninas, mas elas sentirão muito a sua falta, não param de chamar a irmã mais velha.
- Parece que você já tem toda ajuda que precisa - mencionou Entoma com um tom de desagrado.
- Oras, você sabe que a senhorita Crista não faz o meu tipo.
Então Entoma agarrou Inta e o puxou para dentro da carruagem, tirou a máscara e deu um longo beijo no vampiro que retribuiu.
- Adeus Barintacha Hierofantes, até logo!
- Adeus senhorita Entoma Vasilissa Zeta!
Quando a carruagem começou a andar, Entoma jogou um pequeno objeto na direção do vampiro.
- Aqui! Pega!
Inta segurou o pacote arremessado e então o abriu enquanto a carruagem se afastava. Dentro havia um livro.
- "42 Dias Em Arwintar: Um Guia de Viagens Para Heteromorfos E Humanos", poxa vou precisar pedir para ela autografar! - brincou o vampiro, sorrindo.
.........................................
Nos meses que se seguiram, Entoma retornou regularmente a Arwintar e mesmo que as suas aparições como Garota-Aranha tenham diminuído, sua popularidade não. Como o herói Homem-Morcego foi visto várias vezes com ela, acreditava-se que mesmo só vendo ele era provável que a Garota-Aranha estaria por perto.
Os parentes de Kyouhukou permaneceram por várias gerações em Arwintar, mantendo vigilância e auxiliando Inta, o que em termos humanos representou apenas alguns anos até que fosse dado fim à vigilância contínua de toda a cidade.
Com a ajuda de Crista e a terapia hipnótica de Inta, as gêmeas apresentavam melhoras rapidamente, mas era durante as visitas de Entoma que se tornava mais visível esses avanços. Algo na voz dela estimulava as meninas que sempre a chamaram de irmã mais velha. Elas nunca se lembraram de seu passado e em determinado tempo começaram a treinar para ser parte de Nazarick em uma força humana especializada.
O livro 42 Dias em Arwintar foi um grande sucesso, incentivando uma segunda edição, desta vez voltada apenas para gastronomia, mas foi preciso separar em edições para humanos e outra para heteromorfos, afinal de contas alguns dos restaurantes indicados possuíam voluntários humanos que vinham principalmente das arenas e eram pagos antecipadamente para estar no cardápio.
Entoma, Inta e as meninas ainda estão juntos e felizes.
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NOTA DO AUTOR
Olá, sou o Mr. Bones, acho que preciso dar umas explicações e tirar algumas duvidas que possam permanecer.
Sobre as crianças: Sim, as meninas resgatadas são as irmãs de Archer, nunca gostei do fim que elas levaram na LN, principalmente por ter sido escolhido por votação, então nesta versão elas só foram dadas como mortas, perderam a memória mas reencontraram sua irmã, mesmo que seja apenas na voz que Entoma ainda usa.
Sobre Inta que veio emprestado de outra fanfic, obrigado AtheistBasementDragon, eu mudei um pouco sua origem, isso fará sentido no final desta fanfic, assim como outras coisas, tenham paciência comigo por favor.🤗
Sobre o viajante vocês perceberam que ele é o "MacGuffin", o objeto que faz esses pequenos contos se desenvolverem, sim, ele vai aparecer no final, tentarei fazer com que seja um personagem interessante e importante para futuras histórias minhas, espero que curtam até o final pois ainda tem bastante coisa pela frente.
Chapter 28: Interlúdio 4
Summary:
Ainz faz uma descoberta que pode trazer terríveis repercussões.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr. Bones trazendo o Interludio do fim deste arco da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 4
Chapter Text
Em Nazarick, Ainz estava agitado e dava ordens.
- 'Shalltear, abra um portal para a localização mostrada no meu espelho de visão remota, não há tempo para explicações'.
- Ainz-Sama, o senhor não pode ir sem apoio.
- Isso é algo que tenho que enfrentar sozinho, Albedo.
Ainz entrou pelo portal apenas para reaparecer em seguida em um escritório. Era bonito, mas não excessivamente luxuoso, os sentidos de colecionador dele tilintavam, pois era possível perceber que vários objetos na sala pareciam mágicos, coisas colecionadas durante séculos provavelmente, mas uma delas chamou sua atenção, era uma pena dourada sobre a mesa em um suporte simples. Ainz tentou usá-la, mas apenas uma linha surgiu no papel, mesmo sem ter tinta disponível.
- Não pode ser apenas isso, Avaliar Item Menor.
Nada aconteceu, na verdade algo estranho aconteceu, em vez de surgir uma tela com as informações, apareceu um grande X vermelho que tremeluzia.
- Estranho, o feitiço não falhou, mas foi negada a informação, Avaliar Item Maior.
Novamente o X, desta vez tremia e piscava.
- Parece um bug, Avaliar Item Superior - disse frustrado.
Este feitiço deveria ser capaz de analisar até mesmo Itens Mundiais, o X novamente apareceu, tremeu, piscou e então surgiu a tela com vários glitches, Ainz estava sem palavras.
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It&m: P€na Dour@da
Us0: Inf!nito..₩*)( &scrita, $%@#... DeSenho, %¨º{]... Ediçã ....£¥♥︎......
ALtorização: Restrito admin...
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- DESENVOLVEDORES DE MERDA, é uma maldita ferramenta de edição!
Ainz achava que isso era impossível, mas ali estava a prova, ele pegou a pena e começou a escrever no ar, linhas fluíam, olhando elas flutuando ele clicou com a ponta da pena e elas mudaram de forma, de novo e de novo, depois mudou a cor, em seguida tocou no canto e arrastou, elas então ficaram tridimensionais.
O Ser Supremo olhou sua obra quando ouviu sons vindo. Seu supressor brilhou, agora era a hora, guardou a pena no lugar, nas não sabia como fazer sumir a arte, ele se virou a tempo de encarar a porta se abrindo.
Inta entrou em seu escritório e então caiu de joelhos, em sua frente estava o mestre de Entoma, o Rei Feiticeiro. E como se fosse difícil dizer quem ele era, sobre sua cabeça havia escrito no próprio ar na língua do Novo Mundo: AINZ OOAL GOWN.
- Olá senhor Barintacha, eu sou o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown e gostaria de saber quais são as suas intenções com a minha... afilhada.
.............
Seguiu-se uma situação deveras constrangedora, Ainz precisou usar Destruir Item Menor para apagar as palavras flutuantes, nesse meio tempo ele imaginava como Entoma era criação/filha de um de seus companheiros então ele tinha por obrigação protegê-la, com isso passou a agir como padrinho dela.
Já Inta, como se não estivesse intimidado o suficiente, ao ficar na presença de um Rei e possível deus, ainda parecia estar sendo questionado por outro tipo de padrinho, algo mais Don Corleone, daqueles que poderiam quebrar as suas pernas e você ainda agradeceria pela atenção.
Mas depois de vários minutos conversando, Ainz estava satisfeito. O vampiro soava sincero sobre gostar e respeitar Entoma, então o Ser Supremo disse que daria mais folgas à empregada por quanto tempo ela desejasse, parecia que alguém em Nazarick finalmente iria aderir ao esquema de folgas que tentava implementar.
Por sua vez, Inta achava que havia sido ameaçado de morte em diversas maneiras veladas diferentes se fizesse Entoma chorar, ele gostava dela, muito por sinal, mesmo se Ainz não fosse tão aterrorizante ele ainda a respeitaria imensamente.
Antes de partir, Ainz lançou Avaliar Item Menor sobre a pena, surgindo o X tremeluzente, indicando que a ferramenta estava novamente travada.
Apesar de ser capaz de criar desenhos e letras no ar, como os letreiros que Touch Me usava, ela não fazia mais nada de especial. Descobriu-se apenas que Inta a comprou antes de ter virado vampiro.
Estranhamente, toda vez que um Total Maniac era ativado em Nazarick, o letreiro com o nome de Ainz ressurgia sobre sua cabeça.
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NOTA DO AUTOR
Certo, neste Interludio descobrimos que os jogadores podem estar vindo ao Novo Mundo a muito mais tempo do se imagina.
No próximo arco teremos Cz2128 Delta. O que será que a espera ?
Chapter 29: Programação
Summary:
Saberemos um pouco mais sobre Éclair e o que CZ faz com o seu dinheiro.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o primeiro capítulo do novo arco com CZ.
Comentem para ajudar na minha escrita e compartilhem se gostaram, link para os sites nos comentários, obrigado.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 25: Programação
Chapter Text
01010011 01000101 01001110 01001000 01000001 01010011 00100000 01000100 01000101 00100000 01010011 01000101 01000111 01010101 01010010 01000001 01001110 11000111 01000001 00100000 01000100 01000001 00100000 01000111 01010010 01000001 01001110 01000100 01000101 00100000 01010100 01010101 01001101 01000010 01000001 00100000 01000100 01000101 00100000 01001110 01000001 01011010 01000001 01010010 01001001 01000011 01001011 00111010 00100000 01000100 01000101 01001100 01000101 01010100 01000001 01000100 01001111 00001010 01010000 01001100 01000001 01001110 01010100 01000001 00100000 01000010 01000001 01001001 01011000 01000001 00100000 01000100 01000001 00100000 01000111 01010010 01000001 01001110 01000100 01000101 00100000 01010100 01010101 01001101 01000010 01000001 00100000 01000100 01000101 00100000 01001110 01000001 01011010 01000001 01010010 01001001 01000011 01001011 00111010 00100000 01000100 01000101 01001100 01000101 01010100 01000001 01000100 01001111 00001010 01010000 01001100 01000001 01001110 01010100 01000001 00100000 01000100 01001111 00100000 01010011 01001001 01010011 01010100 01000101 01001101 01000001 00100000 01000100 01000101 00100000 01010011 01000101 01000111 01010101 01010010 01000001 01001110 11000111 01000001 00100000 01000100 01000001 00100000 01000111 01010010 01000001 01001110 01000100 01000101 00100000 01010100 01010101 01001101 01000010 01000001 00100000 01000100 01000101 00100000 01001110 01000001 01011010 01000001 01010010 01001001 01000011 01001011 00111010 00100000 01000100 01000101 01001100 01000101 01010100 01000001 01000100 01001111 00001010 01001100 01001111 01000011 01000001 01001100 01001001 01011010 01000001 11000111 11000011 01001111 00100000 01000100 01000001 00100000 01000111 01010010 01000001 01001110 01000100 01000101 00100000 01010100 01010101 01001101 01000010 01000001 00100000 01000100 01000101 00100000 01001110 01000001 01011010 01000001 01010010 01001001 01000011 01001011 00111010 00100000 01000001 01001100 01010100 01000101 01010010 01000001 01000100 01001111 00001010 01010010 01000101 01001001 01001110 01001001 01000011 01001001 01000001 01010010 00100000 01010011 01001001 01010011 01010100 01000101 01001101 01000001 01010011 00100000 01011001 00101111 01001110 00111111 00001010 01011001 ¹
- Cz... CZ2128 Delta, você pode me ouvir?
- Sim, Ainz-sama.
- Quais são as suas diretrizes primárias?
1ª Diretriz: Proteger e obedecer a Ainz Ooal Gown, e não devo por ação ou omissão, permitir que Ainz Ooal Gown sofra algum mal.
2ª Diretriz: Proteger A Grande Tumba de Nazarick, exceto nos casos em que entre em conflito com a Primeira Diretriz.
3ª Diretriz: Proteger a minha própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Diretriz.
- Você ainda tem acesso às senhas de Nazarick?
- Negativo, Ainz-sama.
- Você tem acesso à planta baixa de Nazarick?
- Negativo, Ainz-sama.
- Você tem acesso à planta dos sistemas de segurança de Nazarick?
- Negativo, Ainz-sama.
- Você sabe a localização da Grande Tumba de Nazarick?
- Positivo, Ainz-sama. A Grande Tumba de Nazarick está posicionada a 24°59'06.7"S 53°26'42.7"W no Reino Feiticeiro, dentro da Grande Floresta de Tob.
- Que bom Cz, perfeito. Você está pronta para partir em sua missão.
- Quer dizer que eu posso ir embora? - disse uma pequena criatura bastante amuada.
- Ah! Éclair, obrigado pela sua ajuda.
- Por que eu estou aqui, Ainz-sama? - Éclair questionou, perplexo pela sua posição nos braços da empregada.
- Ora, o processo que realizei em Cz parece ser bastante angustiante, então ela precisava de um... companheiro de suporte emocional.
Na verdade, CZ Delta só queria abraçar o pinguim fofo.
- Me desculpe atrasar sua partida, mas os deveres com o Reino me manteve ocupado esta semana. Então me diga CZ, você vai levar algum presente para a senhorita Baraja?
- Presente? Sim, Neia é fofa, merece presente.
- Não, não, eu quis dizer alguma lembrança para ela apenas por ser sua amiga.
- Humm, não sei o que levar.
- Acho que algo significativo para você. Poderia comprar alguma coisa em E-Rantel antes de ir, você ainda tem dinheiro?
- Sim, Ainz-sama. Todo dinheiro recebido está devidamente guardado e catalogado.
- Todo ele?
- Sim, Ainz-sama.
- 'Eles deviam estar usando esse dinheiro, mas estão apenas guardando como se fosse presente!' - CZ você pode usar parte dele para comprar algo que você queira para si ou para dar a alguém, como as suas irmãs.
- Temos tudo do que precisamos na Grande Tumba de Nazarick, nada humano possui qualidade necessária para nossas atividades.
- Sim, mas, mesmo assim, você pode comprar algo apenas por ser diferente do que possuímos aqui, nem tudo precisa ser melhor, ou possuir uma função óbvia, às vezes você pode querer algo apenas por ser bonito.
- Humm, vou procurar na próxima vez.
- Então, o que você gostaria de levar agora?
- Éclair, gostaria de levar Éclair para Neia poder abraçá-lo.
- Feito.
- NÃÃÃÃO! Ainz-sama, por favor não me mande junto com ela. Vou ser esmagado e não posso abandonar o meu posto como Mordomo Assistente.
- Não se preocupe Éclair, será só por alguns dias, as empregadas e Pestonya darão conta, CZ prometerá não te apertar tanto e te proteger. Além do mais, você me deve por perder o nosso último duelo.
- Sim, a disputa para ver quem piscava primeiro foi muito acirrada, quase o venci dessa vez, Ainz-sama.
- Sim, claro - 'Ele não teve a mínima chance, principalmente porque não tenho pálpebras'.
- Então preparem suas coisas para partir, aguardo o seu relatório CZ. Ah! Lembre-se, Neia Baraja é muito importante para os meus planos, proteja ela com todas as suas forças - 'Demiurge mencionou como ela pode ser essencial para o MEU plano de dez mil anos, acho que protegê-la faz parte disso'.
Após a saída da empregada e do mordomo, Ainz estava a sós com Albedo na sala do trono.
- Como o senhor suporta uma atitude desrespeitosa como essa, Ainz-sama?
- Você se refere a Éclair, Albedo?
- Sim, meu senhor. Ele vem periodicamente, a cada semana o desafia para duelar, numa óbvia atitude de rebelião que deveria ser punida com a morte, mas o senhor aceita todas as vezes, e quando o derrota, em vez de solicitar sua cabeça, apenas impõe alguma atividade rotineira. Por que o senhor aceita isso?
- Porque eu sei de algo que você não sabe, Albedo - Ainz disse com um pequeno brilho nas cavidades oculares.
- Oh! Me desculpe Ainz-sama por questionar a sua sabedoria, meu senhor! - Albedo implorou enquanto caía de joelhos.
- Não Albedo, o que quero dizer é que existem coisas que eu gostaria que você aprendesse. Levante-se por favor, veja o caso de Éclair, ele faz essas coisas porque é obrigado a fazer.
- Sabemos que o Ser Supremo Ankoro Mocchi Mochi o criou para desejar o trono da Grande Tumba, meu senhor, mas isso é impossível. Por que ele insiste?
- Porque isso faz parte de sua natureza, algo que está com ele desde sempre, é mais que apenas um hábito, é como uma compulsão. Se ele não fizer isso é como se ele perdesse o motivo de existir. Isso é tão verdade que acho que ele nem quer realmente ganhar os duelos.
- Meu senhor, desculpe esta humilde serva, mas eu não entendo.
- Veja, quando ele começou a solicitar os duelos, eu aceitei honradamente. Os primeiros foram com armas, feitiços, força e coisas do tipo que simplesmente eu venceria, mas percebi que ele nem mesmo questionava a natureza injusta dos duelos. Passei a testar uma teoria e escolhi jogos como xadrez, damas ou cartas, novamente ele não reclamou do fato de não ter polegares para essas disputas, na verdade acho que se algum dia ele ganhasse em alguma delas, simplesmente arrumaria alguma desculpa para perder, pois ele não saberia o que fazer com Nazarick ou com sua vida se ganhasse.
- Então o senhor apenas o tolera.
- Não, eu contínuo aceitando os duelos na esperança que algum dia ele perceba a natureza inútil de seu pedido e possa prosseguir sem ter tal compromisso o limitando e assim possa crescer como indivíduo, não apenas como uma sombra de seu criador.
- Mas bastaria o senhor ordenar que ele pare de incomodá-lo.
- Obediência é algo aceitável, mas dessa maneira eu forçaria a minha vontade sobre algo que ele não pode controlar. Da última vez que fiz algo assim sofro as consequências até hoje. Nunca mais tentarei mudar a natureza de alguém me impondo dessa maneira, Albedo.
- O senhor é o mais generoso e gentil dos Seres Supremos, agradecemos que tenha sido Ainz-sama a ficar conosco - disse a succubus entre suspiros.
- Obrigado, Albedo - 'E espero que algum dia você possa me perdoar pelo que eu fiz com você'.
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¹
SENHAS DE SEGURANÇA DA GRANDE TUMBA DE NAZARICK: DELETADO
PLANTA DO SISTEMA DE SEGURANÇA DA GRANDE TUMBA DE NAZARICK: DELETADO
LOCALIZAÇÃO DA GRANDE TUMBA DE NAZARICK: ALTERADO
REINICIAR SISTEMAS Y/N?
Y
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Nota do autor
Olá, a principio o código binário no começo era para ser um easter egg, onde seria preciso passa-lo por um tradutor, mas percebi que as informações mudavam por causa de cada formato onde posto ou por onde é lido, então coloquei a legenda aqui em baixo, se curtiram há outras curiosidades espalhadas no capítulo e por toda a obra, espero que gostem.
Chapter 30: Conspirações
Summary:
Uma tentativa de assassinato coloca a vida de Neia Baraja em risco.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 26: Conspirações
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Cidade de Hoburns, capital do Reino Santo. Pelo menos na parte norte, Neia Baraja terminava outro de seus discursos para uma multidão, nos últimos meses ela vem precisando fazer isso pelo menos duas vezes ao dia por causa da quantidade de pessoas que vem ouvi-la.
Quando Neia começou a professar os atos de Sua Majestade o Rei Feiticeiro, sempre era nas praças ou no centro de treinamento, mas quando o número de pessoas passou das centenas, esses locais se tornaram pequenos para isso.
Sem lugar apropriado, ela se viu obrigada a tentar conseguir um terreno junto à Coroa, mas infelizmente, mesmo sendo apoiada pelo Rei Caspond, ela recusou uma doação, alegando que tal atitude enfureceria ainda mais os adoradores dos Quatro e com a guerra civil entre o norte e o sul pronta para irromper, precisava do apoio dos templos, mesmo que de falsos deuses.
Com o pouco que economizou, a venda de sua antiga casa e a ajuda daqueles que a seguiam, conseguiu o suficiente para comprar um terreno na cidade onde havia uma antiga igreja em ruínas, mas isso era tudo, não tinha dinheiro para reformar ou construir algo novo. Mesmo assim, ela usava tudo que podia, mal sobrando algo para si mesma. "Sobreviver com pouco era sinal de força, e Força é a Justiça" pensava Neia.
Nesta semana em particular, mais e mais pessoas chegava a Hoburns procurando A Sem Rosto e seus seguidores, afinal era uma data importante para os Seguidores da Justiça, pois marcava a queda de Jaldabaoth.
- "...Então em nossa hora mais negra, a esperança parecia ter morrido. Jaldabaoth espalhava a morte por onde andava, paladinos eram incinerados apenas por estar em sua presença!" - discursava Neia para a multidão, sua voz era forte mas calma e alcançava mesmo as pessoas do outro lado da praça.
- "Nenhum Deus ouviu nossas preces, nenhum deles desceu do céu para nos salvar, somente a nossa própria força nos fazia permanecer contra o mal supremo que nos assolava".
- "Quando achávamos que o fim havia chegado, o som de cornetas soaram por toda a nossa terra, uma luz surgiu no horizonte iluminando uma bandeira e um exército. Na sua frente cavalgava a salvação do Reino Nobre, o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown, e então Jaldabaoth tremeu ante sua presença, PALAVRAS DA JUSTIÇA!".
- "PALAVRAS DA JUSTIÇA!" - respondeu a multidão.
- Vão em paz meus amigos, esta semana será realizado o festival comemorando o retorno do Rei Feiticeiro. Venham, e se puderem ajudar na construção de nossa igreja, nós agradecemos. Lembrem-se a fraqueza é pecado.
Após sua liturgia, como sempre, Neia se viu cercada por pessoas que queriam pedir ajuda, oferecer ajuda, agradecer pela ajuda ou simplesmente tocá-la. Os seguidores da justiça que auxiliavam nas cerimônias não davam conta de manter tantos afastados, nem ela queria isso, pois estar próxima às pessoas era importante para ela, mas muitos deles se preocupavam com sua segurança, então quando uma pessoa totalmente normal sacou uma faca e a desceu em direção à sua nuca, ninguém percebeu.
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24 horas antes
Dentro de um prédio abandonado em uma área pouco habitada na cidade de Hoburns, um grupo sinistro se reunía.
- Você está preparado?
- Sim, eles logo chegarão.
- Quantos virão?
- Vários, acredito. O pedido foi amplo e o pagamento oferecido, generoso.
- Não será estranho tê-los todos juntos?
- Se vierem ao mesmo tempo não estarão à altura do serviço. Os mais preparados esperarão até estarem seguros de que o caminho está livre.
Alguns minutos se passaram quando uma voz vinda das sombras se anunciou.
- Venho pelo serviço.
- E pelos Quatro você será recompensado - respondeu aquele que parecia ser o líder do grupo.
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12 horas antes
- Maldito seja todo mundo, porcaria, maldita lenha...
- Olá! O senhor precisa de ajuda?
- Eu não preciso de nad-... Oooooh! Olááá mocinha, tudo bem? Bom dia!
- Bom dia senhor, parece que precisa de ajuda para levar a lenha.
- Ah sim, realmente está um pouco pesado. Você poderia me dar uma ajudinha, apesar de já levar essa mochila grande?!
- Claro, não se preocupe senhor, sou mais forte que aparento. Onde o senhor mora?
- Logo aqui na frente, no prédio do outro lado da praça. Você não parece daqui.
- Não senhor, vim de fora e procuro serviço.
- Infelizmente não achará muito por aqui, a maior parte deste bairro foi destruída, e a reconstrução parece que vai demorar. Provavelmente o "Rei" prefere priorizar outros bairros, mesmo esse tendo sido nobre antigamente. E agora essa guerra com o sul quase batendo na nossa porta... dificilmente você vai achar emprego. É aqui que eu moro, será que poderia me ajudar mais um pouco? Moro no último andar e minhas costas não são mais as mesmas.
- Claro, senhor! É uma pena não haver tantos serviços disponíveis, eu já tenho um em vista, mas é sempre bom ficar aberta para outras oportunidades.
- Sim, sim, oportunidades. Gostaria de entrar e tomar um chá?
- Por favor. Onde posso colocar a madeira?
- Ali perto da janela.
- Certo. O senhor tem uma bela vista daqui.
- Obrigado. Já fui farmacêutico, ganhava bem antes da invasão de Jaldabaoth, mas tudo foi destruído, só me restou o quarto. Aqui, beba enquanto está quente.
- Obrigada, mas acho que afinal vou recusar o chá.
- Por que? Algum problema com o cháARRRGHhh!
- Sim, prefiro tomar o meu sem a belladona que você pôs, seu velho pervertido.
- Aqui parece ser um bom ponto, linha de visão desobstruída, o morador foi eliminado, basta apenas esperar. Durante o culto ela anda muito de um lado para o outro, não há certeza de acerto, após as cerimônias ela se vê impedida momentaneamente de se mover por causa de seus fanáticos, essa será a melhor oportunidade.
A assassina tirou o corpo degolado de cima da mesa e a moveu para perto da janela, colocou um cobertor sobre ela após limpar o sangue e começou a montar alguma coisa grande, tirando várias peças da mochila: algo parecido com uma muleta de madeira, duas hastes de metal quase tão grandes quanto a peça anterior, várias peças menores que foram sendo encaixadas.
Após parafusar as hastes em forma de X, ela prendeu os laços de uma corda fina na ponta de ambas ao mesmo tempo, esticou a corda e, com uma força não condizente com o seu tamanho, curvou as duas peças até prender as outras pontas da corda, formando um arco duplo.
No final, acoplou um tripé quase na ponta para servir de apoio para a enorme balestra que ocupava quase toda a mesa, se deitou de barriga para baixo ao lado da arma olhando para fora. Com uma distância tão grande, mal era possível distinguir as pessoas entre elas do outro lado da praça.
- "Arte marcial! Olhos de águia!" - Sua visão se afunilou e então se expandiu aproximando o outro lado.
- Um disparo limpo. - disse a Arqueira.
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6 horas antes
- Óleo de Mandrágora, Saliva de Basilisco, Lótus Negra, Sangue de Cocatrix eeee... um pouco de Alfazema para perfumar - murmurava a Alquimista.
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2 horas antes
- 'Eu poderia largar este serviço, fugir com essa faca, nunca tive algo assim, provavelmente vai apodrecer a pessoa por dentro assim que entrar, mas aqueles loucos mandariam alguém atrás de mim. Acho que vou pedir ela como parte do pagamento, um extra pelo bom serviço prestado hahahaha!'- pensou o Ladino assassino.
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Presente
A faca desceu atingindo a nuca de Neia, pelo menos foi o que pensou o assassino. O golpe foi repelido por uma força invisível, Proteção Contra Projeteis. Mesmo a faca tecnicamente não sendo um projétil, o feitiço na armadura do rei Buser que Neia sempre usava por baixo de suas roupas a repeliu.
Neia girou rapidamente, agarrou o braço do atacante e torceu, fazendo-o cair de joelhos. Todos se afastaram vendo a cena.
- QUEM É VOCÊ? QUEM TE MANDOU? POR QUE TE MANDARAM? QUEM É VOCÊ?
- Eu? Quem sou eu? He! Pelo jeito que as coisas aconteceram, eu acho que sou a isca.
FUUiiiinnn TUN!
Neia então ouviu o rápido assobio e do baque, mas não sentiu dor. Ela então olhou para o lado e viu uma silhueta contra o sol que se punha sobre os prédios. A figura segurava uma flecha que emanava um brilho dourado, Magia Arcana, provavelmente capaz de superar a proteção de sua armadura.
- Olá Neia Baraja, venha comigo se quiser viver - disse a figura.
- CZ!
Chapter 31: Reencontro
Summary:
Néia corre perigo durante um reecontro.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones com a minha fanfic de Overlord.
Obrigado por lerem até aqui, agradeço os comentários e se quiserem compartilgar agradeço.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 27: Reencontro
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— CZ! O que você está fazendo aqui?!
— Vim visitar Neia – disse a androide enquanto atirava diversas vezes com seu rifle por debaixo do braço que segurava a flecha encantada. Todos os tiros atingiram a mesma janela do outro lado da praça.
Neia abriu um grande sorriso para, de repente, perdê-lo no tumulto que se formou. As pessoas perceberam que a Santa Sem Rosto quase tinha sido morta e começaram a se aglomerar, várias passaram pela segurança, uma criança com uma faca de madeira na cintura, um homem truculento usando luvas de metal pesadas, uma jovem com roupa sensual, uma senhora idosa, todos correram em direção a Neia. Alguns tomaram posições para defendê-la, outros tentaram ver se estava machucada, quando alguém tentou tocar-lhe o rosto, um grito parou a multidão.
A velha senhora estava gritando a poucos centímetros do rosto de Neia. Abaixo dela, mãos negras seguravam seus tornozelos, o som deles sendo esmagados era bastante audível e então a senhora foi derrubada e arrastada vários metros para longe, antes de ser engolida pelas sombras.
— O que foi isso?! – exclamou Neia, perplexa.
— Demônio das sombras, Neia Baraja – uma voz respondeu.
— Um demônio matou aquela velhinha? Estou sendo atacada por demônios?!
— Em absoluto, minha cara. Estes seres estão aqui para lhe proteger e acredito que, pelas marcas deixadas pelo rastro das mãos daquela senhora, aquilo seja algum tipo de óleo venenoso. Sugiro que seja limpo rapidamente antes que alguém se envenene acidentalmente.
Neia então percebeu de onde estava vindo a voz que dava uma explicação tão formal, um ser que parecia uma ave preta e branca pendurado por um arreio na frente do corpo de CZ.
— Pelo Supremo… É TÃO FOFO!
CZ apenas levantou o polegar em sinal de positivo e Éclair bufou.
— Senhorita, eu sou Éclair Écleir Éicler, Mordomo número um da Gran... humm, de Sua Majestade o Rei Feiticeiro.
— É um prazer conhecê-lo, senhor Éclair.
— Senhora, é melhor sairmos da rua, ainda é perigoso – disse Bertrand, o assistente de Neia.
Bertrand foi um dos primeiros a se juntar a Neia, ainda quando montaram as primeiras equipes de busca ao Rei Feiticeiro. O mais fiel dos Seguidores da Justiça.
— Sim Bertrand, você tem razão, vamos ao meu escritório.
Entraram pela igreja em ruínas, parte dela estava sendo reconstruída, mas muito ainda precisava ser feito para que pudesse receber os fiéis. No fundo dela se encontrava o escritório de Neia, separado apenas por uma porta de seu dormitório.
CZ retirou Éclair do arreio e quase que imediatamente foi apanhado por Neia.
— PARE SENHORITA! Pare, pa-… Humm isso é bom – disse Éclair após ser agarrado e ter sua cabeça acariciada. Com CZ sempre era um eterno estrangulamento, mas agora ele se sentia… aconchegado.
— Vamos CZ, me conte o que tem feito! Como andam as coisas no Reino Feiticeiro, como está sua Majestade, ele virá para as festividades?
— Festividades?
— Sim, nos próximos dias será a data que Sua Majestade retornou para nós, alguns queriam comemorar como a queda de Jaldabaoth, mas achamos melhor exaltar o retorno de nosso Deus. Há alguns meses até quiseram comemorar a minha ida ao reino Feiticeiro como uma data especial, imaginaram que talvez Sua Majestade viria nos visitar por ser uma data importante, mas sabemos que é muito ocupado para algo tão trivial – despejou Neia, a princípio com entusiasmo, mas no final com óbvio desapontamento.
— Sua Majestade o Rei Feiticeiro é a pessoa mais ocupada do mundo – interveio Éclair – Sua responsabilidade é de tal tamanho que se ausentar poderia levar vários reinos a ruína. Ainda assim ele provavelmente se sentiria honrado com o convite.
— Ah não, não enviamos um convite, sabemos como Sua Majestade é ocupada, e com uma possível guerra civil estourando aqui seria horrível incomodar ele com um convite para um local em ruínas.
— Vejo o seu ponto, parece que vocês… Seguidores da Justiça? É assim que vocês se chamam? Parece que vocês estão passando por muitas necessidades.
— Sim, quando surgimos passamos a nos chamar de Seguidores da Justiça, como nas outras religiões, seguidores do Deus do Fogo, da Água ou Terra, mas há alguns meses alguém começou a nos chamar de forma diferente e parece que pegou, a gente está sendo chamado de …
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— Oh! Entre!
— Com licença senhora Neia, trouxe chá e alguns biscoitos para seus convidados.
— Obrigado Bertrand, desculpe por oferecer tão pouco, como o senhor mesmo disse senhor Éclair, estamos em uma situação de contenção de gastos.
— Neia deveria receber o apoio do Rei Santo.
— Sim, ele declarou o apoio, até mesmo ofereceu recursos, mas tivemos que recusar, tal atitude simplesmente fomentaria ainda mais o ódio dos nobres do Sul, não podemos ser o motivo que estouraria a guerra. Além disso, os templos recebem recursos vendendo curas aos fiéis, o que não fazemos, então tudo que temos são as parcas doações de nossos seguidores, e eu consegui um bom valor pela casa de meus pais. Estamos com recursos apenas para as obras e ajudar os filhos da guerra
— Não queremos ser comparados àqueles gordos padres vestidos de ouro e joias, seremos puros em nossos objetivos e superaremos as adversidades, afinal se tornar forte é justiça.
— Entendo o seu ponto senhorita, mas, mesmo assim, acho que como representante de uma divindade você deveria estar em situação melhor, a abnegação é louvável, mas como você fará o que é necessário sem recursos?
— Ainz-Sama ajudará Neia se ela pedir – disse CZ levando dois dedos à cabeça como se fosse começar uma mensagem.
— NÃO! Por favor não CZ, eu não posso pedir isso a ele depois de tanto que já nos fez! Nós ficaremos bem, logo o Reino Santo irá se reconstruir e as adversidades só nos fortalecerão.
— Adversidades como a de hoje, senhorita?
— Ah! Aquilo?! Se não tentarem me matar pelo menos uma vez por semana eu nem durmo direito hahahahaha!
— Então aquilo é comum?
— Não – suspirou Neia – pelo menos não tantos de uma vez, parece ter aumentado recentemente. Graças aos presentes de Sua Majestade, todos se frustraram.
— Neia esteve em perigo hoje – disse CZ enquanto retirava três milkshakes de chocolate de dentro de seu espaço dimensional. Neia pegou o seu com avidez – a faca foi uma distração, mas sem sua proteção te mataria em segundos, a flecha tinha mágica arcana poderosa, poderia ter ferido mortalmente Neia, o veneno que a idosa estava usando era forte o suficiente para superar o anel contra venenos que usa. Neia precisa de equipamentos melhores.
— Mas tudo foi presente de Sua Majestade, nunca poderia arrumar artigos melhores para me proteger.
— Deixe disso senhorita Neia. Apesar deles serem bons para situações eventuais, eles não são os melhores para o que você estava enfrentado hoje. Se não fosse pela senhorita CZ e os Demônios das Sombras você poderia estar passado por uma ressuscitação neste exato momento.
— Ainda bem que eles vieram junto com vocês hoje, preciso agradecê-los.
Neia não sabia, mas tais Demônios estavam com ela desde a partida de Ainz, protegendo ela nas sombras e passando relatórios a Demiurge, o responsável pelos planos de desenvolvimento ou queda do Reino Santo.
— Na verdade CZ, como você sabe do veneno e todas essas coisas?
— Relatório dos Demônios das Sombras, dois dos atacantes foram interrogados, o Ladino e a Alquimista, não reconhecem quem os contratou, ambos são especialistas em suas áreas, foram pagos com dinheiro do Reino Santo.
— Mas e quem disparou a flecha?
— O Arqueiro não foi localizado, a arma foi deixada no local, uma balestra com arco duplo para disparos a grandes distancia. Sangue de duas pessoas estava no cômodo, um deles era do morador, estava com a garganta cortada, o outro sangue era de um agente desconhecido, bastante hábil para se esquivar de alguns dos meus disparos e fugir rápido o suficiente para não ser localizado… ainda.
— Uau, parece que dessa vez se esforçaram, CZ! Eu estava com saudades, mas eu sei que você não deve ter vindo à toa, seu serviço ao lado de Sua Majestade é muito importante, principalmente depois do que houve a Re-Estize, então você deve estar aqui em alguma missão, não é?!
— Sim, Neia tem razão. Eu estava com saudades, mas Sua Majestade me enviou em missão, preciso achar uma pessoa.
— Como ele se chama?
— Telcontar, mas pode ser um nome falso.
— O que ele fez?
— Não posso dizer.
— Quando ele esteve aqui?
— Não sei dizer – como era os primeiros dias de busca de todos, ainda não se tinha uma linha cronológica das andanças do Viajante.
— Como ele é?
CZ então retirou o retrato falado do Viajante e entregou junto com mini sanduíches e outro milkshake, este de baunilha. Neia desta vez aproveitou com mais calma enquanto analisava o desenho.
— Humm, não o reconheço, a aparência é muito comum, mas talvez alguém saiba quem ele é.
Neia se levantou rapidamente engolindo o resto de seu mini sanduíche e saiu pela porta. CZ e Éclair a seguiram, provavelmente ela iria perguntar a Bertrand ou a outra pessoa sobre o viajante.
Ao sair da igreja ela se dirigiu novamente ao púlpito e então falou.
— Meu povo!
Nesse momento a praça que ainda estava cheia de Seguidores muito preocupados se a Santa estava bem, pararam o que estavam fazendo e olharam em sua direção, todos ao mesmo tempo em uma coordenação horripilante demais para não ser notada, menos por Neia que já estava acostumada com essas coisas.
— Meu povo, procuro por alguém!
—‘Ela não vai fazer isso!’ – pensou Éclair.
— Algum de vocês já viu esta pessoa?! – gritou Neia levantando o cartaz.
— ‘Ela fez, e lá se vai a discrição’- pensou novamente Éclair, enquanto CZ levantava o polegar em sinal de positivo.
Chapter 32: Lembranças
Summary:
Néia escuta historias de fantasma
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr. Bones com o cap.26 da minha fanfic, Aquele que Voltou..
Se gostaram comentem e compartilhem.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 28: Lembranças
Chapter Text
— Senhorita Neia, sei da natureza urgente de nossa busca, mas essa não seria uma maneira um tanto imprudente de conseguir informação?
— PRÓXIMO! Você reconhece esta pessoa? Não? Obrigada! Por que diz isso senhor Éclair?
— Bem, me parece que há, pelo menos, algumas centenas de pessoas nesta fila que agora estão sabendo de coisas que gostaríamos que não fossem divulgadas mais do que o estritamente necessário.
— PRÓXIMO! Você conhece esta pessoa? Não? Obrigada! Não acho que o senhor precise se preocupar com isso, os fiéis nunca contariam para ninguém.
— Como pode ter certeza, senhorita Neia?
— Oras, por que eu pedi para não contarem, senhor Éclair. PRÓXIMO!
Neia, após meses presenciando como os fiéis seguiam suas orientações ao pé da letra, passou a imaginar que se tratava apenas de um nível alto de devoção que eles possuíam, em vez de ser o forte controle mental que ela exercia sem saber.
— O senhor conhece esta pessoa?
— Sim senhorita, acho que conheço – disse um ancião.
— Por favor senhor, venha comigo até a outra sala. Bertrand, continue vendo se mais alguém reconhece o desenho.
— Muito bem, senhor…? – questionou Neia.
— Frogus Enói, mas pode me chamar de Frog.
— Obrigada pela ajuda, senhor Frog. Como o senhor conhece esta pessoa e o senhor tem certeza de ser ela?
— Bem, certeza não posso garantir, tenho boa memória para rostos, mas acho realmente que sei quem ele é? – disse o ancião que parecia querer fazer suspense.
— Então, quem ele é?
— O Fantaaaasma do Cemitééério! – falou o homem gesticulando as mãos como se fossem algo para se assustar.
— Eh!? – Neia ficou sem entender.
— Desculpe a brincadeira senhorita, mas é assim que o chamo pois o tenho visto visitar o cemitério principal há muitos anos. Sempre no começo da noite, ele vem a cada cinco ou dez anos, pode ser que venha com mais frequência e eu não o tenha visto, mas sei que é a mesma pessoa.
— O senhor já conversou com ele alguma vez, perguntou o nome dele?
— Sim, conversamos na primeira vez que o vi, nas outras vezes apenas o cumprimentei, ele me disse que se chamava Connor, nunca vou esquecer do susto que levei He He He!
— O senhor poderia nos falar mais, como foi esse encontro?
— Bem, eu estava fugindo do meu pai, não queria fazer os serviços que ele tinha para mim, meu pai era o coveiro na época, agora quem tem esta função sou eu.
— Então eu estava me escondendo ao lado de uma das criptas quando ele apareceu do nada atrás de mim e disse “Oi!”, deu pra sentir a minha alma saindo pela boca, e outras coisas por baixo, ainda bem que consegui me segurar He He He!
O homem parecia se divertir contando a história e Neia se mostrava bastante interessada, Éclair atento e CZ, bem, de CZ não se podia ter uma noção do que pensava, como sempre.
— Continuando, ele me deu um baita susto e perguntou o que eu estava fazendo ali! Meu pai sempre me disse para não conversar com estranhos, mas ele parecia diferente, como um velho amigo, eu contei que não queria trabalhar ali e ele me perguntou o motivo.
— Eu disse “Quem quer trabalhar em um cemitério?!”, ele disse que era uma função muito importante e me perguntou qual o problema em trabalhar ali.
— “Os mortos” eu falei, o problema é os mortos, e ele falou “Qual o problema com os mortos? Eles estão mortos, não podem te machucar”.
— “Mas e quando eles saem por aí atacando pessoas e mordendo elas?” eu disse, “Ah! Os mortos-vivos, você tem medo dos mortos-vivos” ele falou.
— Ele disse que não precisava ter medo dos mortos-vivos, cuidado sim, como qualquer espécie basta ser cuidadoso que talvez eu nunca veria um na minha vida. Eu respondi que não entendia, os mortos-vivos aparecem nos cemitérios, como nunca eu ia ver um? Meu pai tinha visto muitos surgirem, dava um trabalhão quando era apenas um, mas se apareciam muitos ao mesmo tempo era preciso chamar aventureiros.
— “Os mortos-vivos surgem do acúmulo de energia negativa, trazendo os mortos de volta. Sem memória e bastante irritados, eles podem ser perigosos, para evitar esse acúmulo é preciso realizar a benção destes locais”, ele falou, então eu disse que a igreja cobrava muito para abençoar o local com tanta frequência, então ele disse que mesmo coisas simples podiam ajudar, acender velas, orar pelos mortos ou deixar lembranças eliminavam tais energias. Eu nunca tinha ouvido falar disso, não sabia como era em outros lugares, mas nós apenas enterramos os mortos e deixamos lá, não tínhamos este costume de visitar cemitérios, deixar presentes e coisas positivas. Hoje esse hábito se tornou comum em Horburn.
— Estranho, eu sempre fiz essas coisas desde que era pequena – disse Neia.
— Pois é, depois que começamos a fazer isso, meio que o pessoal viu que apaziguava os mortos e acabaram aderindo.
— Eu então quis saber sobre os outros mortos-vivos, como os lichs, e ele me falou que era raro surgir mortos-vivos superiores. Os lichs eram como represas arrebentando, um acúmulo muito grande de energia negativa sendo liberado de uma vez, mas às vezes, os lichs eram apenas humanos que transcenderam a sua forma usando magia, abdicando da humanidade para se tornar imortais.
— Como eu era muito jovem, perguntei se existiam mortos mais poderosos e ele falou que sim, Lichs ancestrais, Lichs King, eu falei de Surshana, e ele disse que Surshana foi adorado com um deus, mas que não estava no topo da pirâmide. Havia um ser mais poderoso que ele e era extremamente raro, só poderia existir um por vez no mundo, a personificação da própria morte. Se eu me encontrasse com tal criatura, a única opção seria me ajoelhar e me submeter, e talvez, ele disse TALVEZ eu sobrevivesse se jurasse fidelidade. Esse ser ainda não havia aparecido neste mundo, mas eu saberia quando um surgisse, então quando fui resgatado dos campos de Jaldabaoth eu vi esse ser e fiz como fui ensinado.
— Mas quem libertou a maior parte dos campos durante a guerra foi Sua Majestade o Rei Feiticeiro.
— Isso mesmo, quando vi o Rei Feiticeiro eu tinha certeza de que ele era o maior dos seres não vivos, o Overlord.
— Sim, Ainz-Sama é um Overlord, o Ser Supremo que decide sobre a vida e a morte – disse CZ com a costumeira neutralidade, mas Neia pode perceber o orgulho que essas palavras carregavam.
— Isso mesmo que imaginei, hoje eu estou vivo graças a Sua Majestade. O senhor Connor, depois de termos conversado, me perguntou se eu ainda tinha medo dos mortos, eu respondi que não, agora eu tinha pavor deles, e então rimos. Ele se despediu e foi embora, só o vi anos depois quando já cuidava do cemitério sozinho.
— Me desculpe senhor Frog, mas estou confusa, o senhor disse que faz anos que o vê e a sua história parece ser antiga, que idade o senhor tinha quando o conheceu?
— Aah! A senhorita percebeu não é, minha história não fazia muito sentido, eu tinha dez anos quando o conheci, hoje tenho setenta, então eu o tenho visto há pelo menos 60 anos, e ele mal envelheceu. Depois de uns trinta anos vendo ele não mudar eu passei a achar que se tratava de um fantasma, por isso o apelido.
— O senhor o viu recentemente?
— Sim, sim, há poucos meses, como sempre, visitando o mesmo túmulo.
— Obrigada pela ajuda, senhor Frog.
— Eu que agradeço pela oportunidade de ajudar meu Deus e a senhorita.
Após o coveiro se retirar, Neia e CZ repassaram o que haviam descoberto.
— Parece uma história muito estranha, não é, mas não acho que o senhor Frog mentiria.
— Não detectei níveis de alterações na voz que indicassem mentira, mas manipulação mental não pode ser descartada.
— Eu sei CZ, mas para isso precisariam saber com antecedência dessa busca, um nível de preparação muito alto e acesso a informações que só vocês teriam, acho que não é o caso.
— Positivo, somente Ainz-Sama conseguiria prever tais movimentos. Preciso checar o cemitério, procurar evidências.
— Certo CZ, eu vou com você. Bertrand pode continuar verificando se mais alguém reconhece esse Connor, nome estranho.
— Eu ficarei aqui, gostaria de ajudar pondo em ordem algumas coisinhas se a senhorita não se importar – na verdade, Éclair estava a ponto de ter um ataque vendo o estado da bagunça no domicílio improvisado de Neia.
— Mas senhor Éclair, o senhor é meu convidado, não poderia deixar o senhor fazer algo assim.
— Deixe disso senhorita, acredito que toda ajuda deve ser bem-vinda e o meu dever como mordomo número um pode ser estendido para ajudar um servidor tão fiel de Vossa Majestade o Rei Feiticeiro.
— Obrigada senhor Éclair! CZ, acho que podemos ir, o cemitério fica do outro lado da cidade, só chegaremos lá quando estiver bem escuro.
— Sem problema Neia Baraja, eu enxergo no escuro e sua viseira tem visão noturna, ficaremos bem, eu te protejo.
Durante o trajeto, cada um montou em um cavalo. Apesar de CZ ser do tamanho de Neia, sua montaria parecia estar se cansando mais rápido, como era esperado, já que a empregada era muito mais pesada com seu interior feito de metal, mas Neia não sabia disso.
Passaram por vários bairros onde podia se observar o progresso da reconstrução da cidade que parecia estar se recuperando, alguns lugares mais rápido do que outros. O bairro onde ficava a igreja de sua congregação parecia ser o que tinha menos investimentos, talvez quando a igreja estivesse pronta o bairro renasceria, pensou Neia.
Ao chegarem ao cemitério, perceberam várias luzes pelo local, velas acesas em homenagem aos mortos, uma tradição pouco vista fora de Horbur. Seguindo a orientação que o senhor Frog havia repassado, chegaram a uma área pouco visitada.
— Há muitas lapides CZ, como vamos saber qual é?
— Senhor Frog deu descrição do lugar, lápide quadrada com pomba esculpida em cima.
— Humm, vamos ver, a quadra é essa, então deve seeeer eeeessaaaa, achei, aqui CZ.
— Bom trabalho, Neia Baraja.
— O túmulo é de um aventureiro, Misutä Bönzu, tem uma frase meio apagada, “O maior de todos os heróis”. Nunca ouvi falar dele, deve ser alguma homenagem. Podemos pesquisar amanhã nos registros junto com o senhor Fro-… – Neia parou no meio da frase, ela estava andando enquanto falava até que percebeu um túmulo simples recém-escavado, sem o caixão que deveria estar dentro. Na lápide, apenas um nome.
— Por Sua Majestade, não pode ser… roubaram o corpo de Remédios Custódio!
Chapter 33: É uma armadilha!
Summary:
Néia descobre uma conspiração não apenas para matá-la mas talvez derrubar o Reino Santo.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr Bones com mais um capítulo da minha fanfic sobre Overlord.
Com vocês
Aquele Que Voltou
Capítulo 29: É uma armadilha!
Chapter Text
- Não é possível!
- O que houve, Neia?
- O corpo, o corpo de Remédios foi roubado!
- Ladrões de túmulos são comuns, pilhar o corpo deve ser o objetivo.
- Não, não acho, se quisessem apenas roubar as coisas não teriam levado o corpo, na verdade ele é muito mais valioso do que qualquer coisa que tenham enterrado junto. Preciso falar com o Rei Caspond - Neia saiu correndo sem disposição para dar mais explicações, CZ seguia logo atrás, montaram em seus cavalos e saíram em velocidade.
Após aproximadamente uma hora, as duas chegaram ao castelo.
- ALTO! QUEM VEM LÁ! - gritou o guarda no portão que estava junto com seus companheiros.
- Eu sou Neia Baraja, preciso falar urgentemente com o Capitão Gustav Montagnés.
- Sua Santidade! - saldou o guarda batendo o punho no peito como os Seguidores da Justiça faziam. Ele era um devoto, assim como os outros que o acompanhavam.
- Lamento incomodar a essa hora da noite, mas trago informações urgentes que precisam chegar ao próprio Rei Caspond.
- Não havia pior hora possível para a senhora, Sua Santidade, o Capitão Gustav acaba de retornar da patrulha onde foi emboscado, ele deve estar em conferência com o Rei neste exato momento.
- Emboscado! Mais um motivo para vê-lo, me levem até ele.
Os guardas nem mesmo questionaram sua autoridade ou o fato dela estar acompanhada pela conhecida Empregada Demônio. Abriram uma das portas e as escoltaram até uma sala reservada onde aguardaram antes de serem anunciadas.
- Sua Santidade, o Rei a aguarda em sua sala privada. Que a Justiça a acompanhe.
- Que a Justiça acompanhe todos vocês - respondeu Neia, deixando os guardas extasiados depois de terem estado na presença da Santa Sem Rosto.
- Sua Majestade, Capitão Gustav, trago notícias urgentes - disse Neia apenas fazendo uma saudação com a cabeça, o Rei já havia comunicado que, em particular, não havia necessidade de maiores saudações, pois a considerava uma amiga e uma das maiores forças do Reino Santo, junto ao Capitão Gustav.
- Ah! Senhorita Neia Baraja, é tão bom vê-la novamente, mas acho que nada poderia piorar a situação atual.
- Roubaram o corpo de Remédios Custódio.
- Por tudo que é mais sagrado, tudo acabou de piorar! - disse o Rei Santo caindo sentado em uma poltrona - O Capitão Gustav foi emboscado há poucas horas.
- Capitão, o senhor está bem?
- Sim, senhorita Neia, o ataque foi muito bem planejado, fui ferido durante a luta, perdi muitos homens, no final acho que o objetivo era me separar deles, acredito que seja obra dos separatistas do Sul.
- Soube por sua Majestade o Rei Feiticeiro que uma vez foi tentado o mesmo em Re-Estize, quando quase mataram o seu campeão o Capitão Guerreiro Gazef a fim de enfraquecer o reino - disse Neia se recordando das histórias que o Rei Feiticeiro contava durante a sua jornada compartilhada a mais de um ano - Ainda bem que não lograram êxito em matá-lo Capitão, com a baixa de sacerdotes e a resistência das igrejas em ajudar o reino, sua ressurreição seria bastante inconveniente.
- Não acho que quisessem me matar, não posso me comparar a Gazef, hoje sou facilmente substituível, o objetivo deles era outro, algo mais importante do que eu.
- O que seria mais importante que matar o Capitão dos Paladinos do Reino Santo?
- Roubar a espada Safarlisia.
- Não!
- Sim, conseguiram me cercar, eu ainda não sou capaz de usar todo o poder da espada como Remédios fazia, então fui ferido gravemente. Para minha vergonha, não consegui impedir que a tomassem, eles nem mesmo se preocuparam em me matar, eu não era o alvo deles - suspirou um abatido Gustav.
- Mas isso só pode significar um ataque coordenado ao Reino, esta tarde mesmo fui atacada por três assassinos ao mesmo tempo, só escapei graças a intervenção de CZ e... amigos. Você, Gustav, pelo visto foi atacado ao mesmo tempo, e o roubo do corpo de Remédios não deve ter sido há mais de um dia, já que a terra de sua sepultura estava fresca. Acho que o Rei Gaspond pode ser o próximo a sofrer um atentado, sua segurança deve ser reforçada, Majestade. CZ, nossos amigos das sombras estão aqui?
- Sim, Neia Baraja, eles estão nos acompanhando.
- Então peça para eles cuidarem do Rei.
- Não, eles estão aqui para sua segurança.
- CZ, estou pedindo este favor, mantenha eles aqui para proteção do Rei, ele deve ser a prioridade agora, estarei bem com você.
CZ entrou em uma luta interna que levou meros milissegundos.
- Sim, Neia, eu vou cuidar de você.
- Obrigada, CZ. Sua Majestade, além da guarda palaciana, estou deixando uma segurança extra aqui, eu garanto que Vossa Majestade estará seguro - neste momento, uma dupla de sombras brotou dos pés de Neia e acenou para Caspond, sumindo sob seus pés.
Ela não sabia, mas havia agora três Demônios das Sombras na sala trocando informações, dois de Neia e o que sempre acompanhava o doppelgänger Caspond, que estava confuso. Tudo estava indo mais rápido do que o esperado, esse tipo de ataque era previsto por Lord Demiurge para daqui a meses, a morte do rei pelas mãos dos separatistas era uma das vias de ação, fazendo Neia surgir como nova representante do reino por aclamação. Outra linha dizia que ela seria transformada em mártir, levando a religião dos Seguidores da Justiça ao frenesi e desencadeando uma Guerra Santa onde o Rei Feiticeiro surgiria como o Deus a proteger seus seguidores. Mas o roubo da espada não fazia sentido, apesar de ser um tesouro nacional, não era um item particularmente poderoso, algo facilmente substituível por qualquer peça do cofre da Grande Tumba.
- Obrigado pelo apoio, Senhorita Neia, estarei muito mais satisfeito se a própria senhorita ficasse aqui.
- Será uma honra Sua Majestade, mas preciso pegar algo em casa para poder fazer este serviço, meu arco - Neia passou a guardar o arco em um cofre sempre que não estava treinando ou trabalhando, o tesouro mais estimo dela precisava ser protegido.
- Se Sua Majestade me permite, vou me retirar, mas logo voltarei com reforços para a guarda do palácio, até mais Gustav.
- Aguardo o seu retorno, senhorita Baraja.
- Até logo, Neia - se despediu Gustav.
Antes de deixar o palácio, Neia se virou para a empregada de batalha.
- Vamos correndo até em casa, preciso pegar o meu arco e reunir um grupo de Naza-... - a fala de Neia foi cortada por CZ que acabara de receber uma mensagem.
- Neia, preciso ir a um lugar, você vem comigo.
- Onde CZ, agora?
- Sim, fora da cidade, os Demonios das Sombras encontraram a Arqueira, ela está morrendo, não vai durar muito.
- Que tal usar um daqueles portais?
- Tentei contato, mas Lady Shalltear parece estar humm, indisponível no momento, ela está com suas... humm... noivas vampiras, só devo ligar de novo se for urgente.
- Que mulher dedicada, treinando a esta hora da noite! - Neia parecia genuinamente surpresa.
- Sim, treinando, ela treina muito.
- Então é melhor você ir sozinha, eu só te atrasaria, vou rápido até a igreja e retorno com um grupo em menos de uma hora, não se preocupe, ficarei bem.
A contragosto, CZ partiu para o ponto onde os Demônios das Sombras aguardavam. Com o mapa da cidade e arredores gravados em sua memória, a empregada chegou em menos de vinte minutos ao local, uma cabana um pouco após os muros da cidade.
- Onde ela está? - exigiu CZ irrompendo pela porta.
- Aqui no porão, senhorita.
- Quais as condições dela?
- Está quase morta. Ela é bastante habilidosa, seus ferimentos não foram em lugares vitais e foram tratados, poção de cura provavelmente, não o suficiente para uma melhora completa, mas nada fatal.
- Então por que ela está morrendo?
- Acreditamos que ela foi envenenada.
CZ, mesmo na escuridão do porão, podia ver as veias escuras que subiam pelos braços da arqueira, indo em direção ao seu rosto que estava inchado.
- Quem mandou você? Preciso que me responda - CZ estava pronta para usar uma poção de cura de Nazarick para ganhar mais tempo e, se precis,o torturar ou enviar a Arqueira para Neuronist, mas nem foi preciso fazer a oferta.
- E-Eles me t-traíram.
- Quem te traiu?
- F-Falsos a-adoradores dos Quaatro, t-talvez do Sul, v-você precisaa s-salva-la!
- Salvar quem?
- N-Neia Baraja, eles q-querem ela - disse a Arqueira enquanto cuspia sangue.
CZ imediatamente jogou uma poção para o Demônio das Sombras mais próximo.
- CURE ELA! - gritou a empregada de uma forma incomum enquanto queimava um pergaminho de mensagem.
- 'Neia! Pode me ouvir Neia Baraja?' - não houve resposta.
Neste momento, a igreja que servia de casa para Neia explodia em chamas.
Chapter 34: Sacrifício
Summary:
Neia foi sequestrada e CZ vai precisar resgata-la, mas será que ela deve?
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo um novo capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou
Obrigado por lerem, se quiserem ajudar com a escrita comentem e compartilhem.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 30: Sacrifício
Chapter Text
Sem resposta, CZ queimou outro pergaminho.
— 'Éclair! Pode me ouvir?'
— 'Humm, s-sim posso ouvi-la'.
— 'Onde você está? Neia está contigo?'
— 'Eu não sei onde estou, a senhorita Neia está comigo, mas está desacordada, acho que fomos sequestrados'.
— 'Sabe descrever o local?'
— 'Parece um túnel, estamos sendo carregados, mas não sei onde.'
— 'O que aconteceu'.
— 'Não sei ao certo, mas assim que a senhorita Neia chegou, senti uma lufada de vento forte, então a senhorita começou a balbuciar palavras estranhas e desmaiou'.
— 'Veneno, provavelmente. Você sentiu algum cheiro antes de ser afetado?'
— 'Eu não fui afetado, senhorita. Como mordomo número 1 da Grande Tumba, preciso frequentar certos locais que são potencialmente perigosos até mesmo para os moradores da Tumba, por isso sou imune a todos os venenos conhecidos e não, não havia cheiro.'
— 'Então como você desmaiou? Foi agredido?'
— 'De certa maneira. Quando a senhorita Neia desmaiou ela caiu sobre mim, só acordei agora e estou sendo abraçado por ela, alguma reação instintiva talvez, não consigo me soltar, acho que nossos algozes me tem por um bicho de pelúcia.'
— 'Vou achar vocês, entro em contato logo.'
CZ estava preocupada.
— Você! Quem é você? O que você sabe?
A Arqueira estava melhorando visivelmente, mas mesmo a poção de cura vermelha estava levando mais tempo que de costume para eliminar o veneno que deveria ser muito poderoso.
Armas poderosas, mercenários especialistas em suas áreas, venenos fortes o suficiente para resistir a uma poção ou afetar alguém usando um anel padrão contra envenenamento, CZ imaginava que estavam lidando com um grupo muito poderoso, com recursos ilimitados e objetivos desconhecidos.
— Meu nome é Marin, sou uma trabalhadora... Fui contratada para eliminar a Santa Sem Rosto... O grupo que me contratou usou um galpão abandonado, usavam túnicas que cobriam o corpo todo, até a cabeça. Após ser atingida vim para cá, esta era a minha rota de fuga, minhas coisas extras estavam aqui, ninguém conhecia, ou não deveria conhecer. Quando cheguei, fui atacada, me golpearam com uma faca maldita, a poção que usei antes evitou que eu morresse instantaneamente, iam me golpear de novo quando alguém os deteve. Escutei que eu serviria de isca novamente, levaram as outras poções que eu tinha e me largaram aqui para ser encontrada. Acho que queriam te atrair, como Empregada Demônio e guarda-costas da Santa você é uma incógnita, sei que agora vou morrer pelas suas mãos, talvez ser torturada, mas quero que saiba que não foi pessoal, fui contratada. Só peço um favor, acabe com esses caras malditos.
— Você parece ser fria e profissional, gosto disso, assim imagino que você deve ter investigado mais o grupo que te contratou.
Marin sorriu.
— Sim, eles agiam como servos dos Quatro, tenho certeza que não eram, não se vestiam exatamente como eles e havia algo errado nos modos. Segui o que parecia ser um adorador de Alah Alaf e eles se reuniram em uma catedral dos Seis, no centro da cidade. Nenhum servo do Deus da Vida iria até uma igreja de Surshana de tão bom grado.
— Demônio, alguma passagem saindo da igreja de Neia até essa catedral?
— Nenhuma, a que havia embaixo da igreja estava lacrada e o túnel abandonado, mas pode ter sido usado. Segue até um prédio próximo, mas toda a cidade é cortada por túneis, esgotos e passagens.
— Então a melhor opção é a catedral, vou verificar. Mande os outros ficarem a postos, mantenham ela sob custódia, talvez precise de mais informação.
CZ saiu da cabana e lançou Fly, quando atingiu certa altura verificou os mapas armazenados em sua memória. Com meses de serviço, os Demônios das Sombras já haviam catalogado todos os caminhos na cidade, esgotos e túneis, sobrepondo tudo parecia realmente haver uma convergência na catedral.
Descendo sobre ela, CZ entrou por uma das portas laterais usando invisibilidade, seguindo direto para uma porta escondida na parte mais funda da igreja. Após entrar em uma escadaria que parecia levar a algum lugar muito profundo, a empregada começou a vibrar e então ouve um disparo sônico. Momentos depois de usar a ecolocalização, ela tinha a posição de várias pessoas a centenas de metros. Um grupo seguia para uma parte inferior onde outro já se encontrava.
— Neia - Cz seguiu em uma corrida vertiginosa em direção ao grupo que chegava, eles precisavam ser interceptados antes de se unirem, mas infelizmente ela foi parada por algo em seu caminho.
*Tinc! Clank! Bam! Clik!*
Na frente de uma porta reforçada, estava um ser feito de metal, parecendo uma armadura muito grande, mas completamente maciça que ocupava quase todo o corredor.
— Golem de Ferro, não há caminho alternativo, preciso passar - CZ sacou uma de suas armas a começou a atirar.
As balas disparadas perfuraram o Golem, mas sem sinal de causar algum efeito. Usar munição explosiva derrubaria os túneis e poderia matar Neia. A criatura avançou sobre CZ que era bem menor e a golpeou, os punhos foram segurados por ela e torcidos, o som do metal era imenso, mas então algo a atingiu, um segundo par de braços com pontas no final.
Um Golem não precisa ter a aparência humana, nem ter os mesmos membros, CZ que era uma versão muito mais avançada tinha essa aparência apenas por estética.
CZ estava perdendo tempo, minutos preciosos foram desperdiçados, ela sacou do espaço dimensional um rifle de aparência futurista e mirou nas pernas da criatura. Com o disparo, um laser cortou logo acima dos joelhos, com um segundo disparo cortou em diagonal o peito da criatura, mesmo assim ela se mantinha em movimento, mas não representava mais perigo. CZ olhou para ela com uma mescla de pensamentos, ambos poderiam ser parentes em certo nível, a criatura estava apenas fazendo o seu serviço. A magia do Novo Mundo por trás desse tipo de Golem não era conhecida em Nazarick, talvez ela pudesse recolher a criatura depois de salvar Neia.
Enquanto isso, mais a frente.
— Rápido, precisamos nos apressar, o sacrifício precisa ser entregue! A Empregada Demônio não vai ser distraída para sempre.
— Precisamos prepará-la, tirar esse bicho dela - disse um dos acólitos.
Todos estavam agora em uma sala se esforçando para abrir os braços de Neia.
— Como ela é forte!
— Claro que ela é, é por isso que precisamos dela, já está tudo preparado. Iiiisso, só mais um pouco, pronto saiu, vamos levá-la para o altar, ponha o arco nela, ele tocou o Rei Demônio - ordenou aquele que parecia ser o chefe, largando Éclair no chão.
CZ estava observando - 'Sacrifício! Será que isso faz parte dos planos de Lord Demiurge?'
Assim que saíram, CZ recuperou Éclair.
— Olá senhorita, o que vamos fazer?
— Observar, não sei se tudo não faz parte dos planos para o Reino Santo, preciso de mais informações.
Seguindo por onde foi o grupo, acabaram chegando a um salão alto. Observando de cima, CZ viu Neia ser colocada em uma mesa de sacrifício, à frente dela em um círculo mágico desenhado no chão com um corpo enfaixado da cabeça aos pés.
Alguém usando um manto que cobria o corpo todo, inclusive a cabeça, se aproximou e recebeu de outro acólito algo enrolado em um pano. Desembrulhando, ele segurou uma espada, a espada de Remédios.
— Os preparativos estão prontos, O SACRIFÍCIO, A INIMIGA PORTANDO A ARMA USADA CONTRA O REI DEMÔNIO É ENTREGUE!, A ESPADA SAFARLÍSIA QUE TOCOU O PRÓPRIO REI DEMÔNIO É ENTREGUE! O HOSPEDEIRO, A PALADINA CAÍDA É ENTREGUE! NÓS INVOCAMOS O INIMIGO DA HUMANIDADE, NÓS INVOCAMOS JALDABAOTH!!!
— JALDABAOTH! JALDABAOTH! JALDABAOTH! JALDABAOTH!
— 'Lord Demiurge? Olá, é CZ2128 Delta, o senhor poderia dispor de alguns momentos?'
— 'Olá CZ2128 Delta, sei que está no Reino Santo então acredito que deva ser algo relacionado, prossiga'.
— 'Obrigada. Sobre os planos para o Reino, algum deles inclui sua ressurreição?'
— 'Trazer Jaldabaoth de volta é uma das linhas possíveis, afinal demônios não são destruídos, apenas banidos ou selados, e reutilizar um inimigo conhecido pode ser um mote recorrente, por quê?'
— 'Há um grupo de adoradores se passando por servos dos Quatro tentando ressuscitar Jadabaoth usando o corpo de Remédios Custódio como receptáculo, pretendem usar a espada santa como catalisador.'
— 'Humm! Parece interessante, mas a investigação mostrou que o corpo da paladina foi encontrado em alto grau de decomposição dentro da casa que servia de prisão domiciliar, a ressurreição falharia porque o corpo não foi preservado devidamente'.
— 'Eles pretendem usar Neia Baraja como sacrifício, transferindo de alguma maneira sua força para o corpo de Remédios'.
— 'Inteligente, parece que os planos estão se movendo mais rápido do que o esperado. Me trazer de volta, transformar Neia em mártir, tudo faz parte dos planos, mas você estar aí nesse exato momento parece ser manipulação de nosso senhor. Ah! A genialidade de nosso mestre! Vou me preparar para um teleporte e surgir na sua localização, na verdade dentro da paladina, vamos destruir o corpo durante o meu surgimento, será uma visão em tanto.'
Chapter 35: Retorno
Summary:
Será que CZ chegará a tempo de resgatar Néia? Um convidado chega.
Notes:
Olá Pergaminhos e Seguidores da Justiça, Mr.Bones trazendo o final do arco da Cz em minha fanfic.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 31: Retorno
Chapter Text
- 'Lord Demiurge, tenho dúvidas'
- 'Sobre o que, CZ2128?'
- 'Ainz-Sama mandou proteger Neia a todo custo, acho que está nos planos dele ela se tornar a voz definitiva de sua religião e talvez futura Rainha Santa'.
- 'Lord Ainz disse isso? Hummmm, sim, eu cogitei tal linha. Então seus planos são maiores do que eu poderia prever, que tolo sou, TOLO, TOLO, TOLO! O imediatismo de uma guerra santa não supera o desenvolvimento de uma religião continental, ah! Ainz-Sama! Sua inteligência supera qualquer coisa que posso imaginar! Certo CZ, impeça o grupo, se for preciso retornarei como Jaldabaoth de outra forma.'
CZ já havia pulado da sacada no momento que Demiurge deu a aprovação. A lâmina da espada descia em direção ao peito de Neia enquanto círculos mágicos surgiam sobre o corpo de Remédios e os outros acólitos cantavam magias.
Os disparos arrancaram a espada da mão do sacerdote, matando-o. CZ pousou ao lado de Neia e jogou um frasco de poção vermelha sobre ela, que a acordou quase que instantaneamente.
- O-O que houve?
- Envenenada, adoradores de Jaldabaoth, ressuscitar o demônio, usar corpo de Remédios, sacrificar você - discorreu CZ enquanto disparava, os acólitos mais próximo eram atingidos e então explodiam em chamas - Estranho, não devia acontecer isso.
O corpo de Remédios começou a flutuar e brilhar.
- O corpo CZ, destrua o corpo, não podemos permitir que tragam aquele monstro de volta!
CZ atirou nele tentando destruí-lo, mas ele estava protegido por alguma magia anti-projéteis.
Neia já havia se recuperado o bastante para saber o que fazer. Seu arco, mesmo sem flechas, era uma arma contundente de nível épico. Saltando de cima da mesa de sacrifício, Neia golpeou o corpo de Remédios com tal força que o cortou de alto a baixo fazendo com que a magia explodisse, e então tudo começou a desmoronar.
- A espada, t-tenho que pegar a espada - Falou Neia ainda zonza após atingir a parede depois do golpe.
Então CZ atirou em um daqueles acólitos enquanto ele pegava a espada e desaparecia se teleportando.
Os outros simplesmente ficaram parados lançando magias e tentando impedir a fuga, explodindo em chamas quando eram atingidos por rochas ou tocados pelos Demônios da Sombras.
- Neia Baraja, precisamos ir, Éclair, vem comigo - disse CZ quando agarrava o pinguim, abrindo caminho com sua metralhadora enquanto carregava Neia.
Saíram da Catedral segundos antes de tudo desabar. Neia acordou um pouco depois enquanto o dia amanhecia.
- Obrigado CZ, você salvou minha vida.
- Sim, salvei, Neia é minha amiga.
- Não, não sou, CZ você é mais que uma amiga, você é minha irmã.
- Eu tenho mais uma irmã? Waah! Estou muito feliz Neia Baraja, você é a minha irmãzinha - exclamou CZ colando um adesivo na testa de Neia.
- Vamos CZ, vamos passar no palácio.
Chegando lá, encontraram os Seguidores da Justiça reforçando a guarda e logo puderam falar com o Rei Caspond e Gustav. Como tudo se desenvolveu, parecia que A Noite de Jaldabaoth, como seria conhecida anos depois, havia terminado.
Retornaram então para a igreja para encontrar apenas cinzas, todo o esforço, mantimentos e recursos dos últimos meses havia sido destruído para encobrir o sequestro de Neia.
O dia passou e tendas de emergência foram erguidas, a coroa enviou suprimentos que Neia quase recusou. No dia seguinte, um pouco mais de comida chegou, melhorando o humor geral.
- MEUS AMIGOS! - começou Neia - Peço um pouco de sua atenção. Nos últimos dias passamos por provações sem tamanho, esta parece ser a pior situação que nós já estivemos desde a vinda de Jaldabaoth, mas nós perseveramos, evitamos seu retorno e vencemos um inimigo invisível. Mesmo que não tenhamos muito em nossas posses, nós temos muito em nossos corações. Hoje foi o aniversário de 1 ano da queda de Jaldabaoth e novamente o derrotamos há apenas alguns dias, então vamos comemorar duas vezes mais e mostrar nossa força, PORQUE A FORÇA É JUSTIÇA! E A JUSTIÇA É O REI FEITICEIRO!!!
- Acho que estão falando de mim - veio uma voz atrás de Neia que a fez se virar assustada.
- VOSSA MAJESTADE!! - gritou Neia se jogando aos seus pés.
- Se levante Neia, é bom te ver novamente.
- Vossa Majestade, o que o senhor... como o senhor...?
- Eu avisei Ainz-Sama da data, senhorita Baraja.
- Senhor Éclair! Não precisava, Vossa Majestade é um homem ocupado!
- Não tão ocupado para não vir visitar sua serva mais fiel em sua data mais importante.
Neia, com uma cor beirando ao vermelho, estava quase desmaiando de alegria, então se lembrou.
- Me desculpe Vossa Maj...
- Já disse antes Neia, que pode me chamar de Ainz.
- Certo, Ainz-Sama, lamento não ter muito a lhe oferecer...
- Pare! - disse Ainz calando Neia.
- Sei muito bem o que você e os Seguidores da Justiça têm passado e foi falta minha não ter provido melhor vocês, por isso peço desculpas - disse o Ser Supremo abaixando a cabeça.
As pessoas quase enlouqueceram ao ver tal cena. A grandeza, a humildade e a força que provinha de seu Deus.
- P-Por favor Ainz-Sama, levante a cabeça, por favor.
- Só se você aceitar um presente de desculpas.
- Presentes? Não precis...
- Eu insisto, trarei alimentos para a festa e para mais alguns meses. Além disso, parece que você precisa de um lugar pra morar.
- Uma casa? Eu não posso aceitar uma casa, Ainz-Sama.
- Quem falou em casa? GRAND FORTRESS!
Do meio do terreno onde estava a igreja destruída, começaram a surgir círculos mágicos, emergindo do chão uma enorme torre que ocupou toda a área rapidamente e então se expandiu até derrubar os prédios laterais. Com quase quarenta andares, a mesma era negra e imponente.
- V-Vossa Majestade...!
- Não se preocupe Neia, aqueles prédios eram meus, e aqueles outros ali e aqueles, acho que o bairro todo é meu agora, afinal eu os comprei da coroa, vou recuperar o bairro.
- M-Mas por que Vossa... Ainz-Sama?
- Porque não posso deixar meus seguidores sem uma instalação digna, assim todos terão locais adequados para viver e trabalhar. Tenho certeza de que aqui será um novo centro de atividades da cidade, veja, logo ali vai ser a estação dos correios, espero que você goste de andar em dragões?
- Dragões, que dragões?!!
- Frost Dragons, fazem o serviço de correio e transporte, mas às vezes podem levar pessoas, você vai precisar, tem mais três torres menores na cordilheira Azerlisia que precisam ser usadas - quando Ainz percebeu que as fortalezas invocadas, da mesma forma que os mortos-vivos invocados, não sumiam com o passar do tempo, ele estava na dúvida sobre o que fazer com aquelas que ele fez na primeira jornada ao Reino Anão.
- Acho que serão ótimos entrepostos para os viajantes, quem melhor do que os... humm Seguidores da Justiça para usá-los em meu nome.
- Muito obrigada, Ainz-Sama - disse Neia entre as lágrimas - tais lugares serão pontos de peregrinação e adoração ao senhor.
- 'Não era exatamente isso que eu pretendia, mas é ainda melhor!' - pensou - Certo, que bom que gostou. Vamos dar uma olhada dentro?
- Sim, Ainz-Sama - Neia puxou a maçaneta, mas a porta não deu nenhum sinal de que iria se mover - Hmmm, não consigo abrir, me desculpe Ainz-Sama, mas as portas não abrem.
- Oh! Não se preocupe, somente eu posso abri-las por fora.
- Mas como vamos fazer então, Ainz-Sama?
- Ora, basta deixá-las abertas o tempo todo.
- "As portas dos templos de Sua Majestade nunca estarão fechadas", que lindo, esse será um dos lemas de sua igreja, Ainz-Sama! - disse Neia quase chorando e levando a multidão às lágrimas.
- Sim, isso, foi exatamente o que eu quis dizer. Então vamos? Os Seguidores podem vir a seguir.
- Sim Ainz-Sama, mas desculpe, eu queria dizer ao senhor que nós não nos chamamos mais de Seguidores da Justiça... AINDA SOMOS Os Seguidores da Justiça, mas há alguns meses passaram a nos chamar de forma diferente e parece que pegou.
- Humm, como vocês se chamam hoje, então?
- Bem, parece que o nome vem de uma língua antiga que não conheço, significa algo parecido com "Dedicados a Deus", nós hoje nos chamamos de... Nazarins.
A mente de CZ fez os cálculos em milissegundos acessando informações de seus arquivos e fazendo correlações.
Nazarins -> Natzráth -> Nazareth -> Nazarick - então sua mente fez o som de uma tela azul.
PAM!
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Nas semanas seguintes, as buscas prosseguiram, quase tudo a cargo de Bertrand, filtrando as informações coletadas pelos Nazarins, mas a única nova informação era a de que foi o Viajante meses antes que começou com o novo nome oficial dos Seguidores. Coincidência? Ainz achava que não.
A Grande Fortaleza se tornou o centro da nova religião, e como Neia previu, a chegada dos novos fiéis aumentou, logo a igreja não conseguiria mais comportar os milhares que vinham para os cultos em seu enorme salão. As outras torres nas montanhas Azerlisia foram tratadas como pontos de peregrinação e descanso para os viajantes.
Os Nazarins ocuparam e transformaram os andares superiores em escritórios, centros administrativos, alojamentos e tudo que era necessário para comportar um pequeno exército.
A sala de trabalho de Neia ficava nos últimos andares logo abaixo de seu apartamento, do qual ela tinha acesso ao topo onde poderia pegar um Frost Dragon emprestado se fosse preciso, um prazer que ela se permitiu cada vez com mais frequência.
Lá fora treinava sua nova guarda pessoal, uma criança que antes usava uma faca de madeira, mas era um excepcional Ladino, um homem truculento usando luvas de metal pesadas e lutava como um Monge, uma jovem com roupa sensual de dançarina e tinha habilidades de Bardo e a Arqueira que usava uma enorme balestra, hoje todos usando armas e itens muito melhores fornecidas por sua instrutora, CZ2128 Delta, que havia descoberto no que gastar seu dinheiro.
- 'Checagem de sistema, Diretrizes primárias:'
- '1ª Diretriz: Proteger e obedecer a Ainz Ooal Gown, e não devo, por ação ou omissão, permitir que Ainz Ooal Gown sofra qualquer Mal.'
- '2ª Diretriz: Proteger A Grande Tumba de Nazarick, exceto nos casos em que entre em conflito com a Primeira Diretriz.'
- '3ª Diretriz: Proteger a minha própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Diretriz.'
- 'Avaliação das diretrizes baseadas nas orientações de Ainz Ooal Gown e seguindo os últimos acontecimentos.
- 'Neia Baraja, irmã mais nova, se tornou peça principal dos planos para o Reino Nobre e segue os desígnios de Ainz Ooal Gown. Se Neia Baraja for eliminada, Ainz Ooal Gown sofrerá perda, se sofrer perda, Ainz Ooal Gown sofrerá Grande Mal. Conclusão lógica:'
- '4ª Diretriz: Proteger Neia, e não devo permitir, por ação ou omissão, que Neia Baraja sofra qualquer mal... desde que não entre em conflito com as duas primeiras diretrizes.'
- 'Checagem de sistema encerrada'.
- A folga acabou! 50 voltas em torno da torre - gritou CZ.
- SIM SENHORA INSTRUTORA - responderam todos os quatro ao mesmo tempo.
- 'Neia estará segura'.
Chapter 36: Interlúdio 5
Summary:
Quem são conspiradores que tentaram matar Neia Baraja?
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr Bones trazendo o Interludio de final do arco de CZ da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 5
Chapter Text
Em um castelo muito antigo, construído na lateral escarpada de uma montanha muito ao norte onde nunca o sol toca, um grupo sinistro se reúne. Raras vezes isso acontece, mas fatos recentes exigiram um encontro mais próximo. Normalmente, seus integrantes vestem mantos que cobrem o corpo todo, até mesmo as cabeças, mas aqui todos podiam se mostrar como bem entendessem.
—Bem-vindos! Trago informações do grupo infiltrado no Reino Santo - disse aquele que parecia ser o anfitrião.
—Qual era mesmo o objetivo? Estive muito ocupado para prestar atenção em tantos planos menores a se desenrolar... - comentou o mais pomposo.
—Você e suas experiências, nunca se esforçando em participar! - retrucou a mais nova.
—Todos nós temos os nossos objetivos, mas eles não podem se sobrepor ao principal de nossa organização, só existimos por tanto tempo por nossa discrição e poder em conjunto, lembrem de nosso lema - ressaltou o mais velho.
—MEMENTO MORI - disseram os integrantes da Corpus Of the Abyss.
Os integrantes desta organização secreta são mortos-vivos, Lich Kings, Anciões, Vampiros ou até mesmo outras criaturas obscuras, todos trabalhando para adquirir o maior poder mágico que puderem.
—Recapitulando então - continuou o anfitrião - nosso objetivo era nos infiltrar no Reino Santo, recuperar um corpo particularmente poderoso, o de Remédios Custódio, e usá-lo como receptáculo depois de invocarmos o rei demônio Jaldabaoth. Como sacrifício, usaríamos Neia Baraja, a Sem Rosto. Durante meses testamos suas defesas contratando mercenários usando o disfarce de seguidores dos Quatro ou de Zuranon.
—Mas Remédios era uma paladina, o corpo não rejeitaria a possessão? - questionou a mais jovem
—Talvez, mas ela era uma paladina caída, o ódio impregnava seu coração, sua alma seria destruída definitivamente durante o ritual e seu corpo seria fortalecido pela energia vital da Santa sem Rosto usando a espada Safarlísia. Tudo mostrava que poderíamos invocar Jaldabaoth antes que ele recuperasse todo o seu poder, assim iríamos controlá-lo... talvez - explicou o mais velho.
—Um grande talvez meu velho, mas pelo que posso ver, o resultado foi infrutífero - falou o mais pomposo
—Sim, a Santa escapou com a ajuda da empregada demônio, o corpo de Remédios foi destruído, e a espada perdida, o único a sair de lá morreu durante o teleporte. A espada pode estar em qualquer lugar entre aqui e o Reino Santo, mas o plano era válido e ainda pode ser usado.
—Precisamos de um corpo com menos prejuízos do que de Remédios. O corpo de Gazeff foi preservado, seria fácil vasculhar os escombros de Re-Estize e recuperá-lo.
—Isso se o Reino Feiticeiro já não o fez, eles não deixariam nenhum guerreiro poderoso para trás, mesmo morto.
—Se ele não for uma opção, podemos usar Clementine, ainda guardamos o corpo, talvez ela sirva.
—Mas precisamos estar preparados caso Jaldabaoth já tenha recuperado mais poder do que podemos controlar, nos submeter é valido, mas se tivermos um cristal de selamento de oitavo nível como o usado pelo herói Momon, estaríamos mais garantidos - reclamou o mais pomposo.
—Então o próximo passo é buscar tal cristal - concluiu o mais velho.
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Alguns dias depois no Reino Santo do Sul, em uma cidade portuária, um dos nobres envolvidos na separação entre os reinos do norte e do sul chega a uma casa isolada com guardas disfarçados de trabalhadores a rodeando. Se dirigindo diretamente ao escritório, bate à porta.
—Entre!
—Boa tarde, trago notícias do norte.
—Já não era sem tempo - disse a figura acariciando um jarro sobre a mesa.
—Lamento a demora, mas tivemos imprevistos, aparentemente outro grupo chegou antes de nós. Pelo que nossos espiões descobriram, parece que roubaram a espada Safarlísia para tentar invocar Jaldabaoth usando o corpo da "Remédios" que deixamos enterrado.
—Vocês garantiram que o corpo era inútil!
—Sim, apesar de o copo ser forte e parecido o suficiente para enganar a primeira vista, foi preciso arruiná-lo para não ser descoberto, nunca imaginaríamos que tentariam usar a tal Santa Sem Rosto como sacrifício para recuperá-lo.
—A ESCUDEIRA FOI MORTA! - gritou em alegria a mulher de trás da mesa.
—Não, infelizmente ela escapou e agora sua "religião" está mais forte do que nunca - lamentou o nobre.
—Não se preocupe, o que é dela está guardado, eu mesma darei um fim nela quando chegar a hora. O que eu quero saber agora é... ONDE ESTÁ A MINHA ESPADA!? - gritou Remédios Custódio enquanto acariciava o jarro contendo a cabeça de sua irmã.
Chapter 37: E-Rantel
Summary:
Um pouco sobre a capital do Reino Feiticeiro.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com o primeiro capitulo do arco de Yuri Alpha, da minha fanfic: Aquele que Voltou.
Obrigado por lerem esta obra, se quiserem compartilhar, o link estará nos comentários.
Com vocês
Aquele Que Voltou
Capítulo 32: E-Rantel
Chapter Text
A cidade de E-Rantel passou por uma enorme transformação nos dois últimos anos. Durante a maior parte de sua existência, foi de uma vila fronteiriça para uma cidade, depois para um polo mercantil, então virou a primeira defesa contra invasões, um ponto de referência para os aventureiros em busca de fama e fortuna, uma coisa levava à outra, até se tornar, em décadas, uma das mais importantes cidades de Re-Estize. Agora, em apenas alguns meses, ela se tornou a capital do novo Reino Feiticeiro, dobrou de tamanho, e sua população quintuplicou.
Por causa de sua nova posição, o seu comércio atrai mercadores como nunca visto antes, os aventureiros chegam aos borbotões e a vida é boa, mas tudo isso exige um serviço desenfreado e um empenho sobre-humano.
Ainda bem que estamos falando do Reino Feiticeiro, aqui os funcionários públicos nunca descansam, a qualquer hora do dia ou da noite você pode ir em algumas das repartições e ser atendido por um Elder Lich. O Exército de Construção trabalha sem parar e o de Segurança se mantém ativo indefinidamente, afinal uma cidade com tal riqueza atrai todo tipo de meliante, os quais vem sendo impedidos de causar qualquer tumulto quase que imediatamente, já que Cavaleiros da Morte patrulham as ruas e Lichs ministram prisões e julgamentos.
Uma das maiores vantagens do ser humano é a sua capacidade de se adaptar a qualquer ambiente, provavelmente por seu baixo senso de perigo e autopreservação, por isso, onde espécies pensariam duas vezes em criar uma vila, os humanos tendem a se superestimar e fundam uma aos pés de um vulcão. Tal falta de instinto faz com que eles se tornem bastante adaptáveis às intempéries, sejam elas climáticas ou sociais, assim quando são obrigados a conviver com certas situações diárias, só resta duas opções: fugir ou se acostumar.
Quando o Rei Feiticeiro conquistou a cidade, a população acreditou que seriam massacrados, mas graças à intervenção do Herói Momon, suas vidas foram poupadas. Após isso, foram obrigados a ver um desfile de mortos pelas ruas diariamente, todos se escondiam em suas casas, o comércio não abria e o medo reinava, mesmo com as rondas do Herói poucos se atreviam a sair e falar com ele. Até que o medo foi quebrado pelas criaturas mais sem noção que existem: as crianças. Esses pequenos seres de todas as espécies tendem a ser um estorvo contínuo, requerem que sejam observados constantemente, senão acabam se machucando ou criando problemas, mesmo trancados nas casas após semanas, se tornou impossível segurá-las quietas.
Ninguém sabe como realmente começou, alguma cria de humano saiu da casa, ou foi ajudar o pai em busca de comida, ele encontrou outro humano pequeno e depois mais outro, instintivamente se uniram, então um garoto da rua surgiu com planos de como se tornarem heróis vencendo o Rei Feiticeiro, então diariamente saíam escondidos e determinados a derrotarem os Cavaleiros Mortos-vivos. Logicamente que suas táticas não faziam efeito, na verdade o Cavaleiro ignorou eles, então tentaram uma ação maior, foi aí que houve uma reação. Após ser atingido por um armário que caía de um dos prédios, o Cavaleiro foi buscar seus atacantes.
A morte corria atrás das crianças pelas ruas, logo havia mais de um Cavaleiro da Morte os perseguindo, grunhidos os empurravam a correr mais longe de onde moravam, por todas as ruas por onde passaram as pessoas viram a perseguição das crianças de suas janelas, seria o fim delas, o herói Momon não podia estar em todos os lugares, então as chances de encontrar com ele eram nulas. Elas acabaram cercadas em frente ao Instituto, apenas o mentor dos ataques havia escapado e este nunca mais foi visto, provavelmente fugiu do bairro e da cidade, afinal E-Rantel não era uma prisão.
Um Lich se materializou diante das crianças, mas antes que pudesse informar que seriam detidas, uma mulher se aproximou, usava uma roupa de empregada, com porte austero. Ela sussurrou algo ao Lich, que assentiu.
— Vocês! – disse o Lich com uma voz áspera como lixa – devem ser punidos, me sigam.
As crianças foram escoltadas chorando abertamente ou tentando parecerem fortes, mas as lágrimas as denunciavam. As pessoas olhavam pelas janelas com tristeza, pena, raiva ou desejo de vingança, mas ninguém saía às ruas até que passassem, e então as seguiam à distância e com cautela. A procissão chegou até a rua comercial onde os pais dos rebentos moravam sobre as lojas.
— PROGENITORES DOS PRESENTES SERES! POR ORDEM DO REI FEITICEIRO É EXIGIDA A SUA PRESENÇA – A voz do Lich não era alta, mas forte e em tom de autoridade.
As famílias saíram aos poucos, todos eles imaginando que seriam executados na rua como exemplo para os outros.
— Suas acusações são de destruição de patrimônio privado e desobediência á ordem de parada, suas ações foram testemunhadas por este servidor, assim não é necessário intervenção mental para a busca de provas, então determino como Juiz Itinerante sob o poder de Sua Majestade o Rei Feiticeiro que sua sentença seja aplicada de imediato.
Era agora que morreriam.
— Os rebentos são condenados à retenção no Instituto de Atendimento aos Órfãos pelo tempo não inferior a dois meses, onde permanecerão do período do alvorecer até o crepúsculo.
— ‘E-Eles não vão morrer por atacar um Cavaleiro da Morte?’ O que vão fazer com eles? – murmurou um dos pais.
As pessoas conheciam o Instituto, era onde os órfãos estavam sendo mantidos presos, as viúvas escravizadas e sabe-se lá que tipo de torturas estavam sendo realizadas, aquilo seria pior do que a morte.
— Isso ficará a cargo da Diretora, estejam prontos para serem recolhidos à primeira luz – como se esse fosse o sinal de partida o Lich se desvaneceu em fumaça e os Cavaleiros se retiraram, menos um.
Os pais abraçaram seus filhos e choraram seus destinos, se reuniram e pensaram em como salvar as crianças. Talvez fosse possível fugir, então olharam para a rua e viram o Cavaleiro mantendo guarda, ele ainda tinha um pedaço de armário preso a um de seus espigões, ninguém fugiria.
A manhã chegou, ninguém além das crianças havia dormido, todas as famílias estavam juntas, quando a primeira luz começou a surgir o som de cascos pode ser ouvido, provavelmente uma carroça com grades e um demônio como guia.
O que chegou, porém, era um tipo de carruagem diferente, grande, negra, com o símbolo do Reino Feiticeiro e do Instituto na lateral, tinha janelas abertas, possuía bancos e uma cobertura, era guiada por ninguém, mas o que puxava era um Devorador de Almas.
As crianças haviam tomado seu último café da manhã com os pais, aquilo era uma despedida, alguns se revoltaram, mas foram contidos pelos parentes, afinal haviam outros filhos para serem cuidados e esposas e maridos. Após todos embarcarem, o choro foi tanto que as calçadas foram lavadas. Quando o Cavaleiro do Armário saiu, os vizinhos finalmente criaram coragem para se juntar novamente aos pais das vítimas, durante todo dia ficaram lá pranteando sua perda, sem forças para fazer algo, apenas como se quisessem se punir por não terem protegido seus filhos.
O dia terminava e suas esperanças também, pois não havia sinal da carruagem, até ouvirem, *CLOC CLOC CLOC*, o som dos cascos do Devorador de Almas se aproximando, ele chegou até a frente do gruo de pais e parou.
— MEU FILHO! ME DEVOLVA MEU FILHO! – imploraram até que as crianças começaram a descer, todas com olhares mortos, o pranto foi geral.
— O QUE FIZERAM COM ELES! O QUE FIZERAM COM MEUS FILHOS|!?
— Para pai – disse a criança quase sem forças que estava sendo abraçada – tá me fazendo passar vergonha.
— O que houve, o que fizeram com vocês?
As crianças se olharam, pareciam não ter certeza do que dizer, ou forças para isso, todas pareciam exaustas, a maior delas começou a tentar explicar.
— Eles fizeram perguntas, muitas perguntas...
— ‘Foram interrogadas’ – pensou um dos pais.
— Depois a gente foi levado pra uma sala branca e cutucado, apertado e medido...
— ‘EXPERIMENTOS!’ – concluiu outro.
— A gente teve que correr... – interrompeu o menor.
— Vocês tentaram fugir?
— Não, mandaram a gente correr e pular, rolar e subir em uma corda e correr...
— ‘Tortura...’ – uma mãe quase desmaiou.
— Deram comida pra gente...
— ‘Alimentaram os prisioneiros, claro’ – uma avó assentiu.
— De tarde a gente foi pra um lugar com as outras crianças, muito menores que eu – disse o mais velho – era estranho, tive que sentar numa cadeira pequena por um tempo.
— ‘Mais tortura’ – os pais já não aguentavam mais ouvir o relato.
— Havia uma pessoa, ela escreveu algo numa parede preta, ela falava e mandou a gente repetir.
— ‘Doutrinação, estão fazendo lavagem cerebral com eles, sniff!’ – a mãe do mais velho estava em prantos.
— Deram comida de novo e mandaram a gente embora, amanhã temos que ir de novo – falou uma menina entre bocejos, todas as crianças copiaram o gesto.
— As outras crianças, como elas eram? Falaram alguma coisa?
— UAAAH! Elas falaram com a gente no intervalo, disseram que não devemos irritar a Diretora.
— ‘Solidariedade entre prisioneiros, ainda há esperança’ – um dos pais tentou se manter firme.
— Mãããe! Eu quero dormiiir – disse a menor e todas as crianças assentiram.
— Vão, podem dormir – disse uma das mães por entre as lágrimas, todos estavam se segurando. Pela segunda noite ninguém dormiu, mas desta vez havia mais vizinhos reunidos no comércio maior, todos se solidarizando e fazendo suas próprias suposições. O Cavaleiro do Armário ainda estava a postos impedindo a fuga.
Todos os dias foram a mesma coisa, as crianças chegavam tão cansadas que mal conseguiam responder à enxurrada de perguntas, apenas cada dia mais vizinhos se juntavam ao grupo de pais. No final do sexto dia uma surpresa tomou conta de todos, tamanha foi a comoção que quase um tumulto foi gerado, desta vez quem acompanhava a carruagem era ninguém menos que o Herói Negro Momon.
— Meu Lorde! O senhor veio libertar as crianças! – alguns gritaram.
— Olá, venho para conversar, neste dias tumultuosos espero que não falem algo que possa ser usado contra vocês.
Todos tremeram, os mortos vivos estavam à espreita, apenas esperando o primeiro sinal de rebelião.
— Certo Lorde Momon, obrigado por trazer nossos filhos de volta daquela prisão.
— Humm, acho que está havendo algum equívoco, aquilo não é uma prisão, a Diretora na verdade me pediu para vir falar sobre isso.
— O que?! Mas eles torturaram nossos filhos, eles chegam e mal mantém os olhos abertos, estão doutrinando suas mentes, eles podem ser mortos a qualquer momento por ter atacado um Cavaleiro da Morte.
— Hummmm! Agora entendo o que está errado, veja, mesmo que eles estivessem ameaçados eu os protegeria, mas não é o caso. Eles realmente estão sendo punidos, mas não por atacar um guarda, na verdade nenhum dano foi causado a ele, então não houve prejuízo. Lógico que se esse tipo de coisa se repetir poder haver punição por incitar a revolta, por isso cuidado – todos tremeram novamente – mas as crianças foram pegas por destruir o armário.
— O armário? AQUELE ARMÁRIO!? – disse um senhor apontando para o pedaço de armário preso no espigão do Cavaleiro.
— Isso, mesmo estando dentro de uma casa vazia, aquilo ainda poderia ter dono, parece que as leis do Reino Feiticeiro são bens rigorosas, destruir algo que não é de sua propriedade é passível de punição, aqui pegue, eu tenho uma cópia das leis.
— Eu não sei lê... – disse um dos homens, o mestre ferreiro do bairro.
— Aquele é seu filho?
— Sim, o maior.
— Bem ele está aprendendo a ler, deve te ajudar com isso.
— Lê?! Quando ele tá aprendendo a lê?
— Todo dia, é isso que eles estão fazendo no Instituto, nenhum deles sabe ler, pelo que sei, então eles vão aprender a ler, calcular e se exercitar, pelo menos enquanto durar a sentença.
— Mas, que tipo de punição é essa?
— É TORTURA! – gritou o filho do ferreiro – o dia todo tem algo pra faze, estuda letras, estuda números, faze exercício, estuda leis, EU TÔ CANSAAAADOOOoo... – choramingou.
— Eles estão estudando com os órfãos, em algum momento no futuro acho que começarão a aprender algum ofício, mas faltam mestres em todas as áreas, como a ferraria, talvez eu mesmo ministre algumas aulas de esgrima.
Essa última parte simplesmente acordou todas as crianças, um sorriso sonhador brotou de cada face ao se imaginarem aprendendo como usar uma espada com um herói lendário.
— Bem, eu só queria tranquilizar a todos, estarei de olho nas crianças, e se algo não me agradar eu tomarei providências junto ao Rei Feiticeiro – tal frase poderia ser interpretada de duas maneiras, mas os pais só podiam imaginar a que melhor lhes convinha.
Naquela noite, todos os pais finalmente conseguiram dormir, amparados pelas palavras de Momon. Na semana seguinte, a rotina se seguiu normalmente, e na outra as crianças chegaram usando uniformes, ninguém questionou. Ao final do segundo mês, as crianças já sabiam ler e calcular precariamente. E então a punição havia terminado.
— Querido, ele se foi.
— Hummm? Quem?
— O Cavaleiro do Armário, ele se foi, acho que acabou a pena.
— Sério? Já?!!
— Acho que sim, o que vamos fazer? O comercio ainda está devagar, não podemos deixar eles andando nas ruas de novo, vão arrumar problema –disse a mãe com um tom preocupado.
Então ouviram se aproximar o conhecido *CLOC CLOC CLOC* dos cavalos, até parar onde sempre deveria parar. Ambos se olharam e assentiram.
— CRIANÇAS! RÁPIDO! SE VISTAM, vão perder a aula...
Ninguém perguntou se elas podiam continuar indo ou não, mesmo quando um dos irmãos que nunca tinha participado quis ir junto, ele apenas retornou com um bilhete que dizia:
............................................................................
“O Instituto de Atendimento aos Órfãos agradece por sua preferência. Para matrícula, solicitamos a presença dos pais no Instituto para fins de tratar da grade curricular.
Atenciosamente
Yuri Alpha
Diretora do Instituto de Atendimento aos Órfãos”.
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No dia seguinte, a mãe do menino, junto a outras três vizinhas interessadas, foram com mais crianças até o Instituto.
Chapter 38: Nova Normalidade
Summary:
Como E-Rantel mudou nos últimos meses, e como Yuri Alpha tem passado os seus dias?
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic de Overlord: Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 33: Nova Normalidade
Chapter Text
Quando o Herói Negro Momon confrontou o Rei Feiticeiro, aquilo se tornou uma lenda. A grandeza, a coragem, a humildade, e por fim, o acordo - Momon fora capaz de forçar o Rei Feiticeiro a uma barganha e a segurança do povo fora garantida, tudo foi tão épico que parecia saído de um conto ou sonho, por isso estava fora da compreensão das pessoas, algo intocável, uma verdadeira lenda.
Ator de Pandora percebeu isso ao conviver com a população. Em suas conversas, parecia que as pessoas não alcançavam a totalidade do evento, de que eles estavam realmente seguros, a confiança só chegou ao ponto de tornar a vida suportável, então uma nova intervenção foi necessária, esta mais sutil, com a participação de Momon no incidente das crianças, tudo pareceu começar a andar.
A conversa mundana com os pais era algo que as pessoas podiam entender, algo mais natural para suas vidas, lidar com as coisas comuns e o cotidiano às vezes é o máximo que alguém é capaz de suportar.
Quando as crianças passaram a andar pelas ruas sem serem mortas, um sentimento de alívio tomou conta, os adultos circulavam com mais confiança e os serviços voltaram a funcionar, afinal todos precisavam comer, para comer era preciso trabalhar, e para isso tudo o comércio precisava reabrir. Não foi instantâneo, levou meses até uma relativa normalidade.
Nos meses que se seguiram, o fluxo de pessoas indo e vindo para a cidade melhorou, mas então de repente veio o BOOM!
Simplesmente do dia para a noite, centenas de pessoas começaram a chegar: comerciantes, imigrantes e aventureiros vindos de Arwintar, estes últimos atraídos pela nova Guilda dos Aventureiros, agora reformada em sua função e que possuía a famosa Masmorra de Treinamento, algo que atraiu multidões, desde os placas de Cobre querendo aprender, até os Platinas e Mithrils prontos a se testar e conseguir novas armas.
Por falar em armas, um novo comércio floresceu, as armas rúnicas estavam à venda na loja da guilda, vindas a princípio do reino Anão e depois da Vila de Carne onde passaram a ser fabricadas pelos primeiros imigrantes e se tornaram a febre do momento. Mais fortes, com mais efeitos e muito, muito mais baratas que as enfeitiçadas, por causa disso as armas comuns acabaram relegadas às pessoas comuns, mas "se você for um aventureiro, você precisa de uma arma Rúnica", essa foi a propaganda feita. Então quando os primeiros ferreiros anões chegaram a E-Rantel para criar as novas forjas, as encomendas explodiram.
Em seis meses sua população já havia dobrado, os espaços eram todos ocupados, mas os funcionários do Reino Feiticeiro não ficaram parados neste tempo. Durante todo o período, houveram mudanças, as favelas foram desocupadas, seus moradores enviados a fazendas para trabalhar, aqueles que quisessem, lógico, alguns fugiram e depois se arrependeram ao descobrir que quem ficou agora tinha sua própria terra, seus próprios mortos-vivos arando e a vida era muito mais fácil. Vários vizinhos se uniram em grupos e montaram suas próprias fazendas coletivas, assim podiam explorar áreas maiores e unir forças conjuntas para o serviço.
Após esvaziar as favelas, elas foram demolidas pelo Exército de Construção. Em apenas alguns dias, milhares de mortos-vivos arrancaram cada tijolo ou pedaço de madeira aproveitável, seguidos por Cavaleiros da Morte que escavavam os terrenos continuamente, vistos do céu poderiam ser confundidos com formigas cortadeiras que abriam uma enorme ferida na cidade sem parar mesmo durante a noite, foi preciso lançar Silêncio na região para evitar o barulho, e após alguns dias foi possível ver o que estava sendo feito: esgotos, ruas, calçadas, parques, fundações e todo tipo de coisas necessárias para um novo bairro, assim em uma semana os prédios começaram a ser levantados, mas estes tinham aparência estranha, alguns com portas enormes, outros com entradas pequenas, tudo sendo feito ao mesmo tempo em um caos organizado por Elder Lichs, acompanhados por anões mestres na arte da construção. Tudo tinha o seu lugar, por isso até mesmo as ruas possuíam, a cada dez metros, uma runa que aumentava a resistência, e em menos de um mês o bairro Demi-Humano estava pronto.
Todas as casas e comércios já tinham destinos, seus moradores chegaram junto com o Boom. Cadastrados e organizados, agora tinham onde criar suas próprias histórias.
Mas o exército de construção não parou, seguiu construindo bairros pela linha de fora da muralha, agora chamada de Muralha Interna, formando um novo anel ao redor da cidade, isso levou um ano para ficar pronto. Mesmo os bairros antigos não passaram sem reformas, afinal precisavam se adaptar à nova população que chegava, parques foram criados e a disputa para fazer a maior estátua de Ainz se deu início.
Após a conclusão dos bairros externos, os construtores se dividiram em dois grupos, aqueles que manteriam a expansão da cidade e o outro que passaria a refazer o sistema viário. A primeira estrada refeita foi a que levava a Carne, assim o que se levava dois dias de viagem passou a ser percorrido em poucas horas com as novas carroças puxadas pelos Devoradores de Almas. Essa expansão continuaria formando a rede viária para as principais cidades até chegar ao Reino Anão, a capital do Império Baharuth e além.
Tudo que era preciso para os humanos, anões e os Demi-Humanos vindos de Abelion Hills, Arwintar ou qualquer outro lugar estava disponível em E-Rantel, oportunidades de comercio, aventuras e estudo.
Após descoberto o que era feito no orfanato, agora chamado de Instituto, os pais lotaram as salas com seus filhos e logo foi preciso criar novos colégios, afinal as crianças estavam seguras lá, comiam, aprendiam a ler, escrever e calcular. Se só isso não fosse o suficiente, a partir de uma certa idade ainda podiam se dedicar a um oficio: ferraria, costura, culinária, alquimia.
Quando alguns dos alunos demonstravam possuir dons, eram observados com mais atenção, potenciais fontes de habilidades desconhecidas era um dos motivos da existência destas escolas.
Lorde Demiurge ficou impressionado com a quantidade daqueles que demonstraram tais habilidades, aparentemente ter algum talento era mais comum do que se esperava, uma a cada cinco crianças parecia ser capaz de fazer algo único. A maioria desses talentos aparentava ser inútil e nunca seria detectada se não fossem os testes diários disfarçados junto a todas as aulas, provas, exercícios e exames médicos, mas "mesmo algo bobo pode ser a arma que vencerá uma guerra" disse Ainz uma vez.
Demiurge queria levar as crianças para seu laboratório, mas estava terminantemente proibido por seu mestre de chegar perto dos colégios. Ele tinha a sua fazenda para cuidar e a simples proximidade do demônio podia levar as crianças a loucura e estragar tudo. Nigredo e Pestônia cuidavam dos menores e Yuri Alpha não abriria mão de seus alunos.
Entre os mestres de ofício a ingressar no Instituto, haviam Homens-Lagarto ensinando piscicultura, anões ensinando ferraria comum, humanos e elfos lecionavam em diversas áreas, e para aqueles que demonstravam capacidade, ainda aprendiam artes de lutas e até mesmo magias.
Um desses mestres era um ex-paladino do Reino Nobre, um Nazarin que partiu para pregar a palavra de seu Deus e descobriu que na própria capital do Reino Feiticeiro não havia uma igreja destinada a ele, algo que pretendia remediar, mas primeiro precisava de uma congregação. Assim, se tornou professor de esgrima e nas horas vagas espalhava a palavra de seu senhor usando o Livro da Justiça, este era o primeiro rascunho feito por Neia, uma coletânea de histórias que Sua Majestade contou a ela durante sua viagem e de seus feitos durante a invasão do Reino Santo.
Agora com quatro Institutos para gerenciar, a Diretora, como era conhecida Yuri Alpha, estava bastante ocupada. Mesmo com a ajuda de Nigredo e Pestônia e uma centena de funcionários, ela ainda trabalha até tarde da noite, algo que não era um problema para um morto-vivo, mas seu mestre insistia nas horas de descanso. Apesar disso, Yuri ainda arranjava tempo para ajudar sua pupila a treinar as empregadas da mansão.
Tuare acreditava que as atuais empregadas, mesmo sendo as melhores das melhores disponíveis, não chegavam ao padrão exigido por ela e sua Tutora para atender a seu mestre, lhes faltava a devoção fervorosa vista nas Empregadas Homúnculos, algo que era bem mais visível na nova turma que estava sendo formada no Instituto. Assim que ultrapassassem suas antecessoras, as formandas as substituiriam no serviço.
Como de costume, Yuri começou seu dia com a rotineira visita à entrada principal da cidade.
— Bom dia senhores, alguma novidade nesta manhã? - perguntou Yuri Alpha aos funcionários da alfândega como fazia todas as manhãs durante os últimos dois meses após ter recebido a missão de seu mestre.
— Não senhora Alpha, as outras entradas e as patrulhas internas não relataram a chegada de alguém com descrição fornecida - disse o Lich com sua voz rouca. Práticos e sucintos, essa era a mesma frase dita a cada dia.
— Obrigada pelo serviço. Caso haja qualquer nova informação, entrem em contato imediatamente - se despediu a empregada.
Sua carruagem a aguardava, simples para os padrões de Nazarick, um coche de teto conversível, em sua lateral o emblema do instituto junto do Reino Feiticeiro ao fundo.
Com este carro aberto, a população conseguia ver Yuri, algo que, segundo Ator de Pandora, era importante para se criar um vínculo com os moradores. Muitos cumprimentavam com acenos discretos, pois a atitude rígida da Diretora não dava muita margem para frivolidades, até mesmo aventureiros experientes ficavam intimidados com sua pessoa, mas as crianças, estas acenavam efusivamente quando a viam.
Hoje era dia de folga do colégio para as crianças, então haviam várias pelas ruas acompanhando seus pais onde quer que estivessem indo. Como uma sociedade medieval amparada em religiões politeístas, não havia um dia específico na semana para ser guardado, apenas datas festivas, mesmo o conceito de semana, mês e ano eram diferentes dos que Ainz conhecia, então ele decidiu que, convenientemente, uma vez a cada seis dias haveria uma folga nos colégios.
Como as crianças passaram a ficar um dia em casa com seus pais, esse dia de trabalho passou a ser um dia com menos trabalho, pois se seu rei ordenou que descansassem, era isso que iriam fazer.
A carruagem de Yuri já estava chegando ao Instituto quando ela recebeu a mensagem.
— 'Senhora Alpha, recebemos um sinal positivo.'
— 'O alvo foi confirmado?'
— 'Sim Senhora, o comparativo com o retrato é de noventa e cinco por cento positivo.'
— 'Em qual parte da cidade ele se infiltrou?'
— 'Desculpe senhora, não houve tentativa de infiltração dissimulada.'
— 'Então onde ele está?'
— 'Bem na minha frente senhora Alpha, está olhando pra mim.' - disse o Lich enquanto era observado pela figura sorridente do Viajante.
Chapter 39: O dia de folga de Yuri Alpha
Summary:
Yuri é obrigada a relaxar mesmo sem que ela saiba.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com mais um capítulo da minha fanfic de Overlord: Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capitulo 34: O dia de folga de Yuri Alpha
Chapter Text
— 'Como assim ele está olhando para você?!'
— 'Ele está parado na minha frente, sorrindo. Solicitou um passe para poder entrar na cidade e está aguardando.'
— 'Sorrindo, as pessoas não sorriem para Lichs, ele pode estar usando alguma magia de controle mental. Você sente algo em relação a ele?'
— 'Sinto que tenho vontade de arrancar o rosto dele com minhas garras.'
— 'Esse parece ser o sentimento natural dos mortos em relação aos vivos'.
— 'Sim senhora Alpha, mas com relação a ele, esse sentimento parece ser particularmente mais forte.'
— 'Mais forte você diz... isso só seria possível se ele estivesse mais vivo do que as outras pessoas ou fosse um Paladino. Consegue detectar alguma aura ou magia?'
— 'Nada que minha habilidade passiva consiga sentir, mas temo que usar alguma magia de avaliação possa alertar o alvo.'
— 'Certo, então o mantenha entretido o máximo que puder, atrase a palestra até eu chegar, então... NÃO! Espere! Desconsidere a última ordem, siga os protocolos à risca.'
— 'Sim, senhora Alpha, devemos fazer algo específico?'
— Não, devemos seguir com o procedimento padrão, ele já pode ter visitado a cidade antes das buscas, qualquer mudança pode assustá-lo. Não sabemos que tipo de magia ele pode usar.
— 'Sim, senhora Alpha.'
— 'Ah! Com qual nome ele se apresentou?'
— 'Ichabod, sobrenome Crane.'
— 'Ichabod Crane, nome estranho, chegarei logo.'
— 'Entendido Senhora Alpha.'
Neste momento Yuri Alpha já havia se lançado da carruagem e partido em direção à entrada da cidade, saltando sobre os prédios, ela nem era notada.
— 'Devo avisar Ainz-Sama' - Yuri queimou um pergaminho de mensagem.
— 'Ainz-Sama, é Yuri Alpha reportando'.
— 'Bom dia Yuri Alpha, como está esta manhã? Pelo jeito deve ter alguma novidade'.
— 'Sim Ainz-Sama, somente meu mestre para antecipar meu relatório. Como o senhor previu, o Viajante aparentemente chegou na cidade.'
— 'Não é difícil imaginar isso, afinal somente algo de grande importância faria Yuri Alpha entrar em contato a esta hora da manhã' - pensou o Overlord - 'Prossiga Yuri Alpha, onde ele está?'
— 'Ele está no portão principal, está fazendo os procedimentos de checagem e aclimatação padrão, chegarei provavelmente ao final do workshop, o senhor deseja que ele seja detido imediatamente?'
— 'Negativo Yuri, vamos ver quais são as intenções dele na minha cidade, quero que você mantenha vigilância sobre ele.'
— 'Como ordena, Ainz-Sama.'
— 'Você já tem o nome que ele está usando?'
— 'Sim, Ainz-Sama, ele deu o nome de Ichabod Crane, um nome estrangeiro me parece.'
— 'Exatamente como imaginei.'
— 'Como esperado de um Ser Supremo, prever com exatidão os passos de seu oponente.'
— 'Ahan! Certo, prossiga com a vigilância, entrarei em contato assim que você chegar ao portão.' - 'Dessa maneira economizo em pergaminhos de mensagem, aquelas Ovelhas de Abelion não devem crescer em árvores.' - pensou o Ser Supremo nos pedidos de Demiurge para a busca de mais material para pergaminhos.
— Eu preciso controlar o uso, não quero destruir um ecossistema ou extinguir uma espécie, Blue Planet me mataria se algo assim acontecesse - Ainz falou para si mesmo, mas a empregada Homúnculo de pé no canto do escritório foi capaz de ouvir. Como não foi ordenada a guardar segredo, logo todos da tumba estariam cientes das intenções de seu mestre, seja lá qual fossem as suas próprias interpretações.
Rapidamente Yuri atravessou a cidade, mesmo assim ela chegou no momento que os visitantes estavam sendo liberados para entrar.
— 'Yuri Alpha, vejo que você acaba de chegar'.
— 'S-Sim Ainz-Sama, o senhor pode me ver?'
— 'Sim Yuri, estou com os Guardiões observando o portão neste exato momento com o Espelho de Visão Remota' - 'Com o feitiço de mensagem é quase como ver televisão' - imaginou Ainz.
— 'Certo meu senhor, o Lich de plantão acaba de me indicar o Viajante, por enquanto ele está no meio da multidão, irei segui-lo.'
— 'O que ela está fazendo?' - pensou Ainz ao ver Yuri seguindo o Viajante.
— 'Yuri, você está seguindo o Viajante?'
— 'Sim Ainz-Sama, como o senhor ordenou.'
— 'Eu não quis dizer para ela fazer isso pessoalmente.' - pensou Ainz batendo uma mão metafórica na testa.
— 'I-Imaginei que o senhor tivesse preocupações sobre o Viajante detectar alguma magia de invisibilidade, por isso não lancei nada sobre mim.'
— 'SIM! Ahan, excelente atitude Yuri, prossiga relatando o que o Viajante está fazendo, ainda não podemos distingui-lo da multidão.'
— 'Sim Ainz-Sama, ele está usando uma roupa clara, camisa de mangas compridas e calça larga, seguindo pela avenida principal a quinze metros de distância.'
— Mangas compridas, calça larga, roupa clara... - 'Estranho, não há ninguém com esta descrição' - Albedo, você consegue ver a pessoa que Yuri descreveu?
— Não, Ainz-Sama, ninguém está usando uma roupa parecida.
— Demiurge, Shalltear, algum de vocês guardiões vê a pessoa descrita?
— Não, Ainz-Sama - Foi a resposta quase unânime, menos por Aura.
— Humm! Aura, você parece querer dizer algo.
— N-Não, não deve ser nada Ainz-Sama.
— Vamos Aura, fale livremente, quero a opinião de todos.
— Sim, Ainz-Sama, parece haver um... buraco na multidão, pequeno, mal se percebe com o movimento dos humanos, ali!
— Bem notado Aura, parece que as pessoas se afastam de algo que não podemos ver, algum tipo de magia anti-adivinhação, ele é invisível ao Espelho de Visão Remota.
Aura abriu um enorme sorriso ao ouvir o elogio de seu mestre.
— Ah, como é sábio nosso mestre, nos testando para descobrir algo que ele já sabia, parabéns Aura, como Ranger sua visão é mesmo fenomenal - Disse Demiurge fazendo a menina estufar ainda mais o peito de orgulho, fazendo ao mesmo tempo Albedo e Shalltear cravarem olhares de inveja na pequena elfa.
— 'Yuri, o viajante é invisível para nós, mantenha a vigilância, não o perca de vista',
— 'Sim, Ainz-Sama.'
Yuri Alpha é uma excelente lutadora. Do tipo Monge, sua técnica é baseada na luta corpo a corpo, ela também é incrivelmente dotada na habilidade organizacional, só sendo superada por Albedo nas questões de gerenciamento, mas o que ela não sabe fazer aparentemente é seguir alguém, isso se mostrou bastante óbvio para Ainz ao ver como ela tentava dissimular sua caminhada, se escondendo atrás de objetos menores do que ela ou olhando rapidamente para outro lugar quando o Viajante se virava.
Em determinado momento, o Overlord quase deixou o queixo cair ao ver como Yuri tentou se esconder atrás de um poste, mas agora era tarde demais para enviar um Hanzo, isso só iria minar a confiança de Yuri Alpha.
Por pura sorte, parecia que ela não tinha sido descoberta pelo Viajante, ou será que foi?
Yuri Alpha seguia o viajante pelas ruas, quando ele parava, ela parava, algumas vezes em que ela foi cercada por crianças querendo cumprimentá-la, teve a sorte do Viajante se ater por mais tempo observando algo.
Quando ele olhava uma vitrine, ela disfarçava olhando outra, então ela se deu conta que talvez poderia aprender algo sobre seu alvo avaliando o que parecia lhe chamar a atenção, logo ela estava vendo as mesmas vitrines que ele havia visto.
Dentro da maioria das coisas que pareciam ser do interesse do viajante constavam lojas de artesanatos, armaduras, roupas, e entre estas muitas das lojas pareciam ser para o público feminino. Yuri imaginou que ele talvez tivesse interesse em levar algo para alguém ou talvez para uso próprio, afinal não se deve julgar os gostos das pessoas, e o gosto do viajante parecia ser algo requintado, já que ele encarou por um bom tempo um conjunto do que parecia ser um terno feminino, uma novidade, bem cortado ao estilo sulista, lembrava o terno de Demiurge se não fosse pela saia. Não parecia que cairia bem no viajante, mas ela mesma se viu usando tal peça no escritório do Instituto.
— 'Bobagem' - pensou Yuri - 'Minhas roupas são excelentes, além do mais já tenho algo parecido em meu guarda-roupa feito por Yamaiko-Sama... mas não dessa cor'.
O viajante seguiu pelas ruas movimentadas até parar em uma barraca de perfumes, Yuri fez questão de decorar quais foram testados, e assim que o viajante se afastou, decidiu ver o que havia lhe chamado a atenção.
— Bom - disse ela.
Em Nazarick não haviam perfumes, afinal no jogo não se podia sentir cheiros, então apenas existiam itens que deveriam ter cheiros de perfumes. Além disso, cada um dos NPCs tinha seus próprios cheiros, por isso que Albedo cheirava tão bem e tentava marcar com ele seu território na cama de Ainz.
— A senhora gostaria de levar algo? Este Brisa de Primavera é um perfume novo criado pelos melhores boticários de Arwintar.
Yuri olhou de soslaio e viu o Viajante parado muito próximo, ela precisava disfarçar.
— Sim, levarei este e este aqui para minha irmã - Ela lembrou que Solution havia passado bastante tempo disfarçada de Dama em Re-Estize e tinha um bom estoque de perfumes desde então, "para os disfarces" ela havia dito, então levar algo novo seria um bom presente.
Pelos meses que Yuri esteve vivendo em E-Rantel, ela nunca havia caminhado assim pelas ruas, estar lá sempre foi um trabalho, uma obrigação, olhar vitrines era uma frivolidade que ela nunca tinha se dado ao luxo de fazer e agora estava se vendo na obrigação de levar algo para cada irmã, já que uma ganharia um presente, não poderia deixar as outras sem nada
O viajante seguiu por outras barracas e lojas, em algumas Yuri pode comprar coisas para suas outras irmãs, um broche colorido que parecia um escaravelho para Entoma, uma pulseira de cravos afiados para Lupusregina, uma echarpe com padrões que lembravam camuflagem para CZ, algo chamado máscara de dormir para Narberal, assim ela poderia relaxar quando está de folga, e uma pequena figura bem esculpida dos heróis Momon e Nabe para Aureole.
Ao final da manhã, o Viajante entrou em uma loja de livros. Yuri se posicional estrategicamente próxima de uma das prateleiras, ali haviam livros sobre vários assuntos de estudo para os nobres, mas o que o Viajante olhava eram livros menores, coisas novas que destoavam daqueles tomos imensos, um deles tinha lhe chamado a atenção, mas parecia que ele contava as moedas, tentou negociar com o dono, mas não conseguiria comprá-lo. Visivelmente desapontado, deixou o livro na prateleira.
Assim que ele saiu, Yuri o retirou e comprou, ela precisava saber o que tinha naquele livro para ele o querer tanto.
O viajante então foi até uma praça onde se sentou e apreciou um grupo de bardos, Yuri ficou sentada em um banco mais retirado de onde poderia ver o seu alvo com sua visão periférica, para disfarçar começou a ler o livro que se mostrou... interessante, depois de umas dezenas de páginas, suas bochechas ficaram vermelhas. Enquanto lia, a música dos bardos parecia complementar sua leitura.
Após quase uma hora, o Viajante foi em direção a uma loja de chás.
Yuri se sentou duas mesas atrás e pediu biscoitos com chá preto para acompanhar, tudo para disfarçar claro, nada ali se comparava com a comida de Nazarick, mas era de qualidade suficiente para satisfazê-la enquanto lia, digo, seguia o Viajante.
A tarde avançava quando o Viajante se dirigiu até o local onde poderia pegar uma carruagem coletiva.
— 'Ainz-Sama, o viajante acabou de embarcar em uma carruagem para a Cidade de Carne.'
— 'Bom trabalho Yuri. Você pode retornar a Nazarick.'
— 'O senhor não quer que eu o siga?'
— 'Não há necessidade, um Hanzo pode fazer isso em uma distância segura sem usar Invisibilidade, tenho interesse em saber sua opinião sobre o esse Viajante.'
— 'Como ordena, Ainz-Sama.'
— 'Lupusregina!'
— 'Sim, Ainz-Sama?'
— 'Fique alerta para a próxima carruagem de E-Rantel que chegará à Carne, você receberá visitas.'
— 'Sim Ainz-Sama!' - respondeu a empregada com um sorriso sádico.
Chapter 40: Interlúdio 6
Summary:
Os Guardiões tem muitas duvidas a tirar com Yuri Alpha e Ainz quer saber o que há naquele livro que tanto interessou a Plêiade.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo mais um interlúdio da minha fanfic: Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 6
Chapter Text
Yuri Alpha chegou por um portal diretamente à frente da Grande Tumba e, ao adentrar, percebeu que a sala estava cheia de noivas vampiras e outras criaturas guardando o local, isso significava que Shalltear não estava ali.
Somente uma coisa a removeria de seu posto, uma missão de seu mestre. Se nada de mais gravidade tivesse surgido nas últimas horas, a busca do Viajante era prioridade.
Lorde Ainz havia mencionado os guardiões observando pelo espelho remoto, então não eram um ou dois deles, provavelmente eram todos, Yuri podia se preparar para uma sabatina. Apesar de serem seus superiores, alguns deles às vezes eram muito emotivos em suas avaliações, suas respostas precisariam ser muito pensadas. Já seu mestre que conseguia antecipar tudo, pedia que seus relatórios fossem o mais simples possível, era tão bom ter um Mestre assim.
Passando pelas portas, a empregada chegou ao primeiro teleporte.
- 'Olá Yuri!'
- 'Boa tarde Aureole, tenho uma reunião com Ainz-Sama.'
- 'Sim, Ainz-Sama irá recebê-la na sala do trono. Os Guardiões de Andares e a Supervisora já a aguardam.'
- 'Obrigada irmã, trouxe algo para você.'
- 'Um presente! Oh, aguardo ansiosa sua visita irmã, até logo!'
Um brilho de teleporte depois e Yuri estava no andar da Sala do Trono. Após uma breve caminhada, chegou ao local onde as portas se abriram para sua passagem.
Todos os Guardiões estavam presentes conversando, quando ela entrou seus olhares foram direto para ela.
- Boa tarde senhores Guardiões, boa tarde senhora Supervisora.
- Boa tarde Yuri Alpha - disseram todos à sua maneira.
- Por favor se aproxime, gostaríamos de conversar com você enquanto aguardamos Ainz-Sama - falou o arquidemônio.
- Como desejar, Lorde Demiurge.
- Veja, durante sua... vigília, percebemos que provavelmente você não foi a melhor escolha para seguir o Viajante.
- Sim Lorde Demiurge, eu também percebi isso, mas como foi uma ordem direta de meu senhor para segui-lo eu não poderia contrariar sua decisão.
- Como você diz, isso nos trouxe várias dúvidas, porque ele escolheu você, o que há por trás dessa decisão, quais são os caminhos insondáveis da mente de nosso mestre, isso precisamos descobrir para melhor servi-lo.
- Talvez ele quisesse me mostrar o quanto sou deficiente em certos serviços e provavelmente me repreenderá - disse ela com um olhar convicto.
- Ja und nein¹ - disse ator de Pandora que estava escorado em uma pilastra fora de vista até o momento.
- Acredito que mein vater² sempre tenha três ou quatro motivos para cada decisão que ele toma, neste caso realmente pode ser para demonstrar que exista uma área onde a fraunlein³ pode se dedicar.
- Desculpe Lorde Pandora, o senhor acha que Lorde Ainz deseja que eu me torne um... ninja!
- Nein, nein, nein... não exatamente, mas acho que ele deseja que possamos ver nossos pontos fracos e cobri-los se necessário, nos aprimorar e crescer em nossas habilidades, além disso o segundo motivo para ter a senhora andando pelas ruas é que isso fará maravilhas no quesito relacionamento entre a população e a administração.
- Você acha mesmo que isso é um ponto importante, Ator de Pandora? Afinal eles já parecem aceitar nosso governo - disse Albedo de forma descontente.
- Aceitar o governo sim, pois fornecemos a melhoria de vida de forma nunca vista por eles, mas ter uma interação com os agentes governamentais de forma mais direta estimulará, mein lieber⁴ o apoio para decisões que podem ser polêmicas, como a destruição da capital Re-Estize e das outras cidades que não se renderam, minando assim qualquer tentativa de levante por parte de agitadores externos.
- Ah! Nosso mestre, como é sábio em suas decisões - disse Albedo entre suspiros e todos concordaram.
Neste momento o Overlord entra no Salão.
- 'Por que todos estão me olhando assim?' - pensou o Ser Supremo.
Em seguida todos caíram de joelhos.
- Ahann! Vamos começar, podemos pular as formalidades Albedo, levantem-se.
- Como quiser, Ainz-Sama.
- Parece que você teve um dia agitado, Yuri Alpha.
- Sim Lorde Ainz, seguir o Viajante foi um... desafio, agora entendo onde preciso me aprimorar.
- Certo, humm, como eu desejei, ahan! Como todos percebemos, o viajante era invisível para nós, então saber um pouco mais de sua opinião sobre o que ele fazia é importante.
- Sim Ainz-Sama, acredito que o Viajante estava nos avaliando.
- É mesmo?
- Sim, vi ele conversar com os comerciantes, algumas vezes próximo o bastante para escutar parte da conversa, no geral era sobre como estava a vida, o convívio com os vizinhos de outras raças e sobre a opinião acerca do Reino Feiticeiro.
- E?
- E as respostas foram positivas, os comerciantes eram os mais efusivos, alguns recém chegados pareciam receosos, mas não tinham queixas.
- Então parece que o visitante nos avaliou bem... Yuri, você disse ter comprado um livro que parecia ser do interesse do Viajante, sobre o que se trata?
- Bem... - Yuri corou um pouco - é um livro para o povo, uma nova moda agora que os cidadãos estão aprendendo a ler, é sobre o Herói Momon e suas aventuras.
- Um livro de aventuras sobre mim e Narberal, digo Nabe? Humm deve ser natural escreverem histórias sobre nós.
- Não Ainz-Sama, apenas sobre o herói Momon, a aventureira Nabe é afastada no começo da história para cuidar da cidade enquanto o senhor se aventura.
- Por que?
- Acho que é para o leitor poder se colocar no lugar dos personagens encontrados ao longo do caminho, que sempre parecem ser fazendeiras, aventureiras ou princesas que desejam... ahan! Agradecer ao herói Momon por incríveis resgates, de forma explicitamente mais ... AHAMM! De forma explicitamente mais intima.
- ÍNTIMA! QUE ABSURDO! Um livro onde você pode se imaginar com Ainz-Sa..., digo Momon é um total absurdo - esbravejou Albedo e está era a primeira vez que Shalltear concordava balançando a cabeça.
- Yuri Alpha, eu exijo uma cópia de tal livro imediatamente, quero avaliá-lo pessoalmente, quero o nome do autor, onde é vendido e se tem outros volumes - ordenou a Succubus enquanto Shalltear balançava freneticamente a cabeça em concordância e anotava junto a Yuri todas as informações que ela repassava.
Aura e Mare não entendiam sobre o que tudo aquilo se tratava e o supressor emocional de Ainz brilhava tanto que se fosse visível poderia iluminar todo o salão.
...........................................................................
¹Sim e Não.
²Meu Pai
³Senhora
⁴ Minha cara.
Chapter 41: Cidade de Carne
Summary:
O Viajante chega a Carne e logo conta uma de suas histórias.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo o primeiro capítulo com Lupusregina em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 35: Cidade de Carne
Chapter Text
A "Vila de Carne", alguns moradores ainda insistem em chamá-la assim, apesar de já ter se tornado uma pequena cidade. Se não bastasse o surgimento de cinco mil novos moradores de uma hora para outra, há apenas um ano e meio atrás, desde então mais de centenas têm se mudado para lá a cada semana.
Após a derrota do príncipe Barbro, o exército goblin acampou nos arredores da vila. Eles não podiam ficar ociosos, então ao longo das semanas foram implementados turnos para se revezarem na caça e agricultura, já que alimentar tantos, incluindo os humanos, dependia de muito esforço. Outra parcela ficaria encarregada da manutenção e ampliação da própria vila, onde antes havia barracas para o exército, em pouco tempo se tinha alojamentos e um grande quartel para treinamento, e depois passaram a construir casas para a nova população que chegava. O terceiro grupo ficaria responsável pela guarda da vila, além do treinamento dos seus e dos cidadãos dispostos, como era feito pela General desde antes do próprio exército existir.
Depois desses meses, a cidade agora estava bem formada, até mesmo uma prefeitura e prédios já existiam. Diferentemente de E-Rantel, com sua arquitetura variada, mas que tinha ares do toque anão, em Carne era muito mais predominante um único estilo que passou a ser chamado de Ar-goblin. Não eram primitivas ou rústicas como se imaginaria de uma morada goblin, eram modernas e semelhantes às humanas, mas quando se olhava tinha aquela sensação de que não foram construídas por humanos. O aluguel ou venda dessas casas retornava à prefeitura que financiava o exército.
Com o crescimento contínuo da cidade, a Prefeita, que relutou muito, acabou convencida a cobrar impostos dos moradores, afinal uma cidade não se sustenta apenas com agradecimentos. As taxas se mantiveram mínimas, já que o Reino Feiticeiro estava mais interessado em expandir do que lucrar, então parte das infraestruturas administrativas foram bancadas pelo próprio Reino. Seus cidadãos imaginavam que logo sua agência de correios receberia pousos de Frost Dragons, um sinal de prosperidade, aparentemente.
A carruagem que se aproximava fazia este caminho duas vezes ao dia, de manhã cedo partia de Carne e retornava no final da tarde, ao mesmo tempo em que outra fazia o caminho inverso. Após passar pela guarita do portão principal, se dirigiu à praça central, o Viajante desceu e ficou olhando ao redor como se não soubesse para onde ir.
Lupusregina estava invisível posicionada a uma centena de metros sobre a torre da prefeitura, sua presa parecia esperar algo, então o viu se dirigir até uma jovem visivelmente grávida que passava pelo local.
— Olá! Bom tarde senhora, esta é Vila Carne?
— Boa tarde, sim senhor.
— A VILA Carne!!?
— Sim - respondeu a senhora de forma humorada - Vila, cidade, depende para quem perguntar, mas somos Carne.
— Bem, parece diferente do que imaginei, as histórias não parecem descrever bem a cidade.
— HISTÓRIAS! Que histórias? Eu gosto de histórias - disse a criança que acompanhava a jovem senhora.
— Ah! Olá pequena, as histórias dessa cidade, você não sabia? Ela é famosa.
— É mesmo!? - se admiraram as duas ao mesmo tempo.
— Bem, sim, e há várias delas - disse o viajante para a menina - há muitas histórias e muitas versões, a maioria conta sobre o ataque de um Barghest e a derrota da horda de trolls, sobre como o General Goblin invocou seu exército e impediu a invasão pelo príncipe malvado e sobre o Senhor da Guerra, Enri, O Sangrento - nesta parte ele falou gesticulando os dedos como se fosse algo para assustar as crianças que agora começavam a se reunir, atraídas pela menção de histórias.
— SENHORA DA GUERRA! ENRI A SANGRENTA!? Quem está chamando ela assim? - Falou surpresa a senhora.
— Bem, as pessoas em outras cidades, nas tavernas onde passei, dizem que ele se banha no sangue de seus inimigos e empala as cabeças deles pelos muros.
— ISSO É MENTIRA!!! E não é ELE é ELA, e eu não fiz nada disso.
— Espera, você é Enri? Enri que derrotou monstros e submeteu goblins e trolls?
— E-Eu não fiz isso, não exatamente - falou de forma envergonhada, mas nesse instante chegou um grupo de goblins e trolls.
— Algum problema chefe? - perguntou Jugem, intrigado.
— Não, nada com que se preocuparem - disse ela então percebendo a ironia da situação - Ok, certo, eles me seguem, mas foi mais uma negociação do que derrota e eu não sei nada sobre essa história de Enri, A Sangrenta.
— Humm! Vejo que alguns dos meus colegas de histórias às vezes exageram em algum ponto, então a derrota da horda do Gigante do Leste e do exército de três mil goblins sendo invocados também não aconteceu.
— N-Não! SIM! Aconteceu, e f-foram cinco mil, mas podem ter exagerado no resto.
— Ah! Bem, acho que a fama acaba criando suas próprias histórias não é? Pode ter sido melhor assim.
— Por que?
— Bem, isso deu uma segurança maior do que esses muros, acredito que as histórias têm mais força do que imaginam.
— Histórias! Quero uma história! - disse Nemu junto com as outras crianças e as pessoas que se reuniam.
— Oi! Acho que a maioria não seria apropriada para vocês crianças, mas tenho uma que deve servir, vocês conhecem a história dos quatro elfos e o troll?
— TRÊS elfos, todo mundo conhece.
— Ah! Esta é um pouco diferente, veja, Ahann:
— "Era uma vez quatro irmãos elfos que resolveram se mudar de sua vila, cada um foi para um lugar: o primeiro se mudou para um pasto onde só havia palha para fazer a sua cabana; o segundo foi para uma floresta onde construiu sua casa com galhos e toras; o terceiro se mudou para uma pedreira onde fez sua casa com rochas e o quarto acabou em um descampado sem quase nada para usar."
— "Então um dia surgiu um Troll de guerra. Na primeira casa ele só precisou soprar e soprar até a casa cair, mas o rápido elfo fugiu e se escondeu na casa do irmão da floresta."
— "Chegando lá bastou um balanço da clava do troll para que a casa de madeira viesse abaixo. Novamente os irmão fugiram e se esconderam com seu irmão na pedreira."
— Então o troll chegou e soprou, soprou e bateu até se cansar e ir embora - interrompeu Nemu de forma confiante.
— EI! Quem tá contando essa história?! - disse o Viajante arrancando risinhos de Nemu e das outras crianças.
— Onde eu estava? Ah!
— "Então o troll chegou e soprou, soprou, bateu e gritou até se cansar, MAS, ele não foi embora, ele ficou ali esperando e esperando. Depois de dias os elfos não tinham mais o que comer, então precisaram fugir. Cada um correndo para um lado, o troll confuso acabou deixando eles escaparem, ele então seguiu o rastro que levava todos até a casa do quarto irmão."
— "Sem ter o que usar, o quarto irmão precisou escavar o terreno e descobriu que ali era um antigo campo de guerra, então ele usou a única coisa disponível para fazer sua casa."
— "Quando o troll chegou e viu a casa, se virou e fugiu. O que ele encontrou foi uma casa feita de crânios de trolls, não era muito resistente, mas, com certeza, passava uma mensagem. "
— Não entendi! - disse Nemu.
— HAHAhaha! Sim, me desculpe acho que foi demais para os pequenos, certo, nesta versão a suposta fama salvou a vida dos elfos, da mesma maneira acho que a fama real de Carne pode ter afastado outros invasores. Aqui é onde existem as primeiras forjas de Runecraft fora do Reino Anão, era de se imaginar que vocês seriam mais assediados, mas pelo que eu soube não é o que acontece.
— O Rei Feiticeiro nos protege! - Falou Nemu com orgulho.
— Sim, tenho certeza, mas as histórias falam de vocês, de sua própria força e de suas vitórias.
Todos se olharam com orgulho e então admiraram sua prefeita.
— O senhor é muito gentil, senhor...?
— Talbot, John Talbot, um contador de histórias procurando lugares interessantes.
— Obrigado pela história senhor Talbot! Como está anoitecendo acredito que o senhor passará a noite aqui.
— Bem, acho que não tenho dinheiro para uma hospedaria, gastei meus últimos trocados na carruagem.
— Não há problema, meu marido e eu poderemos hospedá-lo por essa noite.
— Eu agradeço, mas preciso recusar, acho que não seria de bom tom abusar da bondade de pessoas que recém conheci.
— Então se o senhor quiser pode ficar no celeiro ou até dormir no alojamento junto com Jugem ou Grork - nisso o enorme troll acenou.
— O que? Dormir junto com um troll!
Todos se assustaram com a mudança de tom, soou extremamente preconceituoso.
— Vocês tem idéia do tamanho do peido deles?! Seria o bastante para queimar os olhos de um dragão verde!
Todos olharam de forma esquisita, "do que ele estava falando?" Então um som estranho começou, uma espécie de gargarejo gutural que aumentou e aumentou, se unindo a outros vindos de trás das pessoas que se viraram e se surpreenderam.
Os trolls estavam rindo, repetiam em sua língua o que o viajante falou, então riam mais, ninguém tinha visto um troll rir antes, era estranho mas começou a afetar as crianças primeiro, elas entenderam a piada e gargalharam o que fez todos rirem enquanto o Viajante sorria satisfeito.
A única que não ria era Lupusregina, ela era uma sádica e se divertia com o sofrimento dos outros, inclusive o de seus amigos. Em Nazarick, suas irmãs a ignoravam e nunca reagiam às suas pegadinhas, já Carne era um playground, pequenos sustos a divertiam, as pessoas não entendiam, mas o que importava era ela, sua vítima preferida: Enri. Mas desde que garota ficou grávida Lupusregina foi proibida por sua irmã de importuná-la, afinal essa gravidez pode ter sido sua culpa, já que buffar e recuperar as forças de Enri durante seus encontros com o marido se tornou um bom passatempo, o coitado mal se aguentava com as poções de recuperação, era hilário.
Mas agora vendo todas essas pessoas, incluindo Enri, rindo de uma piada de peido, parecia gerar um desconforto em Lupusregina, ela estava com ciúmes? Ou pior, com inveja?
Chapter 42: Oh dia! Oh Azar!
Summary:
Lupusregina seguirá o Viajante e aprenderá muito sobre ele e sobre si mesma.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 36: Oh dia! Oh Azar!
Chapter Text
— Hehe! Isso foi divertido - falou o senhor Talbot - bem, obrigado novamente pela oferta, mas não pretendo passar a noite na cidade. Estou procurando algo, umas ruínas, vocês não saberiam de algo assim na floresta?
Todos ficaram sérios.
— Na floresta? - Enri sussurrou de forma assustada - você quer entrar na floresta, à noite?
— Sim, mas não se preocupe, eu sei me cuidar. Então, sobre as ruínas...
— Humm, alguns caçadores mencionaram algo no fundo da floresta a dois dias de viagem mais ou menos, se souber o caminho, mas nos avisaram para nunca nos aproximarmos de lá, que era um local proibido e que só entraria quem desejasse a morte - Jugem alertou lembrando do aviso de Lupusregina e como ela sorriu o tempo todo ao falar disso.
— Então deve ser o que estou procurando, poderia me apontar a direção? Muito obrigado pela ajuda senhora Enri, pequenina, senhores.
— Tem certeza que não posso convencê-lo a desistir? Pelo menos a ir durante o dia, hoje é lua nova, não terá nada de luz, não que isso fará muita diferença, a floresta continua incrivelmente perigosa mesmo nestes dias.
— Obrigado pelo aviso, mas eu realmente preciso ir, o tempo urge, mas não se preocupem, tudo que preciso é de um pouco de sorte - disse o Viajante dando uma piscadela para Nemu, a menina, apesar de jovem, sabia que ele nunca mais voltaria.
— Tchau, tio! Meu nome é Nemu, não vou esquecer da sua história.
O homem não sabia se ela falava sobre o que ele tinha contado ou sobre a sua pessoa, sorriu e foi embora em direção à floresta.
A borda ficava a apenas alguns quilômetros da cidade. Ao entrar na mata, o dia terminou e a luz sumiu instantaneamente, apesar disso o Viajante seguiu confiante. Lupusregina seguia a umas dezenas de metros atrás, com sua habilidade furtiva era virtualmente invisível e com sua capacidade de ver no escuro era como olhar o viajante em um dia claro.
— 'Ainz-Sama. É Lupusregina reportando.'
— 'Prossiga, Lupusregina.'
— 'Como informado, o Viajante chegou à vila, se apresentou com o nome de John Talbot, pediu orientações e se dirigiu para a Floresta de Tob. Ele está seguindo em direção à falsa Nazarick.'
— 'Como imaginei, ele provavelmente tentará fazer contato lá. Não posso acompanhar com espelho remoto dentro da floresta, siga ele e não interfira por enquanto, mas tome cuidado, não sabemos que poderes ele possui. Se precisar de apoio, Aura está na floresta fazendo uma exploração de última hora.'
— 'Como ordena, Ainz-Sama. Lupusregina desligando. '
Estranhamente, apesar do escuro, o Viajante avançava sem dificuldades. Muito mais do que isso, ele acelerou o passo, nada parecia impedi-lo, nem galho, cipó ou espinho e nem mesmo os animais o incomodavam.
Em determinado momento, um urso monstruoso passou a apenas alguns metros dele, não o viu, ouviu ou cheirou o Viajante, era impossível isso acontecer. Ele nem mesmo parou para se esconder, no momento que cruzou com o urso ele estava passando por trás de uma árvore, um sincronismo absurdo.
Lupusregina já havia percebido o quão estranho o Viajante parecia, para começar ele não tinha cheiro, tudo tem cheiro, por menor que seja, seres vivos ou mortos cheiram a suor, urina, doenças, feromônios ou hormônios, as plantas tem perfumes, odores específicos, coisas fabricadas cheiram a seus materiais e a quem os carregou, até mesmo Elementais tinham cheiro, cheiravam a natureza, mas ELE, ele não cheirava a nada, nem mesmo à limpeza, essa ausência era desconcertante.
Outro detalhe era que ele não se sujava, não tanto quanto deveria pelo menos, a lama que prenderia os pés de um caçador experiente simplesmente desgrudava e não o sujava, ele nem mesmo deixava pegadas, não como as de um humano. Elfos eram os seres existentes que deixavam as pegadas mais suaves, na neve eles mal mexeriam a superfície, mas ele deixava marcas mais suaves ainda na floresta, apesar dos pés afundarem no musgo, assim que ele retirava o local voltava quase ao normal, com o solo era a mesma coisa, seria ele um fantasma, espectro ou espírito? Novamente vinha o problema do cheiro, ele não cheirava a algo espectral.
Em terceiro lugar, ele sabia aonde ir. Não era só como se ele enxergasse no escuro, mas ele desviava o mínimo possível dos obstáculos, seguindo em uma linha reta em passo acelerado. Após algumas horas, ficou óbvio que ele não se cansava, ou comia ou tinha sede. Solution já havia mencionado esta estranheza entre suas conversas nestes dois últimos meses.
E por último, a sensação estranha que ele emitia. Era algo diferente, coisas angelicais ou abissais tinham auras especificas, outros seres como os mortos ou até paladinos emitiam auras baseadas em seus karmas, mas ele não, nada vinha dele, mas ainda assim Lupusregina tinha essa sensação, algo primitivo dentro dela a alertava que seu instinto estava deixando passar algo que ela não compreendia.
Fora tudo isso, ela ainda parecia ter a crescente antipatia por ele, sua atitude despretensiosa, sua maneira de falar despreocupada, a forma como ele seguia pela floresta perigosa como se estivesse em um passeio, se ele começasse a assobiar ela talvez não aguentasse toda essa irritação.
— 'Quem ele pensa que é? Andando por aí assim, falando com as pessoas como se as conhecesse, falando com a minha Enri daquele jeito, ela é minha... meu brinquedo.' - pensou a empregada enquanto o seguia.
O que levaria mais de um dia para um aventureiro experiente percorrer, o viajante levou apenas seis horas de caminhada. Ele chegou à falsa Tumba de Nazarick, uma cópia exata da área externa da verdadeira Grande Tumba. Após o experimento com os trabalhadores, ela foi deixada como isca caso alguém a buscasse, uma armadilha para os orgulhosos.
O Viajante parou bem no limiar do terreno, ele olhava as pilastras do portal, chutou um pouco de terra, andou de um lado para outro, será que ele estava desconfiado?
— 'Ainz-Sama quer que ele entre na falsa Tumba para acionar as armadilhas, testá-lo e enviá-lo via teleporte para algum dos cômodos mais perigosos de Nazarick, por isso não há guardas no pátio. Mas por que ele não entra?'
O Viajante então fez algo estranho, olhou para o céu, olhou para o próprio pulso como se tivesse algo preso nele e bateu duas vezes, depois molhou o dedo na boca e testou a direção do vento, tirou uma folha de papel de dentro do casaco, escreveu algo, amassou e jogou no chão, depois disso partiu em outra direção, se distanciando da falsa Tumba.
— 'Ainz-Sama, o viajante não caiu na armadilha.'
— 'Humm, o que ele fez então?'
— 'Parece que ele perdeu o interesse assim que viu a entrada, fez um ritual estranho e jogou um papel fora, vou recuperá-lo e então segui-lo novamente.'
— 'Bem, isso era esperado, Lupusregina, o papel que ele jogou pode ser uma pista, mas também uma armadilha.'
— 'Eu sei, meu senhor, mas é meu dever verificar'.
— Boa sorte, Lupusregina.'
— 'O papel está amassado, vou desdobrá-lo, possui símbolos escritos de um lado, do outro está escrito "Me desculpe".'
Então o talismã queimou, não houve brilho ou círculo mágico, nada que indicasse ter tido algum efeito.
— 'Ainz-Sama, não vejo efeito nenhum sobre mim. Ainz-Sama?' - Nada. sua comunicação fora cortada.
Lupusregina sacou outro pergaminho de mensagem e o queimou tentando entrar em contado com seu mestre, mas o feitiço falhou, ela tentou novamente tentando falar com Aura o feitiço se conectou.
— 'Aura-Sama!'
— 'AAAAaaaah! QUEM TA FALANDO COMIGO!' - disse uma voz velha.
— 'Quem está falando?' - perguntou a empregada.
— 'QUEM É VOCÊ ESPIRITO, O QUE VOCÊ QUER COMIGO?!!' - disse a voz humana masculina.
Lupusregina cortou a mensagem que havia falhado novamente, o viajante fez algo, ela não podia falar com seus aliados, estava sozinha agora, então ela deu um sorriso.
— Agora somos só nós dois.
Partindo em uma corrida pela floresta, somente depois de percorrer algumas centenas de metros é que percebeu que havia perdido o rastro do Viajante.
— Esperto, ele seguiu em linha reta até agora, provavelmente deve ter mudado de rumo em alguma lugar lá atrás sabendo que seria seguido.
Lupusregina então retornou prestando mais atenção no caminho tentando localizar o sutil rastro, algo que estava levando mais tempo do que ela queria, até que por fim.
— AHÁ! - disse Lupus se levantando em vitória, algo que ela não deveria ter feito, pois acabou atingindo com a cabeça uma enorme colmeia de Abelhas Negras.
As Abelhas Negras, apesar de possuírem ferrões extremamente perigosos, não feriam Lupusregina, sua pele era capaz de resistir até mesmo a picadas nos olhos sem incômodo, mas este foi um ano especificamente produtivo para esses insetos e sua colmeia estava cheia com o dourado e viscoso alimento.
Todo o conteúdo da colmeia se derramou sobre Lupusregina, que tentou limpar os olhos. Com um passo em falso, escorregou e acabou caindo sobre uma moita de Hortelã Selvagem, esta variedade muito rara possui um odor tão forte que poucas folhas esmagadas são capazes de impregnar um ambiente. Lupus escorregava e tentava se firmar sem sucesso, acabou rolando para fora da moita e quando conseguiu ficar de pé parecia mais um ser feito de plantas do que a conhecida Empregada de Batalha.
— Mas que droga! Tenho que alcançá-lo, um feitiço de limpeza no caminho e pronto, vou estar limpAHaaaaaaaaa! - desta vez Lupus tropeçou em uma raiz, algo impossível até um minuto atrás e que se repetia pela terceira vez, ela foi arremessada pelo seu impulso em direção à ribanceira, rolando e atingindo dezenas de cipós pelo caminho. Ao final da ravina, estava completamente amarrada.
Cipós Estranguladores fazem parte das espécies de plantas caçadoras, tão fortes como cabos de aço, mesmo depois de cortados continuam apertando suas vítimas.
A empregada estava zonza e quando estava prestes a se soltar viu a criatura parada sobre sua cabeça, era grande e peluda.
— 'Fenrir! O lobo de Aura' - pensou ela, já que sua boca estava tampada por um dos cipós.
O lobo a cheirou, soltou um som estranho como se indicasse que não sabia o que era aquela coisa feita de folhas e cipós. Quando Lupus pensou em se soltar, foi abocanhada por Fenrir e carregada, sua mestra Aura saberia o que era aquilo.
Lupusregina tentou escapar, mas cada vez que tentava romper os frágeis cipós, o lobo apertava mais a mandíbula, ela não poderia se soltar sem ferir o animal de estimação de Aura.
— 'Eu falhei! EU FALHEI AINZ-SAMA! Me perdoe Ainz-Sama!' - gemeu uma resignada empregada.
Após algumas horas, Fenrir chegou ao coração da Grande Floresta de Tob. Aura investigava o enorme lago sob ordens de seu mestre, então estranhou a chegada de seu lobo que ela havia enviado para auxiliar Lupusregina se preciso.
— Aqui garoto, o que você tá fazendo? Você tinha uma missão!
O lobo abaixou as orelhas com a reprimenda e então soltou sua carga.
— O que é isso? Lupus!?
Lupusregina começou a se soltar, uma cena cômica dela tentando arrancar os cipós que insistiam em se segurar em seu cabelo.
— Lupus, o que houve?
— Olá Aura-Sama, eu... eu ... EU FALHEI COM AINZ-SAMA!!! BUAAAAAHH!!!
— Calma, calma, me explique tudo que aconteceu.
A empregada então contou todos os acontecimentos enquanto Aura tentava fazer uma cara séria.
- ...então foi assim que acabei aqui.
- Que bom então que o Fenrir te achou Lupus, bom trabalho garoto.
O Lobo gigante abanou freneticamente a cauda.
— Por que? Ele me arrastou por metade da floresta, fui atingida por cada galho no caminho.
— Por isso mesmo, acho que você foi amaldiçoada Lupus, podia ter sido bem pior.
— Como? Sou uma Clériga, posso saber quando alguém está amaldiçoado e eu não ESTOU - esbravejou Lupusregina batendo com o punho na árvore, o que resultou na queda de várias frutas podres sobre sua cabeça.
— Ok, estou amaldiçoada.
Aura tentava conter o riso, quase sem sucesso, ele não vinha da ironia de ver a sádica recebendo seu próprio remédio, Aura não era esse tipo de pessoa, mas da simples cena de comédia pastelão que presenciara.
— Não ria por favor - disse Lupusregina caindo de joelhos derrotada - não gosto que riam de mim.
— Mas você faz a mesma coisa com todo mundo, vive pregando peças nas pessoas.
— MAS EU FUI FEITA ASSIM! - gritou de forma chorosa - eu fui feita assim! Sniff!
Aura se aproximou e colocou a mão sobre sua cabeça, Lupusregina é uma lobisomem e nesta noite de lua Nova estava na fase mais baixa de seu instinto animal, ainda assim a elfa tentou consolá-la da única maneira que conhecia, dando tapinhas na cabeça caída da empregada.
— Tudo bem, já passou, vamos te limpar e você vai estar pronta de novo, ninguém está bravo. Você pode lançar Purificar para quebrar maldições, não é?
— Sniff... Sim, mas não sei qual é a maldição, eu posso começar com Purificação Menor e ir subindo até a mais forte caso não funcione ou posso usar Purificação Divina de começo, mas nos dois casos vou ficar com pouca mana no final.
— Acho que você deve usar o mais forte, vamos poupar tempo.
— Ok - disse a empregada fungando o nariz - e se não funcionar?
— Eu te levo para Ainz-Sama e ele irá te curar.
— Ele vai ficar bravo comigo por ter falhado.
— Imagina, Ainz-Sama sabe que você se esforçou ao máximo, ele vai entender - consolou a pequena elfa.
— Tudo bem - Lupusregina se levantou então - PURIFICAÇÃO DIVINA!
Um pilar de luz surgiu sobre a empregada a envolvendo e tão rápido quanto surgiu, desapareceu.
— Como você se sente?
— A mesma coisa, antes não sentia nada de diferente também.
- Certo, entãão, aqui! Pegue! - falou Aura jogando uma manga na direção de Lupusregina que a agarrou explodindo em sua mão, mas não fazendo mais do que isso.
— Acho que funcionou! - disse a elfa de forma alegre.
— Não, não completamente, eu seria capaz de pegá-la no ar sem esse estrago, acho que precisaria lançar de novo o feitiço, mas não tenho mana por enquanto.
— Bem, para mim está bom o suficiente pra gente correr.
— Correr para onde?
— Ora, atrás desse viajante! Fenrir é mais rápido junto comigo e eu posso rastreá-lo muito mais fácil. Vem, monta aqui, não queremos que você se machuque enquanto não estiver 100%.
A alegria parecia ter voltado ao rosto da empregada e juntas seguiram em uma corrida vertiginosa pela floresta.
Levou metade do tempo para voltar até a falsa Nazarick e Aura quase que imediatamente achou o rastro do Viajante. Seguindo a nova direção, chegaram ao final da floresta quando amanhecia.
Havia uma estrada, nela, marcas de carroças nas duas direções e além, uma grande pradaria.
— 'Ainz-Sama, Lupusregina reportando' - disse a empregada depois de queimar um novo pergaminho enquanto cruzava os dedos.
— 'Prossiga Lupusregina, fiquei preocupado quando perdemos contato, o que houve?'
— 'Como o senhor suspeitava, era uma armadilha e acabei amaldiçoada, perdi o rastro na floresta, Lady Aura me encontrou e seguimos os sinais até a borda, posso seguir em uma direção e Lady Aura na outra.'
— 'Não é necessário, voltem para casa, quero seu relatório junto com os dos outros que já estão chegando. Não se preocupem com esse Viajante, sei exatamente para onde ele está indo.'
Chapter 43: A Tumba
Summary:
Ainz obtém o relatório final das buscas e faz suas próprias descobertas.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo de minha fanfic Aquele que Voltou.
Estamos entrando na reta final da minha história, chegou o momento de começar as explicações e revelações , algumas provavelmente já foram descobertas, mas ainda espero surpreender vocês. 😁
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 37: A Tumba
Chapter Text
A grande Tumba de Nazarick estava em alerta. Após os últimos eventos, Ainz decidiu convocar novamente todos os guardiões para receber o relatório final de Sebas e das Plêiades.
— Todos os Guardiões de Andares, Sebas Tian e as Plêiades se apresentando, Ainz-Sama - anunciou Albedo enquanto se mantinha em um joelho, como todos os outros.
— Levantem-se meus servos, peço desculpas por reuni-los mais uma vez em tão pouco tempo.
— Por favor Ainz-Sama, vivemos para servir a sua vontade! - afirmou Demiurge de forma eufórica.
— Acredito nisso Demiurge, por isso confio na habilidade de você, Albedo e Ator de Pandora, para analisar as informações que recebemos e assim confirmar minhas suspeitas. Já que os outros não estão a par de tudo que já foi reportado, gostaria de um resumo de cada uma das Plêiades e de Sebas para que todos fiquem inteirados - 'E para que eu mesmo possa entender um pouco de todos aqueles relatórios...', adicionou Ainz mentalmente.
— Assim, peço que todos prestem atenção! Solution Epsilon, pode começar seu relatório.
Solution se adiantou e começou a narrar suas descobertas, a troca de nome, por onde o viajante passou até seu encontro com a semi-elfa nos esgotos, todos pareceram indignados de que a Godkin foi deixada viva após atacar um membro de Nazarick.
— Muito bem Solution, você fez o que foi necessário e teve um desempenho notável. Sobre o seu pedido mencionado antes, trataremos ele em particular. Sebas Tian, apesar de já ter adiantado parte de seu relatório, gostaria que o fizesse novamente para todos agora.
Sebas contou como foram os dias no Reino Dracônico, o novo nome do Viajante e sobre a moeda, como ele foi guiado até o bordel... - 'Esse parece ser um tema recorrente com Sebas, ele sempre acaba em um bordel! Será que ele trouxe mais pessoas resgatadas?' - ...e como ele salvou várias crianças enviadas agora ao orfanato - 'Pronto, ele trouxe' - então contou que precisou derrubar um aventureiro Adamantite e como a Rainha Draudillon parecia interessada nele.
Nesta parte, Tuare pareceu ficar incomodada, como se esperasse que seu senhor dissesse algo, mas Ainz não sabia o que ela pensava, então ignorou.
— 'Derrubou uma rede de pedofilia e a Rainha quer casar com Sebas? Quem poderia imaginar!?' - Muito bem observado Sebas, você notou que o Viajante parece deixar rastros caso fosse seguido, seguiremos sua recomendação e enviaremos uma força de auxílio ao Reino Dracônico. Cocytus! As forças dos homens-lagartos estão prontas?
— Sim. Meu. Senhor.
— Ótimo, assim que terminarmos enviarei você com o exército Homem-Lagarto para o Reino Dracônico, quando vocês partirem em direção às linhas inimigas receberão reforços mortos-vivos, assim somente os homens-bestas ficarão aterrorizados.
— Agora, Entoma prossiga com o seu relatório.
A jovem empregada começou contando como foram seus dois meses em Arwintar, suas aventuras e sobre o seu livro. O que mais surpreendeu a todos foi o namoro com o vampiro, Shalltear ficou interessada e suas irmãs até mesmo perderam a compostura ao escutarem sua história, o entusiasmo delas estava no máximo, até que Yuri Alfa precisou repreendê-las.
Ainz tentou fingir ignorância e pretendia não contar sobre o seu encontro com o senhor Barintacha no dia anterior, mas futuramente precisaria voltar a falar com ele sobre aquela pena.
— CZ2128 Delta, como foram os dias no Reino Nobre?
— Bem Ainz-Sama, cheguei às 1800 horas do dia... - CZ então fez um relatório bastante completo no estilo militar, destacando os pontos essenciais.
— Então, em uma única noite descobrimos um novo grupo de inimigos e frustramos sua tentativa pífia de colocar meu plano de dez mil anos em risco. Demiurge, busque informações sobre esse grupo, eles parecem ter mais recursos do que a Zuranon - ordenou Ainz.
— Como esperado de Ainz-Sama! Revirarei cada pedra até achá-los, meu senhor.
— Yuri Alfa, conte sobre ontem.
Yuri então começou seu relatório. Parecia mais que ela tinha tido um dia de folga do que seguido um suspeito, Solution ficou interessada no livro que ela adquiriu, já Narberal parecia constrangida com a história.
— Lupusregina, por favor nos fale sobre esta noite.
Lupus estava receosa de começar, ela viu Aura fazendo um joinha para incentivar, então começou seu relato, como seguiu o Viajante pela floresta, as estranhezas de sua pessoa e como ele a atingiu com alguma magia desconhecida, contou sobre suas desventuras até o retorno à Grande Tumba. Ela esperava receber a reprimenda de seu senhor por ter falhado.
— Bom trabalho, Lupusregina.
— O que?
— Você fez uma ótimo trabalho, nos deu uma análise mais próxima desse viajante, além de testar em primeira mão o uso de suas magias. Ainda é algo desconhecido, mas sabemos que ele pode afetar alguém com seu nível, além de aprendermos como desfazer um de seus feitiços. Estou orgulhoso de você.
Lupusregina se controlou, mas estava eufórica por dentro. E todos pareciam querer cumprimentá-la.
— Agora, gostaria que vocês me dessem sua análise juntando todas estas informações.
Era óbvio que esta parte cabia aos três mais inteligentes de Nazarick, a maior parte do relatório estava fora da área de entendimento de Shalltear, não havia informações marciais para Cocytus ter alguma opinião, nada demonstrava ser da área de atuação de Aura ou Mare, e a perspectiva de Sebas sobre o possível caráter do viajante seria mera especulação.
Albedo, Demiurge e Ator de Pandora apenas se olharam e começaram a narrar o que eles haviam descoberto, um interrompendo e complementando o outro em um sincronismo que beirava a um balé de palavras. E então terminaram.
— Fufufufu! Muito bem, como esperado de meus Guardiões, de todos vocês, muito foi descoberto e sua análise bate com o que eu já tinha em mente.
— Obrigado por nos elogiar Ainz-sama, mas a dúvida sobre ele ser ou não um descendente de um jogador persiste - apontou Demiurge.
— Eu já sei com o que estamos lidando, parece que a maior dica passou despercebida por todos.
Isso provocou um efeito imediato fazendo com que todos se prostassem em submissão e admitissem sua ignorância.
— NÓS LAMENTAMOS, AINZ-SAMA!
— 'Aff! Não era isso que eu queria!' - Levantem-se todos, estão desculpados, eu mesmo só percebi depois de algum tempo, mas preciso da ajuda de alguém para confirmar - Ainz levou dois dedos a cabeça.
Em menos de um minuto, alguém bate à porta do Salão do Trono. Uma empregada abre e anuncia.
— O chefe da Grande Biblioteca de Ashurbanipal, Titus Annaeus Secundus está aqui para vê-lo, Ainz-Sama.
— Deixe o entrar Cixous, eu o chamei.
Assim entrou gingando o bibliotecário até se prostar aos pés da escadaria que dava para o trono.
— Aqui estou como ordenado, Ainz-Sama.
— Obrigado Titus, preciso de seu conhecimento.
— Vivo para servi-lo, Ó Ser Supremo.
— Certo, você tem acesso a todo catálogo e informações da biblioteca?
— Sim Ainz-Sama, todas as informações armazenadas pelos seres Supremos na Grande Biblioteca estão disponíveis, menos as sessões pessoais dos Seres Supremos.
— Sessões pessoais, você diz as áreas restritas?
— Sim Ainz-Sama, algumas delas só podem ser acessadas com autorização prévia de seus criadores, como a de Lorde Peroroncino que deixou liberada para todos.
— 'Ah Peroroncino, você só deve ter deixado pornografia lá...' - pensou Ainz de forma humorada lembrando de seu amigo, então veio o desespero - 'SÓDEVETERPORNOGRAFIALÁ!!!"
Ainz olha para Shalltear, ela sorri para ele, ele olha para Albedo que serra as sobrancelhas, Albedo olha para Shalltear que pisca para ela, Albedo levanta as sobrancelhas e olha para Ainz que olha para ela e então para Shalltear que balança a cabeça afirmativamente, então Ainz deixa o queixo cair. - 'Eu tenho que fechar aquela sessão antes que mais alguém vá lá!' - seu supressor brilha.
— Ahamm, certo, voltando ao assunto, Titus, se eu der uma lista, você seria capaz de acessar os arquivos e fazer as buscas e correlações?
— Sim, Ainz-Sama.
— Certo, busque Lovecraft, TW, Sam Jorge, Takuya Yamashiro, Connor, Ichabod Crane, John Talbot e Telcontar.
— Por favor aguarde alguns momentos, Ainz-Sama.
Uma tela surgiu em frente ao rosto de Titus e uma séria de listas começaram a se formar.
— Ainz-Sama, desculpe nossa ignorância, mas os nomes... são todos falsos, além de serem estrangeiros, não parecem importantes - Demiurge pontuou.
— Nomes são sempre importantes, Demiurge. Alguns deles me pareceram familiares, mas o mais importante era com quem eles estavam ligados.
— Pronto Ainz-Sama, toda a biblioteca foi checada.
— Ótimo, então vamos ao primeiro, Lovecraft.
— Há varias citações de nomes e personagens com o nome Lovecraft, o principal seria o de um criador de criaturas e Deuses, os chamados Deuses Antigos, seu nome é H.P. Lovecraft.
— Eu me lembro desse, ele era famoso mesmo em minha época.
— Ele. É. Um. Criador. De. Deuses?
— Não Cocytus, Lovecraft já havia morrido há muito tempo, mas seu legado ficou, um desses deuses é Shub-Niggurath, aquelas cabrinhas que invoquei em Katze.
Todos pareciam prender a respiração, as criaturas invocadas por seu mestre eram criações de um Ser Antigo e desconhecido.
— Além disso, ele criou outras criaturas, como os Shoggoths, eles são como slimes de carne.
Imediatamente todos olharam para Solution, a criatura que ela personificou tinha exatamente essa descrição.
— O próximo, Titus.
— Sim Ainz-Sama, o nome TW é genérico demais, além de significar torre em um código antigo, nada mais é relevante, já o nome Sam Jorge remete diretamente a um santo da antiguidade.
— Novamente um ser divino - falou Demiurge.
— Não apenas isso, pelo que percebi, Ainz-sama procura certas correlações, Sam Jorge foi famoso por lutar contra um Dragão.
Os olhares foram agora para Sebas. Não podia ser coincidência.
— Fufufufu! Parece que todos já perceberam, nosso "viajante" estava usando nomes que remetem a seus perseguidores.
— Continue Titus, não precisa fazer mais pausas.
— Como ordena Ó Ser Supremo. Takuya Yamashiro, nome próprio genérico, mas as especificações de correlação remetem a identidade de um aventureiro com habilidades de aranha e que possuia um golen gigante. O nome Connor, da mesma forma, deve se referir a John Connor, herói mitológico que lutou contra uma revolução das máquinas.
Apenas o "Wuah!' de CZ foi ouvido.
— Ichabod Crane, humano que teve uma luta contra alguém chamado "O Cavaleiro sem Cabeça", acredito se tratar de um Dulahan, senhora Yuri. Já John Talbot enfrentou e se tornou um Lobisomem - As duas Plêiades se entreolharam.
— Ele sabia que iríamos procurá-lo e sabia exatamente quem iria, como ele poderia saber disso, Mein Vater?
— Somente se ele pudesse ver o futuro, Pandora.
Todos pareciam desconcertados, como enfrentar alguém que vê o futuro?
— M-Mas Telcontar, q-quem é Telcontar, senhor Titus? - Mare questionou.
— Ah jovem Lorde Mare, Telcontar parece estar ligado a um personagem épico com vários nomes, como Passo Largo, Elessar ou Aragorn, mas acho que a outra relação é o fato de ele ter uma missão, uma busca.
— O q-que ele busca?
— Sua casa - Ainz disse de forma sombria - ele busca sua casa.
Chapter 44: Alerta Máximo
Summary:
O Viajante chega a Nazarick, quem é ele? Porque ele está aqui? O que Ainz fará?
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da reta final da minha Fanfic: Aquele que Voltou
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 38: Alerta Máximo
Chapter Text
Albedo estava furiosa - 'Sua casa!' - pensava - 'Quem é ele? Não pode ser um dos 42 Seres Supremos, nenhum era humano, um antigo deus menor? Os registros dizem que a Grande Tumba foi conquistada pelos nove primeiros, será que era alguém que morou aqui antes?' - ela foi retirada de seus pensamentos pelo som de alarme.
— 'Mensagem a todos os Guardiões, Mensagem a todos os Guardiões, intruso localizado se aproximando da Grande Tumba de Nazarick.'
— Ele está aqui. Shalltear, assuma seu posto, não ataque sem provocação. Todos os guardiões, se equipem com seus melhores itens, toda a Tumba está em alerta máximo - Ordenou Ainz de forma rápida e firme.
Shalltear se lançou pela porta direto para o Teleporte. No meio do caminho sua armadura já estava completa.
— 'Aureole!'
— 'Sim!'
Shalltear surgiu no meio do piso antes da saída e voou até a porta, onde podia ver ao longe. Além do limiar da Tumba, havia uma figura se aproximando.
— Como ele passou pela vigilância?
— Não sabemos Lady Shalltear, os Hanzos e Demônios das Sombras estão patrulhando de forma contínua, ele só foi notado a alguns milhares de metros - esclareceu uma das noivas vampiras de prontidão.
Ele caminhava em direção à Tumba, não parecia ter pressa, a demora afetava Shalltear, seu mestre não ordenou atacar, apenas montar guarda. Era angustiante.
O Humano parou bem no portal da Grande Tumba, parecia examinar as pilastras e então levou a mão sobre os olhos como se quisesse ver ao longe. Shalltear era bem visível neste momento parada na escadaria que dava acesso à tumba subterrânea, então o humano pareceu falar.
— Hmmm, eu não escuto nada. Foi lançado Silêncio na área... seria prudente para evitar invocações de magia?
— Não milady, não fomos instruídas para antecipar tal coisa.
— Certo, mas não escutamos o que ele diz, f-FALE MAIS ALTO!
Novamente o humano pareceu gritar algo, mas nada era ouvido.
— Alguém escutou alguma coisa?
— Não, minha senhora, talvez ele esteja muito longe?
— Bobagem, posso escutar um alfinete cair em uma almofada a centenas de metros, o que... ele está acenando?!
Shalltear estava extremamente irritada, ela não podia mandar as Noivas Vampiras, era sua função guardar e receber quem chegava à tumba durante o alerta e ela não se rebaixaria indo até o Viajante. Após ponderar, ela diz.
— Venha, até, aqui. - falou por entre os dentes - O-O que ele está fazendo?
— Está correndo Milady, lentamente... muito lentamente - respondeu a noiva vampira ao ver o trotinho desengonçado com passos curtos que o humano fazia.
O Viajante demorou, mas chegou até a base da escadaria.
— Olá Senhoritas, uma boa tarde a todas, será que poderiam me dizer se esta é a Grande Tumba de Nazarick?
— A educação prioriza a dizer quem é você.
— Erro meu, me desculpe, meu nome é Hellsing...
— MENTIROSO! SEI QUE ESTE NÃO É SEU NOME! - gritou a vampira já sem paciência.
— Me desculpe senhorita, mas eu não minto, juro por "Santa".
— Pode jurar por qualquer deus que conheça, eu te chamo de mentiroso, você ousa profanar o nome da Grande Tumba de Nazarick com a boca cheia de mentiras, você ousa macular este solo sagrada COM SUA PRESENÇA MENTIROSA!?
— Bem, na verdade, você me convidou para entrar.
Shalltear então percebeu a armadilha tola ao qual foi induzida a cair, como vampira ela deveria saber que não se deve convidar certas pessoas a entrarem em sua morada.
Isso foi demais para ela - "não ataque sem provocação"- era lógico que ela tinha sido provocada, se lançando sem aviso sobre o Viajante, com sua transformação quase total, unhas como navalhas, boca aberta com presas enormes, mas ainda mantendo parte de sua aparência de Lolita Gótica.
— Pare Shalltear!
A vampira parou ao comando de seu mestre a meros centímetros do rosto do intruso.
— Retorne à sua posição - Disse o Ser Supremo ladeado pelos guardiões e as Plêiades, as maiores forças de Nazarick.
— Bem, parece que finalmente nos encontramos, a hora das dissimulações acabou, então eu farei as cortesias. Eu sou Ainz Ooal Gown, senhor da Grande Tumba de Nazarick, ao que devemos esta visita?
— É uma honra conhece-lo Lorde Ainz Ooal Gown, eu sou um contador de histórias e possuo muitos nomes, mas podem me chamar de TW, busco refúgio na grande Tumba de Nazarick.
— Refúgio você diz, mas o que seria capaz de exigir nossa proteção e o que oferece em troca?
— O mundo, para mim o mundo é uma ameaça e o que ofereço é tudo, minha amizade e total submissão.
— Você oferece NADA, SUA VIDA NÃO VALE NADA! - Esbravejou Albedo que usava sua armadura completa e apontava seu bardiche em direção a TW.
— Minha vida não vale nada, mas o conhecimento que possuo pode ser útil ao seu senhor, me permita entregar tudo que sei e após isso, se julgarem minha inutilidade, podem dar fim a minha pessoa.
— Eu irei julgar sua importância - Disse o Ser Supremo.
— Se não for abusar de sua hospitalidade, será que poderíamos fazer isso lanchando?
Todos os presentes imediatamente emitiram suas intenções assassinas, uma aura capaz de esmagar o mais forte dos guerreiros humanos, mas que aparentemente não surtia efeito sobre TW.
— Por favor parem, sinto sua intenção, mas sou imune a este tipos de ataques.
— Muita ousadia sua, nos entregar uma de suas capacidades que já havíamos percebido - nesse instante, todos de forma constrangida pararam de emitir a aura assassina.
— Me desculpe, quis apenas dar algo em troca pelo meu simples pedido, então novamente darei algo. Antes eu disse que não minto, isso é a mais pura verdade, sou fisicamente incapaz de mentir, juro por "Santa".
— Isso nós veremos, me acompanhe - disse Ainz para a surpresa de todos.
O Senhor da tumba se dirigiu para dentro seguido por TW que estava completamente cercado pelos protetores, mal podendo se mexer nos corredores.
Após o teleporte, seguiram por um longo caminho, não estavam indo ao salão do trono, nem ao escritório de Ainz, este era o caminho que levava ao... refeitório.
— Acredito que seja mais do que o suficiente para o senhor, não?
— Mais do que o suficiente meu senhor - disse TW se dirigindo até uma das mesas enquanto as empregadas homúnculo de folga esvaziavam o local ao ver seu senhor, os Guardiões e as Plêiades armados para o combate.
— O senhor me acompanha?
— Sim, por favor - Ainz gesticulou que ele sentasse, se dirigindo para o lugar oposto da mesa logo em seguida.
— Meu Senhor, deixe que tragam uma cadeira digna de sua pessoa! - Albedo interviu.
— Trarei Um Trono - falou Demiurge
— Eu serei sua cadeira - disse Shalltear.
— Por favor, esta simples cadeira será o suficiente - assim todos os guardiões se lançaram em puxá-la para seu mestre, mas o jovem elfo foi mais rápido e teve tal honra.
— Obrigado, Mare.
— A-Ao seu dispor, Ainz-Sama.
— Bem, senhor TW, o que o senhor gostaria de comer?
— Um hamburguer, fritas, uma porção de bacon e um refrigerante.
— EU PEGO! - Lupusregina exclamou se lançando para a cozinha.
Agora era óbvio que ele é um jogador, somente um conheceria tais palavras.
O clima era tão tenso que qualquer outra pessoa teria desmaiado, mas o convidado apenas tamborilava os dedos na mesa em uma melodia.
— Espero que aprecie o lanche, esta pode ser sua última refeição - Ainz avisou despreocupadamente.
— Ah! Acredito que será uma refeição digna do mestre desta guilda.
Neste exato momento, Lupusregina que saía da cozinha trazendo a comida deu meia volta ao ouvir tais palavras, retornando com um hamburguer levemente diferente, provavelmente sem o "molho especial" que havia colocado antes.
— Ah! Obrigado senhorita Lupusregina, gostaria de nos acompanhar? Por favor, sirva-se.
— COMO OUSA! EU SOU LUPUSREGINA BETA, SOMENTE MEU SENHOR PODE ME ORDENAR NESTA CASA.
— Não foi uma ordem, foi um convite, por favor sente-se e coma algo, se quiser.
— Eu nunca me desonraria dessa forma, me sentando na presença de meu mestre - nhon, nhon, nhon - isso seria um absur-... O QUE?! - A empregada percebeu que, por algum motivo, estava sentada comendo uma bocada de bacon. Todos estavam atônitos com o que aconteceu, a empregada, por mais abusada que fosse, nunca faria tal coisa por vontade própria.
— O que você fez comigo?!
— Eu usei minha influencia, posso induzir as pessoas a fazerem certas coisas de forma natural
— Controle mental? - Ainz indagou.
— Não, nem hipnose, seria mais como seu tivesse dado um argumento muito convincente. Eu nunca conseguiria entrar aqui apenas pedindo passagem, seria morto imediatamente.
— Você possui poderes estranhos, não é mesmo?
— O que você fez comigo...? - murmurou Lupusregina.
— Sim, isso porque sou um humano abençoado.
— Todos os humanos se acham dignos da atenção de seus deuses - cuspiu Albedo.
— Não não, eu quis dizer literalmente que sou abençoado, é como uma maldição, eu não posso mentir, sou resistente a certas coisas e tenho essa... influencia.
— O QUE VOCÊ FEZ COMIGO?! - gritou, por fim, a empregada, batendo com as mãos na mesa e se levantando.
— Me desculpe, foi falta de educação da minha parte, por favor sente-se, vou explicar. Me diga, o que você sabe de magia? O que é magia?
Lupusregina ficou constrangida pela sua explosão, olhou em volta até chegar a seu mestre que apenas gesticulou que continuasse.
— Magia é quando usamos mana para fazer mágica.
— Certo, mas incompleto. Magia é a capacidade de manipular a realidade usando mana, quando você cria "Bola de Fogo", de onde ela vem?
— Do nada - respondeu a empregada fazendo surgir uma bola de fogo em sua mão - simplesmente puff, ela surge.
— Não, ela vem de algum lugar, a mana está apenas juntando os elementos necessários para o fogo. Se você invocar "Napalm", o fogo terá mais elementos, da mesma maneira que "A Queda do Céu" irá trazer um rocha gigante de algum lugar, provavelmente do espaço. Já reparou que os círculos de invocação são parecidos com os de teleporte?
— Então uma criatura invocada vem de algum lugar?
— Isso, de algum plano de existência diferente e chega aqui atrelado pela magia.
— Mas Ainz-Sama invoca mortos-vivos continuamente.
— Neste caso, Lupusregina, seu mestre usa corpos, alterando sua forma e natureza, manipulando a própria matéria.
— Mas sua explicação também está incompleta - disse Ainz - magia também é a capacidade de alterar a realidade.
— Sim, como esperado do senhor da Grande Tumba - todos os guardiões ficaram enojados com a tentativa de bajular seu mestre - Existem magias que transformam as coisas, como o Anel de Desejos e a magia que mudou os oceanos, acho que alguém no passado desejou que toda a água deste mundo se tornasse potável.
— Qual a diferença então? Seria só retirar o sal da água dos oceanos - falou Lupusregina entre uma nova bocada de bacon.
— Sim, mas isso mataria todos os seres marinhos, não é o que aconteceu, eles foram mudados também, se tornando capazes de viver em água doce, por isso há tubarões nos rios.
— Minha magia vem desse tipo de magia, mas é uma classe à parte, eu sou capaz de manipular a sorte.
— Sorte é apenas um conceito abstrato - Argumentou Demiurge.
— Não, não é, sorte é a alteração das probabilidades de algo acontecer. O efeito sorte pode ser irrisório, em Yggdrasil um aumento de sorte em 100% apenas mudaria a chance de conseguir algo de 0,1 para 0,2%, mas nos níveis mais altos é tangível neste mundo, por isso as coisas acontecem a minha volta me beneficiando, não posso desligar isso, mas posso influir sorte nos outros em um certo nível.
— Em contrapartida você também precisa influir azar, não é mesmo? Equilíbrio kármico, Yin-Yang... - Todos se orgulharam da sagacidade de seu mestre ao mostrar o profundo conhecimento em uma área obscura e desconhecida para eles.
— Sim, para não prejudicar aqueles a minha volta eu impregno o azar em amuletos que posso usar.
— Os incidentes no Reino Dracônico... - murmurou Sebas que até o momento se manteve impassível.
— Alguns lugares merecem queimar - TW falou sombriamente lembrando fo bordel.
— Mas, tudo isso não explica como você sabe o meu nome! - Lupusregina apontou, até agora apenas o nome de Shalltear havia sido mencionado.
— Ora. He! Você me pegou... isso é por que seu pai me disse seu nome antes de você nascer - TW falou de forma sorridente, mas com um olhar soturno.
— Quem é você? - Lupusregina estava assustada pela primeira vez.
— Eu, quem sou eu? - as luzes do refeitório começaram a tremeluzir e falhar, algo que deveria ser impossível, todos levantaram suas armas - eu sou o perigo eminente, sou aquele que espreita nas sombras, SOU O MEDO QUE HABITA O CORAÇÃO DOS HOMENS, A FERA NA FLORESTA, EU SOU...
— Totally Wild, conhecido como a Besta, vigésimo sétimo Ser Supremo - disse Ainz de forma despreocupada enquanto olhava para sua mão e admirava suas unhas imaginárias.
— MOMONGA!! Você cortou minha onda!
— Você sempre foi muito teatral Wild, toda essa verborragia me cansa.
Os Guardiões não podiam acreditar, um Ser Supremo retornou, humano, mas quem era Totally Wild?
— Por que tudo isso Wild? Por que não veio antes? Por que você é humano agora? - perguntou Ainz.
— Bem, Momo... digo Lorde Ainz, como eu disse antes, me amaldiçoaram, perdi minha gloriosa forma de Wendigo e fui reduzido a isso, cheguei neste mundo faz uns cem anos, mas só fiquei sabendo de um magic caster morto-vivo lançando magias de último nível há pouco tempo, aqui não tem noticiários sabia? Além disso, fiquei com medo, podia ser qualquer um, eu não sabia muito o que mudou na guilda desde que fui expulso.
— Expulso! - todos se admiraram.
— Um traidor! Devemos matá-lo AGORA! - Gritou Albedo vendo a oportunidade.
— PAREM! Ninguém atacará sem a minha ordem, SEM CONTESTAÇÃO, Totally Wild está sobre minha proteção até que eu volte atrás, ainda há muito que eu quero saber. Acho que agora seria uma boa hora de irmos para o meu escritório ter uma conversa.
— Como desejar Santa... - então se levantaram e se dirigiram à saída.
— Você! - disse Albedo com desgosto - Você mencionou "Santa" várias vezes, jurou por esse nome, agora chama nosso mestre assim, o que significa?
— Ah! Esqueci que a magia de tradução que permeia este mundo não traduz nomes estrangeiros. Era assim que eu chamava seu mestre antes, "Santa Muerte", significa Santa Morte.
Os guardiões a contragosto admitiram que esse era um título ideal a seu Mestre.
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Nota Do Autor
Olá, finalmente trouxe a identidade do Viajante ou TW como chamarei daqui em diante, nos proximos capítulos virão as explicações, espero que elas pareçam coerentes para vocês.
Sobre como ele chama Ainz, Santa Muerte, é muito parecido com o português, mas lembrem, os NPCs são japoneses, então toda vez que ele diz "Santa", com aspas ele está falando em espanhol e eles não compreendem, hahahaha! faz sentido? Acho que só deixei mais confuso 😆
Sobre a aparência de TW, eu quero que ele seja um Wendigo xamã, do tipo corpo grande e de cabeça de crânio de cervo, uma aparência classica, espero que achem ele legal ☺
Chapter 45: A Arma Que Mata Deuses
Summary:
Wild conta sua história eos Guardiões temem por seu mestre.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com outro capítulo da reta final da minha fanfic Aquele que Voltou.
Obrigado por lerem até aqui, comentem e compartilhem.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 39: A Arma Que Mata Deuses
Chapter Text
Ainz e TW seguiram pelo corredor em silêncio, atrás deles iam a Supervisora, os Guardiões de andares, Sebas e as Plêiades. Ninguém queria deixar seu mestre a sós com uma pessoa que alegava ser um Ser Supremo do qual eles não se lembravam, seu nome era conhecido por estar entre as bandeiras, foi mencionado em conversas presenciadas por eles, mas nunca o tinham visto ou interagido com ele.
A Tumba era tão grande que realmente poderiam nunca ter visto um Ser Supremo específico, mas tidos eles? até mesmo Albedo que sempre esteve nas reuniões e na sala do trono, não se lembrava dele? Impossível, eles se lembravam até mesmo de Bellriver, que havia sumido anos antes de Touch Me abandonar a Tumba e desencadear a partida dos demais.
A cada passo dado por Ainz os supressores de emoção precisavam agir para conter seu entusiasmo, sua animação, sua genuína... felicidade. Depois de tanto tempo, tanto tempo, um de seus antigos companheiros finalmente retornou. Uma pequena parte de sua mente lhe dizia que devia ser mais cauteloso nessa situação.
Chegando no escritório, Ainz olhou para trás, todos pareciam implorar para acompanhá-lo, mas esta conversa teria que ser em particular.
- Voltem para seus postos.
- Ainz-Sama, imploramos que pelo menos nos deixe guardar esta porta.
- Permitirei apenas que fiquem aqui fora se quiserem, mas só entrem se eu chamar.
Assim que as portas se fecharam, os três mais inteligentes começaram a discutir.
- Quem é ele?
- Não sei Fraulein, sua estátua está no corredor do tesouro, mas por algum motivo é como se eu nunca tivesse reparado nela, e eu as limpo diariamente.
- Humm parece algum tipo de perda de memória, manipulação mental talvez, se ao menos pudéssemos acessar informações restritas... - resmungou Demiurge.
- Eu posso - disse Shalltear e todos olharam para ela - Eu tenho acesso não apenas à biblioteca particular, mas aos arquivos restritos de Lorde Peroroncino.
- Como você tem esse acesso? - questionou Albedo em um tom azedo.
- Meu criador queria que eu pudesse aprender sobre o primeiro mundo.
- O Primeiro Mundo? A terra de onde vieram os Seres Supremos?! Por que não nos falou nada antes?
- Ninguém me perguntou.
Albedo parecia a ponto de estrangular a pequena vampira.
- Certo Shalltear, vamos para a Grande Biblioteca de Ashurbanipal - falou o Arquidemônio antes que uma briga começasse.
Dentro do escritório.
- Quero ficar sozinho, retirem-se - disse Ainz para ninguém, mas a porta se abriu e momentos depois se fechou - Acho que agora estamos a sós, todos os Assassinos dos Oito Gumes já saíram.
- Muita confiança sua ficar sozinho com alguém que pode não ser quem você imagina - falou TW às costas de Ainz.
- E quem você poderia ser?
- Eu posso ser um assassino fingindo ser seu amigo, vindo aqui para te matar.
- Você sabe coisas demais sobre TW.
- Eu posso ser um doppelganger.
- Você foi checado, você é humano.
- Eu posso ser seu amigo, mas um traidor.
- É possível, mas improvável...
- Posso estar sendo controlado mentalmente.
- Sim poderia, mas como poderia me matar e fugir?
- Seria uma missão suicida.
- E como pretende me matar?
- Posso usar um feitiço em um cristal selado.
- Levaria tempo para acioná-lo, e mesmo que usasse uma Ampulheta, eu poderia matá-lo apenas emitindo a minha aura.
- Posso ser mais forte que aparento.
- Não, não pode, eu já te avaliei.
- Hunff! Então eu posso usar esta arma que tirei de meu inventário.
Ainz se virou abruptamente.
- QUE ARMA É ESSA?!
- A Arma Capaz de Matar Deuses! - TW disse orgulhosamente segurando absolutamente nada em sua mão.
- E por que não posso vê-la?
- Ela é invisível.
- Hummmm! Ainda bem que eu tenho MEU CAMPO DE FORÇA CONTRA ARMAS INVISÍVEIS!
- E eu, eu... HÁ! Santa! Você sempre trapaceia.
- Não é trapaça se o adversário trapaceia antes, hehe! É bom te ver de novo, Wild.
- Também é muito bom te ver de novo, Senpai.
- Não me chame assim, fico constrangido, além do mais você nem é japonês.
- Há! você sabe que eu sempre gostei desses coisas, eu sempre fui um humm... como era que chamavam? Otaku, isso.
- Palavra antiga hein, ninguém usava mais ela na nossa época, mas você sempre gostou dessas coisas velhas.
- Clássicas! Filmes, séries, animes, musicas, palavras. Com as IAs saturando o mundo com mídia genérica, é lógico que eu ia gostar de algo feito do modo antigo, se não fosse a preferência do público, nem as vozes dos animes seriam feitas por dubladores. Você tem ideia da tortura que eu passei neste mundo? A coisa mais próxima de um mangá ou uma comic era os vitrais das igrejas.
- Por falar nisso, há quanto tempo você está aqui?
- Bem, a contagem de tempo é diferente neste mundo, mas parecida o suficiente para se orientar, então eu estou aqui há mais ou menos uns 102 anos.
- 102 anos, como você não morreu? O que aconteceu para você sumir? Simplesmente tudo sobre você desapareceu, como se a sua conta tivesse sido deletada.
- Bem, vou ter que voltar ao dia em que fomos emboscados, pelo que me lembro você estava off, então tinha eu, Luci*fer, Rei Fera, e Ulbert, Pero e Hero já tinham deslogado, a gente estava voltando de uma missão completamente zerados, Ulbert na época nem era o Desastre Mundial, então não tinha sobrado nenhuma poção de mana, quando chegamos ao portal que levaria a gente para Helheim é que deu merda:
"- A gente devia ter chamado os outros Ulbert.
- Nah, demos conta, você se preocupa muito, Luci.
- Não gosto de concordar com Luci*fer, mas quase não conseguimos, Touch Me estava disponível.
- Fera, você sabe que não suporto aquele cara, sempre querendo mandar em tudo, ele que vá fazer as missões dele com outros.
- Ele poderia ter dado mais apoio como Tank.
- Para que? Temos o novato aqui, além disso ele pode usar aqueles talismãs de cura sem custo da fabricação de poção, não é novato.
- Claro, mas até eles têm fim e dá um trabalhão fazê-los com antecedência.
- Não reclama, conseguimos o que queríamos, agora é só ir pra casa e...
- Ora, Ora, Ora! Se não são os infames Ainz Ooal Gown! - disse uma voz desconhecida.
Todos olharam ao redor e perceberam que logo atrás deles havia um grupo de seis jogadores.
- Uau! E vocês são os famosos quem mesmo?
- Somos aqueles que vão chutar a sua bunda peluda daqui até Helheim.
- Olha, se vocês vão fazer PK deveriam ter atacado de surpresa, essa é a pior armadilha que já vi - disse Ulbert blefando.
- E perder a chance de humilhar vocês? Acho que não, AGORA!
- Mas que merd... - Ulbert tentou falar antes de perceber que só estavam ganhando tempo para acionar magias de alto nível, nenhuma parecia ofensiva por isso não tinham se preocupado tanto, mas não esperavam por isso.
As magias usadas eram BUFFs Sagrados e Arcanos, e quando usados sobre jogadores de karma negativo, causavam tanto dano como ataques, com a vantagem de que a única maneira de os evitar seria estar preparado com antecedência, o que o grupo de Ulbert não estava.
Círculos mágicos se formaram e matariam todos de uma vez, eles perderiam vários níveis, mesmo que ninguém ainda soubesse onde ficava a Tumba, ainda assim deixariam ela enfraquecida, só tinham uma solução para isso.
Totally Wild usou sua habilidade o "Rugido da Fera" para atrair os ataques. Como TANK, ele poderia suportar por mais tempo dando chance para os outros escaparem, se armarem e voltarem para arrebentar com esses caras. Ele aguentou exatos três segundos e morreu."
- E foi assim que morri.
- Ok, essa parte eu já conhecia, Rei Fera e os outros me contaram, Ulbert ficou tão puto depois disso que começou a praticar para o torneio e ganhar o título de Desastre, mas quando eles voltaram atrás de você só encontraram suas coisas sendo saqueadas, eles eliminaram aqueles merdas, recolheram tudo e voltaram achando que você já teria dado RESPAWN na Guilda, mas você nunca apareceu. Na verdade, sumiu todo o registro sobre você, ficamos esperando contato que nunca veio, tentamos até os administradores, nunca tivemos respostas dos malditos.
- É, pode botar a culpa neles mesmo, você não tem ideia do que fizeram! Pra começar, eles criaram uma pegadinha com jogadores que eram vampiros, lobisomens ou como eu, um Wendigo. Tecnicamente somos seres amaldiçoados, então eles imaginaram que seria engraçado fazer com que, caso nosso Karma fosse neutralizado, a "maldição" seria quebrada e nós viraríamos um pequeno humano nível 1, correndo de cuecas antes de sermos mortos, ahá! Que engraçado SEUS DESENVOLVEDORES DE MERDA!!! - esbravejou TW gesticulando o punho para o nada.
- Mas ainda assim você voltaria para a Guilda - indagou Ainz.
- Isso se eles tivessem testado melhor esse trote, eles não sabiam que quando houvesse a mudança de raça eu deixaria de ser Totally Wild o Wendigo, e viraria Totally Wild o humano. Minha conta foi renomeada automaticamente, como humano eu não podia fazer parte da Ainz Ooal Gown, assim o sistema me expulsou e deletou tudo sobre mim. Eu virei aquele humanozinho, minhas coisas droparam porque eu não tinha nível para usá-las e morri por dano de terreno, acabei respawnando em Midgard como um NOOB.
- Mas você deveria voltar a forma anterior assim que respawnasse!
- Claro, mas tinha o problema dos DEBUFFs, vários deles eram contínuos, e quando jogados sobre um código de mudança de raça que não foi bem testado geraram um BUG de uso infinito, simplesmente eu não voltava para a forma de Wendigo porque os BUFFs não sumiam. Tentei contato, mandei mensagens, mas estava bloqueado pelo sistema, a Guilda não me reconhecia como membro, era como se eu nunca tivesse existido. Sabe, mandei até e-mail, aquela coisa que a gente usava apenas para logar quando comprava o jogo, é sério! Vocês deviam olhar a caixa de spam de vez em quando.
- E-mails já estavam ultrapassados há vários anos... sei que não é desculpa, mas nunca pensamos nisso...
- Eu sei, não culpo vocês, no final entrei em contato com os ADMs, eles agradeceram por apontar o BUG, e afirmaram que iam corrigir no próximo patch, mas quanto a mim não tinham o que fazer, haviam erros demais, então me deram uma compensação monetária pelo transtorno e ofereceram a opção de criar uma nova conta sem custo. Pedi que entrasse em contato com vocês e eles disseram que dariam um retorno, nunca mais me responderam.
- O que houve depois, Wild?
- Eu tentei subir de nível para poder ir até Helheim que exigia no mínimo nível 10, mas o meu novo personagem era apenas um modelo padrão, não era pra jogar, então ele não subia de nível. Fiquei tão desanimado que abandonei o jogo, só entrava raramente quando tinha saudades.
- E por que não abriu a nova conta? - Ainz questionou.
- Sei lá, não queria começar de novo, eu era nível 76, tanto tempo investido jogado fora... começar outra conta parecia errado. Eu logava de vez em quando e circulava por Midgard e os outros mundos que não me davam dano, vi a vitória de Touch Me por um telão, fiquei sabendo da invasão da Tumba, e como vocês acabaram com eles hehehe! Sabe, descobri que os DEBUFFS tinham deixado algumas coisas interessantes, tipo, eu era imune aos efeitos passivos como auras, e podia usar sorte uma vez ao dia com porcentagem gerada aleatoriamente. Uma vez deu sorte de 56% e eu corri para Helheim, cheguei a um pouco mais da metade do caminho no pântano antes de morrer.
- Lamento Wild, nunca deixamos de te procurar. Após o sumiço de Bellriver, a Guilda ficou abalada, então foi a vez de Touch Me ir embora, em seguida um a um abandonou o jogo. No final era apenas eu e Hero-Hero que veio visitar, então o jogo encerrou e acabamos aqui. Mas me diga... como você chegou até a Tumba? Você disse que não jogava mais!
- Eu não podia deixar de tentar pelo menos mais uma vez, principalmente no último dia, na última hora, joguei a sorte e tirei um 99%, essa era a última oportunidade, o jogo fecharia em minutos, usei o teleporte que me deixaria mais perto da Guilda, eu literalmente podia ver ela quando o jogo encerrou. Não fui rápido o bastante.
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Nota do autor
Um capítulo bastante expositivo não é?! Eu quis da uma história de fundo coerente o suficiente para que fosse aceitável como parte de Overlord, assim na minha versão Bellriver não foi o primeiro a sumir.
Quiz também colocar um pouco mais de humor para mostrar que Ainz ainda pode agir como humano e ter alegrias bobas sem ser bloqueado pelo inibidor de emoção.
Haverá ainda um pouco mais explicações no próximo capitulo, aguardem.
Chapter 46: Novo Mundo
Summary:
Saberemos agora um pouco mais de TW e como os guardiões irão reagir.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo... o último capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Espero que tenham gostado de acompanhar esta minha história deste mundo tão incrível que é Overlord.
Aproveitem
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 40: Novo Mundo
Chapter Text
Ambos estavam sentados no escritório e pareciam pensar no que aconteceu.
— Pelo jeito foi o mesmo que houve comigo no momento que o jogo encerrou... como você se sentiu? Eu fiquei perdido, mas por ter virado um morto-vivo parece que me acalmei bem rápido - Ainz recontou sua experiência do fatídico dia em que veio para esse mundo, um dia que ficava cada vez mais distante em sua memória.
— Haha, imagino! Bem, quando dei por mim eu estava ao lado de uma cidade, quase tive um ataque cardíaco, pensei que podia ser um DLC, mas notei que estava sem fôlego, eu estava respirando, então foi aí que eu percebi que tinha sido Isekaneado.
— Isekaineado?
— Eu inventei a palavra, fui mandado para outro mundo e sacaneado ao mesmo tempo! Continuando, tive que me adaptar, ainda bem que era uma região humana, eu não teria chance em uma luta, como humano nível 1 eu era bem fraco. Vendi amuletos básicos para sobreviver, então percebi que não podia mentir e que a minha sorte ainda funcionava em 99% todas vezes.
— Por que isso da mentira?
— Acho que foi a mudança de mundo, várias coisas como contadores de tempo e outros tipos de magia foram adaptados, por isso invocações duram até serem destruídas, mas ainda é preciso esperar um tempo para usar outras magias. O mesmo foi feito com as bençãos que me impregnavam, foram adaptadas para funcionarem neste mundo, isso me afetou dessa maneira me purificando, mesmo em nível 1 eu não me canso facilmente, nem preciso comer ou beber para me sustentar por meses. Quanto à minha sorte, esta se tornou constante, então usei ela o melhor que pude, percebi que gerava azar para os outros em contrapartida, então criei o método para armazená-lo, só levei dez anos para isso.
— Dez anos! Você deve ter sido um vizinho terrível.
— Por isso me mudava constantemente, assim não estragava a vida das pessoas e podia procurar sinais de outros jogadores.
Isso chamou a atenção de Ainz.
— E você encontrou algo?
— Claro, estavam em todos os lugares, as estátuas dos Seis Deuses que chegaram há 600 anos, pinturas dos Oito Reis da Ganância de 500 anos, O Sábio Minotauro que veio há 400 anos e as Divindades do Mal que assolaram este continente há 300 anos, até entre os Treze Heróis que lutaram há 200 anos havia jogadores.
— Todos eles?
— E ainda mais, nas minhas buscas descobri que sociedades inteiras sumiram e emergiram com o passar dos séculos, e sempre havia a influência dos jogadores. Você sabe há quanto tempo existe este mundo?
— Não faço ideia Wild, não é como se eu pudesse fazer a datação de carbono das pedras com magia.
— Tenho certeza que se você pedisse, os Guardiões poderiam inventar algo, pelo que me lembro Demiurge deveria ter inteligência de gênio.
— Sim, ele tem. Mas os guardiões são muito ingênuos sabe, não têm experiência real de combate. Fora a grande invasão, quase não tiveram ação, mas acho que a mudança de mundos deixou eles realmente inteligentíssimos e incrivelmente habilidosos como estava na descrição de cada um deles.
— Isso é meio que um problema, não é?! A magia adaptou suas programações ao pé da letra e eles levam também tudo ao pé da letra, percebi com a Shalltear, se você diz "fique", ela fica, para todo o sempre se for preciso, sem questionar.
— Estou trabalhando nisso, quero que eles aprendam a tomar decisões melhores, mas é difícil quando eles imaginam que você é um ser perfeito. Agora voltando à questão da idade...?
— Certo, eu meio que vasculhei muitas ruínas, este mundo deve ter centenas de milhões de anos, acho que pode ser até mais velho do que o nosso mundo original, e o que quer que tenha nos trazido aqui, tem despejado jogadores há pelo menos quase tanto tempo suponho, chegando a cada 100 anos, às vezes sozinhos ou com as guildas, mas sempre acima do nível 50, sempre acabando como uma força positiva ou negativa, criando, destruindo ou reconstruindo, então a gente tem pelo menos mais 98 anos para nos prepararmos antes da próxima leva chegar.
— Nível 50 você diz, mas você é nível 1... Ah! A sua sorte, deve ter sido isso que te fez vir! Você descobriu quem pode ser o culpado?
— Nada, tudo começou há mais tempo do que viveu o dragão mais velho, talvez o tatatatatatatatatatatatataravô do Imperador Dragão soubesse... se foi passado algo para os seus descendentes, eles não vão contar para nós, eles nos odeiam muito.
— Eu percebi, já encontrei com um, estava usando uma relíquia de Yggdrasil como se fosse o dono, acho que ele deve ter uma base de guilda inteira em algum lugar.
— Usava uma armadura? Eu sei exatamente de quem você está falando e sei exatamente onde ele mora.
— Agora você mostrou valor, Wild - falou Ainz dando um soquinho no ar.
— A-há! Muito engraçado - disse TW de forma jocosa - levei sessenta anos de andanças neste continente só para arranhar a superfície da sua história, e ainda nem puder explorar os outros continentes além mar, ninguém acreditava em mim que deveria haver mais terra.
— E existe?
— Sei lá! Só indo lá para ver.
— Certo, entendo, o fato de você não envelhecer deve ser por causa do bug.
— É, acho que envelheci cinco anos nestes cem, então não sou imortal, na verdade posso morrer facilmente, só tenho sorte de não ser acertado, mas você sabe, sempre tem aquele 1%.
— Ok, agora me diga, como você sabia que a gente ia atrás de você?
— Ah! Isso acho que preciso contar com o seus guardiões, eles precisam saber disso, senão vão sempre querer se livrar de mim.
— Eles não fariam isso.
— Fariam sim! Pelo que vi, eles têm um ciúme tremendo de você, eu não posso ser um obstáculo senão será o meu fim, um escorregão e "Oops! Meu machado caiu sem querer sobre ele, tadinho, morreu, vamos passear Ainz-Sama!" - disse TW com voz infantil.
— Você tem um ponto aí, então vamos falar com eles antes que enlouqueçam imaginando onde você se encaixa no meu plano de dez mil anos.
— Dez mil anos? Acho que você deveria se preparar para os próximos um milhão de anos - disse TW abrindo a porta onde todos aguardavam e puderam ouvir esta última parte - afinal nunca descobri sinais de que os malditos Seraphims já chegaram a este mundo.
— Seraphims!? UM MILHÃO DE ANOS!? - se espantaram todos.
— Guardiões, vamos à Sala do Trono.
— SIM, AINZ-SAMA - assentiram.
Dentro da sala, sentado em seu trono, Ainz tentava manter a pose de Ser Supremo onipotente que havia ensaiado.
— Meus Guardiões! Eu ouvi o que Totally Wild tinha a dizer e posso afirmar que este é realmente meu antigo companheiro que foi injustamente arrancado de nossa guilda contra sua vontade, eventos que só aconteceram por seu sacrifício para proteger seus colegas. Hoje eu o reintegro como um membro ativo, e por sua própria vontade ele abandona o título de Ser Supremo apenas para ser mais um integrante desta casa, então peço a todos que o tratem como um igual e não levem seu passado ao resto dos integrantes de Nazarick. Se alguém discorda da minha decisão, que fale agora.
Ninguém questionaria as ordens de seu mestre, ninguém queria cair em desgraça agora que um antigo companheiro retornou, mas Albedo ainda tinha planos e talvez ela não fosse a única.
— Wild, gostaria de dizer algo? - Ainz perguntou para o antigo companheiro agora aos pés da escada.
— Obrigado, Ainz-Sama. Como foi dito, eu sou Totally Wild, mas podem me chamar de TW ou apenas Wild, fui um antigo companheiro de seu mestre, mas não sou mais digno de tal título, por isso espero ser companheiro de vocês.
— Você mentiu sobre seu nome, então mentiu que não podia mentir, então tudo pode ser mentira - disse Albedo com um desgosto óbvio.
— Me desculpe lady Albedo, mas em nenhum momento eu menti, tenho vários nomes, uso todos e atendo como meus em cada cidade que vou. Sei que levará tempo para confiarem em mim, mas espero ganhar tal confiança - TW continuou firme - Ainz-Sama me pediu para contar como eu pude saber quem iria me seguir, isso faz parte das bençãos que recebi, eu sou um profeta, sou capaz de ter visões do que pode acontecer.
— Então você saberá tudo que está por vir? - questionou Demiurge vislumbrando uma oportunidade.
— Não exatamente, esta é uma habilidade que mesmo nestes cem anos não pude controlar, a última vez que tentei forçar uma premonição, tive a visão de acordar de um coma, então acordei em minha cabana um ano depois, isso quase me matou, e se eu morrer não tenho níveis para ser ressuscitado, simplesmente acabou.
Albedo fez uma nota mental com tal informação.
— Então qual a sua utilidade? - ela resmungou.
— Vocês viram o que posso fazer com o tempo, só preciso disso, deixar as visões virem naturalmente e então juntar as mais prováveis.
— Mais. Prováveis? Não. São. Visões. Do. Futuro?
— Visões do futuro são difíceis e elas não são definitivas, pois o futuro não está traçado. As pessoas imaginam o tempo como um rio, o presente seria o barco navegando, você pode antecipar certas coisas quando vê a bifurcação do rio, uma escolha, ao olhar para trás do barco você vê o seu passado com lembranças, se subir no mastro você se torna um profeta vendo ao longe, mas isso está errado, o tempo não é um rio, ele é um oceano e você está em um barco navegando embaixo da água. O futuro está em todas as direções à sua frente, infinitas possibilidades, por isso os profetas morrem cedo, ter muitas visões destrói suas mentes. Tudo que posso fazer é perceber o fluxo, quais as possibilidades mais favoráveis. Eu só consigo fazer isso por causa das bençãos que me protegem, senão já teria enlouquecido.
— Então teríamos que esperar os caprichos de seu "poder" para que você seja útil? - disparou Albedo.
— Posso ser mais útil que apenas isso, Lady Albedo. Olhar as possibilidades do passado e presente é muito mais fácil e incrivelmente informativo, são versões alternativas com as quais podemos aprender. Por isso me tornei um contador de histórias, para que todos possam aprender com o que já vi, eu vi várias versões deste mundo, eu vi a Tumba nunca chegar ou surgir neste mundo com todos os 42 membros, Nunca Sozinho, eu vi uma Trindade, vi Aquele que Ficou, A Sombra da Valquíria e a Ascensão de Deus, eu vejo mundos que existem, existiram ou podem existir eu, eu, eu, eu....
Totally Wild então acorda assustado em sua cama.
Faltam 95 anos até a chegada da Grande Tumba de Nazarick.
— Uau, essa premonição foi forte pra caramba! Não vou conseguir me lembrar da metade - disse ele se sentando na beirada da cama - que dooor de cabeça, daria uma perna por uma aspirina.
— Aff! Preciso escrever isso antes que esqueça tudo - ele se levanta e vai até sua mesa - pena, pena, pena, aqui, tinta, ok! Vamos ver, como começa mesmo? Ah sim!:
"Montanhas Azerlisia: lugar inóspito e desagradável..."
Fim
.........................................
Fim?
Não, claro que não!
Não parem de ler agora, preciso dar algumas explicações.
Primeiro, este era para ser o final realmente, a história deveria girar em torno da busca por TW apenas para eu contar aquilo que sempre quis. Uma história de Sebas encontrando a Rainha Draudillon, Entoma namorando, Solution espiã etc.
Eu já tinha escrito este final quando comecei, mas com o desenrolar da história foram surgindo mais tramas e sobrando algumas pontas soltas, então, resolvi continuar escrevendo.
Vai haver mais capítulos para amarrar essas pontas, introduzir alguns personagens, fazer as Rosas Azuis correrem um pouco e contar sobre a traição de Demiurge...ops! Spoiler, semana que vem já saberemos o que os guardiões fizeram enquanto Ainz conversava com TW no escritório, então aguardem.😁
Ah! Muito obrigado por lerem até aqui.🥰
O Autor.
Chapter 47: Interludio 7
Summary:
Os Guardiões decidem procurar informações sobre Totaly Wild e são guiados por alguém inesperado.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, voltei como prometido trazendo os extras da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 7
Chapter Text
A Grande Biblioteca de Ashurbanipal é o repositório de todo o conhecimento acumulado pelos Seres Supremos, dentro de suas paredes está literalmente todo o conhecimento humano.
Quando a Tumba ainda habitava o mundo de Yggdrasil, a Biblioteca era apenas a sala de acesso à internet e ligada diretamente à Unipédia, a biblioteca online, onde um trabalho conjunto reuniu, catalogou e confirmou a veracidade das informações e dados de todas as áreas possíveis do conhecimento.
Em seu mundo natal, a própria Biblioteca era uma sala padrão nas guildas, podendo ser configurada para questões estéticas de seus usuários. Assim, a que pertencia a Ainz Ooal Gown se parecia com uma biblioteca clássica, com prateleiras com um efeito que as faziam se estender a perder de vista. Dentro dela haviam 42 salas específicas onde cada usuário poderia separar material a seu gosto e arquivá-lo, logo essas salas eram os únicos lugares invulneráveis a uma invasão, onde os dados pessoais dos integrantes eram mantidos e, caso a guilda fosse tomada, essas salas seriam enviadas ao local comum de acesso dos usuários.
Após a mudança de mundo, a Biblioteca sofreu a mesma transformação que as magias, seu espaço interno se tornou real, sendo ela então maior por dentro do que por fora, igual às dimensões de bolso. Toda a informação contida na internet se transformou em um tomo em suas prateleiras, e as salas restritas dos usuários ganharam forma física.
Enquanto seu mestre conversava com o Viajante no escritório, era aqui que os guardiões estavam procurando informações sobre o Ser Supremo do qual eles não podiam se lembrar.
Shalltear liderava o grupo, algo novo para ela. Poucos visitavam a biblioteca, além dos gêmeos e Cocytus, então era a pequena vampira a que mais a frequentava depois de Mare.
— Olá novamente Tittus-arinsu!
— Olá senhorita Shalltear, não esperava ver os Guardiões tão cedo.
— Viemos para buscar informações sobre o Vigésimo Sétimo Ser Supremo.
— Segundo registros, além de seu nome, nada mais consta.
— E na ala particular de Lorde Peroroncino?
— Nenhum registro específico, talvez na Área Restrita, mas não tenho acesso ao catálogo, como a senhorita sabe.
— Sem problemas, eu sei o que procurar
Todos agora estavam impressionados, Shalltear Bloodfallen sabia mais do que os três gênios de Nazarick!
Seguiram pelo corredor até uma sala circular onde se dava acesso a 42 portas, cada uma com o emblema de um Ser Supremo, todas trancadas. Shalltear se dirigiu para a porta com o símbolo de Peroroncino.
— Vamos entrando, cabem todos sem problema-arinsu.
Os Guardiões se viram olhando para uma parte de Nazarick onde nunca haviam entrado, não era muito diferente da biblioteca em si, mas tinha um significado especial para eles.
— Acho que o que estamos procurando deve estar na mesa de Lorde Peroroncino – Shalltear anunciou.
— O. Que. Estamos. Procurando?
— Um diário, Cocytus.
— Lorde Peroroncino tinha um diário? – perguntou Aura distraidamente enquanto se dirigia a um dos corredores junto com Mare e retirava um volume da prateleira.
— NÃO! Não, não, não, venham aqui – gritou Shalltear arrancando o livro das mãos dos elfos – vocês são muito jovens para isso.
— Nós temos 70 anos.
— Talvez quando tiverem 120 poderão ler esse tipo de coisa, mas por enquanto nada de bisbilhotar – ela falou enquanto arrastava os jovens pelas mãos – Lorde Pero não tinha um diário, mas alguém pediu para ele guardar um, aqui, o Diário do Ser Supremo Variable Talisman.
— Por que o Ser Supremo Variable Talisman teria um diário, Fraullein?
— Eu já li um pouco dele, na verdade já li um pouco de tudo nesta área restrita, menos no que está na gaveta pessoal de Lorde Peroroncino, aquela se mantém trancada até para mim, mas o diário foi feito por Lorde Variable para algo chamado “recomendaçãomédica”, ele parecia sofrer de uma condição chamada bipolaridade, então por algum motivo ele manteve um registro de suas mudanças de humor e de seu dia-a-dia. Pediu a meu criador que cuidasse do diário porque acreditava que poderia destruí-lo em algum momento de fúria.
— Os S-Seres Supremos com seus infinitos p-poderes eram realmente terríveis – murmurou Mare.
— Aqui, achei! – Shalltear abriu o diário e folheou – Não, não, aqui já menciona a invasão, Lorde Touch Me se torna Campeão, mais para trás, “Hoje conquistamos a Tumba”, mais para frente, achei!
“25 de Agosto de 2132.
Hoje me sinto alegre, tudo parece que vai dar certo, um novo membro se juntou à guilda, ele é do tipo Tank e xamã, um Wendigo chamado Totally Wild, ainda não falei com ele, espero que ele goste da gente.”
— Depois de algumas páginas, ele menciona novamente aqui.
“31 de Outubro de 2132.
Sei que era para eu estar feliz, mas não consigo, fiquei deprimido em um canto a festa toda, Wild veio falar comigo, ele é legal, me fez companhia, os outros são legais também.”
— Daí vem esta.
“16 de Novembro de 2132.
MAS QUE DROGA! O NOVATO AINDA NÃO APARECEU DEPOIS QUE FORAM EMBOSCADOS, SUMIU TUDO SOBRE ELE, CADA INFORMAÇÃO, O MALDITO DEVE TER APAGADO A CONTA, SÓ SOBROU O QUARTO TRANCADO DELE, SE EU VIR O TW DE NOVO VOU ACABAR COM SUA RAÇA!”
— E é isso, os únicos registros da existência do vigésimo sétimo Ser Supremo.
— Humm! Isso confirma a existência do Ser Supremo chamado Totaly Wild, se algo aconteceu com ele pode como consequência ter apagado esta existência para nós, mas não confirma que aquele é tal Ser Supremo – analisou Demiurge.
— Precisamos proteger Ainz-Sama, mesmo que o Viajante seja quem ele diz ser, ainda assim não sabemos o que ele passou neste mundo, como sua mente mudou ao se tornar, UGH! Humano – disse Albedo engolindo a última palavra com nojo, mas todos concordaram que deveriam se precaver.
Assim, os guardiões se dirigiram até o escritório, chegando momentos antes da porta se abrir e escutarem o plano de um milhão de anos e sobre o que parecia ser o seu nêmesis, os “Malditos Seraphim”.
— ‘Precisamos nos preparar’ – pensaram todos.
Chapter 48: Traição
Summary:
Alguém trai Nazarick.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, como prometido estou trazendo um novo capítulo que pode ser chamado de capítulo extra em minha fanfic Aquele que Voltou, partir daqui trarei histórias sabre o convívio de TW e os guardiões.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 41: Traição
Chapter Text
—♪ Pan! Pan! Pan ran ran ran ran pan! Pan pan ran ran ran pan! Pan pan ran ran ran pan! Wild thing! Pan ran...♪
— Você ainda canta isso? – Ainz questionou Wild enquanto caminhavam lado a lado.
— Era a minha música tema, as pessoas tremiam quando ouviam!
— E estragava o elemento surpresa todas as vezes... – Ainz suspirou internamente – Então, como tem sido os dias aqui? – perguntou o Ser Supremo ao humano que o acompanhava.
— Bons, faz tempo que não descanso tão bem, Sua Majestade, quase me acostumei com a aura assassina – falou TW olhando por sobre o ombro e vendo Albedo e Demiurge os seguindo.
— Isso deve diminuir com o tempo, Wild.
— Imagino quanto tempo levará.
— Você tem certeza de que não quer dormir no seu antigo quarto? – a pressão da aura foi tanta que até mesmo Ainz pôde senti-la.
— Não, não, estou bem morando no sexto andar, uma cabana é o máximo que posso pedir – a pressão não diminuiu.
— E os gêmeos, já vieram falar com você?
— Ainda não, mas parece que estou sendo seguido.
— Isso parece meio óbvio – disse Ainz apontando com o polegar ossudo a dupla que os acompanhava.
— ‘Ah! Não eles, algo diferente, não sei quem é, mas vem em turnos regulares’. – Wild esclareceu ao Ser Supremo em uma comunicação mental.
— ‘Você precisa de um guarda costas? Quer que alguém investigue?’
— ‘Nah, qualquer um que queira me fazer mal provavelmente estará trabalhando para um dos guardiões, preciso resolver isso’.
— ‘Se precisar de ajuda entre em contato comigo’ – Muito bem Wild, chegamos ao meu escritório, espero que esta conversa tenha sido de ajuda, nos veremos novamente em outra oportunidade.
— Eu que agradeço pelo seu tempo, Ainz-Sama – disse TW fazendo uma mesura e se retirando.
— Albedo e Demiurge, obrigado por se oferecerem para me acompanhar, teriam algo mais a tratar?
— Não Ainz-Sama, estar em sua presença já foi o suficiente para me alegrar – disse Albedo – mas, infelizmente, um assunto requer minha atenção.
— Eu também me despeço aqui Ainz-Sama – afirmou Demiurge, então girou nos calcanhares e seguiu Albedo que ia na mesma direção que TW havia seguido há poucos segundos.
— ‘Espero que eles não o matem’ – pensou Ainz se resignando.
TW seguiu pelo corredor murmurando a antiga melodia, depois de um tempo, chegou ao bar.
— Olá, Piki – disse TW para o sous-chef bartender.
— Boa noite senhor Wild, vejo que veio desfrutar novamente de minhas habilidades.
— Claro, nunca vi alguém preparar coquetéis como você.
— Me orgulho de meu trabalho. O senhor teria alguma preferência?
— Me surpreenda, e por favor, prepare mais dois drinks.
Após alguns momentos, chegavam Albedo e Demiurge prontos para confrontar TW.
— Olá Lorde Demiurge, Lady Albedo, me acompanham em um drink?
— Isso foi alguma de suas premonições? – Albedo falou com desgosto.
— Apenas bom senso, eu sabia que vocês viriam alguma hora.
— Então você sempre pede três drinks? – questionou Demiurge intrigado.
— Sempre. Por favor, me acompanhem .
Ambos se sentaram, mas não pareciam apreciar a companhia.
— Bem, parece que será difícil ganhar a confiança dos integrantes de Nazarick.
— Não é porque nosso senhor deixou você viver aqui que iremos gostar disso – falou o Arquidemônio.
— Sim, e fazem bem, proteger o seu senhor deve ser a prioridade, não?! Afinal qualquer um pode errar...
— Como você se atreve a questionar a decisão de Ainz-Sama? – rosnou Albedo.
— Então se a decisão dele é indiscutível não há motivo para a hostilidade.
— Não tente nos confundir com seus joguinhos mentais – esbravejou a Succubus.
— Eu não faria isso, ainda mais com os gênios de Nazarick.
— NÃO NOS BAJULE! – agora ela gritou.
— Me desculpe.
— Você é tão irritante.
— Eu tento – disse TW com um leve sorriso.
— Pelo jeito sua intenção é nos fazer perder a paciência com você a ponto que façamos algo e caiamos em desgraça perante Ainz-Sama – apontou Demiurge.
— Vocês imaginam coisas demais, pode ser apenas porque estou sendo chato, nem tudo é um plano elaborado... Ahá! Posso ver as engrenagens na sua cabeça girando e imaginando que tudo isso é um plano para vocês baixarem a guarda, Demiurge.
O Arquidemônio se ajeitou no sofá com uma carranca.
— Somos tão previsíveis assim?
— Eu conheço um pouco dos dois, bem não realmente os dois, mas nestes anos tenho tido visões de histórias.
— Visões do futuro? – perguntou Demiurge.
— Não realmente, mas algumas, como a respeito do mais fiel e daquele que traiu Nazarick.
Albedo se empertigou com a menção de traição. Será que ele sabia de sua equipe anti-Supremos?
— Mesmo que você saiba de histórias de outra realidade, você não pode nos acusar de traição! – ela falou.
— Sei disso, não estou acusando. Sabe, suas versões provavelmente são diferentes de vocês, mas algumas podem ser tão semelhantes que não seria uma questão de natureza, mas de decisões tomadas, que os diferem completamente da suas vidas, por isso eu posso contar essa história, de como Demiurge traiu Nazarick – disse TW apontando para o Arquidemônio que se levantou com a acusação.
— QUE ABSURDO!!!
— Calma, calma, como eu disse, não estou acusando, apenas quero mostrar que certas decisões têm consequências e podemos aprender com elas, posso continuar? Ok, ela começa assim.
“A Traição:
Meses após a chegada de Nazarick ao novo mundo, Lorde Ainz estava impaciente. A falta de informações de que poderia haver alguma ameaça o deixava apreensivo.
Aproveitando a preocupação de seu mestre, Lorde Demiurges solicitou a formação de uma equipe de busca, forte o bastante para enfrentar um jogador caso este surgisse.
Lorde Ainz, convencido de um perigo eminente, concordou com tal equipe, o que ele não sabia é que havia mais nas intenções de seu guardião. Movido pelo desprezo por seu criador, Demiurges tinha a intenção de aniquilar até mesmo os outros Seres Supremos que aparecessem.
Essa equipe caçou e matou os Godkins que encontrou e se manteve em segredo, mas um erro o expôs para uma pessoa improvável.
— Você não pode fazer isso – disse Aura.
— Não sabemos quem pode ser nosso inimigo.
— Eles são nossos criadores, isso é traição, Demiurges!
— Me escute Aura, eles nos abandonaram, foram embora.
— Você não sabe o porquê, Ainz-Sama não concordaria com isso.
— Ele não precisa saber.
— Mas ele vai saber, não vou esconder isso!
— Aura pare! Não me obrigue...
— Obrigar o que? Sou mais forte que você – Aura disse se dirigindo para a saída do coliseu, então parou perante uma parede de fogo.
— Apague isso!
— Não até você me escutar.
— Não vou escutar mais nada vindo de você! – Aura puxou seu chicote e golpeou Demiurges, prendendo-o.
O Demônio inchou tentando se libertar.
— "ME SOLTE!" – disse Demiurges usando sua voz de comando.
Aura resistiu, ela mesma usava feromônios para controle das emoções, e usar em si mesmo para resistir a controle mental foi uma das primeiras coisas que aprendeu a fazer.
— Você será punido, não podemos confiar em você.
— Eles nos traíram, VOCÊ FOI TRAÍDA, SUA CRIADORA TE TRA...!
— NÃO FALE DE BUKUBUKUCHAGAMA! – esbravejou Aura ao arremessar Demiurges contra a parede e em seguida correu para a entrada livre das chamas.
Mas quando estava prestes a sair, Aura foi envolvida por uma pilastra de fogo, as "Chamas Infernais" consumiram a pequena elfa até não restar quase nada.
Mari que chegava ao final da luta pôde ver sua irmã ser morta. Ele ainda se lançou no meio das chamas para tentar salvá-la, apenas para ter metade do corpo queimado.
Em sua fúria, Mari usou um de seu feitiços mais agressivos empalando o demônio com centenas de vinhas e depois destroçando seu corpo. Demiurges, vendo o que havia feito, nem tentou se defender.
Algo que os moradores de Nazarick não sabiam é que se um NPC fosse morto por fogo amigo nunca poderiam ser ressuscitados.
Após tomar conhecimento da traição de Demiurges, Ainz ficou mais paranoico. Saber que não podia confiar em seus guardiões o levou a expulsá-los.
Mari foi enviado para governar os elfos após esmagar o Rei Élfico. Sua personalidade havia mudado, nem mesmo deixou que curassem suas cicatrizes. Às vezes falava sozinho e respondia para si como sua irmã. O pequeno elfo governou aquele reino com terror e mão de ferro.
Cocytus passou a viver com os homens lagartos. Lá, consumido pela desonra, abdicou de suas espadas em sinal de que nunca levantaria as mãos contra seu mestre. Ele se tornou um eremita.
Shalltear foi enviada para a Teocracia. Em uma semana o lugar morreu e se tornou seu reino vampírico.
Ator de Pandora se tornou um aventureiro errante sobre a alcunha de Momon.
Gargantua, não tendo mente, ficou submerso no lago do sexto andar para sempre.
Victim não tinha magias que poderiam afetar Ainz, então foi levado para proteger seu mestre na sala do trono.
Albedo foi deixada a ficar em Nazarick por ser a mais próxima de seu senhor, mas até isso foi tirado dela. Ainz, cada vez mais desconfiado, passou a afastá-la, logo nem na mesma sala ela podia ficar.
Ainz passou a imaginar inúmeros planos de como se defender de inimigos ou amigos, reais ou imaginários, então os serviçais foram proibidos de ir até a sala do trono e as Pleaides mantinham guarda permanente na porta.
Ainz estava preso em sua mente por sua paranoia e delírios, decidindo se isolar do mundo.
Albedo foi ordenada a ficar do lado de fora da Grande Tumba guardando a entrada, ela deveria ficar lá até ser chamada.
Os anos passaram e ela manteve sua posição na esperança de que seu mestre precisasse dela.
Após centenas de anos mesmo a Grande Tumba sofreu com as intempéries, o vento moveu as paredes de terra que escondiam suas estruturas e a soterrou.
Albedo, não se movendo, foi coberta com pó e terra, que se acumulou e acumulou, com o passar do tempo o pó se tornou casca e depois rocha.
Milênio se passaram e ninguém mais se lembra de Nazarick, apenas sabem que se forem até certo descampado, encontrarão uma série de morros, quase no centro haverá uma rocha e se você encostar o ouvido nela, em um dia silencioso, talvez você possa ouvir a voz da donzela sussurrando:
— “Ainz-Sama”.
Albedo disfarçava, mas tinha lágrimas nos olhos, Demiurge estava com a mão sobre a boca, então pegou sua bebida e a tomou em um gole só.
— Isso nunca poderia acontecer, eu nunca iria contra o meu mestre ou meu próprio criador, nunca machucaria Aura.
— Viu, então não poderia ser você.
— A-Ainz-Sama não é daquele jeito, e-e fogo amigo não nos mata definitivamente... eu acho que não – disse Albedo em dúvida.
— Como eu disse, esta é uma história para se aprender com os erros dos outros, a maioria das histórias são assim, mas aqui você aprende com versões suas.
Albedo ainda não estava disposta a desmantelar a equipe de busca, mas dúvidas agora pairavam em sua mente.
— Todas essas histórias, são versões ruins de nós? Teremos sempre fins ruins? – Queria saber Demiurge.
— Não, a maioria não, algumas terminam com vocês felizes, sendo elogiado por seu mestre ou se tornando... mãe – TW disse de forma casual, mas Albedo quase derrubou a bebida.
— MÃE!!!
— Sim lady Albedo, mãe. Gostaria de escutar esta história?
Albedo apenas acenou levemente com a cabeça.
— Piki, mais três drinks, por favor – ‘esta noite vai ser longa’ – Bem, por onde essa começa?
“Lady Albedo estava em seu quarto esperando seu amado...”
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NOTA DO AUTOR
Como eu disse este capítulo contou uma versão do maior mito no fandon de Overlord, o olho atrás de Shalltear, NÃO, não não, o segundo maior mito quero dizer, a traição de Demiurge.
Como podem ter percebido o nome de Demiurge e Mare estão alterados, fiz isso para destacar que são versões diferentes , espero que tenham gostado, semana que vem tem mais capítulos.
Chapter 49: Escolhas
Summary:
Alguém chega a Arwintar e busca ajuda, será que receberá o que esperva?
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, mais um capitulo da minha fanfic Aquele que Voltou chegando.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 42: Escolhas
Chapter Text
Arwintar, alguns meses após o surgimento do aventureiro Homem-Morcego. Uma carruagem chegava ao hotel, assim que parou em frente ao prédio, o grupo desceu e se dirigiu à recepção.
- Bom tarde cavalheiro, em que posso ajudar?
- Gostaria de um quarto para mim e minha esposa - disse o senhor enorme com um grande bigode dando um tapa no traseiro da mulher.
- Com prazer. Temos algumas suítes nos primeiros andares, deseja algo em especial?
- Sim, algo luxuoso, estamos em lua de mel - respondeu o senhor. A jovem esposa de cabelos negros então pareceu lhe dar uma cotovelada nas costelas - e se possível com quarto adjacente para a criadagem - continuou ele tentando não dar muita atenção ao golpe que acabara de receber.
O Gerente do Dia olhou para as duas empregadas que carregavam as malas, uma delas tinha o cabelo rosa e a outra cabelo azul, logo atrás delas havia o pequeno rapaz usando máscara e roupa comum de aventureiro, provavelmente seria o segurança, mas Gunter não podia imaginar o que ele protegeria sendo tão pequeno.
- Maravilhoso, temos o quarto ideal no primeiro andar! Por favor, assine o nosso livro de registro.
O homem hesitou por um momento, então assinou.
- Ah! Muito obrigado senhor Gordon Asor Luza, senhora Luza, é um prazer tê-los aqui no Maçã Dourada Royal Hotel, o carregador ajudará com as malas - disse o gerente entregando as chaves do quarto.
Após alguns lances de escada, chegaram ao quarto. O carregador deixou as malas e recebeu um gorjeta generosa de uma das empregadas.
- VOCÊ ESTÁ MALUCA!? - gritou a mulher assim que ficaram sozinhos - lua de mel, quarto luxuoso, a gente não tem tanto dinheiro pra gastar!
- Calma chefe, você que é pão dura, temos mais que o suficiente. A gente precisa manter o disfarce, e você não precisava quase quebra a minha costela.
- Precisava sim - disse o aventureiro mascarado - Asor Luza?! É literalmente ROSA AZUL AO CONTRÁRIO!!!
- Foi mal baixinha, entrei em pânico, mas você não devia gritar assim, podem nos ouvir - avisou Gagaran tirando o bigode.
- Eu já lancei Silêncio assim que ficamos sozinhas - retrucou Evileye sentando de forma mal humorada em uma poltrona muito maior do que ela.
- A gente disse que a Gagaran não devia falar, chefe malvada - Tina começou.
- Ela não sabe atuar - acrescentou Tia.
- Mas uma mulher tomando a frente para falar poderia ser suspeito, queremos ser discretas - Lakyus respondeu - Evileye, não deveria lançar Anti-adivinhação também?
- Não! - falou a vampira sem dar sinal de que daria mais explicações, mas ela viu que todos esperavam por isso, ela então se inclinou - Tsc! Lançar Anti-adivinhação só é necessário quando você quer esconder o assunto de uma reunião, se estiverem tentando espionar não vão conseguir, mas todos sabem que você está ali. Contudo, se não souberem da reunião, eles podem localizar o grupo, já que cria um buraco onde não é possível ver se estiverem usando o feitiço de forma geral, assim sabem que tem algo acontecendo. O Império é um estado vassalo, deve ser lógico que pelo menos esta cidade deve estar sob vigilância constante. Ninguém pode manter um feitiço assim continuamente, mas pelo que sabemos do Rei Feiticeiro, ele pode ter esse poder, mesmo que não consigamos detectar.
- Então, se eles achassem um lugar onde não podem ver seria o mesmo que sinalizar pra eles que tem algo obscuro acontecendo - concluiu Gagaran.
Evileye então se jogou novamente contra a poltrona, se Gagaran era capaz de entender então todas haviam entendido.
- Eu preferia ter mais segurança, mas acho que teremos que nos contentar com isso. À noite sairemos em busca de nosso possível aliado. Você tem certeza que poderemos localizá-lo? - falou Lakyus de forma resignada.
- Já disse que não é certeza, precisamos fazer o que der para achá-lo, não é como se pudéssemos anunciar uma missão na guilda. Mas uma aventureira nesse nível, talvez eu possa sentir emanações de força. Enquanto isso, Tia e Tina farão a busca em locais suspeitos e Gagaran disfarçada vai para as tavernas ouvir os rumores, qualquer assunto envolvendo o pó negro parece atraí-la, e você vai ficar aqui, você é a única que chamaria a atenção onde fosse - Evileye explicou.
Lakyus não parecia contente, mas era o que tinham combinado antes.
- Precisamos muito encontrá-la, aliados poderosos serão importantes se entrarmos em luta contra o Rei Feiticeiro, para isso precisamos da Aranha-Negra.
Os dias seguintes foram de buscas por pistas ou sinais da aventureira, quase todos levavam a becos sem saída, mas algo parecia ter surgido. Gagaran, usando uma armadura masculina e o vasto bigode, soube nas tavernas de alguns sequestros, tráfico de pessoas também era um dos crimes que recebiam atenção da aventureira, assim Tia e Tina nos dias seguintes rastrearam o esconderijo do possível sequestrador.
Montando guarda em um prédio abandonado, podiam observar o armazém decrépito que ficava em frente, na verdade todo esse bairro parecia muito vazio, efeito direto das ações da aventureira. As atividades criminosas haviam caído tanto ali, que por enquanto só haviam locais assim, o Imperador já tinha em mente um plano de revitalização da zona dos armazéns, mas nada ainda foi feito até o momento.
Não podiam ter certeza de que aquele local seria o certo ou se o sequestrador voltaria ali, por isso Lakyus e Gagaran montavam guarda enquanto as outras buscavam mais informações.
Era mais de meia noite quando perceberam uma movimentação.
- 'Tia, Tina, Evil, alguém entrou no prédio, venham para cá!' - disse Lakyus após usar o pergaminho de mensagem.
Assim que cortou a mensagem, Lakyus viu algo atravessar a janela superior, foi tão rápido que ela quase não percebeu.
- Ela está aqui! Como é rápida, o que vamos fazer, chefe?
- Se demorarmos muito podemos perder a oportunidade, vamos entrar.
Ambas desceram correndo as escadarias e, ao chegar na frente do outro prédio, as gêmeas ninjas apareceram.
- Evileye deve estar vindo do outro lado da cidade, ela deve chegar logo, vamos entrar - falou Lakyus enquanto corria para o interior escuro.
O local parecia ter algumas salas antes de chegar ao depósito. Em meio à escuridão, havia um homem correndo de um lado para outro, cada vez que chegava perto de alguma saída uma figura corpulenta se colocava na sua frente, até que, percebendo que não estavam mais sozinhos, resolveu derrubar sua vítima.
- Precisamos de luz - falou a líder do grupo.
Tia imediatamente lançou uma esfera no ar que acendeu em uma bola de luz que descia lentamente em um mini paraquedas, todos puderam ver a enorme figura que se colocava em pé sobre as costas do humano caído.
- O Parceiro da Aranha-Negra! O aventureiro Homem-Morcego! - disseram todas ao mesmo tempo.
- Ah! Olá senhoritas, a que devemos esta visita? - disse Inta com o que deveria ser seu melhor sorriso.
As Rosas Azuis pareciam não saber como agir, esperavam encontrar a aventureira, mas agora estavam diante de seu parceiro não humano.
- Olá, senhor... Senhor Homem-Morcego, desculpe, não sei como chamá-lo.
- Humm! Nunca precisei me identificar antes, acho que prefiro manter o meu anonimato, pode continuar me chamando de Homem-Morcego, mas acredito que podem ver que estou um pouco ocupado com esta pessoa em questão, ele... - Inta foi interrompido no meio da frase, sendo atingido por Evileye.
Sua força foi tanta que atravessaram vários prédios antes de pararem em uma pilha de escombros.
- O QUE VOCÊ FEZ!? - gritou Lakyus quando entrou pela parede derrubada.
- SE AFASTEM! ELE NÃO É O QUE APARENTA!
- Do que você está falando, baixinha? Sabemos que ele não é humano, você acabou com as nossas chances de conversar com a...
- EU MANDEI SE AFASTAR seu monte de músculos, ele não é um homem-fera...
Em uma explosão, a pilha de entulhos voou longe, Inta estava no meio dela, parecia bastante ferido, ele olhou em volta, então com dificuldade alçou voo.
- Droga, não podemos deixar ele fugir - disse a vampira antes de ser agarrada por Lakyus.
- PELOS QUATRO, VOCÊ ENLOQUECEU! Explique o que está acontecendo.
- Eu senti uma presença quando chegava, aquilo não é um home-morcego, é um vampiro e precisamos matá-lo.
- Você tem certeza? Por que um vampiro estaria agindo como aventureiro?
- Eu não sei, talvez esteja formando um clã, todos esses bandidos desaparecidos podem ter virado seus subordinados, só sei que ele é muito forte, talvez quase tão forte quanto eu, se escapar pode sumir daqui e ir para outro lugar recomeçar os seus planos.
- Maldição! Temos que segui-lo, Tia, Tina, vão! - assim desapareceram as ninjas.
- Eu posso cuidar dele sozinha - protestou Evileye.
- NÃO! Você não vai deixar a gente pra trás - ordenou Lakyus.
- Tsc! - estalou a língua da vampira - Fly!
Assim saíram voando as três pelo buraco aberto no teto.
- Tia, onde vocês estão?' - pediu Evileye.
- 'Estamos no cemitério, ele entrou em um Mausoléu.'
- Deve ser o covil dele - 'Estamos chegando, não entrem'.
Logo todas estavam reunidas em frente ao antigo mausoléu.
- Vamos entrar com cuidado, este pode ser o covil de um vampiro muito forte, Tia, Tina, vocês duas vão à frente, vejam se tem armadilha, Evil você é a segunda linha, eu vou no meio, Gagaran proteja a retaguarda.
- Certo chefe malvada, formação de cripta - ambas sabiam que Lakyus estava nervosa, relembrar o básico era sua forma de se acalmar.
- Baixinha, ele é muito forte?
- Muito, pude senti-lo à distância, mas foi... foi sua presença que senti - ela não queria que suas colegas soubessem que foi o cheiro que a alertou, um cheiro que só vampiros tinham, o de séculos de sangue derramado.
Seguiram para dentro do mausoléu, era grande e antigo, mas estranhamente não haviam túmulos, apenas poucas placas nas paredes e ao fundo um único caixão de pedra.
Se aproximaram cautelosamente, verificando se não haviam armadilhas. Então, posicionadas para um ataque, empurraram a tampa que caiu com um baque surdo.
- Vazio. Onde ele pode ter ido? - disse Lakyus se abaixando e checando o fundo do caixão. Sua experiência dizia que teria mais coisa ali. Um click e o fundo falso desceu formando uma escada.
- Vamos.
Todas desceram uma longa escadaria em espiral. Ao chegarem no fundo, se depararam com um salão cercado por vários caixões. No centro estava o vampiro, sua asa quebrada, sangue espirrava por sua boca, nariz e ouvido, algumas costelas saindo de sua pele aberta.
- Por que? - disse o ser moribundo.
- Não deem ouvidos a ele, vai tentar controlá-las - alertou Evileye.
- Eu não lhes fiz mal! Por que me atacam?
- Você é um monstro, deve ser destruído antes que se torne perigoso.
- T-Tudo que for diferente deve morrer para que você esteja segura?
- Não, apenas você e os monstros que atacam as pessoas.
- Q-Que pessoas? Só ajudei, eliminei assassinos, pedófilos e traficantes, seriam condenados à forca, me ataca só porque não sou humano.
- N-Não podemos confiar em você, pode ter enganado sua companheira, mas nós não - falou Lakyus de forma vacilante.
- Ah! É ela que vocês querem, cof! cof!
- É hora de morrer, monstro - disse Evileye chutando Inta no estomago.
O vampiro caiu sobre um caixão de pedra que se partiu, sua barriga estava rasgada e seus intestinos escorriam pelo chão, sua mandíbula arrancada pendia sobre o peito.
- Quem é o monstro agora? - disse uma voz tumular vindo do nada.
Chapter 50: Decisões
Summary:
Descobertas, dúvidas e decisões são impostas a todos.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins outro capítulo de minha fanfic Aquele que Voltou chegando para vocês.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 43: Decisões
Chapter Text
As Rosas Azuis tomaram posição defensiva em círculo, uma protegendo as costas da outra, enquanto viam o corpo do vampiro se desfazer em névoa.
- Ilusão, CUIDADO! - gritou Evileye.
Então algo farfalhou e passou voando, parou na frente de Gagaran e saiu tão rápido quanto apareceu, Tia e Tina tentaram golpeá-lo, então suas cabeças foram agarradas e em seguida soltas, Lakyus tentou proteger o rosto, mas foi tarde demais, o vampiro parou bem na sua frente, seus olhos vermelhos fizeram contato com os dela como havia feito com as outras, todas agora estavam paralisadas, menos Evileye.
- "Pare!" - a voz ordenou e Evileye não podia mais se mover.
- Ora, ora, ora, vocês entram na casa dos outros sem serem convidadas? Que coisa feia - disse a voz de forma jocosa.
- C-Coooomoooo? - Evileye se esforçava para falar.
- Simples, sendo mais forte que vocês, aaaah! Você realmente achou que eu era tão fraco assim?! Estou ofendido, existem coisas muito mais fortes que vocês, muito mais fortes do que eu, e vocês ficam brincando de aventureiras, balançando suas armas por aí, matando criaturas e esquecem que há coisas maiores, mas sabe o que me ofendeu mais? Vocês tentarem me matar só porque sou quem sou. Todo o bem que eu fiz esquecido só porque bebo sangue lá de vez em quando.
- A-Assaaassiiii...
- Eu assassino? Pfff! Por ter eliminado escorias, cumprir sentenças de morte que já tinham sido emitidas? Todos que morreram tinham cartazes de vivo ou morto, eu prefiro morto, nem fui buscar as recompensas, AAAah! Você deve achar que eu me alimento de outras pessoas, tsc, tsc, tsc, vocês vieram a esta cidade e nem se deram ao trabalho de visitar os restaurantes daqui, deviam ir em um onde somente homens-fera carnívoros frequentam, mas acho que não gostariam do menu, já que tem pessoas nele. Não se preocupem, são todas bem pagas antecipadamente, a maioria são gladiadores, sabe, beber bem, comer bem e transar bem custa dinheiro e eles gostam de aproveitar a vida, mas se perdem no coliseu, são aproveitados na morte, afinal quem não gostaria de comer um campeão?
- M-moooonnssstrooo...
- EU SOU O MONSTRO? Vocês perseguem e matam criaturas por causa da espécie. Nunca devem ter perguntado a um troll por que ele ataca uma vila que já foi seu território de caça. Vocês batem antes de perguntar e quando perguntam, fazem isso para as pessoas erradas.
- Vocês sabem, vocês têm ideia de quem deixaram escapar? Aquele magrelo é o Devorador de Inocentes, ele rapta crianças, sabe o que ele faz com elas? Ele não as vende como escravas, isso é apenas boato para dar esperança aos pais, ele as estupra e depois as COME! Um humano fazendo isso com crianças, SEUS FILHOS! Vocês me chamam de monstro, mas não me conhecem.
- Agora levarei semanas para achá-lo de novo, até lá cada criança morta, cada criança desaparecida, cada criança violada, será culpa de vocês.
Os olhos de Lakyus brilhavam e lágrimas escorriam pelo seu rosto.
- Você chora, mas quando soube de minha natureza nem pestanejou em me caçar, só seguiu seus malditos preconceitos, e você, pequena hipócrita, você é apenas uma criança, birrenta e mimada, que não consegue ver mais nada do que a própria raiva, "Livre!" - Evileye tropeçou alguns passos e se virou vendo o grande vampiro de pé em meio a suas amigas.
- "Pare!" Eu só queria que você visse o que vou fazer com suas amigas, a grandona, eu vou arrancar os braços e as pernas dela, depois vou fazer ela comer o próprio intestino até sufocar, as gêmeas vou profanar tanto seus corpos que elas vão se matar quando eu acabar, mas a sua amiguinha aqui, ela é especial não é!? Dela eu vou comer a cabeça bem na sua frente e você não vai poder fazer nada.
O cheiro de amônia encheu o ar.
Inta abriu tanto sua boca que a cabeça de Lakyus já cabia dentro dela. Todas choravam, Evileye chorava lágrimas de sangue que por trás de sua máscara escorriam e pingavam no peito de sua roupa escura, Inta se aproximou e estava com toda a cabeça em sua boca, então...
- É o que eu faria se fosse o monstro que vocês pensam que eu sou -falou ele se virando rapidamente - só existe uma maneira de provar que vocês estão erradas, é não fazendo o que vocês esperam de mim. Farei mais, darei um conselho, procurem outros pontos de vista, talvez o Conselho Estadual de Argland, são uns esnobes, mas vocês já respeitam eles, Arwintar seria um bom lugar para começarem, mas já estou farto de vocês, então, deveriam ir visitar E-Rantel, é nova, progressista e segura, vão e aprendam que o mundo não é preto e branco como vocês pensam, e lembrem, esta cidade, a minha cidade, já tem um protetor, e eu quero que vocês vão embora, "vão!"
Assim todas caíram livres da influência vampírica, se abraçaram e choraram. Então, veio a voz de um lugar distante, mas parecia sussurrar ao pé do ouvido de cada uma.
- Eu disse vão, saiam daqui... - Todas se lançaram escadaria acima, correndo o mais rápido que podiam e quando chegaram fora do mausoléu o sussurro continuou - ...estejam fora da minha cidade antes do amanhecer, e não parem de correr até que seja noite novamente, senão posso esquecer os bons modos...
- F-Fly, FLY! - gritou Evileye enquanto levava todas as suas amigas que ainda pareciam tentar correr mesmo no ar.
Caíram em frente ao hotel e entraram com tanta pressa que Gagaran nem se deu o trabalho de colocar o bigode falso.
- Estamos saindo - gritou Lakyus para a Gerente da Noite.
Crista apenas abriu e fechou a boca, em seguida desceram todas carregando seus pertences.
- Senhora, eu preciso... - Crista se calou quando um saco de moedas caiu sobre o balcão, havia mais que o suficiente para pagar a estadia, então ela apenas deu de ombros - Unff! Aventureiros - falou com desdenho.
Saindo do hotel, a presença continuava atrás delas, parecia estar em sua sombra, as perseguindo e empurrando para fora da cidade.
- Voar, precisamos voar.
- Não consigo, não consigo me concentrar, estou esgotada - bufava Evileye - Ali! A carroça.
Um carroceiro passava pela rua vazia indo em direção ao mercado como fazia todas as madrugadas.
- Senhor, me venda sua carroça! - falou Lakyus enquanto Gagaran o arrancava de cima, antes de saírem uma moeda de platina caiu sobre o peito do pobre homem, ele poderia comprar varias carroças com cavalos por aquele valor, mas preferia que elas tivessem sido mais educadas.
- IAAH! - gritou Gagaran, ela estalava as rédeas fazendo os cavalos correrem, eles eram mais fortes do que pareciam.
A presença ainda parecia as perseguir, Lakyus segurava sua espada como se fosse golpear algo eminente, as gêmeas se abraçavam e Evileye estava deitada como uma bola no fundo da carroça, somente quando passaram pelo portão e o sol aparecia é que a presença sumiu.
- Isso deve bastar, talvez elas consigam o que realmente precisam, AH DROGA! Entoma, como vou contar tudo isso? Ela odeia particularmente a menorzinha, tomara que seja o suficiente saber do susto que dei nelas, aquela vampirinha é mais forte do que deveria, a chefe de Entoma precisa saber - falava para si o vampiro em pé sobre o portão de entrada de Arwintar enquanto esfregava o indicador na testa de forma preocupada.
Durante todo o dia, as Rosas Azuis continuaram em fuga. Quando Evileye se recuperou o suficiente, lançou buffs sobre os cavalos para mantê-los correndo, e somente à noite pararam para descansar.
Todas estavam esgotadas, física e psicologicamente falando. Sentadas ao redor da fogueira tentando se recuperar, as poções podiam recuperar o corpo, magia reforçar a alma, mas as lembranças de que estiveram à mercê de algo muito superior, onde apenas a misericórdia, ainda que fosse uma misericórdia cheia de rancor, foi à única coisa que impediu suas mortes.
- O que era aquilo? - Falou Lakyus após lançar Lion Heart mais uma vez sobre todas.
- Aquilo era um vampiro - disse Evileye.
- A gente sabe que era um vampiro, matamos muitos deles, mas nunca ALGO DAQUELE TIPO! - esbravejou Gagaran.
- Não, nunca mesmo, aquele deve ser um Vampiro Ancião, um tipo superior muito antigo. Suas ilusões eram sólidas, senti o chute que dei, mas acho que nem mesmo o machuquei quando atravessamos as paredes, tudo era fingimento, ele apenas nos atraiu para aquela cripta, podia ter nos matado a hora que quisesse.
- Então por que não matou?
- Não sei Lakyus, talvez tenha planos para nós, talvez ainda estejamos sendo controladas, talvez ele queira formar um exército e façamos parte dele em seu harém, talvez...
- Talvez ele só não fosse o monstro que o acusamos de ser - disse Lakyus.
- Não podemos confiar no que ele disse, ele é mau.
- Por que baixinha, só por que ele é diferente? Eu fui nos restaurantes que ele falou, eles existem, não contei nada porque ninguém acreditaria o quanto fui bem tratada, e eles também serviam boi se quer saber.
- Vampiros mentem, manipulam, são perigosos.
- Todos eles Evil?
- N-Não Lakyus, quero dizer, não sei, eu ...
- Fale - disse Gagaran
- O-O que?
- O que tá engasgado aí, aquilo que está escondendo há tanto tempo, fale de uma vez, estou cansada.
- Nem todos os vampiros são ruins porque...
- Por queeee?
- Porque eu sou uma... vampira - confessou Evileye tirando a máscara.
- HÁ! EU SABIA! Podem pagar! - gritou Gagaran
- O QUÊ?!!
- Eu tinha dito vampira, Tia disse Lich, Tira chutou em necromante, Lakyus não quis participar.
- VOCÊS APOSTARAM! - bufou a vampira.
- Sim, era uma maneira de passar o tempo enquanto você decidia se devia nos contar - disseram Tia e Tina juntas após entregarem uma bolsa de moedas para Gargaran.
- Desde quando?
- Há alguns anos - falou Lakyus - você também nunca foi boa atriz.
- Nunca comeu com a gente - completou Gagaran
- E fala demais quando acha que está sozinha - disse Tia.
- A chefe malvada também faz isso - disse Tira.
- Ei! Sem bisbilhotar - Falou Lakyus
- Imagino que a máscara é um item anti-detecção - resmungou Gagaran.
- Na verdade é o colar.
Nisso Gagaran tentou passar duas moedas disfarçadamente para as gêmeas.
- PAREM DE APOSTAR!
- Evil, a gente imaginava que você fosse alguém de longa vida, Rigrit te conhecia há muito tempo e você não envelheceu. Elfa não poderia ser, sobrou ser angelical, demoníaco ou amaldiçoado - Lakyus disse tentando mudar de assunto.
- E vocês pensaram só nos ruins.
- Com a sua boca suja, não podia ser um ser divino. Mas quem é você Evil, quer nos contar?
- Amanhã, monte de músculos, eu conto amanhã. Acho que precisamos dormir.
- Você fica com o primeiro turno - falou Tina.
- E com o segundo - acrescentou Tia.
- E com o terceiro - emendou Gagaran
- Já que você não dorme mesmo, pode ficar também com o quarto - disse Lakyus botando o ultimo prego no caixão.
- Mas, mas, aaaah! - balbuciou Evileye, mas ela sabia que aquilo era pra mostrar que ainda confiavam nela.
A noite passou lentamente. Pela primeira vez em muito anos, Evileye estava sem máscara em frente a uma fogueira, o calor tocava sua pele, o vento soprava em seus olhos, e o cheiro... Algo fez com que ela levantasse, uma presença e uma voz sussurrada pelo vento.
- Venha.
Não havia magia, mas ela podia sentir o poder por trás daquela única palavra. Guiada pelos seus instintos, chegou a uma clareira onde não havia nada, então ela olhou para cima, flutuando em frente à lua estava uma vampira usando uma roupa gótica.
- "Ajoelhe-se!"
Evileye caiu ajoelhada com a cabeça prostrada no chão, o poder era imensamente maior do que o vampiro que tinham acabado de enfrentar.
- 'Então é assim que Demiurge se sente' - pensou Shalltear, ela nunca precisou usar comando, as noivas vampiras fazia tudo sem vacilar, e um pouco de hipnose sempre deu conta.
- Hooonyyyyoopeenyyyooookoooo...
-Você ainda pode falar? Meu... associado tinha razão, você é diferente.
- Voooocêêê moooorrreee...
- Nossa, isso é chato, "Sente!" e "Fale!"... "Fale a verdade!"
Evileye se viu então sentada sobre as panturrilhas em um estilo desconhecido.
- Você morreu, Momon, Momon matou você com um feitiço de oitavo nível selado - disse ela bufando mesmo não precisando respirar.
- Por que você acha que sou eu?
- Ele descreveu você.
- Ah! - 'Ainz-Sama já devia ter antecipado este encontro, como ele é incrível' - gemeu internamente Shalltear.
- Você deve estar me confundindo com minha irmã, eu sou a serva do Rey Feiticeiro, Shalltear Bloodfallen-arinsu.
- Do... Rrreeei Feiticeiro.
- Isso mesmo.
- Como posso acreditar nisso? - zombou Evileye.
- Porque do contrário e precisaria ser mais forte do que um feitiço de oitavo nível para sobreviver, ou Momon está mentindo sobre me matar.
- IMPOSSÍVEL! Momon não mentiria...
- Não, não mesmo - disse Shalltear sorrindo.
- O que você quer comigo?
- Para começar é "senhora!" para você, na verdade "minha senhora!", estou aqui para ensinar.
- O que poderia ensinar para mim... M-miiiinha S-Seeeenhoooraa?
- Você ainda resiste, realmente deve ser uma original, mas é um bebê, nem cheira a sangue.
- Nunca bebi sangue, não humano. O que é uma original?
- Uma Vampira Verdadeira, ora.
- Eu nunca fui mordida, magia me transformou.
- Como você acha que vampiros nascem? Os Verdadeiros quero dizer, a mordida só espalha parte do poder, Vampiros Verdadeiros nascem por magia - disse Shalltear sorrindo - mas você nem usa o seu potencial, só tem essa reserva de mana grande e aprendeu uns truquezinhos, ugh! humanos.
- Sou a maga mais poderosa que existe... m-miinha seenhooora,
- E ainda assim foi controlada, duas vezes, somente hoje pelo que eu sei hihihihihi!
- Não quero seu conhecimento sua brux...
- "Seja educada!"
- Não quero seu conhecimento... miinhaaa seenhooora.
- Você pode ter toda essa idade, mas não aprendeu nada, sua mente não cresceu, continua pensando como criança, hummm, isso é falta de uma boa dieta, aqui vai a sua primeira lição: "O que você deve comer para crescer forte."
Um buraco negro rodopiante se abriu e de dentro dele caiu uma pessoa.
- Eu não vou fazer isso.
- AH! Você vai! E nem vou te obrigar, dê uma olhadinha pelo menos, acho que você vai reconhecer o prato principal-arinsu.
Evileye se levantou e então viu quem era a pessoa no chão.
- Meu associado me pediu um favor, pegar este lixo, ele disse que talvez você pudesse ter um uso para ele.
Evileye olhava para o Devorador de Inocentes, ela só precisava de um golpe e ele estaria decapitado.
- Ah! Ah! Ah! - disse Shalltear balançando o indicador em negativa - "sem as mãos... ou os pés!", se você não quiser que ele fuja, vai ter que ser criativa, eu não vou impedir que ele se vá, na verdade, vou abrir um portal direto para um berçário, ao contrário de meu associado, eu não ligo se alguns humanos morrerem, a escolha é sua - ela falou sorrindo enquanto surgia um portal rodopiante há apenas alguns centímetros do humano magrelo que começava a se arrastar.
Evileye se pôs em sua frente impedindo a fuga, se ajoelhou abaixando o rosto até o pescoço exposto, ela viu a artéria, podia sentir o cheiro do medo e do sangue correndo dentro dele, ela sempre resistiu à sede.
- Maldição! - disse ela cravando os dentes no humano. O grito morreu em segundos.
- Isso, coma bem, mas devagar, essa deve ser a sua primeira refeição, então aproveite. Sangue alimenta, mas sangue humano, de seres inteligentes, nos fortalece, desenvolve a mente, aumenta nosso poder.
- Uhumm! - Evileye resmungou e borrifos de sangue se espalharam sobre ela.
- Depois de comer você pode se limpar e voltar para as suas amigas, elas estarão seguras, volte amanhã à noite e todas as noites depois, vou te ensinar como ser uma vampira de verdade. Nem preciso dizer que isso é nosso segredinho, não é-arinsu?
- Sim... minha senhora.
...............................................
Nota do autor
Sobre Evileye nunca ter bebido sangue humano, na minha fanfic me baseei na light novel alternativa A Princesa Vampira do País Perdido, na qual conta como Evileye foi transformada por magia e todos no reino viraram zumbis e ela absorveu parte desse poder que iria para, bem, não posso dizer, isso seria um spoiler.
Assim ela se tornou um vampiro e não tendo vítimas humanas por perto, para se alimentar usou animais, aí vem minha interferência:
Imagino que um reino infestado de zumbis deve ter afugentado todos os mercadores que o visitava, os aventureiros podem até tentar lucrar, mas levaria anos para alguém chegar na capital sem morrer, dando tempo para Evileye sair do frenesi sangrento e controlar a sede, nessa época ela estudava magia na biblioteca do castelo, assim se tornou uma poderosa maga sem usar os recursos do vampirismo.
Mais uma vez, esta é a minha versão da história para adaptá-la à minha fanfic, se você gostou é só dar um joinha 😉
Chapter 51: Orígens
Summary:
Inta tem seu primeiro encontro oficial com Ainz e Shalltear, todos aprendem algo.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins Mr.Bones trazendo outro capítulo explicativo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 44: Origens
Chapter Text
Semanas antes do encontro entre Shalltear e Evileyes.
— Não acho que seja uma boa ideia.
— Não seja covarde agora, você que insistiu em conhecê-la!
— Isso foi antes, agora não tenho mais certeza...
— Você já conheceu meu mestre, não há ser mais poderoso que Ainz-Sama – disse Entoma enquanto empurrava Inta pelos corredores da Grande Tumba.
Nas semanas seguintes, após o início do namoro de Entona, Ainz achou que já era hora de ter uma conversa mais profunda sobre a Pena Dourada e os conhecimentos do senhor Barintacha.
…………………………..
Horas antes
Inta ficou impressionado com a beleza e o tamanho de Nazarick, a exuberância era algo indescritível. Ao chegar na sala do trono, viu o verdadeiro significado de deus sentado em um trono negro. Após serem anunciados, ambos se trataram como se fosse a primeira vez que se viam, por motivos diferentes, obviamente.
— É um prazer conhecê-lo oficialmente, senhor Barintacha.
— A honra é minha por estar, pela primeira vez, neste salão na presença de Vossa Majestade.
— Senhor Barintacha, sei de suas intenções com Entoma e acredito que ela é mais do que capaz de tomar suas próprias decisões a esse respeito, por isso não entraremos neste assunto, ao invés disso, gostaria de falar sobre você, de onde veio, e como se tornou um vampiro, se não se importar de falar.
— De jeito algum, Vossa Majestade, eu nasci Inta Barintacha há 2742 anos, herdei um baronato no reino de Urth, tal reino não existe mais, ele ficava na fronteira com o antigo Reino dos homens-fera, o Império Tlamok, este também já desapareceu, absorvido pelo Triunvirato, me tornei um vampiro quando tinha meus 22 anos.
— Humm, interessante, aparentemente reinos vem e vão com certa frequência. Sobre seu agressor, ele era forte?
— Não sei dizer, Vossa Majestade, mas ele parecia confuso, ensandecido na verdade, como se estivesse no frenesi que acompanha os primeiros dias da transformação, eu mesmo passei por essa fase, o período é como um sonho e quase nada é lembrado. Quando recuperei a consciência já estava longe de minha casa e quando retornei todos estavam mortos, incluindo o povoado, não sei se fui eu ou o outro que fez tudo aquilo.
— Parece que trouxe lembranças ruins a você, senhor Barintacha, lamento por isso – falou o Rei Feiticeiro acenando com a cabeça uma mesura.
— Por favor Vossa Majestade, não se preocupe com tal coisa, enfrentar o passado as vezes é preciso.
— Ainda assim, lamento, gostaria de remediar enviando um presente, ouvi dizer que o senhor tem uma coleção de itens mágicos significativa.
— Ah! Sim, nada parecido com a beleza que vislumbrei hoje em sua casa, meu senhor, muitos dos meus itens foram adquiridos ao longo dos anos, seria um prazer mostrá-los com mais calma em uma visita mais apropriada, uma de minhas mais antigas aquisições é uma pena dourada com tinta infinita…
— Que curioso, ela faz algo a mais? – testou Ainz.
— Não que eu saiba, a comprei quando ainda era humano de uma caravana que vinha do extremo norte, um bem encontrado em uma ruína, como o povo que me vendeu não possuía uma língua escrita, a pena não tinha uma utilidade maior para eles, então me venderam por mantimentos, cavalos e carroças. Foi aí que comecei a minha coleção.
— Extremo norte você diz, talvez eu vá até lá algum dia, mas minhas responsabilidades por enquanto me mantém muito ocupado, como agora. Bem, Senhor Barintacha, encerramos esta conversa por enquanto, espero que o senhor aproveite a visita à minha casa. Nos veremos mais em outra oportunidade, agora, com licença.
Inta e Entoma abaixaram a cabeça enquanto o suserano se retirava.
— Sua Majestade Ainz Ooal Gown se retirou do salão – anunciou Albedo – Entoma, você acompanhará o senhor Barintacha em sua visita, não? Espero que tenham cuidado.
— Sim, Lady Albedo.
Entoma levou Inta para conhecer a biblioteca e o sexto andar, os locais mais seguros para visitas ao levar em conta que os outros andares tinham o objetivo específico de causar dano, depois seguiram para conhecer Shalltear que os esperava, andando pelo corredor cruzaram com uma figura conhecida.
— Senhor Yamashiro?
— Senhor Barintacha! O que o trás aqui?
— Eu que pergunto, o que você está fazendo aqui?! – disse o vampiro dando um forte aperto de mão.
— Eu moro aqui agora.
— Entoma estava te procurando, foi assim que conheci ela, como veio parar aqui?
— É uma história longa, talvez depois com uma bebida a gente possa conversar – disse TW vendo a impaciência de Entoma.
— Homens – comentou ela – se distraem facilmente.
— Me desculpe, senhorita Entoma, não era minha intenção atrasá-los para seu compromisso.
— Não se preocupe com isso, senhor Wild, não é como se tivéssemos horário marcado com Lady Shalltear.
— Vocês estão indo vê-la? Boa sorte com isso meu amigo – disse TW sorrindo enquanto se retirava sem dar maiores explicações.
— Agora estou preocupado – gemeu o vampiro.
……………………………
Agora
— Não seja bobo, ela não vai te comer – empurrava Entoma – pelo menos acho que não, afinal vampiros não podem beber sangue dos mortos, ou mortos-vivos como você.
— Não, não podemos, mas isso não quer dizer que não possam ser feitas outras coisas
— Eu te protejo seu covardão, chegamos, se comporte.
— Ok amor, vamos lá.
A noiva vampira que aguardava na porta anunciou.
— A senhorita Entoma e convidado.
— Aaah! Deixe-os entrar.
Ambos entraram na sala de estar do quarto, era luxuoso e ostensivo, com um estilo vitoriano, a vampira estava sentada em uma rica poltrona estofada que a fazia parecer mais alta. Shalltear ordenou ao primeiro vislumbre de Inta.
— “Ajoelhe...” – ela nem terminou a palavra e Inta já havia feito uma genuflexão.
— Barintacha Hierofantes VI, ao seu dispor, minha senhora.
— Humm, vejo que temos alguém educado aqui, talvez eu tenha me apressado e sido descortês, afinal.
— Não se preocupe, minha senhora, se eu fosse mais jovem, inexperiente ou arrogante, eu não reconheceria vossa superioridade e talvez tentasse confrontá-la, impor seu poder é a melhor solução para tais conflitos com outros vampiros, minha senhora.
— Bem, bem, bem! Entoma, onde você achou esse humilde galanteador?!
— Obrigada Lady Shalltear, mas acredito que nós dois nos achamos.
— Muito bonito de sua parte, senhor Barintacha, pode se levantar. Entoma me disse que o senhor é muito antigo, eu a contragosto devo admitir que não possuo tanta experiência sobre outros vampiros, meus deveres com a Grande Tumba de Nazarick impedem que me ausente ou interaja com tanta frequência.
— Sim, minha senhora, eu mesmo passei por um período de pouco esclarecimento devido ao meu isolamento auto imposto, mas desde então sempre busco novas informações e as compartilho com aqueles que tenham a mesma atitude que eu.
— E quais atitudes você busca? – disse Shalltear sentando de forma mais séria em sua poltrona.
— Convivência, busco alternativas para a interação entre povos de raças diferentes, mesmo entre nosso povo isso tem sido na melhor das palavras, difícil.
— Acredito que o senhor então já deve estar ciente das políticas do reino feiticeiro a esse respeito.
— Sim, minha senhora, as novas legislações têm ajudado muito com isso, há algo em particular que a senhora desejaria saber?
— Coisas simples como... qual a nossa diferença? Afinal, minhas noivas vampiras são invocações e sinto que, da mesma forma que você, não somos iguais
— Bem, além do nível, Entoma me disse que a senhora é uma vampira verdadeira.
— E o que isso significa para você?
— Realeza, quero dizer realeza entre os vampiros, o mais alto grau que poderíamos almejar, mas ainda assim impossível para a nós, alguns têm a pretensão de se nomear Reis Vampiros, mas são apenas uma paródia do verdadeiro poder.
— Por que?
— Porque somos diferentes, nascemos diferentes, mesmo agora sua presença a marca como diferente, vampiros nascem pela mordida de outros vampiros, podemos estar atrelados a este mestre se consumirmos um pouco de seu sangue, mas um Vampiro Verdadeiro um Original, surge da magia.
— Como invocações?
— Não, é difícil explicar, meus estudos mostraram a existência de poucos Vampiros Verdadeiros ao longo da história conhecida, o último que ouvi falar foi Landfall que desapareceu, as histórias dizem que ele foi enfrentado pelos Treze Heróis, mas voltando ao assunto, Vampiros Verdadeiros ou Originais se transformam por magia antiga, a “maldição” é passada de forma pura, só isso já os torna tão fortes quanto um Vampiro Maior, mas com o tempo e se alimentando de sangue, os poderes aumentam exponencialmente.
Shalltear se lembrava de que fora criada por Lorde Peroroncino, não apenas transformada em vampira por magia, mas feita do nada como uma, um poder supremo.
— Entendo que, com o tempo, a vida longa seja a vantagem para se aprender muito, e o sangue nos serve de alimento, mas parece que seja mais do que isso, não?
— Sim, minha senhora, podemos nos alimentar apenas com sangue animal, mas somente com sangue de seres inteligentes ganhamos força, quanto mais forte o ser, mais nos fortalece, mas às vezes mesmo alguém fraco nos dá um impulso maior.
— E por que isso?
— Acho que são possuidores de Talentos.
— Talentos, aqueles como ser capaz de ver a distâncias maiores sem o uso de artes marciais ou ver níveis?
— Sim, algumas pessoas nascem com essas capacidades, mesmo ser forte já é um talento, o mais comum na verdade, as pessoas normais não chegam ao nível ouro em força, velocidade ou destreza, quem passa disso não são muitos aventureiros, além para os níveis Mythril ou Orichalcum são mais raros ainda, os Adamantite estão nos níveis de heróis, acima disso apenas os Godkins e os próprios chamados deuses.
— Os Godkins são os filhos e netos dos seus deuses.
— Sim e até mesmo descendentes dos Reis da Ganância, das Divindades Malignas ou de deuses mais antigos esquecidos.
— Então seguindo essa linha, talvez seus bisnetos, tataranetos ou a décima geração possa ter uma parte ínfima desse sangue, assim originando esses talentos latentes, por isso que o sangue de seres inteligentes deve nos fortalecer, sugamos o poder desses antigos “deuses” – concluiu Shalltear com desdenho.
— Minha senhora, isso é surpreendente, tal noção põe em xeque a maioria das religiões, pois tornaria grande parte da população, senão toda ela, herdeira desses deuses.
Shalltear estufou seu disfarçado peito plano com a descoberta que acabara de fazer.
— ‘Vou contar imediatamente para Ainz-Sama, não, ele já deve saber disso, que bobagem a minha, mas Demiurge deve ter uma utilidade para tal informação e eu posso me gabar com aquela Gorila, será tão humilhante para ela hi! hi! hi!’ – divagava em seus pensamentos a vampira.
— Lady Shalltear? Lady Shalltear? – chamava Entoma, mas sabia que havia perdido sua anfitriã por algum tempo para os devaneios.
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Nota do Autor
Olá, neste capítulo eu mostro a minha interpretação deste mundo, onde Jogadores chegam a milhares de anos, obviamente seu sangue estaria disseminado pela população que talvez eles mesmos possam ter dado origem.
Afinal imaginem uma guilda famosa de Idols de Ygdrassil dando uma festa de despedida para milhares de convidados, como em uma festa de ano novo e de repente ao final do jogo são transportados para o Novo Mundo, a centenas de milhares de anos antes da chegada de Nazarick , eles dariam origem a uma nova população, talvez se misturando aos nativos ou não.
Bem, isso é assunto para outros capítulos, aguardem😁
Chapter 52: Interludio 8
Summary:
Apenas uma cena de bar.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, mais um interludio chegando de minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 8
Chapter Text
— ...e foi assim que nos apaixonamos.
— UAU! Então você é o Homem-Morcego que todo mundo fala e Entoma é a Garota Aranha! Nunca vi uma história voar tão rápido.
— Ela prefere Aranha-Negra, na verdade – Inta adicionou com uma voz mais embriagada do que esperava.
Entoma precisou se ausentar após o encontro com Shalltear, assim ela pediu para TW fazer companhia para Inta neste meio tempo, então ambos acabaram no bar da Grande Tumba.
— Isso é bem forte, não?
— Obrigado, senhor Barintacha, me orgulho de meus drinks. Como a maioria dos seres da Tumba é imune a envenenamento, precisei fazer bebidas que burlassem esse status, mas mantivessem o efeito, o que o senhor está bebendo é apenas mais forte que o normal, para aqueles resistentes a envenenamento, se fosse do outro tipo, provavelmente o senhor já teria desmaiado.
— Eu nem mesmo posso chegar perto de um desses – falou TW também com voz embriagada.
— Vocês são muito frágeis – disse Éclair bebendo de um copo alto com várias camadas coloridas.
Neste momento, uma figura praticamente se jogou no balcão.
— EEEI! Se não é meu amigo Climb, como tá você Climb? Esse é o meu amigo Inta – TW falou animado enquanto colocava o braço ao redor dos ombros do vampiro.
— Olá senhor Wild, senhor Inta, senho Éclair. Uma bebida, Piki, forte.
— Não parece bem, garoto.
— Estou cansado, não sei o que fazer.
TW pode ver como Climb havia mudado nessas poucas semanas que se conheceram, o corpo demoníaco antes musculoso agora parecia... menos musculoso e o abdômen trincado já tinha uma pequena barriga começando a surgir.
— Bobagem meu amigo, quem não quer ter uma vida sem preocupação com a mulher que ama?
— Eu sei, eu amo ela, mas eu não faço mais nada – disse ele engolindo a dose inteira.
— Vai com calma com isso garoto – TW então fez algo estranho, começou a cantarolar.
♫ Louie, Louie, oh no, me gotta go... Pã! Pã! Pa rã rã rã pã!
Louie, Louie, oh baby, me gotta go. Pã pã pã pã pã pã pã!
A fine young girl, she wait for me.
Me catch the ship across the sea.
Me sail the ship all alone.
I never think I'll make it home. ♫
No segundo refrão os outros três já cantavam junto, mesmo não sabendo a letra.
♫ Louie, Louie, oh no, me gotta go. EYEYEYeyeeaaahhh!
Louie, Louie, oh baby, me gotta go EYEYEYeyeeah... ♫
Ao final da música, Climb tomou seu quarto drink e desmaiou no balcão. Foi neste momento que surgiu uma silhueta na porta.
— Então é aí que está você meu Climbezinho – disse a pessoa fazendo uma voz infantil.
— Olá, princesa Renner.
— Boa noite, senhor Éclair, senhor Wild, já disse que o senhor não precisa me chamar de princesa.
— Certo, senhorita Renner, este é...
— O Senhor Barintacha, namorado de Entoma.
Inta levantou-se e fez uma mesura.
— Um prazer, senhorita Renner.
— Então, o que houve com Meu Climb? – questionou ela frisando a última parte.
TW se levantou e fez um gesto com a cabeça para irem ao fundo do bar.
— Me desculpe senhorita, mas Climb meio que desabafou um pouco, ele acha que está sem perspectivas, eu disse que era bobagem, afinal quem não quer descansar em casa e receber a mulher que ama ao final do dia?
— Ele não está contente?
— Imagina, ele deve estar muito feliz, não precisa se preocupar em se superar, ninguém vai zombar dele se ele não puder se defender, além disso não tem problema nenhum ganhar algum peso, ou relaxar um pouco na higiene, o amor não vê essas coisas, não é?!
Renner arregalou os olhos e pela primeira vez em semanas viu como realmente Climb estava.
— Obrigada pela conversa, senhor Wild, mas temos que ir, Climb venha, vamos pro quarto, você vai tomar um banho e amanhã vai começar a treinar, vou pedir um favor ao Lorde Cocytus... – e a conversa de Renner puxando Climb pela mão sumiu no corredor.
— E o que era um Quarteto, virou um Trio hein meus colegas?
— Aham! Acho que já podemos ir Inta – veio uma nova voz da porta.
— Oi Amor, sim vamos indo, até outro dia Wild, senhor Éclair.
— Aqui, beba uma dessas, vai cortar o efeito de envenenamento – falou a empregada entregando uma poção.
— E a outra branca?
— Essa é para... se surgir uma emergência... – falou Entoma enquanto seguiam pelo corredor.
— E rapidamente o que era um Trio virou um Duo.
— Acho que vou me retiram também senhor Wild, afinal a limpeza não tem hora – disse Éclair sendo carregado por um mordomo visivelmente mais forte do que o normal e que usava uma máscara de Luchador.
— Êeeee virou um Solo, só faltava um piano para eu tocar – disse o humano enquanto mexia os cubos de gelo em sua bebida e cantarolava baixinho.
♫ Louie, Louie, oh no, me gotta go...
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Nota do Autor
Esta cena eu fiz para introduzir dois personagens complicados, Climb e Renner, não tem muita informação sobre eles após os eventos do volume 14, então estou criando coisas como o fato de Climb ser mantido fraco por Renner estar sugando sua... aham "alma", se é que vocês me entendem.
Além disso fiz uma cena de bar que eu sempre quis, eu postei uma enquete sobre a música que eles cantam que é de uma cena engraçada de um filme, ganhou que eu deveria mudar por uma música nacional, mas ninguém deu uma opção e eu me nego a por Evidencias.
A cena: https://youtu.be/dY3BHAz_IiU
Chapter 53: Criação
Summary:
TW encontra alguém conhecido.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo de um novo arco da minha fanfic Aquele que Voltou.
Sim tem um novo OC que introduzi. 😁
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 45: Criação
Chapter Text
- ...assim, o Guerreiro Takemikazuchi se tornou Rei após salvar a princesa das garras do vilão, seu escudeiro Cocytus virou Mestre de Armas e em determinado tempo passou a ensinar a Arte do Guerreiro para seus afilhados, os filhos do rei."
- Que. Lindo. Uma. Aventura. Com. Meu. Criador. E. Ter. Afilhados. Maravilhoso. Mas. Fico. Triste. Por. Que. Isso. Nunca. Vai. Acontecer.
- Ora meu amigo, não fique assim, saber o que poderia ter sido não diminui a vida que você tem, é preciso ver a felicidade que já possui e as oportunidades que virão.
- Sim. Oportunidades. Que. Virão. Obrigado. Senhor. Wild.
- Venha sempre que quiser.
Com semanas morando no sexto andar, essas visitas se tornaram frequentes após um encontro na Arena onde Cocytus treinava alguns homens-lagarto, Climb e um humano de cabelo azul.
A campanha no Reino Dracônico tinha sido relativamente rápida, já que era necessário só expulsar o exército de homens-fera e não precisavam se conter. Agora os mortos-vivos fazem a segurança nas fronteiras da zona tampão que é o novo território do Reino Feiticeiro e dá acesso ao mar.
TW seguiu passeando pelo gramado como sempre fazia, de vez em quando uma pedra ou galho passava voando perto de sua cabeça, mas nada o perturbava, até que ele sentiu a presença misteriosa.
- 'Como imaginei, ele vem com regularidade, vamos ver quem é afinal' - pensou TW.
Seguindo pela borda da floresta e contornando uma grande pedra, TW se escondeu, seu perseguidor continuou até perceber que o havia perdido.
- Olá! Posso ajudá-lo? - disse TW para a pessoa.
Quem se virou de forma assustada foi um mordomo usando fraque e uma máscara parecida com a de lucha libre.
- Ah! Olá! Eu... eu, eu não uff! queria incomodar - respondeu a pessoa com voz abafada pela máscara.
- De maneira alguma é um incomodo, mas percebi que não é a primeira vez que você me procura - tímido talvez - os habitantes da Grande Tumba não parecem gostar muito da minha presença - falou TW desviando de outra pedra que passava.
- Eu não sabia o que falar, eu não sei por que estou vindo aqui.
- Vamos, comece do princípio, o que aconteceu?
- E-Eu vi uff! eu vi o senhor andando no corredor junto a Ainz-Sama uff! e os guardiões, semanas atrás, e depois no bar, desde então tenho uma sensação, não sei dizer o que é, uuff!
- Acho que você poderia tirar a máscara, assim podemos conversar melhor.
O mordomo então puxou a máscara, surpreendendo TW.
- Oi, eu sou Oni - se apresentou a mulher usando terno de mordomo.
Oni tinha a pele clara e longos cabelos brancos, observando melhor seu corpo era bastante forte, por isso TW a confundiu com um homem, mas sua voz e seu rosto eram suaves e delicados.
- A-Ah! Oi Oni, eu me chamo Wild, é um prazer te ver... CUIDADO!! - Wild gritou ao ver uma rocha muito grande caindo sobre eles, antes que ele pudesse fazer algo ela os atingiu.
Pelo menos foi o que ele pensou, a rocha estava parada no ar sendo segurada por Oni, que agora tinha por cima da roupa de mordomo uma armadura do tipo gladiador, com ombreira em apenas um dos lados, parte de um peitoral, protetores nos antebraços, botas pesadas de metal com joelheiras e cotoveleiras blindadas, em sua cintura um saiote de pele de tigre e pendurado ao seu lado uma clava de ferro com espigões em todo o seu comprimento, sua pele agora era vermelha e ostentava dois cifres que saíam de seus longos cabelos brancos.
- "Eu disse pra tomar cuidado, só queremos que ele vá embora" - sussurrou uma voz vinda da floresta, tão baixo que ninguém ouviu.
- "M-Me desculpe, s-seu p-pássaro passou na frente quando f-fui jogar" - sussurrou outra voz infantil.
- OI! Me desculpe senhor Wild, estamos treinando e acho que algumas pedras escaparam - disse a voz animada de Aura.
- Não foi nada, um acidente, não é mesmo?! Ainda bem que a senhorita Oni estava aqui.
- V-Você é um dos m-mordomos de Éclair?! - disse Mare com sua voz vacilante.
- Sim, estou em meu dia de folga Lorde Mare, um bom dia para você também Lady Aura.
- O que você está fazendo aqui? Mas que bom que tenha vindo - continuou a elfa com certo alívio, afinal se não fosse por Oni, os gêmeos em sua tentativa de importunar TW poderiam tê-lo matado.
- Eu vim ver o senhor Wild, Lady Aura, algo nele parece atrair a minha atenção, é como se eu lembrasse de algo esquecido, mas ainda assim não soubesse o que é, eu... eu não sei o que é - confessou Oni caindo de joelhos enquanto sua armadura desaparecia.
- Me desculpe Oni, acho que pode ser a minha aura, ela faz com que as pessoas que não tenham uma atitude hostil se abram comigo, é como se percebessem que não sou perigoso e relaxassem, não consigo controlar isso e sei que não funciona se a pessoa não gosta de mim antes de me ver - disse TW para Oni, mas pareceu ser para Mare e Aura.
- Você é criação dele, não é Oni? Criação do Ser Supremo Totally Wild - falou Aura percebendo uma ligação entre os dois.
- Sim, eu sou, mas não me lembro dele, sei o nome de meu mestre, mas não lembro o seu rosto, ele foi embora, ele me abandonou e não me lembro dele... -então Oni chorou abertamente.
Os gêmeos foram atingidos pelo sofrimento de Oni, essa era a mesma angustia que passavam quando pensavam e Bukubukuchagama, mas elas se lembravam de seu rosto e do tempo que passaram juntos, Oni deveria estar sofrendo muito mais.
- Oni, seu... criador não te abandonou, ele foi embora porque foi obrigado, ele te amava e amou o pouco tempo que tiveram juntos - TW segurava a cabeça dela contra seu ombro tentando consolá-la.
- Seu nome senhor Wild, é o mesmo dele, você é meu mestre?
- Não... não sou o seu mestre, mas posso ser seu amigo, se quiser.
- E-Eu gostaria, me sinto bem com o senhor, posso vir visitá-lo em minhas folgas?
- Sempre que quiser Oni, vamos, deixe eu enxugar esse rosto - falou TW com carinho para a mulher maior que ele.
- Certo, eu preciso ir, meu plantão deve começar logo, vejo o senhor daqui a alguns dias?
- Sim Oni, com certeza! - TW acenava com alegria.
- Você criou ela, não é?
- Sim, Lorde Mare.
- Então você é o mestre dela! - disse Mare estranhamente não gaguejando ao falar com TW.
- Não Lorde Mare, eu não sou mais aquela pessoa e nunca fui um mestre, da mesma maneira que os outros que criaram todos de Nazarick, eu tinha um objetivo. Sua criadora Lady Bukubukuchagama, por exemplo, não queria servos, no final ela queria filhos.
- Filhos! Mare! Somos filhos de Bukubukuchagama!
- S-Sim nee-san, mas e você - disse Mare mudando o jeito de falar -o que você queria se não fosse um servo?
- Eu... eu queria... queria... uma companheira - respondeu TW abaixando a cabeça envergonhado.
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Dias depois
Lupusregina andava pelos corredores de Nazarick, sua atenção ultimamente estava dispersa, sem poder incomodar Enri ela tinha mais tempo livre do que queria, então ela se viu seguindo pelo corredor do sexto andar, logo à sua frente estava aquele que atormentava seus pensamentos.
- Wiiiild! - rosnou ela logo atrás de TW.
- Yes, Satan! Oh! É você Lupus, tudo bem?
- Não me venha com Lupus.
- Desculpe, achei que já éramos amigos o bastante para te chamar assim.
- O que te faz pensar que somos amigos? Você me amaldiçoou e me fez parecer uma tola diante de meus superiores - Lupus não fazia a menor questão de esconder sua raiva.
- Mas foi divertido, não é?! Vamos lá, se fosse com outra pessoa você estaria morrendo de rir.
- Mas não foi, foi comigo.
- Então não foi legal, fazer os outros sofrerem só para se divertir não é legal, hummm que ideia diferente.
- Pare de zombar de mim!
- Eu já te pedi desculpas antes mesmo de te amaldiçoar, o que você espera de mim, Lupus?
- Eu, eu não sei, minha cabeça está estranha desde que eu te conheci, eu te odeio pelo que fez, mas te odeio mais pelo que você é.
- O que eu sou? Um antigo Ser Supremo? Um Humano?
- Não, pelo jeito que você é, você está aqui há apenas alguns meses e as empregadas nem se incomodam mais com a sua presença, os demônios te ignoram completamente, nem ponha a culpa na sua aura, sei que não é só isso.
- Talvez seja o meu jeito de falar, hahaha! Desculpa, o que posso fazer, as pessoas às vezes só querem um pouco de cordialidade, simpatia...
- Eu sou simpática - murmurou a empregada.
- Aaaah! Não se trata de mim, não é?
- Não sei o que você quer dizer.
- Será que poderia ser a respeito de uma certa garota...
- PARE DE FALAR DISSO!
- Certo, talvez você queira conversar sobre outra coisa então.
- Você conheceu o meu criador, não é?
- O Rei Fera? Sim conheci, vem comigo, vamos andar, preciso ir para a Arena. Conheci ele bem no pouco tempo em que estiva na guilda e um pouco antes, mas fui amigo dele, mais do que dos outros na verdade.
- Mesmo Lorde Ainz?
- Lorde Ainz foi um amigo e até um mentor, mas como líder da guilda era difícil para mim tratar diretamente com ele, então sim, eu era mais próximo do Rei Fera, foi em uma de nossas conversas que ele me contou como se chamaria sua criação, você.
- Por que ele me fez assim?
- Assim como?
- Assim, do jeito que sou, por que lobisomem, por que clériga, por que...
- Sádica?
- Sim.
- Bem, na época tudo que queríamos era defesa, força, maximizar o que podíamos ter, uma personalidade sádica era talvez a melhor opção para lidar com inimigos.
- Então somos apenas ferramentas - concluiu Lupus.
- Não, de jeito nenhum, cada um de nós colocou muito de si em suas criações, não esperávamos que algum dia uma mudança de mundo afetaria tanto vocês, você se lembra de pregar tantas peças em Yggdrasil?
- Não, não me lembro de fazer nada disso, apenas me diverti quando houve a invasão, no resto do tempo... me lembro muito pouco.
- Muito mudou quando trocamos de mundo, tudo foi amplificado, sua Bola de Fogo mais simples é muitas vezes mais poderosa do que a maioria, sua própria natureza pode ter sido amplificada.
- Então eu não deveria ser assim?
- Não sei, isso é algo que você deveria decidir, você está feliz?
- Eu era feliz, até te ver na vila.
- Sei, talvez você queira algo diferente, não digo para abandonar tudo que torna você o que você é, mas mudar às vezes é bom, acredito que saber esses limites pode ser um desafio novo.
- E se eu não quiser mudar?
- Então você continuará a ser você mesma, de qualquer maneira, mesmo mudando você ainda será você.
- Você fala sempre em enigmas?
- É uma maneira de parecer inteligente hehehe! Bem, já que estamos aqui, você poderia me ajudar em algo?
- Me parece que tudo sempre é planejado com você.
- Talvez! Na verdade, eu ia pedir ajuda aos gêmeos, mas será que você poderia me fazer o favor de treinar com aquela pessoa? - disse TW apontando para o mordomo no meio da arena.
- É um mordomo de Éclair?!
- Sim.
- Por que?
- Porque vou te dever um favor.
- Olha, não vou me conter, se morrer, morreu.
- Espera, não...
TW nem conseguiu terminar a frase e Lupusregina já se lançava em direção ao mordomo, com o impulso ela desferiu um soco no peito de seu adversário, foi o que ela pensou, mas em vez disso seu punho foi agarrado e com um giro ela atingiu o chão, na verdade não atingiu realmente o chão, ela evitou o golpe com um rolamento usando a mão livre.
- Wow, que truquezinho-su!
O mordomo assumiu uma posição estranha, em vez de ter os punhos cerrados para golpear, ele mantinha as mão abertas.
Lupus começou outra corrida, mas antes de atingir seu alvo saltou por cima dele caindo logo atrás, para sua surpresa novamente o mordomo fez algo estranho, ele se inclinou quase fazendo uma ponte, a agarrou pela cintura e puxou para frente como um Suplex invertido, enfiou a cabeça de Lupus no meio das pernas e saltou para realizar um golpe conhecido como Pilão.
Antes de atingir o chão, Lupus se soltou apenas usando a força de seus braços, golpeou o mordomo e o arremessou para longe, a única coisa que caiu por perto foi a máscara que usava.
- É uma garota! Bem que achei perfumada demais.
- Oi! Oni! Você está bem!
- Sim senhor Wild, estou bem.
- Pare de me chamar de senhorWOW!!! - disse TW esquivando de um golpe que veio na direção de ambos.
- Não é hora para conversa-su.
Desta vez Lupus usava seu báculo enquanto sorria, Oni rolou para longe e quando se levantou estava usando sua armadura de batalha.
- Você tem equipamentos! Vamos ver se eles são bons.
Com dois golpes a clava de Oni se despedaçou, mas então o que sobrou em sua mão desapareceu, no seu lugar surgiu um grande facão pesado com anéis de metal em seu dorso, tentando golpear Lupus usando giros e rolamentos, mas teve sua lâmina agarrada e partida com uma das mãos.
Oni se afastou e em suas mão agora tinha um bastão longo com uma lâmina na ponta, novamente ela tentou afastar Lupus, mas a empregada era mais rápida, muito mais rápida, seus olhos brilhavam quando atingiu o mordomo no peito, cortando no meio o bastão e quebrando sua armadura.
- ONI! - gritou TW.
Lupusregina se aproximou do mordomo caído, ela viu o desespero no rosto de TW, ele tinha medo por ela.
- Não, por favor - sussurrou o humano.
O sorriso sádico surgiu maior do que nunca no rosto da empregada, ela imaginou o quanto TW sofreria por uma perda como essa, então levantou seu báculo e golpeou, atingindo o chão ao lado da cabeça de Oni.
- Olá garota, eu sou Lupusregina, oops! Deixe que eu ajudo a curar isso, Cura Menor!
Uma luz envolveu o mordomo fechando o ferimento em seu peito e então sumiu.
- O-Obrigada senhora Lupusregina, eu sou Oni, sou um mordomo ao seu dispor...
- Não, você não é, o que ela é, Wild?
- Ela é que nem o Sebas Tian.
- Um monge?
- Não, um Mordomo de Guerra, como as Plêiades, a ideia era criar outro time de defesa, ela usa agarrões em vez de socos.
- Mas ela é bem fraca.
- Pudera, ela tem metade da sua força, seu criador não teve tempo para passar mais níveis.
- Aaah! Agora entendi, seu criador... então ela treinar pode fazer subir de nível?
- Talvez, ela quer poder fazer mais pela Tumba.
- Pela Tumba, sei, bem, agora eu tenho que ir.
- Obrigado pela ajuda, Lupus. Sabe, acho que você devia ir visitar Carne, faz tempo que você não vai lá, não é?
- Sim... algum tempo, obrigado por me lembrar Wild. Até mais, Oni-su.
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Nota do Autor
Aqui eu apresentei um novo personagem OC, Oni.
Sua aparência humana eu me baseei em Noi do anime Dorohedoro, quem não assistiu, ASSISTA!
Já sua aparência transformada eu peguei da Web Comic Oni GF, espero que tenham gostado dela ❤️
Chapter 54: Descobertas
Summary:
Lupusregina vai visitar sua amiga e faz descobertas surpreendentes.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo de minha fanfic Aquele que Voltou.
Aqui eu apresento um novo personagem OC, no final deste capítulo tem mais explicações. 😉
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 46: Descobertas
Chapter Text
Yuri Alpha andava pela rua principal da Cidade de Carne, tinha uma prancheta nas mãos e se dirigia para a prefeitura.
Lupusregina a reconheceu de longe, ela nunca vinha a cidade, esta era uma oportunidade única para uma brincadeira, então resolveu ficar invisível, já estava pronta para dar um susto em sua irmã, quando de repente foi atacada.
— O QUE?! ME SOLTA! – gritou ela tentando tirar o que estava agarrado às suas costas.
Um cena estranha onde uma coisa pequena e peluda saltitava no ar, foi difícil para Lupus conseguir puxar a criatura pois era muito rápida.
— O que é você? – perguntou Lupus eufórica após desfazer sua invisibilidade olhando para pequena coisa peluda que mostrava os dentes afiados.
— É uma criança Lupusregina, ponha ela no chão.
— O que ela... o que você está fazendo aqui Yuri?
— Vim falar com a prefeita, gostaria de abrir um novo colégio, E-Rantel já está sobrecarregado.
— E por que a coisinha peluda? – Lupus falou olhando para a criança que correu e se agarrou à perna de Yuri, parecia um pequeno animal, se não fosse o fato de usar roupas e andar em duas pernas.
— A criança não pode ficar junto das outras, ela é forte demais e as escolas hoje têm muitos humanos, mas parece que ela não se dá bem mesmo com outros demi-humanos.
— É porque ela não é um demi-humano, é um homem-fera, um homem-fera raposa – esclareceu Lupus.
— Qual a diferença? – Yuri questionou.
— Seria o mesmo que dizer que elfos e humanos são a mesma coisa – respondeu a empregada ficando invisível novamente.
— Humm! Isso faz bastante sentido, já que foi encontrada durante a campanha no Reino Dracônico.
— Foi o Exército Real que... os pais dela? Você sabe... – perguntou Lupus ao ver a cicatriz que sumia em meio aos pelos da cabeça da criança.
— Não, a invasão na verdade era uma expansão, assim havia grupos civis se assentando, quando souberam da chegada do exército Real esses civis sabiamente tentaram fugir, mas o exército dos homens-fera não soube lidar bem com aqueles que perceberam a tolice de lutar contra Sua Majestade, vilas inteiras foram encontradas massacradas pelos seus próprios conterrâneos.
— Então ela não tem ninguém.
— Não, mas... o que você está fazendo Lupusregina? Ouço você andando à minha volta, e por que você está invisível?
— Ela pode me ver.
— O que? Quem?
— Ela, a bolinha de pelos, ela pode me ver, achei que era pelo cheiro, mas ela pode me ver – disse Lupus sorrindo, então arreganhou os dentes, a criança mostrou os dela, quando mostrou as garras a menina imitou enquanto acompanhava olhando diretamente nos olhos da empregada invisível.
— Incrível! – exclamou Lupusregina pegando a criança por debaixo dos braços – ela pode ver o invisível!
Então a criança esticou os braços para a empregada e falou para surpresa das duas irmãs:
— MAMA.
— O que?! – disseram as duas juntas.
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Algum tempo depois
— VULPES! ESTÁ NA HORA DE LEVANTAR! – veio o grito da cozinha.
A garota raposa se espreguiçou, rolou seu corpo esbelto para fora da cama e começou a se vestir. Ela era tão alta quanto sua mãe, e se continuasse a ganhar níveis, provavelmente ficaria ainda mais alta .
Usando sua roupa de empregada ela chegou à cozinha, como sempre nem foi notada, então se esgueirou até a vítima mais próxima e...
— BOO!
Entoma cuspiu uma teia que atravessou a sala atingindo a parede oposta, formando uma rede.
— PARE COM ISSO MENINA! Juro que se você não fosse minha sobrinha eu já teria te colocado em um casulo e sugado os seus fluidos.
— Eu também te amo tia Entoma – Vulpes beijou a bochecha da Empregada de Batalha – pode botar toda culpa nos erros de criação – ela disse olhando para sua mãe que apenas sorriu do outro lado da mesa.
— Não sei como você consegue fazer isso sem invisibilidade.
— Tive ótimas professoras, tia Entoma. Como estão as meninas? – Vulpes disse enquanto beijava o rosto de cada uma das tias.
— Estão bem, ainda em missão fora do reino, isso me deixa sempre preocupada – Entoma falou enquanto mordiscava uma maçã dourada.
— Não se preocupe querida, elas aprenderam tudo que podiam, e são as minhas primeiras e melhores alunas – disse Solution.
— EI! – exclamou Vulpes, recebendo apenas uma piscadela de Solution.
— Você não foi a única a ensinar algo – reclamou Narberal Gama enquanto indicava cada uma na mesa – Entoma ensinou entomancia desde que elas mostraram capacidades mágicas, eu ensinei magias de ataque, CZ armas, Yuri defesa pessoal, e Lupusregina cura.
— Mas quando chegaram à idade de escolher uma escola, elas preferiram a Arte do Assassinato de sua madrinha preferida – disse Solution com orgulho enquanto engolia a sua maçã de uma vez só, então ela viu como Entoma parecia chateada – não se preocupe querida, elas estão bem, você sempre se preocupa à toa, no final de semana elas vêm para o aniversário da Vulpes.
— Ai, ai! Certo, tudo bem.
— Solution, não esqueça de cuspir as sementes, elas precisam ser plantadas. Agora, mudando de assunto, e você Vulpes, em qual nível está?
— Não tenho certeza, tia Yuri – disse a garota olhando para a sua cauda que se abriu em três – acho que estou entre o nível 40 e 50, Lady Aura diz que talvez devo ganhar outra cauda ao atingir nível 50... provavelmente.
— Isso deve ser logo então, como previsto talvez adquira a habilidade de mudar de forma ao chegar neste novo nível, algo útil na sua classe como ladino acredito, o que você vai fazer hoje? – perguntou Yuri Alfa.
— Hoje será serviço de escolta, a Governadora vai visitar Lizard Town, negócios com o novo prefeito, devemos passar muito próximo de Tob e acham melhor se precaver.
— Eu vou junto!
— Não mãe, por favor, sei que Enri é sua amiga, mas você estiver junto, não vai me deixar fazer o meu trabalho direito.
— Certo, então espero vocês em Lizard Town?
— Obrigada! O que tem para o café da manhã?
— O mesmo de toda sexta-feira – falou Lupus colocando uma maçã dourada no prato.
— Maçã de Idun, de novo… – resmungou a garota raposa.
— Não reclame mocinha, olhe sua tia Entoma, ela com certeza preferia comer um bracinho bem gordinho.
— Não me trate como criança mãe, tenho 80 anos, e a tia Yuri não come.
— Você VAI fazer 80 anos. Yuri é uma morta-viva, ela não precisa das maçãs douradas para... “viver” para sempre, e olhe para mim, como você acha que eu mantenho esse corpinho?
— Você é um lobisomem – murmurou a garota raposa.
— VULPESREGINA BETA, será que vamos ter a mesma discussão toda semana? Lobisomens também envelhecem sabia? Olha, se você comer rápido ainda dá tempo de eu fazer uma porção de bacon para todas.
— IEEÊ!!! – comemorou Vulpes, a Empregada de Batalha mais nova.
— Nossa, eu tenho certeza que não dava tanto trabalho assim quando era mais jovem.
Então todas as Plêiades pararam o que estavam fazendo, olharam para Lupusregina e... caíram na gargalhada.
— O que? – disse Lupusregina.
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De volta aos dias atuais
— Do que ela me chamou?
— Creio ter ouvido ela dizer “Mama”, acredito que ela esteja confundindo você com a mãe perdida.
— Ei! Eu não sou mãe.
— Mama!
— Não, eu sou Lupus, não...
— Mama! Mama!
— Desista Lupusregina, pelo que sei das crianças demi-humanas, elas só começarão a desenvolver a parte lógica mais ou menos nesta idade, antes disso somente usam a parte instintiva, provavelmente deve ser igual para ela que ainda não deve falar mais do que isso.
— O que você vai fazer com ela?
— No Instituto? Terá que ser isolada, ela é um perigo perto do berçário e não socializa com as outras crianças, talvez uma invocação possa ficar de olho nela até que achemos uma solução melhor. Já que você está aqui Lupus, pode cuidar dela um pouco, preciso tratar com a prefeita.
— C-Certo, mas não sei o que fazer.
— Seja... simpática.
— Ok, então bolinha de pelo, o que vamos fazer?
— ‘Ai, ai, sinto que estou cometendo um grande erro’ – pensou Yuri Alpha.
Dentro do escritório da prefeita.
— Papelada, papelada, tantas coisas para fazer – disse Enri após colocar o filho de volta no berço e deixá-lo aos cuidados da babá goblin na sala ao lado de seu escritório.
— Senhora Prefeita, a Diretora do Instituto de Atendimento aos Órfãos está aqui para vê-la, ela tem horário marcado – anunciou a secretária.
— Oh! Sim, peça para ela entrar, e traga uma chá por favor, obrigada.
— Bom dia senhora Prefeita, sou Yuri Alpha, Diretora do Instituto de Atendimento aos Órfãos.
— Bom dia Diretora Alpha, eu sou Enri Emmot, é um prazer conhece-la! Por favor, sente-se. Então, o que a traz à nossa cidade?
— Venho tratar a respeito do desenvolvimento da cidade de Carne, mais precisamente no quesito educação.
— Oh! Nós já possuímos escolas, mas entendo que logo precisaremos construir mais uma. Sendo assim, qual o motivo da preocupação?
— Na verdade, trata-se de planejamento futuro, estou autorizada por Sua Majestade para solicitar a construção de um novo Instituto aqui em Carne.
— Mas nossa cidade ainda é muito pequena, não temos tantos moradores, e agora sem nenhum conflito maior acontecendo, também não temos tantos órfãos, a não ser que haja alguma guerra eminente!
— Não, não, nada planejado para os próximos anos, mas visto a velocidade de expansão de ambas as cidades e as direções convergentes que parecem indicar seu crescimento, acreditamos que ambas devam estar unidas por uma cordão umbilical em menos de cinco anos, em dez serão uma única metrópole superando Arwintar.
— Então a administração já prevê novas escolas fora de sua área atual – ponderou a prefeita.
— Não apenas isto, já devo informar que é de interesse do Reino em ampliar toda a capacidade administrativa de Carne e suas instalações.
— Novamente?!
— Novamente, inclusive os pousos de dragon frost passarão dos atuais um por semana para um a cada dia já no próximo mês, esperamos uma nova leva de moradores do Reino Anão, as forjas de Runecraft fora de Azerlisia serão centralizadas aqui definitivamente, acreditamos que as poucas em E-Rantel serão mantidas apenas para maior exposição da arte e manutenção.
— Temos poucas opções para expandir a cidade, as lavouras estão ao nordeste e leste, ao norte está a grande floresta de Tob, e desde que as novas leis de preservação foram implantadas, não podemos desmatar mais do que é possível replantar. Mesmo com magia druídica, ainda leva anos para uma área ser autossustentável, sabe? O solo precisa se recuperar do crescimento acelerado. Então realmente sobra apenas o sul, em direção a E-Rantel.
— O Rei Feiticeiro e a administração então cientes da tradição agrícola da antiga vila, mas como sua agricultura sempre foi de subsistência, acreditamos que com as novas implantações o potencial industrial e comercial da Cidade de Carne será predominante, e com os impostos arrecadados o abastecimento da cidade será garantido.
— Acredito que as fazendas já existentes não serão desocupadas para este novo crescimento, pelo menos por enquanto? – Enri interrompeu a explicação de Yuri Alpha.
— Não há uma previsão de desocupações para os próximos 50 anos, os projetos serão revistos anualmente, claro, mas acredito que as próximas duas gerações ainda terão mantidas as suas fazendas.
— ‘Previsões para décadas, planejamentos que podem levar gerações para acontecer, a visão do Reino Feiticeiro é divina!’ – pensou a prefeita imaginando se veria alguma dessas coisas acontecer em seu tempo de vida.
Os pensamentos de Enri foram interrompidos pelo conhecido arranhar na janela, somente uma pessoa faria isso em uma janela do terceiro andar, sua... amiga, que geralmente ficava fazendo algo estranho no lado de fora.
— Há quanto tempo que você não me visitaLupus, mas não vai conseguir me assustar depois de todos esses meses – comentou a prefeita despreocupadamente sem tirar os olhos de sua mesa.
— Não sei do que você está falando Enri-su – falou Lupus surgindo ao lado de Yuri Alpha.
— O que? Se você está aí, então quem?
Enri se virou em direção à janela e levou o maior susto dos últimos meses, postada do lado de fora estava uma criatura pequena e peluda, com dentes pontiagudos lambendo o vidro de forma assustadora.
— AAAAAaaaah! – gritou a garota quase caindo por sobre a mesa.
— Hahahaha! Então é aí que você está sua malandrinha, vem aqui comigo – falou Lupus abrindo a janela e deixando a criança raposa entrar.
— Q-Quem é ela?! – perguntou Enri pegando uma xicara de chá de forma tremula e bebendo um gole para se acalmar.
— É a minha filha!
— PFRRRRRRRRR!!! O QUE?!!! – cuspiu Enri.
— Você achou que seria a única que apareceria com uma criança?
— Mas, mas você nem estava gravida da última vez que te vi! Como? Quem é o pai?
— Olha, eu não queria te dar essa notícia assim, mas o pai é o... NFIREA!
— O QUEEEEEEE!!!?
— HAHAHAHAHA!!! Brincadeirinha! Pelo Supremo, como você é crédula garota hahahaha!
— Não brinque com essas coisas Lupus! – reclamou a amiga.
Nesse momento, Yuri Alpha deu um cascudo na cabeça de Lupusregina.
— Aiii! O que?
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Dias depois em Nazarick
— Olá garotas, como estão vocês esta manhã?
— Bem, Lupus! E você, querida?
— Muito bem Solution, o que temos para comer?
— O de sempre, bacon, waffles, orelhas, dedinhos, bolos... – recitou CZ com sua voz monótona.
— Humm, acho que vou pegar uma porção de bacon e vou voltar para o meu quarto e...
— Ui! TEM UM INSETO MORDENDO A MINHA PERNA! – reclamou Narberal Gama enquanto segurava a menina pelo cangote – O que é isso?
— OH! O que é isso?! Não sei?! Deixa eu levar para fora – falou Lupus de forma dissimulada e rapidamente pegando a criança fujona.
— Pare aí mesmo Lupusregina Beta, o que você pensa que está fazendo?
— Eu?! Naaadaa…
— Primeiro nestas últimas semanas você tira a criança do orfanato por horas, somente para fazer as suas brincadeiras, mas agora a traz para dentro da Grande Tumba e a esconde em seu quarto sabe-se lá por qual motivo.
— Não sei do que você está falando Yuri, esta é outra criança totalmente diferente e que apareceu espontaneamente aqui.
Então a criança raposa agarrou as bochechas de Lupusregina.
— Mama!
— Oooown! – Falaram todas as Plêiades juntas.
— Quero saber como você vai explicar isso para o nosso senhor.
— Era só brincadeira Yuri, eu não... – as palavras de Lupus foram cortadas pelo chamado.
— ‘Lupusregina Beta, se apresente a sala do trono, imediatamente’.
— Ai, ai – suspirou Yuri Alpha.
Dentro da sala do trono, Ainz aguardava preocupado a chegada da empregada. Fora informado que Lupusregina nos seus dias de folga estava se ausentando da Tumba pir horas, não que ela tivesse alguma missão ou obrigação imediata, mas isso era novidade.
A curiosidade do Supremo ficou ainda maior depois que foi informado por Aureóle Omega de que havia alguém acompanhando a empregada em seu retorno à Tumba, que ela não usou os teleportes e seguiu pelo caminho mais longo até seu quarto. Aureóle não entrou em detalhes, mas disse ser uma criatura pequena e peluda que estava com a empregada.
— Se Lupus queria um bichinho era só ela ter pedido... – Ainz pensou alto.
— Lorde Ainz, Lupusregina Beta está aqui como ordenado.
— Deixe-a entrar, Decrement.
A Empregada de Batalha passou pela porta, ela parecia um animal de estimação que sabe que fez algo errado, sua postura era puro arrependimento.
— L-Lorde Ainz, eu venho como solicitado – disse ela caindo de joelhos – g-gostaria de poder dizer que...
— Pare Lupusregina. Estou a par da situação e muito me admira você querer me esconder algo assim.
— Desculpe meu senhor, não foi minha intenção, eu apenas quis fazer uma brincadeira com minhas irmãs.
— Uma brincadeira você diz, mas parece que você já vem há alguns dias com essa “brincadeira” e parece estar bastante afeiçoada a ponto de trazê-la para nossa casa.
— E-Eu não queria faltar com as minhas obrigações com a Tumba, meu senhor, apenas quis me divertir e dar um pouco de atenção à criatura e...
— Não a chame assim, mesmo o menor ser merece um pouco de respeito, de que tipo ele é?
— Ela é do tipo raposa, meu senhor, na verdade...
— Hum! Uma raposinha, que interessante. Lupusregina, existem várias histórias com raposas de onde venho, elas são bastante veneradas em certas culturas. Hummmm… está decidido, Lupusregina Beta, como punição por ter contrabandeado um ser para dentro da Grande Tumba de Nazarick, você agora é responsável pelo bem estar dele, agora e para todo o sempre! Lembre-se, Lupusregina: “você é responsável por aquilo que cativas”.
— S-Sim, Ainz-Sama.
— Agora, você já deu um nome para ela?
— Não Ainz-Sama, não tenho ideia de como chamá-la.
— Que tal chamá-la de Vulpes, Vulpesregina Beta – disse Ainz imaginando se Lupus seria uma boa mãe de pet.
— O nome é lindo, meu senhor.
— Eu poderia vê-la?
— Claro Ainz-Sama, ela está ali fora com minhas irmãs.
— Decrement, deixe que elas entrem – falou Ainz imaginando uma pequena raposa correndo pelo salão, mas para sua surpresa, o que entrou foram as Plêiades perseguindo uma criança que chamava alegremente.
— Mama!
— O que?! – exclamou o Ser Supremo.
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Após Ainz perceber que havia feito, sem querer, Lupusregina adotar uma criança-raposa, ele não tinha mais como voltar atrás, até mesmo se admirou como a empregada a pegou no colo com tanto carinho – ‘de onde vem todo esse amor materno?’ – pensou o Ser Supremo.
Durante a noite, Lupusregina estava em sua cama quando sentiu algo puxando suas cobertas.
— Hmmm… Vupexx, Vulpesregina, você deve dormir na sua cama, ali – disse a empregada apontando para a cama ao lado.
— Mama, sonho, mau – balbuciou a criança.
— Ooooh! Vem aqui querida, ma... mamãe vai te proteger.
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Notas do Autor
Olá pessoal, o que acharam da Vulpesregina? Eu queria agradecer ao Josemaria Combes por ter ajudado com a ideia que deu origem a esta personagem.
Sobre Vulpesregina, ela como criança é a parceira ideal para Lupus em suas brincadeiras, o que levou ela se afeiçoar à menina, quando Vulpes se tornar adulta terá habilidades multiclasse pois teve aulas com todas as Plêiades e outros habitantes de Nazarick, recebendo equipamentos para cada classe adquirida, mas sua principal categoria é Ladina por ver o invisível e ser muito imperceptível. 😁
Sobre as Maçãs de Idun, elas não aparecem na obra original, mas como algo vindo da cultura nórdica deve ser óbvio que um item assim existia em Yggdrasil.
O que são as Maçãs de Idun, são maçãs que os deuses nórdicos deveriam comer periodicamente para ter vida eterna, no jogo Ragnarock os bardos invocariam um campo de maçãs que restauraria a vida de quem estivesse nele, eu imaginei que em Yggdrasil cada maçã seria um item consumivel que restauraria a vida, mana e estamina instantaneamente , com a mudança de mundo virou literalmente uma maçã que da vida eterna se consumida uma vez por semana, plantando as sementes o sexto andar tem um pomar inteiro para fornecer maçãs aos habitantes de Nazarick e alguns servos que não são imortais, Entoma, Solution, Lupus, Vulpes, Tuare, Enri...
Espero que tenham gostado de Vulpesregina Beta, um alivio cômico e fofo. 🥰
Chapter 55: As peripécias de Vulpesregina
Summary:
Algumas aventuras leves, a bonança antes da tempestade.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, trago outro capítulo de minha fanfic Aquele com Voltou, mais uma vez com Vulpesregina.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 47: As peripécias de Vulpesregina
Chapter Text
Nos dias seguintes, Vulpes foi apresentada à sua nova casa e seus moradores, as Plêiades sempre ajudavam nos cuidados quando não estavam ocupadas.
Quando Entoma a levou até Arwintar, a raposa imediatamente se tornou amiga das gêmeas aos cuidados de Inta, brincaram tanto que quase não foi possível separá-las na hora de ir embora.
Dentro da Tumba, nunca faltou alguém para dar atenção, as empregadas homúnculos ficaram encantadas ao saber que alguém de Nazarick agora tinha uma filha.
Os Guardiões de andares discutiam e fizeram várias reuniões para descobrir qual era a intenção de seu mestre ao permitir tal coisa.
Demiurge imaginava que tudo não passava de um plano para reunir seres com talentos para servir à Tumba, já que Vulpes podia ver o invisível e tinha uma grande habilidade em não ser notada.
Aura se imaginava algum dia adestrando uma grande raposa.
Mare só via um bebê bonitinho.
Cocytus estava em êxtase desde que, em uma oportunidade, a criança se lançou sobre seus ombros e começou a rir enquanto ele corria, ele mal podia esperar para ser chamado de tio.
Shalltear e Albedo estavam em seus delírios sobre seu mestre querer filhos.
Já Ainz estava contente ao ver como a criança havia realizado uma mudança na atitude de Lupus, uma esperança para o desenvolvimento pessoal dos integrantes da Tumba.
Um certo dia ele estava sozinho na sala do trono, Albedo estava fora junto com Renner, sua nova secretária, assim ele se sentiu à vontade para folhear alguns documentos fora do seu escritório, então ouviu uma voz sussurrando.
— Vulpes, cadê você menina? Vulpesregina Beta, apareça agora mesmo.
— Olá! É você Lupusregina?
— Ainz-Sama! Me desculpe, não sabia que o senhor estava aqui, vou me retirar imediatamente.
— Não precisa se retirar Lupus, estou apenas revendo alguns documentos, como você tem passado?
— Bem, meu senhor, Vulpes tem tomado bastante tempo, NADA QUE ME AFASTE DE MEUS DEVERES.
— Não se preocupe, sei de que você tem tido bastante ajuda para entretê-la, logo ela deve começar a ter aulas então quem ficará ocupada é ela fu! fu! fu!
— Se eu conseguir achar ela nesse meio tempo...
— Ah! Eu sei onde ela está.
— É mesmo!? Onde, meu senhor?
— Aqui, pegue – disse ele esticando uma perna e expondo a menina raposa que estava pendurada roendo o Tornozelo Supremo.
— VULPESREGINA!!!
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Os dias seguiram sem grandes acontecimentos. Albedo iria entregar um de seus relatórios no escritório de Ainz e, se possível, ter uma oportunidade com seu mestre. Ela bateu na porta, que se abriu.
— Lady Albedo está aqui para vê-lo, Lord Ainz. - anunciou a empregada encarregada do dia.
— Por favor, deixe-a entrar, Cixous.
— Bom dia, Lord Ainz. Trago alguns poucos relatórios para esta manhã.
— Sim, aparentemente não temos muita coisa para hoje, não é mesmo?
— Não, meu senhor - disse Albedo.
Ela então aproveitou o momento e se inclinou sobre a mesa para exibir o grande decote enquanto entregava os papéis, mas o que ela acabou vendo foi algo notável: seu mestre estava com uma das mãos no colo acariciando...
— Vulpesregina?
A menina raposa estava enrolada em sua cauda como um bichinho, deitada sobre o colo enquanto o senhor da tumba acariciava sua cabeça com um de seus dedos esqueléticos.
— Meu senhor, é muita ousadia dessa...
— Criança, dessa criança Albedo, ela é apenas um bebê para os nossos padrões.
— Sim, meu senhor, me desculpe pela minha explosão - Albedo falou, levando a mão para passar sobre a cabeça da menina quando.
*NHACK*
— FILHADUMAP...
— ALBEDO!
— Me desculpe Ainz-Sama, mas ela quase mordeu o meu dedo! - Albedo disse, segurando a mão contra o peito, enquanto a menina raposa rosnava.
— Você nem sentiria tal coisa, mas você tem razão, Vulpesregina, isso não foi bonito, nem educado. Só porque deixei você deitar um pouco no meu colo não quer dizer que você é dona dele. Não posso privilegiar alguém em minha casa.
— Pivilegiá? - a raposinha tentou falar.
— Privilegiar, dar um presente para apenas uma pessoa, ou algo assim. Agora, peça desculpas à Albedo.
— Pesente? - disse ela pensando em algo, ela desceu até o chão, andou até Albedo e ficou de pé, com as mãos nas costas e cabeça baixa - dicupa, Bedo.
— Está desculpada, Vulpesreginaaaah… - Albedo não terminou a palavra e estava sendo puxada pelo dedo até ao lado de seu mestre.
— Aqui, pesente, senta.
— O quê, Vulpes? Não entendo, sentar onde?
— Senta, senta, colinho Vovô Osso, pesente.
— Mas eu não poderia - disse a succubus, mesmo já estando sentada no colo de Ainz.
— Vulpesregina! Não pode fazer isso.
— Sem piviléjo, pesente - ela falou para Ainz e saiu correndo em quatro patas até a porta, parou e olhou para a empregada, que não sabia o que fazer.
A menina então arranhou a porta.
Cixous olhou para seu senhor, como se pedisse alguma instrução, e Ainz apenas gesticulou para que ela abrisse a porta de uma vez. A menina correu assim que uma fresta surgiu.
— Me desculpe, Lord Ainz, por essa situação. Sei que isso é inapropriado, mas...
— Não se preocupe, Albedo. Acho que Vulpes está aprendendo muito rápido. Me surpreende ela ter entendido “privilégio” assim.
— Pelo que eu saiba, ela está tendo aulas com Yuri Alpha e aprende surpreendentemente rápido.
Neste momento, um novo arranhar foi ouvido na porta. Cixous a abriu e por ela entrou Vulpes, puxando alguém pelo vestido.
— Me desculpe, Lord Ainz, mas a filha de Lupusregina me trouxe até aqui eee... ALBEDO! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO SENTADA AÍ?
Assim que a succubus viu Shalltear entrar, lançou os braços ao redor do pescoço de seu senhor, fez a pose mais sugestiva e lançou seu melhor olhar de luxúria, apenas para provocar sua rival.
Vulpesregina puxou a vampira até ao lado da mesa.
— Aqui, sai Bedo, vez de Shatee, senta vai, colinho Vovô Osso.
Albedo olhou para Ainz, que apenas deu de ombros.
— Me desculpe, Albedo, o que vale para uma, vale para a outra. - disse o senhor da Tumba.
Sem muita empolgação, Albedo saiu, e assim que o colo ficou vazio, a vampira apareceu nele. Em um momento não havia nada e no outro, lá estava Shalltear babando. Ela nem fez perguntas.
Vulpesregina saiu correndo novamente, e desta vez a porta já estava entreaberta. Após alguns minutos, Ainz recebeu uma mensagem.
— ‘Mensagem para Lord Ainz, Auréole Omega reportando.’
— ‘Prossiga, Auréole.’
— ‘Vulpesregina Beta solicitou há poucos momentos um teleporte até o sexto andar. Em poucas palavras, ela pediu para ir ver os gêmeos, ou seja, os Guardiões de lá. Eu a mandei diretamente para a frente da Casa da Árvore, mas agora ela pede retorno para seu escritório meu senhor, e está levando os Guardiões. Ela disse algo sobre um presente, Lord Ainz, como devo proceder?’
— ‘Ah, sim! Parece que Vulpesregina quer dar um presente para alguns moradores da Tumba. Auxilie-a com isso Auréole, mande mensagens privadas a quem ela quiser para adiantar a situação.’
— ‘Como o senhor ordena, avisarei a todos.’
Assim que a mensagem terminou, o conhecido arranhar foi ouvido, e logo entrou a menina com os dois gêmeos elfos de arrasto.
— Sai, Shatee, troca, troca, aqui senta dois, pesente - ela falou aos irmãos, que entenderam que estavam ganhando um presente de seu senhor, e logo se sentaram felizes.
Mais uma vez, Vulpes disparou; nem mesmo esperou a troca, mas logo voltou, pois foi possível ouvir alguém falando com ela.
— Não arranhe a porta, bata com a mão assim.
*TOC TOC*
— Pode entrar - disse Ainz, antecipando-se ao anúncio de Cixous.
— Lamento incomodá-lo, Lord Ainz, mas Vulpes insistiu tanto e com a mensagem de Auréole eu...
— Não se preocupe, Lupusregina. Vulpes está dando um presente a algumas pessoas.
Nisso, a menina olhou para Cixous, que estava em pé junto à porta, correu até ela e começou a puxá-la.
— E-e-eu? Eu não posso, não tenho esse direito, Vulpesregina.
— Aqui, espera sua vez, sem pivilégio.
Os gêmeos, que estavam sentados um em cada perna, já tinham se levantado, e Lupus já estava sentando sem muita cerimônia, para a surpresa de Ainz. Mesmo assim Lupusregina estava muito vermelha e envergonhada com a situação.
— Me desculpe pelos problemas que minha filha esteja causando Lord Ainz.
— Tudo bem, Lupusregina. Acho que estamos aprendendo algo hoje, algo sobre privilégios. - 'Não sei exatamente que tipo de lição possa ser, mas acho que vou me arrepender' - pronto, Lupusregina, acho que já pode trocar.
Logo em seguida, houve um novo bater na porta.
*TOC TOC*
— Entre… quem quer que seja. - disse Ainz, imaginando que nada mais o surpreenderia hoje.
Demiurge surgiu em passos firmes.
— Estamos aqui como ordenado, meu senhor. Aaah! Então este é o presente, como todos da Grande Tumba de Nazarick são abençoados. - ele disse ao ver Cixous vermelha como um tomate, sentada no colo de seu senhor.
— Pois é, parece que alguns receberão um presente graças a Vulpesregina... espere, você disse TODOS?!
— Sim, meu senhor - disse o arquidemônio com um sorriso genuíno, então fez um gesto para a porta.
Ainz se levantou e foi ver do que ele estava falando, e assim saíram do escritório.
Ao lado da porta, viram a enorme fila que se formava. Havia três noivas vampiras, duas empregadas homúnculas, mordomos de Eclair, o próprio Eclair, Ira, Inveja e Luxúria, uma noiva de gelo, Hansuke e o Senhor Cavaleiro da Morte, Neuronist borrifando algo em sua boca, Cocytus... a fila parecia não ter fim.
Albedo e Shalltear sinalizaram uma para a outra com a cabeça, entrando em um acordo silencioso.
— CERTO, ESCUTEM TODOS - anunciava Shalltear - NOSSO SENHOR HOJE ESTÁ DANDO UM PRESENTE A TODOS DA GRANDE TUMBA DE NAZARICK, MANTENHAM A FILA, SEJAM EDUCADOS, RESPEITEM O TEMPO DETERMINADO...
— ‘Auréole Ômega, aqui é Albedo. Pelo que vejo, todos da Tumba foram contatados. Vamos precisar de um sistema de rodízio temporário; não podemos deixar setores vazios.’
— ‘Sim, senhora Supervisora. Como ordenado pelo nosso senhor, entrei em contato com todos os moradores a pedido de Vulpesregina. Já me adiantei e estabeleci uma rotina para os setores.’
— ‘Muito bem, Auréole. Assim que estiver livre, peça para Shalltear abrir um portal para você direto ao escritório de Lord Ainz.’
— ‘Obrigada, Lady Albedo. Irei em seguida.’
Ainz apenas entrou novamente no escritório e se sentou, então reparou em um Demiurge muito sorridente ao lado da mesa.
— Ahan! Me desculpe, meu senhor - disse ele - mas acredito que seja a minha vez.
— ‘Ai ai! Acho que vou precisar de férias’ - suspirou Ainz internamente - ‘Talvez eu leve os gêmeos para acampar.’ - pensou enquanto olhava a raposinha alegre correndo de um lado para o outro pela sala.
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Nota do Autor
Olá pessoal, com esse final eu meio que alcancei cronologicamente o começo do volume 15, quando Ainz vai para o Reino Elfico, então logo haverá um dos encontros mais esperados no fandom, adivinhem 😉
Chapter 56: Interludio 9
Summary:
Certo eu havia prometido que o próximo arco seria a tempestade, mas me ocorreu escrever algo a mais antes disso, então isso se passa enquanto Ainz está viajando com os gêmeos no Reino Elfico, aprovetem.
As Rosas Azuis chegando a E-Rantel e são surpreendidas .
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins Mr.Bones trazendo outro interlúdio de minha Fanfic: Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 9
Chapter Text
Após semanas de viagem, a jornada estava quase no fim.
- Você mudou, antes você era legal.
- Sério?!
- Não! Agora você é mais legal, Baixinha. Conversa mais, está mais relaxada, até parece outra pessoa.
- Talvez por tirar o peso daquele segredo.
- Viu, antes você teria me mandado calar a boca, hoje parece até bem razoável.
- Ah, cale a boca seu monte de músculos - disse Evileye chutando a canela de Gargaran.
- E aí está ela de volta - riu a amiga enquanto esfregava a perna.
Quem guiava a carroça era uma das gêmeas, Lakius estava sentada ao lado, Gargaran e Evileye no fundo da carroça. Ela olhava para suas amigas; fazia décadas desde que ficou tanto tempo sem a máscara.
Ela podia livremente ver seus olhos, os cabelos balançando ao vento e brilhando ao sol, o suor escorrendo por suas faces, o sangue fluindo por suas veias. A sede ainda vinha, com menos intensidade agora que comia regularmente, mas a tentação era forte. Ela manteve o sorriso enquanto tentava pensar em outra coisa, mas a única lembrança que veio foi do primeiro dia de aula.
...........................
A vampira que assumiu sua educação chamava-se Shalltear Bloodfallen. Ela disse ser ministra dos transportes do Rei Feiticeiro e que estava ali para ser sua professora. Não há motivo para duvidar de suas palavras. Após sua primeira refeição, ela a liberou.
- Muito bem, menina, pode se limpar e voltar para suas amigas. Amanhã a gente se encontra em um novo local.
- Você me fez matar alguém... beber seu sangue.
- Como se você nunca tivesse matado um humano antes. Além do mais, eu não fiz nada, foi escolha sua. Podia tê-lo matado sem morder.
- Vo... a Senhora me mandou não usar as mãos e os pés.
- E disse para ser criativa. Você podia ter dado uma cabeçada, usado um feitiço, podia ter sentado na cabeça dele até sufocá-lo. Você que escolheu mordê-lo.
Evileye deixou cair o queixo.
- Voc... a Senhora me impediria.
- Você nunca terá certeza disso Hi! Hi! Agora vai, minha aluna. Tenho coisas para fazer-arinsu.
Ao chegar no acampamento, a vampira sentou em um tronco. O cheiro de suas amigas a fazia suar desesperadamente, sua garganta secando, suas unhas cravando em suas mãos, a tremedeira constante e a vontade desesperadora de se alimentar. Não era o frenesi incontrolável da primeira transformação, mas algo como um viciado que toma sua primeira dose depois de anos. Além disso, morcegos podem beber 200% de seu peso em uma noite; não seria um humano magrelo que saciaria sua fome.
Foi uma noite difícil onde sua força de vontade foi testada e lutou o máximo que pôde. No final, cada animal num raio de um quilômetro do acampamento acabou morto. Não tinham mais o mesmo sabor, mas foi o suficiente para aplacar sua sede.
........................
- Chegamos! Se preparem, estamos em E-Rantel - disse Lakius arrancando a vampira de seus pensamentos enquanto a outra gêmea caía ao seu lado.
Entraram em uma longa fila até chegar ao portão onde a carroça foi vistoriada, e todas desceram para passar pela alfândega. Sua visita seria para conhecer o Reino Feiticeiro, e se preciso, levar informações aos possíveis aliados, pensava Lakius. Mas desde que Evileye se abriu sobre sua natureza, ela insistiu para que pudessem tentar ver mais coisas e com outros olhos. Todas imaginavam que ela queria contatar Momon, por motivos óbvios.
Dentro de uma sala, aguardavam para passar pelo workshop de aclimatização obrigatório para os novos visitantes. Foi quando viram a Empregada Demônio parada no meio da sala. Todas pensaram que era uma emboscada e tentaram sacar suas armas, mas nenhuma delas as estava usando. Tudo foi entregue antes de entrarem.
Entoma olhava diretamente para elas e permaneceu encarando o tempo todo. Ninguém se mexia ou piscava. Então, a porta se abriu, e de lá saíram as pessoas que terminavam a sessão, dentre elas, duas meninas sorridentes que se jogaram nos braços da empregada.
- Oneesan! Oneesan! VULPEEEES!
A Empregada tirou sua máscara, algo que fazia com muito mais frequência ultimamente, beijou as meninas enquanto elas abraçavam uma menina raposa. Entoma voltou a olhar para as Rosas Azuis, e a vampira se lembrou do que havia dito para ela aquela vez - "Quem iria querer um monstro com cheiro de sangue como você por perto?"
Neste momento, um homem alto, jovem, de aparência bela e rica se aproximou, abraçou a empregada e a beijou.
- INTA TÁ BEIJANDO ONEESAN, INTA TÀ BEIJANDO ONEESAN, VÃO CASAR! VÃO CASAR! - cantavam de forma infantil as crianças.
As Rosas Azuis olhavam boquiabertas, Evileye tinha certeza de que a Empregada Demônio, em todo esse tempo que as olhava, esteve sorrindo em vitória.
Chapter 57: O Menu
Summary:
A visita a nova E-Rantel leva a um jantar animado.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo deste arco da Rosas Azuis, espero que estejam gostando da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 48: O Menu
Chapter Text
Após passarem pelo workshop, as Rosas Azuis estavam meio desnorteadas. Já haviam enfrentado Cavaleiros da Morte antes e sabiam que aquilo era um de verdade, algo capaz de arrasar uma cidade inteira esteve parado por 15 minutos em uma sala cheia de visitantes.
Uma jovem Naga, obviamente muito nervosa, fazia seu trabalho sendo orientada por quem deveria ser provavelmente sua supervisora. Para as aventureiras, era estranho ver esses seres que geralmente usavam farrapos ou peças de armaduras aleatórias como roupa estarem vestidos daquela maneira. Mas ali estavam, com a parte de cima de um terninho bem cortado em um estilo novo e desconhecido, brincos elegantes, um penteado da moda, maquiagem e um tipo de acessório ornamental na ponta da cauda.
A Naga mais jovem explicou sobre os deveres e direitos dos visitantes, sobre questões legais básicas e como agir em emergências. Ela apontou a disposição dos bairros na cidade e seus principais pontos turísticos.
Quando terminaram sua sessão, pegaram suas armas, seu visto provisório de visitante e se dirigiram para a saída. Lá, foram recebidas por uma explosão de sentidos. As estátuas gigantes na entrada eram impressionantes, mas o lado de dentro era... de tirar o fôlego.
Os cheiros, as cores, os sons, tudo era exuberante. Diferente de Arwintar, onde os prédios enormes e brancos eram o padrão, gerando uma hegemonia bonita, mas estéril, grandiosa, mas opressora, bela, mas intimidante. Se comparada à capital do Reino Feiticeiro, aqui tudo era mais colorido e parecia ter uma ordem. Apesar de haver prédios grandes, eles não eram o padrão. Estilos diferentes pareciam chamar clientes diferentes. Lojas de todos os tipos estavam presentes.
Provavelmente, por ser a entrada da cidade, ali estariam concentrados exemplos do que poderiam ser encontrados em outros bairros. Tudo parecia... aconchegante e convidativo.
Caminhando pelas ruas, perceberam que as calçadas tinham árvores que forneciam sombra, mas não dificultavam a visão. As ruas eram feitas de pedras tão polidas que quase não se notavam as junções, e havia um símbolo entalhado a cada poucos metros. "Uma runa", explicou Gargaran, estranhamente a única que conhecia a arte.
Elas foram a uma hospedaria com grande número de aventureiros, onde todos pareciam muito animados com a possibilidade de praticar na Masmorra. Isso elas mesmas fariam nos próximos dias com certeza. Resolveram sair para conhecer as proximidades. Já haviam estado em E-Rantel, mas isso foi antes da expansão. Mesmo a área antiga foi toda remodelada, então tudo era novidade.
A noite começava e as ruas se iluminavam. Os postes usavam luzes mágicas, então a rua era muito mais clara. Barracas de comida ficavam em volta das praças. Os cheiros eram pungentes. Bardos animavam os transeuntes, atraindo-os para o bairro dos restaurantes. Parecia um festival, mas aparentemente isso era uma noite comum.
Após circularem, resolveram comer algo e se dirigiram a um restaurante com letras estrangeiras, mas havia um cartaz anunciando: "Servimos Humanos".
- A gente não devia entrar aí - falou Gargaran, lembrando-se de algo.
- Por quê? É um restaurante humano, qual o problema? - respondeu Lakius, enquanto abria a porta.
Lá dentro, perceberam a grande quantidade de seres, quase nenhum parecia meramente humano. Todos estavam ocupados com seus assuntos e desfrutando seus pratos.
- Porque não é um restaurante onde servem humanos, é um restaurante onde "servem" humanos - disse Gargaram em um cochicho, tentando manter um sorriso para disfarçar.
O estômago de Lakius embrulhou instantaneamente.
- T-temos que saiiiir - ela cantarolou baixinho.
- Não podeeeemos - retrucou Gargaran na mesma melodia - seria falta de educação.
A guerreira abriu caminho até uma mesa e se sentou. Suas amigas imitaram. A ideia seria sair o quanto antes, sem chamar a atenção, mas o garçom era eficiente, um ser insetoide de quatro braços.
- Boa noite, senhoritas, meu nome é Iricth. Serei seu garçom esta noite. Acredito que desejam nosso menu destinado aos humanos, ou gostariam de experimentar a especialidade da casa?
- O-o, aham! O cardápio de humanos... PARA humanos, isso, o cardápio para humanos, por favor - gemeu Gargaran.
Lakius estava zonza demais para falar.
- Sim aqui, sintam-se à vontade.
- O-o que fazemos - murmurou a líder das Rosas Azuis.
- Eu não sei quanto a vocês, mas este filé parece muito bom.
- NÃO SOBRE A COMIDA - murmurou gritando Lakius.
- Acho que não temos muitas escolhas, podemos simplesmente pedir desculpas e sair - disse Evileye, finalmente entrando na conversa.
- Não! Estou cansada disso, não quero ficar pisando em ovos toda vez que encontrarmos outras espécies. Antes de me juntar às Rosas Azuis, viajei por muitos lugares, conheci todo tipo de gente e de comida, coisas que fariam vocês desmaiarem. Agora quero poder comer em paz, onde eu quiser.
Todas estavam admiradas com a atitude de Gargaran.
- Me desculpem, eu não sabia que você pensava assim.
- Não se preocupem, mas a gente só sobreviveu da última vez por sorte. Não quero passar por isso de novo por ser a cabeça dura que me tornei.
Nisso, o garçom retornou.
- Olá, senhoritas, gostariam de fazer o pedido?
- Acho que todas vão querer este prato, por favor.
- Menos para mim - disse Evileye.
- A senhorita gostaria de ver a carta de bebidas? Temos um Bardo bastante frutado. Mas se quiser algo mais encorpado, um aventureiro nível hummm... mithril seria o indicado.
Evileye olhou para o garçom de forma estranha através de sua máscara.
- Você está dizendo, sangue?
- Sim, acredito que a senhora prefira bebidas ao invés de sólidos, não?
- Você sabe... que eu... sabe.
- AH! Sim, me desculpe, não sabia que deveria ser algo a esconder, me desculpe pela indiscrição - falou vigorosamente o garçom, curvando o corpo em noventa graus.
- N-não, não precisa, não é algo mais tão... importante, mas como soube?
- Feromônios, o "nariz" de Iricth pode perceber. Se a preocupação da senhorita for com os outros clientes, não precisa. Recebemos várias espécies, e vampiros vêm com frequência.
- Oh! - disse a vampira, tirando a máscara - que mal lhe pergunte, de onde vem o fornecimento de... proteína humana?
- Haha! Ótima expressão, acho que a usarei de agora em diante. Bem, geralmente vem dos aventureiros. Com os riscos grandes, a possibilidade de acabar de forma prematura ainda existe. Então fazemos contratos para o uso. Os familiares ou conhecidos ficam com o... espólio.
- Mas isso não incentivaria o crime? - perguntou Lakius, finalmente entrando na conversa.
- Poderia, se tudo não passasse pela vigilância sanitária. Os Elders Linchs verificam a origem, se não estão com doenças e a natureza da morte. Usam várias magias. Se alguma "proteína" vier de um crime, o autor é automaticamente localizado. Já as safras de bebidas vêm de fornecedores registrados, retiradas sob padrões pré-estabelecidos, classificados por idade, sexo, tipo, padrão de vida e espécie. Afinal, as espécies não humanas podem querer outros sabores. Os elfos estão em alta, já que não há disponibilidade.
- Mas, acho que a Teocracia sempre vende escravos, mesmo que aqui seja proibido tê-los. Poderiam negociar e depois libertá-los.
- O Reino Feiticeiro nunca negociaria com escravistas - disse o garçom vigorosamente - fazer algo assim apenas incentivaria o comércio e a escravidão fora do alcance das leis de Sua Majestade.
- Mas não seria o Reino, seria vocês - respondeu Lakius.
- Senhorita, nós somos o Reino Feiticeiro, e o Reino Feiticeiro somos nós. O que fazemos refletiria em Sua Majestade. Agora, com licença, trarei seus pedidos em instantes - disse o garçom ao se retirar, deixando as Rosas em seus pensamentos.
- A chefe malvada está confusa - disse Tina.
- Sim, confusa - concordou Tia.
- Eu não esperava esse tipo de conversa. Lógico que estou confusa, e vocês? Vocês parecem à vontade demais.
- Nós somos ninjas, treinadas para se infiltrar em qualquer sociedade. Já estivemos na Cidade-Estado de Argland. Não é muito diferente daqui. Temos mais experiência - disseram as gêmeas simultaneamente.
Lakius ficou remoendo isso. Ela era realmente tão ingênua? Tia e Tina vinham de um grupo que era pago para assassinatos. Gargaran já era aventureira, enquanto ela apenas engatinhava. E Evileye literalmente tinha séculos de vida. Ela era apenas uma nobre que teve sorte com sua linhagem, adquiriu uma espada poderosa e era destemida. Fora isso, o que ela sabia do mundo?
Ao final do jantar, uma bebida foi servida a Gargaran. Algo colorido com um guarda-chuvinha em cima.
- O que é isso?
- Aquele senhor mandou para a senhora.
Todas olharam para o enorme paladino no balcão.
- Aquilo é um RobGoblin Paladino?! - Disse Lakius, admirada.
- Sim, senhorita, aquele é Urbuk, um seguidor da religião de Sua Majestade, mas...
- Diga a ele que agradeço, mas não tenho interesse - Gargaran falou, tentando não ser mal educada.
- Mas, senhorita, não foi ele que enviou a bebida. Foi aquele senhor ali. - disse o garçom, apontando para um jovem e pequeno Haflin de orelhas muito pontudas que levantou seu copo e deu uma piscadela.
- Com licença, amigas, tenho um encontro. Não me esperem - falou Gargaran, indo se juntar ao seu admirador.
- Lá se foi nosso tank. Que gosto estranho você tem - Evileye disse.
- Olha quem fala, e você toda caidinha por Momon?! Pelo tamanho dele, ele te partiria ao meio se tudo fosse proporcional - disse Gargaran com um aceno, deixando a vampira ruborizada e fazendo as outras rirem
Chapter 58: A Guilda
Summary:
Chegou a hora das Rosas Azuis conhecerem a nova Guilda dos Aventureiros.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou fresquinho para vocês.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 49: A Guilda
Chapter Text
Conforme os dias seguintes rapidamente passavam, as explorações para conhecer o novo ambiente continuavam. Neste dia, em particular, decidiram que já era hora de visitar a Guilda dos Aventureiros, então se dirigiram cedo para a parte antiga da cidade. Passaram pela antiga muralha, hoje chamada de Muralha Interna, e se depararam com uma cidade desconhecida.
- Isso não pode estar certo.
- O quê?
- A cidade, não reconheço nada - disse Lakius em aparente confusão.
- Sim, chefa, tudo parece diferente, mas olha ali, aquela loja, você lembra dela, né?
- Claro, Gargaran, mas não havia prédios como aqueles dos lados, e as ruas estão em posições diferentes.
- Acho que tudo foi reformado, pelo que descobri.
- Mas, baixinha, faz menos de um ano. Como eles fizeram tudo isso em menos de um ano?
- Use a cabeça, monte de músculos, mortos-vivos, imagine um exército incansável, que não para nunca e faz exatamente o que é mandado. Então você tem algo assim.
- Fiuuu! E eles estão usando para trabalhos.
- Já sabemos onde estamos - disseram as gêmeas - a Guilda dos Aventureiros é por aqui.
Após alguns quilômetros, chegaram ao seu destino. Ao entrarem no salão, todos os olhos se voltaram para elas.
- Bem-vindas à Guilda dos Aventureiros, posso ajudá-las? - disse a atendente, uma jovem de aparência peculiar, muito bonita, treinada e recém-formada do Instituto.
- Sim, obrigada. Me diga, a cidade parece toda diferente, mas a Guilda, ela está quase exatamente igual ao que me lembro. Por quê?
- Ah, sim! Isso foi uma escolha do Mestre da Guilda, Pluton. Ele imaginou que manter uma aparência conhecida ajudaria na transição.
- Transição?
- Sim, a Guilda dos Aventureiros está passando por uma remodelação em seu propósito.
- Ouvimos falar disso, agora vocês farão apenas explorações - disse Gargaran.
- Na verdade, não. É um erro comum, mas a Guilda continua realizando serviços que requerem uma atenção diferente. Por exemplo, busca por desaparecidos, escolta, eliminação de algum monstro não inteligente, além da exploração de cavernas, ruínas e afins. Tudo isso não pode ser feito pelas forças de segurança, mas o foco progressivamente será a exploração do desconhecido.
- Então vocês ainda fazem o mesmo e um pouco mais, mas o quadro de serviços parece meio vazio, como os aventureiros se sustentam?
- Sim, houve uma diminuição dos serviços comuns na nossa região. Afinal, dentro da cidade, há segurança. Mas mesmo assim, existem aqueles que acham que podem se esquivar da lei. No entanto, os Cavaleiros e Linchs resolvem rapidamente tudo isso. Fora da cidade, seu efeito e alcance se tornam menores à medida que se afasta de E-Rantel. Então é nesses locais que os pedidos são feitos. Aqui só chegam aqueles que precisam de urgência ou são perigosos demais.
- Mas a sala está cheia! - apontou Evileye.
- Sim, alguns aventureiros estão esperando orientação e os recursos para as expedições de exploração financiadas por Sua Majestade. Missões que podem durar meses e até anos para serem concluídas. Mas a maioria está aqui pela Masmorra.
- Mas, o que exatamente é essa "Masmorra"? - perguntou a líder das Rosas Azuis, assumindo a conversa.
- Certo, a Masmorra de Treinamento é exatamente o que o nome diz, uma área de treinamento imitando um ambiente hostil.
- Então é apenas um labirinto.
- Não apenas isso, ela simula vários locais diferentes, com perigos característicos a cada um deles.
- Vários locais, você quer dizer. Mas então onde ela fica? Fora da cidade?
- Não, não, não, ela fica aqui, bem embaixo de nós. Afinal, é uma masmorra - disse a recepcionista com um sorriso condescendente.
- Então... como funciona?
- Bem, para os aventureiros que nunca participaram, é obrigatório começar pelo primeiro andar e ir avançando. Seu progresso será registrado e, na próxima vez, poderão continuar de onde pararam ou refazer o percurso.
- Qual a vantagem de recomeçar?
- Nos níveis mais altos, quase nenhuma, mas nos níveis mais baixos seria para ganhar experiência, se aprimorar e acumular Tolkens sem risco e a um pequeno custo. Assim, quando chegarem novamente ao andar em que pararam, talvez estejam mais confiantes para progredir.
- E os materiais? Poções e armas, a Guilda fornece algo?
- Somente o local para adquiri-los. Afinal, a masmorra fornece um treinamento com risco relativamente baixo.
- Relativamente?
- Sim, em toda aventura existe a possibilidade de ferimentos. Aqui não é diferente. Se vocês não se prepararem o suficiente, adquirindo as poções necessárias, armas ou equipamentos de emergência, podem correr grandes riscos se não souberem a hora de recuar em uma missão. Isso também influencia na sua classificação final.
- E no caso de riscos como... morte?
- Sim, nos primeiros andares a chance de morte é baixa. Aventureiros de nível cobre poderão ter dificuldades. Mas a qualquer momento, se desistirem, basta pedir para encerrar. O Linch posicionado na sala terminará a sessão e fornecerá auxílio de emergência, se necessário. Já nos andares mais profundos, o perigo é muito maior. Além das armadilhas, existe a chance de não conseguirem encerrar a sessão a tempo devido aos inimigos ou por não perceberem o fim iminente de seu grupo. Isso pode levar à morte e, como mencionei, afetar a classificação. Afinal, perceber qual é o seu limite faz parte de ser um aventureiro.
- E no caso de morte? - perguntou Evileye.
- Em caso de morte, se o aventureiro tiver níveis suficientes, será realizada a ressuscitação sem custo. Afinal, é nossa responsabilidade zelar pela segurança. Caso não possuam níveis suficientes, arcaremos com o custo do enterro.
- Então, o que a Guilda ganha ao fornecer o centro de treinamento são aventureiros mais experientes e habilidosos. Por sua vez, o Reino pode financiar esses grupos mais eficientes para realizar suas "explorações".
- Sim.
- E os aventureiros ganham apenas a experiência.
- Não apenas isso, como a Guilda recebe financiamento do reino. Alguns inimigos carregam itens que podem ser vendidos e há recompensas à medida que esses grupos progridem.
- Somos pagos! - exclamaram as gêmeas.
- Sim, com a moeda da Guilda, ou como a chamam, Tolkens. A cada andar, vocês recebem uma recompensa como se fosse o pagamento por uma missão. Essas recompensas só podem ser gastas na Guilda. A cada cinco andares, há uma loja característica onde essa recompensa pode ser trocada por mais mantimentos para continuar ou, se desejarem, os Tolkens podem ser gastos na loja principal para adquirir equipamentos.
- Que tipos de equipamentos? - Gargaran perguntou muito interessada.
- Armaduras, anéis, colares, alguns imbuidos com magia e com preços variados. Mas o que realmente se destaca são as Runecrafts.
- Armas Rúnicas!!
- Sim, armas, peças de armaduras, além de itens para o dia a dia, como os anéis de luz e calor. Estes são indispensáveis nos andares de caverna e gelo.
- Vocês têm um andar de GELO! - Lakius exclamou admirada.
- Sim, temos um andar de gelo, e de fogo e selva.
- C-como vocês têm um ambiente de selva abaixo da terra? Como funciona?
- Magia. Ela faz crescer qualquer coisa em qualquer lugar - disse a atendente com o mesmo sorriso - Mas me deixe explicar cada um. O primeiro andar é o esgoto com inimigos comuns que você encontraria lá, o segundo é um descampado, o terceiro deserto, o quarto é uma caverna e o quinto um labirinto. Depois disso, os andares se repetem, mas a configuração e a dificuldade mudam, assim como o tipo de "inimigos" e sua quantidade. Por exemplo, o descampado se transforma em um bosque no andar 7 e em uma floresta densa no andar 12. Já o labirinto no andar 15 será um grande e complexo templo.
- Então existem 15 níveis?
- Na verdade, são 21, mas apenas aventureiros acima do nível Adamantite chegam lá.
- Mas nós somos Adamantite, não há nível acima disso - afirmou Lakius surpresa, pensando que apenas os heróis lendários atingiam esse nível.
- Isso era antes. A senhora não imagina quantos grupos foram reclassificados pelo novo padrão estabelecido. A maioria foi rebaixada, mas depois de algumas tentativas, alguns conseguiram recuperar sua antiga classificação.
- Então eles só precisam alcançar um certo andar.
- Não apenas isso. Eles serão avaliados pelos Linchs e pelo observador humano, geralmente um aventureiro veterano como o senhor Mochnak. Critérios como prudência ou organização são importantes. Afinal, não basta ter um grupo forte, mas também dinâmico.
- Mas apenas passar pela Masmorra não pode ser o único critério para a classificação?! - Lakius exclamou com um tom um pouco indignado.
- Não, não pode. A experiência conta muito, mas é apenas um critério para a avaliação. Afinal, este é um ambiente controlado, então funciona mais como um teste de habilidade na hora da classificação.
- Então... alguém já atingiu esse novo nível?
- Apenas um, o grupo de aventureiros Darkness, obviamente. O Herói Momon e a Princesa Nabe foram os únicos que completaram a Masmorra e alcançaram o novo nível, Classe S - disse a atendente entre suspiros.
As Rosas Azuis não se surpreenderam ao ouvir os nomes, mas não sabiam dizer em qual deles o suspiro foi mais profundo.
- E o que há no último andar? - perguntou Evileye.
- AH! Não posso dizer. Na verdade, quem chega ao último andar deve manter sigilo. Afinal, não queremos estragar a surpresa, não é?
- Certo, gostaríamos de nos inscrever.
Lakius queria saber até onde conseguiriam ir e qual era a diferença entre elas e Momon.
- Muito bem, aqui está o contrato padrão, assinem aqui, rubriquem ali, paguem a taxa lá, peguem sua cópia aqui e obrigado por se juntarem à Nova Guilda dos Aventureiros de E-Rantel. Por favor, se quiserem, podem ir até a loja ou aguardar no salão perto daquela porta até serem chamadas. Próximo!
As aventureiras foram à loja, uma das poucas modificações visíveis, pois ela ficava do lado oposto ao painel de pedidos. Lá, em um amplo espaço, havia vários conjuntos de armaduras completas em ambos os lados, armas nas paredes organizadas por tipo e expositores no centro da sala com várias coisas como anéis, colares, itens, facas e lâminas de arremesso, que chamaram a atenção das gêmeas.
- Bom dia, senhoras, gostaram de alguma coisa? - disse a atendente, novamente uma figura exótica, outra recém-formada do Instituto.
- Estamos apenas olhando - disse Lakius - quanto custa uma poção?
- As comuns custam 1 crânio de ouro, mas...
- Quanto é este martelo, senhorita? - interrompeu Gargaran.
- Meu nome é Missy, estou à sua disposição. O preço está anexado. Deixe-me ver... este é um Martelo de Guerra, com duas runas, Resistência e Fogo. Custa 50 Crânios de Ouro ou 200 Tolkens.
- Crânios de ouro, a moeda do Reino Feiticeiro. - resmungou Lakius.
- Oficialmente, ela não é chamada assim, mas acho que Sua Majestade não se importa. Caso contrário, já teria estabelecido alguma regra proibindo o uso desse nome pela população.
- Ainda assim é barata, uma arma encantada como essa deveria custar pelo menos uma platina, mesmo com esses Tolkens. Depois de várias incursões, nós podemos acumular mais do que o necessário para comprá-la. Vocês não têm medo de alguém tentar roubar algo daqui?
- Ah, não - disse a atendente enquanto a armadura no canto se mexia para se tornar visível - há sempre um guarda de prontidão, usando uma armadura dourada exatamente para que não o identifiquem imediatamente. Todas olharam para o Cavaleiro da Morte que usava algo diferente do habitual.
- Eu não sabia que vocês podiam usar equipamentos - murmurou Evileye.
- Sobre nossos preços, eles são um pouco mais baixos para os membros da Guilda dos Aventureiros. A principal diferença é a disponibilidade de algo específico, pois uma loja não pode ter tudo o que é fabricado.
- Certo, vamos entrar na Masmorra, então gostaríamos de adquirir algumas poções. Acredito que nossos recursos serão suficientes.
- Muito bem, do que gostariam? Temos medicamentos, emplastros, poções de cura básica e avançada, poções de mana, de resistência...
- Você mencionou "avançadas"? - Lakius se surpreendeu.
- Sim, assim como as de resistência, essas são poções novas, garantia Bareare. Por enquanto, apenas nós as vendemos para aventureiros mais experientes. Se vocês tiverem um nível mais alto, precisarão de menos poções para se recuperar completamente. São essas roxas aqui. Quanto às poções de resistência, são as brancas. Elas aumentam sua resistência por um período, úteis para lutas prolongadas. Mas alguns aventureiros têm procurado por elas para outros usos - disse a atendente com uma piscadela.
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NOTA DO AUTOR
Olá, gostaria de comentar um problema que eu tenho com a questão monetária do Novo Mundo, sem muitas referências eu não sei exatamente quanto algo deve custar, assim pode haver algumas discrepâncias.
Para o preço da poção comum eu me baseei no custo da poção perdida de Brita ( 1 ouro e 10 pratas), e quanto Lizzie Bareare ofereceu pela poção vermelha (32 ouros), assim imagino que Ainz deve estar fazendo preços melhores como atrativo para a Guilda e propaganda das novas poções.
Já sobre o preço das armas rúnicas estou apenas chutando mesmo kkkkkkkk .
Os Tolkens para mim são aquelas fichas que você ganha nos fliperamas para trocar por brindes, no caso itens, somente quem faz varias corridas na Masmorra ou vão muito longe conseguem acumular o suficiente para comprar coisas realmente legais 😁
Chapter 59: A Masmorra
Summary:
Finalmente as Rosas Azuis vão conhecer a famosa Masmorra de Treinamento, como vão se sair?
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 50: A Masmorra
Chapter Text
- Certo, vamos querer 3 poções normais, uma avançada e uma de resistência, apenas para provar. - disse Lakius.
- Muito bem, são três poções normais por 3 ouros, uma avançada por 5 ouros e uma de resistência por 5 ouros, totalizando 13 crânios de ouro ou 52 Tolkens.
- Aqui está. E agora, precisamos aguardar para entrar, certo?
- Geralmente os grupos entram na Masmorra sozinhos. Afinal, a recompensa é a mesma, independentemente da quantidade de pessoas ou grupos. No entanto, se um grupo avançar muito rápido, acabará encontrando outros mais lentos. Vocês podem ajudar esses grupos ou ignorá-los e prosseguir.
- Certo, tenho certeza de que isso também influenciará a classificação. Acho que aguardaremos.
- Muito bem, eu os avisarei quando chegar a sua vez.
Após alguns minutos, alguém no meio da multidão aproximou-se da atendente e logo depois saiu.
- Parece que vocês estão com sorte. O grupo que estava esperando abriu mão da sua vez para que vocês possam começar.
- Sério?! Por que fariam isso? A quem devemos agradecer? - perguntou Gargaran.
- Acredito que para... todos. Aparentemente todos abriram mão da vez, não é comum um grupo de adamantite aparecer. Devem estar curiosos para saber até onde vocês podem chegar.
- Hum, agradecemos então - disse Lakius acenando com a cabeça - Vamos lá?!
- Por favor, sigam até a porta ao lado.
As Rosas Azuis já conheciam a Guilda, mas em vez do quarto de material habitual, encontraram uma nova porta, maior e ricamente decorada. Ao passar por ela, desceram por uma escadaria que as levou até outra porta um andar abaixo. Ao abri-la, encontraram-se dentro de um esgoto.
- Bem, isso parece ser uma parte real do esgoto da cidade. Até o cheiro é ruim - reclamou a guerreira.
- Tudo bem, formação e... aquilo são baratas gigantes?!
- Sim, chefe, e tem algo ainda maior à frente, parece um rato gigante. - disseram as gêmeas.
- Eu detesto baratas. - resmungou a líder.
Levaram apenas alguns minutos para percorrer o esgoto, demoraram mais para encontrar a saída do que para lidar com os inimigos. Desceram alguns lances de escada e emergiram em um espaço aberto.
- Uau! Como isso é possível? A magia é realmente louca! - exclamou Gargaran.
Era de fato um descampado, com uma plantação de trigo ao longe e o início de um bosque à direita. Evileye voou até o teto.
- É, estamos debaixo da terra, o teto possui uma ilusão de baixo nível, mas é o suficiente para dar a impressão de uma área aberta. Deve ter cerca de nove metros de altura. Posso ver as bordas, e estamos a aproximadamente trezentos metros do final da sala. As paredes laterais estão a uns 150 metros cada lado. Ou seja, esta sala subterrânea possui 27000 metros cubicos. Se todos os andares forem semelhantes e tiverem a mesma altura, o último andar estará a mais de 200 metros de profundidade. Como eles conseguiram cavar tudo isso? E no meio da cidade? Nem mesmo com a ajuda dos mortos-vivos seria possível!
- Provavelmente usaram magia. Dizem que o Rei Feiticeiro possui um elfo negro poderoso que domina a magia druídica. - Tia comentou.
- Os druidas não são tão fortes assim..
- Esse él. Ouvi dizer que ele moveu rios para auxiliar na construção da nova parte da cidade. - disse Tina.
- Entendi - resmungou a vampira - Vamos continuar. Eu vi goblins escondidos no trigo. Tomem cuidado com os flancos. Duvido que aquelas árvores não estejam escondendo algo.
O pensamento de Evileye não estava muito errado. Os andares continuavam com a mesma altura até o nono, enquanto os três seguintes tinham o dobro da altura. A partir do décimo terceiro andar, quase todos eram verticais, com mais de 60 metros de altura, alternando entre um andar em que era necessário subir e no próximo em que era necessário descer, formando um padrão circular em torno das salas iniciais.
O segundo andar levou bem mais do que alguns minutos para ser completado. Os inimigos ainda eram fracos, mas vinham em números consideráveis e usavam estratégias rudimentares.
No terceiro andar, precisaram de mais de uma hora para completá-lo, e ao longo do caminho decidiram ajudar um grupo de novatos que estava tendo dificuldades com formigas gigantes. Depois disso, esse grupo optou por encerrar a exploração, enquanto as Rosas Azuis prosseguiram para os andares seguintes.
A caverna e o labirinto foram particularmente demorados devido às suas múltiplas passagens sem saída. Após passarem parte da manhã, fizeram uma pausa no quinto andar para se reabastecerem. A loja nesse andar parecia ser parte de uma estalagem em uma vila comum. A atendente tinha aparência diferente, mas suas roupas condiziam com as de uma atendente de vila.
- Olá, senhoras. Precisam de algo?
- Apenas água e comida. - resmungou Gargaran.
- Temos várias opções de rações e água disponível. No entanto, vocês também podem economizar consumindo o que encontraram.
- Podemos beber essa água? E comer as plantas?
- Sim, naturalmente. Afinal, o ambiente reproduz suas áreas originais, então algumas coisas podem ser consumidas ou usadas como remédios, outras entretanto não, como os animais que são invocações e desaparecem após serem mortos, ou plantas que podem ser venenosas. Também não recomendo beber a água do esgoto. Saber distinguir afeta suas classificações.
- Eu disse que os cogumelos na caverna eram comestíveis. - disse Tia.
- A chefa malvada não confia na nossa avaliação. - acrescentou Tina.
- Certo, certo. Peço desculpas. Agora, vamos pegar o que precisamos. Tochas ou aros de luz?
- Aros. - responderam todas lembrando da fumaça na caverna.
Os próximos cinco andares foram significativamente mais desafiadores. As "áreas abertas" estavam mais cheias de obstáculos. Os esgotos, a caverna e o labirinto agora tinham caminhos que subiam e desciam, criando níveis. No entanto, elas conseguiram terminar essa etapa à noite.
Na manhã seguinte, elas voltaram à Guilda cedo. Nenhum grupo havia entrado ainda, pois todos estavam ansiosos para acompanhar o progresso das aventureiras, mesmo que não pudessem realmente ver, mas com consentimento das Rosas Azuis um observador transmitia ao salão o que estava acontecendo. Era o equivalente a ouvir uma partida esportiva pelo rádio.
Para descer aos andares subsequentes, utilizaram um elevador mágico. Era uma plataforma operada por um jovem conjurador que as levou diretamente ao andar desejado.
- Bom dia, senhoras.
- Bom dia. - responderam todas.
- Como está a vida? - perguntou Gargaran.
- Ela tem seus altos e baixos. - respondeu o jovem conjurador, com um sorriso.
Apenas Gargaran riu muito alto, enquanto as outras abaixavam a cabeça envergonhadas.
Naquele dia, elas compraram suprimentos na loja do décimo andar, que parecia uma estalagem de uma cidade estrangeira. Mais uma vez, foram recebidas por uma atendente de aparência singular, mas com roupas condizentes. Após pegarem os mantimentos e as poções, avançaram pela porta para o décimo primeiro andar. Levaram o dia inteiro para avançar mais cinco andares e chegarem a uma loja com uma atmosfera completamente exótica.
No dia seguinte, continuaram, passando o dia todo explorando os próximos andares antes de finalmente se darem por vencidas.
Na volta enquanto usavam o elevador conversavam.
- Aquele urso que imitava nossas vozes era mais assustador. - comentaram as gêmeas.
- Não importa, um dragão. ELES TÊM UM DRAGÃO! - exclamava Gargaran animada.
- Era um dragão menor - corrigiu Evileye - e nem era um dragão inteligente.
- Um dragão menor, mas ainda assim não tão pequeno. Ele esgotou nossas reservas.
- Eu teria sido capaz de derrotá-lo Lakius - resmungou Evileye.
- Provavelmente, mas poderia ter nos matado no processo. E isso foi no andar 19. Imagine o que há nos dois últimos andares! - disse a lider quando chegaram ao salão.
Lá, foram recebidas com uma salva de palmas e gritos de uma multidão que as esperava e lhes ofereciam bebidas.
- Parabéns, senhoras. - disse a atendente - Vocês são a segunda equipe a chegar tão longe em tão pouco tempo.
- A Darkness foi a primeira não é? Quanto tempo eles levaram? - perguntou Evileye.
- Eles? Eles levaram apenas dois dias.
- Dois dias para fazer o que fizemos em três.
- Não não, na verdade, levaram dois dias para completar toda a Masmorra. - disse a atendente, sorrindo para Evileye.
- Bem, então, como estamos? - quis saber Gargaran.
- Suas avaliações já foram publicadas. As senhoritas mantiveram a classificação de Adamantite. Parabéns a todas.
- ISSO! Vamos, meninas, vamos comemorar! - exclamou indo em direção à multidão.
- Espere! Pelo menos me deixe limpá-las. Clean! Clean! Clean! Clean!...
- Não ouse me limpar! - interrompeu Gargaran - Este é o cheiro de uma aventureira vitoriosa, um troféu a ser carregado. Agora, onde está aquele magozinho... - ela falou, afastando-se.
- Estou cansada. Vamos nos encontrar na taverna esta noite para comemorar. Por enquanto, quero um banho de verdade e um pouco de descanso. - disse Lakius, acenando para a multidão de aventureiros.
A líder das Rosas Azuis estava mais animada do que se lembrava de ter estado nos últimos meses, realmente percorrer a Masmorra era estimulante.
Pegaram uma carruagem aberta e seguiram por uma rua que passava em frente à prefeitura. Lá, avistaram a carruagem negra estacionada, puxada por um Devorador de Almas. Uma figura conhecida descia a escadaria.
Saltando da carruagem em movimento, Lakius gritou:
- RENNER!
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NOTA DO AUTOR
Esta é a minha visão sobre a Masmorra de Treinamento. Cada um pode imaginar a sua versão e se divertir ao inserir seus personagens favoritos para explorá-la. Aproveitem!
Propositadamente, reduzi a presença de mortos-vivos como inimigos, pois imaginei que Ainz não gostaria que os aventureiros aprendessem a lutar contra seu próprio exército.
A Masmorra possui 21 andares. Até o 9° andar, o espaço é uma sala quadrada de 300 metros de cada lado e 9 metros de altura.
Nos andares 10, 11 e 12, a altura é de 18 metros. Ao redor deles estão os andares verticais. Estes andares verticais têm 60 metros de altura e, portanto, são mais estreitos, com apenas 50 metros de comprimento, mantendo a largura de 300 metros. Esses andares alternam entre subida e descida a cada andar.
As criaturas descritas abaixo são apenas aquelas consideradas inimigas. Animais de tamanho comum para os ambientes, como ratos, aranhas, mosquitos e morcegos, não estão listados, embora existam.
Animais grandes, enormes ou gigantes podem variar de tamanho. Por exemplo, uma barata gigante pode ter o tamanho desde um cão ou até mesmo o de uma pessoa e um lobo gigante seria do tamanho de um cavalo. Da mesma forma, animais considerados "menores" teriam menos da metade do tamanho de sua contraparte natural.
Descrição dos Andares:
1° Andar - Esgoto: Um serviço básico para aventureiros, que envolve a limpeza de esgotos. Inimigos típicos desse ambiente incluem baratas gigantes e ratos enormes.
2° Andar - Descampado: Uma área gramada comum em viagens, com partes de um campo de trigo e um bosque. Inimigos como Goblins e Trolls podem surgir a partir dessas áreas.
3° Andar - Deserto Pedregoso: Uma região quente e sem vegetação. Inimigos incluem formigas gigantes, lagartos venenosos enormes e abutres agressivos grandes.
4° Andar - Caverna: Este andar possui armadilhas simples e passagens de onde inimigos emergem. Atenção às suas costas. Slimes, Goblins e Trolls são os principais inimigos aqui.
5° Andar - Labirinto: Este andar possui armadilhas e caminhos sem saída. A partir deste ponto, inimigos podem derrubar itens. Espere por Mímicos e Minotauros.
6° Andar - Esgotos Infestados: Este esgoto possui dois níveis e uma pequena área mais aberta com várias plataformas. Enfrente ratos gigantes, crocodilos enormes e uma barata albina gigante chamada Jhonson, que usa tênis e ocasionalmente diz "SHOCKING".
7° Andar - Bosque: Uma área arborizada com árvores, um local comum para a coleta de ervas. Encontre Trolls e plantas carnívoras aqui.
8° Andar - Deserto Arenoso: Um ambiente muito quente e árido. Inimigos incluem escorpiões gigantes e vermes de areia.
9° Andar - Caverna Infestada: Este andar possui armadilhas, passagens e caminhos ascendentes e descendentes, com uma ampla área de plataformas. Cuide de suas mulheres. Enfrente Slimes gigantes, morcegos enormes, Goblins e Hobgoblins.
Andares com o Dobro da Altura:
10° Andar - Labirinto Complexo: Este andar oferece mais caminhos, níveis, armadilhas e inimigos. Espere encontrar Minotauros, Nagas e uma Mantícora.
11° Andar - Esgoto Complexo: Este andar é repleto de caminhos, níveis, armadilhas e inimigos. Encontre ratos gigantes, crocodilos monstruosos, aranhas gigantes e um palhaço com um balão vermelho.
12° Andar - Floresta: Uma área de floresta tropical. Lute contra Anacondas, mosquitos gigantes, plantas caçadoras e Barghests.
Andares Verticais:
13° Andar - Montanha: Suba verticalmente por trilhas e patamares. Enfrente Trolls da montanha e Harpias.
14° Andar - Caverna Aquática: Este andar possui um sistema de cavernas que leva a um lago e a uma cachoeira que flui ao contrário. Mergulhe para passar para o próximo andar. Encontre Homens-Sapo, Serpentes Marinhas menores e um Kraken menor.
15° Andar - Templo em Ruínas: Este andar apresenta várias salas, passagens secretas e armadilhas. Suba para alcançar o topo. Encontre Elementais menores variados, Linchs disfarçados de adoradores e uma Múmia feiticeira chamada Imotep.
16° Andar - Esgoto Central: Este andar é muito complexo e requer descida. No fundo, há um lago e um sumidouro. Lute contra Goblins invocadores, Elementais de Água e um Basilisco como o chefe final.
17° Andar - Floresta Nevada: Uma grande inclinação com escalada suave, mas constantemente assolada por uma tempestade de neve. Suba até o topo para prosseguir. Lute contra Urso da Aniquilação, lobos enormes, Elementais de Gelo e um Gigante das Neves como chefe.
18° Andar - Montanha Chuvosa: Uma parede vertical com chuva incessante. Escalar é necessário para descer. Enfrente Elementais de Vento, Harpias e um Wyvern como chefe.
19° Andar - Caverna Vulcânica: Uma área extremamente quente. Suba por túneis até um lago de lava. Lute contra Elementais de Fogo, Salamandras e um Dragão Vermelho menor como chefe.
20° Andar - Templo do Destino: Este andar labiríntico possui várias armadilhas e passagens secretas. Desça até um salão na base. Lute contra Elementais de Pedra, adoradores e um Beholder como chefe. Tenha uma rosa em mãos ou farinha para enfrentar o Beholder.
21° Andar - Grande Salão do Mal: Este amplo salão não possui inimigos comuns ou armadilhas. O único objetivo é derrotar ou escapar do chefe final, o Lorde Demônio Ira.
Em breve, fornecerei um pequeno desenvolvimento para o Lorde Demônio Ira, explicando por que ele está ali realizando um serviço extra. Como você pode perceber, TW contribuiu com sugestões para diversificar os inimigos na Masmorra.
Parece que essa descrição se transformou em um capítulo por conta própria, hahaha!
Espero que tenham gostado e lembrem-se de que os inimigos são opcionais.
Chapter 60: Reencontro
Summary:
Revelações acontecem em um encontro inesperado.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 51: Reencontro
Chapter Text
— RENNER! - gritou Lakius ao saltar da carruagem, seguida pelas outras Rosas Azuis.
Ela atingiu as escadarias com tanta força que se não houvesse uma runa em cada degrau, o mármore teria sido esmagado.
— RENNER, VEM COMIGO, EVIL! TELEPORTE! - gritava a aventureira enquanto pegava a antiga princesa pelo pulso e a puxava em direção à maga.
— Lakius! O que você está fazendo aqui? O que você está fazendo? - perguntou Renner com um semblante preocupado.
— Estamos saindo.
— Pare, Lakius.
— Não temos tempo. Vamos! - ela falou, mas então recebeu um tranco e olhou para sua amiga, por uma fração de segundo, com o canto do olho, ela viu um sorriso no rosto de Renner, algo tão rápido que sua mente mal registrou. Quando a olhou de frente, só pôde ver sua face assustada e o esforço para não se mexer.
— Pare, Lakius, você está me machucando. Se acalme, minha amiga, o que você está fazendo?
— Eu, eu... estou te salvando. Talvez essa seja a única chance que tenhamos.
— Para quê? Fugir? Para onde? E depois?
Lakius não sabia responder. Na verdade, até agora ela nem imaginava que sua amiga ainda estivesse viva.
— E-eu não sei, mas a gente pode conseguir sair daqui. C-como você ainda está viva?
— Se acalme. Não precisamos fugir assim. Essa é uma coincidência incrível. A gente precisa é conversar. Venham, está um pouco tarde, mas acho que ainda podemos tomar um chá. Não é mesmo? Venham, vamos entrar. - disse a princesa enquanto pegava a mão de sua amiga e indicava o caminho para dentro da prefeitura.
De todas as coisas que este momento pudesse ser, uma coincidência era a última opção. Renner já havia sido informada da chegada das Rosas Azuis desde que saíram de Arwintar. A partir deste momento, um Demônio das Sombras manteve vigilância constante. Foi particularmente divertido estimar qual seria o melhor momento para se mostrar a sua amiga neste dia em específico, organizar para que a carruagem certa as pegasse na Guilda e fizesse um trajeto que passasse pela prefeitura apenas usando eventos que levassem o cocheiro a decidir por tal caminho sem que isso envolvesse suborná-lo. Tudo foi simplesmente brincadeira de criança.
A antiga princesa Renner já era conhecida por ter uma mente ágil, todavia quem era mais próximo dela sabia que isso era eufemismo. Na verdade, ela possuía uma mente em nível genial, para os padrões humanos. Agora, com a mudança de raça, sua inteligência e raciocínio saltaram para fora dessa escala. Sua nova mente demoníaca ainda era a dela, mas parecia como se um mundo de novas informações e possibilidades tivesse se aberto.
Apesar de tudo isso, em questão de inteligência, ela ainda não se sentia estar aos pés de seus superiores diretos: Lady Albedo e sua organização, seu mentor Lord Demiurge com seus planejamentos, nem mesmo se aproximava de Lord Pandora, alguém inigualável na arte performática, a qual ela mesma tinha tanto orgulho e ao seu lado parecia ser apenas uma criança atuando. Mas agora ela tinha tempo para aprender, uma vida eterna para isso. Pretendia algum dia ser capaz de emular essas características. Sua única urgência era se mostrar o mais eficiente e prestativa possível. Afinal, se seus superiores estavam em padrões tão inalcançáveis, quem dirá o Mestre Supremo de tais seres? Divino seria a única maneira de descrevê-lo.
Enquanto isso, Ainz estava em uma aldeia na Grande Floresta de Evasha, tentando aprender alguma coisa com um velho elfo negro.
Renner seguia pelos corredores da prefeitura. Ninguém dava mais do que um olhar para o grupo que seguia a assessora da primeira ministra.
— Por aqui, podemos sentar na sala reservada. Vou pedir um chá. Gostariam de algo para comer? Talvez uns biscoitos.
— Eu... sim, por favor. Uns biscoitos estão bons.
Apenas Lakius poderia ser considerada uma “amiga”. As outras, no máximo, eram suas colegas a serem toleradas. Quando chegaram na sala, as gêmeas preferiram se encostar em um sofá afastado, enquanto Lakius e Evileye sentaram na mesa junto com Renner. Ela preferia ter esta conversa a sós, mas a presença das outras Rosas Azuis não era inesperada.
— O que houve com vocês, garotas? Parece que saíram de uma briga. Vocês tiveram algum problema na cidade? Posso pedir para alguém ajudá-las se estiverem com problemas.
— Não, não. Nós fomos conhecer a Masmorra de Treinamento. Acho que nos empolgamos e... PELOS DEUSES, COMOVOCÊESTÁVIVA!!! - explodiu a líder.
— Certo, acho que vou precisar contar sobre o último dia de Re-Estize e a queda da casa Vaisef. Pelo que me lembro, a cidade estava cercada e sendo invadida.
— Sim, o exército do Rei Feiticeiro havia chegado às nossas portas. Nós estávamos nos despedindo quando eu fui traída. - disse, lançando um olhar para as amigas que não demonstraram reação alguma.
— Isso mesmo. As Rosas Azuis fizeram o que fizeram com você apenas porque se importavam. Elas entraram em contato comigo e planejamos a sua retirada para o seu bem.
— Para o meu bem? Eu lutaria para salvar o máximo de pessoas possível.
— E morreria inutilmente, salvando pessoas que provavelmente morreriam em seguida. Lembre-se, a cidade estava cercada. Entenda, você que era importante, uma guerreira valiosa, mas não seria páreo para alguém daquele exército.
— Como você sabe disso? Nós talvez pudéssemos derrotar algum grupo, ou um general, abrir uma brecha no cerco.
— Talvez fosse uma premonição ou sorte que nos levou a tomar aquela decisão. Pois depois que você... foi levada, Brain falou exatamente a mesma coisa. Saiu com a mesma intenção, e mesmo assim não retornou ou parou o avanço do exército.
— Nós somos melhores, e em maior número. Poderíamos talvez até enfrentar o próprio Rei Feiticeiro.
— Não, não poderiam. Você não tem idéia com quem estaria lidando. Talvez, eu digo, talvez um Dragon Lord pudesse se equiparar a Sua Majestade.
— Como você pode dizer isso? - bufou a guerreira, descontente.
— Lembre, ele enfrentou e derrotou o próprio Jaldabaoth, e sozinho! Além do mais, ele não estava em nossos portões, ele estava em minha casa. - disse Renner, abaixando a cabeça e demonstrando uma tristeza profunda.
— O que? Como? O que houve? - Lakius perguntou preocupada com sua amiga.
— Snif!... é difícil, mas você precisa saber. Depois que levaram você para um lugar seguro, eu fiquei com a minha família. Pedi a meu pai para que os tesouros reais fossem escondidos pela cidade. Se eles fossem parte do objetivo desta guerra, talvez assim evitaria a destruição. Mas... não evitou. - desta vez ela escondeu o rosto em um lenço.
Lakius estava se levantando para consolar sua amiga, mas foi impedida com um gesto.
— Estou bem, snif! As lembranças de tanto sofrimento doem, mas estou bem. E-eu pedi a Climb que escondesse os tesouros. Enquanto ele estava fora, o Rei Feiticeiro chegou ao palácio:
.............................
— Protejam o rei! - gritavam os guardas palacianos.
O Rei Feiticeiro andava calmamente pelo corredor. Apenas sua presença derrubava a maioria dos defensores. Os mais fortes eram levados à loucura.
Ao chegar no salão do trono, as portas se abriram sozinhas.
— Vejo que o próprio Rei Feiticeiro decidiu estar presente no momento da destruição de meu reino.
— Boa tarde, Rei Ramposo. Lamento que tudo tenha chegado a este ponto. Mas não me dá nenhum prazer ver toda esta dor. Como Rei, o senhor entende que uma lição precisa ser ensinada. Lamento que tenha sido o senhor a servir de exemplo, mas não foi por isso que estou aqui.
— Não? Qual motivo traria um rei à presença de outro?
— Lamento dizer, mas venho com más notícias. - o Rei Feiticeiro então fez um sinal e um Cavaleiro da Morte entrou, trazendo uma urna ornamentada.
— Não, por favor não. - sempre que algo assim acontece, só pode significar uma coisa: a cabeça de alguém. - Meu filho, por favor, não meu filho.
— Lamento, o príncipe Zanak veio até a mim tentar negociar o fim da guerra. Conversamos por curto tempo, mas meu respeito por ele cresceu imensamente.
O Rei Ramposo segurou a caixa ornada, abriu ela parcialmente e então a fechou.
— Como ele morreu?
— Ao final de nossa conversa, ele entendeu que não haveria paz e com determinação até desejou nos encontrarmos no campo de batalha. Mas essa chance nos foi roubada. Seus próprios nobres se rebelaram e de forma traiçoeira o mataram. Trouxeram sua cabeça até mim como troféu, tentando ganhar algum benefício. Mas tudo o que lhes dei foi sofrimento. Lamento sua dor.
— Obrigado. Sei que o senhor não tem motivos para mentir. Poderia apenas ter vindo aqui se vangloriar. Mas pelas suas palavras, todo sentimento de vitória parece apagado.
— Sim, algumas coisas simplesmente tiram a pouca satisfação que poderíamos ter.
— Então, senhor Rei Feiticeiro, como um pai em luto, peço novamente a sua misericórdia para com meu reino. E ofereço mais uma vez minha cabeça em contrapartida.
— Me condoliso com sua perda, Rei Ramposo. Mas seu reino não pode ser salvo.
— Então que seja apenas o último bem que me resta, minha filha.
— NÃO, PAI! POR FAVOR, NÃO!
— Ainda sou seu pai e seu rei. Se eu puder salvar apenas uma vida, a minha morte terá valido a pena. Então que seja a sua, Chardelon.
— Por favor, meu pai, não faça isso.
— Eu... aceito - disse o Rei Feiticeiro - como um favor de Rei para Rei.
Ramposo se levantou do trono e caminhou até o Rei Feiticeiro. Em sua cintura estava pendurada o maior tesouro do reino: a espada Razor Edge, que um dia pertenceu a Gazeff Stronoff. O rei sacou a arma. Algum dia ele talvez tenha sido um grande guerreiro. A girou com habilidade e ofereceu o punho ao seu carrasco.
— O senhor faria?
— Seria uma honra. Ninguém se atreveria a tirar esse direito do senhor.
O rei se curvou em agradecimento e abaixou a cabeça, esperando o golpe. Nem mesmo o sentiu. Um corte rápido e limpo encerrou sua vida.
......................
— ... Isto pertence a você - disse o Rei Feiticeiro, entregando a espada para mim, snif!
— Oh, Renner, me desculpe - agora Lakius segurava a cabeça da amiga contra o peito - mas como você está aqui, você poderia ter ido embora.
— Eu não poderia deixar o que sobrou do reino com um destino incerto. Nem deixar meu Climb morrer.
— O que você fez?
— Eu fiz a única coisa que poderia ter feito. Eu negociei, negociei a minha última posse: minha própria liberdade. Ofereci ela para que as cidades que se renderam não fossem atormentadas e que... Climb pudesse ficar comigo. Argumentei que, sendo a última representante viva de minha família, se eu continuasse aqui, as pessoas poderiam aceitar o governo de Sua Majestade com mais facilidade. Como Momon, me tornaria uma garantia para a paz do povo. Ele aceitou. Desde então, eu trabalho junto com a primeira ministra para o bem-estar de nossos cidadãos.
— Mas ele ainda é... um morto-vivo. Seus únicos desejos são destruir a vida e governar tudo.
— Você acha que o Rei Feiticeiro é um morto-vivo comum? Até agora, pelo que sabemos, ele só respondeu a ataques. Você tem razão, ele pode não sentir remorso por matar seus algozes, mas também não parece sentir prazer. Tudo o que ele faz tem um objetivo. Se o seu for conquistar, parece que ele fará isso protegendo o que é seu.
— Evileye, alguma coisa? - disse Lakius, virando-se para a feiticeira.
— Não, não sinto qualquer controle mental sobre ela.
— Você acha que eu estaria enfeitiçada? Minha amiga, o Rei Feiticeiro não precisa disso.
— Eu imaginei que poderia ser. Você está trabalhando para aquele que matou metade do reino.
— E manteve a outra metade viva, e agora mais próspera do que nunca. Livre de corrupção, das drogas ou escravidão. Sem traições e sem as antigas facções disputando migalhas de poder.
— Você o admira!
— Sim, depois que vi do que seu governo é capaz, eu o admiro. Ele demonstrou mais honra do que a maioria dos humanos. Ele não teria motivos algum para manter este reino vivo, ainda assim cá estamos. Admita, agora que viu como é esta cidade, você ainda acha que o Rei Feiticeiro é mau?
— Eu... não sei. A idéia que tinha sobre esta cidade era totalmente diferente, mas nós não olhamos tudo e nem ficaremos muito tempo. Nós vamos para... - Lakius olhou em volta como se esperasse ver espiões escondidos atrás das cortinas.
— Não me conte. Sabe, uma cidade pode não ser o bastante para ter uma idéia de como o Rei Feiticeiro governa. Se vai viajar, passe pelas cidades que restaram de Re-Estize. Você as conhece. Veja seu povo. Veja como a vida daquelas pessoas mudou. Veja se estão sofrendo ou se estão felizes. Faça seu julgamento baseado em fatos. Ah! O chá chegou. Agora, minha amiga, mudando de assunto, me conte o que vocês andaram fazendo nesses meses?
....................
NOTA DO AUTOR
Sobre como aconteceu os fatos na sala do trono, essa versão da história contada por Renner pode ter acontecido ou não daquela maneira.
Chapter 61: Sozinha
Summary:
As Rosas Azuis visitam mais cidades e tomam várias decisões.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou fechando este arco com a nossa Chūnibyō preferida.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 52: Sozinha
Chapter Text
Lakius tinha muito o que pensar. Após deixar sua amiga, foi diretamente para o hotel. Ela não tinha mais a mínima disposição para comemorar, passando a noite toda encarando sua espada.
Na manhã seguinte, o sol brilhava no céu, e ela se levantou com um peso no coração.
- Bom dia a todas.
- Bom dia, Monte de Músculos. Parece que você se divertiu.
- Muito, baixinha, mas no final, o magozinho não foi páreo para ISSO! - disse Gargaran, flexionando o peitoral.
- Espero que você não o tenha matado - disse Tia.
- Não vamos esconder nenhum corpo por você - completou Tina.
- A última vez que o vi, ele ainda estava respirando. Senti falta de vocês. Onde foram?
- Encontramos alguém no caminho, e depois cada um resolveu fazer algo diferente - explicou Evileye.
- Quem vocês encontraram?
- Renner. Nós encontramos a Renner - disse Lakius, chegando na sala.
- Parece que você levou uma surra, chefe. O monstro na sua espada não te deixou dormir?
- Foi... algo assim.
- E como isso é possível a princesa ainda estar viva?
- Me dê uma xícara de chá forte, que eu te conto sobre Renner. Isso, obrigada. Quando estávamos voltando... - a líder das Rosas Azuis passou a próxima meia hora contando os acontecimentos do dia anterior.
- Puta merda, ela encontrou o próprio Rei Feiticeiro. Então, o garoto cereja também está vivo. Mas depois disso, acho que não vou poder chamá-lo mais desse jeito, hahaha!
- Por que você pensaria coisas assim?
- É natural, chefe. Em momentos de dor, vida e morte, as pessoas se voltam ao instinto. Além do mais, não é segredo que ela sempre quis arrastá-lo para fora daquela armadura. Bem, o que vamos fazer?
- Acho que ficaremos só mais alguns dias apenas.
- Podemos confiar nela?
- Eu não sei. Ela parece mudada. Mesmo sem controle mental, ela está diferente, mais forte, determinada. Não sei exatamente o que é, mas suas decisões ainda parecem ser as que ela tomaria.
- Talvez. Então, por enquanto, vamos continuar fazendo o que estivemos fazendo até agora.
- Sim, observar e aprender.
Nos dias seguintes, visitaram os bairros demi-humanos. Eles eram estranhos, como se a arquitetura humana tivesse sido imposta ao padrão de construção, sendo apenas adaptada para as outras espécies. Quanto mais para dentro dos bairros, menos essa influência era sentida, mas nunca apagada.
Quando decidiram que já tinham visto o bastante, foram até a prefeitura se despedir. Depois de tudo, um mês na cidade já era o suficiente.
- Adeus, minha amiga. Espero que nos vejamos em breve. Pena não terem conseguido se encontrar com Momon, mas suas responsabilidades não se restringem mais apenas a E-Rantel.
Na verdade, Ator de Pandora estava tentando evitar encontrar com a pequena vampira assediadora.
- Adeus, Renner. Também espero voltar logo. Adeus, Climb. Foi bom vê-lo novamente.
- Eu digo o mesmo, senhorita Lakius.
- Até mais, garotão. Pelo visto, você cresceu bastante. Se continuar assim, vai acabar mais alto do que eu, hahaha!
- Deixe disso, senhora Gargaran. Pelo menos agora parece que eu não atraio mais sua atenção.
- Oh ho ho! E ficou mais atrevido também - Gargaran disse, dando um soco no ombro de Climb, que fingiu perder o equilíbrio.
- Certo, meninas, vamos.
Após sua partida, Climb e Renner ainda permaneciam na varanda, vendo a carruagem se afastar.
- Elas ficarão bem?
- Sim, meu amor. Segundo Lord Demiurge, elas fazem parte dos planos de nosso senhor, e a morte delas não está prevista... por enquanto.
- Eu deveria estar me sentindo mal por esconder o que houve conosco, mas agora sinto apenas um leve incômodo. Isso vem de nossa nova natureza?
- Provavelmente, mas você ainda tomaria decisões baseado em suas experiências. Mas não pense muito nisso. Seja apenas você mesmo. Agora, deite! - disse Renner, liberando suas asas e derrubando Climb no sofá.
Viajar hoje em dia se tornou muito mais fácil. As novas estradas eram muito melhores, embora não se comparassem às de E-Rantel, ainda encurtavam em muito o tempo. Nas semanas seguintes, o que viram pelo caminho foram lugares onde deveria haver uma vila ou cidade, e agora... nada. Apenas nas que deveriam ser as maiores, ainda era possível ver partes das construções que não tinham sido reutilizadas. Quanto às outras cidades e vilas que não haviam sido arrasadas, pareciam maiores e mais prósperas, uma dualidade gritante.
As Rosas Azuis passaram por E-Pespel, E-Libera e outras cidades, sempre procurando algo, mas logo perceberam que nem mesmo elas tinham mais ideia do que seria. Aqueles que sobreviveram agradeciam aos seus deuses normalmente. Havia liberdade religiosa, mesmo que muitos tivessem se voltado para a nova religião emergente ou apenas se apegado ainda mais à dedicada a Shusharna. Nada era imposto, exceto a ordem, e as leis, por mais estranhas que fossem, nenhuma era absurda.
Chegaram em uma noite na cidade portuária de E-Naúru. Após se acomodarem na estalagem, foram para uma taberna próxima, a melhor fonte de informação de uma cidade.
- Isso não deveria ser possível.
- O que, chefe malvada?
- Isso, pessoas bebendo sem se socarem. Isso é uma taberna. Onde você já viu uma sem brigas?
- Deve ser por causa dos guardas mortos-vivos?
- Eles não podem estar em todos os lugares, e não tem quase nenhum fora do porto.
Então uma das gêmeas esticou levemente a ponta do pé, fazendo uma pessoa tropeçar e derramar a bebida em outro cliente sentado.
- FILHODUMAVACA! Olha por onde anda!
- Eu tropecei, foi mal.
- Foi mal o caramba, EUVOUTEVIRARDOAVESSO!
- Você não vai fazer nada! - disse o taberneiro se aproximando com um bastão - você vai soltar ele senão eu chamo uma patrulha.
- Não tenho medo dos guardas, nem de passar a noite numa cela.
- É, mas com certeza seu crédito na guilda vai cair. Nada de Masmorra por um bom tempo com certeza.
O brutamontes pareceu pensar, então soltou a pessoa.
- E você, pague uma bebida para ele.
- Mas eu tropecei, foi sem querer!
- Eu te livrei de uma surra. Agora, pague a bebida e saia daqui.
As Rosas apenas observaram a ação.
- Com licença, senhor, sempre é assim?
- O quê? Essas briguinhas?! Nah! Ainda estamos no centro. Nos bares mais afastados, pode ser mais frequente.
- Não, quero dizer, como foi resolvido, com essa conversa.
- Aqui? Às vezes funciona, com os menos bêbados, pelo menos. Às vezes não, daí é a guarda que é chamada.
- E como resolvem? Não vimos tantos guardas mortos-vivos, na verdade, fora de E-Rantel, eles são bastante raros nas cidades.
- Os guardas normais dão conta. Na dúvida, prendem os dois. Se houver crime, chamam um juiz itinerante, um Linch. Aí usam charm ou algo assim para saber de quem é a culpa.
- E se for uma situação onde os guardas normais não dão conta?
- Então nós resolvemos - disse uma cavaleira que acabara de entrar - nunca imaginei que veria as Rosas Azuis por aqui.
O taberneiro se afastou enquanto Lakius se aproximava da cavaleira.
- Boa noite, eu sou Lakius Alvein Dale Aindra, líder da Rosas Azuis.
- Eu sou Scama Elbero, líder das Quatro Armas, esta é minha companheira Lilynette Piano. É um prazer conhecê-las.
- O prazer é nosso. Gostariam de sentar e beber conosco?
- Eu vou aceitar, obrigada.
- Eu não, obrigada. Meu turno terminou, então vou voltar para o meu maridinho - falou Lilynette, meio que babando.
- Boa noite, Lily. Bem, o que as trazem a E-Naúru?
- Estamos viajando, senhorita Scama, em uma missão. Sabe, ficamos sabendo que esta cidade foi cercada. Como ela sobreviveu se Re-Uroval, que era maior, não?
- Sorte?! Acho que foi isso. Havia um exército de mortos nos cercando. Tivemos que enfrentar um Cavaleiro e um Guerreiro da Morte, mas não fomos páreos para eles. Somente quando alguém da Red Drop surgiu e os destruiu, tivemos chance de fugir pelas docas. Mas ao chegarmos lá, havia um exército emergindo da água. O Conde Naeura, em um momento de frustração, levantou as mãos e gritou: "Eu me rendo!" - Scama falou, imitando de forma cômica o gesto com os braços levantados - para nossa surpresa, um Linch surgiu e aceitou a rendição. Nem sabíamos que era possível negociar com os mortos. Acho que Re-Uroval não teve a mesma chance.
- E agora vocês são a maior cidade portuária ao norte, a última antes da Cidade Estado de Argland.
- Isso, estranho, não é mesmo? Acho que no final havia outro motivo para nos poupar, mas não faço ideia do porquê - disse Scama, esvaziando sua caneca de cerveja.
Após várias cervejas, voltaram à estalagem.
- Parece igual às outras cidades, chefe. As que sobraram, quero dizer.
- Sim, parece que foram escolhidas a dedo, não apenas por se renderem, mas pela localização e infraestrutura. Cada uma com nobres capazes de manter a ordem e seguir as novas leis.
- E dobrando de tamanho neste meio tempo. Será que é a mesma coisa nos outros países? - ponderou Lakius.
- Não sei, Gargaran, mas acho que chegou a hora de irmos para Argland e encontrar Rigrit.
- Eu não vou - disse Evileye. - Quero voltar a E-Rantel. Precisamos falar com Momon.
- Mas Evil...
- Nós também não vamos, chefe malvada.
- Vocês também?
- Sim, precisamos de mais perspectiva. Se ficarmos juntas, levaríamos uma vida para olhar tudo. Nós vamos para o Reino Dracônico. Nos encontramos em alguns meses.
- E você, Gargaran? Pelo jeito, você também já se decidiu.
- Sim, chefe. Eu quero ir ao Reino Nobre e depois até Abellions Hills. Só vimos cidades humanas. A gente precisa saber o que está acontecendo por lá.
- Certo, vocês têm razão - disse ela, resignada. - Vamos nos comunicando. A gente se vê em alguns meses, então. Amanhã cada uma parte em uma direção.
Após todas se retirarem, Lakius ficou sozinha em seu quarto, encarando sua espada.
- E você, demônio, não vai falar nada? Ou decidiu me abandonar também. VAMOS! FALE! Não vai me tentar com suas palavras doces e venenosas?! FALE COMIGO MALDITO!!!
Ninguém respondeu. Como sempre, Lakius falava sozinha. Ela havia se tornado aventureira muito jovem e sempre sonhara em enfrentar um grande vilão ou suportar a tentação usando apenas sua força de vontade. Esse costume a acompanhou quando adulta, mesmo após enfrentar tantos inimigos realmente fortes, acabou gerando interpretações erradas por suas amigas.
O Demônio das Sombras no quarto quase ficou tentado a responder, mas sem orientação de Renner, ele se limitou a permanecer em silêncio. Porém, Lord Demiurge seria informado desse estranho hábito.
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NOTA DO AUTOR
Ufa! Terminando outro arco, agora vou ter uma folga para descansar porque os próximos 6 capítulos já estão prontos, acabei tendo que escrever este encima da hora porque não queria ir e voltar na linha do tempo.
Aqui tentei dar um fundo para o hábito de Lakius falar sozinha ou com a espada, para quem não sabe Chūnibyō é o termo usado para "Doença do segundo grau", uma fase vergonhosa onde os adolescentes para tentar se achar especial imaginam ser um heroi, agir de forma exentrica, ter uma maldição ou poder especial, geralmente tal fase passa, mas as vezes pode ser necessário ajuda psicológica.
Detalhe: Lakius não é a única que tem isso , Ainz/Satouro teve essa fase e Ator de Pandora é um lembrete vergonhoso desse tempo.
Então, as férias de Ainz terminaram e vocês sabem o que aconteceu no final do volume 16.
Chapter 62: Interlúdio 10
Summary:
Nabe e Ator de Pandora tem uma conversa sobre... relações.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, com o fim de outro arco trago o décimo interlúdio da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 10
Chapter Text
- Linda princesa Nabe, aceite meu pedido e a cobrirei de jóias, juntos moraremos em minha mansão e... - declamava um jovem nobre.
O que ele recebeu foi um olhar tão furioso que o buquê de flores que segurava se incendiou como resposta.
- Suma da minha frente, verde de fruta. - disse Narberal Gama, afastando-se junto com Momon e deixando mais um pretendente desolado.
- Isso parece meio recorrente, não é mesmo, minha cara?
- Estou farta dessas pragas.
- Lord Momon! - chamou uma jovem voluptuosa. - Que felicidade o seu retorno à cidade.
- Oras, só me ausentei apenas por algumas semanas, acredito que tudo tenha ficado tranquilo.
- Sim, meu lord, mas é um prazer vê-lo novamente e saiba que minha casa está sempre aberta para o senhor.
- Agradeço... mas... o dever me chama. - ele falou, afastando-se e deixando a jovem com seus desejos.
- Momon-san, podemos conversar? Em particular?
- Claro, Nabe. 'Está bem assim, fräulein?' - disse Ator de Pandora.
Como Guardião do Tesouro, ele era capaz de usar mensagem sem precisar de um pergaminho, e por ser um Doppelganger, nem mesmo levava os dedos à cabeça para falar, já que a telepatia era inerente à sua raça.
- 'Como o senhor tolera tudo isso?'
- 'Você deve estar se referindo novamente a esse tipo de atenção.'
- 'Exatamente, ainda não entendo por que os humanos são atraídos por esta aparência ou pela do senhor.'
- 'Os humanos são criaturas simples, movidos pelos seus desejos de sobrevivência. A procriação é um elemento disso. Nós doppelgangers somos seres assexuados, então estamos livres de tais infortúnios. Eu somente tenho aparência masculina da mesma maneira que você a feminina em sua forma natural, apenas por questões estéticas escolhidas por nossos criadores.'
- 'Mas o senhor parece ter uma compreensão superior.'
- 'Isso devido aos meus níveis e com isso a variedade de personas que já copiei. Já fui homem, mulher, criança, elfo, insectóide e tantos outros. Já você, no nível um, tem apenas disponível a aparência extra que foi dada por seu criador, nem mesmo tem lembranças ou impressões psíquicas de outro ser. Então, talvez quando subir de níveis você possa emular outra pessoa e assim adquirir um novo ponto de vista.'
- 'O senhor acha que realmente poderemos subir de níveis?'
- 'Tenho fé que sim, assim como mein Vader, acredito que podemos crescer trabalhando nossos pontos fracos. Eu mesmo, por exemplo, estou há 27 horas e 42 minutos sem pegar em algum tesouro e estou ótimo... Exzellent!'
- 'Já que o senhor tocou no assunto, acho que pretendo largar o meu hobby.'
- 'Por que? Mein Vader pediu que todos da Tumba tivessem algo para fazer em seus dias de folga, contando que não interferissem em seu serviço ou prejudicasse nossa casa.'
- 'Sim, que, se possível, fosse particularmente desafiador à nossa natureza inerente e que não fosse necessário compartilhar se não estivéssemos confiantes. Por isso, somente o senhor sabe.'
- 'Então qual o problema?'
- 'Ainda não consigo entender. Posso replicar, mas não entendo por que isso funciona dessa maneira, toda essa atenção. O senhor me disse em outras ocasiões para buscar outros pontos de vista. Procurei um novo tema na Grande Biblioteca de Asurbanipal como fonte de inspiração, mas ainda não compreendi muito o assunto.'
Neste momento, uma dupla interrompeu a caminhada.
- Desculpe, senhor, Lord Momon, senhor, será que o senhor poderia autografar? - disse um homem alto e barbudo, com um olho fechado por causa de uma cicatriz e que segurava um daqueles livros picantes hoje tão populares.
- E devo assinar para quem? - disse Ator de Pandora, vendo uma pequena jovem de vestido que empunhava um machado gigante.
- Eu sou Lilyza, mas o senhor deveria assinar para o meu amigo aí.
Ator de Pandora então viu o mago ruborizado produzir uma pena com tinta usando magia.
- Poderia assinar para Gible?!
- Claro! "Para, o meu amigo, Gible, assinado, Momon The Darkness."
- Muito obrigado, senhor - disse a dupla se retirando.
- 'Eu ainda não tinha visto aquele volume.'
- 'É o último que saiu, Lord Pandora. Ainda não tive tempo de mostrá-lo ao senhor,' - disse Narberal Gama - 'É baseado no novo material que pesquisei, como havia dito. Acho que o tema se chama BL.'
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NOTA DO AUTOR
Olá pessoal, acho que arrumei briga sobre uma das maiores waifus de Overlord, Naberal Gama; mas eu não podia de deixar de falar dela e sobre o que eu acho aquele desprezo pelos humanos.
Além disso se repararam que ela tem um hobby bem popular? Afinal Albedo e Shalltear são colecionadoras avidas de seus livros, ahamm, picantes.
Os dois personagens que aparecem são uma homenagem ao mangá Faz-Tudo Saito em Outro Mundo.
Chapter 63: O Rei está morto, Vida longa ao Rei!
Summary:
Ainz descobre quem controlou Shalltear e sua fúria é enorme.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo o primeiro capitulo do novo arco da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 53 - O Rei está morto, Vida longa ao Rei!
Chapter Text
— EUVOUMATARAQUELESDESGRAÇADOS! VOU ARRANCAR SUAS CABEÇAS, DESTRUIR AQUELA MALDITA CIDADE!!! - Vociferava o ser Supremo.
As paredes da Tumba pareciam reverberar seu ódio, espalhando suas palavras pelos corredores. Quem estava dentro dela neste dia sorriu: demônios, elfos, seres gelados e mortos-vivos. Todos sabiam que haveria guerra, o único que não sorria era um humano muito preocupado.
Após as férias no reino élfico, Ainz descobriu quem eram os responsáveis pela manipulação de Shalltear e sua posterior morte. Obviamente, ele não estava nada contente.
Dentro da sala de tortura de Neuronist, Zesshi Zetsumei entrava e saía da inconsciência. Ela não escutava os gritos e ameaças que vinham do corredor. Depois de ser torturada e ter sua mente lida, seu corpo estava exausto, e lembranças vinham em flashes e sonhos vívidos:
— O que aconteceu? O que está acontecendo? Eu, eu fui matar meu pai, Decem, isso, o Rei Elfo, eu me lembro... me lembro. Eu estava andando pelos corredores do palácio em Crescent Lake, indo para a sala do trono, o monstro deveria estar lá, estuprando alguém enquanto sua cidade queimava, então vi o elfo moribundo se arrastando.
— VOCÊ! - ele gritou - me ajude, me leve a uma árvore, preciso sair daqui, pegar o Caminho Elfico para longe, você vem comigo, vou me recuperar, então voltaremos com cem filhos e esmagaremos esses invasores...
Alguém tinha espancado o rei elfico a ponto dele se borrar, eu tirei o meu elmo, ele não podia saber quem eu era usando a armadura de Deus.
— VAMOS, o que você está esperando? ME AJUDE!!
Ele não me reconheceu, não sabia quem eu era, não sabia do meu ódio e de meu sofrimento, ele não tinha a mínima ideia de que eu era sua filha, me aproximei e chutei suas bolas, ele voou pelo corredor, caindo longe, rolando e chorando, se ajoelhou e tentou segurar aquilo que tinha sido esmagado, não havia mais nada ali, quando fui chegar mais perto a cabeça dele sumiu, não, não sumiu, ela explodiu, esmagada por algo, quando seu corpo caiu eu vi, uma elfa segurando um cajado.
— Mare! A gente queria ele vivo! - gritou um menino elfo que chegava.
— M-me desculpe, achei que ele ia f-fugir de novo.
Aqueles deveriam ser filhos de Decem, tinham olhos iguais aos meus, mas a criança havia tirado a minha vingança, tirou o meu prazer de ver o estuprador de minha mãe ser morto por minhas mãos, tirou de mim todo o meu motivo para viver.
— Eu vou te matar sua elfazinha miserável.
Então eu ataquei, e ataquei, e ataquei mais, joguei tudo que tinha em cima daquela criança, ela rebateu tudo, nem parecia se esforçar.
— Você é forte, se fosse seu irmãozinho ali, eu poderia até ter esperança de me casar com ele se me vencesse.
— EI! Eu sou uma menina - falou a criança que usava calças, ela estava encostada na parede de forma despreocupada, nem ligava que sua irmã podia morrer.
— É uma pena, a gente poderia ter filhos lindos e fortes.
— ECA! Que nojo, Mare, acabe logo com isso.
A menina começou a me pressionar, como um cajado poderia ser mais forte do que minha foice? Fui espancada e encurralada, precisei usar meu trunfo, a magia de morte. A menina com roupa de menino saiu para uma sala, mas antes falou.
— Vamos, Mare, termine de uma vez, nosso senhor nos espera.
A criança não correu, ficou ali, parada, esperando o ataque. Minha magia a pegou direto, nada sobreviveria a aquilo. Ela ficou em pé, morta. Achei que estava morta. Quando me aproximei, ela se mexeu, rápida como um raio, me acertou na cabeça. Doeu, doeu muito, tudo sumiu, tudo dói, meu corpo dói, onde eu estou?
Zesshi abriu os olhos, mas tudo estava desfocado, uma de suas vistas estava fechada pelo inchaço, seus ouvidos zumbiam e sua cabeça parecia que ia explodir, ela nem sentia mais seu corpo, então o vulto em sua frente falou e as palavras finalmente fizeram sentido.
— Olá, bem-vinda de volta. - alguém falou com ela.
— Eu ainda tenho um serviço a fazer - disse uma voz estranha feminina.
— Eu sei, Neuronist, mas te peço esse favor, seu serviço não será prejudicado, pelo que Lord Ainz disse não há mais pressa em concluí-lo, não é?
— Não, mas nunca deixe para amanhã o que pode torturar hoje.
— Me de apenas cinco minutos com ela, tem mais um batalhão de prisioneiros que vão passar por suas mãos, talvez possa reduzir a sua carga de trabalho.
— Você ainda vai me dever aquele favor, querido.
— Você é uma fofa, que tal semana que vem?
— Combinado, você tem cinco minutos, vou afiar as sondas e já volto.
Nisso passou uma criatura tentacular que fez Zesshi estremecer.
— Uma gracinha não é? - falou um borrão parado em sua frente - Ótima personalidade, também é uma ótima profissional, quando descobriu que sua pele era resistente às lâminas ela simplesmente procurou coisas mais fortes, testou seus pontos fracos e “trabalhou” em você por um bom tempo, agora que você parece não ter mais serventia, ela vai partir para pontos de acesso “diferenciados”, vai enfiar sondas que te rasgarão por dentro muito mais facilmente do que por fora e então você morrerá, lentamente, muito lentamente, e se eles quiserem alguma informação nova, vão te ressuscitar e daí vão fazer tudo de novo, a não ser que você tenha algo bom, uma boa utilidade.
— Eu nunca darei nada a ninguém, seu monstro de mer...
A visão de Zesshi então ficou mais nítida - TW?!
— Oi, Pontas.
— O-o quê, o quê você está fazendo aqui? Como você está aqui, é um sonho? Estou delirando.
— Não, eu estou aqui mesmo, a história é longa e tenho pouco tempo, quero salvar sua vida... de novo.
— Como você está vivo? Faz décadas, como?
— Não importa, agora me escute, você vai se render, vai jurar lealdade ao Reino Feiticeiro e vai fazer tudo que eles quiserem, e daí talvez você seja feliz, muito feliz.
— NUNCA, ELES ME TORTURARAM!
— Não deu para eu agir antes, mas sei que você já passou por coisa pior na Teocracia, nem vem com história, o que fizeram com você não chega aos pés do que vão fazer se você não me escutar.
— Nunca me dobrarei, eu jurei que seria somente para aquele que me derrotou, só a menina que matou Decem foi mais forte do que eu.
— Então você pode imaginar o quanto o Rei Feiticeiro é ainda mais forte para ter servos poderosos assim.
— ELA É SERVA DO REI FEITICEIRO!!! C-como...? Não importa, não foi ele que me derrotou, nunca jurarei fidelidade.
— E se eu dissesse que quem derrotou você era um menino?!
— Onde me ajoelho?!!- disse Zesshi de supetão.
...................................
Minutos depois...
Dentro da sala do trono, o mestre da Grande Tumba de Nazarick se assemelhava a uma tocha verde, seus supressores emocionais funcionavam continuamente, talvez somente por isso que a Teocracia ainda não tinha sido varrida da face da terra.
— …não deixarei pedra sobre pedra, apagarei completamente aquele lugar, não deixarei ninguém se lembrar que eles existiram, eles pagarão pelo que fizeram a alguém de minha casa.
— Maravilhoso, Ainz-Sama.
— Como meu amado deseja.
— Tudo por Ainz-Sama-arinsu.
— Estou. Ao. Seu. Dispor. Mestre.
— Faremos o que Ainz-Sama quiser, né, Mare.
— S-sim, o que Ainz-Sama quiser.
— Não acho uma boa ideia.
A maioria olhou com ódio para TW, se houvesse uma janela ali, talvez ele fosse jogado por ela.
— Você ousa negar as ordens de nosso senhor! - disse Albedo com ódio.
— De jeito algum, só acho que não é a melhor estratégia e vocês sabem o porquê.
— ESTÁ QUESTIONANDO A SABEDORIA DE SEU MESTRE!
— Lady Albedo, apontar um problema talvez seja a maior declaração de fidelidade a seu mestre, principalmente quando sua vida pode ser tirada se você estiver errado.
— Então você põe sua vida nessa declaração.
— Eu sempre coloco, Lord Demiurge.
O brilho de Ainz pareceu diminuir.
— Fale, Wild, enquanto ainda tenho paciência.
— Sim, Ainz-Sama, acho que não seria prudente um ataque agora, não um assim.
— Por que?
— Acredito que o motivo que o senhor está usando está errado e o senhor deve saber disso.
— VOCÊ ACHA QUE VINGAR A MINHA MORTE NÃO É JUSTIFICATIVA!!! - Gritou Shalltear.
— Me desculpe, Lady Shalltear, mas não, não é, pelo menos não deve ser.
— Você só quer salvar aqueles humanos - disse a vampira com lágrimas nos olhos e dor nas palavras.
— Não, eu odeio o lugar, a maioria de lá merece morrer pelo que fazem, mas o que você acha que os reinos dirão?
— Explique-se, Wild.
— Sim, meu senhor - Wild havia tentado mensagem com Ainz, mas estava bloqueado - o que os reinos pensarão se atacarmos a Teocracia por eles terem controlado a vampira Honyopenyoko, uma vampira perigosa, uma vampira que o herói Momon matou, uma vampira que não deve estar ligada ao Reino Feiticeiro.
— Eles não dirão nada, nunca saberão o motivo e temerão ainda mais A NÓS!
— Então seremos os vilões das histórias, Lady Shalltear, atacaremos sem motivo e justificaremos seus temores e a sua união contra O REINO FEITICEIRO!
— ENTÃO MATAREMOS TODOS!
— E SEU MESTRE GOVERNARÁ UMA PILHA DE CINZAS!
— SILÊNCIO!! - ordenou o mestre da tumba - os dois têm razão, não deixarei eles impunes, mas terei que justificar uma guerra, um casus belli.
— O senhor já tem dois se me permite dizer, Ainz-Sama.
— Imagino de quais você fala, TW, mas será o suficiente?
— Creio que sim, afinal eles atacaram um território aliado e tentaram matar seu Rei.
— Eles podem negar ciência dos fatos, Wild.
— Ignorância não é desculpa, além disso o senhor tem uma testemunha na sala de tortura, na verdade, ela se prontificou a levar a mensagem e jurar lealdade à tumba como forma de punição e servir diretamente àquele que a derrotou.
— Ela é poderosa não é, digo, para os padrões deste mundo?
— Sim, Ainz-Sama.
— Ela é confiável?
— Tenho certeza de que pode confiar nela a partir de agora, ponho minha vida nisso.
— Certo, traga ela aqui, quero ouvir isso dela.
— Obrigado por sua compreensão, Ainz-Sama - disse Wild se retirando.
— Qual aliado eles atacaram? - perguntou Albedo.
— O reino Elfico, além disso, atacaram diretamente o rei elfo, digo, o novo Rei Elfo - falou TW apontando para Mare.
— EU!!? - exclamou o menino espantado, assim como quase todos, menos Demiurge.
Momentos depois, retornava a sala TW acompanhado de Zesshi, que havia recebido uma cura e suas roupas normais e um de seus pertences.
— Sua Majestade, o senhor Wild está de volta com a prisioneira.
— Deixe-os entrar, Foire.
TW entrou seguido por Zesshi, e assim que Ainz a viu, sua fúria voltou. A elfa foi esmagada contra o chão pela aura assassina emitida, algo como uma força psiônica imensa.
Zesshi se esforçava. Se estivesse em condições normais, talvez conseguisse se mover, mas em seu estado atual, quase não suportava respirar. Com a energia do impacto, algo saltou de sua roupa, um cubo colorido que parou aos pés da escadaria que dava para o trono. Prensada contra o chão, ela mal podia ver acima dos primeiros degraus. Apenas escutou os passos do Rei Feiticeiro. Ele vinha em sua direção. Ninguém se mexia. Então ele parou e pegou a coisa colorida.
— Você tem sorte, em minha fúria eu poderia matá-la apenas com um toque, mas vejo que você é apenas uma criança curiosa e perdida - disse Ainz enquanto misturava todas as cores do cubo misterioso.
Zesshi só podia ver até as mãos ossudas que giravam e giravam as peças do presente dos deuses, em seiscentos anos ninguém o resolveu, Zesshi tinha conseguido apenas duas linhas no tempo em que ficou com ele, agora tudo estava bagunçado.
Após poucos segundos, Ainz apagou sua aura.
— Acho que você precisa de orientação - ele se abaixou e colocou no chão o cubo resolvido.
— Meu Deus, Susharna! - balbuciou Zesshi ao olhar para o cubo e depois o rosto de Ainz.
— Você me confunde com seu pequeno deus, mas sou muito maior do que ele, eu sou Ainz Ooal Gown e você me servirá. - falou Ainz regiamente.
— S-sim, meu senhor. - disse a semi-elfa se ajoelhando.
— Você tem uma dívida comigo, com meu reino e com meu subordinado Mare, você sabe o que fez? - disse o Ser Supremo calmamente.
— Sim! No momento que a crian... Lord Mare matou em combate Decem Hougan, o Rei Elfico, ele se tornou por direito o novo rei, eu ataquei indiscriminadamente o novo rei, um ato de agressão pérfido, minhas ordens eram para matar toda a realeza elfica se possível, além disso o batalhão da Teocracia continuou os ataques mesmo depois de anunciado a morte do antigo governante, pelo que eu soube na verdade eles intensificaram ataques tentando subjulgar o reino até que foram derrotados e capturados pelas forças de sua Majestade.
— TW te orientou a dizer isso?
— Não, meu senhor, ele só me disse o que aconteceu após a minha derrota.
— Ele te conhece, não?
— Sim, e acredito que por isso ele quer me ajudar.
— Sua vida depende dele e a dele agora está em risco, você entende?
— Sim, Sua Majestade.
— Deixarei você sob as ordens de meu servo Mare, você o servirá até que ele não queira mais, você irá até a Teocracia daqui a uma semana e anunciará seu fim.
— Todos morrerão?
— Algum problema com isso?
— Não, meu senhor, não particularmente.
— Ótimo, se tudo que fizer for de meu agrado, aceitarei seu juramento de lealdade, está decidido. Agora podem se retirar, e não se preocupe Shalltear, você terá um lugar de honra no final.
— Obrigada, Ainz-Sama-arinsu.
— ‘Obrigado, Santa, por me ouvir’ - disse TW finalmente conseguindo uma mensagem privada.
— ‘Você conseguirá fazer o que quer em uma semana?’
— ‘Sim, acho que dará tempo, tudo acabará no dia de Susharna, que ironia.’
— ‘Isso vai servir para avaliar a dimensão de sua sorte, se tudo der certo, deixarei sua amiga viver e ir se quiser.’
— ‘Acho que ela não conseguiria ir embora mesmo se pudesse, afinal, acredito que ela encontrou o que procurava.’ - disse TW vendo a semi-elfa olhar Mare pelo canto do olho e como Aura parecia bastante zangada com isso.
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NOTA DO AUTOR
Olá, agora começa uma fase nova da minha fanfic, estamos oficialmente andando após os eventos do volume 16, como não gostei mesmo de como se desenrolaram resolvi mudar um pouco o final, então Neuronist foi bem eficiente, do jeito que ela foi criada, Zesshi sobrevive e agora tem uma oportunidade de ouro, espero que gostem do que eu estou fazendo e até o próximo capítulo. 😁
Chapter 64: Compreensão
Summary:
TW é questionado e Zesshi conhece mais sobre seus anfitriões e sobre si mesma.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo deste arco com Zesshi de minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 54: Compreensão
Chapter Text
Os guardiões se retiravam do salão, alguns não estavam contentes com o desenrolar da reunião, mas apenas Demiurge mantinha um sorriso.
— Olá, senhor TW.
— Olá, Demiurge. Eu vou acompanhar Zesshi até o sexto andar, gostaria de alguma coisa?
— Eu sei o que o senhor fez.
— Não sei do que você está falando - respondeu TW.
— Acho que o senhor sabe.
— Eu acho que não... se você imagina que eu sou como Lord Ainz, você está enganado e meias palavras não fazem sentido para mim.
— Ceeerto, isso é verdade logicamente, você não pode mentir, não é?! - o sorrizo se mantinha.
— Não, não posso, acho que isso meio que já está certo.
— Então você só pode dizer a verdade.
— Isso mesmo?! - disse TW já intrigado.
— Mas pelo que eu vejo existe a verdade e A verdade verdadeira.
— Não sei se entendi.
— Permita-me explicar, sem meias palavras. Quando você disse que odiava a Teocracia e que "a maioria de lá merece morrer pelo que fazem" - Demiurge faz o sinal de aspas com os dedos - isso é verdade, mas acho que você tem outros motivos, como salvar uma minoria, essa é A verdade. Quando você disse que usar o ataque contra Shalltear como motivo para a guerra era um erro e deu uma alternativa, isso era verdade, mesmo Lord Ainz provavelmente já tendo cogitado as outras alternativas, ainda assim você conseguiu o que queria, salvar sua amiga elfa, essa é A verdade.
— Você gostaria de chegar aonde, senhor Demiurge?
— A duas perguntas: você está manipulando a verdade para conseguir o que quer? Você descobriu como mentir dizendo apenas a verdade, não é?
TW encarava Demiruge e parecia remoer algo, até que.
— Veja bem, Demiurge... há uma grande diferença entre eu não poder mentir e ser obrigado a responder todas as perguntas que me são feitas. Então, com licença, passar bem, Mestre Estrategista.
— Passar bem, Senhor da Sorte e Verdade - disse Demiurge sorrindo.
O humano queria muito sair dali. De todos os moradores da grande Tumba, o arquidemônio é o que lhe dava arrepios. Ele nunca faria algo bom se pudesse alcançar o mesmo objetivo com morte e tortura, só faria algo fora desse sentido se fosse ordenado e ainda assim distorceria a seu bel prazer cada palavra.
Saindo do salão vinham Mare, Aura e Zesshi seguindo atrás.
— Senhorita Aura, senhor Mare, gostaria de agradecer por sua generosidade para com Zesshi. Espero que possamos mostrar valor e retribuição pela sua compreensão.
— Você fala enrolado, senhor Wild, principalmente quando quer algo.
— Desculpe, senhor Mare, eu só queria ter uma palavrinha com Zesshi.
— Tudo bem, não demore.
— Obrigado, Lord Mare. Pontas, você tome cuidado. Vou tentar te visitar durante a semana, mas por enquanto terei que me ausentar. Então obedeça, aprenda e, pelo Supremo, se possível, não morra neste meio tempo - os dois sentiam o olhar severo da elfa negra sobre eles.
Zesshi acenou em concordância e seguiu Mare até o teleporte.
— Mare, vá na frente, mostre a sua nova EMPREGADA, onde ela vai morar.
— S-sim, onee-chan.
Assim que desapareceram, TW foi prensado contra a parede pelo punho de Aura.
— O que você está armando, Wild?
— Tenho... uma vaga... ideia do que, se trata... mas poderia... ser, mais específica? - TW se esforçava para falar com o pouco ar que lhe restava.
— Você vem para a nossa casa e de repente começa a mudar as coisas - falou Aura arrastando TW para baixo até a altura de seus olhos.
— Me desculpe, Aura, mas esta também é minha casa. Se não fossem as circunstâncias, talvez eu estivesse junto com Ainz-Sama no final.
— Meu irmão e eu não gostamos de mudanças por aqui. Se você fizer algo que o magoe, eu mesmo dou cabo de você. E se eu não puder te tocar, sua amiguinha é que vai sofrer.
— Tudo que faço é para o bem de Nazarick, eu juro por Santa. Mas mudanças são inevitáveis. Vocês crescerão, seu irmão se tornará independente algum dia. O que você fará quando isso acontecer?
— Isso eu decido quando chegar a hora.
— Talvez já tenha chegado a hora.
— O que você quer dizer?
— Ele não gagueja ao falar comigo.
— O que tem isso?
— Acho que seu irmão já é mais confiante do que parece.
— Bukubukuchagama o fez como armadilha, para menosprezarem ele como inimigo.
— Sim, e parece enganar até os mais próximos.
Aura deu um passo atrás e soltou TW.
— Obrigado. Acho que você mesmo já percebeu isso. Vocês são irmãos afinal. Você tentaria protegê-lo mesmo que isso não tivesse sido criado por Bukubukuchagama, e ele pode fingir aquela timidez, mas sei que já tem mais confiança do que esperamos. Tentar inibi-lo pode quebrar essa autoestima, Aura. Deixe que ele tome suas decisões, aconselhe-o, mas deixe-o errar, deixe-o crescer.
— Eu não pedi seus conselhos, Wild. Não quero saber de você se intrometendo. Vou ficar de olho. Se algo acontecer, somente Ainz-Sama irá me parar.
— Ameaça anotada e colocada no final dessa looooonga lista.
Aura saiu batendo os pés em direção ao teleporte.
— Acho que quebrei umas costelas - gemeu o humano enquanto se arrastava até o bar.
Ao chegar no sexto andar, Mare foi em direção à casa árvore onde morava, Zesshi o seguia bem de perto.
— Me desculpe, lad… Lord Mare, para onde vamos?
— P-para a minha casa.
— O senhor não mora naquele palácio?
— Qual p-palácio?
— Onde estávamos antes, com a sala do trono do Rei Feiticeiro.
— Aquele é ap-penas um dos andares da Grande Tumba de Nazarick, este é o m-meu andar, meu e da minha irmã.
— Andar? Como em um prédio? NÃO ESTAMOS DO LADO DE FORA?! - Gritou Zesshi vendo a imensidão, montanhas ao longe e o que parecia uma floresta sem fim.
— Não, n-não estamos do lado de fora. V-você fala bastante.
— Eu não deveria? Me desculpe.
— N-não, tudo bem, as outras não falam muito.
— Outras?
— Outras elfas, eram escravas, foram trazidas aqui p-por um ladrão, agora elas moram com a gente.
— Lord Mare está formando um harém. - disse Zesshi de forma provocativa.
Mare se virou completamente ruborizado e acenava com as mãos em negativa.
— N-NÃO! Não, não! Sou novo demais, Ainz-Sama diz que a gente precisa fazer amigos, mas elas só respondem e ficam tentando fazer tudo.
— Você parece não gostar.
— Não quero que fiquem tentando me dar banho - Mare falou envergonhado.
A meio elfa sorriu com isso.
— 'COMO ELE É FOFO!!' - gritou internamente. - Se o senhor quiser, posso falar com elas.
— Sim, esse vai ser um dos seus serviços, falar com as outras empregadas - disse Aura vindo por trás.
— Me desculpe, Lady Aura, não tinha visto a senhora chegar.
— Lembre-se disso então, eu posso estar onde você menos espera - frisou com um tom ameaçador o bastante para Zesshi se sentir intimidada.
Zesshi até poucos dias nunca foi intimidada, até mesmo seu pai não lhe parecia um grande adversário, mas depois de conhecer os gêmeos e seu mestre, ela percebeu que não era mais o topo de sua pirâmide pessoal, tão raro que alguém pudesse enfrentá-la, aqui quase tudo podia matá-la.
Ao chegarem na casa árvore, as três elfas saíram para recebê-las, mas quando viram Zesshi, pararam abruptamente e se jogaram de joelhos.
— Achei que elas tinham parado de fazer isso? Ei, vocês! Parem com isso!
As elfas encabuladas e de cabeça baixa se levantaram, uma olhando para a outra até que a mais velha falou.
— Nos desculpe, Lady Aura, não podemos evitar, em nosso povoado fomos ensinadas a fazer assim ao sinal de realeza.
— M-mas já pedimos para não fazer para a gente.
— Mas meu senhor, e quanto a ela?
— O q-que tem ela?
— Ela é filha do Rei Élfico.
— Como vocês sabem?
— Os olhos, ela tem os olhos da realeza - Esta era a primeira vez que as elfas realmente falaram sobre tal coisa.
— Olhos de cor diferente? - questionou Zesshi.
— Sim, alguns dos filhos do Rei Elfo têm olhos diferentes, somente os mais fortes.
— E ele tem muitos filhos? – perguntou ela em uma mistura de um tom zombeteiro e de desagrado.
— Minha Senhora?! Metade da população de Crescent Lake deve ser filho dele, seus irmãos.
Foi como levar um soco no estômago, de repente sua visão parecia afunilar e em seguida as coisas a sua volta começaram a girar, Zesshi caiu de joelhos e vomitou.
Ela desprezava o Rei Élfico, e quem estivesse no caminho, odiava sua herança élfica, fora doutrinada nisso pela Teocracia, mas agora parecia que seu mundo havia caído, neste momento finalmente percebia que esteve lutando contra sua própria família, milhares de irmãos e irmãs cujas mães tiveram o mesmo destino nas mãos daquele depravado. Então ela não aguentou mais e desmaiou.
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Nota do Autor
Olá, aqui eu quis dar um fundo para Zeshi, sua falta de empatia para aqueles que são seus parentes, doutrinação é uma arma perigosa.
Chapter 65: Reconhecimento
Summary:
O passado de Zesshi vem a tona.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins,Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 55: Reconhecimento
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Uma criança élfica de cabelos brancos e negros corria pelo corredor de um palácio com paredes de madeira... - Isso era um sonho, Zesshi sabia que estava sonhando, sempre o mesmo pesadelo a atormentava. Ela ainda era uma criança. No sonho, sua mãe nunca foi resgatada pela Teocracia, e Zesshi vivia no palácio do Rei Elfo.
Todas as vezes, estava fugindo do monstro, uma versão distorcida, gigantesca e desnuda de seu pai. Quanto mais corria, mais perto ele chegava, até que era agarrada, imobilizada e abusada.
Mas desta vez foi diferente; quando Decem a alcançou, derrubou e a virou de frente, a cabeça do monstro explodiu. Seu corpo e tudo à sua volta começou a se desfazer em fumaça. Do meio dela surgiu seu salvador, uma criança élfica, estendendo a mão.
- "Você está bem?" - Zesshi acordou com o som da voz.
- Você está bem? - perguntou Mare ao lado da cama.
A semi-elfa se lançou em seus braços, soluçando. O terror e alívio tomavam conta.
Mare poderia soltá-la facilmente, mas não sabia o que fazer ou onde tocar para poder empurrá-la. De repente, Zesshi foi jogada contra a cama por um peteleco dado com tanta força em sua cabeça que chegava a sair fumaça do local.
- Sem permissão, sem tocar, - disse Aura emburrada enquanto via a semi-elfa rolando de dor pelo golpe recebido.
- Auraa! V-você não precisava bater nela, ela ainda está muito fraca, podia matá-la.
- Ela tem que saber o seu lugar, como qualquer bichinho precisa saber os limites. Aqui, de outra outra poção.
Mare pegou a poção roxa e despejou na cabeça de Zesshi, acalmando sua dor.
- Beba o resto, vai melhorar.
- De novo essa poção diferente, é mais forte das que conheço.
- Ainda são coisas novas, por isso precisamos saber se não vai matar ninguém - zombou Aura.
Zesshi apenas cerrou os olhos e então bebeu. Devido aos seus níveis elevados, somente uma poção vermelha de Yggdrasil poderia recuperá-la rapidamente, mas não tinham confiança nela o suficiente para dispor uma, por isso levaria semanas para ela se recuperar da luta com Mare e da sessão com Neuronist.
- Melhor?
- Sim, obrigada Lord Mare... e Lady Aura.
- A-as outras vão vir te ajudar, e-eu vou sair com minha irmã, voltamos depois.
Após os gêmeos saírem, Zesshi ficou sozinha, perdida em seus pensamentos.
- 'O que foi aquilo? Me senti tão segura.'
- Com licença, Milady, a senhora precisa de algo? - disse uma das elfas ao entrar no quarto.
- Não me chamem assim, não sou princesa, nem sua mestra, não lhes darei ordens, a não ser que me mandem fazer isso.
- Lamentamos, minha senhora, mas não podemos deixar de tratá-la como superior.
- Por que vocês são escravas?! - Apesar de suas palavras anteriores, ainda soava de forma desprezível.
- Escravas? Não, por quê você ser descendente do Rei élfico a torna superior. É a lei, e fomos ensinadas assim. Mas não somos mais escravas, fomos libertadas quando viemos aqui, trabalhamos por vontade própria para pagar uma dívida de gratidão, e somos abençoadas por termos Lady e Lord Bella Fiore como mestres, mesmo que eles não queiram ser chamados assim - sorriu a elfa mais velha.
- De onde vocês vieram, o que faziam?
- Viemos de uma aldeia ao leste de Crescente Lake, fomos raptadas e vendidas quando jovens. Sempre estivemos juntas, nosso poder aumenta quando estamos perto umas das outras. Passamos por vários senhores e podemos usar cura. Por isso, um aventureiro nos comprou no final. Ele era bonito, e achamos que teríamos mais sorte do que as outras, mas... ele nos batia, abusava, humilhava, mutilava e batia mais, como a maioria dos humanos, ele nos odiava - disse a elfa, segurando a orelha agora inteira mas lembrando o que tinha sido feito com elas.
Zesshi passou a tarde ouvindo suas histórias e o que seu povo passou. Nada disso era novidade, mas o ponto de vista era. Agora ela sabia disso pessoalmente. Fora ensinada e programada para odiar os elfos, desprezar sua herança, odiar a si mesma. Sofrera lavagem cerebral pelas mãos da Teocracia. Eles chamavam de aulas, mas eram torturas, sessões de espancamentos que só pararam quando ela se tornou mais forte do que eles. Ainda assim, o condicionamento continuava. A humilhavam, menosprezavam e a desprezavam. Queriam sua força, temiam sua força, odiavam sua força. A transformaram em uma arma pronta para disparar, só precisavam apontar a direção.
Talvez ela não tenha se tornado a arma que queriam por causa de um momento em sua infância:
Quando não aguentou mais as torturas, Zesshi Zetsumei fugiu. Tinha 24 anos e aparência de 8. Ela arrancou as grades da janela de seu quarto e pulou da torre onde vivia. Foi por isso que passou a viver no subterrâneo do Palácio Pontífice após esses eventos, mas seu nome ainda não era Zesshi.
Tentando fugir pela cidade, era notada por onde passava. Com seu cabelo curto, suas orelhas a denunciavam. As pessoas apontavam e xingavam. "Nenhuma elfa deveria ter orelhas inteiras", "só podia ser uma fugitiva", diziam. Alguém alertou os guardas.
Sendo perseguida, ela não sabia, mas era muito mais forte do que todas aquelas pessoas. Correu para se esconder em um beco e com uma faca roubada, ela puxou a ponta de sua orelha e tentou cortá-la, sem sucesso. Sua pele já era muito forte, deixando apenas alguns cortes e dor. Então levantou a faca para dar um forte golpe, mas antes de baixar, uma mão a segurou. Não havia força, mas a voz a fez parar imediatamente.
- O que está fazendo, Pontas?
A menina olhou para o humano que sorria. Não parecia um pervertido ou alguém que quisesse se aproveitar. Seu sorriso era terno.
- Meu nome não é Pontas. Se afaste, senão eu te machuco. - ela falou agora apontando a faca para a pessoa que a impediu.
- Calma, não quero te fazer mal. Só quero ajudar. Vem, se quiser, entre aqui. Esta é a minha taberna, A Besta está aberta para quem precisar, não exatamente nesta hora da manhã, mas posso abrir uma exceção - falou o humano sorrindo.
Ela não o seguiu. Ainda apontava a faca para suas costas quando seu estômago roncou. Fazia dias que não lhe davam comida, parte de seu "treinamento".
- Tenho um cozido que está uma delícia.
Finalmente, ela decidiu entrar.
- Sabe, você não devia confiar nas pessoas. A maioria daqui não é tão legal.
- Posso me defender. Sou forte.
- Imagino que sim. Aqui, coma.
A menina pegou a tigela e começou a derramar tudo pela boca.
- Calma, calma, calma, tem bastante. Não precisa engolir tudo de uma vez.
A segunda tigela foi comida mais devagar.
- Eu me chamo TW. Qual o seu nome, Pontas? - disse ele estendendo a mão.
A menina a pegou com receio.
- Eu me chamo An... - Neste momento, o homem teve uma convulsão; seu corpo se esticou, curvando-se para trás, seus olhos reviraram, parecia que ele tinha sido atingido por um feitiço de raio. Tremia todo e espumava, durou apenas alguns segundos e, de repente, passou.
- O que houve, o que aconteceu, você está bem? - a menina perguntou preocupada, pensando que tinha machucado alguém.
- Eu, eu estou bem, eu... aff... aff... preciso te contar algo. Você precisa acreditar em mim. Alguém vai entrar por aquela porta e vai te chamar. Você vai tentar fugir, ele vai te impedir, vocês vão lutar. Ele, por enquanto, ainda é mais forte que você e mais experiente. Você vai morrer.
- Você é louco, você quer me enganar.
- Não, acredite em mim, eles já sabem que você está aqui. Tem alguém te observando, ela pode ver tudo, uma vidente. Logo vão chegar. Acredite em mim, você precisa ir com eles senão vão te matar. Finja que te dobraram, finja que aceitou. Seja firme, seja forte, só assim você vai viver.
- Mentiras, você só quer me vender.
- Não, eu sou seu amigo, Pontas. Acredite em mim, eu vi o que pode acontecer. Acredite, ele vai te chamar por um nome que você nunca me disse, ele vai te chamar de Zesshi, a Morte Certa.
Neste momento, a porta bateu contra a parede, chutada por uma pessoa usando uma armadura divina branca e dourada. O homem tirou o capacete; por baixo estava um jovem Dominic Ihre Partouche, o primeiro acento da escritura do Holocausto e futuro Cardeal do Vento. Ele nem se deu ao trabalho de se apresentar.
- Ora, ora, ora, olha só quem temos aqui, a pequena Morte Certa - disse ele de forma jocosa com um sorriso de escárnio - o que você pensa que está fazendo, Zes-shi.
A menina odiava o apelido; nunca a chamavam pelo seu nome verdadeiro. Zombavam dela como se fosse um tigre que teve as unhas e as presas arrancadas.
- E-eu, eu...
- E-e-eu o quê, elfazinha? Achou que podia fugir, se esconder?
- Me desculpe, meu senhor, encontrei ela perdida e com fome, por isso a trouxe aqui. Não queria afastá-la... - dizia TW se aproximando, então foi golpeado.
TW voou pela sala e atingiu a parede oposta, quebrando uma mesa com o impacto. A criança correu e segurou sua cabeça; então ele sussurrou em seu ouvido e ela o largou, se aproximou de Dominic, que já tinha posto seu capacete e estava pronto para lutar. Ela o olhou e falou.
- Eu só estava curiosa, queria ver a cidade. Estava perdida, só precisava de orientações. Ele não é importante. Vamos embora - falou de forma mais firme que podia.
Dominic inclinou a cabeça para o lado, ponderando as palavras, então deu passagem para a menina. Antes de sair, jogou uma moeda de ouro dentro da taberna e foi embora.
Zesshi saiu de suas memórias; ela sempre se lembrava das palavras sussurradas.
- "Pontas, você é muito curiosa, está perdida, precisa de orientação, não sou importante, confie em você. Seu nome é..."
- Eu me chamo Antilene Heram Fouche. Me chamem de Antilene - ela falou para as elfas.
Chapter 66: Despertar
Summary:
Zesshi/Antilene faz um passeio "refrescante" e faz uma amiga.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 56: Despertar
Chapter Text
No dia seguinte, Antilene foi convidada pelas elfas para conhecer o salvador delas.
Elas haviam acabado de sair da casa na árvore e estavam caminhando pelo gramado quando um ser saiu da floresta: um enorme Cavaleiro da Morte. Ele portava um escudo de torre e um flange na outra mão.
Neste momento, ela se colocou à frente das outras elfas, pronta para enfrentar a criatura, quando percebeu que não estava com sua foice nem com nenhuma arma. Sua roupa, apesar de ser de nível superior, não era seu equipamento mais poderoso.
Sem opção, agarrou uma pedra, que nem era grande, e mal conseguindo levantá-la, ainda estava muito fraca. Foi quando ouviu as elfas rindo disfarçadamente.
- O que a senhora está fazendo? - perguntou uma delas.
- E-eu, aquilo, o monstro - ela falou sem fôlego, largando a pedra com um baque.
- O senhor Cavaleiro da Morte? Parece que a senhora se esquece de onde está - riram abertamente as três, envergonhando a semi-elfa.
Realmente era fácil de se esquecer, com toda a paisagem aberta diante de si.
- Senhor Cavaleiro da Morte?!
- Sim, ele é companheiro do nosso salvador. Às vezes eles treinam aqui ou no coliseu mais adiante, são bons amigos.
Antilene não sabia o que pensar. Como alguém era forte o suficiente para treinar com um Cavaleiro da Morte? Ela poderia fazer isso facilmente com sua força total, mas não conhecia alguém que seria amigo de tal criatura.
Neste momento, algo saltou da floresta, rápido como um relâmpago, e atingiu o escudo erguido do Cavaleiro. Com o impulso, foi arremessado para o céu em direção ao sol; apenas sua sombra foi vista antes de atingir novamente o morto-vivo, que cambaleou para o lado. A criatura então rolou até perto das elfas.
- Oi, Hamsuke não viu vocês aí, desculpa se assustamos vocês.
- Não se preocupe, senhora, estamos acostumadas. Gostaríamos de apresentar uma convidada.
- *Achei que vocês iam me apresentar o guerreiro que salvou vocês - cochicou para as elfas.
Elas apenas apontaram para o enorme hamster.
- Sim, nova amiga elfa, eu sou a Guerreira Hamsuke, Sábio Rei da Floresta.
- Sábio Rei, eu sou Zess... Antilene... tenho que acostumar com isso.
- Olá, Antilene, você gostaria de treinar? O senhor Cavaleiro da Morte precisa descansar.
- Lamento, mas também preciso descansar, talvez outra hora.
- Sim, outra hora então nova amiga, quer ir ver o lago?
- 'Ela está me convidando para passear? Sou uma nova amiga? Eu tenho amigas?!!' - Antilene olhou para as elfas que concordavam com a cabeça - S-sim, vamos então.
Neste momento, ela viu as elfas subindo nas costas do enorme hamster.
- 'É PRA MONTAR?!!!'
Quando todas estavam posicionadas, Hamsuke deu uma arrancada que quase derrubou a semi-elfa da garupa. Correu pela relva, saltou sobre pedras e troncos caídos. Antilene precisou se agarrar à elfa na sua frente, que apenas sorriu. Após uma breve corrida, estavam à beira do lago.
Antilene desceu resfolegando, deu alguns passos e sentou na relva. De repente, a hamster gigante sentou bem perto, então arrastou-se de lado até ficar bem colada. A sensação do toque dos pelos era hipnótica, e logo ela já estava aconchegada na barriga da nova amiga, vendo o sol brilhar sobre o lago enquanto as três elfas escovavam os pelos de Hamsuke, enquanto a sensação de calma a preenchia.
- V-você está melhor?
Ela abriu os olhos, e novamente lá estava a criança elfica.
- Olá, sim, estou, obrigada, Lord Mare - disse, vendo as elfas montarem em Hamsuke e partirem com um aceno.
- Há algo acontecendo, meu... senhor?
- N-não, elas disseram que tinham coisas a fazer e não queriam te acordar.
- E o senhor quis fazer isso, como nas histórias?! - disse ela com um sorriso sonolento.
- N-NÃO! Eu não sabia se você estava viva.
- O senhor é muito tímido, se não fosse tão jovem...
- O que? - disse o menino com tom sombrio.
Ela podia mentir, seria fácil enganar a criança, poderia dizer uma meia verdade, ou mudar de assunto, mas...
- Eu fiz uma promessa.
- Q-que promessa?
- Que eu teria filhos somente com aquele que me derrotasse.
- EU NÃO POSSO TER FILHOS AGORA!!! T-tenho muita coisa para fazer!
- Não se preocupe, acho que sou muito velha para você.
- Eu tenho 72 anos.
- 'AAH! MEUS DEUSES!! ELE É MAIS VELHO DO QUE EU!' - Elfos, eu sou uma idiota, esqueço como vocês envelhecem devagar.
- Você também é elfa, meio-elfa, pelo que sei, não parece ter mais de 16 anos humanos.
- Obrigada, o senhor é mesmo um galanteador, não é?! - disse, colocando a mão sobre a dele.
- Pa-Pare com isso - disse irritado e se levantando - é chato, parece as outras insistindo em fazer coisas, parece seu pai falando.
Outro soco no estômago - 'meu pai, o estuprador' - pensou Antilene, uma lágrima escorreu pelo rosto da semi-elfa que tentou esconder. Mare viu isso.
- M-me desculpe, eu não devia ter dito aquilo, Ainz-Sama se enfureceu quando o Rei Elfo falou coisas assim para mim.
- Eu que devo me desculpar, sniff, nunca conheci meu pai, só conhecia sua má fama, eu acho que sem querer, fiz algo parecido com o que ele sempre queria.
- P-pelo menos ele não pode mais fazer isso.
- Sim, finalmente acabou, o senhor o matou e agora ele está adubando algum jardim do palácio élfico.
- Áh não! Ele tá na prisão congelada do quinto andar, Ainz-Sama queria respostas e não gostou de como ele fala, então Neuronist está trabalhando nele todos os dias.
- Ele foi ressuscitado?! E-eu posso vê-lo, posso matá-lo quando não precisarem mais dele?
- Talvez, se Ainz-Sama deixar você viver aqui, eu p-posso pedir pra ele.
- Seria um presente de namoro... DESCULPE! Força do hábito, mas eu deveria saber disso? Sobre Decem, a Tumba, os andares, talvez eu tentasse fugir e correr para aquelas montanhas.
- Se você tentasse, eu teria que matá-la - disse Mare despreocupadamente. Antilene sentiu que ele dizia a verdade - mas não adiantaria correr para lá, aquilo não existe.
- Como assim?
- Tem uma parede a alguns quilômetros daqui, lembra, este é um andar da Grande Tumba, aquilo é só uma ilusão, o céu é uma ilusão.
Ela esqueceu novamente que estava em um lugar fechado, olhou tudo em sua volta admirando as nuvens se movendo e o vento soprando, uma obra que nem mesmo os antigos deuses conseguiram fazer ou haviam deixado para alguém ver.
- E o lago? - perguntou ela se inclinando na beirada, então levou um chute que a fez cair na água.
- O lago é real - disse Aura - vamos, temos coisas para fazer.
Antilene nadou de volta até a beirada, começou a sair da água e então uma mão foi estendida.
- E-eu te ajudo.
- Eu... obrigada, Lord Mare.
Assim que foi puxada para fora, um bafo de ar quente a atingiu e secou instantaneamente, deixando seu cabelo todo em pé.
- P-pronto, vamos.
- O-obrigada - disse ela meio desorientada, seguindo o menino elfo, enquanto Aura mantinha aquele olhar de desagrado.
- Lord Mare, eu vi algo no lago, algo grande, me olhando.
- Ah! Aquilo, ele é outro guardião, ele mora aqui esta semana, Ainz-Sama achou melhor que ficássemos juntos nestes dias. Shalltear virá aqui também.
- A vampira que atacamos.
- Irmã, vocês atacaram a irmã gêmea dela.
- Oh! Eu não sabia Lady Aura, lamento sua perda.
- Honeyopenyoko era má e uma traidora, foi contra nosso mestre e acabou morta por um aventureiro, se não fosse por isso, nós mesmos teríamos lidado com ela.
- Ela era má? Então isso faz de vocês... bons?!
- S-sim, somos os mocinhos.
- Mas Katze, e Re-Estize?
- Fazer aquelas coisas não nos torna maus! Vencer uma luta ou arar um campo não é mau, só depende dos motivos, é só olhar os lugares que nos apoiam.
- Se algum dia eu puder sair daqui, gostaria de ver - disse ela olhando para o menino elfo - me desculpe perguntar, Lady Aura, seu irmão é um Druida, reconheço os poderes, mas a senhora, não sei nada, sei apenas que é forte.
- Eu sou uma Ranger, e adestro animais, como aquele - disse apontando para o Ankiloursus que se esfregava em uma árvore enorme até derrubá-la e em seguida ser cercado por Driades nada contentes.
- Vocês são muito fortes, são filhos de Decem? - falou agora percebendo a possibilidade de serem seus próprios parentes.
Ambos pararam e falaram juntos.
- NÃO!
- Somos filhos de Bukubukuchagama-Sama - disse Aura com orgulho.
- Quem é Lady Buku... buku...?
- Bukubukuchagama-Sama, é n-nossa criadora, uma dos 42 Seres Supremos.
- '42! EXISTEM MAIS 41 SERES IGUAIS AO REI FEITICEIRO?!!' - Seu mestre, o Rei Feiticeiro, ouvi chamá-lo de Ser Supremo, não sei quem são?
- E-eles são os c-criadores da Grande Tumba de Nazarick.
- Sabe os seus deuses, os seis, junte com aqueles outros oito e mais alguém forte que você lembra, eles não poderiam enfrentar um Ser Supremo, estes estão acima dos deuses mortais.
- Sempre imaginei que os deuses fossem seres poderosos, talvez realmente divinos, mas não invencíveis, podiam morrer - disse pensando que poderia ser um exagero das crianças.
- Isso, ela era mais poderosa do que seus deuses, por isso são chamados Seres Supremos.
A conversa parecia ter entrado em um círculo vicioso e repetitivo.
- Ela era um morto-vivo como o Rei Feiticeiro?
- Não, ela era da raça Slime, um heteromorfo muito poderoso do tipo Tank.
- Ela realmente deveria ser muito forte, criar alguém como vocês.
- Sim, Bukubukuchagama-Sama era incrível, em seu mundo original ela era uma criadora de vida, dava vozes para as criaturas que criava - disseram com visível entusiasmo, finalmente algo que eles queriam falar realmente.
- Criadora de vida?
- Sim, ela dava vida às coisas, como os outros Seres Supremos, todos os que moram aqui foram criados por eles, bem quase todos agora - Aura falou olhando para a "convidada".
- Então são invocações.
- N-não, são seres feitos sob medida e criados aos seus gostos, cada g-guardião e empregada. Ainz-Sama diz que somos filhos de nossos criadores.
- E por que vocês se vestem com roupas trocadas.
- Isso é uma história para outra hora - disse Aura, vendo Mare envergonhado.
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Nota do Autor
Olá pessoal, queria falar sobre o comportamento dos personagens.
Antilene se comporta daquele forma atrevida e insinuante por causa da sua criação pela Teocracia, uma maneira de se proteger constrangendo os outros, na Tumba isso pode levar a morte, mas ela está aprendendo, sobre si mesma e como se comportar melhor, ela sabe que não pode perder essa oportunidade.
Mare fala despreocupadamente sobre tudo na Tumba simplesmente porque sabe que não há como fugir, e se for preciso ele realmente matará Antilene sem questionar.
Aura está descontado em Antilene, não gosta nada das insinuações e vai adestrar a semi-elfa como qualquer bichinho.
Sobre a mentira do ataque e morte de Honeyopenyoko, sim eles vão manter isso, agora ela é irmã gêmea de Shalltear, cada vez a história vai piorando jajaja
Espero que tenham gostado da interação com Hansuke, muitos esquecem que a hamster é uma garota. 😁
Chapter 67: Compensação
Summary:
TW visita velhos amigos e Antilene confronta seus antigos "mestres".
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo mais um capítulo deste arco com Zesshi/Antilene na minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 57: Compensação
Chapter Text
Bron varria preguiçosamente o chão da taberna, parecia tentar varrer sua própria vergonha. A noite tinha sido longa e tumultuada. Sylvia pagou por eles, e agora ela limpava silenciosamente as últimas mesas quando, no meio do salão, surgiu um portal rodopiante.
- POR SHUSHARNA! O que diabos é isso?- gritou o homem.
Uma cabeça então surgiu do portal.
- Oi! A barra tá limpa?
- TW!!!
O humano bem-humorado saiu do portal, mas isso durou pouco ao ver o estado da meio-elfa.
- O que houve? - disse ele de forma sombria.
- O-o que, quem? TW! De onde você veio? O que é isso? A Sylvia?
- O que houve com ela, me diga, Bron.
- E-eles vieram à noite. Soldados vieram beber, viram a Sylvia e reclamaram que as orelhas dela não estavam cortadas. Houve briga, então alguém chamou a guarda. Um inquisidor apareceu e ordenou o corte das orelhas. Não pudemos fazer nada. O que um bando de bêbados faria contra guardas armados? Este lugar está podre. Tudo deveria queimar.
- Seu desejo está mais perto de acontecer do que imagina. Sylvia vem cá querida - disse TW esticando as mãos.
A meio-elfa se aproximou entre lágrimas.
- Me desculpe, desculpe deixar vocês aqui, me desculpe não estar aqui para ajudar.
- Não é culpa sua, sniff! Onde você foi? De onde você veio?
- Eu fui procurar um lugar e encontrei. Agora eu voltei para ajudar - disse ele, tirando as faixas e derramando uma poção roxa - assim, beba o resto, logo vai melhorar.
- TW, você nunca foi de falar de você, mas agora você vai. O que está acontecendo? O que é aquilo? - falou o taberneiro apontando para o portal.
- Certo, eu conto tudo à noite. Eu volto logo, mas preciso de um favor. Chamem o pessoal, preciso falar com eles.
- Com quem?
- Com todos, todos nossos amigos e conhecidos. Quem quiser viver precisa vir aqui.
O dia então passou agitado para Bron e Sylvia. Ambos foram para vários lugares falar com os amigos, espalhar a notícia, uma festa surpresa para alguém, quase um código para "venha e não conte a ninguém".
À noite, a taberna estava cheia como nunca antes. Apesar disso, suas portas estavam trancadas agora.
- O que tá acontecendo, Bron?
- Por que chamou a gente aqui?
- Pelo menos libera a cerveja!
- Não, preciso que vocês estejam sóbrios - disse uma voz vinda do alto da escada.
- TW!!! - gritaram muitos.
- Seu miserável - gritaram outros de forma brincalhona.
- Olá a todos, é uma droga ver suas caras feias de novo - respondeu ele brincando, todos riram.
- Por que você chamou a gente? Se você está aqui, só pode ser ideia sua.
- Eu trago notícias e precisamos fazer algo.
- Do que você está falando, onde você foi?
- Certo, vou contar. Em resumo, viajei até encontrar um novo lugar para viver, um lugar bom, melhor. E quero que vocês venham junto - falou TW jogando um Crânio de prata, a moeda que continha a efígie de Ainz estampada em um dos lados e a bandeira do Reino Feiticeiro do outro, a moeda oficial que passou de mãos em mãos.
- Eu não vou a lugar nenhum - disse um velho. - Nasci nesta terra e vou ficar nela, mesmo não sendo um bom lugar. A gente tem que ficar, mostrar que nem todos aceitam com o que fazem aqui, como fizeram com a Sylvia. - Quase todos concordaram.
- Eu entendo, e imaginei que falariam algo assim. Então, vamos para o Plano B. O que vai acontecer daqui a seis dias?
- É o dia de Shusharna?!
- Isso, e o que sempre é esperado neste dia?
Ninguém respondeu.
- Vamos lá, pessoal, todos já frequentaram a igreja, sabem muito bem o que se espera.
- É quando rezamos pela volta de nosso Deus Shusharna, que virá julgar os vivos igualmente - disse o senhor mais idoso.
- Exatamente, neste dia algo assim atenderá suas preces, a morte virá e julgará os vivos, julgará esta cidade, e todos aqueles que não passarem pelo seu julgamento morrerão.
- A cidade toda, então - falou rindo alguém no fundo, mas ninguém o acompanhou e sua risada morreu.
- Você jura que é verdade? - disse um homem sério.
- Vocês sabem que eu nunca menti, mas sim, eu juro por tudo o que é mais sagrado, o Dia do Julgamento chegou.
.............................
Dia de Shusharna
Uma das poucas datas sagradas na Teocracia Slane são os dias em comemoração aos seus deuses. Nesses dias, todas as igrejas rezam longas missas em homenagem ao deus comemorado. Mas, no último meio século, houve uma ruptura no eclesiástico.
A religião dos Quatro deuses ganhou força, rebaixando a importância dos outros dois. Isso ocorreu porque estes não eram humanos, e a supremacia humana passou a ser exaltada no último século, piorando ainda mais quando a guerra contra os elfos eclodiu. Ter um deus não humano e um deus morto-vivo não ajudou muito. Isso incomodava a maioria, principalmente porque este último pregava a igualdade, afinal, a morte chega para todos.
Nesta data, apenas os devotos de Shusharna frequentam sua igreja, junto com todas as crianças que ainda são obrigadas a participar. Mesmo isso já não era tão exigido, e em mais algumas décadas, provavelmente, tudo que se referia aos dois deuses não humanos seria apagado. Hoje, apenas em suas próprias igrejas as missas em homenagem ao deus da morte são rezadas, nas outras estão todas as outras pessoas, assistindo a sermões convenientemente exaltando os atributos dos outros Quatro Deuses. Se você for importante ou poderoso o suficiente, estará na catedral principal, onde os próprios cardeais ministram a liturgia.
- ...ENTÃO O PODER DE ALAH ALAF LIBERTOU A HUMANIDADE DAS GARRAS DA BARBÁRIE, DOS HOMENS-FERA E DOS SUB-HUMANOS. ABENÇOADOS SEJAM OS QUATRO!
- ABENÇOADOS SEJAM OS QUATRO - repetiram as pessoas na catedral e todos que estavam nas ruas acompanhando a missa através da voz projetada magicamente.
De repente, a grande porta da catedral se abriu.
- Quem ousa interromper este sagrado momento - rosnou o Cardeal Ivon.
A pessoa não respondeu e seguiu o longo caminho em silêncio. Todos olhavam para suas orelhas descobertas e imaginavam quem era a criança de capuz que a acompanhava. Ao chegar perto da escadaria que dava para o altar, se ajoelhou no chão, mas a criança não se moveu.
- Ah! Se não é Zesshi Zetsumei, você foi dada como morta na luta contra o rei elfo, mas pelo visto sobreviveu, e tem a petulância de vir aqui, com as mãos vazias, após sua derrota, ou não foi assim? Você matou Decem Hougan? A criança atrás de você talvez seja um presente - Falou o Cardeal Dominic.
- NÃO! Minha derrota foi verdadeira, nem mesmo cheguei a lutar contra o Rei Elfo, outro muito mais poderoso o matou, mais poderoso do que eu. Fui vencida por essa pessoa.
- Então há um novo Rei Elfo e você é sua escrava agora.
- Eu não sou escrava, sou... uma serva? - Antilene não sabia exatamente o que era, olhou para Mare, que apenas deu de ombros e fez sinal negativo com a cabeça - ...uma serva do novo Rei Elfo, trago esta mensagem de meu senhor.
Um noviço se aproximou para pegar o pergaminho enrolado, não deveria ter mais de 13 anos e mesmo assim olhava com nojo as orelhas expostas da meio-elfa, que estava com o cabelo amarrado atrás da cabeça.
- Zesshi, se quiser pode ficar aqui, vamos protegê-la, você pode voltar para casa - falou o Cardeal Raymond.
- Sim, nem levaremos em conta seu fracasso - completou o Cardeal Ivon.
- Agradeço a bondosa oferta, mas recusarei, mesmo se não fosse pelo meu juramento. Eu não posso voltar. Eu estou em casa.
O Cardeal Ivon fechou o cenho enquanto o Cardeal Dominic começou a ler a carta.
- Blá blá blá! "O Rei Elfo Decem Hougan foi morto em duelo"... blá blá..."O novo rei do povo elfico, Mare Bello Fiore, oferece paz, um cessar completo das hostilidades e sugere uma compensação"... Vejo que o novo rei elfo sabe o seu lugar. Volte para seu novo mestre e diga a ele que os ataques irão cessar se ele enviar como compensação todos os filhos de Decem, entregar o controle da parte norte da Grande Floresta de Evasha e...
- Lamento interrompê-lo, Cardeal - Antilene nunca tinha sido tão educada - mas acredito que está havendo um engano. Se o senhor continuar lendo, verá que o Rei Elfo é que solicita sua retirada imediata, a libertação de todos os cidadãos elfos hoje em estado de escravidão, e como compensação, a entrega de todos os itens mágicos que já pertenceram ao Deus da Terra...
- QUE ABSURDO! BLASFÊMIA! SUA ELFA SUJA, MALDITA TRAIDORA. - gritou Ivon.
- Lamento, se tal pedido seja um incômodo. Se não aceitarem, tenho em minha posse outra mensagem.
- Nunca nos rebaixaremos atendendo aos pedidos de sua sub-raça - proclamou Dominic.
O Cardeal Raymond parecia nervoso nesse ponto, ele sempre foi o mais ponderado e via uma oportunidade de paz perdida.
- Pois bem, lerei então a segunda mensagem como foi ordenado pelo meu Rei.
- "Na data de hoje, sem um acordo para o fim das hostilidades e devido ao ataque ao seu reino e sua pessoa, o Rei Elfico Mare Bello Fiore declara guerra total à Teocracia Slane"...
- Bobagens, já estamos em guerra, arrasamos sua cidade e sem Decem, com qual exército vocês irão nos atacar?
Antilene continuou retomando de onde foi interrompida.
- ..."declara guerra total à Teocracia Slane, declara ainda a vassalagem do Reino Elfico e pede apoio de seu novo aliado e susserano, o Reino Feiticeiro."
- VOCÊS SE ENTREGARAM AOS MORTOS-VIVOS, SEUS MALDITOS VERMES, como você ousa nos ameaçar, você e essa mensageira elfazinha...
- Novamente, me desculpe interrompê-lo, mas o senhor está enganado, Cardeal Dominic, Eu sou a mensageira, este que me acompanha é o Rei Elfo, Mare Bello Fiore. Eu não anunciei o meu senhor? - disse ela olhando para Mare, que apenas gesticulou em negativa com a cabeça.
A consternação foi total ao verem Mare retirar o capuz.
- Lamento muito, sou nova nisso, o Rei Mare achou que deveria estar aqui pessoalmente ao tratarmos de assuntos de guerra.
- Essa coisa é o novo rei elfo?!! - bufou Ivon, então estendeu a mão e lançou seu feitiço mais poderoso de quarto nível - LIGHTNING CHAIN!
Antilene reagiu instintivamente, colocando-se na frente de Mare. Uma das fraquezas dela era a eletricidade. Se estivesse com sua foice, poderia usá-la como pára-raios, mas sem ela, sofria com a dor que percorria por dentro de seu corpo e queimava sua pele. A meia-elfa ainda não tinha recuperado nem 50% de sua força e agora poderia morrer.
Mare apenas ficou olhando enquanto ela era eletrocutada, e quando tudo terminou, se aproximou do corpo fumegante e carbonizado no chão.
- Você sabe que não precisava fazer isso, né? Eu mal iria sentir. Sou mais forte do que você. Então, por que fez isso?
- Que tipo... de serva, eu, seria... se não, protegesse... o meu, senhor... de uma... simples brisa? - disse ela usando suas últimas forças para sorrir com seus lábios queimados.
- VOCÊS NÃO MORRERAM?! TORNADO OF BLADES! - agora Dominic lançava sua magia, mas antes de atingi-los, ambos foram engolidos pelas sombras.
- QUEM OUSA ATACAR MEUS SERVOS? - veio de fora uma voz poderosa e incrivelmente alta.
Chapter 68: A Morte Chega
Summary:
"SHURSHANA" retornou e julgará uma cidade inteira.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, espero que vocês gostem deste capítulo da minha fanfic: Aquele que Voltou
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 56: A Morte Chega
Chapter Text
- QUEM OUSA ATACAR MEUS SERVOS?
Todos olhavam pelas janelas, as pessoas nas ruas viram as nuvens negras se formando e se reunindo até surgir o corpo gigantesco do Rei Feiticeiro.
- HOJE AS PESSOAS TESTEMUNHARAM A PERFÍDIA DA HUMANIDADE, VIRAM O ATAQUE COVARDE A UM REI E SEU EMISSÁRIO.
As multidões haviam ouvido todo o discurso e o ataque pelas palavras mágicas projetadas pelas ruas, ao verem a figura gigantesca mais alta que uma torre, balbuciavam seu nome.
- Shurshana... Shurshana retornou. - gemiam todos.
- FOI LHES DADA A CHANCE DE PAZ E ESTA FOI RECUSADA, EM VEZ DISSO, POR TRÊS VEZES PROCURARAM A GUERRA! POR TRÊS VEZES ATACARAM! POR TRÊS VEZES SÃO CULPADOS!
- NÃO TEMAM! É APENAS UMA ILUSÃO! NÃO É REAL - gritou Dominic.
- NÃO SOU REAL!? - o gigante respondeu e com um balançar de seus braços golpeou o topo da catedral.
Apesar de ser uma imagem, quanto maior o poder do invocador, maior pode ser a ilusão, chegando a torná-la sólida o suficiente para destruir coisas, então foi como um golpe de karatê, onde se corta o topo de uma garrafa com um golpe da mão, todo o telhado da igreja choveu fora dos muros da cidade.
- EU SOU AINZ OOAL GOWN, A JUSTIÇA SOBRE TUDO QUE É VIVO, POR SEUS PECADOS HOJE EU TRAGO A MORTE A ESTA CIDADE, SOMENTE AQUELES QUE ACREDITAM EM MIM E CARREGAM MEU SÍMBOLO VIVERÃO! - disse enquanto apontava para o céu e se desfazia em nuvens novamente.
Todos olharam um pequeno ponto que surgiu, na verdade era um enorme portal que se abriu a dezenas de quilômetros de altura. Shalltear estava flutuando ao lado desse portão, ela sorriu quando uma rocha gigantesca caiu por ele.
Aquilo estava alto o suficiente para atingir velocidade terminal e incendiar como um meteoro, os elfos acorrentados nas ruas quando viram o brilho descendo sobre eles, agradeceram a seus deuses.
- Finalmente acabou - disseram entre lágrimas enquanto sorriam.
A enorme rocha atingiu a catedral, com a força do impacto a destruição de sua onda de choque se propagou para dezenas de quadras ao redor, uma cratera gigantesca surgiu no coração da cidade, e quando a poeira se espalhou o suficiente, algo se moveu, algo muito grande, com mais de trinta metros de altura e vinte de largura, seus braços eram tão compridos que quase arrastavam no chão, como uma pequena montanha saiu do buraco.
Aquele era Gargantua, o guardião do quarto piso, agora com a missão de esmagar tudo em seu caminho, sejam prédios, casas, igrejas, pessoas ou soldados.
De um portal menor próximo ao chão caíram centenas de Cavaleiros da Morte e seguiram sua sina sanguinolenta, matando quem estivesse por perto e perseguindo outros, Shalltear se deliciava com as cenas.
Gargantua seguia em direção ao Palácio Pontífice, caminhando em linha reta, somente desviou de seu caminho quando encontrou a igreja de um certo deus.
A morte se espalhava por Kami Myako, mas não vinha para todos, quando uma mulher que protegia seu filho estava prestes a ser morta por um Cavaleiro da Morte, ela levantou o símbolo de Shusharna, apenas um crânio de perfil mal esculpido em madeira, a criatura parou, mudou de direção e procurou outro alvo, da mesma maneira as igrejas de Shusharna não foram invadidas, nem as do Deus da Terra cujas portas foram pintadas com o símbolo do deus da morte pelos amigos de TW, mesmo símbolo que estava nas portas de várias casas.
Enquanto isso do lado de fora das muralhas uma multidão de milhares se formava, a cada poucos segundos dezenas de elfos eram cuspidos das sombras, centenas de Demônios das Sombras faziam seu serviço de forma diligente, evacuaram os elfos que estavam no ponto de impacto antes de serem atingidos e depois se espalharam pela cidade, retirando os cativos, afinal de nada adianta ter um reino elfico se metade de sua população está acorrentada em outro local.
Ninguém falava, todos tinham medo do que viria.
- Aqui, se juntem - falou Sylvia subindo suas faixas e mostrando suas orelhas curadas, a única com elas inteiras - logo alguém virá, precisamos ficar juntos.
Então um portal se abriu e de dentro saiu um menino, um menino elfo negro com olhos dos reis, todos caíram de joelhos.
- OI?! Isso de novo? Se levantem, vamos, todos de pé - ordenava sem sucesso a elfa.
O medo tomava conta, Aura já estava incomodada com isso, então soprou uma leve fumaça que se espalhou sobre a multidão, eram feromônios calmantes.
- Pronto agora que estão mais calmos se levantem e entrem no portal.
- Para onde vamos Sua Majestade? - perguntou um velho elfo.
- Vocês vão voltar para sua casa, em Crescent Lake.
- NÃÃÃÃÃOOOO!! EU NÃO VOU VOLTAR, PREFIRO MORRER A VIVER NAS MÃOS DO REI ELFO, PREFIRO FICAR AQUI E MORREEEER! PREFI... - gritava uma elfa histérica.
Aura se aproximou dela e lhe deu um tapa, na verdade nem acertou ela, apenas o choque do vento produziu o mesmo efeito.
- Se acalme, Decem, o Rei Elfo está morto.
A elfa que chorava segurando o rosto parou imediatamente.
- Morto, alguém matou aquele monstro?
- Vocês escutaram o anúncio não é? Meu irmão é o novo rei e vocês vão para casa. VOCÊ! De bandana!
- E-eu? - disse Sylvia caindo de joelhos.
- Sim, você, agora você é... hummm... A Supervisora Para o Assentamento dos Cidadãos Elficos, isso, cuide para que eles tenham alojamentos e comida ao chegarem. - Falou Aura desaparecendo em outro portal.
- S-sim Sua Majestade - disse Sylvia com um olhar de convicção de que não desapontaria sua nova senhora.
Assim lentamente começaram a atravessar o portal com receio e muitos medos, ao sair caíam em lágrimas, lá estava a cidade élfica a muito esquecida por eles.
Do outro lado uma multidão que se formava ao verem o estranho portal surgir, ninguém tinha avisado a população de Crescent Lake sobre o que ia acontecer, então o pranto começou, seus antigos parentes surgiam um a um de dentro do portal, todos estavam recebendo a dádiva de seu novo Rei.
Nas igrejas do deus da Morte ou da Terra a cena era diferente, a multidão estava em pânico, queriam fugir e procurar seus pais, parentes ou apenas se esconder mais ainda, mas foram impedidos por pessoas desconhecidas que usavam colares com o crânio de Shusharna esculpido.
- NOS DEIXEM SAIR... VAMOS TODOS MORRER... MEUS PAIS.
- PAREM! PAREM! ESTAMOS SEGUROS, SHUSHARNA NÃO NOS FARÁ MAL!
- QUEM É VOCÊ? SHUSHARNA? DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO?
- MEU NOME É BRON, Ahann... meu nome é Bron, sou um seguidor de Shusharna, como vocês, me deixe perguntar algo, o que viemos fazer aqui hoje?
Ninguém entendeu a pergunta.
- O que fazemos todos os anos neste dia?
- Rezamos ao nosso deus - respondeu o sacerdote.
- E o que nós pedimos nessas orações?
- O seu retorno?
- SIM! ISSO! Bem, funcionou! Shusharna retornou.
- O que, tipo, AGORA?!! - falou o sacerdote abismado.
- Sim, ele retornou, vocês viram, ele voltou como o Rei Feiticeiro - mostrou Bron o símbolo de Shusharna ao lado de uma moeda do Reino Feiticeiro que tinha a efígie do Rei, eram muito parecidas - vocês se lembram disso? Do boato do retorno de Shusharna em outro reino, proibiram que a gente falasse disso, tentaram esconder de nós e mentiram para nós, mas vocês viram agora com seus próprios olhos, viram ele em toda sua grandiosidade, ele retornou como pedimos, e veio julgar os pecados desta cidade, estamos protegidos de sua fúria se mantivermos seus ensinamentos em nossos corações.
- Mas, e quanto aos outros? Aqueles que não...
Bron apenas balançou a cabeça negativamente, poucos choraram, talvez apenas as crianças.
No Palácio Pontífice o primeiro acento da escritura do Holocausto observava, ele é um Godkin, e sabia que a cidade morreria.
- Captão, precisamos fazer algo, lutar, destruir aquela coisa.
- Com o que? Aquilo parece um golem, do tamanho de uma montanha, mas um golem, ainda assim é diferente, nunca vi nada semelhante, o que enfrentamos nas terras dos homens-fera não eram minimamente parecidos com isto. Ele deve ser imune a quase tudo.
- Mas não a água! O ponto fraco da pedra é a água - disse o alto sacerdote.
- Então vá meu amigo, estaremos logo atrás de você irmão e destruiremos aquela coisa juntos! - disse o primeiro acento sorrindo.
Assim saíram voando o sacerdote e seus acólitos, o Capitão nem se mexeu.
- Não vamos ajudá-los? - disse Quintia.
- Eles estão mortos - falou sombriamente - olhe.
O sacerdote lançava o que deveria ser seu feitiço mais poderoso, uma magia de terceiro nível, um jato de água tão pressurizado que deveria ser capaz de cortar rochas, o jato se esparramou pela superfície de Gargantua sem perfurá-lo, apenas chamando sua atenção, com um aceno mais rápido do que era esperado de algo tão grande, pulverizou o sacerdote e seus seguidores.
- Reforçar seus pontos fracos é o básico da estratégia, aquilo deve ter muita magia de proteção, o Rei Feiticeiro não é um tolo, ele não pode ser subestimado como fizeram, vamos.
- Para onde Capitão?
- Para fora daqui.
- E os tesouros dos deuses?
- Mesmo que ainda haja algum no cofre, não temos mais tempo.
Um estrondo ressoou pelo palácio, do lado de fora o golem gigante esmurrava as paredes.
Poucos sabem ou se lembram como foi construído o Palácio Pontífice, os seis deuses reuniram suas magias e cada um convocou uma fortaleza, do mesmo tipo ao que Ainz havia criado nas montanhas Arzelizias, tão próximas que pareciam uma única torre circular, em torno dela, depois de vários anos o Palácio foi construído, sua estrutura interna resistiu a pouco mais que alguns golpes, e depois ruiu.
Ao longe sentados em um platô de uma grande montanha, Antilene bebia uma poção vermelha derramada em seus lábios, ela abriu os olhos e viu o rosto do elfo observando ao longe, ela então percebeu que estava deitada em seu colo.
- Lorde Mare, me desculpe, não quis me aproveitar...
- Eu sei, e-eu te coloquei aqui, olhe, Gargantua chegou ao Palácio.- disse Mare de forma animada.
Antilene virou a cabeça e viu quando as torres caíram.
- Você fez bem, cumpriu o que foi ordenado, meu mestre diz que um bom serviço deve ser recompensado.
- Então, posso pedir algo? - disse ela se sentando.
- Sim, mas não pode matar seu pai, ainda! NEM PEDIR NADA SUJO! Talvez você queira ir embora?
- Queria que, se Lorde Mare quiser, queria saber se poderia... me dar um beijo.
Mare ponderou e respondeu.
- Certo, feche os olhos.
Antilene os fechou e então fez um biquinho esperando, foi quando sentiu o beijo em sua bochecha, ao abrir os olhos viu o menino elfo escondendo o rosto completamente vermelho.
- 'MEUDEUSCOMOÉFOFO!!!'
Um pouco mais acima, em uma pedra, Aura e Shalltear observavam tudo, a cidade queimando, os gritos morrendo, os Cavaleiros da Morte ceifando, Gargantua esmagando e o casal de jovens sentados lado a lado abaixo, então Aura sussurrou para Shalltear.
- Certo! Admito, realmente é uma cena romântica.
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NOTA DO AUTOR
Olá, como vocês perceberam Ainz é confundindo com Shurshana novamente e ele vai manter essa mentira o quanto der
Gargantua fez uma participação especial.
E este foi o fim da Teocracia como a conhecemos.
Antilene tem seu primeiro beijo, assim como Mare.
Chapter 69: Happy Hour
Summary:
As consequências dos últimos acontecimentos serão sentidas, Ainz terá que lidar com isso.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, fechando mais um arco da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 59: Happy Hour
Chapter Text
A cidade de Kamy Miyako estava destruída; em tempo recorde, a capital da Teocracia Slane fora parcialmente posta abaixo. O exército real se retirou silenciosamente ao cair da noite, Gargantua foi teleportado novamente para seu andar em Nazarick, e os habitantes da tumba começaram a se reunir no local mais frequentado ultimamente, o Bar.
O Bar de Nazarick foi criado originalmente por Blue Planet como um local reservado onde alguns integrantes da guilda poderiam relaxar. Mas, como tudo, esta sala também sofreu mudanças não previstas ao vir para o Novo Mundo. A principal característica era que, mesmo parecendo um local pequeno, nunca faltava lugar para sentar, não importa quantas pessoas estivessem lá.
O Bartender e Sous-Chef Clavu (ou Piki, como às vezes era chamado) já haviam visto o local comportar mais de trinta pessoas de diversos tamanhos. Ele não fazia ideia de como isso acontecia, mas acreditava que foi feito de propósito dessa maneira pelo seu idealizador.
Tudo isso era um exemplo de como a mudança de mundo afetou a Grande Tumba. Umas poucas linhas de descrição feitas por Blue Planet definindo que o local "sempre será aconchegante para todos que frequentar" fizeram com que magicamente o bar crescesse e se expandisse conforme aumentasse seu público ou diminuísse caso houvesse poucos frequentadores. Os móveis se adaptavam aos diversos tamanhos, e até mesmo um karaokê chegou a surgir em determinado momento.
Hoje o Bar estava particularmente cheio.
Em uma mesa estavam Mare, Aura e Antilene, que finalmente parecia ter se recuperado completamente e agora devorava a comida mais deliciosa que já havia provado.
- PELODEUS! *Nhom!nhom!nhom!* Isso é... UAU! Como se chama isso?
- S-se chama h-hamburguer, é a nossa comida preferida.
- Sim, a gente gosta muito disso, você devia provar o milkshake.
- Milkshake, lady Aura?
- Sim, essa bebida aí.
Antilene pegou o grande copo com a coisa que parecia lama, levou o canudo até na boca e tomou um gole cauteloso. Afinal, ela estava preocupada com qualquer coisa oferecida pela elfa negra, mas assim que o sabor atingiu sua língua, ela não conseguiu parar de beber até que tudo estivesse terminado.
- É INCRÍVEL! Gelado e cremoso... e esse sabor!? Nunca provei algo assim.
- Esse se chama chocolate, prove o de baunilha - disse Aura, gesticulando para Clavu trazer mais dois.
Ela mantinha o sorriso imaginando quantos milkshakes seriam necessários para fazer a meia-elfa dobrar de tamanho, talvez isso fizesse seu irmão ficar menos interessado.
......
Em outra mesa mais ao centro estava Renner. Ela aguardava seu "cachorrinho" chegar. O treinamento com Lord Cocytus fez maravilhas com a aparência dele. Ela o amaria de qualquer forma, mas ele ter um corpo altamente definido parecia ser um bônus.
Enquanto estava perdida em seus pensamentos, ela nem reparou nas três figuras que entraram: Lord Maligno Ganância, Lord Maligno Inveja e Lord Maligno Íra. Dois deles seguiram até uma área com um piano em um pequeno palco, mas um ficou parado em frente à mesa de Renner.
Levou alguns segundos para a ex-princesa perceber que estava sendo encarada por Íra. Ele havia reduzido seu tamanho para poder entrar no bar sem atrapalhar os outros, mas mesmo assim ainda era intimidador.
- O-olá, boa noite, posso ajudá-lo?
- Então você é aquela que gosta de fingir ser outra pessoa - disse ele.
Renner não sabia como reagir, ele a estava questionando? Por ter sido humana, será que ela era considerada uma farsa? Um falso demônio?
- E-eu não entendi...
- Você gosta de ser quem não é - disse ele, pegando a cadeira e a girando, sentando nela ao contrário - Eu também! Sabe, eu já fui Jaldabaoth uma vez!
- "Ser outra pessoa, ser quem não é, atuar, ELE ESTÁ FALANDO SOBRE ATUAR!!!" - E-eu, Ahan, sim eu gosto de atuar, acho que sempre gostei. Fiz o papel de princesa em Re-Estize.
- Eu ouvi falar disso, mas acho que foi seu outro papel que chamou mais atenção.
- Outro papel?
- O de humana, não é tão simples para nós demônios agirmos de forma tão boba quanto os humanos fazem, você viveu isso por anos, um feito considerável.
- O senhor acha mesmo? Eu sempre me imaginei diferente das outras pessoas. Acho que isso pode ter me ajudado.
- Claro, como Lorde Demiurge definiu mesmo? "Uma alma heteromórfica em um corpo humano."
- O senhor acha que sempre fui um demônio?
- Absolutamente sim, senão nosso mestre não teria lhe dado o presente de um novo corpo, nem deixado morar aqui.
- O senhor não sabe o quanto tais palavras me deixam feliz, e o senhor? Ouvi dizer que fez o papel em um momento crucial no Reino Santo.
- Áh! Realmente foi uma honra. Por meses, segui realizando uma atuação extremamente convincente do Rei Demônio. A primeira luta contra Lorde Ainz foi particularmente desafiante. Imagine lutar contra seu próprio mestre. Todos os meus instintos diziam para eu me ajoelhar e morrer. No final, tudo deu certo, mas infelizmente na última cena, Lorde Ainz insistiu que um dublê me substituísse. Eu estaria mais que honrado em morrer pelas suas mãos, mas nosso senhor falou que eu era indispensável para planos futuros - disse o demônio com grande orgulho.
- Então Jaldabaoth pode retornar?
- Provavelmente, um bis nunca é descartado.
- E o que o senhor tem feito ultimamente?
- Estou fazendo o papel de Rei Demônio menor na Masmorra de Treinamento, mas infelizmente ninguém ainda chegou lá, além de nosso senhor, Lord Pandora e Narberal Gama, é claro. Então, infelizmente, nem mesmo pude fazer o meu "Grande Discurso Malígno". É frustrante.
- Bem, eu adoraria ouvi-lo qualquer dia desses.
- É mesmo!!?
- Com certeza, poderíamos até ensaiar algo, se o senhor quiser.
- Seria ótimo, marcamos algo.
- Sim, Ah! Meu namorado chegou.- disse Renner.
- Oh! Não se preocupe, sei da situação com o jovem Climb, nós da tumba não comentaremos nada sobre sua natureza pregressa - murmurou o demônio - Então até mais, senhorita Renner, Climb, com licença. - se despediu o Lord Malígno Íra.
- Humm, adeus!? - respondeu um confuso Climb - Sobre o que conversavam?
- Por mais estranho que pareça, sobre teatro, senta que eu te conto, sabia que ele está...
.......
A apenas algumas mesas dali, sentavam as Plêiades. Era uma das raras vezes onde todas estavam de folga, aproveitavam bebendo calmamente enquanto três crianças corriam desenfreadamente pelo local.
- Então, o que vocês acham? - perguntou Lupusregina.
- Está quase no horário de dormir, Lord Ainz diz que crianças precisam ter regras - disse CZ.
- Sim, NÃO! Sim, quero dizer, mas não sobre isso. O que a gente vai fazer com elas depois? Vulpes não pode ir para uma escola comum, desculpe, Yuri.
- Sem problemas, sei ao que você se refere, sua filha Vulpesregina, e as enteadas de Entoma, são herdeiras de nossas vocações.
- Charlotte e Anansi ainda são jovens, mas parecem ter afinidades mágicas.
- Então, o que faremos, irmãs.
- Só existe uma opção possível, Narberal querida, ensinaremos tudo.
- 'Solution tem razão, devemos começar nossas próprias escolas em Nazarick. Se alguém se mostrar mais predisposto em alguma área, essa será sua vocação. Devemos ensiná-las nossas artes.'
- A Arte do Veneno - falou Entoma.
- A Arte do Punho - falou Yuri.
- A Arte da Magia - disse Narberal.
- A Arte do Assassinato - disse Solution.
- A Arte das Armas - falou CZ.
- A Arte da Cura - disse Lupusregina.
- 'A Arte da Guerra' - completou Aureóle por mensagem.
.......
Duas mesas ao lado estavam sentados os outros guardiões, Cocytus acabara de chegar.
- Então. Shalltear. Você. Teve. Sua. Vingança. Como. Se. Sente?
- Bem! Foi tão bom ver eles morrendo.
- Realmente? Meu. Orgulho. Como. Guerreiro. Não. Vê. Satisfação. Em. Derrotar. Criaturas. Tão. Fracas. Foi. Tão. Bom. Assim?
- Sim, quero dizer, não foi? Parece que falta algo, acho que teria sido melhor se eu pudesse rasgar cada um com as minhas unhas, mas nosso senhor disse ter planos, então tenho que me contentar.
- O Plano de Dez Mil Anos de Ainz-Sama deve englobar cada faceta desses acontecimentos. Eu mesmo não posso vislumbrar tantas opções, mas nosso senhor sabe exatamente o que cada ratinho fará nesse labirinto que ele criou - falou Demiurge com orgulho.
- Não me agradam as intervenções desse humano - resmungou Albedo.
- Fraulein, até mesmo a participação do Senhor Wild já deve ter sido incorporada aos planos de mein Vather. Nada escapa de sua percepção, nada.
- Ainda assim não preciso gostar dele. - falou a succubu virando sua bebida goela abaixo de forma nada feminina.
......
No balcão estava sentado TW, bebericando um drink chamativo com um guarda-chuvinha.
- Hoje parece termos um movimento incomum.
- É Piki, parece que bastante gente resolveu vir. Sebas está namorando Tuare no canto, tem várias empregadas homúnculos naquelas mesas, Kyouhukou, Grant e Ecleair com a Oni estão logo ali. OI ONI! - Falou TW acenando para a Mordomo que retribuiu efusivamente.
- Me pergunto se o senhor não tem nada a ver com isso.
- Talvez. Conversei com alguns, convidei outros, sugeri a ideia algumas vezes, mas outros vieram por conta própria.
- Sua influência não teve nada a ver com isso?
- Não! Eu não faria isso, acho que o pessoal percebeu que quando sugiro algo, eles podem se beneficiar com a ideia.
- E às vezes cobramos favores - disse Neuronist se juntando à conversa.
- Oi Neuro, como você está? Muito serviço?
- Muito, aquele reizinho elfo é bastante duro, mais do que a sua amiga, digo em questão de ego, chora como uma menininha cada vez que o descascamos até os ossos, assim que é curado a arrogância retorna.
- Talvez a cura o recupere mentalmente, deveria tentar doses menores e mais localizadas.
- É uma boa ideia. Então, está pronto para cumprir o nosso trato?
- Claro, meu convidado deve estar chegaaaando... agora.
Todos os olhares se voltaram para a figura que acabara de entrar pela porta... e se jogaram ao chão.
- TODOS SE AJOELHAM ANTE A PRESENÇA DE NOSSO SENHOR AINZ OOAL GOWN. - Proclamou a Guardiã Supervisora.
- 'Porque tem tanta gente aqui?!!' - Aham! Boa noite, podem se levantar e continuem... suas bebidas. Olá, Wild, é bom vê-lo aqui.
- Obrigado, Lord Ainz, eu estava conversando com Neuronist sobre algumas coisas.
- Ah! Neuronist Painkiller, eu não tive a oportunidade de agradecer pelos serviços prestados, as informações recolhidas do Rei Elfo são de um valor incalculável.
- E-eu estava apenas fazendo o meu serviço, meu senhor, apesar da dificuldade, acho que ainda há muito a ser retirado daquele ser.
- É mesmo? Então ele ainda tem segredos, tenho certeza que você, sendo tão eficiente, dará conta.
- Com certeza, Ainz-Sama, estou usando novos bisturis de metal prismático para... - Neuronist começou uma longa explicação sobre seu ofício.
TW e Ainz mantinham um olhar interessado enquanto tentavam manter disfarçadamente uma mão na têmpora.
- 'Achei que falaríamos em particular.'
- 'Se fosse assim eu teria ido ao seu escritório.'
- 'Então é uma armadilha.'
- 'Mais ou menos, acho que nesse momento seria bom você estar mais perto dos NPCs... olha, eu não vou chamá-los mais assim, eles estão vivos agora. Então... estar mais perto do pessoal. Além disso tenho um anuncio mais tarde, agora eu queria falar sobre amanhã.'
- 'Amanhã? Ah! Imagino sobre o que é, as consequências não é mesmo?'
- 'Isso, você sabe que usarão a queda da Teocracia para nos atacar.'
- 'Provavelmente já devem estar reunindo um conselho de guerra. Então acho que só me resta uma opção, não é?'
- 'Sim, se adiantar e atacar primeiro, acho que o local mais provável desse conselho é na Cidade-Estado de Argland.'
- 'Então, devo partir amanhã, uma luta será travada.' - Que interessante Neuronist, você poderá me falar mais quando eu for ver o Rei Elfo, mas agora preciso conversar algo com Albedo, com licença.
- Ao seu dispor Ainz-Sama. Ai ai! Que homem!
- Você está tão interessada assim? Você sabe que Ainz-Sama, como morto-vivo, provavelmente não deve ter esse tipo de interesse.
- Ah, ele tem!
- Como você sabe?
- Uma garota sabe, basta reparar em como ele olha a Guardiã Supervisora, o que é uma pena, eu poderia fazê-lo feliz. Mas e quanto ao senhor, senhor Wild, nosso trato está cumprido, ser elogiada na frente de todos superou meus desejos.
- Estou feliz então, mas você tem um olhar um pouco triste apesar disso, o que há?
- Humm, acho que percebi que talvez Ainz-Sama tenha gostos diferentes.
- Não fique assim, sabe, eu quero te apresentar uma pessoa - TW fez uns gestos chamando alguém do outro lado do salão - Neuronist Painkiller, gostaria de apresentar o Lord Malígno Íra, sabia que ele já foi...
- Jaldabaoth, sim conheço sua fama, mas nunca nos encontramos.
- É um prazer conhecê-la, já ouvi falar de seu serviço, uma inspiração usada na fazenda, gostaria de beber algo?
- Sim, obrigada - disse ela indo se sentar mais no canto do balcão.
- Ela é legal, mas você vai me dever um favor, Wild. - sussurrou o demônio.
- Sem problema, eu canto no casamento de vocês.
.................................
Alguns anos depois
♫ Jump up and shout now (woo)
Jump up and shout now (woo)
Jump up and shout now (woo)
Everybody shout now
Everybody shout now
Everybody, shout, shout
Shout, shout shout shout shout shout shout shout shout... *♫
- Aham! Senhoras e senhores, os noivos agora dançarão a valsa de despedida antes de saírem em Lua de Mel, palmas para o Senhor Lord Malígno Íra e a senhora Neuronist Painkiller Íra!
................................
De volta ao presente
- COM LICENÇA A TODOS, GOSTARIA DE UM MOMENTO DE SUA ATENÇÃO! - falou TW - Obrigado. Gostaria de aproveitar a presença de tantos reunidos para agradecer. Agradecer o fim de um inimigo (Ainz assentiu com a cabeça), agradecer o fim de uma angústia (Shalltear desviou o olhar), agradecer a um novo começo (Antilene sorriu), agradecer por ter sido aceito por tantos (Albedo fechou a cara) - aquelas palavras pareciam ter significados diferentes para cada um - e como agradecimento por tudo isso, eu trago uma surpresa, é uma felicidade poder compartilhar com todos, o meu aniversário. Obrigado!
Neste momento, Clavu entra empurrando um carrinho com um grande bolo encima, Lords Malignos Ganância e Inveja começam um "Parabéns para Você" tocado ao piano.
Ainz não se contém e vai até o amigo para parabenizá-lo.
Os gêmeos e a semi-elfa estavam maravilhados com o enorme bolo colorido, enquanto a filha de Lupusregina e enteadas de entoma saltitavam à volta de Clavu.
Os presentes batem palmas e os guardiões não pareciam particularmente incomodados, apenas Albedo não se segurava.
- Filhodumap***! Ele acha que somos fantoches... - disse ela se levantando, mas foi parada pela mão de Pandora em seu ombro.
- Fraulein, acalme-se, pelo visto você não vê a oportunidade.
- Que oportunidade?
- De aprender, veja, é o aniversário do Senhor Wild, alguém que já foi um Ser Supremo, isso significa que os seres Supremos fazem aniversário, então significa que...
- Ainz-Sama faz aniversário!!! - disseram todos os Guardiões ao mesmo tempo.
- Pela surpresa, parece que ninguém sabe quando mein Vather comemora, então provavelmente só existe uma pessoa que talvez saiba quando é essa data.
- Oh não! Ele não! - gemeu Albedo olhando para o humano que recebia os parabéns.
..............................................
Nota do autor
Olá pessoal, aqui a gente pode ver que Antilene se recuperou e que Aura está tentando novas táticas com ela.
As Plêiades decidem iniciar suas escolas e descobrimos que as irmãs de Archer agora tem novos nomes: Charlotte e Anansi Barintacha Hierofantes, Inta deve ter pego os nomes enquanto visitava a biblioteca de Ashurbanipal, nomes relacionados com aranhas obviamente.
Sim eu casei Íra e Neuro, lidem com essa kkkkk 🤣
Chapter 70: Interludio 11
Summary:
Remédios tem outra conversa esclarecedora.
Notes:
Olá Nazarins, hoje trago outro interludio curto antes de começar o próximo arco que será bem grande na minha fanfic Aquele que Voltou
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 11
Chapter Text
- Então, a Teocracia caiu.
- 'Sim.'
- Perdemos então mais um reino para os mortos. Logo ficaremos sem aliados.
- 'Para mim parece uma oportunidade.'
- Oportunidade? Para o quê? Os Teocratas eram uma das maiores forças contra o feiticeiro morto-vivo.
- 'E agora estão sem casa e sem liderança.'
- Como se alguém sobrevivesse a aquilo.
- 'Áh! Eles sobreviveram, as escrituras são mais fortes do que você pensa, e mais inteligentes, eles devem ter percebido a batalha perdida, agora eles procurarão refúgio, nunca iriam até Argland, aquele antro de Demi-humanos.'
- E você acha que virão até nós? Como irão nos achar? Estamos escondidos a meses, sempre nos mudamos e estamos usando proteções divinas continuamente, como eles farão isso?
- 'Ah! Minha irmã, eles virão direto para nós, eles devem ter tantos espiões infiltrados aqui, como nós temos no Palácio do "Rei Santo".'
- Miseráveis, eles estão espionando seus próprios aliados.
- 'E nós fazemos o mesmo, como acha que a informação da queda de Kami Miyako chegou tão rápido, somente um tolo como Caspond não usaria esses recursos.'
- Então só precisamos esperar eles chegarem com suas súplicas.
- 'Talvez eles nos tragam presentes.'
- Isso seria ótimo, eu gostaria de uma espada. - Disse Remédios Custódio para a cabeça dentro da jarra.
A Paladina caída tem falado sozinha desde a morte de sua irmã, e parece que a coisa só piorou depois que recuperou a cabeça dela.
Mesmo com muitas tentativas, foi impossível a ressurreição da maga por ter sido corrompida pelo demônio.
Mas algumas semanas atrás, algo incrível aconteceu, durante um de seus vários momentos sozinhos, enquanto realizava outro monólogo, sua irmã respondeu, dentro de sua cabeça, isso já havia acontecido antes, mas na época era apenas sua imaginação, agora era a voz dela, alta e clara falando exatamente como faria quando viva.
Nada mais surpreendia Remédios, então a alma de sua irmã retornar como um espírito não foi uma surpresa, agora ela podia conversar sempre com sua irmã morta.
Foi em uma dessas conversas que uma pequena rebelião dentro de seu acampamento foi descoberta e uma tentativa de envenenamento evitada.
A voz dentro da cabeça de Remédios poderia ser um fantasma ou ser sua própria perspicácia, seu subconsciente enganando sua mente, tudo poderia não passar de sua própria loucura, mas nada importava, pois os conselhos de sua "irmã" a levaram a tomar boas decisões.
Afinal, sua irmã nunca mentiria, Remédios afirmava para si mesma enquanto acariciava o jarro com a cabeça morta de Kelart Custódio.
Chapter 71: Jogos de Guerra
Summary:
Como começar uma guerra?
Notes:
Olá Nazarins, aqui começa mais um arco da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 60: Jogos de Guerra
Chapter Text
- Nós temos que fazer algo o quanto antes!
- Espero que não se precipite, temos regras para seguir, não cairemos na barbárie.
- Então somente quando a morte bater a sua porta vocês farão algo!
- Peço que o senhor se contenha, estamos discutindo assuntos que influenciarão o continente por décadas, não podemos tomar qualquer decisão de forma leviana, as notícias que você nos trás é da maior importância e será levada em conta - disse um demi-humano canino.
As três figuras seguiam por um corredor até chegarem a uma sala reservada, na porta vários guardas estavam posicionados além de magic casters entoando feitiços de proteção.
Ao entrarem no salão os rostos se voltaram para Lord Murios, chefe do conselho governante de Argland, dentro estavam os dignitários de várias espécies, nas laterais seus seguranças de maior confiança, prontos para qualquer eventualidade.
- Senhores. Obrigado por aguardarem, um assunto urgente chegou a nós e deve pesar sobre o que decidiremos, para tanto devo apresenta-los novamente ao nosso novo convidado. Estão presentes os membros do Conselho Governante de Argland: Lord Aspyan, Lady Flarin, Lord Malio, Lord Ardork e Lord Eloi. - vários fizeram uma leve mesura com a cabeça.
O lord dragão encarou cada um deles: o Avian, a mulher coelho, o humano, o anão negro e o elfo, alguns deles poderiam simpatizar com suas ideias, outros precisariam ser persuadidos.
- Ainda preciso apresentar os representantes dos reinos convidados: O Embaixador Glurus do Reino Oceânico, Submergia - um velho homem aquático de pele verde mar e uma bolha de água sobre a cabeça fez menção de se levantar apenas para retornar ao seu assento.
- Lord Turon do Reino Minotauro - O grande e jovem minotauro negro apenas levantou o queixo.
- Os representantes dos Cavaleiros Irwin, Lord e Lady Thorston - um casal usando armaduras feitas de escamas, se curvaram.
- E por fim Formians da Grande Colônia Formian - um ser parecido com uma grande formiga usando armadura abaixou a cabeça, seus seguranças imitaram o gesto como fossem um único ser.
- É uma... honra estar presente de tantas autoridades desde continente, eu sou Riku Aganéia, e minha colega é Rigrit Bers Caurau, estamos aqui como representantes dos Lords Dragão. - disse o cavaleiro de armadura brilhante com padrão dracônico.
Todos se mexeram ao ser mencionado os seres mais poderosos que viviam sobre o mundo.
- Este conselho de nações foi reunido a pedido do Lord Dragão Platiniun - disse Murios - discutimos a possibilidade de interferência nas ações protagonizadas pelo Rei Feiticeiro e para tanto as quatro outras nações aqui presentes são convidadas a participarem, incluindo em caso de interferência solicitamos sua força para que promulguemos sanções ao Reino Feiticeiro.
- Sanções?! Os mortos-vivos andam pela terra e vocês querem negociar?!
- Senhor Riku, antes de entrarmos em guerra, todas as alternativas devem ser postas à mesa.
- Alternativas? Que alternativa teve Re-Estize?
- Re-Estize cometeu um ato de guerra, atacou um comboio...
- QUAL ALTERNATIVA TEVE A TEOCRACIA SLANE?!
- Do que o senhor está falando? - perguntou o velho homem aquático.
- Acabei de vir de Kami Miyako. A cidade foi arrasada, milhares estão mortos. Precisamos responder a isso antes que seja tarde demais.
- A Teocracia estava em guerra com o Reino Elfico, será que não foi uma resposta à suposta morte de Decem Rougan - falou um elfo com uma das orelhas cortadas.
- Lord Elói, se o reino elfico tivesse uma arma capaz de destruir a Teocracia, Decem já a teria usado há muito tempo, além disso, havia uma legião de cavaleiros da morte saindo da cidade.
Todos pareciam ponderar as novas notícias.
- Precisamos de informações sobre o Reino Feiticeiro, não estamos a par de que tipo de rei é este que comanda os mortos - disse um dos cavaleiros Irwin.
- Eu tenho alguém que passou os últimos meses dentro do Reino Feiticeiro - disse Rigrit.
Quem se pôs à frente foi Lakius que até então esteve junto aos outros seguranças, ela parecia abatida e que não dormia a semanas, suas olheiras eram imensas.
- Meu nome é Lakius Alvein Dale Aindra, sou líder das Rosas Azuis, venho trazer informações sobre o que eu vi no Reino Feiticeiro, durante minha estadia vi como o povo vive e apesar de como imaginamos, E-Rantel se tornou uma cidade próspera e aparentemente segura...
- O que você está fazendo? - disse Riku segurando o braço de Lakius.
- Estou relatando o que eu vi, eu não trabalho para você, senhor, estive devolvendo apenas um favor a uma amiga e agora estou fazendo o que acredito ser o certo. Retomando, enquanto eu estive lá não vi opressão ou ações beligerantes, as leis são impostas sem vacilar e a segurança dos moradores parece ser a prioridade, os funcionários trabalham sem parar...
- E as outras cidades? Ouvi dizer que muitas cidades foram destruídas - perguntaram os Formians.
- Sim, muitas foram destruídas, mas nada diferente do que haveria em outras guerras, as cidades que se renderam foram poupadas e tratadas melhores do que já tinha visto no conflito com o Império.
- Descreva como vivem as pessoas - quis saber o conselheiro Avian.
Lakius fez uma grande descrição do dia a dia das pessoas, focando principalmente nos povos demi-humanos, ao final de sua fala ela se sentia esgotada, além disso podia sentir a hostilidade vindo de Riku.
- *O que há com ela? Ela deveria contar as abominações que o Rei Feiticeiro fez, em vez disso parece ter aceitado tudo como normal. A única boa coisa foi ela parecer uma usuária de pó negro, ninguém dará ouvidos ao que está falando.* - cochichava Riku, tão baixo que apenas Rigrit escutou.
A antiga aventureira apenas observava como Lakius parecia um zumbi cambaleando até a parede onde se lançou em um sofá.
- Desde a fundação do Reino Feiticeiro, o conselho tem se preocupado com a situação, então, além da senhorita Lakius, foram enviados muitos... observadores ao reino, nenhum voltou com informações que pareciam confiáveis, por isso contratamos um grupo especializado, este é um de seus representantes. - disse Lord Ardork, o anão negro.
Das sombras no canto surgiu uma figura feminina que usava roupas pretas com laranja, uma ninja.
- Boa tarde a todos, como podem imaginar eu não posso me identificar, mas represento o Grupo Ijaniya, nossa reputação deve bastar como garantia de minhas palavras. Como muitos sabem, o Reino Feiticeiro assim que anunciou sua fundação emitiu um convite a todos que quisessem morar em suas novas terras, e também anunciou estar aberto até mesmo aos espiões enviados pelos outros reinos, um claro desafio.
- Nós nos infiltramos em vários níveis da sociedade a fim de obtermos acesso a informações das tramas comuns envolvendo a nobreza, foram coletadas informações a respeito de insatisfações por parte de alguns nobres e a situação como são mantidos relegados a meras peças burocráticas, todos que adentram na cidade são submetidos a um processo de intimidação onde são expostos à própria aura de medo emitida pelos morto-vivos, o sistema de leis poda qualquer liberdade comercial maior, e a convivência dos povos demi-humanos se mantém segregada às antigas favelas. As cidades vizinhas, apesar de serem deixadas a sua sorte, ainda sofrem com as imposições do novo governante, e, por fim, realmente o Reino Feiticeiro participou diretamente da destruição de Kami Miyako, as informações detalhadas foram compiladas nos relatórios entregues.
- Obrigado, pode se retirar, como veem, a situação parece ter se agravado, o Reino Feiticeiro parece ter iniciado uma campanha de conquista, se for preciso tomar uma posição de retaliação, precisaremos do apoio de seus reinos, senhores. - expôs Ardork.
- Por que o Reino Santo não está presente - mencionou o embaixador Glurus.
- O Reino Santo está na eminência de uma guerra civil, senhor embaixador, o Rei Santo se negou a vir e recebemos uma mensagem do assim chamado Reino Santo do Sul, e isso é um assunto que trataremos ainda. - explicou Murios.
- O Reino Minotauro também não participará.
- Lord Turon, se iniciarmos uma guerra, a força do Reino Minotauro é imprescindível. - disse Rigrit.
- O Reino Minotauro está em guerra com o Triunvirato dos Homens-Besta a séculos, o equilíbrio só é mantido pela possibilidade de avanço deles em outras direções, mas parece que foram expulsos da frente de combate do Reino Dracônico, então agora estão se concentrando em nós para expandir seus territórios, nossos golens são necessários na fronteira e não os moveremos de lá.
- De nada adiantará essa proteção se os mortos chegarem até vocês, aí talvez nos lembremos de sua decisão. - disse Riku.
- NÃO ME AMEACE! Você diz representar os Lords Dragões, mas apenas pede que entremos em guerra por vocês, por que os Lords não vão até lá e acabam com isso.
- Não tente a vontade dos dragões, se eles saírem para lutar, não será apenas um reino que aplacará sua fúria, eles podem muito bem se voltar para as terras do deserto, das montanhas e ao mar.
- JÁ DISSE PARA NÃO NOS AMEAÇAR, SERVO DOS DRAGÕES! EU SOU TURON SOLUN TERRA IV, BISNETO DO GRANDE SÁBIO MINOTAURO E NÃO SEREI AMEAÇADO. - disse ele avançando um passo em direção a Riku.
- E pelo jeito a inteligência do Sábio Minotauro pulou uma geração. - respondeu o cavaleiro de armadura, não se movendo.
Os ânimos estavam exaltados, as delegações discutiam se deveriam se retirar, Rigrit não se lembrava de seu companheiro ter sido tão hostil antes, sempre ponderado, agora parecia querer instigar a agressividade. Seja lá qual fosse a estratégia, não parecia estar funcionando a seu favor.
Neste instante, alguém entra apressado na sala, um mensageiro de confiança. Este se aproxima de Murios e sussurra ao seu ouvido.
- Senhores, parem com isso, PAREM!
O minotauro retorna ao seu lugar enquanto a ordem é estabelecida.
- Acabo de receber uma mensagem de outro reino solicitando participar deste conselho.
- Um novo reino se mostra ciente da situação, quem são eles? Os Teocratas, sua liderança ainda existe? - pergunta o Avian.
- Não, quem veio a nós é um mensageiro... do Reino Feiticeiro.
Chapter 72: MEUS Jogos de Guerra
Summary:
A trama se complica com a chegada do emissário do Reino Feiticeiro e só vai piorar.
Notes:
Olá Nazarins, Mr.Bones traz para vocês mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 61: MEUS Jogos de Guerra
Chapter Text
— Não podemos permitir que ele entre - disse Rigrit para Riku, mas muitos puderam ouvir.
— Não podemos impedir que ele entregue a mensagem, senhora Rigrit.
— Podemos mantê-lo no aguardo indefinidamente. - respondeu Riku.
— Isso apenas atrasaria o inevitável, eles sabem que estamos reunidos aqui e sabem o motivo. Se o impedirmos, será uma declaração de guerra de todos nós, algo que não estamos de acordo no momento e nem preparados. - falou Murios.
Todos concordaram com a fala, mas Riku não se manifestou.
— Deixe o mensageiro entrar.
As portas se abriram, e o mensageiro caminhou até o centro da sala. Os seguranças se prepararam para um ataque.
— Boa tarde, senhores dignatários. Eu sou Sebas Tiam, Mordomo Chefe de Sua Majestade o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown, e venho como mensageiro do Reino Feiticeiro.
Todos ficaram admirados com o fato de ser um humano aquele que atendia diretamente o Rei morto-vivo.
— O Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown solicita a participação de nosso reino neste conselho, a fim de esclarecer os recentes acontecimentos.
— Eu sou Murios Avant Lux, chefe do conselho da Cidade Estado de Argland. Sua solicitação é deveras inesperada. Como tal, precisaríamos deliberar. Então, se puder aguardar, pedimos que espere a nossa decisão na outra sala.
— Sim, obrigado por ouvirem o nosso pedido. Sua Majestade acredita que trará informações relevantes para as deliberações. Com sua licença - disse Sebas com uma mesura ao se retirar da sala.
— A presença do Reino Feiticeiro aqui demonstra mais conhecimento do que esperávamos. Acredito que não possamos negar sua presença. Talvez possamos até negociar, se preciso. - disse Lord Murios após as portas se fecharem.
— Não importa, quem ele enviar simplesmente trará mentiras para obscurecer o discernimento daqueles aqui presentes.
— Senão algo pior - disse o anão negro. - Concordo com o senhor Riku. Poderia até mesmo ser enviado alguém que atacaria este conselho.
— Lord Ardork, apesar de seus temores, se o Rei Feiticeiro quisesse nos matar, teria enviado um ser de poder para fazer isso e não um humano. - ponderou Murios.
— Exatamente para que baixemos nossa guarda para o que virá - retrucou Lord Malio, o humano.
— Desculpe, Murios, essa discussão provavelmente irá se prolongar se todos forem argumentar, mas como estamos todos presentes, solicito uma votação emergencial a fim de decidir se permitimos ou não a entrada do Reino Feiticeiro nesta reunião, e que os reinos convidados também exerçam um voto nesta decisão - disse Eloi, o conselheiro élfico.
— Certo, então aqueles a favor de permitir a entrada do Reino Feiticeiro levantem a mão - poucos não levantaram - os a favor venceram. Que a nossa esperança não seja em vão. Por favor, deixe o mensageiro entrar novamente.
— Senhor Sebas, a participação do Reino Feiticeiro foi aprovada. Acredito que poderemos adiar a reunião por alguns dias até a chegada do representante.
— Senhores, não há necessidade de aguardar. Se me permitirem, informarei meus superiores. - Sebas se retirou novamente da sala, mas parou logo após a soleira da porta. - Sim, é Sebas Tiam, senhor. A comunicação foi reestabelecida novamente, sim, proteções provavelmente, sim, ficarei no aguardo.
— ‘Pelo menos as proteções parecem ser efetivas ‘- pensou Riku.
Sebas retornou à sala e se posicionou ao lado direito da porta. Nesse instante, um portal negro se abriu a apenas alguns centímetros do umbral, de dentro saiu uma beleza mundial que faria os homens de várias espécies terem pensamentos impróprios.
— ‘Então eles enviaram a própria Primeira Ministra, o ser mais forte do Reino Feiticeiro’ - pensava o dragão disfarçado.
Mas Albedo não se apresentou, seguiu e se posicionou ao lado esquerdo da porta.
— Anunciamos a chegada do Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown.
Albedo e Sebas fizeram uma grande mesura quando de dentro do portal o Ser Supremo emergiu.
Houve consternação pelas palavras e uma maior ainda ao verem que o próprio Rei Feiticeiro apareceu. Riku não se mexeu, mas houve um leve estremecimento, como se ele estivesse em dúvida se deveria aproveitar a chance de atacar ou não.
— Boa tarde, senhores. Eu sou Ainz Ooal Gown. Acredito que devam estar falando de mim.
— Por acaso há espiões seus aqui também?!
— Humm! Acho que reconheço o senhor, Riku Aganéia não é mesmo?! Já nos encontramos, não? Talvez. Mas respondendo sua pergunta, não, não tenho espiões aqui e nem é preciso, afinal é óbvio que se reuniriam após os últimos acontecimentos.
— Sua Majestade, desculpe a grosseria do senhor Aganéia, ele não representa este conselho. Eu sou Murios Avant Lux do conselho da Cidade Estado de Argland, mas aqui comigo estão presentes como convidados, os representantes de várias nações. - Murios então fez novamente a longa apresentação de todos.
— Eu vejo, é um prazer estar diante dos distintos dignatários e do povo do mar, do ar, da terra e do subterrâneo. - Cada um fez uma saudação. - Mas vejo que faltam alguns representantes. Não vejo ninguém do Reino Dracônico, do Reino Anão, do Reino Élfico, do Império Baharuth, ou... da Teocracia.
— Dois deles são seus vassalos e os outros estão no seu bolso. Eles estariam aqui para espalhar suas mentiras. E a Teocracia você sabe muito bem o que houve com ela. - disse Riku com tom de desagrado.
— Ora seu... como se atreve a falar assim com...
— ALBEDO! Por favor, deixe-me lidar com a situação. Lamento a explosão de minha companheira.
— *Companheira! Como esposa?!* - murmuravam todos, inclusive Albedo.
— ‘Pécima escolha de palavras’ – gemeu Ainz internamente. - Ahamm! Espero que o senhor Aganéia neste momento não esteja falando por todos deste conselho, pois isso demonstraria uma visão limitada da situação. Os reinos vassalos poderiam dar um testemunho de como são tratados, e meus parceiros comerciais ainda são também seus parceiros comerciais. Mas além disso, vejo que mesmo no Conselho de Argland faltam representantes de várias raças. Há Demi-humanos caninos, Avians, Homens-coelhos, humanos, anões negros e elfos. Acredito que o senhor deva representar os sobreviventes da teocracia ou dissidentes do Reino Élfico, não é?!
— Sim, Vossa Majestade, eu sou Eloi Greevalle e represento os elfos livres. O Conselho Argland é formado pelos representantes das raças dispostas.
— Ainda assim, senhor Greevalle, não há nenhum goblin, troll, orc, homem-lagarto ou outros Demi-Humanos, muito menos um vampiro.
— A maioria dessas raças é selvagem ou tribal, e não há uma centralização para que possamos... contatar. Além disso, os vampiros, mortos-vivos, são conhecidos como inimigos naturais dos vivos.
— Bem, eu vejo. Mas, ainda assim, os demi-humanos possuem conselhos tribais como este em Abellions Hills ou nas terras dos homens-lagartos. E não quero ser rude, mas os minotauros não vêem problema em se alimentar de humanos. Acredito que até mesmo possuam locais de criação para isso. - Apontou o Ser Supremo para o minotauro que apenas sorriu.
— Vossa Majestade, o povo minotauro, apesar de sua dieta restrita, é uma exceção...
— Exatamente - interrompeu Ainz - uma exceção. Isso significa que poderiam haver vampiros bons, ou... mortos-vivos, não é?!
— A lógica de Sua Majestade parece fazer sentido. Algo que poderemos ponderar em tentar algo futuramente, mas no momento, não temos como contatar os outros reinos para que possam vir...
— Se não for problema, posso trazê-los rapidamente. Albedo, por favor. - disse Ainz, não dando tempo para ser questionado.
Albedo deu um passo para fora da sala e contatou Shalltear. Logo, cinco portais se abriram, e de lá saíram várias autoridades. Sebas os anunciou um a um.
— Rainha Draudillon Oriculos, Senhora do Reino Dracônico.
— Rei Gondo Firebeard, Senhor do povo anão das Montanhas Arzelísias.
— Princesa Renner Theiere Chardelon Ryle Vaiself, da casa Vaiself.
— Imperador Jircniv Rune Farlord El-Nix, do Império Baharuth.
— Lord Mare Bello Fiori, Rei do povo élfico e Senhor da Grande Floresta de Evasha.
Eloi instintivamente caiu de joelhos ao ver Mare, mas a consternação foi geral. Enquanto os reinos enviaram representantes para o debate, o Reino Feiticeiro trouxe os próprios governantes, metaforicamente falando. Ainz havia trazido metralhadoras para uma luta de facas.
Enquanto as autoridades se colocavam à frente de Ainz, seus seguranças se posicionavam junto aos outros. Antilene e Leinas eram as únicas conhecidas.
A rainha Draundillon, pelo canto do olho, observou com avidez Sebas, parado de forma estoica ao lado. Uma coisa que ela notou imediatamente foi a ausência da aura dracônica que ele deveria emitir, outra foi o anel no dedo indicador, algo que ele não usava antes.
— ‘Tenho certeza de que ele não tinha isso, já que decorei cada detalhe deste homem: seu porte régio, seus cabelos brancos, sua barba cheia, seus braços fortes, seu peito...’ - a respiração da rainha ficou pesada – ‘... Eu deveria parar de pensar nessas coisas e me concentrar. Como não é um anel de casamento que ele está usando, provavelmente deve ser um possível item anti-detecção.’
A Rainha então se adiantou.
— Não há a necessidade de fazer novamente a apresentação de todos os presentes. Como soberana de uma nação independente, acho que devo começar.
— Espere Vossa Majestade - disse Glurus, o velho homem aquático. - Não podemos começar ainda. Sinto uma aura doente no recinto. Alguém aqui está amaldiçoado!
Riku praticamente apontou em direção a Ainz.
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Nota do autor
Outro capítulo complicado, fazer essas reuniões de autoridades com pompa e cortesia me cansa, os títulos se repetem demais, mas prefiro fazer assim do que escrever como se fossem pessoas normais falando.
Chapter 73: Maldições
Summary:
A natureza magica é revelada
Notes:
Olá Pergaminhos, continuando o arco do Conselho Argland em minha Fanfic Aquele que Voltou.
com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 62: Maldições
Chapter Text
- ...alguém aqui está amaldiçoado! - disse Glurus.
Riku praticamente apontou em direção a Ainz.
- Não ele, seu tolo! Apesar de sua aura negativa, os mortos-vivos são uma ocorrência natural. Sem eles concentrando as energias negativas ao tomarem forma, estas se espalhariam e adoeceriam o mundo todo.
Ainz fez uma mesura para o velho homem aquático, pela lembrança de como a natureza mágica funciona.
- Mas os mortos-vivos são a antítese dos vivos! - Se intrometeu o conselheiro humano.
- Lord Malio, os mortos são a antítese dos vivos, mortos-vivos são avatares das energias negativas, é diferente. Mas o que eu sinto é uma maldição, a corrupção de energias mágicas. Eu sinto que vem dali! Avaliar Magia - disse o velho homem-aquático apontando para os seguranças.
O dedo acusador passou um a um. Ao chegar em Sebas, o homem fez uma pausa ao perceber tamanho Karma positivo vindo do servo do Rei morto-vivo. Então, ele continuou até parar em...
- Você! Você sofre de um grande mal.
Leinas então se adiantou um passo à frente. Jircniv lamentou ter trazido a cavaleira, mas Baziwood ou os outros não tinham o tato necessário para uma reunião assim.
- Eu sou Leinas Rockbruise, Cavaleira do Império Baharuth. Minha condição é conhecida por muitos, mas se minha presença for um incômodo, irei me retirar e...
- Fique quieta, mocinha. Estou tentando me concentrar HMMMMMMMM!
- Lord Glurus, nós de Argland conhecemos a situação da Senhorita Leinas. Não há necessidade de... - tentou falar Lord Malio.
- Já disse para deixarem eu me concentrar! Hmmmmmmmmmmmmm! Avaliar Maldição.
Uma bolha de água se formou, grande como uma bola, flutuou até chegar perto de Leinas e cobriu a cabeça da cavaleira. Ela, no desespero, tentou segurar a respiração.
- Respire, menina, respire. Isso é água mágica, não vai te afogar.
Leinas então puxou o fôlego, engasgou até se acostumar e tentou voltar à postura ereta.
- Lord Glurus, por favor, o senhor não precisa se cansar.
- Lord Malio, o senhor parece calmo demais para alguém que pode ser contaminado facilmente por uma maldição - disse o velho homem-aquático para o humano, que disfarçadamente passou o resto da reunião tentando cobrir a boca e o nariz com um lenço.
- Me diga, criança, o que houve?
- Eu, eu fui amaldiçoada quando matei uma criatura, um monstro. Desde então, busco a cura para isso.
Lord Murios completou.
- O Mago Fluder Paradyne, quando nos visitou anos atrás, buscou uma cura. Não havia nada em nossos registros antigos sobre algo.
- 'O velho realmente procurou uma cura? Achei que o Imperador apenas estava me enganando sobre isso' - pensou Leinas enquanto subia o conceito sobre Fluder e o Imperador.
- Vocês disseram que não acharam nada antigo, mas isso não é magia antiga, é nova! - disse o velho enquanto gesticulava os dedos.
- Não entendo, como assim nova?
- Lord Murios, se a magia fosse antiga, haveria registros e estudos sobre ela, então ela só pode ser nova.
- Uma criatura aprendeu uma nova magia nas últimas décadas?
- Não, claro que não. Vamos ter uma aula rápida sobre magia enquanto faço este serviço. Vejam, este mundo produz magia e seres mágicos naturalmente de forma contínua. O acúmulo de energias negativas gera mortos-vivos porque não há coisas vivas dispersando essas energias ou absorvendo o miasma. Não há grama, árvores ou vida nos campos de batalha, cemitérios e túmulos. Desta maneira, para equilibrar a balança, a natureza também criou as Dríades, energia positiva gera Dríades, os avatares da vida, estabilizando assim o ecossistema. Alguns outros seres vivos também já nascem mágicos, e como tudo, a evolução levou essas criaturas a desenvolverem armas para caçar e se defender, como o veneno do escorpião, mas usando mana. Por exemplo, a Cocatrix criou naturalmente a maldição petrificadora, ela não estuda ou aprende vendo outras da mesma espécie, simplesmente desenvolvem isso, uma magia de aura negativa. A maldição é a corrupção em outro ser, a natureza então levou as Dríades a criarem bênçãos, uma destas é a magia despetrificadora, magia positiva.
- E ainda existe a Mandrágora. - falou Ainz.
O velho sorriu.
- Sim, é óbvio que um magic caster saberia muito sobre a origem das magias. Mandrágoras, as plantas gritadoras, são capazes de petrificar com seu choro. Em contrapartida, seu suco é usado em poções antipetrificação, um ser equilibrado, neutro.
Rigrit olhou para Riku como se perguntasse "você sabia disso?" Ele entendeu, olhou para ela e respondeu em um tom baixo.
- Seria como perguntar por que os galos cantam pela manhã.
A velha aventureira sabia que os dragões pouco se importavam com as coisas pequenas do mundo e que pouco tinham interesse em estudá-lo. Só sabiam o que lhes interessava, as lutas dos pequenos seres não eram importantes, afinal, eles eram os senhores dragões, e poucas coisas poderiam ameaçá-los. Neste caso, se a natureza se adaptava para manter o equilíbrio, então talvez ela deva ter criado os dragões para eliminar invasores, os jogadores, seres alienígenas a este mundo. Ou será que foi ao contrário, quem veio primeiro?
- Mas o que isso tem a ver com a situação? - perguntou Murios.
O velho mexeu mais os dedos e a bolha que cobria a cabeça de Leinas cresceu, recobrindo o corpo todo.
- A evolução não parou, ainda existem criaturas criando magias desconhecidas de forma natural. O ser que amaldiçoou esta criança era um ser antigo, mas esta magia só deve ter surgido há apenas alguns séculos. A natureza ainda não teve tempo de se adaptar, e nós ainda não aprendemos nada sobre ela.
- 'Se tudo que o mago disse for verdade, as implicações disso são imensas, já que significaria que não apenas os seres deste mundo, mas a própria natureza deste mundo é totalmente mágica' - pensou Ainz ao analisar todo esse novo conhecimento.
A água mágica ficou negra, o velho mago gesticulou com os dedos como se puxasse uma corda, e então toda a água saltou, formando uma esfera. Comprimiu-se cada vez mais até virar uma pedra negra que flutuou para dentro de uma garrafa que foi selada com magia.
Leinas quase caiu com a sucção, suas roupas nem mesmo ficaram molhadas; ela apenas sentia que seu rosto estava mais limpo, mas as secreções começaram quase que imediatamente.
- A maldição não está apenas no seu rosto, não é?
- Não - disse Leinas envergonhada.
Jirnvic pensou que então era por isso que a cavaleira passou a usar armadura completa o tempo inteiro.
- Ela está avançando, não? Poções apenas retardam o apodrecimento, curas eliminam pouco e quase não têm efeitos, e está se espalhando, tomando cada vez mais o seu corpo. Ela não está te matando, está te transformando na mesma criatura que você matou. Eu sou o clérigo mais poderoso de meu reino, sou capaz de lançar magias curativas de sétimo nível...
- 'Sétimo nível! Um rival para Fluder.' - Pensaram Ainz e Jircniv.
- ...mas, infelizmente, não será o suficiente. Lamento muito.
Leinas pareceu se resignar.
- Talvez magia mais antiga - disse Draudillon.
Riku estremeceu; ele não poderia chamar a atenção da neta do Dragão Brilhante sem entregar sua própria identidade. Somente Rigrit, os habitantes de Nazarick e a Rainha Draudillon sabiam que, na verdade, Riku Aganéia era o Platinum Dragon Lord usando o nome de um dos Treze Heróis já morto, como disfarce.
Draudillon não se importava com a raiva do Lorde Dragão; nem mesmo seu avô apareceu para ajudar enquanto seu reino caía. Para ele, provavelmente, só estava trocando súditos humanos por súditos homens-fera.
- Talvez magia antiga poderia ajudar, Magia Selvagem, mas eu sou apenas um oitavo dragão, nunca aprendi magias de cura. Talvez se o representante dos Lordes Dragões pedisse, eles poderiam ajudar - ela alfinetou o PDL.
- Você brinca com forças que desconhece, menina. Os Lordes Dragões não são seres para se pedir favores, ainda mais sobre coisas que devem seguir seu curso. O que significa uma vida quando milhares estão sendo pesadas na balança.
- Então nada será feito? - perguntou Draudillon de forma indignada.
- Posso conceder a misericórdia se ela me pedir. - disse Riku.
- Se nada pode ser feito, quando chegar a hora e tudo se tornar insuportável, darei fim a este sofrimento, sem a ajuda de ninguém, não deixarei esta maldição se espalhar. - disse a cavaleira com convicção.
- Estou farto disso - anunciou Ainz.
Todos se assustaram com tais palavras.
- Eu mesmo darei um fim nesta situação.
- 'É agora, o feiticeiro irá matar a humana'. - pensou o dragão.
Ainz avançou em direção de Leinas, que instintivamente se encolheu em um canto. O rei morto-vivo cercou a cavaleira; quando alguém mencionou se aproximar e ajudá-la, Sebas e Albedo já bloqueavam o caminho.
Neste meio tempo, Ainz tirou algo de sua túnica, abriu os braços e murmurou algumas palavras. Círculos mágicos se formaram ao redor de Leinas, e Ainz gritou sua magia.
- "EXPURGO DOS CONDENADOS!" - então, como uma explosão, surgiu um pilar de chamas, como o fluxo de um vulcão. Os gritos agonizantes de Leinas eram como o lamento de uma Banshee.
Assim que terminou, Ainz se virou e voltou para o lugar de antes.
- Está resolvido - disse ele, deixando apenas a cavaleira no canto, chorando ao perceber que seu rosto estava livre da maldição.
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Nota do Autor
Sobre a natureza mágica do Novo Mundo: imaginei um processo evolutivo baseado na magia, não que o mundo seja consciente, mas que o nosso pareça ter um equilíbrio natural.
Em relação aos mortos-vivos, nunca os vi como a antítese dos vivos, afinal eles estão vivos e mortos, na melhor das hipóteses seriam o equilíbrio se não fosse o carma totalmente negativo.
Então fiz deles avatares de energias negativas e fiz das Dríades avatares de energias positivas porque eles só surgem espontaneamente em lugares vivos e saudáveis.
Não confundir com o Mal e o Bem, estes têm demônios e anjos como representantes.
Chapter 74: A Rainha
Summary:
Leinas está curada, e agira surge uma nova rival para Draudillon?!
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 63: A Rainha
Chapter Text
Enquanto Ainz tomava seu lugar com uma postura régia, Leinas chorava copiosamente em seu canto.
Quando o feiticeiro lhe deu a poção vermelha e sussurrou que doeria muito, ela não esperava que fosse tanto, e quando o feitiço começou e as chamas cauterizavam as partes amaldiçoadas do corpo da cavaleira, a dor foi lancinante. Queimaram até que tudo fosse desintegrado, só restando carne sadia, a magia contida nas chamas estirpou a própria maldição, purificando o que restou. Se não fosse pela poção curando continuamente Leinas, ela teria morrido.
Todavia, o choro não tinha nada a ver com a dor; era de pura alegria.
— Olá, senhorita. Sei que o alívio de seu sofrimento deve ser um momento a se comemorar, mas acredito que meu mestre não concedeu este presente para a senhorita chorar - disse Sebas, oferecendo um lenço para a cavaleira.
Leinas levantou os olhos e viu o mordomo de ferro parado à sua frente. A primeira pessoa que falava com ela após sua cura era simplesmente... "lindo", ela pensou.
Mas ao levar a mão para pegar o lenço, ela sentiu a hostilidade. Não era como a aura assassina, mas algo que apenas uma mulher poderia sentir e vinha diretamente da rainha dragão. Após um momento de hesitação, ela lentamente pegou o lenço, mas recusou a mão oferecida para se levantar.
A hostilidade desapareceu do rosto de Draudillon e foi substituída por satisfação. O recado havia sido recebido.
Ainz apenas pensava sobre o ciclo de repetição que girava ao redor de Sebas. — 'Ai, ai! Lá vamos nós de novo!'
Enquanto isso, Albedo sorria.
— 'Pelo jeito, as mulheres humanas parecem ser atraídas por Sebas, tanto melhor. Assim, nenhuma tentará algo com meu amado.'
Neste meio tempo, o clérigo aquático havia dado a volta e se aproximava do Rei Feiticeiro.
Ele andava lentamente e estava apoiado em um cajado feito de osso e coral.
— Aquilo, aquilo foi Magia Arcana! Vossa majestade pode usar Magia Arcana?! De nono nível talvez?!!
— Décimo, Lord Glurus, mas o que me impediria de usar esse tipo de magia?
— Ora, bem, nada! Mas é magia positiva, seria mortal para o senhor se estivesse dentro dos círculos mágicos! Por que o senhor teria algo assim?
— Talvez eu não seja tão ruim quanto pensam de mim - disse Ainz com um tom jocoso. O velho riu.
O Ser Supremo analisava a situação. Os habitantes do Novo Mundo pareciam ter pouco conhecimento da guerra ou filosofias mais avançadas.
Segundo TW, provavelmente, tais conhecimentos que levariam milênios de informação acumulada e séculos de estudos e aprendizagem, eram perdidos pelo ciclo de destruição causado pelo advento dos jogadores. Os filósofos e estrategistas neste mundo eram magos ou humanos capazes que não compartilhavam seus segredos. Segredos usados por seus reinos nas guerras, mas estes eruditos não possuíam o conhecimento antecessor, então, os pensamentos eram simplistas demais, bom e mau, preto e branco. Apesar de suas muitas guerras, eles apenas engatinhavam em muitos conceiros de moralidade, eles não contemplavam o cinza. Não eram capazes de imaginar que alguém teria inimigos dos dois lados, algo que geralmente acontecia em um jogo como Yggdrasil, onde todo mundo era caça de todos.
O Expurgo dos Condenados era usado no jogo por Ainz, para limpar terrenos com maldições e invocações que inimigos de karma negativo podiam ter preparado.
— Acredito que tudo deve estar resolvido, não é? Rainha Draudillon, se quiser continuar.
— Obrigada, Vossa Majestade. Como eu havia anunciado antes, sou Draudillon Oriculus, Rainha do Reino Dracônico, que nas últimas décadas esteve à mercê do constante ataque dos homens-fera. Ataques que, a princípio, pareciam testar nossas defesas, fronteiras e paciência. Acho que eles tinham receio de atacar um reino chama dracônico, e apesar de ser território do Lord Dragão Brilhante, nos últimos 50 anos, ele nunca apareceu para expulsar os invasores. Isso deve tê-los deixado com segurança suficiente para iniciar uma expansão em massa.
— E as defesas do Reino? - perguntou Eloi.
— Nossas defesas foram minadas com o tempo. Um guerreiro médio homem-besta é muitas vezes mais forte que um humano. Tínhamos a vantagem numérica, que foi sendo reduzida constantemente até o ponto em que não pudemos mais sustentar as fronteiras. Durante anos, então, foi solicitado o apoio da Teocracia. Suas escrituras mantiveram longe as várias tentativas anteriores. Essa ajuda era paga em minério, grãos e ouro, mas nos dois últimos anos nenhuma ajuda foi enviada. Estavam ocupados demais com a guerra contra o reino élfico. Então, fomos invadidos. Tomaram um grande território antes que pudéssemos freá-los. Na verdade, acredito que eles pararam onde queriam parar, pararam para se estabelecer, se reorganizar e se preparar como cabeça de ponte para uma invasão massiva.
— Vocês possuem aventureiros adamantites. Já contrataram trabalhadores. Eles poderiam reforçar o exército - falou Lord Malio.
— Aventureiros não são feitos para a guerra, senhor. Na verdade, são tão indisciplinados que só causariam desordem junto ao exército. Eles não são heróis marciais lendários. Mesmo assim, tínhamos alguns grupos que trabalhavam para eliminar campeões ou grupos avançados.
— O Aventureiro Cerebrate dos Cristal Tears era um desses, não?
— Sim, Lord Malio, mas Cerebrate foi... preso e julgado por crimes contra a humanidade e agora se encontra... encarcerado. - A rainha teve receio de dizer que o aventureiro estava em uma instituição preso, aos cuidados de guardas bastante truculentos, mas sob a orientação de mantê-lo vivo e saudável, afinal, ele teria que esperar anos antes de seu alívio final.
— Vocês prenderam uma de suas peças-chave?
— Sim, Lord Malio. Mesmo uma peça-chave ainda pode causar mais danos se continuar ativa.
— E os outros reinos, por que não pediram ajuda para eles? - Lord Malio pressionava.
A aparência infantil de Draudillon parecia causar nele o efeito oposto comum; o homem hostilizava a rainha.
— Porque, Lord Malio, nossos mensageiros eram caçados e comidos. O senhor já viu um humano ser comido vivo? Eu já tive esse desprazer - devolveu de forma hostil - Mas, há poucos meses, tivemos uma visita inesperada - disse a rainha, mudando de tom. - O embaixador do Reino Feiticeiro veio nos visitar e, após uma breve estada, nos prometeu ajuda, esta que chegou em apenas dias após sua partida.
— Então os mortos chegaram à sua terra - disse o homem.
— Os vivos! Um exército de guerreiros Homens-Lagarto, todos equipados e prontos para lutar. O General Cocytus passou pela nossa capital para prestar homenagem e seguiu para o campo de batalha. Foi solicitado que nosso exército ficasse relegado à retaguarda, assim as forças do Reino Feiticeiro não precisariam se conter. Ao chegarem nos territórios ocupados, receberam reforços e seguiram adiante.
— Que tipo de reforços?
— Cavaleiros, pelo que eu soube, centenas de Cavaleiros da Morte.
O conselho estremeceu com a menção de centenas.
— Depois disso, os relatórios falavam que o exército recebeu resistência inicial, mas continuaram avançando em várias frentes por semanas continuamente, até que os invasores se viram obrigados a recuar e depois se retirar, uma retirada que virou fuga. Aldeias de colonos foram abandonadas, outras deixadas para tentar retardar o avanço, que de certa maneira funcionou. O Exército Feiticeiro parava e negociava sempre que possível. Muitas delas se renderam sem combate.
— Então agora vocês devem ter muitos prisioneiros - disse o anão negro interessado com a possibilidade de escravos.
— Não, Lord Ardork. Agora, aquele território tem muitos colonos. Estes eram homens-fera de níveis baixos, não eram guerreiros. Se eles capturavam humanos, preferiam usá-los como escravos do que comê-los, afinal, havia muito gado disponível naquela região. Após o expurgo do exército inimigo, foi estabelecida uma linha de defesa na fronteira, esta que parece ser constantemente assediada segundo os relatórios.
— E o Reino Feiticeiro fez tudo isso por bondade - falou o anão.
— Não! - disse Ainz com uma voz que fez o anão se encolher - fiz isso por um pagamento, um pagamento justo. Terras. Meu reino se tornou próspero e prosperidade traz o aumento da população. Então, um grupo de colonos homens-lagarto migrou para essas terras cedidas. Irão se estabelecer, cultivar, gerenciar as terras e os colonos homens-fera que restaram, além disso, servir de território tampão para prevenir futuras invasões.
— Os homens-fera permanecerão livres? Depois de tudo que fizeram? - reclamou o humano.
A Rainha, com desagrado, respondeu a pergunta.
— Senhor Malio, eles seriam tratados como invasores e expulsos de volta aos seus antigos territórios, mas aquelas terras não nos pertencem mais. O Reino Feiticeiro decidiu que poderiam abrigar esses colonos. Então, deixarei a cargo do Rei Feiticeiro a punição e responsabilidade que melhor lhe convém.
— Obrigado, Rainha Draudillon.- disse Ainz - Como esses colonos foram abandonados e deixados como isca, acredito que pouco interesse eles tenham em retornar ao deserto dos homens-fera. Eles serão tratados seguindo as leis.
Enquanto o conselho conversava avaliando tais informações, a rainha trocou algumas palavras com o rei.
— Eu deveria ter agradecido a Vossa Majestade antes. Todo o apoio que recebemos e nem fomos formalmente apresentados, então gostaria de convidá-lo para uma recepção em meu palácio assim que vossa agenda permitir, e estender este convite a sua companheira a Primeira Ministra Albedo, e ao embaixador Sebas.
— Albedo?
— Sim, Ainz-Sama, abriremos um espaço em sua agenda e acertarei as minúcias com o Primeiro Ministro do Reino Dracônico assim que retornarmos. Rainha Draudillon, o Reino Feiticeiro aceita o seu convite.
— Obrigada, Primeira Ministra Albedo. Estamos tão em dívida com Vossa Majestade que, se fosse pedido que eu me casasse com o embaixador, eu o faria com muito prazer. – disse a Rainha em tom de brincadeira, mas com verdade nas palavras.
Albedo sorriu, e Ainz ficou um pouco constrangido com o afã da rainha. Sebas não moveu um único fio de bigode com tal afirmação, permanecendo em seu porte régio. Draudillon amava isso nele.
— Ahan! Obrigado pelo seu relato, Vossa Majestade Rainha Draudillon - interrompeu Lord Murios. Acredito que tais informações tragam muita luz a diversos pontos.
— Então acho que eu devo ser o próximo - falou Gondo, dando um passo à frente.
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Nota do Autor
Sebas é um imã para Waifus humanas...
Chapter 75: Reis, Imperadores e Princesas
Summary:
As discussões internas parecem surgir do lado aliado de Ainz, o que fazer?
Notes:
Olá Pergaminos e Nazarins, Mr.Bones traz para vocês mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 64: Reis, Imperadores e Princesas
Chapter Text
Gondo deu um passo à frente.
— Eu sou Gondo Firebeard. Farei um resumo dos acontecimentos para que não percamos muito tempo. Então, pelas duas horas seguintes, Gondo fez um "resumo" da história recente, como quase foram extintos e de como agora se tornaram um povo próspero.
Anões adoram histórias, e esta estava levando a audiência ao limite, até que Gondo a terminou.
— O senhor não é de nenhuma casa real - afirmou o anão negro.
— Não, não sou. Apesar de haver outros nobres com mais credenciais, eu ainda assim fui alçado por meus pares a essa posição por aclamação. Tornei-me Senhor do Reino Anão das Montanhas Arzelísias há apenas um ano e meio.
— Talvez por causa de seu relacionamento com o... Rei Feiticeiro.
— Provavelmente, primo. Um relacionamento que salvou minha terra.
— E agora se submetem a negócios que levam ao monopólio das armas rúnicas por parte do Reino Feiticeiro.
— Negócios primo. Ainda assim, jurei que defenderia o meu povo e que faria o necessário para a nossa sobrevivência.
— Vocês da superfície se dobram muito facilmente - desdenhou abertamente o anão negro.
— Lord Ardork, se o senhor quiser, podemos esquecer que neste momento está falando com um rei e podemos ir lá fora para que eu possa lhe mostrar de qual material é feito o meu punho, quando eu te mandar de volta para o buraco de onde você saiu - rosnou Gondo.
— Seria um prazer, primo - retrucou o anão negro, dobrando as mangas.
— PARE! Lord Ardork! Recomponha-se! Vossa Majestade, eu lamento a explosão de meu colega. Não há palavras que possam remediar o estrago causado por tal atitude tão rude, mas peço que o senhor possa nos desculpar.
— Lamento também pela minha reação. Como apontado, eu não venho de uma casa nobre, então talvez não tenha os modos apropriados para estas ocasiões.
— 'Pelo que eu pude ver dos outros nobres anões, Gondo parece ser o mais ponderado dentre eles' - pensava Ainz.
— Os Quagoas - interrompeu a mulher coelho - o que houve com eles? O senhor disse que seus exércitos sumiram, para onde foram?
— Não tenho ideia. Sei apenas que enfrentaram as forças do Rei Feiticeiro e para mim isso basta.
— Eles quase foram exterminados - interrompeu Jircniv - só restaram alguns milhares.
— Por mim, eles poderiam ter todos desaparecidos.
— Muita consideração de um povo que estava na mesma situação até recentemente.
— Estávamos nesta situação exatamente por culpa deles. Como Vossa Majestade sabe o que houve com eles?
— Por que agora seu povo vive no império.
— Deram abrigo para os nossos algozes.
— Demos abrigo a refugiados.
Albedo ia intervir, mas foi detida mesmo antes de esboçar sua intenção, detida pelo gesto mínimo feito por Ainz com seu dedo indicador. Ele queria ver onde isso ia dar.
Por causa deste tipo de discussão que reis e imperadores não participam pessoalmente de reuniões de guerra. Seus egos falam alto demais. Se deixar dois deles, ainda existe a chance de diálogos, mas diante de várias pessoas, eles simplesmente tentam se impor um sobre o outro.
Falando novamente sobre a metáfora, às vezes, não é uma ideia tão boa levar metralhadoras para lutas de facas, elas podem causar mais danos do que você quer. Por isso, sempre que possível, são representantes, embaixadores ou diplomatas com anos de treinamento que participam destas reuniões.
Os conselheiros viam como os dois soberanos discutiam.
— Senhores, Vossas Majestades, vejo que muitos pontos parecem gerar conflitos, mas acho que devemos nos ater ao assunto.
— Concordo com Lord Malios - disse Ainz, encerrando qualquer tentativa de continuar a discutir - quando eu auxiliei o povo anão, fiz isso por interesse comercial. Foi preciso mais força do que esperávamos para conter o exército Quagoa, e o que restou de sua tribo foi expulsa. Me alegra saber que encontraram um local para viver em suas terras, Jircniv, meu amigo. O Império inspirou muitas das leis que estabelecemos para o convívio pluri-racial.
Jircniv ficou constrangido; agora, ele era apontado como o centro da estratégia que inspirou os atos do Rei Feiticeiro. Mais uma armadilha em que ele caiu.
— Vossa Majestade me dá crédito demais. A situação do Império com relação às raças Demi-humanas já vem de longa data, e acolher um povo desabrigado deve ser o certo.
— Humm, um ponto interessante. Talvez eu devesse me ater apenas a assegurar a segurança do povo anão. Expulsar os Quagoas das montanhas pode ter sido demais; agora, talvez tenha sido deixada uma brecha a ser preenchida por algo diferente.
Enquanto a discussão se desenrolava, Riku Aganéia observava cada movimento com olhos afiados. Ele "representava" não apenas os interesses dos Lords Dragões, mas também carregava consigo a desconfiança de parte daqueles presentes na sala. Seus instintos diziam que algo além da superfície estava em jogo, algo que precisava ser revelado para garantir a segurança de todos.
— Imperador, o senhor poderia contar por que decidiu tornar o Império Baharuth um estado vassalo?
A pergunta afiada de Riku cortou o murmúrio constante na sala.
Todos os olhares se voltaram para Jircniv, o Imperador do Império Baharuth. Ele manteve uma expressão impassível, mas a tensão era visível em seus olhos.
— Senhor Aganéia, a decisão de tornar o Império Baharuth um estado vassalo não foi tomada levianamente. Durante as últimas décadas, o mundo tem enfrentado ameaças crescentes, e a ascensão do Reino Feiticeiro adicionou um elemento de incerteza ainda maior. Como líder responsável, busquei garantir a segurança e prosperidade do meu povo — respondeu, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
Riku não estava satisfeito com a resposta e continuou sua linha de questionamento.
— Entendo a busca pela segurança, mas tornar-se um estado vassalo implica em uma perda de autonomia. Você não teme que isso possa comprometer a independência e a integridade do seu império?
Jircniv suspirou antes de responder, reconhecendo a gravidade da situação.
— A decisão foi difícil, mas foi tomada com base na avaliação pragmática dos recursos disponíveis. Ao aceitar o status de vassalo, mantemos uma relação de cooperação com o Reino Feiticeiro, mitigando potenciais conflitos que poderiam ser prejudiciais a ambas as partes.
A resposta do Imperador Baharuth não aplacou as preocupações na sala. Alguns expressavam desconfiança, especialmente considerando a natureza astuta do Reino Feiticeiro e a incerteza sobre suas verdadeiras intenções.
Riku decidiu deixar o tópico por enquanto; suas suspeitas persistiam. Ele sabia que a verdadeira batalha muitas vezes ocorria nos bastidores, nas sombras onde as palavras não alcançavam, percebendo que as alianças e decisões políticas poderiam ter implicações mais profundas do que aparentavam.
Enquanto isso, Albedo estava atenta a cada movimento. Seus olhos penetrantes observavam a interação entre os representantes, especialmente aqueles que expressavam desconfiança em relação ao seu senhor.
Ainz, enquanto mantinha uma postura aparentemente tranquila, também estava atento às entrelinhas das conversas. Ele entendia que a política e a diplomacia eram como um jogo complexo, onde as peças se moviam de acordo com interesses ocultos, seus interesses ocultos segundo Demiurge, interesses tão ocultos que nem mesmo Ainz sabia quais eram.
Ainz, observando a dinâmica da sala, percebeu a tensão crescente. A discussão parecia escalar novamente cada vez mais; então, já era hora de intervir e redirecionar a reunião para o propósito original.
— Senhores e senhoras, acredito que podemos continuar. - A voz do Rei Feiticeiro era calma, mas continha uma autoridade inquestionável.
Os representantes e os membros do Conselho, cientes de que estavam sob o olhar atento de líderes poderosos, acataram a sugestão do Rei Feiticeiro.
— Vossa Majestade tem razão; qualquer outra questão pode esperar. Gostaríamos de ter uma noção maior de como se sucederam as mudanças em Re-Estize. Infelizmente, temos apenas informações de segunda mão ou conflitantes. - disse Lord Murios.
— Humm, sei que muitas pessoas têm visitado meu reino, muitos comerciantes. Imagino que eles possam ter dado vários relatos.
— Sim, Vossa Majestade, mas tudo varia muito dependendo de quem é questionado.
— Então vocês gostariam de usar algum tipo de magia para se certificar de que o testemunho não é falso?
A indignação pareceu ser geral; questionar um rei ou soberano já seria uma afronta digna de guerra. Submeter algum deles a um feitiço seria inimaginável.
— 'Então é isso que o feiticeiro estava planejando, trouxe reis e imperadores para que ninguém se atreva a pôr em dúvida suas palavras abertamente, assim irão manipular e...'
— Eu aceito!
A frase cortou o pensamento do dragão.
Houve uma nova consternação quando a humana falou.
— Eu, a princesa Renner Theiere Chardelon Ryle Vaiself, último membro da casa Vaiself e sua representante, me ofereço e me submeterei aos seus questionamentos apoiados em magia.
— Senhorita Renner, você não precisa se dar a este trabalho. - disse Lord Malio, o humano, com uma voz extremamente condescendente.
— "Princesa".
— Como?
— Princesa, Lord Malio, minha família pode não governar mais Re-Estize, posso não ter mais terras e nem o poder de meu nome, mas eu ainda mantenho o meu título, e você! Você me chamará de "Princesa Renner."
Chapter 76: Verdades e mentiras
Summary:
Renner terá que enfrentar um desafio impossível: enfrentar um Dragão.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarinos, Mr.Bones com mais capítulos desse arco na minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 65: Verdades e mentiras
Chapter Text
— La-lamento muito, Vossa... Princesa...
— Lord Murios - disse Renner para o demi-humano canino, cortando qualquer tentativa do humano mal educado se desculpar - estou disposta a me submeter a feitiços que garantam a verdade em minhas palavras.
— Vossa Majestade não precisa fazer tal coisa; sua palavra seria mais do que suficiente para garantir tal veracidade.
— Por favor, Lord Murios, sabemos que isso não é verdade; enquanto pairar qualquer dúvida, nunca se darão por satisfeitos.
— Certo, Vossa Majestade tem razão, chamarei o meu mago pessoal para que possa ser usado um feitiço para ler sua mente...
— Não, por favor!
— Me desculpe, Vossa Majestade?!
— Por favor, eu preferiria que não usassem um feitiço tão invasivo assim; minha mente é só minha, acredito que os senhores entenderão que uma mulher tenha seus… segredos - disse ela com um leve rubor na face.
E pronto! O gatilho foi disparado. Agora, com um ínfimo sorriso e uma pequena vermelhidão nas bochechas, instintivamente a maioria das pessoas foi direcionada para o estado de espírito necessário; eles agora a vêem como uma mulher com seus segredos, paixonites e pequenas indiscrições. Eles agora a subestimam.
Mas não como Lord Malio, que desde o começo demonstrou hostilidade; ele a despreza, ele não pode ser convencido.
— Lord Murios, se preciso, talvez eu possa me submeter a outros feitiços.
— Claro, Vossa Majestade, acho que há dois feitiços muito simples, que qualquer mago conhece, Detectar Controle Mental e Detectar Mentiras; acho que estes serão mais do que suficientes para confirmar que Vossa Alteza não está sendo manipulada ou mentindo.
— Obrigada. Mas eu ainda peço outro favor, este para que beneficie a todos os presentes; peço que não seja seu mago que lance os feitiços.
— Por que tal pedido, Vossa Alteza?
— Porque senão sempre irá pairar a dúvida se o próprio mago não foi manipulado, chantageado ou subornado; somente uma pessoa aqui pode garantir que tal coisa não aconteceu, por isso eu peço para que o inquisidor seja o senhor, senhor Riku.
Os olhares se voltaram para Riku Aganéia, o “representante” dos Lordes dragões, Tsaindorcus Vaision, o próprio Platinum Dragon Lord. Ele sentiu os olhares convergirem em sua direção, afinal, ele era o responsável por esta reunião ter acontecido.
Lord Murios, mesmo relutante, concordou com a proposta de Renner. Ele entendeu a lógica por trás da escolha do inquisidor e percebeu que, para o bem da aliança e da confiança mútua, era necessário dissipar quaisquer dúvidas.
— Como Vossa Majestade sabe que posso lançar tais feitiços? – perguntou Tsai
— O senhor, como representante dos senhores dragões, deve ser muito poderoso, senhor Riku. Feitiços tão simples não devem ser um problema, não?
— Não, não são! - disse ele. - Eu estou disposto a realizar os feitiços.
— No entanto, devemos lembrar que esse é um procedimento intrusivo, e mesmo com a sua autorização, tentaremos não tornar isso uma prática comum. - declarou Lord Murios com uma voz firme, transmitindo seriedade, aplacando as dúvidas que pairavam nos representantes dos reinos convidados pelo conselho.
Enquanto PDL se aproximava de Renner, apesar dela tentar se manter firme, seu estremecimento era visível.
— Fique calma, não irá doer – ele falou, mas sem qualquer preocupação verdadeira, ele não se importava – "Detectar Controle Mental!"
Círculos se formaram na mão estendida e sobre Renner uma luz brilhou.
— Ela não está amaldiçoada, não há controle mental, sua mente não foi apagada e sua memória não foi alterada, ela está livre de qualquer influência externa. - isso não satisfez Tsai, afinal a princesa ainda poderia ter sido chantageada, ameaçada, subornada ou se vendido.
— Então eu passei no primeiro teste?!
Tsai não se deu ao trabalho de responder.
— "Detectar Mentiras!" - um novo brilho surgiu.
— Humm, não me sinto diferente.
O feitiço lançado não era um controle mental que impediria a pessoa de mentir, mas sim um detector de mentiras mágico. Renner sabia disso, mas demonstrar ignorância em tal coisa jogava a seu favor.
— Quem é você?
— Renner Theiere Chardelon Ryle Vaiself, último membro da casa Vaiself... por enquanto. – ela disse com um leve sorriso ao pensar em o quanto tem se divertido intimamente com Climb.
— A senhorita esteve presente na queda da cidade de Re-Estize, quem foi o responsável pela destruição de seu reino?
— Eu.
— Como disse?
— Eu fui responsável, meu pai, meus irmãos, toda a casa Vaiself, como governantes nós fomos responsáveis pelos atos de nossos súditos, mesmo de um nobre solitário com idéias de grandeza, nosso governo levou a tal situação, a busca de poder sem controle, facções beligerantes, crime desenfreado, deveríamos ter feito mais para impedir tais coisas, como tal, a responsabilidade cai sobre nós.
— Então você isenta o Rei Feiticeiro da responsabilidade sobre todas as mortes?
— Não, esses são atos que aconteceram durante uma guerra, suas ações e decisões são responsabilidades dele, mas quais crimes foram cometidos?
— O massacre de tantas cidades no reino, homens, mulheres e crianças.
— Pelo que sei, foi dada opções de rendição, algumas cidades aceitaram, outras recusaram, e quando alguém diz que “lutarão até o último homem”, acredito que isso deve ser literal em uma guerra, não? E ainda, as crianças foram retiradas antes de qualquer ataque, E-Rantel tem vários orfanatos cuidando delas.
— Então não há problema algum em tantas mortes?
— A mim parece que só estão questionando tais atos cometidos pelo Reino Feiticeiro somente porque não houve perdas em seu lado neste conflito. Se ele tivesse tido tantas mortes quanto Re-Estize teve, dobrando a quantidade de pessoas mortas, vocês estariam mais contentes?
A maioria dos presentes pareceu tentar se acomodar em suas cadeiras ao ouvirem tais palavras.
Tsai sabia que a magia detectaria mentiras em qualquer coisa que Renner dissesse, não apenas quando questionada, mas em qualquer declaração. Então, quanto mais ela falasse, melhor seria; 'deixe ela se enforcar com suas próprias palavras'.
— Você fala defendendo seu algoz, você é uma escrava do Rei Feiticeiro?
— Não.
— Mas você trabalha para ele agora?
— Sim.
Nova consternação.
— Eu trabalho para o Rei Feiticeiro, sou uma assistente da Primeira Ministra Albedo.
— Você agora é uma secretária, uma princesa rebaixada a um serviçal.
— Eu sou uma assistente pessoal, um serviço o qual eu dei duro para conseguir. O senhor não sabe os "sacrifícios" que eu fiz para alcançar tal cargo, um cargo ao qual serve para ajudar a população de E-Rantel e as cidades que restaram de Re-Estize, cidades que agora pertencem ao Reino Feiticeiro.
— Então você se tornou uma “princesa dourada”, alguém para ser vista, um símbolo para aplacar as massas.
— Antes eu era uma princesa dourada, muito vista e pouco ouvida. Agora, trabalhando no Reino Feiticeiro, as minhas opiniões são debatidas, estudadas, rejeitadas ou postas em ação. Agora eu realmente posso fazer a diferença com o povo. E se o senhor acha que eu não sofreria conseqüências por qualquer falha ou erro cometido, só por que sirvo como símbolo de dominação? O senhor está enganado. Eu sou a responsável pelo que faço, para o bem e para o mal.
— Então você está por vontade própria trabalhando para o Rei Feiticeiro? Ele está lhe dando tesouros por isso?
— Se eu estou sendo paga? Sim! Eu recebo pelo que faço.
O anão negro se mexeu na cadeira e apontou em silêncio para a princesa como se dissesse: “Viu! Ela foi comprada!”. Renner percebeu tal ato, na verdade ela estava preparada para isso.
— Vejo que muitos esperavam que eu trabalhasse de forma abnegada, dedicasse minha vida pelas outras pessoas sem receber ou pedir nada, recebendo apenas a gratidão por me sacrificar pelos outros, como uma boa princesa de contos de fadas faria.
— É de se imaginar que uma princesa seria mais altruísta. – falou o anão negro.
Renner deixou passar a falta de educação. Riku já havia abandonado os honoríficos, então deixar o anão ser grosseiro só faria ele mesmo parecer rude.
— Senhores, não sejamos hipócritas. Eu não sou um monge desapegado de tudo, nem sou perfeita, eu tenho os meus desejos. Achar que eu não deveria receber pelo que faço é bobagem. Aventureiros são pagos, heróis são pagos, governantes são pagos, mesmo Reis e Imperadores são pagos por seus serviços. Afinal, é o povo que sustenta seus luxos. Por que eu não deveria ser paga? Por que sou mulher, uma princesa? Por isso devo me contentar apenas com gratidão que não colocaria comida em minha barriga ou me vestiria? Devo aceitar esmolas e doações para me sustentar?
Novamente, os presentes se sentiram incomodados; Riku precisava de respostas, respostas que serviriam a favor de suas opiniões.
— Você diz que suas decisões mantêm as pessoas vivas e seguras, alguma dessas decisões foi contra o regime do Rei Feiticeiro.
— Sim.
— E o que aconteceu?
— Ela foi rejeitada; a vontade do Rei Feiticeiro é suprema e incontestável.
— Então o que foi decidido piorou a vida da população, eles sofrem.
— Não, pelo contrário, minha proposta foi rejeitada porque não abrangia todo o escopo necessário ao reino. A decisão do Rei Feiticeiro fez isso; ela não trouxe apenas vantagens imediatas para a população, mas abriu toda uma gama de novas opções que eu não podia vislumbrar. Seu reino agora se tornará muito mais próspero. Ninguém se compara ao Rei Feiticeiro.
Alguns estavam indignados com tal afirmação; então, para Renner, já era hora de tomar as rédeas e encerrar este interrogatório.
— Senhores, acho que não é preciso dar mais voltas no assunto. Os senhores querem saber se a população sofre oprimida? Não! Todos são felizes? Não! É impossível agradar a todos, mas com certeza eles têm vidas melhores do que antes. Ainda assim, as pessoas têm medo? Sim! Medo do que pode acontecer, medo de que suas vidas terminem, de que seus filhos não possam crescer em paz. Eles têm medo da guerra que as ações do Rei Feiticeiro possam causar; eles têm medo de vocês. Então eu pergunto, eu estou mentindo, senhor Aganéia?
...............................................
Nota do autor
Sobre o fato de o feitiço de detecção de maldição não perceber que Renner é um demônio.
Bem, isso acontece comigo porque ela não está amaldiçoada, ela mudou de raça devido a um feitiço, é diferente do que aconteceu com Leinas.
Se o feitiço detectasse sua raça agora, provavelmente um demônio apareceria, mas não é para isso que serve.
Chapter 77: Não Adoce a Verdade
Summary:
Renner busca orientação de quem mais entende de mentiras.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que voltou
Capítulo 66: Não Adoce a Verdade
Chapter Text
06 horas antes da reunião
- Lord Demiurge, há uma visita aguardando uma audiência.
- Deixe-a entrar Pulcinéia; imagino de quem se trata.
A pessoa entrou no escritório do arquidemônio, ao se aproximar fez uma genuflexão.
- Senhorita Renner, não há necessidade de se ajoelhar todas as vezes, basta uma mesura, assim como todos.
- Obrigado, Lord Demiurge. Vim solicitar ajuda em um problema que surgiu.
- Imagino qual seja. Aiz-Sama pediu que você acompanhasse ele na reunião com o Conselho da Cidade Estado Argland.
- Sim, acredito que ele queira que...
- Você preste depoimento sobre a situação do antigo reino de Re-Estize.
- Sim, mas temo que não farão simples perguntas. Acredito que eles...
- Usarão magia de controle mental, ou no mínimo para detectar mentiras.
- Sim, Lord Demiurge. Eu sou boa atriz, o suficiente para enganar todos os humanos.
- Mas não para enganar um feitiço.
- O senhor está além de minhas capacidades mentais, antecipando toda esta situação. Então, o senhor poderia me ajudar?
- Com o controle mental não há preocupações; eles já estarão reticentes sobre usar tal feitiço em um soberano. Caso ainda insistam nisso, basta uma pequena manipulação, e irão esquecer essa opção rapidamente.
- Mas quanto ao feitiço de detecção de mentiras? Nunca passarei por ele, nem com amuletos anti-clarividência. Estes seriam identificados rapidamente por qualquer conjurador.
- Nisso eu não poderei ajudar.
- Mas, meu senhor, somos demônios, o senhor como o mais forte deve ser... - Renner caiu de joelhos, cortando a frase ao ver o olhar severo de Demiurge - ... PEÇO DESCULPAS PELAS MINHAS PALAVRAS!
- Senhorita Renner, só porque somos demônios, você acha que somos mentirosos?
- N-n-não, L-Lord Demiurge, lamento ter falado tal coisa, mas os tomos que o senhor indicou para eu ler...
- Dizem que demônios são mentirosos. Pelo jeito, você ainda está nos registros religiosos; estes falam mais sobre superstições do que estudos realmente.
- S-sim, Lord Demiurge. Decidi começar lendo sobre o que a nossa principal oposição teria a dizer sobre nós.
- Uma boa decisão, mas você precisa estar ciente de sua própria nova natureza. Veja, então começaremos com o básico: Não quero dizer que não mentimos; fazemos isso como qualquer espécie. No entanto, preferimos a manipulação e a enganação, oferecemos exatamente o que daremos, deixamos os humanos se confundirem, se enredarem com suas próprias suposições e erros. Olhe para si mesma; você mentia muito quando ainda era humana? E agora?
- Bem, sim, Lord Demiurge, a maioria das minhas conversas antigas incluía mentiras descaradas, mas pensando bem, desde que eu me tornei um ser demoníaco, acho que eu oculto mais a verdade quando falo com Climb ou Lakius. Meias palavras ou com duplo significado fazem o necessário; minto somente como um recurso limitado.
- Sim, isso faz parte da nossa própria satisfação, a manipulação. Mas usar meias palavras, duplo sentido, ser evasivo ou vago não evitarão totalmente uma descoberta.
- Eu imaginei que não, por isso vim procurar ajuda. Eu não entendo por que nosso senhor tomou tal decisão; ele apenas me avisou que eu iria junto, sem nenhuma preocupação.
- Isso, minha cara, é porque nosso senhor Ainz-Sama tem total confiança que possamos superar este obstáculo. Mas ele não dará as pedras para pavimentarmos o caminho; nós mesmos precisaremos talhá-las.
- Lord Ainz é o governante mais sábio. Então, Lord Demiurge, o problema se mantém. Como eu posso mentir bem o suficiente para enganar um feitiço de detecção de mentiras?
- Para isso, você deve procurar a pessoa que mais sabe sobre mentir em toda a Nazarick!
- Quem?
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Minutos depois
*toc, toc*
- Já vai! Quem será a esta hora da manhã? Oh! Olá.
- Bom dia, Senhor Wild. Eu preciso de sua ajuda - disse Renner.
A princesa agora se encontrava na porta de uma cabana construída na beira do lago do sexto andar.
- Bem, claro Senhorita Renner, entre por favor, sente e me diga do que se trata. Por que você precisa da minha ajuda?
- Bem, resumindo a situação, eu participarei da reunião junto com Lord Ainz em Argland. Eles provavelmente usarão detecção de mentiras. Lord Demiurge me ajudou como pôde, mas me indicou para falar com o senhor sobre como mentir.
- Aquele homem tem uma fixação comigo. Você sabe que não posso mentir, né?
- Sim, recebi o memorando restrito.
- Ainda assim, você veio até mim.
- Sim.
- E quer que eu te ensine a mentir.
- Sim.
- Faltando cinco horas para a reunião.
- Sim.
- Agora sei o que uma mãe sente quando o filho pede em um domingo à noite, "cartolina" para o dia seguinte.
- Senhor, eu não entendi, o que é "cartolina".
- Nada, esqueça. Você já tomou café da manhã?
- Sim, obrigada.
- Bem, eu não. Vou preparar algo.
TW se levantou e foi até a cozinha. Na verdade, a parte interna da cabana era um ambiente bem aberto. Rústica por fora e moderna por dentro.
Ele começou a preparar o café rapidamente.
- Tem certeza que não aceita um "café"?
- O que é "café"?
- Hummm! Estranho, quando digo café da manhã e "degejum", o que você entende Renner?
- O senhor disse café da manhã duas vezes seguidas.
- Aaah, vejo o problema. A magia de tradução que permeia este mundo traduz palavras de línguas diferentes com o mesmo significado como "café da manhã" para uma palavra em comum, seja qual for a sua língua. Mas quando digo "café", ela não faz isso, talvez por que não exista café ou se existir não foi descoberto ainda e não foi nomeado em sua língua. Imagino quantas guerras começaram por erros de interpretação.
- Senhor Wild, afinal o que é "café"?
- Café é uma bebida feita com os grãos da planta chamada Café. Os grãos são secos, torrados e moídos. Depois, para preparar, são coados quase como um chá. Prove um pouco.
Renner aceitou a xícara com o líquido escuro, mais escuro do que qualquer chá que já tenha tomado. Ela deu um pequeno gole.
- Humm, delícia! - disse ela com o sorriso mais sincero que TW já tinha visto.
- Mentira.
- O quê? Como?!
- Você está mentindo, eu sei disso por que ninguém gosta de café puro e sem adoçar, não no primeiro gole. Tente de novo.
Renner novamente deu outro gole, desta vez fez uma careta.
- É a coisa mais horrível que já tomei.
- Isso foi verdade, um pouco exagerado, mas pura verdade. Café é a verdade, agora vamos por um pouco de açúcar, duas colherinhas apenas.
- O que é "açúcar"?
- Açúcar é um pó branco feito a partir do caldo de uma planta chamada cana de açúcar. O caldo é fervido até virar melado, se solidificar e transformado em pó. É mais doce do que a calda de frutas e o mel que você usa. Prove agora.
- Hum! Melhor, é bom!
- Vamos adoçar mais agora, adoçar bastante a verdade. Prove.
Renner novamente fez uma careta que parecia de enjôo.
- Doce demais, não é? Fica horrível se colocar muito açúcar. Deixe-me jogar isso fora - disse ele arremessando o conteúdo por sobre o ombro. Tal coisa voou pela janela e caiu sobre uma moita de amendoins, que desenvolveram temporariamente propriedades estranhas de super-poderes, propriedades que nunca foram descobertas.
- Certo, agora com um pouco de açúcar e leite.
- Muito bom! Eu gostei muito, parece chá com creme, mas o sabor é bem diferente e parece mais cremoso.
- Sim, é bom, dá para se acrescentar canela, "baunilha", usar cafés diferentes, leites diferentes, tomar frio ou como um "cappuccino".
- Imagino que algumas dessas palavras sejam ingredientes. Já ouvi isso na cantina ou no bar, mas o que tem haver tudo isso com o meu problema? Sei que é uma analogia, mas gostaria que o senhor explicasse.
- Certo, como eu disse, café é a verdade. Você pode adoçá-la, mas não muito; pode acrescentar coisas, melhorar o sabor, torná-lo mais palatável, como a verdade.
- Então eu devo florear e enfeitar o que eu disser. Eu posso fazer isso, mas evitará um feitiço de detecção de mentira.
- Não, não evitará, e é muito fácil perder a medida certa de tudo isso, deixando a verdade difícil de engolir. Não faça isso, sirva café puro; a verdade nua, como o café é uma questão de gosto, algumas pessoas preferem assim, e nessa circunstância você deve tornar as suas respostas pouco agradáveis. Não se esconda em meias palavras, nem tente fugir da pergunta.
- Certo, mas isso não evitará uma pergunta direta.
- Então você deve procurar o conjurador menos capaz, e o mais ansioso, para que não faça as perguntas certas, apenas aquelas as quais ele quer respostas.
- Eu devo então ser questionada pelo dragão.
............................................................................
Nota do Autor
Sobre os demônios mentirem, eu realmente queria torná-los criaturas que fossem honestas consigo mesmas sobre sua natureza enganosa.
Sobre o café jogado no amendoim é um easter egg bem obscuro, não vou dar dicas.
Em relação às palavras que Renner não conhece, imagino que no Novo Mundo não exista café ou açúcar como conhecemos e a magia de "convocar especiarias" só deve funcionar com coisas que eles conhecem.
Chapter 78: Respostas
Summary:
Renner termina seu depoimento e agora é a vez de Mare e Antilene aterrorizarem o Conselho.
Notes:
Olá Pergaminos e Nazarins, Mr.Bones traz mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 67: Respostas
Chapter Text
Tsaindorcus Vaision é um Lord Dragão bastante poderoso. Como muitos dragões, ele deveria ter, de forma passiva, Detectar Mentiras, algo que funcionaria muito bem em sua presença. Mas agora? Agora ele estava a milhares de quilômetros de distância, usando uma marionete por controle remoto, dentro de uma sala cheia de proteções, tendo que usar o feitiço de forma direta, um feitiço que ele não estava acostumado a usar assim.
- Então eu pergunto, eu estou mentindo, Senhor Aganéia?
- Não, nada do que disse era mentira, ou você acredita que suas palavras são verdadeiras.
- Lamento pelo senhor, apesar de tudo, ainda pôr em dúvida tudo isso. Então usar feitiços foi em vão.
- 'Mais uma armadilha. Não sei como ela fez, mas ela mente.' - Tsai reclamava internamente.
O Dragão confiava demais em sua força.
Nenhuma pessoa mentiria diretamente para ele, e sua magia passiva detectaria mentiras automaticamente. Então, questionar não era o seu forte.
Aqui, ele só se importava em expor o Rei Feiticeiro. Se fosse qualquer outro inquisidor, poderiam ter perguntado que fim levou o Rei de Re-Estize? Ou quem segurava a espada que cortou a cabeça de Ramposo III? Perguntas que acabariam com qualquer credibilidade para Renner.
Tsai voltava para o seu lugar quando foi interrompido.
- Senhor Aganéia! O senhor poderia retirar os feitiços que lançou sobre mim?
O representante dos dragões apenas gesticulou, uma nova luz surgiu e se desvaneceu, Renner pôde sentir que não havia mais nada sobre ela.
- Obrigada.
Isso, essa palavra, apenas uma palavra foi o suficiente. Renner sabia que não deveria fazer isso, mas ela não resistiu em provocar o dragão colocando em uma simples palavra, um tom ou inflexão, que Tsai sabia que não deveria pertencer a uma humana.
Ele virou parcialmente o capacete e viu a humana séria, submissa, quase assustada. Ele sabia que nesse único momento, tudo nela era mentira.
- Devemos prosseguir, queremos saber o que houve na Teocracia Slaine - disse o representante Formian, mas suas palavras foram repetidas pelos seguranças como se fossem um único ser.
- Acho então, que devamos ouvir as palavras diretamente de quem esteve presente ontem em Kami Miyako. - Ainz disse fazendo uma mesura para Mare, o que fez o elfo negro ficar envergonhado. Ele quase estragou tudo pedindo desculpas para seu mestre, mas se conteve. Afinal, já havia sido instruído que tais coisas aconteceriam.
- E-eu, aham! - 'Não devo gaguejar' - Eu sou o Rei Elfo Mare Bello Fiori. - começou Mare.
Para esta reunião, ele não estava usando sua roupa usual, com a saia que sempre usava.
Desta vez, Ainz insistiu que usasse calças. Então, sua roupa foi feita seguindo a sugestão das elfas, com mais verde e marrom, para que tivesse um aspecto mais... élfico.
- Há algumas semanas, tornei-me o novo Rei Élfico, após derrotar em duelo o antigo tirano de... meu povo. A luta ocorreu durante o ataque da Teocracia Slaine a Crescent Lake.
- Sua Majestade, eu sou Eloi Grevalle e represento os elfos livres. Me desculpe perguntar, mas o senhor derrotou pessoalmente Decen Hougan?
- Sim.
- O Rei Godkin? O senhor é filho dele?
Após ouvir tais palavras, um tremor começou, suave, mas de forma crescente; logo, o castelo inteiro tremia, e muitos na sala precisaram se segurar em algo. Mare empunhava seu cajado e tinha um olhar sombrio.
Ainz não se mexeu, e Albedo mantinha um sorriso.
- Meu senhor, eles não sabem - disse uma voz feminina.
O tremor passou, e Mare olhou para Antilene, que havia dito aquilo, então assentiu com a cabeça.
- Eu não sou filho de... Decen Hougan. Venho de muito longe reivindicar o trono, e, se for preciso, posso demonstrar a minha força.
Os conselheiros se levantavam e ajeitavam suas roupas, Eloi estava tentando se recompor.
- 'Isso não foi uma demonstração de força?!!' - N-não, por favor, me desculpe pela minha insolência, Vossa Majestade, eu não tinha o direito de questioná-lo desta maneira. Vossa Majestade, me desculpe, mas tenho uma grande preocupação em meu coração, os meus irmãos na Teocracia, o que houve com eles?
- A respeito deles na Teocracia, não há mais o que ser feito - respondeu o elfo negro.
Eloi cobriu o rosto em pesar.
- Então acabou, seu sofrimento chegou ao fim - disse ele, pensando em como seus compatriotas morreram na destruição de Kami Miyako.
- Sim, acho que agora estão em um lugar melhor.
- Sim, eles devem estar em Feywild, aproveitando o paraíso.
- Não, eles estão em Crescent Lake, ninguém avisou? Os prisioneiros na Teocracia foram resgatados, estão em casa agora.
Realmente foi uma surpresa, o representante dos Lordes Dragão não mencionou tal coisa. Eloi então se aproximou de Mare e caiu de joelhos, em seguida começou a chorar, agarrando a capa de Mare.
O jovem elfo negro olhava para seu mestre, que apenas fez um gesto com as mãos que deveria significar "Não tenho o que fazer".
Mare não tinha muito a acrescentar; afinal, era rei há poucos dias.
- O Reino Élfico se tornou vassalo ao Reino Feiticeiro porque não estávamos em condição de nos sustentar após os ataques contínuos da Teocracia. Tentamos parar o ataque ao meu reino, mas foi em vão. Então, entramos em contato com o Reino Feiticeiro pedindo ajuda. Se for preciso, temos dezenas de prisioneiros que confirmarão como continuaram atacando mesmo após a queda de Decen Hougan ser anunciada e que foram derrotados pelos guerreiros mortos-vivos que chegaram somente após isso.
- 'Uma mentira deslavada' - pensou Antilene - 'e ele nem piscou! Eles já estavam na cidade, o próprio Rei Feiticeiro estava lá, ainda assim ele mente sem nenhuma preocupação. Quando se trata de obedecer o Rei Feiticeiro, ele não vacila. Se o rei pedisse a lua, provavelmente sua única preocupação seria onde arrumar um laço de fita grande o suficiente para entregar o presente.' - A meio-elfa mantinha um sorriso bobo ao ver seu senhor agindo com tanta firmeza.
- Uma semana depois da morte de Decen Hougan, entramos em contato com a Teocracia Slane tentando uma trégua, que foi recusada.
Enquanto isso, o humano e o anão negro discutiam.
- E a Teocracia, o que houve na Teocracia? Precisamos de alguém de lá para garantir os fatos.
- Se Lord Mare permitir, eu contarei o que houve na Teocracia - proclamou Antilene.
- E quem é você?
- Eu, Lord Ardork, sou Antilene Heran Fouche.
- Nunca ouvi falar - disse ele com um tom de desagrado.
- Não, provavelmente não, mas devo ser mais conhecida como Zesshi Zetsumei.
- O ACENTO EXTRA DA ESCRITURA NEGRA! A MORTE CERTA!!!
- O que uma mudança de penteado não faz, não é? Ou não imaginavam que eu fosse meio-elfa?
Os dois homens não se resignaram em responder, mas a tensão na sala era palpável.
- Senhorita Antilene, por favor, compartilhe conosco o que você fazia nas terras dos elfos, o que aconteceu após a queda do antigo rei élfico e o que se seguiu na Teocracia Slaine - solicitou Ainz, mantendo sua voz serena.
- Eu fui enviada para lutar diretamente com Decen Hougan. Nosso exército finalmente conseguiu atravessar a floresta mágica, e estávamos invadindo Crescent Lake. Eu entrei no palácio real e testemunhei os últimos momentos do antigo rei. Por tradição mais antiga do que ele, o vencedor do duelo se tornou o novo rei. Após a morte de Decen, eu entrei em combate com Lord Mare, pois as minhas ordens eram para executar toda a linhagem real.
- Você estava matando seu próprio povo! - disse Eloi em tom de súplica.
- Mais do que isso, eu estava matando meus próprios parentes. Eu sou filha de Decen Hougan.
Eloi deu um passo para trás.
- O motivo da guerra!
- Sim, o motivo da guerra foi o rapto de minha mãe. Quando ela foi resgatada, já estava grávida. Eu sou o fruto da guerra, fui criada na Teocracia com o único objetivo de matar Decen, mantida em segredo e ocultando a minha verdadeira natureza.
- Tantas mortes nas suas mãos... - culpou Eloi.
- Sim, mais do que alguém deveria carregar - interveio Mare. - Zesshi Zetsumei só conhecia o ódio, e foi ensinada a odiar ainda mais seu próprio povo. Por isso, eu a matei.
- Ela deveria permanecer morta - o elfo disse com profunda dor.
- Zesshi morreu, agora só resta Antilene, que pagará pelos seus pecados. Mas quem decide a pena sou eu, o Rei do Povo Élfico, e se você quiser voltar para casa, deverá aceitar a minha decisão e o meu governo - proclamou Mare com um tom régio que admirou até mesmo Ainz:
- 'O garoto está crescendo!'
Eloi abaixou a cabeça e tentou responder.
- E-eu não sei, não estamos preparados para tal coisa. Falarei com os outros sobre voltarmos. Agora, sem a Teocracia ou Decen, talvez tenham acabado os motivos para nos mantermos separados.
- Sua decisão não precisa ser imediata. Ponderem, Crescent Lake pode esperar - arrematou Mare. - Antilene, continue.
- Obrigada, meu senhor. Após a minha derrota por Lord Mare, fui trazida de volta para servi-lo e expiar meus crimes. Ontem chegamos à capital da Teocracia, expusemos os fatos e pedimos trégua, mas esta foi rechaçada. Pedimos compensação, negada novamente, e quando Lord Mare se revelou como rei, fomos atacados pelos próprios cardeais desencadeando a retaliação do Reino Feiticeiro como suserano de meu senhor.
- Eles atacaram um rei? Diretamente? - exclamou Lady Flarin, a demi-humana coelho.
- Sim, o ataque foi transmitido por toda Kami Miyako, por um feitiço de voz feito pelos próprios cardeais. E se não acreditam em minhas palavras, basta interrogarem os sobreviventes.
- Há sobreviventes além dos elfos libertos? Nada disso nos foi apresentado antes - a demi-humana reclamou.
- Muitos sobreviventes, Lady Flarin. Eles estão se organizando. Não sabemos se ficarão na capital ou migrarão para as cidades vizinhas. Afinal, somente a capital foi destruída; nenhuma outra cidade foi tocada.
- E o exército marchando para fora da cidade?
- Eles estão fazendo exatamente o que devem fazer, marchando, indo embora, mas demonstrando que estiveram lá e o que poderia ter acontecido com todas as outras cidades, ostentando seu espólio de guerra.
- Qual espólio? Tesouros?
- Os mortos, os mortos os acompanham, caminham junto ao exército real. Não foi deixada nenhuma..."vítima" na capital; eles agora pertencem ao Reino Feiticeiro.
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Nota do Autor
Olá Nazarins, sobre Tsa, metaforicamente falando, ele só vê o que quer e está tão focado em desmascarar Ainz que não vê mais nada, seu ódio faz com que ele seja cego para outros assuntos.
Mare é um personagem que desejo desenvolver emocionalmente, apesar de sua programação tímida, agora está vivo e recebendo novas informações e influências, por isso sua mente deve se desenvolver, assim como Cocytus aprendeu lições que tenderão a adquirir durante seu crescimento.
Antilene, a personalidade dela parece ter mudado um pouco, acho que a pancada na cabeça que Mare deu funcionou como um reboot hahahahahaha, ou simplesmente ela está recebendo muita boa influência em Nazarick.
Chapter 79: Cura
Summary:
Ainz deve mais uma vez mostrar o seu poder de cura.
Notes:
Oi Nazarins, chegando mais um capitulo da fanfic Aquele que Voltou.
Por algum motivo o capítulo anterior foi notificado como spam, então ele estará disponível nas páginas dos links disponíveis nos comentários.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 68: Cura
Chapter Text
A declaração de Antilene era chocante. Apesar do exército do Reino Feiticeiro estar se retirando, agora ele contava com centenas de milhares de soldados agregados às suas fileiras, mortos reanimados que seguiam todas as ordens de Ainz Ooal Gown.
- V-vossa Majestade, tais informações são... perturbadoras. Gostaríamos de poder discutir esses acontecimentos de forma mais calma, então, se possível, pedimos que nos dê algumas horas.
- Lord Murios, estou aqui de boa fé como um ato de cortesia, apenas para que não tomem qualquer decisão baseados apenas em parcas notícias - alfinetou Ainz. - Tomem o tempo necessário, aguardarei a sua decisão, aproveitarei para ver as suas paisagens. Com licença.
Ainz saiu da sala acompanhado de reis, imperadores, rainhas e princesas.
- Sua Majestade Ainz Ooal Gown e demais autoridades saíram do recinto - anunciou Albedo de forma solene, enquanto os presentes mantinham a cabeça baixa em forma de respeito. Apenas Tsai/Riku não se mexeu.
Saindo da sala de reuniões, havia um pajem muito trêmulo indicando outra sala de descanso no final do corredor. Todos se dirigiram até lá.
Dentro da sala, Ainz se dirigiu aos seus convidados.
- Eu gostaria de agradecer a todos por terem cedido algumas horas de seu precioso tempo. Sei que todos estão muito atarefados, mas tomo tal ajuda como um favor pessoal.
- Sua Majestade nos honra com tal pedido - disse Gondo.
- Esperamos ter outras oportunidades para poder nos reunirmos - disse Jirnvic.
- Claro, estou planejando visitar o Reino Dracônico nas próximas semanas. Talvez possamos todos nos encontrar lá - disse Ainz, surpreendendo a todos, inclusive Albedo.
- S-sim, Vossa Majestade.
- Jircniv, já pedi que me chame de Ainz.
- Sim, Ainz-Sama - disse o imperador, adicionando o honorífico assim mesmo.
- Bem, acho que aguardarei por aqui. Pedirei um portal para levá-los para casa. Adeus, Rainha Draudillon, estou ansioso pela recepção. Adeus, Gondo, sempre é bom vê-lo novamente. Adeus, Jircniv, tenho muitos planos envolvendo o Império, nos vemos em breve. Adeus, Rei Mare, assim que possível visitarei seu reino - Ainz falou, envergonhando o elfo, assustando o humano, alegrando o anão e deixando a draconídea cheia de esperança.
O convite era totalmente inesperado para Albedo, uma reunião de todos os aliados, a ser realizado em poucas semanas. O que seu mestre estaria planejando? "Talvez anunciar o nosso noivado!", sonhava a succubus.
Após os soberanos partirem, restaram Ainz, sua comitiva pessoal e a princesa Renner, que, após um rápido olhar de seu mestre, anunciou.
- Com licença, sua majestade, acho que vou ao toalete.
Renner se retirou da sala à procura do lugar. Ela sabia que era tolo anunciar em voz alta tal fato, mas tudo estava planejado. Alguém poderia estar ouvindo ou observando, então ninguém ficaria em alerta sobre fato tão corriqueiro.
Após seguir por alguns corredores, ela localizou o banheiro. Alguns momentos depois, ela saiu. A princípio, parecia confusa, olhou em ambas as direções e depois apontou para os dois lados, como se estivesse tentando decidir para qual lado deveria ir. Afinal, pareceu que deveria seguir para a direita, o lado oposto de onde tinha vindo.
Bancar a tola ou a princesa perdida e sem cabeça era a maneira mais fácil de enganar quem não a conhecia pessoalmente. Sua fama de gênio não chegava aos subordinados, então era simples circular pelo palácio pedindo informações erradas até chegar exatamente onde queria.
*toc toc*
- E-entre - disse uma voz sonolenta.
- Olá, Lakyus, como você está?
- Renner? O que está fazendo no meu quarto? Quero dizer, como me achou? - disse a cavaleira rolando para fora da cama. Ao mencionarem alguém amaldiçoado, ela resolveu se retirar da reunião, mas era óbvio que agora nem mesmo esteve dormindo; apenas havia se jogado na cama, nem tinha tirado a armadura completamente.
- Eu vim ver como minha amiga está. Me desculpe falar, mas você está horrível. O que houve?
- E-eu não tenho dormido muito.
- Problemas de insônia? Isso acontecia comigo depois que me mudei para E-Rantel. Basta um chá morno ou uma pequena poção, e você dormirá...
- NÃO! E-eu não quero dormir, os sonhos, as vozes, eu não posso...
- Lakyus, que vozes? Que sonhos? O que te aflige, minha amiga?
- Não, n-nada, não se preocupe, eu ficarei bem.
- Mentira, você não está bem, Lakyus Alvein Dale Aindra! Pare de mentir e me diga imediatamente o que está havendo!
- E-eu, a minha espada, as vozessonhospesadelosmortesdemônios... - despejou a cavaleira em palavras desconexas.
- Calma, sente aqui na cama comigo, isso, me deixe ajudar a tirar essa armadura de você, agora com calma, que vozes são essas?
- As vozes que saem da minha espada, a minha espada é amaldiçoada - falou Lakyus com um olhar que beirava a loucura - ela fala comigo, me tenta, zomba de mim, no começo era apenas uma, passei anos lutando contra ela.
- Kilineiram a espada amaldiçoada do Cavaleiro Negro, dizem que ela tenta corromper seu portador.
- ISSO! Ela tenta me convencer a fazer coisas, coisas horriveis, mas eu venci, sou mais forte, nunca cederia - disse ela mordendo uma unha até sangrar.
- Querida está tudo bem - Renner falou pegando a mão sangrando de Lakyus - eu estou aqui, você falou de vozes, mais de uma, o que houve?
- Ela chamou amigos, várias vozes agora, todas falando ao mesmo tempo, não me deixam dormir, e quando durmo elas vem nos meus sonhos, mostram coisas, coisas horriveis hahahaHAHA! - novamente a risada maníaca.
Renner estava realmente preocupada, seu superior, Lord Demiruge havia comentada sobre a fixação de Lakyus com a espada e o estado mental frágil da mesma, foi cogitado manipular a situação a favor do rei feiticeiro mas no final a idéia fora descartada, Lakyus estava instável demais, poderia sair do controle, mas a idéia poderia servir em outro local.
Então tudo o que a cavaleira estava passado agora, era causado por sua própria degradação mental.
- Querida, você precisa de ajuda, eu posso ajudar.
- Oh Renner, você não pode me ajudar, ninguém pode. - disse ela com um sorriso estranho
- Eu posso! - disse uma voz vindo do nada.
Lakyus se jogou contra a parede assustada.
- VOCÊ OUVIU! VOCÊ OUVIU NÃO É?!
Foi neste instante que Ainz desfez sua invisibilidade.
- SEU MONSTRO! VOCÊ VEIO ME TENTAR TAMBÉM! - Gritou a cavaleira apanhando a sua espada.
Com uma velocidade incrivel Lakyus saltou da cama empunhando Kilineiram, avançando diretamente em direção a Ainz, seu golpe talvez não fosse o mais forte, mas a espada era uma relíquia de Yggdrassil, com dados suficientes para ferir o rei Feiticeiro.
- MOOORRAAAA! - gritou ela, mas seu golpe não chegou a acertar Ainz.
- Pare com isso Lakyus estamos aqui para ajudar! - disse a princesa segurando a mão de Lakyus que empunhava a espada, parando o golpe.
- Você! Você está com ele mesmo, você traiu a humanidade, você ME TRAIU!!!
- Se você acredita mesmo nisso vá em frente, me mate, e depois... mate o Rei Feiticeiro. - Renner disse puxando a mão de Lakyus fazendo a espada tocar sua garganta, um fio de sangue escorreu pelo pescoço da princesa.
As mãos da cavaleira tremeram e então a espada caiu.
- Me desculpe, me desculpe, me desculpe - chorava Lakyus enquanto Renner a consolava.
Ainz se aproximou da espada, a pegou. Como feiticeiro, ele não tinha níveis para empunhá-la, mas poderia segurá-la normalmente.
- Uma espada de grande poder - disse ele.
Neste momento, a lâmina explodiu em chamas negras, chamas que serpenteavam e pareciam que incendiariam o quarto todo, mas nada estava queimando.
Lakyus olhava horrorizada para todo o poder malévolo da espada sendo liberado pelas mãos do Rei Feiticeiro.
Para Ainz, aquilo era um tanto exagerado para um simples acesso às configurações da arma. Como um jogador nível 100, Ainz poderia acessar tais configurações contanto que a peça estivesse em sua posse, assim como fez com a Razor Edge de Gazef.
No entanto, aqui ele resolveu acessar o menu de customização que somente ele podia ver.
As chamas eram apenas estéticas. Ele olhou para as diversas opções e decidiu clicar em algumas delas para testá-las. Então, a cor das chamas, como da própria espada e bainha, mudou primeiro para o vermelho, depois para verde, roxo, um rosa extremamente chamativo, uma cor que olhos humanos não estariam preparados para ver, amarelos fluorescentes, faiscante e depois elétrico. "Humm, não, talvez", sussurrava o feiticeiro.
Para Lakyus, essa era uma experiência assustadora. Ela estava presenciando o maior Magic Caster da história realizando um ritual desconhecido, murmurando palavras de poder e fazendo gestos mágicos para a sua espada maldita.
- Isso! - comemorou Ainz. - PURIFICAÇÃO ESPIRITUAL!! - Ele gritou enquanto a empunhava no alto.
Novamente, a espada trocou de cores em uma sucessão rápida, até ficar branca em um estrondo. Se Ainz não tivesse lançado silêncio antecipadamente, todos no palácio estariam correndo para aquele quarto.
Lakyus estava aterrorizada. Nunca tinha visto algo assim e imaginava que nenhum mortal deveria ver tal coisa. No entanto, estava hipnotizada pelas luzes, o brilho que emanava de sua espada e, por fim, a luz, com uma brancura límpida, calmante e aconchegante. Sua mente parecia ter se livrado de uma febre, estava limpa e cansada, mas completamente livre das vozes.
Enquanto a cavaleira assistia ao espetáculo de luzes, Renner sussurrava em seu ouvido palavras de acalento, carregadas com uma forte carga hipnótica.
- *Os demônios se foram, acabaram as vozes da espada. A espada está exorcizada, você está livre. Você nunca mais escutará aquelas vozes em sua cabeça, você nunca mais terá aqueles pensamentos estranhos sobre ser amaldiçoada. Você não está amaldiçoada, você está limpa. Você está calma, você está relaxada, você nunca mais terá pesadelos. Agora, você irá dormir, descansar e quando acordar, você vai se sentir bem. Você está segura...*
Lakyus agora tinha uma expressão sonolenta, mas serena. Ainz embainhou a espada que havia se tornado toda branca e a entregou para ela.
- Ela não fala mais - disse o Ser Supremo.
- Não, e nunca mais falará. Ela está limpa.
A cavaleira pegou a espada e a colocou ao lado da cama. Então, deitou e adormeceu imediatamente com um sorriso no rosto.
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Nota do Autor
Aparentemente uma boa solução para paranoias é uma superexposição junto com tratamento hipnótico.
Agora é sério, cuidem da sua saúde mental.
Chapter 80: Decisões
Summary:
Decisões são tomadas, mas nem todos estão contentes com elas.
Notes:
Olá Nazarins e Pergaminhos, estamos na reta final deste arco na minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 69: Decisões
Chapter Text
- A mente humana é incrível - disse Ainz.
Doenças mentais causadas por desequilíbrio químico, traumas físicos e emocionais ou agravadas por paranoias, no século 22, ainda seriam difíceis de tratar, mesmo com doses enormes de medicamentos.
Mas no novo mundo onde a feitiçaria era real, bastaram algumas palavras hipnóticas carregadas de magia, proferidas por uma garota que recém descobriu sua verdadeira natureza, para acabar com anos de sofrimento e obsessões de uma mente fragilizada.
- 'Quantas vidas poderiam ser salvas se tivéssemos esse poder em meu mundo' - pensou Suzuki Satoro.
Sim, Suzuki Satoro ainda vive dentro de Ainz, e essa parte de sua mente aparece mais quando ele se lembra de seu mundo original. Lá, ele era Suzuki, em Yggdrasil, Momonga, e no Novo Mundo é Ainz. O sentimental, o saudosista e o resoluto, três lados de uma mesma persona.
- Obrigado, meu senhor, por aceitar o pedido de sua humilde serva.
- Não foi trabalho algum. A senhorita tem prestado ótimos serviços a Tumba, então prestar uma pequena ajuda não foi incômodo. - 'Afinal, apenas acessei algumas configurações e disse uma magia falsa, que trabalho eu tive?'
- Me desculpe, meu senhor, mas realmente o senhor não deseja que inclua algum comando hipnótico nela para que apoie ou sirva ao Reino Feiticeiro?
- Não. Ela virá até nós, e virá por vontade própria. Não desejo nenhum aliado que esteja ao meu serviço contra a sua vontade. Eles precisam estar livres em suas escolhas. - Momonga pensava em como sua vida mudou ao mexer com a mente de Albedo.
- Como o senhor ordena, Lakyus será uma forte aliada quando perceber a luz de sua sabedoria.
- Assim espero. Vamos retornar então. - disse Ainz, tornando-se invisível novamente.
Renner seguiu diretamente para a sala de descanso. Ela abriu a porta e se manteve ao lado por alguns segundos, como se esperasse alguma coisa. Logo entrou, e assim que a porta foi fechada, Ainz se tornou visível.
- Bem-vindo, Ainz-Sama.
- Tudo em ordem, Albedo?
- Sim, Ainz-Sama. Os feitiços antia-divinação se mantiveram ativos e não detectaram nenhuma tentativa de infiltração de sua intimidade.
- É de se supor que ninguém tentaria nos observar sabendo quem sou e as consequências de tal ato, mas ainda foi melhor manter este quarto oculto. Senhorita Renner, você está dispensada. Pode retornar aos seus afazeres enquanto eu aguardo. Albedo, peça um portal para ela. Eu vou aguardar no quarto.
- Sim, Ainz-Sama. "Shalltear, um portal, por favor. Apenas Renner retornará. Eu ficarei aqui... com Ainz-Sama... no quarto... sozinhos."
- "FILHADUMAPUT" - conseguiu gritar a vampira antes da mensagem ser cortada.
Um portal se abriu, e Shalltear saiu dele.
- Muito bem, onde está aquela gorila? Ah, você está aí. Se acha que vou deixar você sozinha com Ainz-Sama, pode desistir.
- Calma, Shalltear, eu estava brincando.
- Brincadeira coisa nenhuma. Eu farei companhia para Ainz-Sama, e você pode ficar aqui na sala escutando.
- Shalltear, não tem com que se preocupar. Ainz-Sama está no outro cômodo, e ele não deve ser perturbado. Eu ficarei aqui com Sebas aguardando o Conselho. Você tem obrigações a cumprir.
- Humpf! Certo, já que Sebas ficará aqui, não tenho com o que me preocupar. Venha, Renner. - ela disse enquanto fechava o portão.
- Adeus, Shalltear. Você realmente não tem com que se preocupar, afinal, Ainz-Sama já me nomeou sua "Companheira".
- FILHADUMAPUT... - gritou a vampira no último instante.
Ainz agora estava sentado em uma enorme poltrona.
- Bem, vamos ouvir novamente toda a conversa para ter certeza de não ter perdido nada.
O morto-vivo tirou de sua túnica o cristal de gravação que sempre carregava nas reuniões. Após algumas horas de análise, ele já tinha uma certeza.
- Eles vão morrer! Gondo e Jircniv parecem duas crianças discutindo. Albedo e Demiurge com certeza vão mandar executá-los. Não posso permitir isso. Gondo me aceitou como morto-vivo mais rápido do que qualquer outro. Draudillon já conhecia minha fama, e Enri foi salva por mim, mas Gondo, ele apenas aceitou naturalmente minha existência. Não posso perdê-lo. Já Jircniv é um poderoso aliado e um governante muito capaz. Mesmo substituído por um Doppelganger, eu perderia toda sua experiência. O que devo fazer?
Ainz andava de um lado para outro na sala, pensando nas opções, até que parou subitamente, levantando o indicador em sucesso.
- "Já sei! Isso deve funcionar!"
*toctoc*
- Entre!
- Lord Ainz, a reunião terminou.
- Obrigado, Sebas. Vamos ver o que foi decidido.
Um pajem aguardava na porta para escoltá-los até a sala de reuniões. Dentro do local, todos pareciam tentar parecer o mais... "oficiais" possível, como se quisessem passar alguma autoridade, mesmo que nenhuma tivesse sido outorgada a eles, a não ser aquela dada por eles mesmos.
- Bem-vindo novamente, Vossa Majestade Ainz Ooal Gown. Nós, do Conselho da Cidade-Estado de Argland e dos Quatro Reinos convidados, deliberamos sobre todas as informações que nos foram entregues e chegamos a uma decisão. Mas antes que qualquer declaração nossa seja feita, acreditamos que devemos informá-lo sobre uma situação que chegou a nós horas antes do senhor.
- Hum, alguma coisa grave provavelmente, para dar um destaque tão solene. Apenas uma coisa poderia ser.
- Guerra - disse Lord Murios. - Recebemos esta manhã um comunicado vindo da então chamada Coalizão do Reino Santo do Sul. Eles não reconhecem mais a autoridade do Rei Santo Caspond e reivindicam independência, alegando opressão por parte do agora chamado Reino Santo do Norte.
- Então, eles se tornaram um estado separatista.
- Sim. A declaração diz que lutarão de todas as maneiras para manter a sua hegemonia.
- Obviamente que eles não se aterão apenas em proteger suas terras. Parte da garantia de sua liberdade incorrerá com a queda do Reinado de Caspond. A guerra civil se instalará por todo o reino. - ponderou Ainz.
- Sim, acreditamos que o processo terminará com a unificação novamente do Reino Santo sob a bandeira do Rei Santo ou do governo do Sul.
- Tal declaração de guerra, ela é considerada justa?
- Seguindo os antigos tratados, sim. Ela é uma guerra interna, uma luta pelo controle do poder de sua própria pátria. Apesar do Rei Santo provavelmente alegar terrorismo, a Coalizão está seguindo os protocolos estabelecidos para a nossa não intervenção.
- Então, vocês não interferirão.
- Não, e nem o senhor.
- COMO OUSAM...
- Albedo! Deixe-os prosseguirem, por favor. Lord Murio, o senhor dizia?
- Aham! Sim, como eu dizia, após ponderarmos os fatos entregues, decidimos que a destruição da capital da Teocracia Slane foi um ato justificado através de uma declaração de guerra já prévia entre a Teocracia e o Reino Élfico. Este último apenas solicitou apoio para ter força em tal ato, sendo o Reino Feiticeiro considerado apenas um instrumento nessa guerra. No entanto, analisando os eventos anteriores, um padrão preocupante se mostrou. Em menos de dois anos, o Reino Feiticeiro venceu uma batalha, estabeleceu um reino, derrubou outro, estabeleceu vassalagens poderosas e destruiu um possível opositor.
Ainz deu de ombros.
- O que posso fazer se esses reinos vêm a mim, seja para o bem ou para o mal?
- Certo, em vista disso, decidimos... immpoooor... uma prova de confiança de que o senhor não está estabelecendo uma política expansiva, uma tomada forçada do poder no continente.
- Uma prova, uma sanção a qual eu poderia apenas ignorar, já que nunca fui oficialmente convidado a participar da União dos Reinos.
- S-sim, algo a ser remediado caso Vossa Majestade aceite a nossa... decisão.
- Que seria?
- O Reino Feiticeiro não irá interferir no conflito. Não manterá comércio ou fornecimento de qualquer ajuda a nenhum dos dois lados e não estabelecerá nenhuma força em território Santo, seja por tropas ou agentes individuais.
- O Reino Santo, o do norte, nós mantemos uma situação amigável de comércio e ajuda após a queda de Jaldabaoth. Suas forças estão fragilizadas, eles não suportarão uma investida.
- Sabemos disso, e por isso mesmo pedimos que o senhor se abstenha deste conflito. Não há prova maior de que o senhor não deseja conquistar tudo do que deixar um aliado à mercê da sua sorte.
- ISSO É... - começou Albedo, mas mudou de tom ao perceber seu mestre a olhando - Ahamm! Isso é... a-cei-tável. O Reino Feiticeiro irá se comprometer a não interferir no conflito Santo, e nenhuma força ligada ao Reino Feiticeiro ultrapassará a fronteira atual do Reino Santo. - ela narrou de forma solene e a contragosto.
- Obrigado, Primeira Ministra. Nós tomamos a liberdade de redigir um tratado de não intervenção de nossa União e gostaríamos que o Reino Feiticeiro participasse - Lord Murios falou, mostrando o documento.
Seria normal que tal documento fosse analisado por Albedo, uma especialista em burocracia, mas seu mestre se adiantou, pegou o documento, deu uma leve olhada e o assinou, mostrando total confiança em seus atos e que ninguém tentaria enganá-lo.
- Está feito. Acho que isso encerra a minha parte neste encontro. Devo retornar ao meu reino, pois muito ainda há de ser feito em minhas próprias terras. Com licença, senhores. - declarou o soberano morto-vivo, desaparecendo dentro de um portal negro fora da sala.
- Sua Majestade Ainz Ooal Gown se retirou - disse Albedo, com uma mesura, entrando no mesmo portal, seguida por Sebas.
Após todos desaparecerem, a respiração no recinto voltou ao normal.
- Ufa! Que pressão foi aquela? Era como se estivéssemos na presença de uma força... superior - Lord Eloi falou, vendo Riku se retirar.
O representante dos Lordes Dragões era seguido por Rigrit e outros dois conselheiros, o humano e o anão negro, os únicos que discordaram da decisão do conselho e dos representantes dos Quatro Reinos.
- Lord Riku, eu teria um momento de sua atenção?
- Lord... Ardork, seja rápido. Há muito que desejo fazer.
- Um momento será o suficiente, por aqui, por favor - disse ele, dirigindo-se a uma torre reservada no palácio, esta que possuía runas e magia antiadivinhação.
- Lord Riku, gostaria de mostrar algo. Isso foi trazido a nós por um anão traidor. Ele veio em busca de refúgio e, como todo traidor, agora está apodrecendo em uma de nossas masmorras no Reino Subterrâneo. - falou o anão negro, desembrulhando algo que parecia um tijolo.
- E o que seria? - perguntou o dragão com interesse, seus olhos brilhavam através do capacete.
- Um lingote, meu senhor, de metal nunca visto antes.
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Nota do Autor
Quando mencionei Suzuke Satoro eu não quis dizer que Ainz tem multiplas personalidades, apenas que ele tem lados emocionais diferentes, como alguém que é cortes e sério no trabalho e brincalhão em casa.
Sobre o lingote, sim é o mesmo roubado pelo ferreiro anão, agora está nas mãos de Riku/Tsa.
Chapter 81: Planos
Summary:
Shalltear está furiosa e descarrega em alguém, já os outros guardiões aprendem uma lição.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, estamos encerrando este arco em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 70: Planos
Chapter Text
Shalltear estava furiosa, percorrendo os corredores da tumba e batendo os pés, o som reverberava como trovões. Na última meia hora, sua rival a havia humilhado não uma, mas duas vezes.
Albedo poderia enganá-la ao mentir sobre ficar sozinha com Ainz-Sama, isso não incomodava Shalltear, no entanto, a última parte, onde Albedo afirmou que seu mestre a escolheu como companheira, era insuportável, principalmente porque não havia mentira nessas palavras, apenas triunfo. A raiva tomava conta de sua mente.
- Ainz-Sama não faria isso, aquela gorila não pode ter vencido.
Normalmente, Shalltear iria direto para seu quarto para descarregar suas frustrações nas noivas vampiras, mas não hoje. Hoje, ela queria esmagar algo.
Seguindo pelos corredores da grande tumba, ela chegou ao seu destino: o Coliseu no sexto andar.
O Coliseu é uma estrutura chamativa no meio de um andar que era basicamente floresta e bosques, era uma área projetada para atrair invasores, uma armadilha. Suas arquibancadas estavam cheias de Estátuas Animadas. Diferentemente dos golens, essas estátuas eram basicamente o que o nome sugere - estátuas que recebiam um feitiço de animação. Não eram tão fortes, mas compensavam essa fraqueza com números, já que o Coliseu tinha uma plateia de quarenta mil "expectadores". Além disso, era no subsolo que ficavam as legiões reservas de Nazarick.
Ainz tinha a capacidade de invocar diariamente uma certa quantidade de mortos: Cavaleiros da Morte e Guerreiros da Morte. Portanto, um de seus compromissos diários era gastar essas invocações e guardá-las para... bem, para "um dia de chuva". Os mortos-vivos também eram usados em treinamento, permitindo que qualquer um fosse lá gastar suas energias. No entanto, para todos esses oponentes, eles eram fracos demais. Apenas Cocytus mantinha essa rotina.
Nos últimos meses, o Guardião do quinto andar, a pedido da princesa Renner, esteve treinando Climb. No entanto, quando a diferença de força se mostrou gritante, foi necessário arrumar um sparring, um parceiro de luta.
E eles tinham apenas um que estava familiarizado com o estilo de luta de Climb, e este estava congelado no quinto andar.
Então, como solução, bastou tirá-lo do freezer, descongelar e depois ressuscitar.
Levou alguns dias para que ele se recuperasse o bastante para começarem seus treinos, algo que também ajudou Climb a recuperar alguns níveis perdidos. Agora, ambos estavam treinando quando a vampira apareceu.
- VOCÊS! SUMAM DAQUI!
- Lady Shalltear! Sim, como desejar, vamos. - disse Climb.
O homem de cabelo azul não se mexeu.
- *O que você está fazendo? Ela é perigosa, quer morrer de novo?* - sussurrou Climb, que para treinar sempre mantinha a aparência humana.
- EU TE DESAFIO PARA UM DUELO! - Gritou o guerreiro de cabelos azuis.
- Quem você pensa que é, seu humanozinho?!
- EU SOU BRAIN AUNGLUS! E SEREI SEU OPONENTE!
- Eu não te conheço?!
- Já lutamos, milady, duas vezes. - Shalltear fazia uma cara de quem ainda não se lembrava - Eu cortei sua unha em nosso último encontro.
- Aaah! No telhado. - disse ela com desagrado.
- Naquela vez, a senhora usava peruca e roupa branca, mas na primeira vez que nos encontramos, milady usava essa mesma roupa. Momon disse tê-la matado, mas é óbvio que a senhora sobreviveu.
Shalltear agora esfregava a testa com mau humor.
- Não era eu, nessa primeira vez. Era minha irmã gêmea fugitiva, e no telhado eu estava disfarçada investigando para meu mestre o boato de uma invasão demoníaca.
- Aah! Me desculpe pela confusão, milady. Eu deveria ter percebido que Honeyopenyoko seria mais forte. Afinal, eu nem pude arranhá-laaaaaaAAAH!!!... - ganiu Brain, quando sua barriga foi aberta, seus intestinos saltaram para fora junto com pedaços de seu fígado e pâncreas.
- Eu sou a mais forte de Nazarick. Agora, SUMAM! - disse a vampira, limpando uma das mãos, estando metros à frente do guerreiro estripado.
Climb correu com uma poção e a jogou sobre Brain, que estava à beira da morte, mas a poção o salvou.
- É só isso... que pode fazer? - Brain provocou, tentando se levantar.
Shalltear parou de caminhar e, num instante, estava a dez metros atrás do guerreiro, segurando um braço arrancado.
Quando a vampira o jogou no chão Climb correu para recuper-lo e, mais uma vez, usou outra poção. Ele tinha muitas para o treinamento.
- Há! Desta vez... eu vi a senhora chegando - Brain gemeu.
Novamente, ela desapareceu, e por um instante esteve na frente de Brain. Neste momento a parte superior do corpo do guerreiro voou pelo ar.
Climb suspirou. Aparentemente, seu trabalho agora parecia ser juntar os pedaços do colega e curá-lo a cada poucos segundos.
Por mais de uma hora, essa rotina se seguiu, e até mesmo Shalltear já estava ficando entediada.
- Você não desiste? Nunca vai me derrotar. Nem conseguiu me tocar. Daquela vez você até cortou minha unha. Agora, você não é nem metade daquilo.
Brain tremia e mal conseguia segurar a espada. Mesmo com a cura, sua força não era restaurada imediatamente.
- Se... eu parar... se... eu desistir... de lutar... seria como se eu... tivesse mesmo... perdido.
A vampira encarava o humano.
- "Se ele não desiste, por que eu deveria?" - Para mim, chega, Climb, cuide desse lixo.
Shalltear saiu com uma nova resolução, ela não se daria por vencida na luta pelo amor de Ainz.
- SE QUISER UMA REVANCHE... SABE ONDE ME ACHAR! - gritou Brain provocando a vampira que ia embora.
O cavaleiro jogou outra poção na cara do amigo.
- Você é louco - disse Climb.
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Horas Depois
Ao sair do portal, Ainz se deparou com uma estranha recepção; diante dele estavam Demiurge e Renner, ajoelhados estavam Mare e Tira, a lider do grupo Ijaniya, a ninja que estava a serviçodo Conselho Argland.
- Bem vindo óh! Rei Feiticeiro - disseram todos.
- Obrigado por me receberem, eu queria mesmo falar com alguns de vocês. Você, senhorita Tira, o grupo Ijaniya fez um bom serviço de desinformação, o Conselho deve ter ficado reticente diante de um relatório contendo tais informações conflituosas, já aqueles que suspeitam de nós agora tem certezas baseadas nas informações falsas implantadas e tomarão decisões que acredito serão preciptadas, vocês estão de parabéns e receberam um bônus pelo serviço, está dispensada.
- Obrigada Vossa Majestade - disse a ninja desaparecendo.
Ainz então olhou o jovem elfo que parecia em agonia.
- Está tudo bem Mare?
- M-me desculpe, Ainz-Sama!
- Desculpar pelo quê?
- O-o senhor me tratou como um igual, isso é uma ofensa imperdoável. E-eu sou apenas um servo.
- Mare, já discutimos isso antes. Agora você é um rei e, como um, será tratado como tal em todo evento solene ou externo.
- M-mas Ainz-Sama, m-meu título de Guardião de Andar é muito mais importante do que rei, p-por favor não me rebaixe - Mare falava entre lágrimas.
- Humm, calma, calma. Já que você insiste em ser tratado normalmente, é assim que será. Eu nunca o rebaixaria, Mare, mesmo que ganhem outros títulos, vocês sempre serão meus guardiões - Ainz falou, esfregando a cabeça chorosa do elfo negro, que agora enxugava as lágrimas.
- Ainz-Sama, Renner me relatou os acontecimentos da reunião e gostaria de discutir alguns pontos com Albedo.
- Claro, Demiurge, vamos à sala do trono.
Durante todo o caminho, ambos os demônios não pararam de fazer planos de como iriam punir, sacrificar, substituir ou torturar o rei e o Imperador, assim como todos do Conselho e os representantes dos Quatro Reinos.
Quando entraram na sala do trono, a paciência de Ainz já estava no limite. Ao chegar à escadaria que levava para o trono, ele parou.
De imediato, todos perceberam que algo estava errado e se lançaram ao chão de joelhos, aguardando as ordens.
- Vocês têm tão pouca fé assim em mim? - murmurou o soberano.
Um tremor e espanto passaram pelos presentes que se curvaram mais ainda.
- NOS DESCULPE, AINZ-SAMA!
- Vocês nem sabem pelo que estão pedindo desculpas.
- LAMENTAMOS NOSSA IGNORÂNCIA, AINZ-SAMA!
- Hunf! Todos falam tanto do meu plano de dez mil anos, mas na primeira situação que os descontenta, esquecem completamente dele.
- M-meu senhor, perdão mas os humanos, eles o obrigaram a aceitar uma imposição hedionda, tentaram humilhá-lo.
- Albedo, o Conselho fez exatamente o que eu queria que fizessem. O Reino Santo por agora lidará com seus próprios conflitos sem a minha interferência. Dessa maneira, ninguém questionará minhas intenções ao longo dos próximos séculos, ainda mais depois de mostrar que meu poder não serve apenas para a destruição, a cura da cavaleira nos deu mais um ponto para esse "benefício da dúvida".
- Mas Ainz-Sama, e quanto ao rei anão e o humano, eles se envergonharam, se trataram como crianças, envergonharam o senhor. Deveriam se portar como súditos leais e obedientes.
- Em vez disso, Albedo, eles se portaram como pessoas normais, com suas falhas e defeitos.
- Isso mesmo, Ainz-Sama.
- O que foi maravilhoso para nós.
- Ainz-Sama? - tentou argumentar Demiurge.
- Lembrem-se do Meu plano de Dez Mil Anos. Todos citam ele em cada oportunidade, mas parecem não ver o que isso significa: dez mil anos.
- PERDÃO, MEU SENHOR! - gritaram todos.
- Meu plano de Dez Mil Anos significa que levarei dez mil anos para completá-lo, nem um ano a mais ou nove mil novecentos e noventa e oito a menos. Se eu quisesse dominar o continente pela força, o faria em uma semana. Mas eu pergunto a vocês: que graça isso teria?
- Mas Ainz-Sama, os... vassalos?!
- Eles se comportaram exatamente como reis e imperadores. Se comportaram como homens livres, que ainda podem exercer suas autoridades e não são submetidos ao controle absoluto de um tirano ou ditador megalomaníaco. O Conselho viu isso, todos viram isso.
- Mas o senhor deveria ser venerado como o Ser Supremo que o senhor é.
- E eu serei, Demiurge. Mas não desejo um único súdito que me adore apenas pelo medo. Eles me temerão como se teme a um Deus e me amarão por isso. Seguirão meus desejos seja para o seu bem ou mal, porque eles terão fé em mim, e assim eu conquistarei seus corações nesses Dez. Mil. Anos.
Ainz falou tudo isso de forma solene, sem sequer se virar e confrontar seus guardiões. Ele tinha medo de não lembrar de todas as palavras se os encarasse, mas ao sentar no trono, precisou olhá-los de frente.
Ele esperava ver os dois demônios ponderando suas palavras e tentando encaixá-las em seus próprios conceitos do Plano, mas para sua surpresa.
- SASUGA AINZ-SAMA! - declarou Demiurge, enxugando seus olhos de cristal.
- QUE A VONTADE DE AINZ OOAL GOWN SEJA CUMPRIDA! - proclamou Albedo.
A succubus estava em lágrimas, assim como Mare e Renner. Simplesmente, eles tinham ouvido a declaração de um verdadeiro Deus.
- Humm! Bem, pelo jeito esse assunto está encerrado. Agora, eu gostaria de discutir o meu próximo plano.
- Sim, Ainz-Sama, como o senhor deseja, conquistaremos o Reino Dracônico? Seguiremos para as terras dos Homens-fera?
- Na verdade, Albedo, eu estava pensando em ir à praia.
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Nota do Autor
SIM! Eu trouxe Brain de volta, ele agora é o sparring, ele está mais fraco que Climb agora que este virou um demônio, por isso as poções de cura. Para quem não sabe o sparring não precisa ser tão forte quanto quem está treinando, só precisa aguentar e ajudar a corrigir os golpes.
Sobre Albedo e Demiurge não terem imaginado que tudo fazia parte dos planos de Ainz, tudo é por culpa do EGO, seus egos são tão grandes que não podem vislumbrar seu mestre sendo humilde e se submetendo às regras dos outros, isso ajuda Ainz toda vez que as coisas não saem como eles imaginam.
Chapter 82: Interlúdio 12
Summary:
O clássico dia na praia.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, encerrando este arco da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 12
Chapter Text
No dia seguinte ao encontro em Argland, Renner estava atolada em papéis. Seu mestre e os guardiões partiram para as novas terras conquistadas no Reino Dracônico, então todo o serviço administrativo do reino recaiu sobre ela.
Uma enorme pilha de documentos e relatórios se formava em sua mesa, e outras dezenas chegavam a cada hora. Renner se esforçava para acompanhar o ritmo, mas faltava muito para ela se comparar com sua senhora.
Albedo era capaz de ler uma página em poucos segundos, um documento inteiro em minutos, algo ainda longe para sua capacidade.
Mas o mais surpreendente de todos era seu mestre, Ainz Ooal Gown. Este podia pegar pilhas de documentos e carimbá-los sem nem mesmo dar mais que uma olhada. Não era apenas confiança na Primeira Ministra. Às vezes, ele pegava um relatório da pilha, olhava a mesma página do documento por minutos seguidos e então tomava uma decisão, geralmente algo que simplesmente levava à queda ou ascensão de um reino, segundo Albedo. Não poderia ser algo instintivo; talvez o Ser Supremo fosse capaz de absorver o conteúdo dos relatórios pelo toque, levando a decidir qual dominó derrubar.
Tudo isso era algo que Renner precisaria aprender nos próximos séculos.
Enquanto isso, nas terras conquistadas no Reino Dracônico, um portal se abriu, e de dentro saltaram várias mulheres em maiôs e biquínis.
Todas fizeram rolamentos e saltos complicados, assumindo uma posição defensiva antes de sinalizarem que o caminho estava livre. Em seguida, saiu o Ser Supremo Ainz Ooal Gown, vestindo uma solene camisa florida e bermudas.
Albedo vinha logo atrás, vestindo seu biquíni branco, ao seu lado seguia Shalltear empurrando para obter espaço, ela também estava usando um biquíni roxo e uma sombrinha.
O resto da comitiva era composto por Demiurge de calção, Cocytus nu, como sempre, Aura com um conjunto de calção e top amarelos, e para surpresa de todos, Mare, que estava usando apenas... um calção azul.
Desde aquela experiência passageira com o Quarteto de outro Mundo, o qual ninguém queria comentar, ele estava preferindo, quando possível, usar roupas novas, ainda mais as que seu mestre parecia incentivar.
Ainz olhou ao redor e proclamou.
- Acho que aqui é um bom lugar. Podemos sentar e relaxar.
- Como o senhor ordena, Ainz-Sama. Todos sabem os procedimentos. Prossigam para seus postos - ordenou a Supervisora de andar.
Todos pareciam ocupados, checando a segurança, lançando feitiços de proteção ou estabelecendo um ponto estratégico que consistia em cadeiras de praia e guarda-sóis.
Após vários minutos, Ainz percebeu que ele estava mais estressado do que antes com todo esse aparato.
- Plêiades, Guardiões, me ouçam!
- SIM, AINZ-SAMA! - todos responderam.
- Acredito que estamos em segurança, então gostaria que fizessem algo por mim.
- COMO O SENHOR ORDENAR!
- Quero que vocês se sentem e relaxem.
- Meu senhor...
- Albedo, vocês disseram que fariam o que eu ordenasse. Eu quero que vocês relaxem, se divirtam.
- M-mas, Ainz-Sama?
- É uma ordem, Albedo. Sente-se em uma cadeira e descanse. Humm, esqueci de pedir bebidas para todos.
- Como ordena, Ainz-Sama - falou Albedo agora de forma alegre.
A succubu mandou uma mensagem, e em questão de minutos, saiu através de um portal dois Cavaleiros da Morte carregando algo que parecia uma cabana. Ao ser colocada no chão, parte da sua frente foi aberta, dentro dela estava Piki, o sous-chef, já preparando um drink no balcão.
Aquilo era um bar no estilo praiano.
Apesar do clima mais descontraído, o clima ainda não parecia certo, Lupusregina parecia cabisbaixa. Ainz sabia o porquê.
- Lupusregina, Entoma, venham aqui. Este momento é para que todos possam relaxar um pouco. Então, acho que vocês gostariam de convidar alguém, não é?
- Podemos, Ainz-Sama?
- Claro, podem trazê-los.
Mensagens foram enviadas, e logo novos portais se abriram.
Saindo de dentro deles vieram as enteadas de Entoma, Anansi e Charlotte, usando maiôs infantis, seguidas por Inta, que usava uma roupa que parecia um vestido que a cobria dos pés à cabeça, junto com um grande chapéu.
Logo após, saltou uma pequena criatura peluda. Ela saiu correndo pela areia sendo perseguida por Lupusregina, que tentava colocar um maiô em sua filha. Vupesregina correndo dessa maneira não podia ser diferenciada de uma raposa, mas a Pleiade insistia em tentar vesti-la.
Por último, veio Antilene. Mare a havia chamado. Ela estava envergonhada e tentava esconder o corpo, pois nunca havia usado um maiô antes, coisa que as outras elfas se entusiasmaram em vesti-la. O jovem elfo negro parecia mais ruborizado do que a meio-elfa.
O dia passou com jogos de vôlei, castelos de areia, bebidas e Inta recoberto com uma grossa camada de protetor solar, tal produto fora feito em Nazarick para Shalltear, mas Entoma havia pedido um pouco... ou muito.
Após longas horas na praia, a noite chegava, e as crianças ainda brincavam na beira da água quando algo borbulhou e saltou.
Uma lula colossal, saindo das profundezas em busca de caça fácil tentou apanhar as crianças.
Em uma fração de segundos, a criatura jazia morta pelos golpes de Lupus e Entoma, os tiros de Cz, os punhos de Yuri e os relâmpagos de Narberal, enquanto Solution mantinha as meninas longe da água.
Ainz olhava para a gigantesca criatura morta quando teve uma ideia. Minutos depois, já havia uma enorme fogueira com grandes tentáculos sendo assados no fogo por Shihoutu Tokitu, o chef da cozinha de Nazarick.
- Ainz-Sama.
- Sim, Albedo.
- Me desculpe incomodá-lo. Obrigada por este dia, mas eu gostaria de saber, por que o senhor escolheu justo hoje para esta... humm, folga?
Momonga olhava seus subordinados, as crianças e pessoas de fora de Nazarick que pareciam cada vez mais próximas, todos se divertindo.
- Temos passado por muitas atribulações, Albedo. Às vezes, precisamos parar e apreciar o que temos, essas pequenas alegrias, afinal, este pode ser o último dia de calor por um longo tempo - ele falou, vendo a tempestade se formar ao longe no mar - o inverno está chegando.
Chapter 83: Variável Imprevisível
Summary:
Preocupações tomam conta do Reino Santo e más notícias não param de chegar
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones retornando depois de umas pequenas férias, agora trazendo a vocês o novo arco que considero o clímax dessa fase em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 71: Variável Imprevisível
Chapter Text
— Mais uma dessas intermináveis reuniões.
— Espero que sua santidade não queira
aumentar novamente os impostos.
— Quantos foram desde o ano passado?
— Cinco aumentos, várias novas leis e uma infinidade de restrições, estamos atolados. A igreja não pode mesmo fazer algo?
— Não, o máximo que podemos fazer é restringir nossa ajuda à coroa e mesmo assim apenas abrimos espaço para os hereges.
— A nova religião, eles estão dando problemas?
— Mais ou menos. Como seguidor dos Seis, vejo que muito do que eles pregam parece ter ligação com os ensinamentos de Surshana, apesar de idolatrarem o Rei Feiticeiro, fora isso não há tantas diferenças, mas eles nem se consideram oficialmente uma religião, o problema maior está em oferecerem curas e atendimentos de forma gratuita, isso parece atrair cada vez mais seguidores.
— Então, não há como obrigar sua dissolução através da pressão ao Rei Santo.
— Não, esses “Nazarins”, apoiam a coroa e parecem ter se tornado uma força independente, uma alternativa aos Paladinos.
Essa conversa entre um nobre e um padre retratava o tipo de confusão que Neia Baraja estava causando, principalmente para Demiurge.
O Arquidemônio só teve problemas desde que a arqueira apareceu no grande plano, desde o início com o surgimento de Jaldabaoth no Reino Santo, tudo que ela fazia ia de encontro ao que era esperado, pelo menos no que Demiurge contava como esperado.
Devido à complexidade do Plano de Dez Mil Anos, algumas nuances não podiam ser vislumbradas por seres menos capazes, era o que Demiurge imaginava quando algo escapava de suas análises e cálculos, por exemplo:
Quando a comitiva original veio ao Reino Feiticeiro pedir ajuda, era considerado deixar que o Reino Santo sofresse por mais tempo antes que eles implorassem novamente por ajuda, mas a escudeira na época quebrou o protocolo, interferiu na negociação e fez com que o Rei Feiticeiro partisse de imediato para a luta.
Quando seu mestre decidiu presentear Neia com um arco rúnico era óbvio que ela deveria fazer propaganda do instrumento, na verdade ela foi instruída diretamente para fazer isso, mas quando os nobres questionaram a natureza da arma, ela recusou mostra-la, e quando um demônio tentou exaltar suas qualidades ela negou novamente, fazendo com que tudo fosse perdido, pelo menos era o que Demiurge pensava.
A principio parecia que Neia deveria mostrar a arma aos nobres e assim vender suas qualidades, quando ela não fez isso uma área de comércio foi perdida, pois esses mesmos nobres nunca compraram remessa alguma, em vez disso, quem viu a arma foram as pessoas comuns e os aventureiros, o público alvo final, público que Demiurge só pode reconhecer como o verdadeiro potencial após os eventos se concretizaram.
Em retrospecto foi algo assim que aconteceu: Os nobres do Reino Santo não tentaram monopolizar as compras das armas rúnicas, o próprio Reino Feiticeiro exclusivamente passou a vende-las diretamente aos aventureiros, gerando uma receita muito maior a longo prazo, ou seja, a venda em quantidade barata superaria a venda a alto preço e elitista que provavelmente teria gerado com o comércio dos nobres.
Então retomando a primeira interferência de Néia, da mesma maneira a intervenção imediata do Reino Feiticeiro no conflito causado por Jaldabaoth, levou a queda de forma mais rápida da oposição no Reino Santo e ao surgimento de uma religião baseada na fé em Ainz Ooal Gown.
Agora estava acontecendo novamente, os atos de “Caspond Bessarez”, o doppelganger infiltrado, deveriam ter gerado revolta na população, descontentamento e no mínimo oposição dos nobres, por fim o ódio daqueles das terras ao sul, todas as leis e mudanças impostas pela coroa eram soluções óbvias e necessárias, mas a maioria delas não surtia o efeito procurado, claro que era devido às manipulações sigilosas feitas pelos agentes externos do Reino Feiticeiro.
Muitos imaginariam que bastaria o Rei Santo parecer incompetente, mas não era tão simples. O verdadeiro Caspond fora um nobre treinado para se tornar um rei capaz caso algo acontecesse à sua irmã, Calca Bessarez, a Rainha Santa, uma mudança de atitude ou capacidade, geraria desconfiança imediata, seja por duvidarem da sanidade do rei ou até mesmo se ele não está sendo controlado mentalmente.
Desta forma, uma inabilidade gritante, acarretaria em uma revolta rápida demais, o que levaria à destituição forçada do rei, então era por isso que tudo deveria parecer um grande infortúnio, onde decisões apenas deram erradas por imprevistos, e não por pura incompetência, ainda assim a culpa recairia na coroa, afinal, alguém precisa levar a culpa, e o povo por mais fiel que fosse só poderia responsabilizar quem estava no poder, isso geraria descontentamento em todos os níveis, até que a panela de pressão estourasse.
Mas Néia era uma incongruência, em vez de lutar contra a coroa porque o povo sofria, gerando uma revolta tendo ela como líder e assumindo o posto de regente quando os tiranos caíam, estava fazendo exatamente o contrario do que era esperado dela, ela apoiava o Rei Santo, seus ensinamentos ditavam que a fraqueza era um pecado e suportar a dor e o sofrimento era uma virtude inquebrável, sendo a força de vontade a justiça e a justiça sendo o próprio Rei Feiticeiro.
Desta forma a população cada vez maior de Seguidores da Justiça, mesmo com fome e frio, aceitava o que parecia ser o seu destino e mantinham a fé em Neia, e se ela apoiava o rei então eles também apoiariam, apenas os descontentes ainda eram os nobres e os sulistas, o plano seguia com mudanças que Demiurge não podia prever.
A quebra do paradigma da “redentora do povo” era desconcertante para o arquidemônio, isso provavelmente estava naquelas áreas ocultas do plano aos quais ele não podia ver, então ele deveria acreditar no plano em si, acreditar que seu mestre não erra, e que tudo seria como Ainz Ooal Gown planejou desde o começo.
O nobre e o padre entraram no salão da corte, pelo visto eles eram praticamente os últimos a chegarem, pois em seguida o próprio Rei Santo foi anunciado.
— Senhores, mais uma vez chamo todos aqui para discutirmos a situação em nosso reino.
Ninguém falava, isso não era um diálogo, na melhor das hipóteses o rei apenas estava anunciando as novas medidas para tentar manter o reino funcionando.
— Como muitos sabem o reino tem estado à mercê de diversas atribulações, a corte tem buscado mitigar a maioria dessas com medidas emergenciais. Tais medidas que não têm surtido o efeito desejado.
Para os nobres, tais palavras apenas eram uma maneira bonitinha de dizer que nada estava dando certo, para cada decisão tomada parecia que algo fazia ela se tornar inútil.
— Nossas tentativas de estabilizar a economia do reino apenas foram frustradas, gostaria que os representantes da igreja nos fornecessem uma análise da situação junto ao povo.
— Obrigado, Vossa Majestade - disse o cardeal Ebeas - a igreja tem feito o possível para tratar o povo, mas com a morte das colheitas pela praga, a diminuição do fornecimento da pesca proveniente do sul e a iminência de um inverno precoce simplesmente estamos sobrecarregados.
— Ainda assim, não vejo nenhum padre emagrecendo - disse uma voz em meio à multidão.
As pessoas se afastaram de quem havia dito aquelas palavras, no meio da multidão de nobres e eclesiásticos estava Néia Baraja.
— O que você faz aqui mulher, esta é uma reunião solene, este não é o seu lugar.
— Meu lugar é onde precisam de mim, e fui convocada a comparecer, convocada pela corte real.
Houve uma onda de consternação, a mulher era uma plebeia e, apesar de possuir tantos seguidores que agora rivalizavam com a própria igreja dos Quatro dentro do Reino Santo, seu grupo ainda era considerado apenas uma companhia de mercenários, até mesmo rebeldes, se não fosse o fato de apoiarem a coroa em vez de confrontá-la.
— Cardeal Ebeas, a senhorita Baraja foi solicitada a comparecer ao meu pedido, a ajuda que ela tem fornecido à coroa é de um valor inestimável.
Após vários acontecimentos, Demiurge acreditava agora que Neia Baraja era uma peça fundamental, imprevisível, mas que deveria ser colocada o mais exposta possível.
— Sim, Vossa Graça, mas a atitude dela para conosco beira ao sacrilégio.
— Sacrilégio é cobrar pelas curas quando o povo está doente, comida quando passa fome. Lamento que minha presença incomode tanto assim aos membros da igreja, mas gostaria de reforçar o fato de que não seguimos mais os seus dogmas.
— ISSO É APOSTASIA!
— Isso é mudança religiosa, apesar das semelhanças com os ensinamentos de Surshana, nossa fé agora é baseada em uma nova verdade. Uma verdade onde não cobraremos pela ajuda que podemos dar.
— SUA HEREGE...
— Cardeal Ebeas! Apesar do Reino Santo estar baseado na fé dos Quatro, ainda assim não proibimos a execução da fé dos Seis e, por consequência, não proibiremos qualquer outra manifestação religiosa variante, está entendido?
— Sim, Vossa Graça - disse um rancoroso cardeal.
— Obrigada - respondeu Neia Baraja sem qualquer orgulho, pois o orgulho era uma fraqueza.
— Para mitigarmos o sofrimento do povo, buscaremos apoio em nossos irmãos do sul. Sabemos que a tensão com os baronatos sulistas tem crescido consideravelmente, e até mesmo hostilidades têm sido relatadas, mesmo agora se recusaram a participar dos últimos congressos com alegações vazias, por isso foi enviado uma comitiva na tentativa de estabelecermos a ordem, trazer os nobres de volta e discutirmos as soluções ao Reino Santo como um só. O capitão Gustav Montagner partiu a duas semana com este intuito e esperamos em breve alguma notícia.
Como se fosse coordenado, o mensageiro real chegou com uma missiva que foi entregue ao Rei Santo.
— Parece que recebemos alguma informação urgente, deixem entrar o mensageiro!
Para consternação de todos, quem entrou foi um abade carregando uma urna.
Chapter 84: A Declaração
Summary:
O mal se espalha pelo reino, quem poderá nos salvar?
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 72: A Declaração
Chapter Text
Todos olhavam para o velho abade que se aproximava da escada aos pés do trono do Rei Santo. O homem era obviamente cego, mas mantinha seu passo vacilante até tocar o primeiro degrau. Ali se ajoelhou e estendeu os braços segurando a urna.
Um cavaleiro a pegou e levou para Caspond. O objeto era achatado, da grossura e largura de um grande livro aberto. O mago da corte já havia testado com magia, e não continha veneno, armadilhas ou maldições. Então era relativamente seguro, mesmo não tendo sido aberto, e pela sua aparência não deveria conter a costumeira cabeça decepada.
- Padre, o que o traz a esta corte? - perguntou Caspond.
- Vossa Majestade, ó Rei Santo, eu sou o padre Órios, do monastério de Surshana. Venho como mensageiro de homens do sul.
- Você é um representante do povo sulista?
- Não, meu senhor, apenas alguém incumbido para entregar esta mensagem. Permita-me contar minha história.
- Prossiga, nobre padre - disse Caspond, enquanto o guarda segurava a caixa.
..............................
Sete dias atrás
Era tarde da noite. O padre Órios estava em seu catre, terminando suas orações e se preparando para dormir. O dia havia sido longo e muito precisava ser feito. Novos devotos chegavam quase todos os dias, e a congregação estava presenciando um crescimento na busca espiritual desde a derrota de Jaldabaoth. Muitos inspirados pelas histórias de que o próprio Surshana havia retornado como o Rei Feiticeiro.
Muitas dessas histórias deveriam ser invenções de um bardo, imaginava ele, mas a cada dia suas suposições pareciam mais erradas. O padre estava pronto para encerrar seu dia quando escutou os gritos, gritos de desespero e dor.
Pegando sua bengala, dirigiu-se ao corredor. Mesmo sem visão, ele conhecia aqueles caminhos como se fossem parte de si. Corria o máximo que sua velhice permitia. Os sons de luta aumentavam conforme se aproximava do pátio, e quando chegou lá, foi instantaneamente agarrado e chutado.
- PEGUEI OUTRO!
- O que está acontecendo aqui? - implorou o velho padre ao ser arrastado.
Alguém se aproximou e pôs uma tocha em seu rosto, próxima o bastante para o calor arder em sua pele.
- Claro que você pegou, precisa ser um homem velho e cego para você conseguir pegar - zombou o homem com a tocha.
- Vai se danar - respondeu o outro, empurrando o padre no chão.
- O que está acontecendo, meu senhor? - novamente implorou o padre.
- Ah, padre, estamos fazendo uma visita às igrejas e monastérios próximos, então resolvemos parar aqui e descansar.
O padre Órios podia ouvir os gemidos dos outros irmãos, a dor que eles estavam sentindo. Podia ouvir os noviços chorando. Pelos sons anteriores, todos foram espancados, talvez alguns mortos.
- Vocês são bem-vindos a passar a noite aqui. Não temos muito a oferecer, mas o que temos podemos compartilhar.
- Obrigado, padre. O senhor é muito gentil - disse o homem com tom de zombaria - mas veja, nós realmente temos um problema.
- Qual seria, meu senhor? Podemos ajudá-lo?
- Sim! Vocês podem. Eu tenho um recado que precisa ser entregue ao próprio Rei Santo, mas infelizmente assuntos pendentes me prendem aqui. Então, eu gostaria de saber se o senhor poderia nos ajudar.
- Claro, meu senhor, mas sou um homem velho. Acredito que um dos outros padres seria uma melhor escolha para levar sua mensagem.
- Não, nenhum deles parece disposto a viajar - nova zombaria.
- Então um dos noviços. Eles são jovens e sua mensagem chegará logo - sugeriu o padre, tentando dar uma oportunidade para alguém escapar.
- Não, eles são jovens demais. Seriam ignorados ou pior, poderiam ficar tentados a olhar a mensagem. Então, o problema se mantém. O senhor não conheceria o caminho para Hoburns, conheceria?
- Sim, meu senhor, eu conheço.
- Mas o senhor não se perderia? - disse o zombeteiro.
- Não. Já fiz muitas vezes esse caminho em peregrinação. Talvez eu precise de ajuda, uma ou duas pessoas - disse ele, vendo outra oportunidade.
- Mas, meu bom padre?! O senhor é perfeito. Mesmo cego, o senhor poderia seguir a única estrada para a capital em uma viagem de apenas sete dias. O senhor não precisa de acompanhantes, não é mesmo?
- Sim, meu senhor - disse ele abatido - meus irmãos estarão aqui quando eu retornar?
- Mas é claro! Que tipo de pessoa eu seria maltratando homens de fé?
Mais uma vez o tom de zombaria. Alguém trouxe um dos cavalos do estábulo. Não era o mais forte, mas por sorte era o mais inteligente. Ele já havia feito o caminho para a capital dezenas de vezes e saberia ir até lá mesmo sozinho.
O padre Órios foi montado e colocaram em suas mãos o estojo achatado.
- Lembre-se, não abra. Não entregue a ninguém que não seja para o próprio Rei Santo. Se fizer isso, quando voltar, seus amigos o estarão esperando.
Órios partiu pela estrada. Seu cavalo seguiu em um trote contínuo, só parando para descansar. Após sete dias, ele chegou à capital do Reino Santo.
- Então, eu venho até o senhor trazendo a mensagem que me foi imposta.
- Esses homens, padre, consegue confirmar de onde eram?
- Homens do sul. Seu sotaque era característico.
- Então enviaremos o senhor de volta. Uma escolta o acompanhará para sua segurança e expulsará esses rufiões do monastério.
- Não há para onde voltar, Vossa Majestade. Posso não ver, mas por várias milhas durante o longo caminho pela estrada, o cheiro me acompanhou. O cheiro de fumaça... e carne queimada.
Vários nobres ficaram consternados enquanto o padre saía. Queimar um monastério era uma afronta aos próprios deuses, ainda mais estando apenas a uma semana de viagem de Hoburns. Como puderam chegar tão perto da capital sem serem notados?
"Caspond" agora segurava o estojo. Ao abrir, ficou horrorizado.
Dentro dele estava a pele esfolada da cabeça de uma pessoa. Ela estava aberta como uma folha, o rosto praticamente irreconhecível, mas lá estavam os olhos arrancados. Aqueles olhos só poderiam pertencer a uma pessoa: Gustav Montagner.
O Rei Santo "Caspond" não tinha palavras para descrever aquela abominação.
- 'O serviço mais porco que eu já vi!' - pensou o doppelganger Caspond. - 'Tantos cortes desnecessários. Ele está quase irreconhecível. Quem fez isso não sabia o que estava fazendo. A vítima provavelmente morreu nos primeiros minutos enquanto retiravam a pele de sua cabeça. Esses humanos. Se fossem as mãos de Lord Demiurge trabalhando, ele faria um serviço limpo mesmo com uma faca cega. Poderia esfolar uma pessoa inteira durante semanas e mantê-la viva sem nem mesmo usar uma poção de cura. O autor dessa atrocidade é um amador.'
Esses pensamentos duraram apenas alguns segundos, tempo suficiente para seu rosto expressar um horror reconhecível.
- VOSSA MAJESTADE! O que é? - chamou o mago da corte.
- É Gustav Montagner, o capitão dos Paladinos, foi morto!
O salão explodiu em consternação. Todos queriam falar.
- UM INSULTO! REBELIÃO! ASSASSINATO!
- Silêncio! SILÊNCIO! Esta caixa é uma declaração de guerra. Os nobres do sul enviaram isso como um aviso. Eles nos atacaram em um momento em que estamos mais frágeis.
- Ainda assim, precisamos retaliar, mostrar força! - disse um nobre.
- Não podemos enviar o exército para o Sul. Precisamos deles para proteger as terras do norte.
- Os Paladinos! Mande os Paladinos!
- A ordem dos paladinos está dizimada desde Jaldabaoth. Os poucos que restaram estão na capital e ficarão aqui.
- Vossa Majestade, as Cores. Envie as Cores. O Capitão Gustav pode estar vivo. Talvez o mantiveram vivo com poções e o tenham como prisioneiro.
- Talvez - o doppelganger duvidava disso. - Talvez ele esteja vivo, mas as Nove Cores também estão desfalcadas. Apenas três delas sobreviveram à invasão. Poucos candidatos se mostraram dignos de tal posição, e somente um foi substituído. Gaspond se tornou o Branco e, quando partiu para as terras do sul, foi acompanhado pelas outras três cores. Acredito que esses agora trabalham com os sulistas - ele falou, levantando os três anéis esmagados que estavam na caixa, um símbolo de deserção.
- Não há nada que podemos fazer?!! - alguém gemeu.
- Podemos nos fortificar para uma possível invasão e provavelmente um cerco. Evacuaremos a fronteira enquanto podemos. Traremos todos para a capital. Vamos precisar de todo apoio para enfrentar esses rebeldes.
- EU IREI PROCURAR GUSTAV! - gritou uma voz feminina.
Os olhares se voltaram para a mulher que, ironicamente, tinha os olhos escondidos.
- Néia Baraja, o que você está dizendo?
- Estou dizendo, Vossa Majestade, que eu irei procurar o Capitão Gustav. Nós fomos colegas de guerra. Se ainda houver uma chance, mesmo pequena, dele estar vivo, então eu partirei para procurá-lo e só retornarei com ele.
- Você não pode ir, Néia Baraja.
- Mas, Majestade?!
- Não! O Reino Santo não enviará seu grupo para tentar um resgate, ainda mais em território que agora consideramos inimigo.
- Mas Vossa Graça, os... Nazarins foram criados para isso? Antes eles eram um grupo de resgate - disse o Cardeal Ebéas, vendo a oportunidade de se livrar de Néia.
- Isso mesmo, nós éramos a Equipe de Resgate do Rei Feiticeiro, em sua maioria formados por rangers e arqueiros. Somos capazes de entrar em território inimigo sem sermos notados. - completou a arqueira sem perceber na armadilha que provavelmente caía.
- Esse não é o problema senhorita Néia, seu grupo é necessário aqui na capital. Além do mais, vocês não têm autoridade para tal ato. Não nos rebaixaremos enviando um grupo mercenário - falou Caspond de forma rude.
Néia estava confusa. O Rei sempre apoiou seu grupo. Será que o medo de uma invasão o estava obrigando a mantê-los na capital?
- Nesse momento de guerra, Vossa Graça, talvez alguma autoridade possa ser dada ao grupo da Sem Rosto - sugeriu o Cardeal, tentando não perder a chance de enviar Néia para uma morte quase certa nas terras do sul.
Caspond ponderou por alguns momentos, e a multidão de nobres e religiosos ficou em suspense.
- Cardeal Ebéas, o senhor tem razão. Cedo demais os tempos se tornaram sombrios novamente e a necessidade bate a nossa porta, apesar disso, eu aviso que essa decisão não foi tomada de forma apressada ou leviana. Eu preferia esperar mais para fazer tal anúncio, mas o tempo se mostra urgente. NÉIA BARAJA! HOJE SEU GRUPO SE TORNA PARTE DO EXÉRCITO DO REINO SANTO, ASSIM COMO OS PALADINOS, OS NAZARINS SE TORNAM UMA FORÇA DA COROA. HOJE EU CONVOCO OS NAZARINS PARA SERVIREM DIRETAMENTE AO REINO, AO COMANDO DE UMA DAS NOVE CORES. VOCÊS RESPONDERÃO A ESTE CHAMADO?
O sorriso do Cardeal começou a desaparecer ao ver o rumo que essa declaração tomava.
- SIM! NÓS RESPONDEMOS!
- ENTÃO, ASSIM COMO SEU PAI FOI ANTES DE VOCÊ, HOJE EU NOMEIO VOCÊ, NÉIA BARAJA, O NEGRO DAS NOVE CORES!
- *Nããããão!* - gemeu o Cardeal Ebéas quando percebeu o que tinha provocado.
Os nobres estavam perplexos. Uma plebeia, uma simples escudeira, chegou a um dos postos mais poderosos dentro do Reino Santo.
Nenhum deles sabia, mas esta reunião estava acontecendo no mesmo dia em que a capital da Teocracia caía.
Como uma premonição, o terror e um frio na espinha passaram por aqueles presentes que podiam ver o rosto de Néia.
Nesse instante, todos temeram por suas almas, pois a Sem Rosto estava sorrindo.
Chapter 85: Aliados
Summary:
Alianças são forjadas e presentes oferecidos.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 73: Aliados
Chapter Text
O exército sulista avançava pela fronteira das terras do norte, ainda não era uma grande invasão; aguardavam a chegada do resto de suas forças para que tudo realmente começasse. Fazia apenas alguns dias desde que a mensagem foi entregue, então ainda teriam tempo para terminar de se organizar. A patrulha que verificava a segurança ao redor do acampamento estava entediada.
- Que merda!
- Do que você vai reclamar agora? Do frio, da comida, da companhia ou do serviço?
- Tudo isso e mais um pouco.
- Sem novidades então.
- Mas sabe o que me incomoda mais?
- Não, e nem quero saber.
- Me incomoda que não tem ninguém aqui, cada vila tá vazia, nem as cidades têm muita gente, quase ninguém nas estradas.
- Bom para gente.
- Mas eles não podem ter fugido tão rápido de nós!
- Não foi de nós, foi dos Demi-humanos e daquele demônio, tudo foi abandonado faz tempo.
- Você não acredita mesmo naquilo? "Socorro, um demônio invadiu o norte, vamos aumentar os impostos, a rainha morreu, Gaspond agoraé o rei, a nossa colheita morreu! Precisamos de mais grãos!" - falou o soldado com a voz mais infantil e chorosa que podia - você não acredita nessa merda.
- Meu primo fugiu do norte, ele disse que os Demi-humanos invadiram tudo ano passado, ele não viu demônio nenhum, mas outros dizem que viram.
- Que foram invadidos pode ser verdade, são todos uns frouxos, mas demônios? Pura mentira, Caspond deve ter matado a irmã e assumiu o trono.
- E o Rei Feiticeiro?
- Bobagem, um bruxo pago por Caspond, fez suas bruxarias na capital para enganar as pessoas, alguma ilusão de monstros gigantes, só isso.
- Talvez.
- Você é um idiota de acreditar nessas histórias dos nortistas.
- Vai se foder!
- Vai você.
Enquanto a patrulha debatia sobre as notícias e rumores que circulavam, o líder do grupo permanecia em silêncio, observando a paisagem desolada ao redor do acampamento.
- Vocês dois não conseguem parar de discutir por um momento? - interrompeu o líder. - Estamos aqui para garantir que o perímetro esteja seguro, não para falar merda.
- Mas, sargento, não acha estranho? - questionou um dos soldados.
- A única coisa estranha aqui é o fato de vocês estarem perdendo tempo com conversas sem sentido. Deixe essas histórias para os bardos e fofoqueiros de taverna.
Enquanto o sargento repreendia seus subordinados, um som distante chamou a atenção deles. Um estrondo abafado ecoou, seguido por um tremor leve no solo.
- O que foi isso? - indagou um dos soldados, com o semblante tenso.
- Não sei, voltemos ao acampamento.
Os soldados estavam tão distraídos pelo som que só notaram o grupo quando quase trombaram com as cinco figuras encapuzadas.
- ALTO! QUEM VEM LÁ! - gritou um dos soldados.
- Nós quem deveríamos perguntar isso, afinal vocês são sulistas nas terras do norte.
- Nós... estamos em patrulha, reforços para o norte - mentiu o sargento tentando lembrar as ordens que receberam caso encontrassem alguma força inimiga. A declaração de guerra tinha sido recém-entregue, e a discrição ainda era a melhor opção; levaria semanas até alguém chegar ali.
- Bem, senhores reforços, nós gostaríamos de falar com seu chefe.
- Chefe? Vocês querem ir até a cidade de Kork?
- Não, apenas até o acampamento que está no pé da montanha a algumas milhas daqui, aquele acampamento que desejam que ninguém saiba que está ali.
Os homens a cavalo reagiram imediatamente, mas quando tentaram fugir, algo caiu entre eles. Dois dos cavalos correram, mas ambos os soldados ficaram suspensos no ar por mãos poderosas.
- O-o que vocês querem. - perguntou o sargento, o único ainda montado.
- Apenas evitando que vocês corram. Pode por eles no chão.
A enorme figura envolta em um gigantesco manto apenas soltou os dois soldados, que caíram de traseiro no chão.
- Agora, como eu dizia, nos levem até o acampamento, queremos falar com o seu chefe.
Os homens amedrontados guiaram os estranhos até onde estava o acampamento. Era óbvio que eles já sabiam onde ficava, apenas não queriam causar alvoroço aparecendo sem escolta. Mesmo assim, o acampamento ficou em alerta, e o grupo foi cercado.
- ALTO! LARGUEM AS ARMAS! MOSTREM OS ROSTOS! - gritou um oficial.
- Não - disse o homem mais à frente e que segurava uma lança amarrada às costas.
O oficial se adiantou e, quando fez sinal para arrancar o capuz, simplesmente saiu voando para fora do acampamento.
O homem que o golpeou ainda estava com o braço suspenso quando falou.
- Alguém mais quer tentar algo ou vão nos levar até seu chefe?
Outro oficial surgiu; este parecia ter mais experiência.
- Estávamos esperando vocês, senhores. Por favor, me sigam.
Um caminho pelo acampamento se abriu na multidão. Ninguém queria chegar perto dos estranhos; se aquele homem tinha tanta força, imagine qual seria a de seu companheiro, que tinha quase três vezes a sua altura?
Entraram na tenda principal; era tão grande que tinha até mesmo quartos separados na parte interna.
- Bem-vindos, senhores. Eu sou o Conde Randalse; nós aguardávamos vocês.
- É um prazer, Conde, mas gostaríamos de falar com o seu chefe.
- Lamento não entender. Eu sou o comandante deste exército.
- Por favor, pare de nos fazer perder tempo. Eu quero falar com Remédios Custódio.
A sala ficou em silêncio.
- General - disse uma voz vinda da outra sala. A cortina se abriu, e uma cavaleira surgiu - General Remédios Custódio para você, senhor Capitão das Escrituras Negras.
O homem com a lança finalmente retirou o capuz, revelando uma pessoa jovem com longos cabelos.
- É um prazer conhece-la, General - disse ele, fazendo uma reverência, mas ninguém acompanhou a saudação.
- Minha existência deveria ser um segredo, mas pelo visto a segurança do conde ainda deixa a desejar.
- Eu não culparia eles, nosso pessoal já estava aqui antes mesmo da senhora chegar.
- Humpf! E quem seriam os seus companheiros?
O Capitão das Escrituras Negras ponderou; Remédios Custódio era forte, provavelmente uma Godkin de parentesco distante, e pelos relatos, uma mulher intempestiva. Era preciso ter cautela ao tratar com ela. Negar informações que provavelmente ela já tinha era perigoso.
- Estes são o Segundo Assento, Turbulencia Temporal - a pessoa tirou o capuz, revelando alguém muito novo com um olhar de desdém.
- O Quinto Assento, Quaiesse Hanzeia Quintia - desta vez era alguém mais velho, com o cabelo loiro cortado curto e com franja.
- O Sétimo Assento, a Astróloga de Mil Milhas - uma jovem assustada se mostrou; parecia que ela iria pular a qualquer momento se visse sua própria sombra.
- O Oitavo Assento, Cedran - Um homem corpulento mostrou o rosto; ele segurava um escudo pesado.
- E quem seria seu grande amigo? - Remédios perguntou.
- Este é um aventureiro que encontramos. Ele nos ajudou a sair da Teocracia. Seu nome é... Red.
O enorme aventureiro não se mostrou.
- Bem, eu imaginei que haveria mais de vocês.
- Há mais. Eles estão espalhados pelos reinos.
- O que houve? Se vamos ter essa conversa, preciso que seja franco. Nem tudo deve vir de nossos espiões.
A tensão no ar indicava que, apesar de aparentemente estarem do mesmo lado, a desconfiança permanecia. O futuro das terras do norte era incerto, com segredos e revelações obscuras. O início de uma aliança frágil entre os exilados da Teocracia e as forças do sul não era certeza.
- Humm! Franqueza. Entendo. Nós temos certas contingências caso ocorresse a queda da capital. Nossas ordens, caso houvesse um evento cataclísmico, era de abandonar o reino, nos misturarmos ao povo, procurarmos as células teocráticas remanescentes e não entrarmos em contato uns com os outros, preservando sua ocultação. Cada grupo se organizaria para uma futura retomada, mesmo que isso demorasse anos. Por isso, apenas grupos pequenos eram formados. Mas, se acha que houve poucos sobreviventes, está enganada. Quase todas as escrituras partiram.
- Então vocês esperavam perder a guerra contra os elfos?!
- Só um tolo não se prepara mesmo para o impossível. O rei elfo poderia ter algo desconhecido ou adquirir alguma magia que precisasse de muito tempo para ser preparada, algo como o feitiço do Rei Feiticeiro lançado em Katze, aquele que destruiu o exército de Re-Estize.
- Então vocês não lutaram.
- Não havia luta a ser travada. Centenas de Cavaleiros da Morte e um golem gigantesco. Talvez se todas as nossas forças estivessem lá, mas a maioria estava em missões fora da Teocracia.
- Um golem gigante! Aquele maldito bruxo poderia ter enviado tal criatura para lutar contra Jaldabaoth. Ao invés disso, veio pessoalmente aqui envenenar a mente das pessoas.
- Aparentemente, o rei feiticeiro estava guardando suas melhores armas. Agradecemos aos deuses que ele precise de anos de espera para poder lançar novamente aquele maldito feitiço.
- Então as Escrituras não foram páreo para o exército de mortos.
- Paladinos seriam melhores?
- Se tivessem equipamentos divinos como as escrituras, poderíamos ter travado uma grande luta. Talvez vocês tenham algo para oferecer por sua estadia.
- Humm, achei que bastaria saber que lutamos contra um inimigo em comum, o rei feiticeiro.
- Talvez baste, mas um sinal de boa fé seria melhor.
- Humm! Os tesouros foram levados pelos nossos; pouca coisa sobrou, e o que ficou deve ter sido saqueado pelo inimigo, mas... há algo que encontramos recentemente. Estava em posse de alguém que acreditamos ser da Zuranon, um mapa antigo das terras do Reino Santo. Parece ser a localização de uma das espadas da Luz.
- "ACEITE!" - gritou a voz de Kelard Custódio dentro da cabeça de Remédios.
Chapter 86: A Volta dos Mortos
Summary:
Remédios faz uma grande descoberta.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 74: A Volta dos Mortos
Chapter Text
Remédios Custódio caminhava sozinha na neve. Semanas se passaram desde que pegou aquele mapa, e agora ela se encontravano alto de uma montanha castigada pela nevasca.
O vento gelado e cortante açoitava o rosto da paladina, ainda assim ela nem piscava, seus passos eram firmes mesmo com a neve até a cintura, ela nem não diminuía o ritmo, mostrando que a única coisa maior que sua força, era sua obsessão.
Ao partir, o exército foi deixado aos pés da montanha. Para seus planos, eles ainda deveriam se manter incógnitos, então estavam seguindo suas instruções e os planos traçados pelo Rosa.
No meio da tempestade, Remédios se lembrou quando Gustav chegou ao acampamento.
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Semanas atrás
— Levem-no para dentro - disse o Velho Roxo.
Gustav foi levado amarrado e espancado para dentro da barraca.
— Olá, Gustav Montagnes, Capitão dos Paladinos.
— Randalse... - rosnou o homem.
— Vejo que finalmente decidiu se juntar a nós.
— Vocês estão loucos, isso é traição - disse ele para os homens que o seguravam.
Enrique Bellse, o Azul, espadachim habilidoso, e Isandro Sanchez, o Rosa, estrategista militar, estavam ao lado do Velho Roxo, um homem de grande poder, não físico, mas com contatos no sul que o tornavam alguém de imensa influência.
Gustav poderia rivalizar com o Azul em questão de força física, mas não se fosse pego de surpresa com um ataque traiçoeiro pelas costas.
— Traição? Não, isso é sobrevivência. Não podemos ficar expostos aos desmandos de Caspond - disse o Velho Roxo.
— O Rei Santo está tentando salvar o que restou do reino.
— Afogando o sul em demandas, sugando tudo que temos para manter um norte agonizante, o que acontece agora é consequência de seus atos. - disse o Conde Randalse.
— As colheitas morrem por uma praga, e então é culpa do Rei Santo? Uma tempestade afunda os navios pesqueiros, e é culpa do Rei Santo? O inverno chega mais cedo, e é culpa do Rei Santo?
— Não - disse uma voz feminina vinda da outra sala.
Gustav engoliu em seco.
— É culpa do Rei Bruxo! - falou Remédios surgindo por entre as cortinas.
— *Não é possível, você está morta!* - Gustav murmurou atônito.
— As notícias de minha morte aparentemente foram um pouco exageradas.
— N-não, eu vi o corpo, estava destruído, você não podia ser ressuscitada.
— Você parece estar tentando se convencer. Vocês me deixaram trancada naquela casa, a cercaram com guardas acreditando que eu ficaria lá.
— Você estava...
— Louca? Quase, mas não tanto quanto pensavam.
— NÉIA! NÉIA BARAJA DESTRUIU SEU CORPO! - gritou Gustav em agonia e descrença.
— Não tenho ideia de quem roubou aquele corpo, mas não era eu, como pode ver.
— Como?
— Sabe, vocês deveriam ter olhado melhor o meu porão. Minha casa era uma das mais antigas de Horbuns. Ter mais do que uma opção de fuga era o padrão antigamente. Meus novos amigos do sul me encontraram e trouxeram uma substituta, muito parecida afinal. Bastou ir embora selando o túnel.
— Vocês assassinaram alguém, para ocultar sua fuga!
— Assassinar?! Ela foi voluntária! Ela sorriu para mim o tempo inteiro ao colocar a corda em seu pescoço e se jogar. E quando a lamparina de óleo que estava em suas mãos caiu aos seus pés, eu a vi queimar. Era o mínimo que podia fazer pelo seu sacrifício.
— Isso é loucura.
— Loucura são vocês seguindo as ordens do capacho do Rei Bruxo. Cada ordem que ele emite tem o dedo do morto-vivo.
— O Rei Feiticeiro ajudou a salvar o reino.
— Salvou mesmo? Ele podia ter destruído o demônio muito antes. Em vez disso, se fez de santo, deixou definharmos, envenenou as pessoas do nosso reino e colocou um rei fantoche no trono. Tudo o que ele quer é nos enfraquecer para sermos conquistados.
— Isso é delírio.
— DELÍRIO! Você acha que foi coincidência um demônio aparecer em nossas terras e o morto-vivo vir como um salvador? Coincidência, o bruxo se fingir de morto e cair no meio dos homens-bestas, agora ele tem um exército à nossa porta, coincidência salvar uma traidora e agora ter uma religião falsa em seu nome. Acho que não.
O Conde Randalse desviou o olhar enquanto Remédios vociferava suas teorias mirabolantes. Ninguém além dela acreditava nessas coisas, mas não seria bom contrariá-la.
— Remédios, pare com isso, volte à razão. Podemos salvar o reino, juntos. Venha comigo, você sabe, e... eu te amei.
— Sim, e eu amei você. Mas eu também amava minha obrigação, amava o reino, amava mais ainda a Rainha Santa, amava mais minha irmã. E quando elas morreram e tiraram tudo de mim, não sobrou amor algum. - disse ela, abaixando-se na frente do Capitão dos Paladinos.
— Remé*...! - Gustav engasgou subitamente, e ao olhar para baixo, viu a faca cravada em seu peito.
— Você será útil mesmo após sua morte, Gustav. Você! Capitão Phineas, preserve o corpo, mandem a mensagem como combinamos, levem os outros prisioneiros. Quando chegar a hora, coloquem este recado no corpo, e agora saiam daqui - disse Remédios, retirando-se após entregar um pergaminho.
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Agora
Saindo dessas lembranças, Remédios viu uma caverna surgiu bem à sua frente.
— ‘Ali, irmã! Está vendo? Aquele é o local que procuramos.’
Quando partiu do acampamento, os teocratas quiseram acompanhá-la, mas ela recusou. Se alguma arma fosse encontrada, seria dela.
Remédios estava há semanas andando pelas montanhas, seguindo parcas orientações em um mapa decrépito em uma língua arcaica da época dos Treze Heróis. Se não fosse pelas orientações do espírito de sua irmã morta, nunca teria chegado ali. Sem essa ajuda, ela teria se perdido por meses naquelas montanhas.
Ao adentrar na caverna, Remédios acendeu uma tocha. Nada de incomum chamava sua atenção até que entrou mais profundamente. De repente, uma luz se acendeu. Era uma luz mágica, fraca e bruxuleante, mas ajudou a ver as paredes que agora não eram mais as de uma caverna; eram alisadas e com figuras esculpidas, mal se podia discernir o que eram. O tempo e as intempéries da montanha gelada destruíram a maioria dos entalhes. Apenas algumas cenas eram possíveis de discernir: demônios marchando, sacrifícios, criaturas ajoelhadas, alguém em um pedestal.
— Por que esconderiam uma das Espadas da Luz aqui?
— ‘Será que é realmente uma delas? Pode ser apenas uma armadilha.’
— Talvez não seja nenhuma dessas coisas. Pode ser um túmulo, o túmulo perdido do Cavaleiro Negro. Ele era parte demônio.
Conforme ela andava, algumas luzes se acendiam, mas outras não. Parte do corredor estava soterrado por um desmoronamento, e foi preciso se arrastar por um espaço pequeno. Em seguida, o túnel continuava por centenas de metros até chegar a um salão.
O local era grande o suficiente para a luz da tocha não alcançar as paredes. Após percorrer algumas dezenas de metros, uma luz no teto se acendeu.
Sobre a luz fraca, havia um altar, e sobre ele parecia estar cravada na pedra uma espada. A princípio, Remédios achou que a lâmina fosse negra, mas conforme se aproximou e a luz de sua própria tocha chegou nela, pôde perceber que na verdade a espada era vermelha, da cor de sangue. Apenas o cabo era visível fora da pedra, e em sua empunhadura havia incrustações.
— O que diabos é isso?
— ‘Uma das espadas do Cavaleiro Negro?!’
Remédios se aproximou, e então pôde ver algo logo atrás do altar. Ela levantou sua tocha, e então uma nova luz se acendeu, iluminando duas figuras. Uma delas era uma estátua enorme, parcialmente destruída, mas Remédios pôde reconhecer a figura, ela mal podia acreditar no que via.
Mas o que chamou sua atenção foi outra figura, era um esqueleto que estava usando os restos de um manto antigo. Parte de seu corpo era visível, mostrando ossos quase humanos. A criatura tinha um grande buraco em seu peito, que não deveria ter sido feito pelo tempo.
Suas mãos estavam estendidas, segurando débilmente o cabo da espada. E em seu rosto estava uma máscara azul conhecida.
— Jaldabaoth...- ela sussurrou - este é um templo de JALDABAOTH!!!
— ‘Se acalme, querida. Ele não está aqui.’
— Tenho que sair - disse ela, dando passos em direção à saída.
— ‘Irmã! Espere! A espada! Não podemos deixá-la aqui, pode ser a arma que você precisa!’
Remédios parou, e então voltou. Deu alguns passos vacilantes em direção à arma. Era possível sentir algo pulsando da lâmina, como se uma energia a qualquer momento fosse saltar e tomar sua vida. Por isso, ao se aproximar, hesitou em tocá-la.
— É uma espada maldita.
— ‘É uma espada poderosa. Pegue-airmã!’
— Eu não quero.
— ‘Pegue-a.’
— Não.
— ‘Pegue!’
— CALE A BOCA! - gritou Remédios, arrancando de sua cintura o jarro que continha a cabeça de sua irmã morta e o batendo sobre o altar.
— ‘Irmã?’
— PARE DE ME CHAMAR ASSIM!
— ‘Mas...?!’
— EU MANDEI PARAR! Minha irmã era um prodígio, um gênio na magia e uma maga poderosa. Mas, se não houvesse o brasão de nossa família em sua porta, ela não seria capaz de achar seu próprio quarto no palácio. Ela não tinha a mínima noção de direção. VOCÊ NÃO É KELARD CUSTÓDIO! QUEM É VOCÊ?
Houve silêncio por alguns segundos.
— ‘He...hehehehehehehe! Você sabe quem eu sou.’ - riu uma voz feminina.
— Não!
— ‘Sim.’
— Não pode ser, você está morto!
— ‘Estou? Vamos, você sabe quem eu sou, diga, diga meu nome, DIGA!’
— Jaldabaoth...
— ‘HAHAHAHAHAHAHAHA!’
..........................................
Nota do autor
Olá, finalmente dei uma explicação de como Remédios Custódio fingiu a própria morte.
Com o estado mental fragilizado, seu o uso como bode espiatório e a pressa de se livrarem dela, acredito que erraram muito.
Espero que sua fuga tenha sido plausível para vocês leitores, a pior coisa para um escritor é criar uma solução boba, então eu queimei os neurônios com isso.
Chapter 87: Convicção
Summary:
Remédios tem uma conversa esclarecedora.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones com outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 75: Convicção
Chapter Text
Demiurgo não estava nada contente com seu próprio desempenho.
Seu criador o fez para ser um mestre estrategista, alguém que estivesse dezenas, senão centenas de passos à frente de qualquer oponente, sendo capaz de prever acontecimentos apenas se baseando em parcas informações. Mas ele não havia conseguido prever vários pontos importantes do Plano de seu senhor. Não apenas isso, seu mestre precisou intervir diretamente em algumas ocasiões, sendo até mesmo imposto o fato de que seria testado com o passar do tempo, assim como havia sido feito com Cocytus ao lidar com os homens-lagartos. Mas, no seu caso, o Ser Supremo iria criar situações onde seria preciso se adaptar rapidamente; a vassalagem do Império foi um exemplo.
Agora Demiurgo não sabia em qual momento tais alterações do plano gerariam as mudanças mais prováveis. Ele esteve se preparando para essas situações desde que perderam o controle em Re-Estize. Apesar de que não estava trabalhando diretamente com Albedo e ser de responsabilidade dela o cenário de Re-Estize, ambos não puderam antecipar os acontecimentos que se seguiram por culpa do humano Philip. Mas, seu mestre, mesmo sabendo o quão incapaz o humano era, ainda assim o manteve. As ações do completo idiota escolhido como fantoche resultaram em uma ação impensada que levou à queda do reino.
Tal coisa não poderia ocorrer sob a sua responsabilidade, e ainda assim Demiurgo já havia cometido duas faltas.
A primeira foi não ver o potencial de Néia Baraja. Para ele, a escudeira foi um peão que serviria como vendedora das artes rúnicas, escolhida apenas pelo seu atrevimento ao interromper a audiência de seu mestre com o grupo do Reino Santo. Para sua surpresa, seu mestre não apenas a manteve como sua própria escudeira, como também a ressuscitou durante a invasão. Seu propósito só se mostrou quando tudo já estava quase terminado. Sua devoção gerou uma nova religião que agora predominava entre a população.
Subestimar a importância dos humanos parecia ser um mote recorrente: Philip, Néia e agora Remédios.
Durante os acontecimentos da invasão de Jaldabaoth, a paladina foi considerada uma antagonista, realizando o serviço de ser uma oposição desequilibrada à ajuda do Rei Feiticeiro. Após a invasão, ela foi descartada. Demiurgo achava que ela não seria mais útil, já que praticamente entrou em estado catatônico. Sua intenção seria usar essa loucura em uma futura tentativa de assassinato de Neia Baraja, mas com sua eventual "morte", essa linha do Plano foi abandonada.
Esta foi sua segunda falta.
Devido ao estado de degradação do cadáver encontrado queimado, não era possível confirmar sua identidade, muito menos supor que Remédios fingiria sua morte. O corpo seria examinado posteriormente, mas não era uma prioridade. Porém, quando ele foi roubado e depois destruído, apenas se imaginou que um objeto de estudo tinha sido perdido, nada valioso.
Demiurgo, por ordem de seu mestre, enviou cada Hanzo e Demônio das Sombras disponível para investigar o grupo misterioso que ousava se intrometer nos assuntos de Nazarick. Estes ainda não haviam sido localizados, mas, para sua surpresa, outra coisa foi encontrada nas terras do sul.
Após descobrirem que a tensão imposta aos nobres sulistas estava dando frutos mais cedo do que era esperado, foi preciso entender o que estava causando essa aceleração. Um comandante desconhecido estava pressionando os nobres, estratégias eram postas em ação com eficiência e diligência. Demiurgo precisava saber quem era este comandante, e após dias investigando, ele descobriu, para sua surpresa, que Remédios Custódio estava viva.
Essa nova falha quase fez o arquidemônio tirar a própria vida. Isso era inaceitável.
Mese atrás com essa descoberta Demiurge se dirigiu diretamente ao escritório de seu mestre e solicitou uma audiência.
- Com licença, Ainz-sama, tenho algo a relatar.
- Eu esperava por isso, Demiurgo - disse Ainz, finalmente tendo um relatório verbal em vez de pilhas de papel.
- Então o senhor está ciente?
- 'Ciente de quê?' - Sim, já estou a par de vários acontecimentos, mas sejamos mais específicos, de qual parte do Plano estamos falando.
- A que trata do Reino Santo.
- Humm, um pouco mais específico.
- Sobre as terras do sul estarem se preparando para uma guerra de secessão mais cedo do que o previsto e terem um novo comandante.
- Ah! Como eu pensava, depois de tudo o que houve com a paladina e Néia, imaginei que algo assim aconteceria.
- Então o senhor já sabia, Ainz-sama?!
- Claro, Demiurgo, eu sei de tudo - 'melhor fingir conhecimento, pelo visto não vou conseguir informações mais diretas do que isso e ainda tenho muito a fazer antes de ir para as terras do reino Elfico'.
- Então, meu senhor, essa falha em minha análise...
- É irrelevante.
- Mas, Ainz-sama, eu cometi um erro terrível.
- Você pode consertar esse erro?! Houve realmente um erro? Lembre que neu plano abrange diversas variações, então. Se esse erro não existe, então nenhuma falha foi cometida. Apenas aprenda com as dificuldades que surgem e esteja seguro de que erros não se repitam.
- O senhor é muito misericordioso, Ainz-sama. Com sua licença, eu me retiro.
O Ser Supremo apenas sinalizou com a mão.
- 'Tenho certeza de que perdi alguma coisa aqui.' - pensou Ainz antes de voltar sua mente para a viagem que faria com o gêmeos.
..........................................................
Apesar de seu mestre ter relevado sua falha e minimizado sua culpa, Demiurge não se perdoava. Tudo teria que ser perfeito, não haveria uma terceira vez. Então, para isso, ele precisava:
•Manipular o estado mental da paladina. O relatório sobre Lakius falando sozinha havia dado algumas ideias.
•Organizar um local de culto a Jaldabaoth. Isso seria fácil, bastaria decorar um ponto estratégico com temática antiga com a ajuda de Fluder, o mago do Império.
•Por fim, implantar um mapa em algum lugar que chegasse às mãos de Remédios.
Após a descoberta de que fora a Teocracia a responsável pela morte de Shalltear, era óbvio que aquele reino cairia. Os sobreviventes buscariam refúgio no lugar mais provável, que seria no Reino Santo do Sul, e levariam consigo o que pudessem.
Para colocar o mapa entre o material estudado por um dos eruditos teocratas, fazer ele ser notado e depois darem a devida importância a ele a ponto de ser guardado junto aos tesouros em meros poucos dias, foi necessário precisão cirúrgica.
Logicamente, se os Teocratas não o levassem, haveria pelo menos mais doze formas diferentes do mapa chegar às mãos da paladina.
Agora, a humana havia descoberto que não era com sua irmã que esteve falando durante os últimos meses, como planejado.
- Você foi destruído.
- 'Meu corpo foi destruído, demônios não morrem, somos banidos ou selados, você sabe disso. Ó nobre Paladina!'
- Seu monstro, como você se atreve a macular a memória de minha irmã.
- 'Ora, me desculpe, eu achei que você precisava de alguém para conversar.'
- Criatura desprezível. PARE DE USAR A VOZ DELA!
- 'Assim está melhor?' - disse uma voz masculina de forma muito polida.
- Eu vou destruir este lugar, enterrar qualquer sinal de sua existência.
- 'Isso seria um desperdício tão grande, tantas lembranças, tantos feitos realizados, apenas para ser esquecido.'
Uma energia brilhou e então todas as luzes se ascenderam, revelando os mosaicos esculpidos nas paredes, muitos retratando a ascensão de criaturas que deveriam ter imenso poder.
- As Divindades do Mal, você era uma das Divindades do Mal!
- 'Sempre nos chamaram assim, no coletivo, raramente alguém se lembra que fomos seres separados, eu fui um rei entre eles.'
- Você era o Rei Demônio, mas nunca o nome Jaldabaoth foi dito em nenhum livro sagrado.
- 'Minha querida, vou te contar um segredo, nunca conte o seu verdadeiro nome para um demônio, assim como nós nunca contamos os nossos. Sabe, nomes têm poder. Na época, eu fui o Rei Demônio e acabei com um buraco no peito. Em minha última encarnação, eu fui Jaldabaoth. Talvez na próxima vinda eu escolha algo menos chamativo. Tem alguma sugestão?'
- Maldito! Pare de falar como se fôssemos amigos.
- 'Mas eu achei que éramos! Que tristeza, que ingratidão' - disse a voz em tom desdenhoso - 'olha que salvei sua vida algumas vezes minha querida, e se não fosse por mim te guiando, você estaria congelando por meses nessas montanhas.'
- Você planejou me atrair aqui, esteve me manipulando este tempo todo. O que você quer, demônio!
- 'Quero a sua ajuda, Remédios Custódio.'
- Ajuda? Eu farei de tudo para destruir o que resta de você, esse mapa, essa espada, esse templo...
- 'Preciso que mate o Rei Feiticeiro.'
Remédios engasgou ao ouvir a última frase.
- 'Hummm! Pelo visto, agora tenho sua atenção.'
- O bruxo morto-vivo, vocês são realmente inimigos!
- 'Nunca havíamos nos encontrado antes. Ele é um ser mais antigo do que eu e permaneceu dormindo por eras.'
- 'Mesmo que isso seja verdade, não eximi a culpa do Rei Feiticeiro em se aproveitar da desgraça no Reino Santo e usar isso ao seu favor' - pensava Remédios encaixando essa nova informação em suas teorias.
- Mas ele veio prontamente para lutar contra você... te destruir.
- 'Acho que ele ficou ressentido quando roubei as suas empregadas e as tornei minhas.'
- Você roubou as empregadas, VOCÊ ROUBOU AS EMPREGADAS DEMÔNIOS! VOCÊ QUE ACORDOU O MALDITO BRUXO MORTO-VIVO!!!
- 'Talvez sim, talvez não, talvez apenas estava na hora dele terminar a sua soneca. Nunca saberemos. Mas agora eu gostaria que você me fizesse um favorzinho.'
Remédios agora acreditava piamente de que era culpa de Jaldabaoth o surgimento do bruxo morto-vivo, mais uma pedra a ser acrescentada na conta que o demônio iria pagar.
- Não farei nenhum pacto, demônio.
- 'Só quero que mate o Rei Feiticeiro, Ainz Ooal Gown.'
- Por que eu faria isso?
- 'O inimigo do meu inimigo é meu amigo.'
Remédios sabia que demônios eram arrogantes e seus egos feridos os deixavam bastante vulneráveis.
- Você quer que eu termine seu trabalho mal feito.
- Eu o subestimei. Após desgastá-lo por meses, achei que o tinha matado. Em vez de me recuperar por completo de nossa primeira luta, gastei meu poder destruindo este reino, enquanto ele se escondia nas terras dos demi-humanos.
- Você nem mesmo pôde vencer os Treze Heróis. - disse ela olhando para o esqueleto demi-humano.
- 'Os humanos? Eles não eram apenas treze, mas o meu erro na época foi ter dado muito do meu poder para aquela espada. Dividir minha força com a arma não foi a melhor estratégia, pelo menos até agora. Eu quero que pegue a espada, use ela para destruir a serva do Rei Feiticeiro e dominar este reino. Logo ele virá até você e com essa arma, seu fim estará garantido.'
A paladina tinha suas dúvidas, mas a arma emanava poder. Quando se aproximou e pegou o punho da espada, foi como pegar o peso do mundo. Ao tentar puxar a lâmina, esta não se mexeu.
- Achei que quisesse que eu usasse essa coisa?!
- 'Humm! Talvez seja muito pesada, talvez você precise de mais uma ajudinha. Sabe, a minha máscara também carrega poder, ela fortalecia as Empregadas Demônio.'
- E as controlava. Você quer usá-la para me possuir, como fizeram aqueles loucos ao tentarem te invocar.
- 'Talvez eles tivessem sucesso com um corpo forte, mas não estou pronto, ainda não. Talvez em um século ou dois, mas você não está com medo, está? A cavaleira das rosas luta diariamente com o demônio na espada dela. Por acaso ela é mais forte que você? Talvez eu deva procurá-la?!'
O demônio a estava provocando. Era lógico que ela era mais forte do que Lakius. A menina não era nem metade dela.
Remédios reuniu toda sua convicção e pegou a máscara, mas antes de colocá-la, deu uma olhada no rosto demi-humano. O esqueleto parecia sorrir para ela. Quando colocou a máscara azul e dourada, sentiu a eletricidade percorrer seu corpo. Uma rajada de vento apagou a tocha, as luzes mágicas se extinguiram e tudo escureceu. Mas então, sua visão ficou turva e depois tudo pareceu claro.
- Visão noturna.
- 'Entre outras coisas. Vamos tentar novamente, juntos. Agora pegue a minha Bloody Sword.'
Remédios Custódio, a Paladina Caída, não sentia nenhum sinal de possessão.
- 'Talvez o demônio esteja realmente muito fraco.' - pensou ela.
Então, aproximou-se da espada e a pegou pelo cabo, puxando-a da pedra com apenas uma mão. A lâmina, que parecia ser feita de osso, era maior do que a humana, e um grande olho se abriu na lateral, como se fosse uma coisa viva, um monstro cujo poder maldito emanava e pingava sangue negro.
A lâmina encolheu quando foi colocada em sua bainha. Ao fazer isso, Remédios não disse nada, apenas foi em direção à saída.
- 'Você não está esquecendo algo?'
Remédios parou e se virou para o altar. Olhou com convicção para a jarra que continha a cabeça de Kelard Custódio.
- Minha irmã está morta - disse ela, indo embora.
........................................
Nota do autor
Olá, sobre todas essas informações que Demiurge falou, ele conseguiu tudo com Fluder, O mago tem mais de duzentos anos, viveu na época das Divindades do Mal e provavelmente em todos os seus anos de vida estudou muito sobre eles.
Apesar de Demiurge manipular essas informações para ligar a existência de Jaldabaoth ao Rei Demônio, ele não pode distorcer muito pois ainda tem sobreviventes daquela época, Fluder, Rigrit e o Platinun Dragon Lord.
Chapter 88: Solenidades
Summary:
Enquanto a guerra prossegue, Ainz precisa cumprir uma obrigação no Reino Dracônico
Notes:
Olá Nazarins e Pergaminhos, mais um capítulo da minha Fanfic Aquele que Voltou. .
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 76: Solenidades
Chapter Text
Meses após a queda da Teocracia e a reunião no Conselho de Argland, uma recepção no Reino Dracônico estava sendo realizada. Neste momento, toda a solenidade da chegada dos dignitários já havia terminado, um cerimonial extremamente chato aconteceu, com toda pompa e circunstância merecida. Por isso, apenas um resumo dos melhores momentos aqui será relatado.
Os governantes vieram de carruagem, mas é lógico que não fizeram o caminho todo até aqui, portais foram providenciados, assim todos chegaram ao mesmo tempo na capital.
A população do reino estava nas ruas para ver a chegada das comitivas, bandeiras enfeitando os prédios e os postes, flores nas janelas e onde pudessem ser penduradas. Apesar da população da capital estar em melhor condição do que o resto do reino, nem pareciam que quase acabaram na barriga de homens-bestas.
Todos acompanharam a coluna que seguia até a entrada do castelo onde havia uma verdadeira feira acontecendo.
As carruagens eram uma mais bela do que a outra, e apesar de haver várias, era possível distinguir aquela que levava um governante.
A delegação que encabeçava a procissão era do Reino Anão e sua principal carruagem era feita em metal escuro, robusta, mas ornamentada com padrões geométricos.
A segunda comitiva vinha de Arwintar e a carruagem do Imperador era dourada em quase toda sua estrutura, com vários desenhos intrincados.
Já a terceira era do Reino Élfico e bem... ela parecia um ser vivo vegetal, sua estrutura lembrava uma carruagem, apesar de possuir partes móveis como rodas, tudo nela se assemelhava às partes de um bosque, com o verde de grama e folhagens e o marrom escuro da madeira de uma árvore centenária, mas não era fria como uma tábua morta; ela irradiava uma aura quente, fresca e viva.
A maioria das carruagens era puxada por criaturas semelhantes a cavalos, Slipnirs, brancos, negros e alguns mais robustos que outros; a única que não seguia o padrão era a da comitiva do Reino Feiticeiro.
Primeiramente, por ter apenas uma única carruagem na delegação, à sua frente seguia uma escolta de cavaleiros mortos-vivos usando armaduras douradas, suas faces não podiam ser vistas através dos capacetes, apenas o brilho de seus olhos vermelhos; eles vinham montados em Devoradores de Almas e o mesmo tipo de criaturas puxavam a carruagem. Esta era um espetáculo à parte, grande, negra e dourada, se a que o embaixador usou da última vez era imponente, esta era um palácio sobre rodas; sentado guiando no coche estava um diabrete vermelho, usando smoking completo.
Na história do Novo Mundo, nunca se soube de alguma reunião onde tantos soberanos estivessem ao mesmo tempo no mesmo local; se Ainz ganhasse uma moeda a cada vez que algo assim acontecesse, ele teria duas moedas, o que não é muito, mas é estranho que tenha acontecido duas vezes no últimos meses.
A parte mais emocionante foi a entrada dos governantes, nunca alguém está preparado para a chegada do Rei Feiticeiro, é como se vislumbrassem a epítome do poder, por isso foi tentado minimizar o choque de sua presença para o grupo seleto de nobres dentro do salão palaciano, anunciando os outros governantes primeiro.
A primeira carruagem a chegar foi a de Gondo, o anão com seu jeito bruto de ser, seguiu em um passo curto, sua comitiva trazia como presentes joias de beleza esplendorosa.
Em seguida veio o Imperador Jircniv; este sabia como se portar, mesmo não gostando da Rainha Draudillon, ele não fez nenhuma menção ao fato ou deixou transparecer sua surpresa ao vê-la um pouco mais velha do que ele se lembrava. Como presentes, foram trazidos belos quadros, um deles era um grande autorretrato em tamanho natural do próprio Imperador, tal obra a rainha tinha a intenção de queimar ou colocar no calabouço para torturar os prisioneiros.
O Rei Elfo foi o próximo; Mare quase vacilou em seu andar, mas apenas por um momento. Ele sabia que se houvesse alguma falha, era seu mestre quem seria humilhado, então tentou ser o mais adulto possível. Seus subordinados carregavam dois pequenos potes com sementes. A rainha se mostrou muito interessada; os nobres, a princípio, estranharam o presente simples, mas ao verem que tais sementes eram douradas e platinadas, se calaram.
"Estas são sementes de Carvalhos Sagrados, as árvores que nascerão destas sementes nunca adoecerão ou morrerão naturalmente, elas serão um símbolo de amizade entre nossos reinos enquanto permanecerem", disse o jovem elfo.
Todos ficaram maravilhados com o simbolismo do ato, principalmente pelos reinos ainda nem serem formalmente aliados.
Ainz analisava a situação:
— ‘Depois disso, o que posso dar que seja tão significativo?!’
Sebas foi anunciado, e a rainha estava ansiosa pela sua chegada, mas para sua decepção, ele vinha acompanhado de braços dados com uma jovem, a mesma que estava vestida de empregada na última vez que o embaixador esteve no reino. Apesar disso sua esperança se manteve, pois ambos não possuíam o costumeiro anel de casamento.
Por último, vieram a Primeira Ministra e o Rei Feiticeiro; a tensão na sala era palpável até que Ainz quebrou o silêncio.
— Boa noite, Draudilon Ouriculos, Dragão da Escana Negra, Rainha do Reino Dracônico. Eu sou o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown e agradeço pelo convite para vir ao seu reino.
— Nós, do Reino Dracônico, que nos sentimos agraciados com a vossa presença, Majestade.
— Para mim, é uma imensa satisfação estar aqui, mas neste momento solene eu vejo que trouxeram muitos presentes a vossa pessoa: Foram entregues riquezas, arte e amizade, e agora me vejo em uma situação...
— VOSSA MAJESTADE! – cortou Draudillon – Aham! Vossa Majestade, me desculpe interrompê-lo, mas acho que houve uma confusão; o senhor é o homenageado aqui. Por tudo que já fez por nós, não aceitarei uma única moeda ou joia de Vossa Majestade. Quem deveria entregar presentes, oferendas e provas de amizade sou eu, e ainda assim o senhor já nos deu o maior presente que podíamos ganhar, nossas vidas, por isso agradecemos.
A Rainha se levantou e então fez uma mesura; os reis a acompanharam, e todos os nobres presentes se ajoelharam.
Albedo sorria e Ainz pensava.
— ‘Ufa! Essa foi perto’
Após essa cerimônia, todos agora estavam apreciando o sarau que se seguiu, cada um à sua maneira, claro; nenhum nobre poderia falar diretamente com um soberano, então Jircniv entrava em uma discussão com Gondo cada vez que se encontravam.
Mare não tinha muitas pessoas à sua volta, apesar de muitos interessados em falar com sua comitiva; Antilene era uma barreira intransponível no momento. Muitos assuntos precisavam ser tratados pela própria comitiva, pois desde que assumiu a função de rei, poucas vezes realmente esteve em suas novas terras, deixando a maior parte da administração, senão toda ela, ao Primeiro Ministro, coisa que deixou ambos contentes já que um não tinha experiência e o outro fazia tal serviço há séculos.
Decen Hougan nunca se importou com a governança em si, apenas queria saber da guerra, poder e filhos; então, depois de sua queda, tal ajuste como o novo Rei Elfo foi muito bem-vindo pelo Primeiro Ministro, mas agora Mare foi lembrado que ainda precisaria ser oficialmente coroado, algo que o fez gemer internamente.
A Rainha se aproximou de Ainz; ela agora tinha uma aparência mais velha do que a usada durante o conselho, pelo jeito estava mudando gradualmente sua aparência juvenil para algo mais adulto nos últimos meses.
— Vossa Majestade, está apreciando a visita?
— Sim, Rainha Draudillon, a música é particularmente bonita; há poucos dias fui visitar as terras em sua fronteira e a beleza do local me impressionou.
— Ficamos honrados pelas suas palavras.
— Apesar disso, ainda acredito que deveria ter entregue algo a vossa pessoa, algo que talvez deseje.
A rainha olhou de soslaio para Sebas.
— Posso pensar em algo.
Ainz ponderou por um momento.
— Acho que tal presente poderia ser acertado, e tenho certeza de que não receberia uma única palavra de objeção... mas acho que a senhora não seria feliz, pois o presente tem vontade própria e com isso, seus próprios desejos. Acredito que a senhora não deseja apenas um troféu, não é mesmo?
— Não, se ele fosse ficar, seria por sua própria vontade.
— A senhora é bastante honesta, então... tem a minha benção para lutar pelo que deseja.
Draudillon sorriu, pediu licença e foi diretamente falar com Sebas.
— Olá, embaixador Sebas, muito me alegra vê-lo novamente em meu reino - disse ela olhando para Tuare.
— Sempre é um prazer visitá-la.
— Sim, um prazer. Lorde Sebas, será que eu poderia falar com sua... acompanhante por uns instantes? Gostaria de pedir algumas opiniões femininas.
— Sim, com licença, Vossa Majestade – disse Sebas, afastando-se.
— A senhorita se chama Tuareninya, se não estou enganada.
— Sim, Vossa Majestade. Tuareninya Veyron.
— Posso chamá-la de Tuare, não é?
— Como desejar, Vossa Majestad...
— Bem, Tuare, o que diria se eu pedisse para se afastar do embaixador?
Tuare pensou por um momento.
— Eu diria que apenas o Rei Feiticeiro teria o... poder para solicitar tal coisa, e acredito que ele não o tenha feito, Vossa Majestade.
— Não, não o fez, mas posso solicitar a presença de Lorde Sebas aqui, indefinidamente.
— E a senhora então teria um prisioneiro, teria seu corpo, mas nunca seu coração.
— Mesmo assim, eu aviso que pedirei a presença do embaixador o máximo possível, então, com o tempo, ganharei seu coração também.
— Vossa Majestade, se me permitir ser franca...
— Não espero nada menos do que isso.
— A senhora, nunca vai arrancar o Sebas de mim – disse Tuare com tal convicção que surpreendeu a rainha.
— Isso é o que veremos – retrucou a soberana no mesmo tom.
— ‘Sua lagartixa velha!’
— ‘Humanazinha miserável!’
Apesar dos sorrisos forçados, a tensão entre as mulheres era tão grande que parecia haver um relâmpago cruzando o olhar entre ambas, isso durou até que ouviram uma conversa próxima.
— Obrigada pelo lenço, Lorde Sebas, vejo que o senhor está sozinho, gostaria de beber algo?
Ambas olharam enfurecidas para Leinas que se mostrava como mais uma rival nessa luta.
— ‘Coitado’ – pensava Ainz enquanto olhava o mordomo cercado pelas três mulheres, sem perceber que Albedo, sorrateiramente, neste tempo todo, já estava de braços dados com ele.
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Nota do Autor
Tuare a Draudillon manterão uma rivalidade em relação a Sebas, já Reinas só vai esperar uma oportunidade.
Chapter 89: Interlúdio 13
Summary:
Diretamente do Tapete Vermelho .
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro interlúdio em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 13
Chapter Text
- Voltamos mais uma vez diretamente do Reino Dracônico com o Tapete Vermelho em homenagem a Ainz-Sama.
- Até agora, vimos a procissão de carruagens se dirigindo até o castelo; apesar de seus esforços, nenhuma se comparou à beleza utilizada por Ainz-Sama, arinsu.
Aura e Shalltear narravam de forma alegre os acontecimentos mostrados pelo Espelho de Visão Remota. Ambas estavam vestidas com pijamas e usavam escovas de cabelo como microfones. Sua plateia consistia nos outros três guardiões, Demiurge usando seu pijama listrado e segurando Victim no colo, e ao seu lado Cocytus. Estes dois últimos tinham apenas gorros com pompons sobre a cabeça, "para entrar no clima", segundo eles.
Todos estavam na sala de descanso observando a chegada das delegações e a festa organizada em sua honra.
- Agora vem a melhor parte, a entrada no palácio - anunciou Aura.
- Mas antes, vamos analisar a anfitriã. Esperamos que ela esteja à altura do privilégio que é receber Ainz-Sama.
- Isso mesmo, como disse minha colega vampira, a rainha precisa se esforçar. Vamos ver então, a rainha está sentada em seu trono de ferro e parece estar usando um vestido longo negro feito ao que parece ser escamas. É isso mesmo?
- Um momento - disse Shalltear com dois dedos na têmpora - sim, os Demônios das Sombras confirmaram que são escamas de dragão, mas pelo tamanho devem ser escamas de bebê, provavelmente as próprias escamas antigas da rainha.
- Certo, sobre a cabeça da rainha, ela tem uma coroa feita de cristal negro. Aquilo é obsidiana ou algo mais?
- Sim! - disse a vampira ainda em comunicação com seu informante - Aquilo é Vidro de Dragão! É isso mesmo, Draco Obsidian!
Demiurge se inclinou interessado, pegou um punhado de pipoca, deu um pouco a Victim e comeu o resto enquanto pensava:
- 'Vidro de Dragão é um ingrediente alquímico raro, obsidiana feita do calor do sopro de um dragão e carregada de mana. Ele é necessário para a confecção de poções vermelhas, um dos ingredientes que ainda não tínhamos sido capazes de encontrar no Novo Mundo, até agora'.
- Atenção! Os primeiros convidados estão entrando, quem vem na frente é o Rei Gondo. Eu já conversei com o anão e ele reconheceu rapidamente a grandeza de Ainz-Sama - disse Aura.
- Um povo que soube se submeter. O rei está vestindo um tipo de uniforme anão e, sobre tudo isso, está usando uma capa de pele. Sua aparência me diz que é pelo de Quagoa.
- Tem certeza? - perguntou a elfa.
- Claro! Matei tantos deles e estive perto o suficiente para me lembrar - disse Shalltear de forma orgulhosa.
- O Imperador "Jerkvic" não vai gostar nada da provocação. Como será que ele vai revidar?
- Já vamos descobrir.
Após a comitiva do Reino Anão entregar seus presentes, entrava a comitiva vinda do Império Baharuth.
- O Imperador "Jerkvic" está usando um conjunto de túnica dourada salpicada com rubis vermelhos, provavelmente uma tentativa de exaltar o apelido de "Imperador Sangrento" - disse Aura.
- "Imperador Sangrento", que original! Como se houvesse algum outro tipo de Imperador - desdenhou Shalltear para Aura e ambas deram uma grande risada falsa.
- Pelo visto não há nada de mais em sua apresentação. Espere! Acho que falei muito cedo. Shalltear, me ajude. Aquilo no quadro maior, no retrato dele, pintado no fundo, é um anão vestido de empregado?
Ambas haviam se aproximado tanto que estavam quase com o rosto colado no espelho para ver o autorretrato do Imperador quase nu em pé com uma pose de vitória olhando para o além.
- Me deixe aproximar a imagem, Aura. Sim! É um anão vestido de empregado e DE BARBA RASPADA! Oh! Ho! Ho! Pela cara do rei anão, seus ancestrais devem estar se revirando nos túmulos com essa ofensa. A noite começou a esquentar, arinsu.
- O próximo a entrar é o meu irmãozinho, não vacile Mare! - ordenou a elfa mesmo sabendo que seu irmão não escutaria.
O rei elfo estava na porta do salão e teve um segundo de hesitação. A meio-elfa que estava a dois passos atrás de seu senhor se deu um passo à frente. O elfo não olhou para Antilene, mas essa aproximação foi o suficiente para dar confiança e incitar Mare a começar a caminhar.
- Mare Bello Fiori está usando um conjunto feito diretamente no Reino Élfico, nada digno de nota pois ele tem roupas bem melhores em Nazarick, arinsu.
- Ainz-Sama que mandou ele usar algo do novo reino. Ele disse que seria bom para autoestima dos elfos ver Mare usando algo típico.
- Oh! - respondeu Shalltear.
Sem nenhum erro cometido, logo chegou a vez da comitiva vinda do Reino Feiticeiro.
- O primeiro a entrar é Sebas Tian, o Mordomo de Ferro está usando uma variação de seu uniforme, um tuxedo de gala preto com uma gravata borboleta branca e abotoaduras com o emblema do Reino Feiticeiro, muito sóbrio -comentou Aura.
- Não podemos deixar de comentar sua acompanhante. Afinal, a humana está usando "Neuronist", uma peça criada e confeccionada pela torturadora número um de Nazarick. O vestido branco de cauda longa é feito em couro, assim como o espartilho negro. O material de ambos foi fornecido pela fazenda de Lord Demiurge.
Para agradecer a menção de Shalltear, o arquidemônio fez uma mesura exagerada com a mão. Ele sabia que a humana não tinha perguntado e nem queria saber de qual animal veio o couro, mesmo assim, parecia feliz em usá-lo.
- A Rainha não parece nada contente com essa visão. Podemos esperar alguma tensão esta noite, arinsu.
- Agora chegou a vez da atração principal, nosso senhor Ainz-Sama! UHUUU! - gritou Aura.
- Ainz-Sama veste uma túnica branca com incríveis detalhes dourados, sua vestimenta destaca totalmente sua divindade - suspirou Shalltear.
- Já sua acompanhante Albedo está usando um belo vestido azul turquesa - provocou Aura.
- UNF! - bufou a vampira - Eu teria sido uma melhor escolha do que aquela gorila.
- Mas se você estivesse usando aquele vestido, ele simplesmente ia cair. Você não tem nada para segurar no lugar - disse rindo a elfa antes de ser atacada pela vampira.
Os outros três guardiões ignoraram a luta das primas enquanto continuavam a assistir à transmissão.
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Nota do Autor
Um pouco de alívio antes de retornar aos horrores da guerra.
Chapter 90: Busca
Summary:
Néia parte em sua busca e encontrará mais do que queria.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, a guerra continua em outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 77: Busca
Chapter Text
Néia estava há semanas perseguindo um inimigo esguio. Nesta noite de nevasca, seu grupo estava acampado ao lado das montanhas entre Kalinsha e Debone, já nas terras do sul. O desejo da arqueira era ter partido imediatamente ao final da reunião com o Rei Santo, mas devido à sua nomeação, vários protocolos precisaram ser cumpridos. Após isso, passou a noite organizando os Seguidores da Justiça. Ela era a líder de um grande grupo que rivalizava com o exército em tamanho. Simplesmente não poderia partir por semanas sem antes deixar tudo preparado para sua ausência.
O peso da liderança se mostrava novamente presente.
Naquela noite antes de partir, Néia se encontrava no topo da Catedral Negra, observando a cidade de Horbuns de cima. O Bairro da Justiça, como era chamado agora, já estava em pleno funcionamento.
Comércios, pousadas, restaurantes, tudo praticamente construído do zero, já que a maioria das estruturas antigas estava impraticável depois da invasão.
Desde a Noite de Jaldabaoth, que culminou com a destruição do corpo de Remédios Custódio, isso há mais de oito meses, o bairro passou por uma grande transformação.
O Rei Feiticeiro havia comprado o bairro inteiro e, de forma sistemática, o reestruturou para que esta parte da cidade se tornasse o novo centro comercial.
A primeira construção a se erguer, em questão de dias, foi os correios. O Reino Santo não possuía um sistema padronizado de entregas, então basicamente ele serviu como centro de distribuição da ajuda vinda do Reino Feiticeiro: material, grãos, ferramentas, roupas. Tudo passava pela triagem e depois era entregue pelos Nazarins, afinal, os Seguidores da Justiça haviam se incumbido dessa missão.
Néia não poderia esquecer o dia em que ela conheceu o dragão. Ele fora enviado a princípio para agilizar as entregas, mas como se verificou depois, quem praticamente o monopolizou foi ela própria. Devido aos compromissos na Cordilheira Azerlísias, as outras torres sob sua responsabilidade demandaram bastante de seu tempo.
Ao pensar nisso, neste dia, não havia sido visto ninguém dos correios, ou qualquer outros funcionários do Reino Feiticeiro. Isso a intrigou até ouvir a voz.
— ‘Olá, NéiaBaraja.’
A arqueira instintivamente se virou para encontrar nada atrás dela.
— ‘É uma mensagem sua, tola’ - ela pensou - Olá, CZ, como você está?
Néia não gostava de falar apenas com o pensamento, era muito confuso para ela, então só fazia isso quando realmente necessário.
— ‘Estou sem nenhuma anormalidade, desde a última vez que nos vimos.’
— ‘CZ fala engraçado’. Imaginei que você viesse me visitar.
— ‘Não posso visitar Néia nos próximos meses.’
— É por causa da guerra? Vossa Majestade já está ciente?
— ‘Sim, Ainz-Sama participou de uma reunião no Conselho do Estado Argland. Eles não participarão do conflito e solicitaram que o Reino Feiticeiro se abstivesse de apoiar algum dos lados.’
— Recebemos a declaração de guerra ontem. Era de se imaginar que uma declaração teria chegado ao mesmo tempo em Argland. O Rei Santo só enviou um pedido de apoio hoje, algo que deve ser inútil, já que tomaram tal decisão sem nem mesmo ouvirem nosso pedido. Por isso todos os funcionários do Reino Feiticeiro foram retirados. Sua Majestade não nos auxiliará, nem você poderá vir.
— ‘Não, mas Ainz-Sama não virá só porque foi restringido. Nada o impediria de ajudar seu povo. Ele não virá porque tem fé na vitória de vocês.’
Uma sensação de orgulho tomou conta de NéiaBaraja. Seu deus acreditava nela.
— Obrigada, CZ. Eu precisava disso.
— ‘Néia é fofa. Não vou deixar nada acontecer. Se precisar de mim, basta olhar para leste.’
A arqueira pensou na metáfora enquanto olhava para leste.
Seguindo em linha reta, ficava Kalinsha. Após a cidade, vinha a Muralha, que estava a mais ou menos 300 quilômetros. Depois dela, eram mais cem quilômetros na Zona da Morte até a fronteira com Abelions Hills, aos pés das montanhas.
Zona da Morte, seu pai havia dado este nome para a região do Reino Santo onde apenas as patrulhas podiam permanecer. Antes da invasão, era um local perigoso demais para os humanos. Agora, precisariam mudar o nome novamente, já que estavam em paz com os Demi-humanos.
Além de Abelions, sua visão precisaria seguir por mais quinhentos quilômetros até E-Rantel onde sua amiga deveria estar. Então novecentos quilômetros separavam Néia de CZ, e ainda assim ela podia sentir o olhar da amiga sobre ela.
‘Pura imaginação’, ela pensou. Néia sorriu e em algum lugar na fronteira com Abelions Hills, CZ deu um leve sorriso.
Quando Néia desceu, já estava preparada para partir. Ela vestia seu melhor equipamento: O colete do Rei Buser, sua máscara e o arco que Ainz havia lhe dado. Além dos itens antigos, havia diversos novos objetos que CZ insistiu em lhe presentear com anéis de fortificação melhores e colar de proteção, entre outras coisas. Mas um desses presentes estava entre seus preferidos, uma aljava decorada, sem flechas e que permanecia amarrada em sua coxa. A aljava combinava com seu arco e era tão curta que deveria servir para setas em vez de flechas, mas era algo especial, pois era a Aljava das Mil Mortes, capaz de conter uma enorme quantidade de flechas em seu interior sem deixá-las cair pois tinha um pequeno espaço dimensional dentro segundo CZ. Somente flechas podiam ser guardadas lá.
......
— São mil flechas com feitiços de nível dois: fogo, gelo, raio, ácido e veneno. Dez delas são nível quatro. Não use à toa. - alertou CZ.
“Como se ela fosse entrar em alguma guerra”, Néia imaginou na época.
.......
Agora, ela pensava que talvez mil flechas não seriam o suficiente. Enquanto caminhava, seguiu por trás dos correios em direção aos estábulos.
Foi quando percebeu algo se mover na área de desembarque.
— Quem está aí?
— Achei que você me reconheceria.
— Você não deveria estar aqui.
— Eu devo estar onde preciso estar. - disse a criatura soltando uma baforada gelada.
— Rali’ah! Minha amiga. - Néia correu e abraçou a jovem dragão de gelo.
Cinco meses foram o suficiente para que ambas criassem uma forte ligação. Afinal, esta era a segunda amiga que Néia fazia.
— Todos os funcionários do Reino Feiticeiro já partiram, você não deveria... - A arqueira calou a boca quando o enorme dedo tocou sua cara, a unha da dragoa quase tocava sua nuca.
— Shhh! Néia Baraja, pare de falar, eu não vou a lugar nenhum, afinal de contas eu sou o seu dragão.
— Você não é meu, é minha ami...
— Néia! Pare! Para todos os efeitos eu pertenço a você, por isso não fui embora, você está me entendendo?
— Ah! Ahan! Sim! Obrigada, mas não acho que poderemos ficar juntas agora. Partirei hoje em busca de Gustav, de seu corpo ou de seus agressores. Então você precisará permanecer aqui, apesar de eu ter que ser rápida, ainda preciso ser discreta, meu grupo servirá de batedores e irá repassar qualquer movimentação encontrada. Além disso, talvez iremos nos embrenhar em território inimigo.
— Eu sou discreta, posso sumir na neve.
— Não está nevando, está apenas um pouco frio.
— Vai nevar, muito, posso sentir.
— Mais um motivo para ficar, você pode controlar parcialmente o clima, minimizar os danos na cidade. A maioria dos refugiados migrará para cá e para as outras cidades: Kalinsha, Prart e Rimum, as únicas cidades fortalezas capazes de se defender. Precisamos de toda ajuda possível aqui.
— Certo, mas se precisar, me mande uma mensagem.
— Obrigada, Rali’ah. Adeus. - Néia disse, abraçando novamente a enorme amiga.
Ao partirem, o grupo de Nazarins levou três dias até chegarem ao mosteiro do velho padre. Nada restava no local. Com as chuvas, os rastros dos atacantes praticamente sumiram, mas eles deixaram uma trilha para ser seguida.
Mais ou menos a cada dia de viagem, era encontrado uma cabeça empalada. Néia sabia que eram do mosteiro, pois tinham a característica cabeça raspada dos padres Surshanianos.
— Como podem fazer isso? Eles são adoradores de Surshana. Será que o ódio dos seguidores dos Quatro finalmente se voltou aos adoradores dos deuses não humanos?!
Néia estava sendo guiada por essas migalhas através de uma zona de guerra, vilas queimadas e cidades vazias. Em um certo dia, um exército passou em direção a Kalinsha, e parecia que este seria seu principal alvo da invasão sulista que tentaria tomar a cidade fortaleza.
O grupo de batedores até mesmo conseguiu interceptar a informação de que um exército teocrata havia entrado nas terras do reino como reforço aos sulistas.
O grupo de Néia não era muito grande, por isso evitaram a maioria dos confrontos, e com o passar dos dias, seu grupo diminuiu cada vez mais. A cada vez que encontravam algo a ser relatado, um mensageiro precisava ser enviado, mas com o inverno chegando com força total, até essa mensagem chegar a Horbuns levaria semanas.
O uso de feitiço mensagem sempre foi um tabu, pois se acreditava que tais feitiços podiam ser interceptados. Nunca realmente alguém provou tal coisa, mas isso não significava que ela tinha autorização para fazer à sua maneira.
Mesmo não encontrando o grupo que atacou o Capitão Gustav, ainda assim ela tinha esperanças de encontrar algum sinal e vingar sua morte se preciso. Após quarenta dias de busca, mais nada havia sido encontrado. Todas as pistas que poderiam dar alguma direção estavam soterradas na neve, e não havia sinais de cabeças há dias. Era hora de ir embora.
Seu grupo foi levado muito a leste e agora fariam uma longa marcha para casa, passando pela zona de conflito. Foi então que viram algo que chamou sua atenção, algo no alto de uma colina.
— Capitã Néia, o que é aquilo?
— Eu não sei, parecem árvores arrancadas.
Mesmo com a visão prodigiosa de Néia, era difícil distinguir as formas em meio à nevasca. Quando se aproximaram, perceberam que eram vigas pregadas em forma de X, e nelas estavam.
— Nazarins, ELES CRUCIFICARAM OS NAZARINS! - gritou Néia em desespero ao reconhecer o símbolo preso nas roupas.
Aqueles eram Seguidores da Justiça que haviam partido meses atrás. Eles tinham se dado a missão de levar a palavra de seu deus aonde fosse preciso, e agora cinco deles jaziam mortos, pregados naquele local. Mas entre eles havia um corpo cuja cabeça tinha sido esfolada.
— Gustav. Néia se aproximou, e no peito do cadáver havia uma faca cravada com um pergaminho preso. Nele estava escrito:
................................................
“Você falhou, escudeira.
Nos vemos em Horbuns.
Remédios Custódio.”
................................................
Nota do Autor
Néia tem mais uma amiga além de CZ, algum dia eu escrevo como elas se conheceram e fizeram amizade.
Sim, Rali'ah está burlando as regras ao dizer que pertence a Néia, assim não precisa voltar para o Reino Feiticeiro e nem quebrou o tratado de Argland.
Chapter 91: Fuga
Summary:
Néia precisa tomar uma grande decisão.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins outro capítulo quentinho da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 78: Fuga
Chapter Text
- Eu fui uma idiota, ingênua...
- Capitã.
- ...impulsiva, despreparada...
- Capitã!
- ...infantil...
- CAPITÃ!
- SIM! Sim, me desculpe.
- O que era aquilo?
- Uma isca, uma armadilha, e eu caí direitinho. Quem fez isso sabia que eu viria atrás de Gustav e me manteve longe da capital por todo este tempo para poderem atacar. O exército que vimos indo para Kalinsha provavelmente é apenas parte de um todo. A maioria deve ter ido direto para a capital.
- Mas não vimos nenhum outro rastro. Um exército tão grande deixaria rastros mesmo na neve.
- Devem ter ido pelo litoral. O caminho é mais difícil e demorado. Quem planejou isso é bastante inteligente.
- Remédios Custódio.
- NUNCA! Aquela mulher é uma porta. Seu único pensamento é atacar diretamente com força. Alguém a está auxiliando com estratégias.
- Mas ela morreu! Não morreu?! A senhora até destruiu o corpo.
- Sim, não, não sei. Não sei como, mas é ela. Reconheço a letra, reconheço o tom.
Néia não disse mais nada após essa conversa. Ela tentou usar um pergaminho de mensagem duas vezes, uma para tentar contato com Caspond e na outra com Rali'ah. Nas duas vezes, a mensagem falhou. Algo bloqueava sua comunicação. Isso significava que a cidade já está sitiada.
Um dia inteiro se passou desde que esta corrida desenfreada começou. A noite chegava rapidamente quando avistaram Kalinsha. A cidade também estava cercada.
- O que faremos, Capitã Néia?
- Todos parecem concentrados atacando a cidade.
O Nazarin sorriu.
- Isso quer dizer que ninguém estará olhando para trás.
O grupo partiu usando as últimas forças que restavam de seus cavalos. A falta de luz e a pouca neve que caía encobriram sua chegada. Passaram a toda velocidade pelo acampamento, e quando alguém percebeu, o grupo já estava na linha de frente.
- Abram caminho, derrubem qualquer um que estiver no caminho - a voz de Néia era calma e baixa, mas era ouvida pelos Nazarins como se falasse em seus ouvidos.
O grupo estava sendo perseguido quando chegava aos portões da cidade. Se ninguém abrisse para eles, o grupo seria morto aos pés da muralha. Mas os soldados da cidade não abririam nessas circunstâncias. Poderia ser um engodo.
Néia puxou o fôlego.
- ABRAM OS PORTÕES!!! - ordenou ela com o que suas forças permitiam.
Imediatamente os portões se abriram, um pelotão saiu por eles e deu cobertura ao grupo, enquanto uma chuva de flechas afastou os atacantes. Os Nazarins avançaram até a primeira praça, onde foram cercados pelos soldados da cidade.
- Quero ver o comandante! - Néia disse em um tom que ninguém negaria.
Essa era a segunda vez seguida que ela usava essa habilidade. Como evangelista, ela era capaz de influenciar as massas, mas como líder, possuía a Voz de Comando. Qualquer um que já esteve sob suas ordens agiria conforme ordenado. Ou seja, qualquer Nazarin saberia quem ela era e obedeceria. Hoje, esses soldados estão espalhados por quase todo o reino.
- Senhorita Baraja, sou o Comandante Rhudi, estou responsável pela proteção da cidade. De onde a senhora veio? São reforços? Virão mais?
- Comandante, não virá mais ninguém. Pelo visto, o sul começou uma invasão massiva. Neste momento, acredito que a capital esteja cercada também.
- Esperávamos que algum mensageiro tivesse chegado à capital. Pelo visto, precisaremos contar com a senhorita.
Agora era um momento de decisão importante. Néia não era a melhor estrategista, uma ranger épica sim, mas não uma comandante experiente.
- Preciso analisar a situação.
- Venha então, coma, descanse, e te colocarei a par de tudo.
Após uma refeição simples e um pouco de descanso, Néia foi até a sala de comando para saber o que estava acontecendo.
- Então, parece que estamos em uma situação complicada. Para resumir, faz cinco dias que os sulistas chegaram. A cidade tem sido acossada constantemente, e houve várias tentativas de incêndios. Em situação normal, podemos aguentar um cerco por meses, mas estamos superlotados com os refugiados, e nossos estoques estão muito baixos. Não durará mais do que algumas semanas. A ajuda do Negro das Nove Cores seria bem-vinda.
- Comandante Rhudi, agradeço a confiança, mas acho que é exatamente o que querem que eu faça.
- Como assim?
- Nas últimas semanas, fui levada em uma caçada por metade do reino. Fui enganada e instigada a me afastar o máximo possível da capital. Agora, recebo um "convite" para voltar a Horbuns, mas estou aqui, e vocês precisam de minha ajuda. Saber que o convite é uma armadilha me afastará de vez da capital, mas acho que querem me enganar novamente. Querem que eu fique aqui, assim me fazer decidir exatamente o contrário do que deveria.
- Esta cidade é tão grande quanto a capital e está em um ponto estratégico. - disse o Comandante Rhudi.
- Eu sei, por isso seria importante eu ficar. A capital poderia suportar um longo cerco em circunstâncias normais, mas algo não está certo. Uma urgência pressiona minha alma. Se a capital cair, de nada adiantará salvarmos esta cidade. Eu preciso voltar à capital. Os sulistas não querem apenas tomar as cidades. Se vencerem, eles matarão qualquer um que se opôs. Estão matando Shurshanianos e Nazarins. Não deixarão ninguém vivo.
- Então só nos resta resistir. Mas se a senhora pretende partir para a capital, como fará? A senhora pode voar?
Não havia nenhum tom de escárnio nessas palavras; o homem realmente esperava que alguém que tivesse um título das Nove Cores fosse excepcional.
- Não, eu não vôo. Se minha amiga estivesse aqui seria outra história. Mas agora, preciso ver as muralhas.
Seu grupo acompanhou a vistoria, e para qualquer lado que olhavam, havia batalhões de prontidão. Quando chegaram sobre o portão oeste, voltado para Horbuns, perceberam uma movimentação: um grupo se aproximava.
- QUEM VEM LÁ! - gritou o Comandante Rhudi.
- Eu sou o Comandante das Forças do Reino Santo do Sul, Phinneas Ourox. Quero falar com Néia Baraja.
A voz do homem não era alta, mas podia ser ouvida. Apesar de não nomear títulos como um nobre faria, como Néia, ele tinha habilidades de comandante.
- Eu sou Néia Baraja. Fale o que deseja.
- Boa noite, senhora. Eu desejo que você se renda, apenas isso.
- E então você partirá?
- Bem, não. Infelizmente, tenho um serviço a fazer.
- E esse serviço inclui crucificar Nazarins?
- Oh, não! Não, não, não, isso foi apenas por diversão. Mas se você não vier, eu crucificarei cada um dos seus que estiverem nesta cidade. A estrada que vai a Horbuns será enfeitada com seus cadáveres. Mas darei uma opção. Eu faço essa proposta ao comandante da cidade: matem Néia Baraja e eu pouparei as mulheres e crianças.
O Comandante Rhudi era um homem grande e rude, como o próprio nome. Ele olhou para Néia, que tinha menos da metade de seu tamanho e parecia não ter um pingo de medo.
- Me desculpe por isso, senhorita Néia... COMANDANTE PHINNEAS! POR QUE VOCÊ NÃO VEM AQUI CHUPAR A MINHA BOLA ESQUERDA!
Néia ficou ruborizada, e os homens explodiram em gargalhadas.
- VOCÊ PAGARÁ POR ESSAS PALAVRAS. - Gritou Phinneas, esporeando seu cavalo e se retirando.
- VAI CHUPAR O NARIZ DE UM CACHORRO MORTO! - gritou Néia.
- Ooooh! A garotinha sabe xingar. - brincou Rhudi, e todos riram mais.
- Meu pai me ensinou essa.
- Então vamos beber e nos preparar para amanhã. Temos que te tirar daqui.
- Eu tenho algumas idéias comandante.
Pouco antes do amanhecer, Néia já estava pronta. Seu cavalo estava descansado, e ela fazia os últimos acertos.
- Tenho comida e capas extras.
- Aqui, pegue. Você vai precisar. - disse um Nazarin entregando uma poção comum de cura.
Então veio outro e outro, e mais outro.
- E-eu não posso aceitar. Vocês ficarão sem nada, e se precisarem...
- Esqueça. Não é só para você, sabe. Você tem um longo caminho, e ele também. - disse o homem acariciando o cavalo.
- Obrigada, nós agradecemos. Fiquem protegidos. Vocês são arqueiros, fiquem na retaguarda.
- A senhora está brincando, nós somos Nazarins, estaremos ao seu lado, sempre! Que a Justiça acompanhe a senhora.
- Certo, obrigada. Que a Justiça os acompanhe. Acho que chegou a hora, adeus Rhudi.
- Adeus, Néia Baraja. Que a Justiça acompanhe você. Ah, se puder, me faça um favor e enfie uma flecha no olho daquele bastardo.
Néia sorriu.
- Ela terá o seu nome. Vamos.
Os portões oeste se abriram. À sua frente, havia um exército barrando a passagem. Uma leve neblina caía sobre todos, e, por causa do aclive, era possível ver o final das fileiras. Lá estava se sobressaindo o Comandante Phinneas com sua armadura dourada a quase mil metros de distância.
Néia puxou seu arco, testou o vento e mirou um pouco à direita. Seus colegas fizeram o mesmo. Todos dispararam como um, e dispararam de novo e de novo. Os arqueiros nas muralhas fizeram o mesmo.
As primeiras fileiras do exército inimigo ergueram seus escudos para evitar as flechas que caíam, mas nem todas chegaram lá. As flechas dos Nazarins explodiam no ar, liberando tênues nuvens verdes e negras que se espalhavam sobre as tropas.
Os soldados se mexeram assustados, mas rapidamente os capitães reestabeleceram a ordem.
- O que é aquilo? - perguntou Phinneas.
- Comandante! - disse um mensageiro que chegava segundos depois - Parece que o inimigo lançou algum tipo de ácido. Os homens reclamaram de ardência nos olhos ou dores de cabeça, mas não parece haver nada preocupante. As névoas se misturaram com a neblina.
- Deve haver também veneno naquilo. Eles estão desesperados tentando nos fazer ficar enjoados. HAHAHAHAHA!
Neste meio tempo, Néia esteve se concentrando. Ela tinha qye fazer um disparo impossível, tirou sua viseira, pois precisava ver o alvo, juntou toda sua força e tencionou o Ultimate Shooting Star Super. Ao soltar, sua flecha seguiu por quase mil metros até atingir o alvo.
Phinneas, apesar de estar no final da linha de combate, além de qualquer risco de ser atingido, ainda tinha plena convicção de que sua armadura encantada poderia repelir qualquer projétil e aguentaria até mesmo um feitiço de terceiro nível, como Bola de Fogo.
Mas não um de quarto nível.
A flecha explodiu sua cabeça, incendiando seu corpo. O cavalo enlouquecido saiu em disparada pelo meio das tropas até chegar na linha de frente, onde os soldados estavam molhados pela névoa verde escura.
Eles não sabiam, mas Néia teve aulas com CZ por algum tempo. Em uma delas, aprendeu que certos ácidos misturados a certos venenos se tornavam inflamáveis. Sua amiga não teria falado disso e nem dado flechas do mesmo tipo se o tema não fosse relevante.
Assim que o cavalo levando sua carga incendiária chegou nas linhas de frente, o fogo se espalhou rapidamente. Talvez, se um soldado mantivesse a calma, bastaria rolar na neve para apagar as chamas, mas Néia não daria essa chance.
O medo e o caos eram suas armas.
- ATACAR! - gritou ela para os Nazarins e a tropa que saía pelo portão encabeçada pelo comandante Rhudi.
Néia havia distribuído grande parte de suas próprias flechas. Eles precisavam de toda vantagem para aproveitar essa chance de romper as linhas inimigas, abrindo um caminho entre os soldados incendiados.
Disparando o mais rápido possível e derrubando quem podia, Néia entrou pelo meio do caos. Agora, ela precisava confiar em seus companheiros para manter qualquer um afastado dela. Seu objetivo era sair o mais rápido possível antes que pudessem se recuperar do pânico.
Muitos tentaram detê-la, apenas para caírem logo depois. Um capitão tentou impedi-la de passar, mas foi derrubado após ser atingido por várias flechas especiais.
- ECONOMIZEM ESSAS FLECHAS! UMA POR INIMIGO! - gritou ela.
Apesar de sua fuga, ainda se preocupava se havia deixado flechas especiais o suficiente.
Uma muralha de lanças surgiu à frente de seu cavalo. Ela não podia desviar e nem saltar. Com confiança, apenas avançou sobre o inimigo. Em seguida, pequenas explosões desfizeram a formação, quando Néia passou pela fumaça não havia mais ninguém à sua frente. O caminho estava livre.
Ela havia conseguido.
Fazendo sua fuga pela neve, a arqueira ficou tentada em olhar para trás. Mas se o fizesse, talvez não conseguiria continuar sua corrida sem querer voltar para os colegas que agora travavam uma batalha de vida ou morte.
Mas percebeu que algo a alcançava e depois a ultrapassou. Somente uma coisa poderia estar mais rápida do que ela neste momento: um cavalo ensandecido carregando o corpo em chamas do Comandante Phinneas.
Nas décadas que se seguiram, as mães, para evitarem que seus filhos fossem a locais perigosos, passaram a contar histórias assustadoras. Uma das preferidas se tornou aquela que falava sobre um espírito amaldiçoado que rondava os antigos campos de guerra em busca de sua cabeça perdida: a lenda do Cavaleiro Flamejante Sem Cabeça.
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Nota do Autor
Sobre o Comandante Phinneas, sim, foi ele que atacou o mosteiro, matou os padres e esfolou Gustav. Ele seria uma versão inteligente, capaz e muito mais maldosa daquele nobre que afundou Re-Estize.
Deu para perceber que não gosto de deixar esses tipos vivos por muito tempo.
Chapter 92: Fantasmas
Summary:
Néia é perseguida e decisões precisam ser tomadas.
Notes:
Olá Pergaminhos, mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 79: Fantasmas
Chapter Text
- Ela está perdida.
- Eu sei.
- Esses humanos se perdem muito fácil.
- Eu sei.
- Sem sol ou estrelas eles não sabem para onde ir.
- Eu sei.
- E se ela não achar o caminho?
- É para isso que estamos aqui.
- Ela está vindo.
- Eu sei.
- Vamos acenar para ela.
- Eu sei.
Conversavam as duas criaturas quase etéreas quando viram a reação da pessoa que se aproximava.
- O queeee ela está fazeeeeenndoooo? - disse uma delas com o canto dos lábios, fazendo até mesmo o que parecia ser um biquinho.
- Ela está se afastando de nós. - respondeu a outra por entre os dentes mal abrindo a própria boca.
- Então o que vamos fazeeeer?
- Vamos tentar de novo.
Assim partiram as Frost Virgins, levadas pelos ventos gélidos através da floresta, ultrapassando a cavaleira e tomando uma nova posição.
- Ela está chegando.
- Então sorria e acene, apenas sorria e acene.
Novamente uma reação inesperada.
- Agora ela mudou completamente de direção.
- Eu sei.
- Se ela seguir nessa direção por mais alguns dias vai encontrar aquele exército que a gente não quer que ela encontre.
- Eu sei.
- Por queeeeê?
- Talvez porque ela ache que somos espíritos das neves tentando atraí-la para devorar seu calor. - disse ao ver Néia desaparecer entre as árvores.
- A gente faria isso, se não tivéssemos outras ordens.
- Ela não sabe disso e nem deve saber.
- Entãããão.
- Mudança de tática - disse a Frost Virgin se tornando novamente vento gelado.
Néia cavalgava pela floresta desesperadamente.
- Três dias! Três dias de viagem e já estou perdida, maldita tempestade de neve, agora os fantasmas da floresta estão me perseguindo, será que tudo está contra mim?!
Desde a fuga de Kalinsha que Néia não descansou, por três dias e duas noites seguiu sem parar, para isso ela já havia gasto quase todas as poções de recuperação que carregava, a neve esgotava seu cavalo muito rapidamente, enquanto ela mesma apesar do cansaço mental ainda se mantinha sem usar poções, afinal ela tinha anéis de fortificação, recuperação, sustento e um colar de proteção contra as intempéries, então ela ainda estava bem.
O cavalo então parou abruptamente, quase jogando Néia na neve.
Em sua frente estavam os fantasmas, agora rosnando com dentes à mostra e unhas como lâminas saindo de seus dedos, pareciam vampiras feitas de gelo.
Néia esporeou seu cavalo até que ele saísse dali, subindo um morro com forte inclinação. Sua melhor chance era mudar novamente de direção e tentar descer, pois o caminho seria muito mais fácil, mas toda vez que ela tentava algo, os fantasmas quase a pegavam, forçando apenas uma opção de fuga: subir.
O cavalo de Néia estava ficando cansado novamente, ela precisava forçar o animal senão aquelas criaturas a pegariam e sua missão terminaria definitivamente.
- Será que alguma das minhas flechas faria algum efeito? Talvez as de fogo.
A arqueira puxou seu arco, enfiou a mão dentro da Aljava das Mil Mortes e tirou instintivamente uma flecha de fogo. Puxou a corda e disparou na criatura à sua frente.
A flecha simplesmente passou pelo fantasma. Ela tentou novamente e fez com que a flecha explodisse antes de atingir o alvo. Mais uma vez, a criatura apenas se afastou do alcance da pequena explosão, e nem se mostrou interessada em consumir o calor do fogo.
- Então essas coisas querem a mim, que maldita sorte a minha - reclamou Néia.
As criaturas agora estavam em seu encalço, estando logo atrás. Néia não conseguia uma boa posição para disparar. Se tentasse algo, perderia tempo o suficiente para os fantasmas a alcançarem, então só podia correr e correr.
De repente, uma luz surgiu por entre as árvores. Elas estavam cada vez mais espaçadas, e então a floresta acabou, só havia um campo aberto para fugir. Néia escutou o lamento dos fantasmas e, quando se virou, viu duas criaturas na borda da floresta fazendo gestos ameaçadores.
- Elas não podem sair, graças aos ossos do Supremo, estão presas ao seu território.
As Frost Virgins ficaram rosnando e mostrando suas garras de forma ridícula até que a arqueira se afastasse à distância.
- Pronto, agora ela está na direção certa.
- Eu sei.
- E agora?
- Vamos segui-la.
- Mas e se formos vistas?
- Seremos apenas dois fantasmas da neve perseguindo alguém.
- Mas e se tentarem nos pegar?
- A gente se desfaz em neve.
- Eu não quero me desfazer em neve.
- O que deveríamos fazer então?
- Acho que se algo acontecer, deveríamos lutar até nosso fim com um grito de vitória "POR AINZ OOAL GOWN!!"
- E anunciar para todo mundo que trabalhamos para o Rei Feiticeiro.
- Ah é! Esqueci, então... se desfazer em neve.
- Isso.
- Que chato.
- Vamos, precisamos acompanhá-la. Ficaremos invisíveis; o cavalo é mais sensível ao invisível. Podemos usar seus instintos para forçar a direção mais rápida e segura.
- Mas não estamos burlando as regras? Ninguém do Reino Feiticeiro deveria estar aqui, até os Demônios das Sombras foram retirados por precaução.
- Como fomos invocadas aqui, então somos nascidas no Reino Santo, tecnicamente somos cidadãs.
- Tecnicamente?
- Tecnicamente.
- Eu não quero ser tecnicamente uma cidadã do Reino Santo, quero ser uma cidadã do Reino Feiticeiro.
- Você nem conhece o lugar.
- Nossa senhora conhece, e ela fez parecer o melhor lugar do mundo.
- Você é ingênua e não sabe nada do mundo.
- Eu literalmente nasci ontem... e você também.
- Talvez quando terminarmos aqui, nossa senhora nos leve junto.
- Você conseguiu falar com a mestra?
- Não desde que saímos, algo bloqueia nossas mensagens.
- Então vamos continuar fazendo o que nos foi mandado, proteger Néia Baraja.
- Eu sei.
Enquanto isso, Néia continuava sua jornada, seu cavalo já resfolegando. Estava na hora de dar outra poção.
- Três dias, ainda levará mais dez se eu precisar parar e descansar durante o dia e a cada noite, dez dias e não restará nada da capital. A arqueira não sabia o que fazer e olhava para suas mãos de forma frustrada.
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Uma semana após a fuga de Kalinsha.
- ATACAR! ATACAR! NÃO DEIXEM QUE SE RECUPEREM! - ordenava um capitão do exército do Reino Santo do Sul. Apesar de suas tropas serem as últimas da linha de combate, ele tentava fazer parecer que estavam em plena luta.
Foi quando uma criatura surgiu, derrubando tudo em seu caminho e pisoteando os soldados. A neve que caía dificultava a visão da criatura, então os homens não podiam discernir o que era; seu guincho parecia o de um animal agonizante, sua forma a de uma monstruosidade, maior que um cavalo, com uma enorme corcova.
Ela avançava sobre os soldados mais atrasados.
- DETENHAM A CRIATURA! ARQUEIROS! ATIREM! ATIREM! ATIREM!
O capitão que gritava, assim como os soldados a sua volta, foram derrubados por uma lufada de vento e o vulto da criatura cresceu e se abriu, então saltou para o céu e saiu voando.
- Pelos Quatro! Que tipo de monstro estão jogando sobre nós?!! - choramingou o capitão.
A criatura voava em direção à cidade. Seu voo era tão alto que mesmo sem a neve, ninguém podia ver o que era. Quando passou por cima das muralhas, o tempo se abriu. Ainda era inverno, mas não havia a nevasca castigando tudo como do lado de fora da cidade.
Ela voou diretamente para a Torre Negra e, quando lá chegou, depositou sua preciosa carga: um cavalo muito cansado e uma humana debilitada.
- NÉIA! VOCÊ ESTÁ BEM? - gritou Rali'ah.
A humana não respondia. Seu corpo estava pálido, gelado e quebradiço. Seu nariz era negro assim como suas orelhas e mãos, seus lábios quase não existiam de tão retraídos, congelados e quebrados que estavam, deixando seus dentes à mostra.
- Onde estão seus presentes? - questionou a dragoa para si mesma.
Foi quando viu algo preso na crina do cavalo. Eram os anéis de Néia e seu colar. Ela havia posto todas as suas proteções no animal e se sustentou apenas com um resto de poção e cobertores.
- Sua louca - disse golpeando com sua cauda as mochilas presas ao animal. Seu conteúdo se espalhou pelo chão e não restava nenhuma poção de cura. Talvez houvesse alguma poção de Nazarick guardada a sete chaves no quarto de Néia, mas não havia tempo para procurar. A arqueira estava a poucos segundos de morrer.
Rali'ah tomou uma decisão arriscada, sua única opção. Então ela se concentrou e recitou um feitiço que sua mãe havia lhe ensinado na língua dos dragões. O corpo de Néia brilhou e depois disso, a jovem dragoa soprou o rosto de Néia.
Uma névoa fina saiu de seu hálito e entrou pela boca de Néia. Então o corpo da arqueira sofreu uma convulsão.
- ÃÃÃÃÃÃÃRRRHHHHH! - ela puxou o ar, recuperando o fôlego. - *Onde estou?* - sussurrou Néia. Sua voz era apenas um fio, pois seus pulmões até agora estavam congelados.
- Você está em casa.
- *Rali'ah! Estou em Horbuns! Consegui, cheguei a tempo?*
- A cidade está caindo, os portões estão cedendo, acabou.
- *Não, ainda há esperança* - ela gemeu, agora se soltando das garras da dragoa e se arrastou até a muralha.
Sua pele parecia porcelana rachada e estalava a cada movimento. Ao chegar ao parapeito, Néia se forçou sobre ele e arrancou sua viseira, junto com parte de sua pele, pois estava grudada em seu rosto. Seus olhos claros agora eram brancos, cegos pelo frio, mas ainda assim ela parecia olhar para a cidade.
Néia concentrou suas forças e sussurrou ao vento.
- *Lutem... lutem... lutem... protejam a cidade... protejam suas famílias...*
A voz mal podia ser ouvida, mas a magia contida na força de vontade de Néia levou as palavras a cada ouvido das pessoas na cidade de Horbuns.
- *...Lutem... protejam suas casas... protejam seus filhos...*
Mães pegaram cutelos e pais se armaram com machados e foices.
- *...Lutem por vocês... por mim... pelo Deus da Justiça... lutem...*
As pessoas saíram de suas casas como uma convicção que brilhava em seus olhos, foram em direção aos portões que caiam. Quando chegaram lá, entraram em luta diretamente com o exército do sul. O efeito nos Nazarins e soldados de Horbuns foi maior. Tal era sua fúria para expulsar os invasores que lutavam com quatro ou cinco inimigos por vez como berserkers.
Enquanto Rali'ah carregava Néia para o quarto abaixo, a evangelista ainda sussurrava suas palavras de poder.
- .*..Lutem... lutem... lutem...*
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Nota do autor
A magia de dragão que Rali'ah usou em Néia permitiu ela compartilhar parte de sua própria força vital, através de sua respiração.
Vi isso em um filme antigo e gostei, também pode ser compartilhado com sangue e carne, onde cada um tem uma ligação mais forte.
Chapter 93: Pactos
Summary:
Encontros inesperados levam a alianças esperadas.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 80 - Pactos
Chapter Text
Néia sonhava que alguém estava lhe dando um abraço muito apertado e aconchegante, mas não havia o costumeiro calor, apenas o doce abraço frio.
- 'Eu estou morrendo?' - ela pensou e então abriu os olhos.
A arqueira estava presa entre o corpo gelado de Rali'ah e seus braços que não a deixavam se mexer.
Com certo esforço, Néia escapou do estranho abraço. Ao se soltar, caminhou até o espelho e se olhou. Percebeu que não havia cicatrizes, nem sinal de necrose em suas próprias mãos ou em qualquer outra parte de seu corpo, e ela tinha lábios novamente.
- Olá, finalmente você acordou! - disse a voz com hálito gelado.
- Olá Rali'ah, quanto tempo dormi?
- Três dias, duas noites. Você quase morreu.
- Me desculpe por isso. Onde estão minhas coisas, onde está minha viseira?
- Suas coisas estão guardadas, mas sua viseira você a derrubou da torre, se quebrou e se perdeu. Por que ainda quer usar ela? Seus olhos são tão bonitos. - disse a dragoa, passando sua garra de alto abaixo pelas costas nuas de Néia.
Néia se virou e mostrou seu costumeiro olhar.
- Aah! O olhar de um dragão - brincou Rali'ah.
- Aquilo foi presente de Sua Majestade.
- Oh! Então a acharemos depois.
Nesse momento, a porta do quarto se abriu em um tranco.
- Lady Baraja! A senhora acordou! - falou a arqueira de balestra.
- Olá Marin, eu estou bem, obrigada pela preocupação.
- Que bom, minha senhora. A gente queria ter ficado aqui para protegê-la, se não fosse o problema do dragão branco no meio da sala. - Marin apontou o fato da dragoa estar deitada no meio do quarto e tudo a sua volta espremido contra a parede.
- Eu ainda vou aprender a magia de mudança de forma, talvez eu possa mudar para algo menor e menos escamoso, que tal Néia?
Ambas as arqueiras ficaram vermelhas.
- A gente queria ajudar, Godia queria fazer uma dança de recuperação para ajudar a senhora, mas Rali'ah não deixou.
- Marin, a magia bardica só atrapalharia, não ia funcionar direito com a minha própria magia. - justificou a dragoa.
Néia olhava suas mãos brancas.
- Obrigada de novo pela preocupação, deixe os outros entrarem para eu agradecer.
- M-mas, minha senhora, a senhora ainda está...ããã, nua.
A arqueira finalmente percebeu o seu estado.
- Certo, logo sairei então. - disse sem pudor.
- Ahan! Também há visitas solicitando uma audiência com a senhora, são importantes. - completou Marin.
- Certo, marque um encontro para daqui a uma hora.
A arqueira de balestra se despediu e saiu do quarto.
- Você devia descansar.
- Eu estou bem, mais do que bem, me sinto diferente, diferente até demais, o que você fez comigo? Nunca agi desse jeito! - questionou Néia, colocando ambas as mãos na cintura.
- Deve ser influência minha, eu salvei sua vida compartilhando parte de mim.
- EU VOU VIRAR UM DRAGÃO?!
- NÃO! Não partilhei nada tão forte, apenas o meu hálito. Você se curou graças a isso, ainda bem que seus ferimentos foram causados pelo frio, o meu elemento.
- Então não vai crescer escamas em mim ou... uma cauda?
- Não, nada desse tipo. Você apenas vai ficar um pouco mais forte, mas o efeito é temporário, desaparecerá em poucas semanas.
- Certo, então vou me vestir e comer algo. Estou morrendo de fome, eu poderia comer um... dragão - brincou ela.
- Uuuuu! Tantas promessas - retribuiu Rali'ah. - Eu vou voltar para os correios, preciso descansar. Estive mantendo a nevasca em volta da cidade por quase uma semana, estou esgotada de mana. Depois nos vemos - disse, esgueirando-se escadas acima para sair do quarto.
Quando chegou ao terraço, olhou em volta. Os ventos ao redor da cidade já diminuíam; logo o exército inimigo conseguiria se reorganizar para outro ataque. Néia não tinha muito tempo.
Rali'ah se jogou do alto da Torre Negra e planou até o pátio dos correios. Caminhou até seu próprio espaço de descanso, onde duas figuras a aguardavam.
- Bem-vinda, minha senhora - disseram as duas.
- Lancem Silêncio.
- Sim, minha senhora - disseram ambas ao lançar o feitiço.
- VOCÊS DEVERIAM TER PROTEGIDO NÉIA!
- Sim, minha senhora - disse a primeira.
- Eu sei - disse a segunda, ambas em tom de arrependimento.
- Ela chegou quase morta. O quanto vocês se esforçaram?
- NOS DESCULPEM, SENHORA! FIZEMOS O POSSÍVEL! - chorou a primeira delas.
- Fizemos o máximo, minha senhora. Afastamos o pior da nevasca e forçamos o caminho mais rápido e curto. Ainda assim, ela ficou exposta demais ao inverno. Nós não conseguiríamos negar o dano completo nela. - disse a outra, que permanecia calma.
*TUC! TUC!*
- Ai!
- Ai!
- VOCÊS DEVIAM TER FEITO MAIS! - disse a dragoa, dando um cascudo em ambas as Frost Virgins ao mesmo tempo. - Néia quase morreu! Ela não pode passar por uma ressuscitação agora, levaria muito tempo para se recuperar. Este reino cairia antes mesmo dela acordar.
- Então abandonamos a linha do "Mártir" - falou a primeira Frost Virgin.
- Não deixarei que Néia morra! - falou de forma categórica Rali'ah.
- Assim como diz o plano de nosso senhor Ainz Ooal Gown - disse a segunda.
- Sim. Claro. Por isso mesmo. Por causa do plano. - falou a dragoa, deitando e finalmente caindo no sono.
....................................
Uma hora depois
- Lady Néia?
- Sim, Marin.
- Aquela delegação chegou!
- Sim, obrigada. Mandem eles entrarem. E obrigada a vocês pela preocupação. - disse Néia para sua guarda pessoal, que se reuniu ao fundo da sala.
O grupo visitante entrou. Apesar de estarem usando mantos que encobriam suas vestes, suas cabeças agora estavam descobertas. Com um olhar mais atento, seriam reconhecidas, pois eram pessoas famosas.
- Boa noite, Lady Baraja.
Néia se levantou de sua mesa e cumprimentou os recém-chegados.
- O que traz pessoas tão ilustres a estas terras nesse momento tão conturbado?
- Estávamos passeando e resolvemos dar uma paradinha aqui.
- Passeando? Sei, é um caminho meio longo desde Re-Estize.
- Acho que precisávamos tomar novos ares.
- Novos ares? Algo mudou desde a última vez que nos vimos?
- Além do fato de a senhora ter se tornado a pessoa que é agora?
- Além desse fato. Na verdade, preferia que esse não fosse o motivo para agora terem resolvido aparecer.
- Não, não foi. Vimos muita coisa desde aquele dia, há quase dois anos. Se tivéssemos tomado outro caminho, talvez as coisas teriam sido diferentes.
- Se tivéssemos tomado caminhos diferentes, talvez não houvesse reino para ser salvo e agora só restassem ruínas.
- Ainda assim, gostaríamos de oferecer nossa ajuda.
- Vocês não são mercenários ou trabalhadores?
- Aventureiras.
- Então, vocês sendo de outro reino, não deveriam poder interferir segundo suas próprias regras.
- Nosso reino não existe mais. Agora somos independentes.
- Isso muda a situação, mas sei das suas políticas de receber primeiro, salvar depois, e como podem ver, estamos no meio de uma guerra. Nossas reservas no momento estão... comprometidas.
Nesse momento, a figura menor se aproximou, se abaixou e ao se levantar colocou algo sobre a mesa de Néia.
- Acho que isso deve ter caído de seu bolso.
Néia pegou o objeto. Era uma moeda, mas não do Reino Santo; era um crânio de prata do Reino Feiticeiro.
A arqueira olhou para a moeda por uns instantes, analisando a situação. Aquilo não era dela.
- Obrigada por... encontrá-la, mas acho que só posso pagar isso no momento - disse ela, empurrando a mesma moeda para o outro lado da mesa.
- Parabéns! A senhora acaba de contratar os serviços das Rosas Azuis - falou Lakius, pegando a moeda.
- Vocês poderiam ter sido mais diretas.
- Não sabíamos se aceitariam nossa ajuda. Além do mais, pode agradecer a essa aqui, foi por causa dela que viemos. - Lakius apontou para Evileye.
- Na verdade, estou fazendo um favor para outra pessoa, alguém que não pôde vir por conta de... outros compromissos. - respondeu a maga mascarada.
- 'Será que?' - Sim, obrigada por terem vindo então. Precisaremos de toda ajuda possível.
- Como está a situação? Chegamos de teleporte e não vimos as condições da cidade.
- Bem, estamos cercados, assim como as outras cidades-fortalezas. Então, não virá mais ajuda. Estamos por conta própria. Os portões já foram derrubados uma vez, mas conseguimos expulsar os invasores. Agora, a nevasca que os mantinha ocupados cessou. Logo, eles retomarão o ataque e esses portões precisam ser reforçados.
- Então vamos nos separar. Cada uma irá para um dos quatro portões.
- Os Sentinelas, minha guarda pessoal, acompanharão vocês e mostrarão o caminho.
- ENTÃO VAMOS SALVAR A PORRA DESSA CIDADE! - proclamou Gargaran, envergonhando Lakius.
.........................................
Nota do Autor
Olá, pelo visto Rali'ah passou mais do que queria para Néia. :D
Sobre as Frost Virgins eu não sei dizer se seria normal elas terem personalidades diferentes ou é porque Rali'ah é muito nova e inexperiente em convocação.
Sobre porque as Rosas Azuis estarem alí eu explico no próximo capitulo ; )
Chapter 94: Vampiras ao resgate
Summary:
Um encontro inesperado leva a soluções inusitadas.
Notes:
Olá Pergaminos e Nazarins, mais um capítulo quente da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 81: Vampiras ao resgate
Chapter Text
Duas semanas antes das Rosas Azuis chegarem a Hoburns
Na sala do trono da Grande Tumba de Nazarick, o Ser Supremo estava pensativo.
Esta reunião foi solicitada por seus próprios guardiões, todos eles reunidos para fazerem um pedido, algo deveras incomum. Seu entusiasmo ao ver que seus súditos estavam tomando iniciativas próprias foi obliterado quando percebeu o motivo. Para sua surpresa, eles queriam solicitar autorização para realizarem em breve a comemoração de uma data.
Ainz nunca gostou dessa data em especial. Sempre teve um motivo específico para ficar deprimido nessa época do ano. Mas, como tinham sido os filhos de seus amigos que pediram, ele não podia negar.
Enquanto todos discutiam as trivialidades da organização, ele agora analisava em seus pensamentos a situação no Reino Santo.
- 'Não tem como eles vencerem! Pelo que vi no Espelho de Visão Remota, as cidades estão cercadas. Mesmo com o apoio do grupo de Néia, os exércitos estão fracos e a população, faminta. Com todas as nossas ações e intervenções, deixamos o lugar muito fragilizado. Eu não contava com o impedimento de ir à guerra e salvar o lugar. Agora, deixei tudo nas mãos daquela garota dos olhos estranhos. O pior não é perder um reino, mas como vou explicar para o Demiurgue que tudo aconteceu como "eu previ"?'
- Ainz-Sama?
- Humm? Sim, Albedo.
- Algo o preocupa?
- Me desculpe, Albedo. Eu me distraí em meus pensamentos. Me desculpe por preocupá-la. Você dizia algo?
- Meu senhor, suas preocupações são nossas preocupações e nada é mais importante. Nos ordene e cumpriremos qualquer pedido. - disse a Guardiã Supervisora enquanto se ajoelhava e era seguida por todos os outros.
- Humm, obrigado. Obrigado a todos. Eu... eu estava pensando no Reino Santo e como ele não irá suportar a investida do sul.
- Assim como Ainz-Sama deseja - disse o Arquidemônio.
- 'Droga!' - Demiurgue, você não vê nenhum problema naquele reino ser destruído e tomado?
- Nenhum, meu senhor.
- 'Aff!' - Por quê não?
- Como Ainz-Sama nos havia dito antes, devemos confiar no Plano de Dez Mil Anos. Acredito que o plano contemple tanto a vitória do Norte quanto a do Sul, caminhos diferentes que levarão ao destino que é a Glória de Ainz Ooal Gown! - todos aplaudiram.
- Sim, isso, exatamente, mas...
Neste momento, todos ficaram em suspense. Seu mestre tinha dito "mas", a palavra que sempre indicava uma grande revelação.
- Mas, eu realmente não queria perder aquele reino. Investimos tanto nele que seria um desperdício entregá-lo ao Sul.
- SIM, AINZ-SAMA! - todos falaram ao mesmo tempo e formaram um círculo onde começaram a debater algo.
- 'O que eles estão fazendo? O que foi que eu fiz!?'
Os guardiões começaram a discutir as possibilidades e chances que o Reino Santo tinha para sobreviver à investida do exército rebelde. Albedo, Demiurgue e Ator de Pandora eram os mais empenhados em formular planos, enquanto Cocytus, Aura e Mare apenas contribuíam como apoio.
- Logicamente que Ainz-Sama não quer perder uma de suas jóias, principalmente uma que ele vem lapidando há tanto tempo.
- Então, Demiurgue, você não deveria ter reforçado tanto o exército inimigo.
- Albedo, os teocratas foram lá por conta própria e eu apenas entreguei uma arma lixo para a paladina. Ela precisa estar à altura para ser uma antagonista memorável. De nada adiantaria a garota Baraja derrotar alguém insignificante.
- Então nos restam poucas opções, mein Freund.
- Precisamos. De. Tempo. Para. Estudarmos. Estratégias.
- Mas por que Ainz-Sama nos pediu para fazermos isso? Se tudo faz parte do plano, Ainz-Sama já tem a solução, né Mare!
- S-sim, oneesan.
- Ainda assim, acredito que mein Vater nos incumbiu dessa missão neste momento para que pudesse ver a nossa capacidade de nos adaptarmos. Ahan! Vater! Estudaremos de imediato qualquer ação que possamos tomar e traremos as soluções em seguida.
- Mas, Ator de Pandora, estamos muito limitados, o que podemos fazer agora?
- 'Oh! Mein Vater não nos dará tempo para ponderarmos, ele quer que improvisemos' - Já! Nesta situação, podemos descartar o envio de soldados. Como está fora de cogitação enviar forças do Reino Feiticeiro, talvez possamos enviar agentes incógnitos.
- Não, é muito perigoso sermos descobertos. Por isso, retiramos até os Demônios das Sombras. Somente o dopelganger Gaspond foi mantido, pois ele é essencial e virtualmente indetectável sem um feitiço direto.
- Talvez um evento catastrófico? Mare poderia fazer surgir um vulcão que destruiria a maior parte do exército inimigo ou reforçar mais as tempestades de neve.
- Não, Albedo, seria coincidência demais. Todos os dedos se voltariam para nós.
- Podemos enviar criaturas deste mundo - disse o Arquidemônio. - Aura poderia controlar algumas feras das neves como roedores. Entoma poderia então espalhar uma praga com seus insetos, assim como Kyouhukou. Sabemos como acampamentos de guerra são insalubres, um surto não seria novidade.
- Para tal ato funcionar Demiurgue, precisaremos contaminar as cidades superlotadas também. Assim não haveria suspeitas, mas o impasse se manteria, pois os dois lados seriam enfraquecidos.
- Por que não mandamos aventureiros? - todos os olhos se voltaram para Shalltear.
Até aquele momento, a vampira tinha se mantido em silêncio. Na verdade, parecia que esteve se esforçando para pensar em algo sozinha.
- Humm, mas não podemos contratar aventureiros, nem enviar Momon. Obviamente, estamos impedidos pelo tratado.
- Mas e se aventureiros fossem ajudar, sem ligação oficial conosco e por vontade própria, apenas com uma leve sugestão?
- Interessante, mas quem poderia ser e como faríamos isso?
- Eu poderia mandar a minha aprendiz convencer as amigas a lutarem. Elas são do tipo bastante... boazinhas e talvez tenham motivos para ir lá.
- Você tem uma aprendiz?!
- S-sim, eu informei em um de meus relatórios, talvez ele tenha sido um pouco vago. Só um momento, eu tenho uma cópia aqui, Ainz-Sama - disse a vampira, remexendo seu inventário particular e então tirou do espaço dimensional uma folha de pergaminho.
- Aqui! Achei! Ahaam! "Informo a Ainz-Sama de que adquiri e estou treinando uma Vampira Verdadeira como minha pupila."
- 'É ISSO!? Esse é o relatório?!' - Ahan! Sim, eu me lembro, Shalltear, mas como ele foi um tanto quanto superficial, eu gostaria que você me dissesse de quem se trata essa Vampira Verdadeira.
- O senhor a conhece, é a garotinha feiticeira com a máscara, aquela das aventureiras Rosas alguma coisa.
- Aaah! A assediadora.
- Sim, ela se chama Evileye, mas o nome real dela é Keno. Fiz dela minha aluna e às vezes ela faz alguns serviços menores.
- Eu sabia que ela tinha algum segredo. Então, como você a convenceu a trabalhar com você?
- Convenceu? Bem, eeeeuu... meio queeee... a obriguei.
- Você a obrigou?! - disse Ainz, levantando uma sobrancelha metafórica.
- Sim, Ainz-Sama, eu usei meu poder como vampira superior e a obriguei a vir aprender comigo. Ela realmente precisava disso, ela não sabia nada de como ser uma vampira.
- Entendo. E o que exatamente você a está ensinando?
- Bem, basicamente, o que eu aprendo com o senhor Barintacha*. - disse Shalltear, esta última parte quase em um sussurro.
Ainz quase bateu com a mão na própria testa.
- 'ELA NÃO SABE NADA!' - Sim, entendi. O senhor Barintacha é um vampiro experiente, com milênios de vida. Acredito que ele tenha muitas coisas a serem ensinadas, até mesmo para uma vampira poderosa como você, Shalltear. Mas me preocupa a lealdade dessa sua pupila. Como você a mantém sob controle? Você a recompensa?
- Recompensa?! A glória de ser a subordinada da subordinada do Rei Feiticeiro deveria ser o suficiente.
Ainz se manteve calmo e sereno, mas dentro de sua cabeça, Suzuki Satouro rolava em agonia. Seu eu assalariado não podia suportar o fato de alguém trabalhar sem remuneração.
- Shalltear, sei que podemos forçar as pessoas a fazerem o que queremos, mesmo que ao passar dos séculos possa levar à doutrinação e obediência, mas sempre haverá a possibilidade de revolta.
- Então eu deveria barganhar?
- Algo assim. Oferecer algo em troca geralmente contribui para manter o interesse e o sigilo da ligação dela com você.
- Sim, Ainz-Sama, sua sabedoria sempre me ilumina. A garota parece precisar de ajuda para descobrir quem a transformou em vampira e se vingar. Vive reclamando disso.
- Pronto, um ótimo motivador. Ofereça ajuda.
- Certo, Ainz-Sama. Eu entrarei em contato agora mesmo. Acho que ela tem dado muito trabalho para o Ator de Pandora. Ultimamente, ela não sai de perto de Momon, arinsu.
- Meinlieber Freund, agradeço imensamente por isso. Mas será que as tais Rosas Azuis serão o suficiente para mudarem o pêndulo da balança?
- Se aquele reino deseja sobreviver, as Rosas Azuis terão que se esforçar. - encerrou Ainz.
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Nota do Autor
Como falei no capítulo anterior, trouxe a explicação de como as Rosas acabaram indo para o Reino Sagrado, espero ter sido coerente.
Faltam nove capítulos para o final deste arco.
Chapter 95: Emboscada
Summary:
Caspond discursa para a cidade, e o perigo surge das sombras.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, outro capítulo chegando em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com Vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 82: Emboscada
Chapter Text
Na manhã seguinte depois da declaração de guerra, Néia estava sobre a Torre Negra observando a cidade. O vento frio castigava, mas a nevasca já havia passado. Esta era uma hora perigosa, a sensação de que algo aconteceria era iminente.
Por isso, as Rosas Azuis partiram cedo para reforçar os portões.
- Caspond irá fazer um discurso.
- Será que este é um bom momento, Néia?
- Acho que sim, Rali'ah. A qualquer hora o exército do sul irá avançar. Precisaremos da força de todos se quisermos sobreviver.
- As aventureiras não são fortes? Ouvi dizer que algumas podiam destruir uma cidade.
- Já ouvi isso, mas acho que Remédios não mostrou todas as suas cartas. Tem gente forte do lado dela.
- Humm, isso é um problema. Onde o Rei Santo irá discursar?
- Na catedral. Se olharmos para esse lado, podemos vê-lo, lá, no balcão principal.
Ambas estavam olhando na mesma direção, seguindo por uma avenida por quase metade da cidade, indo diretamente até a frente da Catedral dos Quatro, o local costumeiro para os discursos públicos.
- Parece que vai começar.
- Shhh, Rali'ah! Preciso me concentrar para escutar.
A multidão aguardava em frente à grande igreja.
Poucas vezes o Rei Santo foi visto depois de sua coroação. Agora ele faria essa rara aparição no momento crucial para todo o reino.
O mensageiro oficial se aproximou em uma sacada mais abaixo.
- Todos se ajoelhem perante Sua Majestade o Rei Santo Caspond Bessarez.
Todos se prostaram e, quando o rei surgiu, se levantaram para escutar suas palavras.
- Meus súditos! Hoje estamos em uma encruzilhada. Caminhos tortuosos nos trouxeram até aqui, e neste momento precisamos tomar uma decisão, uma que pode custar nossas próprias vidas e até mesmo nossas almas.
A multidão explodiu em sussurros ao ouvir as palavras propagadas por magia.
- Um exército bate às nossas portas, não um exército de inimigos, mas um exército de irmãos, irmãos desgarrados e confusos, que vêm à nossa casa com a intenção de nos ferir. O desejo deles é tomar o pouco que temos: nossas casas, nossas famílias e nossas vidas. Mas algo que não terão é nossa alma!
- NÃO! NÃO TERÃO! NINGUÉM VAI TER MINHA CASA! NÃO VÃO FERIR MINHA FAMÍLIA! - gritava a multidão na praça em frente à igreja.
- Eles não tomarão nada de nós, pois nossa causa é justa e não cairemos perante ao terror que bate à nossa port...* - Gaspond engasgou, assim como toda a multidão.
Do peito do Rei Santo saía a ponta de uma espada.
- NÃÃÃÃO!!! - gritou Néia.
Um paladino estava atrás do rei e segurava a espada. Com um único movimento, arrancou a lâmina e o corpo do Rei Santo caiu como uma marionete cujos fios foram cortados. Seu sangue escorreu pelo balcão e começou a pingar na escadaria abaixo.
O assassino olhava para o corpo, depois para a multidão e em seguida para a Torre Negra. Então, tirou o capacete revelando quem era.
- O FALSO REI ESTÁ MORTO! VOCÊ É A PRÓXIMA, ESCUDEIRA! - gritou Remédios Custódio com um grande sorriso.
- MALDITAAAAA!!! - gritou Néia, pulando sobre as costas de Rali'ah.
A dragoa se lançou da torre em um voo pela avenida, indo direto até a catedral.
No entanto, quando estava chegando na praça, algo atingiu Rali'ah, obrigando-a a mudar de direção.
- AHHRRGH!
- O QUE FOI?!
- NÃO SEI! PARECEM FLECHAS MÁGICAS, MAS SÃO MUITAS... E QUEIMAM!
A dragoa fazia várias acrobacias, com muitas voltas e giros para desviar daqueles projéteis. Os primeiros que a atingiram apenas marcaram suas escamas brancas, mas em suas asas, onde a pele era macia, fizeram alguns buracos que ardiam como se tivesse provocado queimaduras.
Para tentar escapar, ela subiu em uma grande curva e no momento em que já estava de ponta cabeça, viu no topo de uma torre próxima uma figura usando um manto tão grande que parecia uma barraca. De lá saíam inúmeras coisas brilhantes em uma velocidade incrível.
Rali'ah desceu em um mergulho estonteante, fazendo desvios e giros, seguindo diretamente para o agressor. E quando já estava no alcance, lançou seu sopro gelado.
O sopro do dragão é uma parte fisiológica da criatura e varia de cada espécie. Conforme o dragão cresce e se torna mais velho, a mana é imbuída nesse ataque, fortificando o efeito. Com o passar dos séculos, seu sopro se torna cada vez mais mágico e, por fim, com milênios, um Lord Dragão é capaz de usar o seu sopro feito apenas de Magia Selvagem, pura magia primordial, algo que apenas eles podem manipular.
Rali'ah não era um Lord Dragão. Na verdade, ela tinha apenas alguns séculos de idade. Ainda assim, o efeito de seu sopro foi espetacular.
Todo o topo da torre congelou em estalactites se projetando para trás. O agressor foi atingido diretamente por essa rajada, cessando assim o ataque.
Néia olhava a torre enquanto circulava em um voo suave. Foi quase um milagre ela não ter sido derrubada após tantas peripécias que seu dragão havia feito, mas algo brilhou dentro do gelo e de lá saiu um feixe de luz que quase a atingiu. Ela pôde sentir o calor que aquilo produzia.
Todo o gelo do topo desmoronou. O atacante estava em pé e suas roupas haviam sido rasgadas e arrancadas, revelando uma enorme armadura vermelha. Ele segurava uma arma estranha.
- O que é aquilo? Um golem? - perguntou Rali'ah.
- Não, é uma armadura, um aventureiro. Ele é famoso, mas o que ele está fazendo aqui? E por que nos ataca?
O aventureiro, chamado de RED, empunhou sua arma e novamente disparou.
- DESVIE! DESVIE! - gritava Néia, vendo o perigo.
- Pelos ossos do supremo, o que era aquilo? - reclamou a dragoa ao desviar de outro disparo de luz.
- É uma arma, uma arma mágica que atira luz concentrada e quente. CZ tem uma parecida, mas menor. Não podemos deixar ele nos atingir.
- A coisa de luz é rápida, mas demora para disparar. Então, acho que consigo evitá-lo se mantiver distância.
Como se isso fosse o sinal, um estrondo irrompeu da torre e o aventureiro saiu voando em direção a Rali'ah. Sua arma desapareceu e, em seu lugar, surgiu algo desconhecido neste mundo: uma metralhadora futurista de grande tamanho.
Novamente, a chuva de disparos ameaçava derrubar do céu Néia e seu dragão.
- FUJA! PRECISAMOS NOS AFASTAR!
Rali'ah partiu em um voo rápido e errático, fazendo um zigue-zague no ar para evitar ser atingida. No entanto, o aventureiro era rápido e tinha muito mais mobilidade.
A cada curva feita, ele se aproximava mais. Os prédios não eram muito altos, mas serviam como uma boa cobertura, cortando a visão do perseguidor.
- VAMOS! ACELERE! ALI! VIRE ALI! - gritava Néia.
A dragoa não conseguiria fazer aquela curva em uma rua tão estreita, mas ela estendeu uma de suas patas que agarrou a janela mais próxima da esquina, fazendo com que seu corpo fizesse o giro forçado.
O aventureiro que vinha logo atrás simplesmente fez a curva fechada em um ângulo de noventa graus com incrível facilidade. Por causa de sua velocidade, somente quando já tinha percorrido mais de cinquenta metros que percebeu que sua presa havia sumido.
Dentro da armadura, luzes vermelhas e alertas foram acionados ao detectar que havia um atacante vindo por trás.
Rali'ah, quando fez a curva, não se soltou da parede, ficou se segurando como um grande morcego. E quando o perseguidor passou, era hora dela se tornar a caçadora.
Quando RED se virou para enfrentar sua atacante, já era tarde demais. Garras poderosas o prenderam e então mergulharam juntos até o chão. Sua armadura foi esfregada na rua de pedra. Rali'ah não parou de voar e, com o impulso, seguiu abrindo uma grande vala usando o corpo robusto do aventureiro.
Finalmente ao parar, a dragoa começou a golpear com suas garras, tentando arrancar algum pedaço. Mas o metal de que era feita a armadura era desconhecido e muito resistente. Mal podia ser arranhado, mas em compensação, tinha muitos lugares para serem agarrados.
As unhas de Rali'ah encontraram essas reentrâncias e com força descomunal puxaram os membros do aventureiro em direções opostas. Parecia que ele seria esquartejado, mas de seu peito uma luz brilhou e disparou, atingindo a dragoa em cheio.
- AAAARRRGHH!!! - gritou enquanto se afastava o máximo que podia alçando voo.
Seu peito estava queimado, suas escamas brancas haviam enegrecido, mas resistiram.
Na tentativa de se esquivar, perderam de vista o aventureiro. Quando sobrevoavam a cidade, disparos vieram do céu e rasgaram as asas de Rali'ah.
- DESVIE! PARA BAIXO! - gritou Néia, indicando para fazerem um mergulho.
RED vinha logo atrás. Ele não daria mais espaço para a dragoa, mas para sua surpresa, a arqueira que estava montada se virou e disparou flechas contra ele.
Feitiços de quarto nível não causariam dano direto. Então, quando foi atingido pelas duas flechas ácidas, o metal de sua armadura apenas descoloriu. Mas a explosão foi o suficiente para que uma pequena nuvem se formasse, impedindo sua visão por uma fração de segundos, o tempo suficiente para Rali'ah se virar, abrir suas asas e parar sua queda.
A armadura do aventureiro se chocou contra as escamas da dragoa e ambos caíram em um abraço mortal. Ao atingirem o topo de um prédio, RED ficou por baixo, recebendo o pior do impacto. Acabaram atravessando o telhado e todos os andares antes de se soltarem.
RED se recuperou e se pôs em pé, não havia sinal da criatura, até que ouviu a ordem.
- AGORA!! - gritou Néia de cima, atingindo RED com uma flecha elétrica de quarto nível. Nesse momento, Rali'ah, que também havia se esgueirado para o andar acima, despejou toda sua força e mana em seu sopro mais poderoso.
Todo o andar foi congelado. Metal comum ficaria quebradiço como vidro em tal temperatura.
Se isso não o derrotasse, talvez o impedisse de se mover por alguns segundos, segundos preciosos que precisavam para se distanciar e usar uma poção vermelha.
Mas assim que saíram voando, o prédio explodiu.
A armadura saltou das chamas voando diretamente em Rali'ah. Seu corpo estava em brasa e seu toque queimava a dragoa. Com esse golpe, ambos foram arremessados para o topo da Torre Negra.
Néia caiu das costas de sua companheira quando atingiram o telhado.
Seu corpo tinha vários ferimentos e queimaduras, mas nada se comparava ao estado de Rali'ah. Esta tinha asas quebradas, com membranas rasgadas, escamas arrancadas e queimadas. Seu sangue branco escorria pelo chão.
Enquanto essa luta acontecia, cada uma das Rosas Azuis chegava ao portão que devia proteger, e lá encontraram os locais já sob ataque.
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Nota do Autor
Como imaginado a hálito de Rali'ah aumentou as capacidades de Néia, sua visão é boa, mas agora ela pôde ver E ouvir alguém a meia cidade de distância, uns 5Km.
Espero que a descrição da luta tenha sido boa, é extremamente difícil narrar uma cena que você só vê em sua cabeça.
Chapter 96: A Batalha das Rosas
Summary:
Começa a luta das Rosas Azuis.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 83: A Batalha das Rosas
Chapter Text
A cidade de Hoburns está cercada, um exército inimigo está acampado à sua volta aguardando o sinal para invadir. Após o atentado ao Rei Santo, agora os portões também estavam sendo acossados.
Havia quatro portões na cidade, todos protegidos pelo exército real. Quatro inimigos atacariam esses locais, quatro Sentinelas de Néia se dirigiam para lá e cinco Rosas Azuis os acompanhavam a fim de ajudar na proteção. Apesar da matemática dizer que os defensores estavam em maior número e vantagem, a realidade insistia em não concordar.
Lakius caminhava pelas ruas; faltavam apenas algumas quadras para ela e Marin chegarem ao Portão Sul.
Neste momento, ouviram uma série de estrondos; nada neste mundo fazia aquele som.
— Pelos ossos de sua Majestade, o que é isso?!!
Os estrondos prosseguiram com luzes indo em direção a uma pequena figura voadora que mergulhou em seguida. Depois disso, houve o som de uma explosão.
— Um ataque, o palácio está sendo atacado, a Sem Rosto está sendo atacada por alguém — respondeu Lakius, dando um passo de volta ao centro.
— Mas o que faria esse barulho?
— Eu... eu acho que sei, mas ele não deveria estar aqui.
— Quem?
— Meu tio, ele faz parte da Red Drop, o grupo de aventureiros Adamantite.
— O Aventureiro Performático? Ele é famoso por ter armas estranhas, arcos que disparam milhares de flechas mágicas. Todo arqueiro já ouviu essas histórias. Tem certeza de que pode ser ele?
— Não, mas eu já vi a arma de que você fala. Ele as mostrava para mim quando eu era criança, isso me fez querer ser aventureira. Mas não é um arco, é algo mecânico, dispara pedaços de metal aos milhares, empurrados por magia e que fazem esse mesmo barulho. Mas... por que ele estaria atacando o Reino Santo?
— Talvez ele foi contratado.
— Talvez, mas o homem que eu conhecia era preguiçoso demais para entrar em uma guerra. Poucas histórias épicas são contadas sobre os aventureiros que entraram nelas, ele preferiria ser o ator principal em uma aventura.
— Não importa quem seja, a senhora Néia precisa de nossa ajuda — disse a Arqueira de Balestra.
Marin começou uma corrida junto com Lakius, mas ambas pararam ao ouvir os gritos vindos da direção oposta.
— Os portões, os portões estão sob ataque, o que vamos fazer? — perguntou a Cavaleira.
— Vamos fazer o que fomos incumbidas de fazer, Lakius. Devemos proteger os portões. Minha senhora pode ser capaz de se proteger, mas de nada adiantará se a cidade for invadida.
As duas correram na direção de onde vinham os gritos e, ao chegarem lá, se depararam com o lugar quase vazio. Algumas pessoas pareciam penduradas em vários pontos da rua, sob prédios, postes e janelas, como se tivessem sido arremessadas.
Na frente do portão havia apenas uma única pessoa, um guerreiro de armadura, com cabelos longos e segurando uma lança.
✳ ✳ ✳
Sobre os telhados da cidade corriam três figuras em direção ao Portão Leste, duas delas eram pura graça e habilidade, enquanto a outra mal conseguia acompanhar.
— Esperem — bufava o menino — esperem, eu preciso respirar.
— Você escutou as explosões, e agora você pode ouvir os gritos, não é mesmo, menino ladrão?! — disse Tia.
— E rosnados, parece o som de várias feras. Não podemos descansar, menino ladrão — completou Tina.
— Meu nome não é menino, eu me chamo Rapushin. De nada adianta se a gente chegar cansado.
— Só você está cansado, menino ladrão — disseram ambas.
— Vocês falam "ladrão" como se não fizessem o mesmo que eu — resmungou o menino sentado no chão, enquanto recuperava o fôlego.
— Nós não somos ladras, somos agentes altamente especializadas na infiltração, retirada e eliminação, somos ninjas — disseram as gêmeas.
— Vocês invadem, roubam e matam, não vejo diferença entre fazer isso nas ruas ou em um palácio — ele falou, se pondo em pé.
— Não batemos carteiras — disseram elas, começando novamente a correr em direção ao portão.
— Qual o problema de bater carteiras? — resmungou o menino, partindo logo atrás.
Quando finalmente Rapushin alcançou as gêmeas, elas estavam na beira do prédio mais próximo da muralha, observando a cena abaixo.
No chão, os gritos de dor e desespero enchiam as ruas. Dezenas de animais perseguiam os soldados que tentavam proteger o portão em vão. Eles estavam sendo massacrados por matilhas de lobos, ursos, tigres e répteis parecidos com crocodilos.
Em meio à confusão, apenas uma pessoa parecia calma, um homem usando um manto, pele clara como leite. Seu cabelo era loiro cortado curto em forma de cuia com uma franja.
— Aquele parece ser quem controla os animais. Como ele faz? — perguntou para si mesma Tia.
— Adestramento? Controle mental? Não importa, basta matar ele — respondeu Tina.
— Acho que a gente precisa olhar mais eeee... lá vão elas — tentou argumentar o pequeno ladrão.
Ambas as ninjas correram pelo topo do prédio até o ponto mais próximo e, ao mesmo tempo, arremessaram várias kunais em direção ao mestre das feras.
Todas as lâminas estavam envenenadas e iam em direção aos órgãos vitais de seu alvo, causariam a morte pelo menor arranhão, mas nenhuma o atingiu. Foram bloqueadas por morcegos que passaram voando e caíram mortos aos pés da pessoa.
O homem parecia nem se perturbar com o ataque, apenas virou o seu olhar sério para cima, encarando as gêmeas no topo do edifício, como se sempre soubesse onde exatamente elas estavam.
✳ ✳ ✳
— ♫Turu ru rur ru♪ — cantarolava Gargaran enquanto caminhava em direção ao Portão Oeste ao lado do Monge que usava luvas pesadas de metal.
— Eu preferia ser acompanhada pelo seu amiguinho, você é muito quieto, é o tipo do caladão sério — brincou a mulher.
— Eu sei o que você preferiria fazer com ele, por isso eu que vim com você.
— Oras, uma garota pode ter suas preferências, não é mesmo?! Além do mais, ele parece novo demais até para mim.
— Não tenho muita certeza disso. Rapushin fala como adulto, ele diz que as ruas envelhecem as pessoas mais rápido, isso é verdade, mas tenho as minhas dúvidas sobre ele.
— Quer dizer que ele pode ser das raças pequenas, mesmo sem orelhas pontudas ou pés peludos, humm interessante.
— Não foi o que eu quis dizer — Brutt falou em um resmungo — se você quer viver desse jeito, é problema seu, mas não chegue perto dele.
— Por que se incomoda com quem eu fod* - Gargaran falou de forma rude e desagradável.
— Porque eu sei o que você está pensando, sei porque você faz isso e sei onde isso vai te levar.
— Você não sabe de nada — grunhiu a Guerreira Pesada.
— Então você não fica fazendo essas brincadeiras tolas apenas para disfarçar o incômodo com você mesma e as decisões que já tomou? Não fica entrando em relações vazias apenas para não se apegar a ninguém e, quando faz, procura sempre pessoas menores que você, apenas para se sentir no controle da sua vida bagunçada, debochando sempre que possível para esconder seu medo e o quanto você se sente frágil!?
— Bobagem — disse Gargaran, olhando para o outro lado.
— Claro. Sabe, eu estava falando, mas era mais sobre mim, eu vejo muito de mim em você, porque eu já fui assim.
— Assim como? — resmungou a mulher.
— Eu vivia dessa mesma maneira, fazia as mesmas piadas e agia da mesma forma, até que cheguei onde eu não queria estar. Me vi sozinho, abandonando todos à minha volta, me meti com drogas e quase fazendo algo que me faria arrepender para sempre. Eu precisei de ajuda, alguém para conversar e sair de onde eu fui parar. Eu não tinha mais ninguém e tinha magoado demais as pessoas, a vergonha do que me tornei me isolou mais ainda, isso até alguém aparecer e me ajudar. Então, se precisar, eu estou aqui.
A guerreira parecia que iria dizer algo quando várias pessoas ou pedaços delas passaram voando pela rua à sua frente.
A Guerreira Pesada e o Monge viraram a esquina e encontraram o exército atacando um homem grande que empunhava dois escudos, mas ele não os usava apenas para sua defesa.
A cada movimento de seu braço, soldados eram espancados e arremessados aos pedaços para longe quando atingidos.
Neste exato momento, Néia estava sendo atacada no centro da cidade.
✳ ✳ ✳
Próximo ao Portão Norte, uma dupla bastante diferente chegava.
Uma delas era uma beleza exótica, alta, de pele morena, cabelos negros, roupas esvoaçantes e atitude alegre. Já a outra pessoa era baixa, loira, de roupas escuras de maga que cobriam a maior parte de sua pele, com uma máscara em seu rosto e, ainda assim, parecia emburrada.
— Vamos, minha pequena amiga, o que está te aborrecendo?
Evileye não expressou nenhum som até que.
— Como você sabe que estou... aborrecida?
— Eu posso sentir, sou uma barda e sei ler o público. Sei do que precisam e sei que música dançar por eles e para eles.
— E que dança você dançaria por mim?
Godia olhou a feiticeira por um momento e então estremeceu.
— E-eu deveria fazer algo alegre... mas eu só consigo pensar em uma dança triste, sombria, perigosa e antiga, secular. O-o que é você?
— Algo que você não precisa saber.
— M-me desculpe por me intrometer, eu sou uma sensitiva, então às vezes é difícil saber o limite.
— Não se preocupe, em sua defesa eu sempre estou de mau humor.
Neste momento, Godia parou. Faltava apenas uma esquina para chegarem ao portão, mas algo a assustou.
— O que foi?
— Eu sinto morte, a dor e a morte de muitas pessoas, todas ao mesmo tempo. Como se uma centena de pessoas entrassem em agonia e, em um único instante... se calassem.
— Onde?
— Em frente ao portão... e lá! — apontou em direção ao centro, de onde agora vinha o som de sucessivos e incontáveis estouros.
— Estamos mais perto do portão, vamos olhar primeiro aqui — disse Evileye.
Ao chegarem no local, encontraram toda a guarnição morta. Nenhum deles parecia ter tentado se defender. Alguns estavam no mesmo lugar onde deveriam montar guarda e, apesar disso, uma centena de pessoas foram mortas ao mesmo tempo.
Caminhando despreocupadamente por entre elas estava uma pessoa jovem, quase uma criança. Ele usava uma roupa pomposa com um chapéu de plumas, em sua mão uma espada redonda sem fio, com um padrão espiral pintado em todo o seu comprimento. A única função da arma parecia ser perfurar, algo bastante ineficiente, e, apesar disso, o jovem mantinha um sorriso desdenhoso.
— É o Turbulência Temporal — murmurou Godia.
— Você conhece ele?
— Ele é um agente da Teocracia, tem sua fama no submundo. Ele... — Godia engasgou e tossiu sangue.
Em sua barriga havia um buraco que a atravessava de um lado ao outro e uma grande mancha vermelha que aumentava.
Evileye pegou em seus braços a Barda que desmaiava, então olhou para o Turbulência.
O menino nem mesmo parecia ter se mexido do lugar, apenas seu sorriso tinha ficado maior.
— Pelos demônios, o que aconteceu? — murmurou a vampira.
.........................................
Nota do Autor
Olá, como viram as peças estão no tabuleiro e tentarei fazer com que as lutas sejam interessantes e diferentes.
Nesta parte eu introduzi quatro novas frentes de batalha em um único capítulo, para fins de dinâmica os próximos terão apenas duas lutas por vez.
Sobre as classes dos personagens eu estou nomeando elas como as conheço, como no caso de Brutt que é um Monge, um lutador que usa os punhos, então para diferenciar de um monge, um religioso, eu coloquei o título em maiúscula.
Se tiverem dúvidas basta mandar que respondo em algumas horas no máximo.
Chapter 97: Vampira versus o Tempo / Força Versus o Imovível
Summary:
Evileye terá que aprender novos truques e Gargaran é ofendida.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, dando continuidade em outro capítulo de luta em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 84: Vampira versus o Tempo / Força Versus o Imovível
Chapter Text
Portão Norte
- 'O que aconteceu?' - pensava Evileye.
A vampira não conseguia entender a situação. Em um momento, a barda estava falando e, no seguinte, tinha um buraco na barriga.
- 'O garoto atirou alguma coisa? Não, não houve som, nem mesmo do ar se movendo. Então, como ele fez isso?'
Evileye colocou seus sentidos em alerta. Se algo a ameaçasse, ela notaria. Por isso, percebeu que havia mais uma pessoa viva em algum lugar próximo.
Uma garota estava tentando se esconder atrás de uma pilastra e tremia como se fosse desmaiar. Não parecia ser uma atacante, apesar de usar roupas estranhas que indicavam ser estrangeira, provavelmente outra Teocrata.
Esse pensamento levou uma fração de segundo, e sua distração teve um preço. Evileye sentiu a dor e, ao olhar para sua barriga, viu uma perfuração igual à de Godia. Não apenas isso, seus braços também foram furados pelo menos uma dúzia de vezes.
- AAAAAARRRRHHH!!! - gritou ela.
Tais buracos não deveriam ser um problema, sua regeneração vampírica tinha se tornado muito eficiente desde que passou a consumir sangue humano. Mas, por alguma razão, os ferimentos não se fechavam. Na verdade, eles queimavam e fumegavam. E, se isso não bastasse, parte de sua mana havia sumido.
- 'Não pode ser! Ele está usando prata. A arma desse tal Turbulência é de prata. C-como? Será que ele sabe da minha natureza? Não! É apenas coincidência. Se ele soubesse, teria perfurado o meu coração. Tenho que descobrir como ele faz isso.' - Cristal Spear! Cristal Barrier!
Grandes lanças de cristal surgiram em volta de Evileye.
Sua magia era basicamente baseada na criação de cristais para ataque e defesa. Foi principalmente a magia de cristal que ela estudou por uma centena de anos na biblioteca de seu palácio. Sua dedicação a tornou a maga mais forte que existia, até que saiu do reino perdido em busca de alguma cura para sua família e povo.
Apesar de sua força, suas magias e sua reserva de mana, ela não tinha experiência, e isso levou à sua derrota contra Rigrit, que a obrigou a se unir às Rosas Azuis, onde aprendeu realmente o que era lutar.
As lanças voaram em direção ao espadachim enquanto a barreira a cercava em uma cúpula, com apenas uma pequena abertura do lado oposto, um ponto onde Evileye poderia proteger e ver o ataque que viria.
Com o canto do olho, ela viu as lanças atingirem o lugar onde deveria estar seu alvo, mas ele havia sumido. Neste instante, ela sentiu os golpes novamente. Foi perfurada nas pernas, fazendo com que caísse de joelhos e a barreira desmoronasse.
Ao golpear o ar, ela percebeu que o tal Turbulência nem mesmo estava perto dela. Ele estava andando despreocupadamente ao redor da barda, sua espada em punho, aquela coisa com o padrão em espiral.
- 'Espere, a espiral, ela mudou de cor. Em parte, antes o padrão era quase todo prata, apenas a ponta da espiral era azul. Agora, parece estar quase completo.' - Cristal Arrow!
Uma chuva de flechas voou, tão ampla que não havia como desviar, mas passou sem atingir nada. E o menino agora estava sentado no alto da muralha, rindo, balançando despreocupadamente sua espada estranha.
- 'Isso! A espiral azul diminuiu de novo. Ela é algum tipo de marcação de mana quando ele usa. E seu nome, Turbulência Temporal, o poder dele deve ter algo a ver com o tempo. Ele para o tempo?! Pelo jeito, também gasta muita mana.' - AAARHH! - gemeu Evileye ao ser novamente perfurada mais uma dúzia de vezes.
O menino, sentado agora em um barril aos pés de uma escada, tinha o maior sorriso de sua vida e seu olhar sádico parecia de alguém enlouquecido.
- 'Então é lá que está indo parar a minha mana!' - pensou a vampira ao
ver a espada com a espiral novamente toda azul - 'Ele a rouba de mim!'
Turbulência Temporal nunca havia se sentido assim antes. Usar o poder da espada era tentador, mas consumia muita mana.
A Agulha do Tempo era uma devoradora voraz. Quanto mais ele ficasse no Fluxo Temporal, mais rápido ela consumiria a mana armazenada. Por isso, precisava dar saltos curtos. Isso fazia o poder durar mais. Mas agora, ele tinha encontrado um depósito de mana. A feiticeira já havia recarregado sua espada três vezes. Em algum momento, ela estaria esgotada e então perderia sua utilidade e morreria.
O menino sádico sempre que possível gostava de fazer suas vítimas sofrerem, principalmente as garotas. Ele adorava atormentá-las, e a morena alta tinha um pouco de poder. Ele estava quase sem nenhum ao matar uma centena de soldados. Sugar quase tudo dela deu pelo menos mais um salto curto.
Ele queria matar a feiticeira com alguns golpes, mas quando a perfurou, sentiu o poder fluir para sua arma, rápido, muito rápido, a preenchendo por completo. Seu espanto mudou para alegria doentia. Brincar com a feiticeira era um prazer imenso.
Agora, ele podia ficar no Fluxo Temporal constantemente, se recarregando a cada ataque. A sensação ali era incrível e intoxicante, como uma droga.
Ele só não ficava lá o tempo inteiro por dois motivos: sua limitação de mana e seu fôlego.
Não havia ar no Fluxo. Toda vez que ele tentava respirar, o feitiço se desfazia. Então, por enquanto, dois minutos prendendo a respiração era o tempo máximo que ele já ficou no feitiço, mas não tantas vezes seguidas. Com a mana roubada, ele podia experimentar essa sensação única.
Talvez ele fizesse a feiticeira de escrava, manteria ela presa e sugaria seu poder indefinidamente.
✳ ✳ ✳
Portão Oeste
A luz incomodava Gargaran. Ela estava tendo um sonho tão bom, mas a dor em seu corpo fazia parecer que tinha caído um prédio sobre ela. Quando abriu devagar os olhos, percebeu que era mais ou menos isso o que havia acontecido: os escombros a estavam soterrando.
Com algum esforço, a guerreira tentava se livrar dos entulhos, mas foi preciso uma força maior para juntar as memórias dos últimos minutos.
- Eu me lembro de ter sido golpeada, URGH! Não, isso foi por último... o que foi que eu fiz primeiro?
......................
Quando a dupla chegou ao portão minutos atrás, encontrou a guarda da muralha lutando. Quase todos acabaram mortos por um único homem, grande, forte, com um corpo massivo. Parecia um gladiador e se vestia como um, estava empunhando algo. Em um dos braços havia um escudo de torre pesado, e no outro, um escudo curto, preso de forma que poderia ser usado para socar.
- EI! - gritou Gargaran. - O que você acha que está fazendo?
O homem olhou ao seu redor, vendo o seu serviço, e deu de ombros.
- Espantando as moscas, tinha muitas delas - respondeu.
- Estou vendo que você não se importa de conversar - disse Brutt.
- Se não atrapalharem - disse o guerreiro com escudos, encarando a dupla que acabara de chegar.
- Eu sou Brutt, e protejo esta cidade. Quem é você? - questionou o monge de luvas de metal.
- Eu sou Cedran, 8º Acento da Escritura Negra. E se você está protegendo este lugar, devo dizer que não está fazendo um bom trabalho.
O homem provocou, já que o serviço ali até agora tinha sido fácil e ele não precisava se preocupar em dizer quem era. Afinal, todos na cidade morreriam.
Brutt não caiu na provocação, mas.
- Fizemos uma parada para lanchar, sabe, não gosto de chutar bundas de barriga vazia - zombou a guerreira com o martelo de guerra.
- E quem é você?
- Eu? Estou ofendida. Achei que hoje em dia já me reconheceriam. Eu sou Gargaran, a Adorável Guerreira Cheia de Mistérios das aventureiras Adamantite Rosas Azuis - proclamou ela com um sorriso.
- Ah! A mulher-homem, já ouvi falar de você. Achei que fosse maior!
A cara da guerreira azedou.
- Eu detesto quando falam essas coisas. Uma mulher não pode se impor que logo dizem que é um homem.
- Se quiser, depois que eu acabar aqui, você pode abaixar a calcinha para mim e me mostrar que não tem nada aí - o homem provocou de forma séria.
- RAAAAAAAAHHHH!!!! - rugiu Gargaran, girando seu martelo de guerra.
- ESPERE! É ISSO QUE ELE QUER! - gritou Brutt, mas já era tarde demais.
A guerreira pesada atacou diretamente Cedran. Este se manteve na mesma posição em que estava, flexionou as pernas e esperou o golpe.
Ferro Vil atingiu diretamente o escudo pesado. A força seria suficiente para partir rochas, mas, em vez disso, todo o golpe pareceu voltar para as mãos de Gargaran.
- 'Um rebote! Isso não deveria acontecer, a não ser que o escudo seja mágico.'
Novamente, ela atacou girando o corpo para dar mais força e, novamente, o escudo pesado estava lá para defender. Mas, desta vez, havia sido deixada uma abertura... e Cedran aproveitou.
O Guerreiro das Inúmeras Barreiras golpeou com o outro escudo diretamente nas costelas de Gargaran. O som de algo quebrando foi audível, e esse soco a jogou rolando em direção a Brutt, que parecia tentar estudar o padrão de luta do oponente.
- Já terminou? - disse ele, estendendo a mão para a guerreira caída.
- Só estou me aquecendo - ela respondeu ao ficar de pé. - Ele é rápido, muito rápido para alguém daquele tamanho. Mas parece se focar na defesa e luta corpo a corpo. Nós dois podemos... WOW! - ela gritou.
Brutt havia se jogado sobre ela, a derrubando. Acima deles passou algo muito rápido que atingiu uma parede próxima, abrindo um buraco.
- O que foi isso? Ele jogou o escudo?
- Não, ele ainda está com os dois.
- Magia de ataque?
- Talvez, mas não teve círculos mágicos. Acho, acho que ele golpeou o ar. Aquilo foi a pressão do ar!
- Quão forte ele é para fazer algo assim? - Gargaran franziu a testa. - Não, ele não pode ser um Godkin. Se fosse, não seria apenas Adamantite. Os escudos, eles são mágicos e devem fortalecê-lo também.
Gargaran podia não ser a pessoa mais inteligente, mas, como uma guerreira experiente, ela sabia como analisar seu oponente.
- Também acredito nisso - disse Brutt. - Olhe as pernas dele, estão em posição de ataque, uma na frente da outra. Antes, não saíam da posição de defesa, paralelas. Acho que isso é uma condição para usar esse poder.
- Então vamos quebrá-la - disse a guerreira.
Ambos partiram ao mesmo tempo, desviando daqueles golpes de pressão. Cada um chegou em lados opostos para dividir a atenção de Cedran e o atacaram ao mesmo tempo.
Gargaran possuía vários itens de reforços e proteções. Brutt também havia conseguido alguns durante sua vida e ganhou outros melhores de sua instrutora CZ. Mas nenhum desses itens se comparava com o que o teocrata usava, as relíquias dos Seis Deuses, objetos divinos. Até um macaco se tornaria imbatível usando-os. E Cedran não era um macaco, era um guerreiro altamente treinado.
Enquanto os dois socavam diretamente o guerreiro, ele mantinha sua base defensiva, girando apenas o tronco e os braços para se defender dos múltiplos socos e marretadas. Às vezes, desferia com os escudos golpes oportunos em seus oponentes, até que levou um tranco. Seu escudo havia ficado preso em algo. Ao olhar, viu que Brutt o estava segurando com um sorriso, dando uma abertura para Gargaran retribuir o golpe que levou.
Mas o Guerreiro das Inúmeras Barreiras, com habilidade, girou as pernas partindo para o ataque. Em uma fração de segundos, com o escudo menor, socou Brutt no peito, fazendo ele sair rolando na terra.
Gargaran estava a ponto de acertar Cedran com Ferro Vil, mas foi atingida pelo golpe de pressão feito pelo escudo pesado, o que a fez voar para longe.
..............................
- Certo, foi isso que aconteceu - disse ela, saindo dos escombros ao terminar de se lembrar de como foi parar ali.
Gargaran estava no último andar de um prédio a quase cinquenta metros de distância. Em frente ao portão, ela viu Brutt usando uma enorme viga como aríete contra Cedran.
- Ok, o que eu faço agora?
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Nota do Autor
Evileye teve o azar de encontrar um oponente feito sob medida, certo, tendo poucas informações sobre o Turbulência, eu tomei a liberdade de criar um antagonista próprio para a vampira, basicamente tudo sobre ele não é cannon.
Sobre Cedran, ele usou provocação verbal porque talvez ele não queria usar magia para obrigar seus oponentes a entrarem em seu alcance.
Brutt não caiu na provocação, já Gargaran parece que sim, mas eu acho que ela tem sua própria forma de tirar informações do oponente, fingir que caiu na provocação e aprender o estilo na prática é o jeito dela.
Chapter 98: Ninjas Contra as Feras / A Cavaleira Versus o Lanceiro
Summary:
As gêmeas enfrentarão o Exército de Um Homem Só, enquanto Lakyus tem um encontro.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo mais lutas em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 85: Ninjas Contra as Feras / A Cavaleira Versus o Lanceiro
Chapter Text
Portão Leste
Tia e Tina, ao perceberem que haviam sido vistas, saltaram do prédio, cada uma em direção diferente, sua velocidade as tornava quase invisíveis a olhos comuns.
Não era difícil desviar dos animais ocupados devorando os soldados que deveriam proteger a muralha. Alguns poderiam ainda ser salvos, mas as gêmeas tinham suas prioridades: eliminar o quanto antes esse Mestre das Feras, assim os animais poderiam ser exterminados.
Novamente, kunais foram lançadas e, mais uma vez, a nuvem de morcegos desceu e rodeou seu mestre.
Entre as armas arremessadas havia uma especial com um talismã amarrado, um talismã explosivo. O papel bomba detonou assim que atingiu um dos morcegos.
A explosão deveria ser grande o suficiente para matar qualquer pessoa se suas roupas não fossem mágicas, por isso precisavam confirmar se havia esse ponto fraco.
Apesar da explosão, o homem saiu ileso. Bem na sua frente, havia um grande urso que surgiu do nada. Suas costas foram totalmente queimadas e o animal caiu morto.
Quaiesse não se importou em perder a criatura, afinal eram apenas invocações, seres criados por magia ou apenas tirados de algum lugar para servi-lo. Isso também não importava, eles eram apenas armas, itens a serem usados.
Puxando um chicote de sua cintura, ele estalou contra seus servos para que estes atacassem.
Apesar de suas roupas serem mágicas, presentes dos deuses, ele preferia não ser tocado. Ao contrário de sua irmã Clementine, Quaiesse detestava a luta corpo a corpo, por isso preferia usar seus animais. Quanto mais ele os usasse, mais suas habilidades aumentavam. Quando começou seu treinamento, mal podia invocar um único morcego. Agora, ele era conhecido como o Exército de um Homem Só.
As irmãs atacavam de forma sincronizada. Elas não tinham a chamada telepatia de gêmeas, algo que achavam bobagem. Sua coordenação vinha do fato de serem tão próximas e de seu treinamento. Hoje, se estivessem junto com sua terceira irmã, provavelmente não conseguiriam trabalhar tão bem.
Tira, a terceira gêmea que permaneceu no grupo Ijaniya, havia se tornado líder do clã de ninjas. Apesar disso, o decreto de morte para ambas as irmãs não tinha sido retirado. Lakyus disse que, durante sua estadia em Argland, viu alguém parecido com elas, pelo menos de corpo, já que seu rosto sempre esteve coberto. Não houve oportunidade de falar com aquela pessoa e, além disso, a cavaleira tinha outras preocupações em sua cabeça na época.
Durante a viagem das gêmeas, elas perceberam que, apesar de estarem sozinhas, não tinham sido assediadas por nenhum assassino de seu antigo clã, o que era estranho. Então, decidiram ver até onde poderiam se aproximar de sua antiga base. A surpresa ao chegarem até o local sem serem detectadas só não foi maior do que descobrir que tudo estava abandonado. Bem, não completamente, apenas um velho senhor permaneceu, o antigo zelador, "para manter o local limpo caso todos voltassem", o velho disse.
Para onde todos tinham ido, ele não sabia dizer. Apenas um dia estavam lá, e no outro desapareceram.
Tia e Tina não sabiam, mas agora o grupo Ijaniya trabalhava para o Rei Feiticeiro e tinham muitas obrigações. Talvez, quando tudo diminuísse o ritmo, o grupo voltaria para sua terra, mas, por enquanto, havia muitos lugares para serem espionados em nome do Reino Feiticeiro.
As ninjas se comunicavam com gestos e sinais, mantinham a pressão sobre as criaturas e então usaram uma bomba de fumaça. Quaiesse olhava à sua volta, sufocando e tentando ver algo, então, sob seus pés, a terra rachou e quebrou. De lá, surgiu uma mão com uma lâmina que quase cortou fora as pernas dele.
Mas não acertou nada. O homem saiu voando; na verdade, ele foi carregado por uma Coruja Carmesim que o tinha levantado pelos ombros.
- Que merda vocês estão fazendo?!! Elas quase me tocaram! Agora são três?
O Mestre das Feras olhava a cena do alto. Havia três ninjas lutando, até que uma delas foi destroçada por um de seus tigres. Mas, em vez de sangue, a garota explodiu em fumaça.
- Uma cópia. Elas podem fazer cópias mais fracas de si mesmas. Vamos ver o quanto elas são habilidosas.
Não era à toa que tinha o título de Homem de um Exército Só. Seus anéis brilharam e feixes de luz saltaram deles. Então, dezenas de animais surgiram, entre eles uma cocatriz, uma quimera e dois basiliscos gigantes.
Sobre o telhado, observando tudo, estava Rapushin. Ele só queria saber como poderia chegar perto do esquisito de cabelo de cuia sem morrer.
✳ ✳ ✳
Portão Sul
O Primeiro Acento da Escritura Negra olha ao redor. Tantas pessoas mortas, e haveria muitas mais quando essa guerra terminasse. Sua doutrina ditava que era seu dever proteger a humanidade, mesmo que fosse dela mesma. Como seguidor de Surshana, a morte era uma misericórdia para aqueles que se desviaram dos ensinamentos sagrados.
O jovem altivo, de cabelos longos e lança em punho, não tinha nome. Se teve algum dia, foi esquecido. Preferia ser chamado de Escritura Negra. "Por que sou apenas uma escritura, um ensinamento, um testamento dos deuses", ele afirmava.
Quando viu que não havia mais oponentes, ele se dirigiu para o portão. Destruí-lo iniciaria o ataque como combinado. Neste momento, pressentiu a presença de mais inimigos e então voltou seu olhar para a rua antes vazia.
Parada no meio dela estava uma cavaleira, em suas mãos uma espada e em seu olhar a determinação para lutar.
- Pare em nome de sua Majestade, o Rei Santo - ordenou Lakyus.
- Lamento, mas não posso fazer isso, e minhas condolências pois o Rei Santo está morto.
- Como você sabe?
- Não importa, eu sei, e tenho um serviço a fazer. Este reino se tornou um local de adoração ao falso deus, ele precisa ser limpo.
- Quem é você?
- Eu? Pode me chamar de Escritura Negra. E você, eu sei quem é você, Lakyus Alvein Dale Aindra, líder das Rosas Azuis.
- Como você me conhece?
- Você é famosa, não é?! Portadora de Kilineiram, a espada maldita. Eu sei muito sobre você.
Na verdade, o Primeiro Acento sabia muito mais do que queria transparecer. Lakyus era uma das opções para ser sua companheira e gerar um herdeiro dos poderes dos deuses.
A aventureira era mais forte do que a maioria das pessoas, uma indicação de que existia nela alguma herança dos deuses, uma Godkin de linhagem distante talvez. Só isso a tornava uma pretendente. Mas ela também era uma devota do Deus da Água, uma fiel com força suficiente para suportar o peso da espada amaldiçoada.
O único empecilho para esta possível união era o fato de que, todas as vezes que foi convidada para se unir à Teocracia Slaine, ela se negou, presa à amizade e devoção ao reino de Re-Estize. Talvez agora estivesse mais disposta.
- Lakyus, você gostaria de vir comigo?
- Para que exatamente? Para onde?
- Onde nós quisermos. Com nossa força e determinação, poderíamos reconstruir a Teocracia, um novo começo, juntos.
- Juntos?! - murmurou Lakyus, a cavaleira virginal, enquanto corava levemente.
Gargaran já tinha mencionado o que homens e mulheres fazem quando estão juntos, então ela sabia o que significaria partir com o jovem lanceiro.
- A-Acho que vou ter que recusar. Como você tem sua obrigação, eu tenho a minha, e elas nos colocam em lados opostos nesta guerra.
- Então, espero que, quando tudo terminar, possamos voltar a nos falar.
- 'Ele está falando sério! Ele tem plena convicção de que vencerá ou, no mínimo, viverá após esta guerra... e está flertando?!' - Talvez, mas por enquanto, temos outras preocupações.
O Primeiro Acento sentiu algo e, com um movimento, acertou com as costas da mão uma flecha direcionada à sua cabeça.
Lakyus viu a flecha cravando na pedra da muralha até quase as penas, um disparo poderoso, mas com o único objetivo de distrair seu oponente enquanto ela mesma atacava.
A Cavaleira avançou com espada em punho.
Contra uma lança, ela estaria em desvantagem devido ao alcance da arma do oponente, mas ainda tinha as Espadas Flutuantes. Estas compensariam um pouco a diferença, e as flechas que caíam ajudavam mais ainda. Afinal, precisaria de tudo que tinha para enfrentar um Godkin.
Marin estava escondida no alto de uma torre próxima. Seu estilo de luta priorizava se manter afastada do inimigo e não revelar sua posição. Sua instrutora chamou isso de sniper, e essa era sua função como Sentinela da Justiça.
Os Sentinelas da Justiça são os guardas pessoais da Santa Sem Rosto. Cada membro foi escolhido não apenas pela sua força e agilidade, mas também pelo quanto impressionaram ao evitar completamente os Nazarins durante o ataque meses atrás.
Godia, uma Barda, sensitiva, dançarina e ginasta, possuidora de grandes habilidades com facas, magias de cura e buffs. Por isso, ela era o apoio, estando sempre próxima.
Brutt, o Monge, um lutador corpo a corpo, devoto de uma religião sulista, com grande força e resistência, o tornava o guarda-costas perfeito, a sombra de Néia.
Rapushin, o Ladino, "um menino das ruas" ele se denominava, esperto e ágil. Sua função era se infiltrar nas multidões e antros, ser um órfão faminto, um mendigo ou ladrão. Ser invisível para os inimigos da Santa era sua função.
O quarto membro era Marin, a Arqueira. Sua nova balestra, que ganhou de CZ, além de ser menor e mais leve que a antiga arma, ainda é mais poderosa e rápida, capaz de fazer disparos múltiplos ou em sequência. Uma arma vinda direto do Reino Feiticeiro, segundo sua instrutora. As flechas especiais continham feitiços variados tão bons quanto a flecha Arcana usada no atentado, mas até mesmo as flechas comuns possuíam runas que as tornavam superiores.
Marin viu a cavaleira atacar, então fez vários disparos antes de mudar de posição.
Ela deveria dar suporte a Lakyus, distraindo o Teocrata, mas, se possível, ela colocaria uma flecha no coração do lanceiro.
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Nota do Autor
Finalmente apresentei os Sentinelas de forma mais explicita, espero que tenham gostado desse fundo.
Bem vamos falar dos teocratas, existe pouca informação sobre eles na wikifandon, então precisei tampar alguns buracos como o nome das armas.
Sobre o ship Lakyus/Lanceiro, vou chama- los de LALA, peço desculpas pela analogia onde Marin funciona como cupido tentando flechar o teocrata, por coincidência ontem foi dia dos namorados no meu país .
Chapter 99: Full Metal Jacket
Summary:
É a hora de uma grande revelação, quem poderá ajudar?
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins retornando com a minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 86: Full Metal Jacket
Chapter Text
Medo. O medo é algo extremamente poderoso. Ele nubla nossos pensamentos ou os aguça, nos paralisa ou nos torna frenéticos. É uma arma para derrotar seus inimigos ou para acionar seus próprios instintos de sobrevivência.
Néia estava com medo, não por si, mas por alguém.
Enquanto se arrastava na poça de sangue branco, via Rali'ah se afogando no mesmo, engasgando e sufocando. Suas escamas estavam arrancadas, suas asas quebradas, rasgadas e partidas. Néia estava com medo da morte que se aproximava.
Tentando salvar sua amiga, ela chafurdou até uma das poções que haviam caído de sua mochila. Uma poção poderia evitar sua morte por alguns segundos, depois minutos, e talvez tempo suficiente para Rali'ah se salvar.
Lutando para tirar a tampa, seus dedos escorregavam com todo o sangue em suas mãos. Estavam lisos demais, tremiam demais.
Precisou usar os dentes para arrancar a rolha. Levantou a garrafa sobre a cabeça para jogar o líquido salvador, mas, antes que pudesse fazer tal coisa, o vidro explodiu.
*BLAM!*
Néia gritou de dor. Sua mão quase fora arrancada e o conteúdo da poção foi vaporizado, não caindo uma única gota sobre ela ou Rali'ah.
- Vocês me causaram algum dano - disse a voz robotizada de RED. - Eu estava mirando na sua mão.
A arqueira viu o cano fumegante da arma. Se arrastou, tentando chegar até a bolsa que estava no meio do caminho.
*BLAM!*
Ela se encolheu com o barulho. O tiro errou por alguns centímetros a bolsa.
- Humm, ainda não está bom. Vamos ver... assim... *BLAM!* Isso, agora está calibrado, como diz a voz aqui dentro - falou RED, ao explodir a bolsa.
Todo o conteúdo foi destruído.
- É a mim que você quer. Deixe Rali'ah em paz.
- Ah! O monstro tem nome. É claro que tem! Achei que a besta só servia de montaria, mas não é só isso, não é mesmo? Não, não, não. Ela é seu bichinho de estimação? Mas é claro! Foi um presente do bruxo morto-vivo e você gosta dele, não é?!
- Não se aproxime dela! - ameaçou Néia.
Quando procurou seu arco, o viu caído atrás do guerreiro vermelho.
RED marchou lentamente em direção à dragoa. Seus passos pesados faziam Néia tremer. Ela tinha medo de perder Rali'ah. Ela a amava.
Néia sabia que, nas últimas 24 horas, tinha sido enfeitiçada. A magia que permitiu salvá-la havia criado uma ligação muito maior entre as duas. Era como se parte da dragoa agora habitasse seu interior.
Quando Rali'ah compartilhou sua força vital com o hálito, salvando a vida da humana, parte de sua essência foi junto. Então, era como ver a si mesma em um corpo diferente, e não tem como um dragão não se sentir atraído por si mesmo.
Para a garota, foi algo parecido. Vida e força tinham sido impregnadas em seu corpo com um simples soprar. Além disso, tinha a personalidade que veio junto. Não era como uma possessão ou outra mente, era como se tivesse tomado um drink que a tivesse tornado mais desinibida, temporariamente, segundo Rali'ah. A atração que sentiu por sua amiga foi constrangedora e provavelmente sumiria em semanas... ou não.
Néia amava Rali'ah, não importava se fosse efeito do feitiço, amor verdadeiro ou de amizade. Ela somente sabia que a amava, pois o medo que tinha de perdê-la era real.
Enquanto RED se aproximava do dragão moribundo, parou e tremeu. Ao olhar para baixo, viu que a garota havia acertado sua perna com as duas mãos cheias de flechas que deveriam ter feitiços elétricos.
Isso o paralisou por alguns instantes. A garota tentou pegar mais flechas, mas RED se recuperou rapidamente, chutando Néia no estômago e a jogando contra a mureta da torre.
O guerreiro vermelho pegou a dragoa pelo pescoço e, com a outra mão, agarrou sua barriga. Apesar de ser muito menor do que ela, ainda assim conseguiu levantar sobre a cabeça o corpo ferido.
Rali'ah ainda estava viva. Viu Néia ser chutada sem poder reagir e, agora, foi agarrada. A dor e o aperto pareciam a mordida de seu pai quando a punia. Parecia que um pedaço de seu corpo seria arrancado.
RED carregou Rali'ah até a mureta e, sem qualquer cerimônia, a jogou do alto da torre.
- NÃÃÃOO!! - gritou Néia.
O guerreiro se virou e encarou a arqueira. Os olhos dela eram pura fúria.
- Os verdadeiros olhos de um demônio - disse RED.
- Por que você está fazendo isso?
- Porque você precisa ser punida pelo que faz.
Nesse instante, algo brilhante passou sobre a cabeça da armadura, algo muito, muito rápido, que somente Néia viu.
- 'O que foi isso? ... aah!' - Eu rezo para o Deus da Justiça.
- Vocês adoram a um falso deus... e pregam que Surshana retornou como ele.
- Eu adoro o Deus que me salvou. Eu nunca disse isso sobre Surshana, mas o povo teocrata acredita sim nessas palavras.
- HERESIA!
- 'Por que um aventureiro se importa tanto com religião?' - Heresia é fechar os olhos para a verdade.
- BLASFÊMIA!!!
- 'Quem é ele?' - Você não é um aventureiro comum. Quem é você?
Não houve uma resposta imediata, como se ele pensasse se devia responder.
- Você vai morrer mesmo! Eu sou... Azuth Aindra!
- Não! Você não é! Não age como ele. Todo arqueiro já ouviu as histórias do líder da Red Drop e seus estranhos arcos mágicos, e você?! Você não é ele!
RED parou.
Então, a frente da armadura se abriu, e a parte de cima com o capacete se levantou, revelando seu interior.
- EU SOU A VINGANÇA! - disse o Cardeal Dominic dentro da armadura.
- *Você é da Teocracia!* - sussurrou Néia. - Mas ela caiu...
- Kami Miyako caiu. Eu estava lá quando o bruxo destruiu minha casa e matou o meu povo.
Dominic se lembrou quando viu a rocha flamejante que caía sobre a catedral e que somente teve tempo de quebrar o cristal com o feitiço de teleporte. Os outros não foram tão rápidos.
Na verdade, enquanto alguns ficaram paralisados de medo, outros, como o Cardeal Raimond, inutilmente perderam tempo tentando criar feitiços de proteção sobre a igreja.
Então, seu inimigo é um teocrata. Mas isso não mudava o que Néia tinha que fazer.
- Você quer vingança?
- Eu matarei cada adorador do seu falso deus.
- A fé em nosso deus nos dará forças para derrota-los.
- Seu deus não está aqui!
- Ele está sempre conosco, em nossos corações.
- Veremos quão forte é essa sua fé quando escutar os gritos dos hereges morrendo.
- Nossa fé perdurará pelas gerações.
- Eu não matarei apenas seus adoradores. Eu farei mais do que isso.Eu queimarei tudo sobre seu falso deus, cada pedaço de papel, cada estátua, cada homem, mulher ou criança, nada restará de sua falsa religião.
- SEU MONSTRO! Você é um covarde que fugiu, e onde vai, leva apenas a morte.
- Eu sou um monstro? COVARDE? AH! Não era o combinado, mas, pelos seus pecados, agora você morrerá pelas minhas mãos.
Dominic levantou a arma, apontou para Néia e atirou.
* BLAM! *
No mesmo instante, algo atingiu sua lateral, fazendo-o cambalear para o lado e errar o disparo. Ele ficou desorientado, fechou a armadura e procurou o atacante. Então, algo o atingiu de novo, e de novo, de novo, de novo, de novo, de novo, de novo,e de novo, em uma quantidade incrível.
A mais ou menos 402 quilômetros de distância da Torre Negra, fica a fronteira com Abellion Hills. Marcando essa linha há uma pequena cordilheira.
Em um platô que fica a quase mil metros de altura está CZ2128 Delta.
Este era o lugar mais alto e mais próximo que a Empregada de Batalha achou para tomar posição, a apenas alguns metros antes de invadir o território do Reino Santo.
Mesmo com a visão prodigiosa de seus olhos mecânicos, devido à distância quase tudo estava além da linha do horizonte do Novo Mundo e pouca coisa CZ podia fazer quanto a isso. Mesmo assim, ela aguardou uma oportunidade.
Agora, com a luta acontecendo sobre a torre, ela precisava ajudar. Um tiro dessa distância não era impossível, mas mesmo um projétil de metal impulsionado por magia era afetado pelo vento. Qualquer outra arma mágica poderia deixar algum tipo de sinal mágico rastreável ou identificável, e se ficasse algum resíduo exótico, poderia ligar diretamente com o Reino Feiticeiro.
Não poderia ser uma arma de disparo único e explosivo. CZ não queria matar Néia ao salvá-la, nem podia ser uma de suas armas mais fortes, estas derrubariam a torre e, no pior caso, transformariam a cidade em uma cratera radioativa. Então, as balas tinham que ser de metal vulgar, Oricalco encamisado com Adamantite.
A arma não seria uma sniper, pois mesmo com a velocidade de recarga sobre-humana, ela ainda não disparava projéteis em quantidade suficiente para derrubar aquele Power Suit.
CZ escolheu a arma que melhor se encaixava para a missão secreta.
O jogo Yggdrasil é um MMORPG, um jogo no estilo medieval, fantástico e mágico. Ainda assim, em seus 15 anos de atividades, teve sessões onde foram introduzidos todos os tipos de temática, então armas de fogo e Power Suits eram comuns. A única restrição foi que nenhuma arma deveria ser baseada em armamento real moderno. "Para diminuir a classificação etária", diziam os desenvolvedores de merda.
No jogo, você poderia usar armas famosas da fantasia, cultura pop, ou antigas, como a Magnum .44 daquele filme famoso. Mas, para que ela fosse tão eficiente no jogo quanto uma Pacificadora, os programadores apenas nivelaram as forças, dizendo que tudo usava mágica e princípios mágicos. Assim, as balas de uma metralhadora eram tão rápidas quanto um disparo laser, que simplesmente não viajava na velocidade da luz.
CZ viu RED caminhar em direção à dragoa para pegá-la e, provavelmente, jogar o corpo sobre a mureta. Então, calculou o tempo e disparou onde o inimigo iria estar.
O tiro, viajando a uma velocidade acima de Mach 10, levou quase dois minutos para... errar o alvo.
Ainda bem que este tiro foi apenas para testar a variação; ela nunca mirou RED diretamente.
A Torre Negra deveria estar além de seu alcance visual, mas, devido às peculiaridades do terreno que descia em direção à capital e depois subia, fazendo com que a torre estivesse há apenas algumas dezenas de metros além da curva do planeta, sendo assim impossível vê-la. Todavia, ela tinha 120 metros de altura, e seu topo era a única coisa visível acima da linha do horizonte. Agora, o alvo de CZ estava na "mira".
- Estabelecendo novos parâmetros, recalibrando, recalculando posicionamento, nova previsão de movimentação estabelecida, iniciar fogo de cobertura, CHUVA DE METAL - CZ proclamou, disparando suas duas enormes armas.
Extra Long-Range Bombardment Firearm System for Localized Defensive Use "Harkonnen II", a arma antitanque de um anime clássico, com dois canhões semiautomáticos de 30mm disparando até acabar a munição e os canos ficarem vermelhos, CZ fez chover a morte.
Néia sabia que só podia ser sua amiga ajudando quando viu a coisa brilhante passar vindo do leste, quase atingindo a cabeça da armadura minutos atrás. Então, tentou ganhar tempo.
Agora, quando viu o primeiro impacto, se jogou de barriga no chão, cobrindo a cabeça com as mãos. Seja lá o que CZ estivesse jogando em Dominic, poderia matá-la se não tomasse cuidado.
O metal, impulsionado magicamente, era forte e rápido o bastante para perfurar a blindagem do Power Suit. Ele estava sendo abatido, tendo partes arrancadas e destruídas.
RED sob a chuva de tiros cambaleava em direção à mureta até que acabou caindo. Os disparos continuaram até que a armadura subiu voando para longe com fumaça em seu rastro.
Néia nem se deu o direito de sorrir ao ver o inimigo fugir ferido. Sua tristeza por Rali'ah era maior. Então, uma voz veio piorar a situação.
- Olha só o que temos aqui! É bom te ver rastejando, escudeira - disse Remédios, sorrindo.
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Nota do Autor
Olá, espero que tenham gostado da revelação de quem era RED, se me perguntarem porque eu explico.
Isso foi para quem leu a LN e viu a quarta temporada, nela o PDL cogita "substituir" Azuth por alguém mais aplicado, então eu fiz isso, o dragão não tem escrúpulos.
Sobre o tiro de CZ, peço um pouco de Suspensão de Descrença, que significa "ignorem o absurdo". Aquele tiro é impossível sem o uso de um satélite, pois se você estivesse no topo do everest ou em uma altitude de 9000 metros, só seria possível ver a uma distância de 340km, onde ficaria a linha do horizonte, dessa maneira, sem muita informação, talvez o planeta do Novo Mundo seja maior ou a geografia é estranha. O cálculo da velocidade está mais ou menos certo. Então apenas desfrutem de um disparo de 400km.
Sobre a arma, Harkonnen II, quem assistiu o anime Hellsing conhece a segunda arma de Ceras Victória. Se não assistiram ainda, ASSISTAM!
Chapter 100: Tempo Perdido/Mova-se
Summary:
Chega ao climax duas lutas. Evileye recebe ajuda inesperada e Gargaran ressurge.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones voltando as lutas em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com Vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 87: Tempo Perdido/Mova-se
Chapter Text
Portão Norte
A vampira estava cansada; já tinha sido perfurada mais do que se lembrava, e nunca tantos ferimentos a incomodaram.
Antes de abraçar o vampirismo, tais danos precisariam ser tratados com muito sangue animal, longe de suas colegas. Agora, bastariam alguns goles de sangue humano, isso se os machucados não tivessem sido feitos por uma arma de prata.
A Agulha do Tempo com certeza era uma arma usada para enfrentar vampiros, que tinham uma velocidade superior; essa espada servia para equilibrar a luta.
Evileye tentava prever de onde viria o próximo golpe. Talvez ela pudesse se proteger completamente em uma redoma de cristal, mas estaria se isolando, e isso serviria apenas para ganhar tempo. Ainda assim, o menino não tirava os olhos dela; qualquer círculo mágico e ele a esfaquearia.
Turbulência estava sentado sobre uma mesa, balançando jovialmente suas pernas enquanto via a maga sofrer, pensando se no próximo ataque deveria rasgar suas roupas.
Atrás do menino sádico, uma garota assustada olhava diretamente para Evileye. Seus olhares finalmente se cruzaram. Ela ainda se escondia atrás da pilastra, parecendo mais assustada com seu companheiro do que com qualquer outra coisa no momento. Então, finalmente teve coragem de gesticular com a boca duas palavras.
Palavras que Evileye não entendeu.
- 'Seja atroz? Fuja após? Mate feroz? O que ela quer dizer? Como enfrentar alguém que para o tempo? Eu não posso me teleportar; se tentar voar ele vai me apunhalar antes que eu saia do chão. Não posso atacar. Como eu luto com alguém tão...' - neste momento, foi como se uma luz tivesse se acendido dentro da cabeça de Evileye e um coral de anjos tivesse cantado.
O menino com a espada decidiu que estava no fim de sua diversão, ele precisava abrir os portões para iniciar o ataque. Mesmo que tenha se passado apenas um minuto desde que as garotas apareceram, ele tinha um serviço a cumprir.
- Sem tempo a perder - Ele riu para si.
Turbulência do Tempo: esse título ele escolheu depois de ganhar sua espada e ver o que ela podia fazer. Pareceu um nome adequado e ele adorava usar esses poderes.
Armas mágicas eram incríveis! Nem precisava fazer um encanto ou esperar círculos mágicos, seu uso era instantâneo.
Durante anos, ele as usou para pequenas travessuras, depois para maldades e assédios. As garotas do palácio que o ignoravam eram suas principais vítimas.
Evileye levantou e encarou o menino. Como se estivessem sincronizados, ambos atacaram.
Estando no Fluxo Temporal, Turbulência se aproximou da maga, ele queria recarregar uma última vez antes de matá-la.
A garota estava na sua frente, com o braço estendido como se quisesse socar alguém. Quando a espada cravou novamente no estômago, ele sentiu sua garganta esmagar.
- Teeee peeeeggueeeeei sssseeeeuuu deeesssssgraaaaaçççaaaado - Falou a vampira como se estivesse em câmera lenta.
Quando a garota assustada disse aquelas duas palavras, finalmente a vampira se lembrou de seus estudos há quase duzentos anos. Feitiços de tempo eram raros e todos acima do nível 10. Definitivamente o menino não era um mago de nível 10, nem sua arma, mesmo sendo lendária, não era uma arma deste nível, então ele estava fazendo outra coisa.
"Seja veloz": as duas palavras que a garota gesticulou. Isso bastou para Evileye perceber que o garoto apenas estava se movendo a uma velocidade tão grande que desaparecia.
Com esforço, precisou concentrar todo seu poder vampírico para se acelerar. Talvez sua senhora, como vampira superior, teria percebido imediatamente que o menino apenas se movia muito rápido.
Isso deveria ser uma coisa que ela precisava praticar: acelerar seus sentidos e seu corpo para ser quase invisível. Ela nunca tinha feito algo assim, não nessa velocidade. Tudo à sua volta parecia parado. Mesmo não sendo tão rápida quanto a arma fazia o Turbulência ser, foi apenas por uma fração de tempo que ela conseguiu se igualar. Agora ela parecia se arrastar para tirar a máscara e revelar seus olhos carmesins.
- 'EU TENHO QUE MORRER!!!' - Gritou dentro de si o menino ao ver os olhos e dentes da vampira, percebendo o quanto sofreria.
Ele sabia que, mesmo a dor sendo imediata, qualquer dano que recebesse no fluxo, os efeitos só o afetariam ao sair do feitiço, pois tudo estava acontecendo em uma fração milionésima de segundo. Então, precisava morrer o mais rápido possível.
Ele tentou respirar, mas sua garganta estava esmagada, impedindo qualquer tentativa de parar o feitiço. A outra alternativa era soltar a lâmina, mas, quando pensou nisso, sentiu o toque de outra mão sobre a sua e a pressão que esmigalhou seus dedos contra o punho da arma.
- Vooooccêêê éééé meeeeeeeuu!
Uma pessoa pode viver em média quatro minutos sem respirar. Para Turbulência, isso pareceu uma eternidade. Evileye soube aproveitar muito bem esse tempo para lidar com o menino.
A garota teocrata não sabia se suas palavras tinham ajudado. Para ela simplesmente parecia que o Turbulência havia sumido dali e surgido no meio de uma explosão de sangue junto à maga. O corpo do menino estava em farrapos entre o pescoço e a cintura, descascado até os ossos.
- Pelos Seis! O que ela fez? - Sussurrou a teocrata.
- Você! Menina da Teocracia! Tem alguma poção? - Perguntou Evileye escondendo o rosto na máscara.
- A-A-Aqui minha senhora! - A garota gaguejou ao correr para dar a poção.
- Não para mim, para ela. - Evileye apontou para Godia enquanto sentava ao lado do corpo - Por que você me ajudou?
- E-Eu, também preciso d-de ajuda, a Teocracia caiu, eles não podem me proteger, também são um alvo, eu tenho que m-me esconder longe deles.
- Você traiu seu amigo.
- E-elenãoerameuamigo - Disse a garota rapidamente, tentando esconder o corpo em um gesto instintivo. Evileye já tinha visto isso em mulheres abusadas que foram resgatadas de antros de escravidão sexual.
- De quem você precisa se esconder? - Evileye perguntou.
- Do Rei Feiticeiro - Respondeu a Astróloga de Mil Milhas - Ele sabe que eu vi seu poder em Katze. Ele vai vir atrás de mim.
- 'Tsc. Era só o que me faltava' - Você está com sono - Falou Evileye com seus olhos brilhando em carmesim. Ela tinha que pôr a garota para dormir até decidir o que fazer.
- E-Eu estou mesmo, não durmo há meses, obrigada p-por perguntar... - Respondeu a garota de forma distraída ao terminar de dar a poção.
- 'DROGA! Tenho que praticar isso também.' - Certo, você está sob a proteção das Rosas Azuis. Vou tentar arrumar asilo para você no Reino Santo... se sobrevivermos - Respondeu a vampira, esperando conseguir se recuperar com o pouco sangue que o menino teve a oferecer.
✳ ✳ ✳
Portão Oeste
O Monge tentava se recuperar do golpe que havia levado. Cuspindo sangue, ele tomou uma decisão: agora não era hora de se segurar.
- Arte Marcial! ASURA!
Cedran tomou posição para se defender. Ele conhecia quase todos os nomes de artes marciais, desde as mais comuns como Fortaleza até aquelas exóticas como o Puma de Tocaia, seja lá o que ela fazia. Mas aquele nome, aquele ele nunca ouviu.
Brutt foi criado e treinado em uma comunidade muito ao sul. Os monges de lá ensinavam um estilo de luta diferente e uma filosofia de vida diferente. Apesar de seus ensinamentos, ele abandonou o local quando jovem; ansiar conhecer o mundo o impulsionava. Tornou-se aventureiro, caiu em desgraça e se recuperou. Agora servia à responsável por uma religião nova, algo que o atraía, apesar das diferenças ainda ser muito parecido com a filosofia que aprendera.
A arte marcial que usava reunia outras três artes ao mesmo tempo, ensinado desde criança que só deveria usá-la para se defender e em último caso. Ela aumentava sua força, resistência e velocidade.
Com uma rapidez impressionante, ele atacou Cedran. Este levantou seu escudo de torre antes de ser atingido, então veio o golpe lateral. Ele moveu o escudo para aquele lado, mas outro soco veio do lado oposto. Usando o escudo menor, ele se defendeu. Os golpes começaram a vir cada vez mais rápidos: esquerda, direita, por baixo, por cima.
O Guerreiro das Inúmeras Barreiras estava fazendo jus ao nome, até que defendeu dois socos ao mesmo tempo, mas um terceiro passou e o atingiu.
- O que foi isso?
Novos golpes e mais socos passaram, tal a velocidade com que esses punhos vinham que, para Cedran, era como se estivesse sendo atacado por um homem com seis braços.
Esse ataque durou até que um soco encaixou diretamente em seu maxilar, Cedran aproveitou essa abertura maior para poder golpear Brutt jogando ele contra um prédio em construção.
O monge saiu de lá carregando uma enorme viga sobre o ombro. Ela deveria ter uns dez metros de comprimento por uns cinquenta centímetros de largura; ele era realmente muito forte.
- Pode vir - disse Cedran, sorrindo depois de cuspir um dente.
Brutt usou a viga para golpear lateralmente, mas foi bloqueado. Girou e tentou atingir as pernas do guerreiro dos escudos, mas novamente sem sucesso; sua velocidade estava esgotada.
A única opção que restava era sua força. Então, mirou a viga bem no centro do corpo de Cedran e avançou com tudo o que tinha. O homem usou o escudo para desviar o golpe.
A viga atingiu o portão que estava atrás, abrindo um buraco quadrado na madeira maciça. O monge puxou ela rapidamente, girou-a sobre a cabeça e novamente tentou golpear como um aríete em direção ao estômago, sendo bloqueado completamente.
- A terceira é para dar sorte - murmurou Brutt.
Mais uma última tentativa, isso era tudo o que ele tinha. Com toda sua força, tentou atingir a cabeça de Cedran, mas, no último instante, baixou a ponta da viga tentando um golpe baixo.
O guerreiro dos escudos percebeu a manobra e abaixou sua proteção rapidamente, desviando o golpe para o chão.
Com o impulso, a viga cravou na terra. Brutt acabou escorregando e ficando prensado sob o peso da madeira, impotente.
Ao olhar seu adversário esgotado Cedran falou.
- Se fosse contra meu colega, você já estaria morto. Mesmo assim, você nunca teve chance; ninguém nunca conseguiu me mover.
Brutt então levantou a face com um sorriso.
- Eu talvez não, mas ela sim.
Cedran levantou o olhar a tempo de ver a Guerreira Pesada caindo do alto do prédio. Se protegeu com o escudo antes de perceber que não era ele o alvo.
Ferro Vil atingiu a ponta da viga com uma força que nunca tinha sido usada antes. No lado oposto, a outra ponta subiu tão rápido que foi impossível se defender.
Alguém uma vez disse: "Me dê um ponto de apoio e uma alavanca grande o suficiente e moverei o mundo."
Cedran não era o mundo, mas a lógica se aplicava. Ele foi atingido nas partes íntimas com tal força que saiu voando por sobre o muro, arremessado para longe, indo cair a alguns Kilômetros atrás das linhas inimigas.
Esta luta havia acabado.
Gargaran se aproximou de Brutt, empurrou a viga que tinha se partido com a força do golpe, assim como o ombro do monge.
- E aí? Você está vivo?
- Não, me deixe descansar em paz - respondeu de forma humorada.
A guerreira pegou o ombro esmagado e empurrou para cima, com o som de galhos partindo, colocando-o no lugar.
- Aí! Vai com calma com a dor.
- Pare de chorar - disse ela, jogando uma de suas poções no ferimento, que começou a se curar.
- O que a gente faz agora? - queria saber Brutt.
Gargaran pegou uma pedra e jogou pelo buraco aberto no portão, resultando em um grito de dor e morte do outro lado. O som de vários passos apressados foi ouvido até sumir na distância.
- Vamos torcer que eles continuem com medo - disse ela, deitando-se no meio da rua.
........................................
Nota do Autor
Chega ao fim as lutas, se alguém acha que a luta da Evileye seria mais fácil , eu considerei sua falta de experiência como vampira, Shalltear teria matado o menino antes que a tocasse.
Já Gargaran e Brutt venceram por serem guerreiros experientes e souberam antecipar seu colega.
Semana que vem termina as duas outras lutas.
Chapter 101: O Segredo da Arte / Veja a Luz
Summary:
Habilidades são postas a prova e Lakius tem um confronto que não pode vencer.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, chegamos a o fim de outra luta em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 88: O Segredo da Arte / Veja a Luz
Chapter Text
Portão Leste
A luta em frente ao portão havia se tornado frenética, com uma grande quantidade de feras correndo de um lado para o outro, tentando matar pelo menos uma dúzia de ninjas. Quaiesse não estava feliz com a situação; para cada garota morta, outra surgia. Apesar de suas feras cumprirem suas ordens, ele ainda usava o chicote com força e frequência, a sensação de autoridade ajudava a manter sua concentração.
Um dos basiliscos conseguiu abocanhar Tia, ou seria Tina? Não importa, porque no momento em que mastigava a garota, sua cabeça explodiu.
- SÃO ARMADILHAS! SUAS CRIATURAS ESTÚPIDAS! NÃO TENTEM COMÊ-LAS, APENAS MATEM! - gritava o teocrata, chicoteando os animais que estavam próximos.
A Cocatriz, uma ave muito rápida, correndo por entre as lutas, finalmente conseguiu usar seu olhar petrificante em uma das ninjas, que virou pedra apenas para, no momento seguinte, ser esmigalhada pela Mantícora.
- SIM! ATAQUEM JUNTOS, USEM FORMAÇÃO PARA CERCÁ-LAS! - ordenou o Exército de um Homem Só, novamente estalando o chicote.
Quando uma das aventureiras conseguiu uma abertura pelas suas costas, Quaiesse a chicoteou, então a nuvem de morcegos desceu e a destroçou.
Do alto do prédio, Rapushin olhava tudo. Até agora não tinha sido perturbado, era como se o ignorassem propositalmente.
- Não sou uma ameaça - disse ele, vendo a nuvem de morcegos - eles são os olhos do Cabeça de Cuia. O que eles veem, de alguma maneira, deve ser passado para ele, então, para eles, sou apenas um curioso.
Meses atrás, como todos os outros Sentinelas, ele recebeu os mesmos presentes de sua instrutora: anéis de resistência e pulseiras de força. Além disso, um item exclusivo que melhoraria seu desempenho: ele ganhou um manto de ocultação.
Para o desagrado de CZ, Rapushin se recusou a usar qualquer um dos presentes. "Isso vai me fazer ficar mole", disse ele. "Os outros podem tirar proveito dessas coisas, mas, se eu usar por alguns meses, assim que ficar sem algum, vou virar um alvo fácil; terei perdido a prática. Não posso depender delas", um argumento que CZ no final considerou lógico. "Além do mais, onde já se viu um mendigo usando um manto de Véu da Noite?!", disse o menino, vestindo trapos sujos ao sair para uma missão.
Agora, andando até a beirada, ele viu que talvez pudesse fazer um salto de confiança, caindo sobre o teocrata, mas a distância era muito grande, seria apanhado no meio do caminho ao ser percebido como agressor. Precisava continuar a ser subestimado.
Rapushin aproveitou uma corda que se estendia até a muralha. Caminhou sobre ela até chegar à passarela e começou a descer, parecendo uma criança curiosa. Com um olhar de admiração, chegou a um ponto logo acima do teocrata, mas, para sua sorte, escorregou e caiu de costas... exatamente onde queria.
Como um gato, ele se virou em plena queda e, no último instante, puxou sua faca, que continha veneno mortal. Mas, antes que pudesse acertar o homem, este o agarrou no ar, fazendo sua faca escapar ao ser apanhado.
- Você achou que podia me esfaquear, seu ladrãozinho?! - Quaiesse disse enquanto segurava o menino pelo colarinho.
O ladino tentou se livrar apenas para ter seu pescoço apertado pelas mãos do teocrata.
- Eu particularmente não gosto disto, mas terei o prazer em te estrangular, moleque - ameaçou Quaiesse.
Rapushin sufocava, batia suas pernas e chutava, apenas para seus golpes serem bloqueados pelas vestes mágicas. Tentava se soltar do aperto, mas suas mãos eram fracas demais.
- Ablururan! - murmurou o menino.
- Hã?! -respondeu o teocrata, aproximando sua vítima para entender o que ele havia dito.
- PFRRRR! - Rapushin fez o som de peido, colocando a língua para fora, e com um sorriso cuspiu no rosto de Quaiesse. - PTUUH!*
Instintivamente, o Exército de um Homem Só jogou o menino no solo e tentou limpar o rosto. Ele sabia que ladrões e pivetes podiam ter todo tipo de coisa escondidas na boca: venenos, ácidos. Algo assim podia ter sido cuspido, mas levou alguns segundos para perceber que era apenas... catarro.
- VOCÊ VAI MORRER, SEU MERDINHA! MATEM! - ele esbravejou para seus animais.
As criaturas pararam de perseguir as ninjas.
- O QUE ESTÃO ESPERANDO? EU MANDEI MATAR! - Quaiesse gritou, estalando seu chicote.
Os lobos começaram a se aproximar, assim como as outras criaturas.
- PAREM! SE AFASTEM! EU MANDEI PARAR! - gritou ele, apontando as mãos para suas criaturas, até que percebeu.
Rapushin, que estava se arrastando pelo chão, se virou e com um sorriso e mostrou sua conquista.
- EI! CABEÇA DE CUIA! Acho que você perdeu algo! - zombou o menino com um punhado de anéis nas mãos.
- VOCÊ! VOCÊ NÃO PODE, NÃO SABE COMO CONTROLÁ-LOS!
- Nem preciso, eles se lembram de você.
Os animais, mostrando os dentes e rosnando, cercaram o teocrata, mas, antes que os lobos o pegassem, um tigre abocanhou sua cabeça, derrubando-o para um festim sangrento.
Todas as ninjas sumiram em explosões de fumaça, enquanto a maioria das criaturas fugia para o ar, pulava os muros ou se escondia no esgoto.
Rapushin se levantou e caminhou até uma sombra. Duas figuras caíram logo atrás dele.
- Isso foi esperto, talvez tenha algo...
- ... para aprendermos ainda - disse Tina, completando a frase de Tia.
- Garotas, o segredo está nos pulsos - disse o batedor de carteiras, girando as mãos com os dedos cheios de anéis.
✳ ✳ ✳
Portão Sul
A luta de Lakyus não estava indo nada bem; ela estava enfrentando um dos maiores guerreiros da Teocracia.
Os únicos que podiam rivalizar com ele dentro das escrituras eram Zesshi Zetsumei e aquele conhecido como O Humano Mais Forte.
Apesar de a Cavaleira estar dando tudo de si, o Lanceiro não parecia precisar fazer um esforço muito grande.
Marin estava em uma das janelas, observando e esperando outra abertura para poder usar suas flechas especiais. Quando viu Lakyus em uma disputa de força com o homem, ela aproveitou a oportunidade.
O Lanceiro estava segurando o golpe de Lakyus, ela insistia em tentar empurrar a lâmina contra a haste da lança. Foi aí que ele percebeu a estratégia: uma dúzia de flechas caíram.
Com graça e habilidade, o teocrata se desvencilhou de Lakyus, girou sua arma e rebateu todas as flechas, menos uma. Aquela, por estranho que pareça, se moveu mais rápido do que as outras, uma flecha preparada para enganá-lo.
Sem nem mesmo se importar com o ferimento, ele jogou sua lança na direção de onde vinham os disparos. Marin teve apenas tempo de saltar pela janela quando o quarto onde estava explodiu com o impacto.
Rolando sobre o outro telhado, ela se levantou e começou a atirar novamente enquanto corria, buscando outro ponto de proteção. Mas o teocrata, com um gesto de mão, fez sua lança magicamente retornar.
Pegou-a em pleno ar e a girou sobre a cabeça em tal velocidade que parecia um disco, então a arremessou mais uma vez.
Como uma serra circular, a lança passou pelo prédio onde Marin corria, fazendo um corte de um lado ao outro. Quando retornou, o edifício já desabava; a arqueira não pôde ser vista em lugar algum.
Após recuperar sua arma, o Lanceiro arrancou a flecha que estava cravada em seu ombro, bem entre as placas de sua armadura divina. Ela emanava uma aura dourada.
- Magia Arcana, onde será que ela conseguiu algo assim? - disse, quebrando a flecha. - Desista, Lakyus! Você não pode vencer um descendente direto dos Seis Deuses. Esta, é a Lança de Britomart, você nunca superará esta arma divina.
- Se fosse para me intimidar com cada um que diz ser perigoso, eu nunca teria saído da minha casa.
- Palavras de bravura, mas você tem força para sustentá-las?
- Sim, eu as tenho, pois sou Lakyus Alvein Dale Aindra, descendente e herdeira do Cavaleiro Negro, e esta é sua espada demoníaca, KILINEIRAM! -gritou a cavaleira, levantando a arma.
No instante antes do poder ser emitido, o teocrata se preparou. Sabia o que deveria ser esse feitiço, pois já havia sido relatado por informantes: a espada emanaria uma onda de escuridão, cegando quem estivesse ao seu alcance.
Ele tinha plena convicção de que seus olhos divinos poderiam lidar com isso, pois a visão noturna era inerente à sua herança. Então, manteve o olhar fixo na cavaleira, até ser surpreendido.
Em vez de escuridão, o que o atingiu foi luz, luz branca e brilhante. O flash o cegou por um segundo, ele não sabia que a espada tinha sido alterada.
- CORTE DA ALMA! - gritou Lakyus.
Percebendo algo perigoso, ele preferiu rolar para o lado, evitando ser atingido. Sua visão começou a melhorar quando pôde ver o grande rasgo feito no chão onde estivera.
O lanceiro não sabia dessa origem familiar de Lakyus, uma surpresa que explicava por que ela tinha tanto poder.
- Esse golpe poderia ter me machucado - disse ele, antes de sentir algo tocar sua nuca.
- Te peguei! - falou Marin, empunhando sua balestra.
- Marin! Pare! Não o mate! Me deixe falar com ele! - pediu Lakyus.
- Vocês acham que podem me machucar? Não acredito que você possa ter mais do que uma daquelas flechas arcanas.
- Você quer apostar sua vida? - disse a arqueira, forçando a ponta da flecha contra sua cabeça.
- Não quero matá-lo, mas você precisa me escutar. Pessoas inocentes estão morrendo.
- Você não tem poder suficiente para me parar.
Então, um grande círculo de teleporte apareceu, e de dentro dele surgiram as Rosas Azuis junto com os Sentinelas da Justiça.
- Desculpe o atraso, a gente estava jogando o lixo fora. Quem a gente precisa esmurrar? - disse Gargaran com convicção.
O teocrata não gostou da mudança das possibilidades. Pelo menos uma dentro do novo grupo era alguém realmente perigoso; a feiticeira aumentava muito o risco ao se juntar nesta luta.
- Por que você protege estas pessoas? São traidores da fé.
- Essa guerra não começou por causa da fé. Eles estão usando isso como desculpa para ter vocês como aliados - argumentou a cavaleira.
- É uma guerra.
- Mesmo em uma guerra, não se pode deixar cair em atrocidades. Você, como adorador de Surshana, deveria saber o quão errado é o que estão fazendo com este povo, com seu povo.
- Eles não são meu povo. É uma guerra santa que está sendo travada, a nossa religião contra a deles.
- Oh, meu deus! Você não sabe! O exército do sul não está matando apenas os adoradores do Rei Feiticeiro, estão matando todos que não adoram os Quatro. Estão matando os adoradores do Deus da Terra e de Surshana. É um cisma em nossa religião.
O lanceiro sabia que muitos haviam sido poupados na queda de Kami Miyako, agora tinha muitas dúvidas: "Será que essas palavras eram verdadeiras?", "O Cardeal Dominic sempre privilegiou os Quatro, será que ele está mentindo para mim?", "Minha própria religião está à beira da extinção?"
Olhando para Lakyus, ele viu que ela acreditava nas palavras que havia dito. Ele precisava de respostas.
- Essa luta acaba agora! - proferiu ele, girando o braço com rapidez e destruindo a balestra de Marin. Não havia outra flecha arcana nela.
Enquanto todos empunhavam suas armas, o lanceiro levantou a sua e, com um grande balançar, golpeou em direção aos portões, fazendo com que uma onda mágica os destruísse completamente, derrubando junto parte da muralha.
Ele olhou para Lakyus e foi embora. Partiu calmamente para fora da cidade, então, com um impulso, saltou sobre o exército invasor como se fosse puxado pela lança que segurava.
Quando o homem sumiu, Gargaran caiu sentada, exausta, assim como a maioria dos outros.
- Ainda bem que ele caiu no blefe! - disse a Guerreira Pesada.
- Não acho que tenha sido isso - disse Evileye.
- Eu também espero que não - Lakyus falou com certa esperança.
..........................................
Nota do Autor
Outras duas lutas terminam, uma pela habilidade subestimada de batedor de carteiras e a outra por uma conversa franca, Espero que tenha agradado.
Sobre a Lança de Britomart, esse nome eu dei em homenagem a uma personagem de um poema épico, sua lança em meio a batalha se arremessada encontraria o seu alvo onde quer que estivesse.
Sobre Lakius ser descendente do Cavaleiro Negro, um Godkin, eu quis dar uma origem para sua força e como uma espada tão poderosa chegou em suas mãos.
Chapter 102: A Queda
Summary:
Néia enfrenta seu desafio mais difícil.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 89: A Queda
Chapter Text
— Não! Não agora! — reclamou uma agoniada Néia.
Parada nas escadas estava uma Paladina com armadura completa, em sua mão uma espada comum e em sua cintura uma outra maior ainda embainhada.
— Ora, por que a surpresa?
— Como você entrou na cidade, como chegou aqui?
— Humm, com toda aquela loucura nos portões dias atrás, era meio lógico que alguém poderia se infiltrar na cidade. E pelo que eu saiba, “as portas de sua igreja sempre estarão abertas”, uma filosofia bonita, mas nada segura — riu a Paladina.
— Você é Remédios? Você não pode ser ela!
— Por quê? Eu deveria estar morta?
— Remédios não tinha senso de humor, mesmo um doentio e distorcido.
A Paladina deixou de sorrir e olhou para o céu como se tentasse lembrar do passado.
— A vida muda a gente. Eu tentei salvar este reino da única maneira que conhecia, seguindo os mais altos ensinamentos de nossa ordem, a Honra. Ainda assim, preferiram as artimanhas e distorções de um estrangeiro morto-vivo.
— Os ensinamentos foram feitos para nos guiar, mas não para ficarmos presos a eles. Aquela guerra não seria vencida deixando o povo morrer pela nossa honra.
— Em vez disso, deixou nosso povo morrer pelas mentiras e invenções do bruxo.
— Sacrificar um para salvar mil ou deixar mil morrer para um viver? — questionou a arqueira.
— Uma boa pergunta. Se mil morressem pela verdade, eu os deixaria sem pestanejar.
— Essa é a diferença. Você colocaria sua honra acima de tudo e de todos. E onde isso nos levou? Com a morte da Rainha Calca, com a morte de sua...
— CALE A BOCA! Nunca mais fale o nome delas! Você não tem o direito. A morte da Rainha Santa e de minha irmã são minha responsabilidade e somente eu posso carregar este fardo, mas você não tem o direito de falar delas.
Néia viu a dor e o ódio nos olhos de Remédios. Ela sofria com isso, e essa dor alimentava o ressentimento para com o Rei Feiticeiro.
— Seu “salvador” tinha poder para vencer Jaldabaoth. Ele tinha outros recursos. Ele apenas esperou que estivéssemos arrasados e frágeis demais para ver suas artimanhas.
— O Rei Feiticeiro poderia talvez ter destruído o demônio junto com metade de nosso reino. Ainda assim, ele preferiu salvar o máximo de vidas.
— Ele preferiu ter o máximo de escravos, seguindo cegamente um rei fantoche e ouvindo as palavras sedutoras de uma traidora.
— Eu nunca traí o reino, nunca traí quem eu era. Eu traí você. Você representava tudo o que havia de errado em nossa ordem: seu orgulho, sua arrogância, seu desprezo.
— O que uma criança saberia?! Você que desobedecia as mais simples ordens. Se fosse por mim, você estaria na muralha.
— E eu teria ido de bom grado, obedecendo as ordens de um verdadeiro líder.
— Seu pai, O Negro, O Carniceiro dos Demi-humanos. Não sei o que sua mãe, uma Paladina, viu nele.
— Ela viu algo que você nunca terá: a força para fazer o que for necessário para proteger aquilo que ama.
Remédios circulava a torre, como um animal que cercava sua presa.
— É o que veremos — disse ela, chutando o arco de Néia. — Você não morrerá desarmada. Te darei uma última lição, escudeira.
— Talvez estas sejam também suas últimas palavras — respondeu Néia, pegando seu arco.
A Paladina avançou com a espada diminuindo rapidamente a distância.
Néia precisava se afastar para ter alguma vantagem, mas, em vez disso, usou a arma como bastão para desviar dos golpes que recebia.
Sua habilidade com a espada sempre foi medíocre, por isso optou pelo arco, algo que nenhum Paladino fazia, um dos motivos para sua mãe não apoiá-la.
Esta era uma luta desigual. A Paladina tinha técnica e graça, a arqueira apenas o desespero. Seus ferimentos eram muitos, apesar disso, ela ainda se mantinha.
Os ataques se intensificaram, e Néia bloqueava o mais rápido que podia. Então recebeu um corte, e outro, e mais outro.
Remédios sorria, em sua face um fio de suor escorria.
— Parabéns, escudeira, finalmente aprendeu algo?! Acho que não.
Quando a Paladina atacou novamente, Néia sabia o que fazer: ela fugiu. Remédios foi pega de surpresa com a covardia.
Sem dar chance para ela escapar, fechou o caminho para as escadas, até que percebeu que a arqueira a enganou. Ela só queria abrir distância.
Puxando várias flechas disparou sem parar: flechas elétricas, de fogo, gelo e, principalmente, as de ácido e veneno. Ela sabia que Remédios era muito superior em força e resistência, então precisava debilitá-la para que tivesse alguma chance de lutar ou mesmo escapar com vida.
Quando a nuvem se desfez, Néia tremeu ao ver a Paladina sair usando uma máscara conhecida.
— Não! O que você fez?
— Eu fiz o que foi necessário para proteger este reino — disse Remédios Custódio, usando a máscara de Jaldabaoth.
Com esta máscara, ela nem mesmo sentiu o cheiro dos venenos, e o resto das explosões foram bloqueadas por sua nova espada, que era tão grande quanto ela, parecendo ser feita de carne e osso, com um imenso olho no centro.
— Você se aliou ao demônio!
— “O inimigo de meu inimigo é meu amigo.”
— Você está sendo controlada! Vendeu sua alma em troca de entregar o reino para ele!
— Eu ainda sou eu. Usarei esta força para tornar o Reino Santo puro novamente, expurgando a influência do feiticeiro morto-vivo. E quando chegar a hora, lidarei com Jaldabaoth como deveria ser desde o princípio.
— Remédios, você não vê que está sendo manipulada? Você se tornou um fantoche nas mãos de uma criatura que busca a nossa destruição?
— Acho que você está apenas olhando em um espelho. Mas não se preocupe, cortarei as suas cordas e você poderá cair como uma marionete sem vida.
Remédios atacou com sua grande espada. Seu alcance havia aumentado muito. Néia mal teve tempo de esquivar para trás. Puxou duas flechas de fogo, que explodiram na lâmina sem fazer efeito. Na verdade, as chamas foram sugadas pelo enorme olho, que então pareceu fixar o olhar em Néia e disparar chamas dele.
A arqueira rolou, evitando o ataque.
— ‘Aquela coisa volta meus ataques para mim, preciso achar uma abertura.’
Nesse momento, veio o som, como de vários trovões distantes. Era o som dos disparos de CZ finalmente chegando até a torre. Isso distraiu Remédios por um instante.
Aproveitando a oportunidade, Néia atirou nos pés da Paladina Caída. Mesmo não acertando diretamente, o chão congelou, espalhando a brancura por uma grande área e a prendendo. Então, novas flechas atingiram o mesmo lugar e uma grande descarga elétrica foi enviada até Remédios.
Sem dar tempo para ela se recuperar, Néia atirou quase uma dúzia de flechas para cima. Quando sua inimiga levantou a espada como um escudo para se defender da chuva mortal que caía, deu a abertura que Néia precisava.
— ‘Só preciso acertar uma’ — rezou a arqueira.
Sua flecha voou diretamente. Nem a armadura de um paladino poderia proteger um tiro direto no olho, mesmo com aquela máscara.
Mas, para sua surpresa, a Paladina agarrou a flecha no ar e a partiu com a mão.
— Sua malandrinha — riu a mulher com escárnio.
Dando passos firmes, ela quebrou o gelo que prendia seus pés, e o olho da espada disparou várias vezes em direção a Néia. Relâmpagos e fogo quase acertaram a Arqueira, que se esforçava para desviar.
Néia não sabia por que Remédios estava errando deliberadamente, brincando com ela como se fosse um rato. Então ambas ficaram cara a cara. Com um grito de fúria, a Paladina golpeou com sua espada. A única coisa que Néia pôde fazer foi se defender com sua arma.
A espada atingiu o arco, partindo-o ao meio, da mesma maneira que cortou facilmente o colete do rei Buser, abrindo uma grande ferida em seu peito. Então, com uma mão, agarrou Néia e a jogou sobre a mureta da Torre Negra.
— Seu fim chegou, escudeira... e o fim desta cidade também — disse Remédios, vendo algo que a fez sorrir.
Com força, ela virou Néia, guardou sua espada e forçou a arqueira a olhar para longe.
................
Enquanto isso, no portão sul, as Rosas Azuis e os Sentinelas viam o exército sulista avançar.
— Os outros portões!
— Eles estão protegidos, Lakyus. As guarnições da cidade chegaram lá antes de sairmos. Acho que o ataque virá todo aqui — disse Evileye, mostrando a enorme abertura na muralha.
— Evil, você pode criar uma barreira?
— Tenho pouca mana, só o suficiente para irmos embora.
— Não! Não abandonaremos outro reino — disse Lakyus com convicção.
— Chefe malvada tomou uma decisão — disseram as gêmeas.
— E você, Lakyus? Você pode lutar? Usar o poder da espada? Dizem as lendas que ela pode destruir uma cidade.
— Um exagero, Gargaran. Eu poderia derrubar apenas alguns milhares. Eles são dezenas de milhares.
— Mesmo assim, você pode conseguir! Talvez isso os faça recuar, ver tantos mortos de uma vez — disse Gargaran com esperança.
— ‘Talvez, mas a que custo?’ — pensava Lakyus. Agora ela estava na mesma posição que o Rei Feiticeiro em Katze: matar milhares de uma vez sem dar a chance de se defenderem. — ‘Como alguém pode conviver com essa decisão?’
— Esqueça, Lakyus. Agora é tarde — disse Evileye, vendo um novo exército que chegava como reforço, descendo os morros com vigor para lutar.
.............
Rali’ah estava caída dentro do prédio dos correios. Ela mal respirava. Apenas duas figuras a observavam em seus últimos momentos.
— Nossa senhora está morrendo.
— Eu sei.
— Não temos poções.
— Eu sei.
— Nossa mana se esgotaria antes que algum feitiço de cura nosso fizesse algum efeito nela.
— Eu sei.
— Então só nos resta... se desfazer em neve.
— Eu sei — disse a Frost Virgin, levantando as mãos como a irmã.
Ambas começaram a brilhar cada vez mais, até que a luz pareceu fluir delas para a dragoa.
— Eu queria ter visto o Reino Feiticeiro pelo menos uma vez.
— Eu sei — respondeu a irmã com uma lágrima gelada escorrendo por seu rosto.
Então, ambas se desfizeram em neve soprada pelo vento, enquanto a respiração de Rali’ah ficava mais forte e regular.
..................
Remédios forçava Néia a olhar a chegada do novo exército.
— Olhe, escudeira. São teocratas. Eles vieram reforçar o exército do sul, extirpar a escória, veja como correm em desepero os traidores.
A arqueira via toda a cena e então sorriu.
— Você sempre foi cega Remédios, sempre teve a visão limitada.
— Eu vejo a verdade!
— E ainda continua cega. Onde você vê a morte, eu vejo esperança. Onde você vê traidores, eu vejo fiéis. Onde você vê o desespero, eu vejo a vitória. E onde você vê teocratas... eu vejo Surshanianos.
A máscara da Paladina Caída permitia a ela ver tão longe. Seu sorriso diminuiu ao reconhecer as bandeiras e desapareceu quando viu o novo exército atacar a retaguarda dos sulistas.
Néia riu ao ver os soldados da cidade correndo, não em fuga, mas partindo para o ataque, prensando os invasores entre a bigorna e o martelo. A vitória estava garantida.
Com esse ânimo repentino, a arqueira girou o corpo e deu uma cotovelada no rosto de Remédios, esmigalhando metade de sua máscara.
— AAAARHH! SUA VADIA!
Néia não deu tempo para ela se recuperar. Sacou duas flechas mais fortes de sua aljava, correu e cravou a de fogo por entre as placas da armadura nas costelas de Remédios, e a outra ela enfiou diretamente no olho que estava desprotegido, liberando um feitiço elétrico.
A Paladina convulsionava em chamas, mas ainda assim, ela sacou a espada gigante. Parecia que agora ela precisava de toda sua força para carregá-la, sendo possível ouvir os ossos de seus braços estalando com o esforço. Mesmo assim, ela correu em direção a Néia com a arma levantada sobre a cabeça em uma louca investida.
Sem ter para onde correr, a Arqueira esperou o golpe, e quando este veio, ela estendeu as mãos, agarrando Remédios pela armadura e, com o impulso extra, rolou por cima da mureta, arremessando ambas no vazio.
........................................
Nota do Autor
Muita ironia na conversa entre Néia e Remédios, não é?!
Tudo que a arqueira disse valia para ela mesma, e apesar de Ainz não ser o responsável direto sobre a invasão, a culpa ainda seria dele.
Mas essa história se chama Overlord e torcemos por Ainz e o seus.
O exército Surshaniano é aquele que as Frost Virgins não queriam que Néia encontrasse na floresta.
Por falar nelas, me cortou o coração o destino que dei para ambas, me apeguei as duas.
Chapter 103: Finais
Summary:
O destino de Néia se aproxima.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins temos uma guerra para terminar na minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 90: Finais
Chapter Text
No alto da Torre Negra, Néia se agarrava na borda da mureta com as pontas dos dedos, apenas por um segundo antes de cair.
Durante seu mergulho, ela pôde ver Remédios alguns andares abaixo, ainda tentando golpear algo. Ver tal cena a consolava, saber que veria a paladina morrer primeiro, mas, para sua surpresa, algo passou voando e a agarrou, algo rápido... e platinado.
- 'Então é isso! Ela vive e eu morro' - pensou a Arqueira ao ver sua algoz ser levada para longe.
Durante a queda, Néia lembrou de sua infância.
Apesar de ter o mesmo olhar aterrorizante de seu pai, ela só se lembrava de quão amorosos pareciam para ela os olhos do homem. Já os de sua mãe sempre foram severos; ainda assim, ela sentia que a amava do seu jeito. Gustav, mesmo de solidário, parecia temê-la, e Remédios somente tinha desprezo. O resto das pessoas a via como uma criatura estranha, e, após perder seus pais, apenas outra pessoa a olhou sem medo, sem preconceito: o Rei Feiticeiro.
Durante o pouco tempo em que estiveram juntos, ele mostrou a grandeza com suas ações no Reino Santo e ensinou a força da justiça. Por isso, ela dedicaria sua vida a defender seus ideais.
- 'Talvez eu possa ser ressuscitada... espero que não doa' - resignou-se durante seus momentos finais.
Nesse instante, ela foi atingida por algo antes de bater no solo. Seja o que tivesse agarrado, o fez com tanta força que se chocaram contra a parede. Houve o som de algo raspando a pedra e, por fim, caíram em frente à porta principal da torre.
Néia estava viva, atordoada e zonza. Quando conseguiu se levantar, viu que havia sangue branco fresco sobre ela.
- Rali'ah! Não, não, não, não, o que você fez? Acorde, ACORDE! NÃO MORRA! - a Arqueira gritou em desespero sobre o corpo imóvel.
- EUNÃOESTOUMORRENDO! - respondeu a dragoa de repente.
- Oh! Me desculpe, eu achei que...
- Apenas... me deixe... descansar um pouco.
- Sim, claro. Obrigada por me salvar, Rali'ah. - Néia disse com emoção.
- Você faria o mesmo... se pudesse voar... ou fosse maior... ou...
- Pare, sua tola, você me preocupou, todos esses machucados. - lagrimas de alegria brotavam de seus olhos.
- Eu sei, me desculpe por isso, eu estou melhorando - disse ela, estendendo uma asa quase curada. - Você também me preocupou, e agora estamos a salvo, mas eu acho que tem outras pessoas que precisam de atenção.
Néia olhou para onde Rali'ah apontava, para a multidão que ocupava toda a praça e as ruas laterais.
A Arqueira se levantou e limpou o melhor que pôde o sangue branco. Passou as mãos pelos cabelos, os puxando para trás, o que a fez parecer uma guerreira lendária saída de uma batalha épica, algo que tinha acabado de acontecer.
Rali'ah observou a humana e pensou:
- 'Se meu hálito foi o suficiente para revivê-la, o que será que todo esse meu sangue fez com ela?!'
A multidão que se formou não parava de crescer. Desde a morte de Caspond a cidade toda parecia ter vindo para a praça da Torre Negra, atraídos pela luta, por um lugar seguro ou pela expectativa de um final.
Néia parou no alto da escadaria e olhou o povo abaixo, então levantou o punho.
- VITÓÓÓRIAAAAA!!!
A multidão explodiu em alegria, gritando junto seu choro e júbilo.
- VITÓRIA! VITÓRIA! VITÓRIA! VITÓRIA! VITÓRIA! VITÓRIA! VITÓRIA!...
Esse grito se espalhou pela cidade e transbordou as muralhas. O exército real, ao ouvir o clamor, avançou com maior convicção para terminar de expulsar os invasores sulistas.
- VIVA O REINO SANTO!!! - proclamou Néia.
- VIVA O REINO SANTO! VIVA O REINO SANTO! VIVA, VIVA O REINO SANTO!...
- VIVA O DEUS DA JUSTIÇA!!!
- VIVA O DEUS DA JUSTIÇA! VIVA! VIVA!
- VIVA AINZ OOAL GOWN!!!
- VIVA AINZ OOAL GOWN! VIVA AINZ OOAL GOWN! VIVA AINZ OOAL GOWN! - clamaram centenas de milhares de pessoas.
Em algum lugar da multidão, alguém gritou:
- VIVA NÉIA BARAJA!!!!
- VIVA! VIVA! VIVA!
- VIVA A SANTA SEM ROSTO!!!
- VIVA! VIVA! VIVA!
- VIVA A RAINHA SANTA!!!
- VIVA A RAINHA SANTA! RAINHA SANTA! RAINHA SANTA! RAINHA SANTA! RAINHA SANTA! RAINHA SANTA! RAINHA SANTA!...
Os gritos da multidão continuavam e Néia olhava sem palavras ou forças para deter a aclamação.
✳ ✳ ✳
A batalha fora das muralhas durou apenas um dia inteiro. Os invasores não resistiram à pressão de duas frentes de combate.
Quando tudo acabou, o comandante Teocrata se apresentou perante a única autoridade na cidade.
- Comandante Crisan Maru, é uma honra estar na presença de sua Santidade Néia Baraja.
- A honra é nossa, Comandante Maru. Sua chegada foi inesperada, mas muito bem-vinda. Apesar de querer saber a situação no front além desses muros, preciso muito que me conte o que o trouxe até nós. Não enviamos nenhum pedido de apoio à Teocracia e aos outros países, pois o Conselho Argland assinou um tratado de não-intervenção.
- Tratado que nunca assinamos, muito menos fomos convidados a participar. E mesmo que fôssemos, nosso povo agora está sem terra; abandonamos a Teocracia Slane.
- Como? Por quê? Ouvi que sua capital caiu, mas o resto do reino permaneceu.
- Sim! Kami Miyako caiu, todos naquele lugar morreram. Apenas os adoradores de Surshana e do Deus da Terra sobreviveram. Então, nós vimos isso como um sinal.
- Um sinal? De quem?
- Um sinal de nosso deus renascido, Surshana. Ele poupou seus servos para que espalhemos sua palavra. Abandonamos aquele reino perdido.
- E vieram ao nosso, onde algo semelhante estava acontecendo. A religião dos Seis está fraturada; pelo visto, os Quatro se manterão separados afinal.
- Assim como as outras duas fés. A nossa será mantida por aqueles que viram a verdade: que nosso deus retornou, e seguiremos ele para onde for necessário. Por isso viemos aqui, onde sua crença, apesar de diferente, ainda acredita em nosso Deus e precisava de nossa ajuda.
- Os adoradores do Deus da Justiça e do Deus da Morte, convivendo juntos.
- Afinal, a morte vem para todos igualmente, e isso é justiça - completou o comandante.
- Pelo visto, nos daremos bem, comandante. Agora, como está a situação da batalha?
✳ ✳ ✳
Uma semana após o fim do conflito em Hoburns
- Boas-vindas às Rosas Azuis - anunciou Néia Baraja em seu escritório no alto da torre.
- Agradecemos por ter nos concedido alguns minutos de seu valioso tempo, Rainha Santa.
- Por favor, Lady Lakyus, não me chame assim. Apesar da aclamação pública, não tenho interesse em entrar nessa disputa quando há muito a ser feito. Além do mais, sou uma plebeia.
- Ainda assim, a senhora é uma forte líder religiosa, de um forte grupo militar, além de ser uma das Nove Cores. E, apesar da senhora não reivindicar o título, tudo parece convergir aqui: os militares, os paladinos, os religiosos, a população e os nobres.
- Alguns nobres. A maioria parece não gostar de subir tantas escadas, nem de ter que discutir as ações do reino comigo. Sobre o título, há outros que o reivindicarão, outras famílias. Deixe que lutem entre si. Tudo que quero é manter este reino vivo.
- Provavelmente a única maneira no final será assumir o comando, para evitar outra guerra civil entre as casas nobres.
- Talvez, mas isso terá que esperar. Muito precisa ser feito. Precisamos ver as outras cidades-fortalezas. Prart foi apenas cercada para evitar que enviassem apoio. Rimum foi atacada via mar e sofreu grandes danos. Kalinsha... apenas ontem recebemos notícias, ela se manteve a um alto custo.
- Realmente não será uma tarefa fácil, mas a senhora parece ter a força para enfrentar este novo desafio.
Néia coçou o braço coberto.
- Espero que todos nós tenhamos. Alguma notícia das Escrituras restantes?
- Não, desde que o Lanceiro foi embora, nenhum outro apareceu. O homem dos escudos deve ter ido junto e, pelo visto, eles talvez não tinham muito apreço por seus colegas. Os restos dos corpos não foram resgatados.
- Ainda assim, eles podem ter se juntado novamente com aquele cardeal. Teremos que manter vigilância. O que vocês, Rosas farão? Lamento não poder oferecer títulos e tesouros como recompensa.
- Não se preocupe com isso. Estamos apenas pagando uma dívida. A partir de agora, iremos com o exército de Surshana para o sul, expulsaremos os últimos invasores e depois... depois veremos.
- Então que a Justiça as acompanhe, e até o nosso próximo encontro.
- Até breve, Rainha Santa Néia Baraja - a cavaleira se retirou, deixando essas últimas palavras.
As Rosas foram então se despedir dos Sentinelas da Justiça, que aguardavam na outra sala.
- Adeus, Marin, espero que vocês fiquem bem.
- Você também, Lakyus, que a Justiça a acompanhe - se despediu a arqueira já com uma nova balestra.
- Então é um adeus, Brutt, agradeça à sua esposa por tudo que ela fez por mim - Gargaran disse, dando um abraço no monge.
- Agradecerei, ela te mandou uma marmita. E se precisar de ajuda com aquilo, lembre-se que estaremos aqui.- se despediu o Monge.
- Novamente me desculpe por não ter sido de alguma ajuda naquele dia - lamentava Godia. Com sua roupa leve e reveladora, era possível ver a cicatriz do ferimento em seu abdômen.
- Você ajudou mais do que pensa. O nome do teocrata foi de grande valia, afinal. Adeus e obrigada por cuidar dessa pessoa - disse a vampira, apontando para a garota trêmula.
Evileye dava adeus enquanto pensava na espada que tinha guardado. Ela não queria tocar na arma, mas sua senhora a puniria se não levasse algo tão incomum. E definitivamente ela não queria ir novamente para aquele local perturbador e nojento, cheio de criaturas rastejando pelo chão e paredes, que sua senhora chamava de quarto.
- Ei! Venha, garota! Se você quer ficar conosco, vai ter que arrumar outro nome. O que você usava não vai servir - chamou Evileye.
- P-pode me chamar d-de Tirésias - gaguejou a antiga Astróloga de Mil Milhas enquanto tentava acompanhar as Rosas Azuis.
- Adeus, Ladrão. Foi... interessante aprender com você - disseram ambas as gêmeas, apertando as mãos de Rapushin antes de partirem com suas companheiras.
- Até parece - riu o menino para os colegas. - De tudo que aconteceu aqui, pelo menos eu fiquei com os dez anéis daquele esquisito - o ladrão se gabou mais uma vez, mostrando as mãos.
- Oito! Você ficou com oito anéis - apontou Godia.
Rapushin olhou os dedos e percebeu a falta.
- MAS QUE FILHAS DA... - o menino abriu um sorriso enquanto girava os pulsos - ...que orgulho delas.
✳ ✳ ✳
Três semanas após o fim do conflito em Hoburns
- Não coce!
- Como você sabe que estou coçando? - disse Néia, coçando o braço que tinha pequenas escamas crescendo.
- Posso sentir você fazendo isso, só vai machucar. Então pare. Logo a coceira deve passar - Rali'ah disse, pensando em quais outros efeitos seu sangue provocaria e quanto tempo isso iria durar. - Quantos dias você vai ficar em Kalinsha?
- No máximo três dias. Ficarei apenas para o funeral do Comandante Rudhi, dos Nazarins e daqueles que caíram protegendo a cidade. Depois disso, pretendo acompanhar o exército para o sul, é preciso estabelecer um novo controle.
- Então eu irei até o Reino Feiticeiro. Preciso ver algumas coisas. Em três dias estarei de volta - disse a dragoa enquanto sobrevoava a cidade de Kalinsha.
✳ ✳ ✳
Reino Feiticeiro, mais tarde no mesmo dia
- Vocês sabem quem eu sou?
- A senhora é Rali'ah Drian, senhora do gelo, herdeira do frio, precursora do inverno... - respondia uma das criaturas feitas de gelo e neve, nomeando os títulos que sua senhora tinha dado para si mesma.
- Sim, sim, sim. Vocês lembram de alguma coisa antes desse dia?
- Não, minha senhora. Acabamos de nascer, mas sabemos o que a senhora sabe - respondeu a outra.
- Certo, vocês podem ir então.
- Para onde, minha senhora?
- Não sei, para qualquer lugar. Apenas vão, eu chamo quando precisar.
As duas Frost Virgins se retiraram. Então, sem ter para onde ir, decidiram subir na torre mais alta da cidade para olhar os arredores.
Quando chegaram lá, admiraram a cidade de E-Rantel.
- O Reino Feiticeiro é lindo - disse a primeira.
Observando como a neve sobre os telhados brilhava no pôr do sol, a segunda Frist Virgin respondeu.
- Eu sei.
..........................................
Nota do Autor
Olá Pergaminhos, terminando essa fase da guerra, o texto foi um pouco expositivo, mas eu gosto assim, uma fanfic não tem como ficar deixando muitos assuntos pendentes ou sem explicação. Não temos esse luxo de retomar em outro livro.
Sobre Néia, vocês lembram que no capítulo anterior onde ela estranhava que Remédios não tentava mata-la de uma vez? Então, ela tentava sim, mas Néia já estava mais forte por causa de todo aquele sangue de dragão que caiu sobre ela. O feitiço de vinculação continuava funcionando e até agora ela tomou dois banhos de sangue de dragão.
Sim, a Astróloga de Mil Milhas agora faz parte das Rosas Azuis.
Sobre as Frost Virgins, eu amei essas duas personagens no pouco tempo que dei a elas, por isso tive que trazê-las de volta de alguma maneira.
Chapter 104: Pós Créditos
Summary:
Ainz aproveita uma sessão de cinema.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo de minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 91: Pós Créditos
Chapter Text
Um relatório urgente tinha sido entregue a Demiurge apenas alguns minutos atrás e ele prontamente o levou para seu mestre, pois, devido a certas circunstâncias, o momento crucial na Guerra Santa havia chegado repentinamente.
- Então o "Rei Santo" está morto, isso está certo?
- Sim, Ainz-sama. O relatório foi feito pelo próprio Doppelganger Caspond. Ele aguarda para ser extraído.
- Certo, avise que executaremos a substituição de seu "corpo" antes dos procedimentos para o enterro e o funeral.
- Sim, Ainz-sama, como ordenado - disse Demiurge ao se retirar.
O senhor da Grande Tumba agora estava em seu escritório observando os acontecimentos.
Após essa rápida conversa, o Rei Feiticeiro passou a assistir tudo o que estava acontecendo na cidade de Hoburns através do Espelho de Visão Remota. Nestes dois últimos anos, Ainz adquiriu grande prática para manuseá-lo; era como mexer nas arcaicas telas touch, de forma intuitiva era possível até mesmo dividir a tela em várias imagens.
A princípio ele tentou ver tudo ao mesmo tempo, mas percebeu que algumas lutas simplesmente não eram interessantes.
Quando a feiticeira vampira chegou ao portão, a imagem pareceu começar a ter algum tipo de problema na transmissão, com pequenas falhas ou um delay, com o personagem saltando de um lugar para o outro, mas logo ele percebeu que o menino apenas se movia muito rápido. No final, em menos de dois minutos, a luta havia acabado.
- Muito anticlimático.
A luta das ninjas foi quase a mesma situação: alta velocidade e muita fumaça, muitas cópias, caos geral, e por fim o teocrata considerado um exército morreu por causa do simples batedor de carteiras.
- Irônico.
Já as outras duas lutas foram mais interessantes.
- Grande demonstração de habilidades, estratégias, coordenação, cooperação e superação, terminando em momentos de tensão e alívio.
Ainz murmurava para si mesmo ao ver o homem dos escudos sendo jogado para longe e depois o Lanceiro partir na mesma direção calmamente.
- Parece o final de um episódio onde é deixado um cliffhanger.
Esse pensamento veio e se foi ao vislumbrar o que parecia ser a luta principal no centro da cidade.
- Batalhas aéreas, uma "morte" chocante e um salvamento inesperado, mas essa ajuda de última hora que evitou a morte pelas mãos daquele Power Suit me pareceu meio... Deus Ex Machina. Lembrando que preciso falar com CZ sobre isso. - ponderava o senhor da tumba enquanto via o resto da luta.
- Ah! O surgimento do verdadeiro "vilão", a luta coreografada, a reviravolta, uma batalha final e o salvamento com fim milagroso. Se eu tivesse pipoca seria como ver um bom filme.
Esta era a parte onde Néia se dirigia para a multidão da praça e proclamava a vitória.
- Uma cena bonita, emblemática e...
Neste momento, Ainz sentiu algo, uma sensação estranha, um formigamento. Ele olhava suas mãos pois não sabia o que era, mas tinha a impressão de já ter sentido isso antes, mesmo não reconhecendo. Durou apenas alguns segundos e, tão rápido quanto veio, desapareceu.
- 'O que foi isso?'
Andando pela sala, nada parecia diferente, nem mesmo os Assassinos dos Oito Gumes manifestaram alguma coisa.
Não houve qualquer outro sinal ou algo que chamasse sua atenção, a luta no Reino Nobre prosseguia sem nada mais relevante e seu tempo livre chegava ao fim, este estranho acontecimento teria que ficar para depois, estava na hora de seguir com suas obrigações, e a primeira delas era atender aos visitantes que tinham uma audiência marcada.
- Decrement! Por favor, traga os convidados.
A empregada de plantão que saiu imediatamente.
Enquanto isso, ele tentava pôr em ordem seus pensamentos a fim de lidar com o que tinha por vir.
- 'Humm! O que faremos a seguir? A garota já está sendo aclamada como nova Rainha Santa, isso foi inesperado, mas tenho certeza de que Demiurge vai dizer que planejei tudo. Preciso estar preparado para esse momento. Talvez a pose de Rei Sábio Nº 5 caia melhor nessa situação.' - Os pensamentos de Ainz foram interrompidos pela batida característica na porta.
- Com licença, meu senhor! As visitas chegaram.
- Ah, sim! Deixe-os entrar. Obrigado, Decrement.
A empregada corou quando seu nome foi mencionado novamente. Seu mestre sempre as chamava pelos nomes, uma demonstração de carinho e atenção elas pensavam.
Batendo levemente no rosto, respirou fundo para tirar o rubor da face, depois abriu a porta, deixando o casal entrar.
- Bem-vindos novamente à minha casa! Como os Bareare tem passado? - Ainz disse, abrindo os braços, mas sem se levantar, seria fora dos padrões um soberano fazer tal coisa.
- Oh! Vossa Majestade! É uma honra poder vir aqui mais uma vez. - disse o alquimista, acompanhado de Enri que segurava um bebê no colo, ambos se curvaram ao entrar.
- A satisfação é minha em poder revê-los. Como você tem passado, senhora Enri?
- Muito bem! Obrigada pela atenção, meu senhor. Ultimamente eu estou bastante atarefada com o bebê, Nemu, o exército goblin e o serviço da prefeitura. Quase não há tempo livre como este.
- Hum! Sei que programamos um novo crescimento na cidade de Karne, então parte dessas novas atribulações é minha culpa. Peço desculpas por esse inconveniente. - Ainz falou, abaixando a cabeça e fazendo o casal quase se jogar no chão.
- POR FAVOR MAJESTADE! Aham! Por favor, não foi minha intenção reclamar sobre tal coisa.
- Senhora Enri - disse ele, levantando a cabeça e agora soando altivo. - Sei disso, mas ainda assim responsabilidades recaem a quem é devido. Por isso, ofereço mais equipes para ajudar nessas novas obrigações, e nem tente recusar.
- Oh! Obrigada meu senhor, não sei como agradecer. - Enri falou abaixando a cabeça.
- Certo. Espero que não tenham ficado esperando muito. Eu tinha assuntos a resolver.
- Vossa Majestade! Toda e qualquer espera em sua casa é um momento divino. Estivemos aguardando em um local chamado "O Bar", onde pude ter uma conversa extremamente esclarecedora.
- É mesmo? Com quem?
- Acho que seu nome é Piki.
- 'Clavu! O bartender?!' - E sobre o que exatamente falaram?
- Sobre alquimia. O conhecimento do senhor Piki é incrível. Mesmo ele não conhecendo muitas das plantas e minerais que uso, ele me abriu os olhos para várias possibilidades na manipulação e uso deles em meu ofício.
Ainz estava admirado, mas analisando o comportamento de Clavu e suas habilidades para produzir drinks exóticos, que envolvia manipulação química, de mana e magia, no final era óbvio que o miconídeo era um alquimista, provavelmente o único que restou em toda Grande Tumba de Nazarick.
- Pelo visto você tem se saído bem com seus experimentos.
- Sim! Aqui, Lord Ainz - Nfirea disse com entusiasmo ao mostrar a poção que trazia.
Ainz olhava para a pequena garrafa posta sobre sua mesa, levemente mais roxa que a amostra anterior, talvez quase cor de vinho.
- Parabéns, Nfirea! Você teve um avanço significativo. Estarei enviando mais recursos para sua pesquisa. - 'Vou precisar conversar com Clavu, talvez ele possa ajudar o garoto. Se não tivermos os ingredientes necessários para criar as poções vermelhas, talvez juntos possam descobrir substitutos.'
- E quanto a você, senhora Enri, não deve ter ficado entediada?
- N-não, Sua Majestade. A Lupus... quero dizer, a senhorita Lupusregina me fez companhia enquanto isso. Tivemos uma boa conversa. - disse ela, olhando para seu marido.
Nfirea teve uma sensação de perigo neste momento. Ele lembrou como as duas olhavam para ele no balcão do bar. Lupusregina sempre o tratou de forma indiferente, no entanto, se alegrava ao complicar sua vida. Naquele momento, as duas pareciam que tramavam alguma coisa. Ele não gostava das ideias que a empregada colocava na cabeça de sua esposa.
- Por falar nisso, onde está a pequena Nemu? - indagou o Ser Supremo.
Os humanos se olharam com preocupação.
- Pedimos desculpas Majestade, mas minha irmã encontrou a amiga e quando dei por mim, ambas haviam desaparecido.
- Ora, não se preocupem. Vulpesregina sabe onde os mortais podem ir com segurança em minha casa.
Como se fosse combinado, a porta se abriu e as duas crianças entraram correndo, perseguidas por algumas Empregadas Homúnculos.
- ENRI! ENRI! VAI TER UMA FESTA! BOLOS! DOCES, E PRESENTES! POSSO FICAR? POSSO? POR FAVORZINHO? - implorava a menina com entusiasmo.
Enri estava envergonhada.
- Calma! Calma, Nemu! Provavelmente é uma festa particular, não podemos fazer isso. Majestade, peço desculpas pelo comportamento de minha irmã. - disse Enri para infelicidade da menina.
Ainz olhava as crianças. E estas o encaravam de volta, apesar da diferença de idades, Vulpesregina já era quase tão alta quanto a amiga.
- Humm, realmente - disse o senhor da tumba, olhando para os olhos suplicantes de Vulpes. Aqueles eram os maiores olhos que ele já tinha visto. - Acho que... não tem problema algum Nemu ficar por esta noite. As enteadas de Entoma estarão aqui também e seria uma ocasião feliz para todas.
- ÊÊÊÊÊÊ!!!! - Gritaram e dançaram em círculos ambas as crianças com a notícia.
- Vossa Majestade, não queremos causar incômodo - Nfirea tentou argumentar.
- De forma alguma, na verdade eu insisto. Vocês terão uma noite de folga e eu a enviarei amanhã cedo.
Nfirea olhou para o sorriso de Enri e isso o preocupou novamente. Ele tentou lembrar quantas poções de recuperação ele tinha em seu quarto e se seriam suficientes.
.........................................
Nota do Autor
Ainz assistindo as lutas é um momento engraçado, mesmo sem som da para aproveitar, "Isso é cinema!"
Enri e Nfirea estavam sumidos, então trouxe de volta com a dupla de espoletas Vulpes e Nemu.
No próximo capitulo tem festa em Nazarick.
Eu estava tão orgulhoso de mim por fazer um capítulo em um dia, ah o ego, só para me punir, o universo fez com que o último capítulo que escrevi levasse 3 semanas.
Chapter 105: Festas, Surpresas e Presentes
Summary:
A festa organizada pelos guardiões acontece.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones traz outro capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 92: Festas, Surpresas e Presentes
Chapter Text
Por todo lugar, agitação.
Empregadas passavam correndo.
O Senhor da Tumba não dava atenção.
Internamente, estava sofrendo.
Ainz andava pelos corredores de Nazarick vendo como tudo estava agitado.
- "Parece que realmente se empolgaram, está tudo decorado!"
De um lado ao outro, as empregadas terminavam de limpar após terem pendurado todos os enfeites, e pelo visto isso não se restringia apenas ao oitavo andar; toda a tumba estava com um ar temático.
Apesar da alegria presente por onde passava, Suzuki Satoru estava deprimido. Isso mesmo, o humano que morava dentro da cabeça do ser morto-vivo não estava contente, na verdade, estava bastante chateado. Tal data sempre o incomodou por um motivo bastante específico, mas ele não podia acabar com a alegria de seus subordinados.
Então, ele bateu com as duas mãos no rosto ao chegar em frente ao salão de festas.
- 'Certo! Então vamos arrancar logo esse curativo.'
- FELIZ NATAL, AINZ-SAMA! - gritaram todos dentro do salão ao verem seu mestre.
- Feliz Natal a todos! - disse ele, acenando.
A alegria reinou entre todos ao verem a chegada daquele que sempre ficou com eles.
Os habitantes da tumba estavam usando roupas características para a ocasião; afinal, todos os outros 41 Seres Supremos gostavam do Natal, então, quando chegava a época dos eventos comemorativos, manter a temática era sempre um momento divertido.
Até mesmo Ainz estava vestido a caráter, não por vontade própria, mas por causa da empregada de plantão responsável por escolher suas roupas diárias. O vermelho era predominante desta vez.
Os guardiões vieram cumprimentar seu mestre com saudações efusivas enquanto ele circulava pelo salão, mas os outros presentes mantiveram uma distância respeitosa; afinal, não seria conveniente uma nova fila gigante se formar apenas para ter um instante de atenção.
Tudo estava esplendidamente decorado com guirlandas, globos, estrelas, luzes e brilhos; uma música ambiente tocava ao fundo e no meio do salão havia uma mesa que parecia não ter fim, com uma quantidade gigantesca de comida típica.
As Empregadas Homúnculos e os Mordomos de Eclair se revezavam para servir, mas também para aproveitarem a festa; afinal, esta era para todos os residentes da Grande Tumba de Nazarick.
Clavu tinha preparado uma quantidade gigantesca de ponche que era servido continuamente; assim, agora podia se dedicar aos drinks personalizados com calma.
Já na cozinha de Shihouto Tokito o puro caos reinava, dezenas de pratos diferentes estavam sendo feitos ao mesmo tempo. Tão grande era o empenho na preparação, que levaria semanas para os estoques de comida voltarem à normalidade.
Em meio a tudo isso, quando teve a oportunidade, Ainz se distanciou um pouco, aproveitando que seus subordinados pareciam ter algum assunto em comum.
- Feliz Natal, Ainz-Sama!
- Feliz Natal, TW. Espero que esteja aproveitando.
- Ah! Sim, estou. Sempre gostei do Natal.
- É mesmo?!
- Sim! Minha família era bastante tradicional nessa parte.
- Para mim, sempre foi um evento comercial, frio e distante.
- É mesmo?! Pois eu acho que isso está prestes a mudar - disse o humano com um sorriso.
Albedo encabeçava um grupo que se aproximou.
- Com licença, Ainz-Sama.
- Sim, Albedo?!
- Sabemos que por tradição a entrega de um presente deveria ser apenas pela manhã, mas como já passa da meia noite, gostaríamos fazer tal coisa agora.
- Por favor! Não há necessidade...
- Por favor, Ainz-Sama, isso é de todos nós.
Neste instante, todos dentro do salão se ajoelharam e proclamaram.
- FELIZ ANIVERSÁRIO, AINZ OOAL GOWN! NÓS QUE AQUI VIVEMOS, JURAMOS LEALDADE NO DIA MAIS IMPORTANTE DA GRANDE TUMBA DE NAZARICK! O NASCIMENTO DE NOSSO SALVADOR! AQUELE QUE PERMANECEU CONOSCO! FELIZ ANIVERSÁRIO!!! AINZ-SAMA!!!
Ainz, Momonga ou Suzuki não tinha palavras, ele nunca ganhava feliz aniversário, sempre detestou o fato dele acontecer no dia de Natal, dessa forma fazendo com que sempre fosse esquecido, mesmo na infância.
Mas agora! Agora ele vislumbrava centenas de pessoas dando parabéns em fervorosa devoção. Nunca tinha sentido tamanho empenho em uma declaração.
A emoção tomou conta, seu supressor brilhou em verde, mas não foi o bastante para conter o que o morto-vivo sentia. Isso era raro, ultimamente parecia que ele estava cada vez mais distante das emoções dos vivos. Agora, uma torrente de alegria o atingia.
- Meus... filhos, apesar de terem seus próprios pais, hoje vocês são meus filhos e me deram o presente mais precioso que eu poderia receber. - ele falou com emoção genuína.
Os seres no grande salão estavam em lágrimas, dos mais frágeis até os grandes guardiões. Eles haviam conseguido.
- Por favor, se levantem, aproveitem, SE DIVIRTAM! FELIZ NATAL A TODOS! - Ainz disse, levantando uma taça.
A festa seguiu sem parar.
Todos aproveitando a ocasião.
Muita coisa para festejar.
Comida, bebida e diversão.
Ainz foi até TW assim que conseguiu um momento sozinho novamente.
- Foi você, não foi?
- O quê?
- Que armou tudo isso.
- Eu não! Seus guardiões, eles planejaram tudo. Só precisavam saber quando. Agora para eles, o Natal é por causa do dia de seu aniversário e isso nunca vai mudar.
- Como? Como descobriu?
- Adivinhei. Você comentou uma vez que detestava o Natal. Existem poucos motivos para alguém detestar o Natal. Então, eu chutei.
- Maldita sorte, hein?!
- Maldita sorte - brindaram ambos.
O Senhor da Tumba olhava as interações entre os presentes, e a alegria das crianças escalando Cocytus como se ele fosse uma montanha de gelo; isso parecia diverti-lo mais do que elas.
Nemu era a líder, Vulpesregina a destemida, Anansi e Charlotte as mais entusiasmadas.
As empregadas riam, enquanto as Plêiades interagiam de forma descontraída. Os demais seres aproveitavam a noite, mas em meio de tantos, alguém parecia sozinha.
- Por que não vai até ela? - disse o humano ao lado do morto-vivo.
- TW, você sabe o porquê. O que eu fiz com ela.
- O que você fez foi tão horrível assim? A ponto de você fugir dela?
- Eu mudei o que ela era.
- Albedo não era aquilo! Era apenas parte de uma programação tola, ela não teve escolha sobre como viveria a própria vida quando foi criada. Mas quando você a mudou, a libertou.
- Eu a prendi, a acorrentei a mim, a obriguei a me amar.
- Você fez algo infantil, mudou uma linha em algo escrito. Se você soubesse que viria para este mundo, teria feito diferença?
- Se eu soubesse, teria apenas apagado aquela frase.
- Ainda assim, se culpa por isso. Então, eu acho que você deve assumir a responsabilidade sobre seus atos, meu amigo.
- O que posso oferecer para ela? Sou um morto-vivo! Não sinto o sabor das coisas! Não tenho pele ou... você sabe o quê.
- Nem tudo precisa ser sobre isso! Você é um Overlord! É diferente. E sobre ter pele, acho que você nem precisa.
- Como assim?
- Às vezes você perde as coisas mais óbvias, hein?! Vamos lá! Você sente o toque, não é?
- Sim - disse ele pensando nos biscoitos que ele mastigou certa vez. Não tinham sabor, mas podia sentir sua textura. Então, se lembrou do primeiro dia no Novo Mundo quando apalpou o busto de Albedo e sentiu sua maciez. - Definitivamente, sim.
- Então você sente. Sente sem ter pele, enxerga sem ter olhos, cheira sem ter nariz, ouve sem ter ouvidos.
- Aonde você quer chegar?
- Nós, humanos, somos um conjunto de receptores que enviam sinais bioelétricos por um sistema nervoso para o nosso cérebro interpretar como: toque, cheiro, imagem, som. Mas você?! Você provavelmente deve possuir algum tipo de receptor mágico que envia sinais etéreos através de um sistema de mana para o que quer que seja seu cérebro metafísico.
- Então?
- Então, o que impede você de sentir sabor?
Ainz olhou para o conteúdo de sua taça. Podia sentir o cheiro, mas nunca sentia o gosto, só porque não tinha língua? O que o impedia?
Então, levou a taça à boca, apenas o suficiente para molhar os dentes. A princípio, não sentiu nada, mas ele se concentrou na sensação, no líquido,tentando lembrar-se dos sabores, tentando lembrar-se de quando ainda era vivo.
Tudo durou alguns instantes, até que algo chegou à sua mente.
- Hmm! Tem gosto de frutas - ele disse, entregando a taça para seu amigo.
Se aproximando de Albedo, ele pôde reparar no quão bonita ela estava naquela roupa natalina. Sobre sua cabeça, preso em seus chifres, havia uma coroa de visco.
- Albedo, com licença, mas você sabe sobre a tradição do visco?
- Não, meu senhor - mentiu a succubus.
- Dizem que uma mulher embaixo dele deve ser beijada - Ainz falou, segurando o queixo dela.
Então, em um único momento, tudo a sua volta pareceu congelar, e um beijo aconteceu.
Para Albedo não houve a sensação de tocar porcelana como tinha imaginado que seria beijar a boca de seu mestre. Ao contrário, o toque era macio, quente, e ela pôde sentir seu hálito.
Quando se separaram, ela estava vermelha e Ainz parecia aéreo, até que ouviu o som atrás dele.
- Aham! Acho que também tenho algo! - Shalltear falou, segurando um visco sobre sua cabeça.
- Certo, para você também então. - Ainz se abaixou e beijou a bochecha da vampira.
Devido ao seu tamanho, ninguém pôde ver onde Ainz tinha beijado Albedo, mas Shalltear sabia, sabia que o beijo que recebera era diferente. Ela só pôde se resignar que desta vez havia perdido.
Quando o mestre da tumba olhou à sua volta, uma fila já se formava com todos os cidadãos de Nazarick segurando viscos.
- Óh não! De novo não!
TW abraçava Oni enquanto observava a procissão que se formou, mas, para sua surpresa, alguns como ele, preferiram aproveitar a oportunidade para ficarem mais próximos, casais como Sebas e Tuare em um canto, Ira tento seu rosto coberto pelos tentáculos de Neuronist, Renner arrastando Climb para algum lugar, Entoma e Inta cuidando das crianças agora sonolentas, e sentados em uma cadeira de namorar, um jovem casal élfico estava embaixo de sua própria guirlanda de viscos em forma de coração.
Mare e Antilene tinham as orelhas vermelhas, mãos dadas e dedos entrelaçados, olhavam em direções diferentes, pois aparentemente ambos haviam dado seu primeiro beijo de verdade.
A noite passou num piscar.
Os convidados foram se retirando.
Felizes na festa a findar.
E a manhã de Natal chegando.
Ainz, como todos, ainda estava em sua cama naquela manhã, mas desta vez ao seu lado tinha uma mesa de bolos, geleias e chás que provava.
Ele tinha uma pena em sua mão, assim como um grande pergaminho, onde terminava a lista do que Ator de Pandora precisava selecionar no tesouro. Ninguém em Nazarick ficaria sem presentes.
Todos estavam alheios ao que seu mestre faria, então descansavam, apenas Albedo rolava em sua cama lembrando-se da noite anterior.
Mas no sexto andar, um jovem elfo acordou cedo, algo raro, podia-se dizer.
Mare, ainda usando seus pijamas, andou nas pontas dos pés até na sala da grande casa-árvore, esta que estava lindamente decorada e com sua própria Árvore de Natal. Em meio à penumbra, pôde ver que havia uma figura abaixada.
- E-eu ouvi algo, o que está fazendo?
- Bom dia, Lord Mare - disse Antilene. - Não quis acordá-lo. Eu queria deixar o meu presente para o senhor.
- É mesmo? Que presente? Posso abrir?!
Antilene entregou o pacote mal embrulhado e Mare abriu com entusiasmo, mas então suas orelhas caíram.
- É uma saia.
- Sim, meu senhor. Quando ouvi sobre a festa, pedi às outras elfas para me ajudarem. Eu mesma costurei.
- É linda - ele falou.
Antilene percebeu a estranheza de Mare.
- Eu ia fazer uma calça, mas percebi que não tinha esse direito. De mudar algo de sua criadora, então eu quis fazer uma nova saia para o senhor. Afinal, druidas usam vestidos e mantos, não é?
Mare pareceu se animar com essa nova perspectiva sobre sua roupa. Ele usava um manto curto de druida.
Mas nesse momento Antilene chegou perto do jovem elfo e sussurrou em seu ouvido.
- *Além disso, ela é dois centímetros mais comprida. Em seu aniversário, darei outra... maior.*
Um arrepio subiu pelas costas do elfo e suas orelhas ficaram vermelhas.
- Eu tenho que te dar algo em troca - Mare disse com entusiasmo e alegria renovada.
- Meu senhor, não precisa me dar nada...
- Já sei! Vou te dar o Reino Élfico!
- Quêêêê?!
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Nota do Autor
Espero que tenham gostado da festa, ela não é cannon na obra original, eu fiz ela coincidir com o aniversário de Ainz para que ela tenha relevância para os NPCs.
Mare e Antilene são um casalzinho de elfos adolescentes, para quem esperava que eles estivessem mais... avançados... eu digo que elfos são lentos, muito lentos, se fosse de outra forma, uma raça de longa vida como eles já teria uma população gigantesca. Então tudo será devagar nesse relacionamento.
Sempre achei lógico um druida usar mantos, então quando Mare for adulto, sua saia chegará aos pés graças aos presentes de Antilene.
Os versos que escrevi me deram trabalho e existe uma versão +18 que não posso publicar. Hahahahahaha!
Chapter 106: Interlúdio 14
Summary:
Os estranhos caminhos que a vida pode encontrar
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, um interlúdio fresquinho chegando na minha fanfic Aquele que Voltou.
Com Vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 14
Chapter Text
Em um quarto pomposamente decorado, Brain acordou sem ter a mínima ideia de onde estava ou como tinha chegado ali. Tentando colocar seus pensamentos em ordem, ele refez os últimos acontecimentos que se lembrava da festa.
............
Em um canto do salão, uma vampira emburrada tomava grandes goles de um drink especialmente feito para ela.
- Pelo visto, não sou o único bebendo sozinho - alguém falou.
Shalltear olhou para o outro lado da mesa, onde um humano de cabelos azuis estava sentado.
- O que você está fazendo aqui? - rosnou ela.
- Eu fui convidado, mas pelo visto meu amigo me deixou segurando vela.
- E você veio aqui. Tentando alguma coisa. Comigo?!
- Na verdade, eu sentei aqui primeiro. Você que sentou depois. Além disso, você não seria minha primeira escolha.
- Ah! Eu sei qual seria. Você é do tipo que prefere alguém mais... musculoso e barbudo.
Isso era verdade e fez Brain lembrar-se de Gazef, de como viveram juntos e da decisão que o Capitão Guerreiro tinha tomado no final. Um duelo de honra no qual estava fadado a perder. Brain sofreu em seu luto.
Mas ele não tinha ressentimentos contra Ainz, fora uma luta justa, desigual, mas justa. A vida do guerreiro era isso: lutar, duelar, vencer, perder, viver... morrer.
Gazef havia escolhido seu caminho, mesmo que o levasse para longe.
O humano olhou para a vampira encarando seu mestre e como ele não saía de perto da Primeira Ministra. Havia tristeza nesse olhar, era um olhar conhecido.
- Um brinde! - ofereceu Brain. - A aqueles sem sorte no amor.
Shalltear de mau humor apenas grunhiu, então estendeu o braço e bateu seu cálice no copo do guerreiro.
............
Depois disso, tudo ficou nebuloso e só se lembrava de ter sido arrastado.
Olhando ao redor, pôde ver dezenas de Noivas Vampiras que dormiam exaustas em pilhas de almofadas no chão e uma grande quantidade de brinquedos em formatos sugestivos espalhados pelo quarto. Nisso ele teve uma leve dor no pescoço, e ao levar a mão até o local, pôde sentir os dois pequenos buracos.
Foi então que um som horrível chamou sua atenção. O que poderia fazer tal barulho?!
Ao seu lado na cama, deitada de um jeito nada feminino, Shalltear Bloodfallen roncava como um estivador.
- 'Eh!?' - ele pensou, assombrado.
De tudo que poderia ter acontecido com ele na Grande Tumba.
- 'Ok... podia ter sido pior.' - o humano deu de ombros antes de voltar a dormir.
................................
Alguns dias depois
- SHALLTEAR. BLOODFALLEN!!! - ecoou o grito por todo o terceiro andar.
A vampira assustada não sabia o que fazer quando a porta de seu quarto foi chutada com um baque.
- C-Cocytus! O que traz você aqui?
- Você. Estragou. Meu. Projeto!
- E-eu não sei do que você está falando...
- Estou. Falando. DISSO!!! - Cocytus mostrou alguém pendurado pelo cangote como um gato.
- Ele? Eu não vejo nada de errado...
- Ele. Tem. Vampirismo. Por. Todo. Corpo! Mais. Algumas. Mordidas. E. Ele. Vira. Um. Vampiro!
O insetóide de gelo chacoalhava Brain como se fosse um saco de batatas na frente do rosto de Shalltear.
- Oras... talvez ele vire um ghoul.
- EU. NÃO. QUERO. UM. GHOUL! PRECISO. DE. UM. HUMANO! Desfaça.
- Veja, e-eu não sei...
- DESFAÇA!!!
- Certo! Certo! Deixe ele aí, vou dar um jeito - a vampira disse, pegando uma pasta com centenas de anotações em pergaminhos, tudo sobre o que o Sr. Inta havia ensinado até agora.
- Vai. Levar. Semanas. Para. Ele. Recuperar. Níveis - resmungava Cocytus ao sair marchando do quarto. - Semanas. Desperdiçadas...
- Hã... oi! Não achei que nos veríamos tão cedo - Brain falou meio constrangido como se tentasse puxar algum assunto.
- Do que você está falando?
- Do que aconteceu naquela noite...
- Não aconteceu nada! É muita presunção sua imaginar tal coisa. Eu só precisava de um lanchinho da madrugada.
- Oh!
- Está decepcionado? Achei que eu não seria a sua primeira opção.
- Eu quis dizer que talvez você não fosse a primeira opção. Sou bastante... eclético.
- Hunf! - bufou Shalltear. - Isso não vai se repetir. Aqui, achei! Você! Chame Lupusregina, vou precisar de um clérigo - ordenou para a Noiva Vampira mais próxima, que desapareceu em seguida.
- O que vai acontecer?
- Primeiro vou usar Hematocinese para tirar todo o seu sangue e separá-lo daquele já vampirizado. Depois, vamos purificar o corpo.
- Parece que vai doer. Não tem como purificar tudo junto?
- Não funciona assim - disse, derrubando Brain e montando em seu peito. - Além do mais, que graça teria?! - ela falou, levantando uma mão em garra.
Os gritos ecoaram pelo terceiro andar por horas.
O projeto de Cocytus levou uma centena de anos para ser concluído, principalmente porque, periodicamente, Brain sempre acabava vampirizado.
.........................................
Nota do Autor
Olá, para aqueles que estranharam essa relação entre Brain e Shalltear, eu trouxe isso diretamente da WebNovel, mas fiz do meu jeito.
O projeto de Cocytus é ver até onde um humano pode ir em nível e apesar de Shalltear dizer que aquilo de morder Brain não se repetiria, bem, se repetiu, muuuuitas vezes.
Chapter 107: Relatórios
Summary:
Um momento para estudar a situação atual no Novo Mundo.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, chegando mais um capítulo sa minha fanfic Aquele que Voltou.
Com Vocês
Aquele que Voltou
Capitulo 93: Relatórios
Chapter Text
Os dias passaram após a festa e chegava a hora de retomar suas obrigações. O senhor da tumba estava determinado a colher o máximo de informações possíveis de seus subordinados.
- Obrigado a todos os Guardiões por terem vindo tão prontamente.
- O senhor ordena e nós obedecemos, Ainz-Sama - a súccubusrespondeu.
Ela, como Supervisora, seria sempre a porta-voz dos guardiões, apesar de muitas vezes essa hierarquia ser quebrada, quase sempre pelo seu próprio mestre.
- Obrigado, Albedo. Espero que todos possam falar livremente desta vez, pois acredito que chegamos a um ponto crucial do Plano de Dez Mil Anos.
Um burburinho se formou entre os presentes.
- Um ponto crucial, Ainz-Sama? Eu só esperava algo assim daqui a dez anos!
- Aham! Sim, Demiurge! Os últimos acontecimentos levaram à criação de uma nova encruzilhada, nada que não tenha sido previsto, lógico. Mas preciso de toda informação possível para decidir por qual caminho seguir. Principalmente os mais recentes no Reino Santo.
- Sim, Ainz-Sama! Tenho aqui comigo a compilação de tudo que...
- Espere, Demiurge! Já li todos os relatórios e levei em consideração as informações, mas gostaria que fossem compartilhadas com os outros de forma mais pessoal.
- Subarashi, Ainz-Sama! Se me permitem, começarei com um resumo da situação no Reino Santo.
- Prossiga então.
- O Reino Santo está passando por uma guerra civil, evento que deveria acontecer apenas em alguns anos, mas foi acelerado por elementos externos.
- Quais elementos? Quero dizer, explique para os outros, por favor.
- Sim, Ainz-Sama. O surgimento de um comandante forte foi um deles. Não esperávamos que a Paladina Remedios Custódio fingisse a própria morte e se tornasse o chicote que impulsionou os nobres sulistas a agir.
- Como essa mulher pode fazer isso sozinha e como foi deixada sem controle?
- A culpa foi minha, Albedo - disse o arquidemônio com convicção. - Seu estado mental instável e degradado a tornava o bode expiatório para alguma ação futura, mas ao forjar sua morte, ela passou de peão descartável para uma rainha de grande importância em nosso tabuleiro.
- Essa... humana, era tão inteligente assim, Demiurge?
- Não, de jeito algumShalltear, apesar de sua força e conhecimento marcial,ela foi auxiliada por mentes muito mais capazes, as tais Cores, um deles com contatos necessários para forçar os nobres sulistas a se mexerem mais cedo e outro com capacidade estratégica superior, mas nada que não pudéssemos superar com facilidade, após tomarmos ciência, foi simples acompanhar os acontecimentos.
- Mas. Então. Sem. A. Figura. De. Uma. General. Forte. Nada. Disso. Aconteceria.
- Exatamente. Sem a existência dela, levaria anos para chegarem ao ponto que estamos, e sem tais estrategistas ela seria apenas um incômodo. A união desses fatores ao seu redor é o que a tornou uma peça tão importante.
- O surgimento de um general forte era previsto em algum momento. Ser ela foi uma grande ironia.
- Sim, Ainz-Sama. Ela que antagonizou vossa pessoa desde que vieram implorar por ajuda.
- Me parece que certas pessoas aparentemente se tornam nexus de vários acontecimentos. Por isso, eles surgem com uma freqüência maior no plano geral de história.
- O senhor acredita que exista alguma influência externa, Ainz-Sama?
- É muito cedo para pensar nisso, Albedo, mas não gosto de coincidências. Além disso, acredito que o outro fator que acelerou tudo tenha sido... eu.
- Sim, Ainz-Sama - Demiurge falou com um sorriso.
Albedo não gostou de tal atitude.
- Você ousa culpar nosso senhor pelas suas falhas?!
- Não, Albedo, mas no momento que Ainz-Sama destruiu a capital teocrata, esse novo elemento foi adicionado à equação.
- Isso mesmo, Albedo. Foi por minhas ações que o fator instigante surgiu tão cedo, e Demiurge soube lidar com ele.
- Obrigado, Ainz-Sama. Mas o fato deles terem ido tão prontamente para o Reino Santo e o uso daquele Power Suit indica outra interferência.
- Sim, aquilo tem o dedo do dragão. Pelo relatório, a paladina caída foi salva por alguém semelhante àquela armadura.
- Uma quebra óbvia do Tratado de Argland.
- Sim, Albedo. Mas não podemos levar este ponto ao conhecimento deles, pois levantaria várias questões de como sabemos disso. Não podemos nos colocar em suspeita também, por isso trataremos isso nós mesmos. Os itens que a paladina recebeu podem ser rastreados, Demiurge?
- Sim, Ainz-Sama, mas aparentemente a máscara foi destruída com o golpe da garota Baraja, perdendo qualquer efeito mágico. Já a espada deveria ser rastreável, mas por algum motivo o sinal foi bloqueado.
- Isso já era esperado. O dragão parece possuir grandes recursos. Segundo informações de TW, ele mora em um castelo voador que já não estava mais no local de sua última posição. Esse castelo deve ser alguma base de guilda, capaz de bloquear rastreamentos assim como Nazarick. Acredito que em breve teremos que lidar pessoalmente com esse dragão.
Todos se mexeram com a menção de outra guilda. Albedo tinha pensamentos obscuros, enquanto os outros tinham suas próprias ideias sobre um novo conflito. Demiurge então retomou seu relatório.
- Continuando. No Reino Santo, a guerra civil prosseguirá por mais alguns meses ou anos. Apesar do conflito ter terminado no norte, a retomada do sul será longa, pois precisarão percorrer todos baronatos e cidades a fim de retomar o controle.
- E após isso?
- Acredito que muitos nobres do sul cairão e serão substituídos. Os nortistas já se movimentam para reclamar tais títulos e terras.
- Tal coisa não deve acontecer.
- Sim, Ainz-Sama. Se esses nobres adquirirem mais poder econômico e influência, eles poderão rivalizar nas decisões do reino.
- E como dá para impedir? Matamos eles?
- Não, jovem Aura. Precisamos colocar a garota Baraja no trono o quanto antes.
- Demiurge, ela está preparada? E o mais importante, ela será aceita?
- Acredito que sim, Ainz-Sama. Desde que o senhor a escolheu para tal tarefa, sua progressão tem sido boa. De escudeira para chefe de um pequeno grupo armado, depois se tornou evangelista, onde seu grupo cresceu a ponto de ter seu próprio exército paramilitar. Ao mesmo tempo que era uma líder religiosa, foi nomeada a um dos cargos mais importantes e poderosos do reino, as chamadas Cores, e agora é aclamada publicamente como nova Rainha Santa. Com o devido apoio, ela deve se tornar rainha em breve.
- Essa ascensão meteórica tem a ver com a classe Evangelista que ela adquiriu?
- Parcialmente, Ainz-Sama. O efeito de catequização, apesar de se assemelhar a lavagem cerebral, só funcionará nas mentes fracas, como a da população já fragilizada pelas nossas intervenções desde a guerra contra Jaldabaoth.
- Algo parecido com o que a Teocracia faz com sua prórpia população, o fervor religioso, mas é preciso que ela mostre ações diretas para que não se apoiem apenas na fé.
- Correto, Ainz-Sama. A garota Baraja já fez algo assim mostrando feitos...ahamm, "épicos", agora ela está indo pessoalmente ao sul nessa empreitadacomo líder militar, ela se tornará a própria representação do reino, aumentando seu carisma e ganhando novos status na liderança. Os opositores nortistas não terão opções a não ser aceitar seu comando. Já os nobres confiáveis, mesmo estes sendo tão poucos, serão postos onde for preciso, fortalecendo ainda mais seu poder. Quando chegar a hora e ela for coroada, provavelmente distribuirá títulos e nomeará o máximo de Surshanianos como nobres no sul, a fim de ligar eles permanentemente ao Reino Santo.
- Então, Demiurge, haverá uma colonização pelos ex-teocratas.
- Sim, Ainz-Sama. Tal fixação implicará em uma atração maior para as novas migrações e um fortalecimento nas religiões com o senhor como deus.
- E os adoradores do Deus da Terra?
- Estes parecem se manter na Teocracia, mas devem abandoná-la em breve. Se aquele cardeal retornar, a religião dos Quatro se tornará preponderante - completou Demiurge.
- Então, eles irão para onde, Ainz-Sama? Argland não parece uma opção. Talvez o Reino Dracônico?
- Concordo com você, Albedo. Com a falta de população e sua abertura religiosa, o Reino Dracônico será bastante convidativo. Aproveitando o ensejo, como está a nossa progressão aqui, Albedo?
- Obrigada pela oportunidade, Ainz-Sama! As antigas terras de Re-Estize estão sendo nomeadas agora como Reino Feiticeiro, e a população restante está retomando as cidades caídas. Estamos trabalhando para que estas novas cidades mantenham os padrões administrativos de E-Rantel. Apesar da desaceleração da migração vinda do Império Bararuth, acreditamos que todas as cidades destruídas estarão novamente em funcionamento em pouco mais de uma década.
- Talvez possamos acelerar o processo com o aditivo dos Surshanianos e, com algum incentivo, talvez os adoradores do Deus da Terra também venham para cá.
- Como o senhor desejar. Trabalharei para que isso aconteça. Com o fim da guerra, esses povos procurarão os reinos mais estáveis e convidativos.
- Certo! Cocytus, como está a situação dos Homens-Lagartos?
- Sim. Ainz. Sama! O. Grande. Lago. Chegará. Ao. Seu. Limite. Populacional. Em. Algumas. Décadas... Os. Imigrantes. No. Reino. Dracônico. Estão. Se. Adaptando. Bem. Ao. Novo. Clima. Mais. Seco.
- Estamos tendo algum problema nessa fronteira?
- Os. Homens. Fera. Parecem. Testar. Nossas. Forças. Na. Fronteira. Sul.
- Então, mesmo expulsos, eles voltaram aos velhos hábitos. Eles são mais resilientes do que esperava, aparentemente até já acostumaram com a presença morta-viva.
- As. Forças. Que. Enfrentamos. Não. Pareciam. Conter. Nenhum. Campeão.
- Isso não significa que eles não existam. Vamos nos manter atentos. Precisamos avaliar outra frente para que tenhamos mais informações. O Reino Minotauro alegou estar sofrendo um assédio maior por parte dos Homens-Fera. Enviar alguém para verificar pessoalmente parece uma boa opção futuramente. Manterei isso em mente por enquanto.
O senhor da Grande Tumba então olhou para o jovem elfo.
- Mare, parece que você gostaria de dizer algo?
- S-sim, Ainz-Sama. E-eu gostaria de p-pedir permissão para colocar outra p-pessoa no meu lugar no Reino Élfico.
- Algum problema, Mare? Sei que você é muito jovem e não gostaria de sobrecarregá-lo com tal responsabilidade de ser rei.
- N-não, Ainz-Sama. Eu não fugiria de tal obrigação, apenas... pensei que... outra pessoa... talvez... poderia estar em meu lugar lá, assim eu não deixaria minhas obrigações como guardião.
- Entendo, mas não é possível deixar tudo indefinidamenteaos cuidados de um primeiro-ministro.
- N-não, Ainz-Sama. Pensei em alguém q-que teria o direito ao trono.
- Você se refere a aquela garota, a filha do rei elfo, Antilene, não é?
- S-sim, Ainz-Sama.
- Mas, mesmo que ela tenha se submetido a Nazarick, não poderia assumir um cargo como emissário ou de poder outorgado, estaríamos na mesma situação de antes, então teria que ser algo com status maior, talvez assumindo o trono de vez como regente, mas por lei, acredito que ela só poderia fazer isso através do duelo, o qual você não perderia de propósito logicamente. A outra opção seria... casamento?
- E-então eu me caso com ela! - falou o jovem elfo sem saber sobre as implicações.
Um tumulto se formou, Aura estava enfurecida e era segurada por Albedo e Shalltear. Cocytus bufava nuvens de gelo e por sua vez, Ainz brilhava em verde não sabendo o que dizer.
Para sua salvação, Demiurge se adiantou com um sorriso.
- Jovem Mare, sobre casamento, acredito que precisaremos conversar sobre... pássaros e abelhas.
..........................................
Nota do Autor
Um capitulo altamente expositivo, estou fazendo isso pois logo farei aquela longa pausa que mencionei, desse jeito vou amarrar algumas pontas, outras deixarei para quando retornar desse "ano sabático".
Sim, Demiurge vai ensinar oara Mare sobre os "fatos da vida".
Chapter 108: Busca do Passado
Summary:
Começa a busca por informações sobre os Lords Dragões.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, outro capítulo chegando em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com Vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 94: Busca do Passado
Chapter Text
A reunião havia se encerrado abruptamente após o anúncio de Mare. Foi preciso uma conversa esclarecedora sobre as implicações do casamento.
Apesar do jovem elfo negro parecer estar ansioso para se livrar do incômodo de governar um reino, ele aceitou esperar mais algum tempo antes de tomar alguma decisão. Enquanto isso, Demiurge tomou para si o encargo de orientá-lo sobre os... fatos da vida.
Ainz tinha um pé atrás a respeito do que seria ensinado a Mare, por isso garantiu que essa aula se restringisse apenas ao escopo didático básico. As preocupações de um chefe não tinham fim.
Os planos para o futuro da tumba e do reino precisavam urgentemente de certas informações, informações que poucos poderiam fornecer.Delegar era parte crucial de uma boa administração, mas nem tudo podia ser repassado.
- Olá Sr. Wild, bem-vindo novamente ao meu escritório.
- Vossa Majestade ordena, nós obedecemos.
- Certo, eu gostaria de falar a sós com o Sr. Wild. Por favor, todos se retirem, incluindo vocês, os Assassinos de Oito Gumes.
A empregada de plantão abriu a porta enquanto uma série de passos aracnídeos saía. Então, ela mesma se retirou, fechando a porta atrás de si.
- Acho que estamos seguros. Faz bastante tempo, hein? É bom te ver, TW - disse Ainz, estendendo a mão em um aperto vigoroso.
- Algumas semanas. Acho que foi no Natal, não é? Então, o que precisa de mim?
- Achei que você pudesse ver o futuro, não pode adivinhar?
- Você sabe que não funciona assim. Não tenho controle sobre isso. A maioria são frivolidades, não é como se um evento importante tivesse prioridade na fila.
- Mesmo assim, eventos frívolos podem levar a um acontecimento grande.
- Efeito borboleta. Sim, mas como não sei o resultado, não posso dizer o que é, não com tanta antecedência.
- Então uma guerra pode acontecer amanhã, o fim do mundo chegar, e você não veria.
- Talvez. Tenho 99% de certeza de que eu sobreviveria, mas deixemos isso de lado. Não é preciso ser vidente para supor o porquê fui chamado. Baseado em suas preocupações, acho que teremos outra guerra.
- Outra não, a mesma. O que houve no Reino Santo foi apenas o começo, uma armadilha na qual eu não caí.
- E agora as coisas tendem a piorar.
- Sim. Pelo que sabemos, os tais Lordes Dragões são os autoproclamados seres mais poderosos desse mundo, com uma tendência extremamente arrogante.
- Pelo que eu consegui reunir de informações nestes 100 anos, os Lordes Dragões tomam para si o dever de manter o equilíbrio no mundo. Isso em uma balança que pende para eles. Qualquer uma de suas ações é justificada, qualquer tentativa de se opor é destruída. Acho que é por isso que eles odeiam os jogadores. Balançamos o status quo.
- E eu acho que pisei no calo daquele dragão de platina. Ele estava muito irritado na reunião em Argland.
- Dragões são pacientes, mas quando são tirados do sério, não há muito o que se fazer.
- Por isso, Wild, eu acho que ele virá com tudo na próxima vez. Será uma guerra aberta, onde só terminará com a morte de alguém.
- Humm. Isfo é um problema.
- Então eu preciso saber o máximo sobre os dragões.
- Bem. Não há muito mais sobre o que eu posso contar. Tudo o que eu tenho são lendas e contos, os registros históricos são poucos. Talvez você precise falar com pessoas mais velhas, que conhecem esse dragão.
- Elfos?
- Também, mas pode começar com alguém humano, que ainda está vivo. E adivinha!Ele está bem pertinho.
- Quem? Nããão! Háaargh! Ele não! - gemeu o morto-vivo.
✳ ✳ ✳
Andando pelos corredores da grande Tumba, Ainz se lembrava da recepção no Reino Dracônico e das poucas informações que a Rainha Draudillon pôde fornecer.
...............
- Magia selvagem. Eu sou capaz de usá-la, mas não sei exatamente como ou por quê?
- Vossa Majestade, a senhorita não estudou ou passou por algum ritual?
- Não, lamento, Lord Ainz. O que sei é que ser capaz de manipular tal magia é o sinal que marca um Lorde Dragão Verdadeiro. Meu avô, nas poucas vezes que nos encontramos, disse que eu era a mais jovem a conseguir tal feito.
- E a senhorita não sabe como conseguiu esse poder?
- Não, um dia eu simplesmente senti que era capaz de realizar algo diferente, simplesmente isso. Pouco me foi ensinado sobre como usá-la. De onde vem esse poder? Sei que vem da natureza, magia primordial e bruta. O porquê nós podemos usá-la? Apenas me disseram que "o que é, é". Mas, sobretudo, eu sei que é um poder que devo usar pouco.
- Por quê?
- Porque ele consome vidas! Vidas dos meus súditos. Quanto mais poder eu uso, mais vidas são tiradas. Cem, mil, dez mil, meu reino inteiro poderia morrer se eu perdesse o controle.
- Por isso a senhora não usou contra os Homens-Bestas.
- Sim. Quantas vezes eu teria que fazer isso até que recuassem? Quantos do meu povo morreriam pelas minhas mãos?
- Um sacrifício que talvez os outros Lordes Dragões não tenham escrúpulos em usar.
- Provavelmente não.
- A senhora chegou a encontrar ou conheceu outros Lordes Dragões?
- Não, Lorde Ainz. Dragões são egocêntricos e territorialistas. De nenhuma maneira eles se encontrariam para mera confraternização.
- Rainha Draudillon, me desculpe por perguntar tanto sobre seus... parentes, mas parece que terei algum problema com um deles em breve.
- Não se preocupe, Lord Ainz. Não tenho apego por nenhum, mesmo meu avô não era próximo, não como os humanos. O individualismo faz parte de nossa natureza dracônica. Mas sabe, meu avô me falou sobre alguns de seus irmãos.
- Oh! Isso será de grande valia, Rainha Draudillon.
...........
Essa lembrança se foi quando o senhor da tumba chegou onde ele encontraria seu próximo informante, na Grande Biblioteca de Ashurbanipal.
A biblioteca era a personificação em livros e tomos de todo o conhecimento digital do Velho Mundo. No meio deles, escondidos à vista, estão os livros importantes com os dados necessários para criar seres, itens e magias usados por Nazarick. Apesar de a biblioteca estar em seu próprio espaço dimensional, assim possuindo quilômetros de extensão, ainda seria impossível conter toda a informação já criada. Então, de alguma maneira, as prateleiras surgem e desaparecem conforme são necessárias, enquanto isso os dados não usados ficam em algum lugar, dentro da própria estrutura da biblioteca, um supercomputador quântico mágico, cuja única função é armazenar uma infinidade de conhecimento.
Guardando suas portas, havia dois Golens de alto nível. Ao entrar no grande salão, Ainz se deparou com a bela arquitetura de dois andares e com prateleiras que se estendiam a perder de vista. Apesar de terem sido eles mesmos que programaram a aparência da sala de acesso à internet, depois que a biblioteca veio ao Novo Mundo, sua visão esplendorosa sempre era de tirar o fôlego.
O senhor da tumba foi recebido pelo bibliotecário-chefe acompanhado dos lichs subalternos.
- Oh! Ser Supremo, alegrais nosso dia com sua presença, oh! Ainz Ooal Gown.
- Por favor, Titus! Não há necessidade de tamanha formalidade.
- Sim, meu senhor, como desejar. Em que podemos ajudá-lo?
- Eu gostaria de falar com alguém, Titus.
- Sim, meu senhor! Chamarei todos os funcionários imediatamente.
- Não! Não é preciso, a pessoa com quem desejo falar não trabalha aqui, é alguém que eu trouxe há algum tempo.
- Ah! O fedorento - disse Titus, olhando para os outros dois lichs.
- Fedorento?!
Os mortos-vivos caíram de joelhos.
- LAMENTAMOS TERMOS OFENDIDO SEU CONVIDADO, OH! AINZ OOAL GOWN! SENHOR DA GRANDE TUMBA DE NAZARICK!
Ainz se lembrava do dia que trouxe o homem. Ele havia perdido sua influência no Império e quase todo seu status, assim acabou relegado a funções simbólicas. Então, ele decidiu trazer Fluder para a tumba antes que alguém o matasse, uma fonte de informações esquecida por tempo demais.
- Titus, por favor! Se levantem e expliquem-se, depois medirei o tamanho de tal ofensa.
- Sim, meu senhor! - disse o morto-vivo, se levantando. - Logo após a chegada de seu convidado, tivemos uma série de elogios entusiasmados a cada pedaço que observava da biblioteca, o que nos deixou orgulhosos...
- 'Mortos-vivos podem sentir orgulho?! Pelo jeito, sim.' - pensava Ainz.
-... nos dias que se seguiram, tivemos que suportar os gritos de admiração toda vez que ele conseguia algum progresso em suas traduções. Então, foi aí que o problema começou a surgir, meu senhor.
- E qual seria esse problema?
- O cheiro.
- Cheiro?
- Sim, o cheiro. O humano possuía um anel de resistência rudimentar feito por ele mesmo, algo que o sustentava acordado por semanas seguidas. A princípio, movemos as prateleiras com o conteúdo disponível para ele, de forma que estivesse em algum lugar isolado, mas ainda assim o cheiro nos alcançou com o tempo. Por isso, tomamos a decisão de... expulsá-lo.
- Vocês o expulsaram! Por que não pediram minha ajuda ou orientação?
- Fomos incumbidos pelo senhor da responsabilidade por ele. Não poderíamos incomodá-lo com algo tão trivial, meu senhor.
- Acredito que ele não tenha ficado feliz.
- Na verdade, ele ficou deveras agitado, transtornado no mínimo. Tivemos que pedir aos golens que o mantivessem fora da biblioteca. Ele só parou de chorar quando dissemos que informaríamos ao senhor sobre tal atitude com os tomos sagrados, cujas páginas estavam sendo poluídas com tal fedor, e como o senhor não ficaria nada contente. Após isso, ele se retirou ao seu quarto, só retornando dias depois, completamente asseado.
- Vocês o ameaçaram.
- Sim, meu senhor, lamentamos por essa ofensa...
- Não, não! Concordo com você, Titus! Tal atitude foi muito acertada. Um convidado não pode tomar liberdades na casa de seu anfitrião. Na minha opinião, não houve ofensa alguma ao proteger Nazarick.
- Obrigado, meu senhor - disse Titus, fazendo uma grande reverência.
- E onde ele está agora?
- Acredito que deva estar começando seu intervalo obrigatório...
- SUA MAJESTADE!
- "Oh Boy!" Olá, Fluder, preciso falar com você.
- TUDO QUE MEU MESTRE DESEJAR PARA QUE EU POSSA TER MAIS UM PEQUENO VISLUMBRE DO ABISMO DA MAGIA...
- CERTO! Certo. Eu gostaria que você me contasse tudo sobre o tempo em que você foi um dos 13 Heróis.
..........................................
Nota do Autor
Ainz finalmente usa os contatos que ele juntou ao longo do tempo, se me perguntam porque ele demorou tanto para questionar Fluder, eu acredito que seja por sua natureza de colecionador, adquire uma nova peça e logo esquece dela.
Estarei trabalhando um pouco sobre a natureza dos Lords Dragões nos próximos capítulos assim como a magia selvagem, aguardem
Chapter 109: Primeiro Encontro
Summary:
O caos toma conta do mundo, e somente a reunião de seres poderosos pode fazer a diferença.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, chegou mais um capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 95: Primeiro Encontro
Chapter Text
- TRAGAM MAIS LENHA! - gritou um oficial.
O acampamento de guerra estava movimentado, soldados corriam de um lado ao outro. A noite chegava e a escuridão tomava conta de tudo, esta era uma hora perigosa.
- Tomem posição e reforcem o perímetro, estamos próximos do território inimigo!
- SIM SENHOR CAPITÃO! - responderam os soldados.
Enquanto o humano gritava ordens, uma criatura com três vezes sua altura passava na direção oposta. Parecia um homem de aparência robusta usando peles, seu corpo era marcado com cicatrizes e tatuagens, seus cabelos e barba desgrenhados eram claros. O Gigante do Ar caminhava alheio às pessoas que precisavam saltar de seu caminho para não serem pisadas.
Mais adiante, uma delegação anã parecia deslocada em meio ao movimento intenso.
- Hobruk! O que fazemos aqui?
- Recebemos ordens, Fihu! Devemos ficar aqui.
- Não gosto desse lugar, não tem nada sobre as nossas cabeças, como podem viver assim?!
- Eles são um povo estranho, não conhecem a segurança de um teto de pedra.
- Eles são mesmo guerreiros? Não parecem muito fortes. Olhe ali! Aquilo são guerreiros?! - disse o anão apontando para um grupo de elfos que parecia tão deslocado quanto eles.
Este era um grande exército, com soldados vindos de vários reinos, reunindo-se para enfrentar o avanço das forças inimigas. Humanos, elfos, anões e gigantes; o mal que assolava os reinos era tão grande que obrigava a união de povos tão distintos como o povo elfico.
- Meu senhor. Vossa alteza não deveria se misturar com essas... pessoas.
- Ariel. Isto é uma guerra. Não é hora para frivolida... - as palavras do senhor elfico foram cortadas abruptamente.
O lorde élfico olhou na direção de onde vinha o assobio baixo e infra-sônico que somente alguém de seu povo podia emitir ou ouvir.
- ATAAAAQUE! ESTAMOS SENDO ATACADOS! - gritou ele.
Todos olhavam para o elfo que gritava sem algum aparente motivo. Levaram vários segundos antes que alguém se mexesse, logo os gritos de alerta das linhas de frente finalmente chegavam até eles.
- ATAQUE! ATAQUE! O INIMIGO ESTÁ ATACANDO! - gritavam capitães, tenentes e sargentos por todo o acampamento e pela linha de defesa.
- ESTÃO CHEGANDO! FIQUEM FIRMES! Vai ficar tudo bem. - o sargento falou mais para si mesmo do que para confortar seus soldados antes da onda inimiga os alcançar.
De dentro da floresta emergiu uma infinidade de inimigos, e assim que atingiu a primeira linha de defesa, esta não teve chance, foi varrida como se não houvesse nada ali.
A segunda linha resistiu ao golpe, lanças e escudos se chocaram, as espadas foram desembainhadas, o sangue jorrou como um rio, a terra se tornou lama e os guerreiros lutavam por suas vidas.
Os inimigos eram um exército tão variado quanto os defensores, com seres reptilianos, outros de aparência como chacais ou insetoides, todos emergindo da floresta sem dar sinal de que diminuiriam sua investida.
Essas forças se acumularam nas linhas ao ponto de começarem a passar uns sobre os outros, como se estivessem enlouquecidos.
Os humanos se garantiam pela quantidade, por suas armaduras e armas. Estes ficavam nas linhas de frente junto com o exército anão, que, apesar de menor, tinha a força bruta ao seu favor, além de ter equipamentos melhores. Os elfos estavam mais atrás, usando seus arcos para enfrentar os atacantes voadores e aqueles que conseguiam passar a linha de defesa. Os Gigantes do Ar, apesar de serem poucos, podiam causar grandes estragos. O balançar de seus martelos de batalha em meio aos inimigos abria grandes espaços, mas não podiam se afastar, pois seriam derrubados pela enorme quantidade de oponentes.
Após a queda da segunda linha em alguns pontos, a luta se tornou frenética. Apesar disso, em outros lugares o inimigo recuava, figuras épicas se destacavam ao meio, guerreiros de maior habilidade, força, agilidade ou poder:
Um mago que fazia chover bolas de fogo sobre a linha inimiga, um elfo usando uma espada curva que girava e dançava, enquanto seus oponentes caíam em pedaços, um anão com armadura e armas lendárias, um gigante que fazia o chão tremer com golpes de sua marreta enquanto um guerreiro solitário parecia cercado.
Os inimigos reptilianos se mantinham afastados do alcance da espada que o humano empunhava. A morte parecia certa para aqueles que o desafiavam. Seus feiticeiros não conseguiam derrubá-lo, apenas parecia que o enfraqueciam.
Esse impasse durou até que o general inimigo surgiu, um grande homem-crocodilo, usando estranhas vestes douradas e um machado circular. Em sua testa, um ornamento com uma joia vermelha, cujo brilho refletia no olhar de todo o seu exército.
- Parabéns, humano! Você terá o privilégio de me servir como lanche.
- Me desculpe, mas acho que eu seria indigesto. Por favor, pegue seu povo e vá embora, senão amanhã terei muitos cintos.
- Ha ha ha! O lanche é valente. Darei-te a honra de saber o nome daquele que usará seus ossos para limpar as presas. EU SOU SOBEK! GENERAL DO REI DEMÔNIO! Diga seu nome, humano, antes de eu devorá-lo.
- E eu sou... - um estrondo interrompeu a resposta.
Algo caiu do céu e em meio à nuvem de detritos havia um cavaleiro de armadura brilhante,sob seus pés, o cadáver de Sobek que parecia uma marionete cujos fios fora cortados... e depois pisoteada.
- EI! Amigo! Ele era meu! Sabe como foi difícil atraí-lo até aqui?
O cavaleiro ignorou as lamurias do humano e apenas olhou em volta, então surgiram armas flutuantes ao seu redor. Com um movimento de sua mão, uma delas voou em direção aos inimigos, abrindo uma grande ferida em suas fileiras.
- Ok, depois a gente conversa - o guerreiro falou partindo em seguida na outra direção, agora realmente usando sua verdadeira força para reduzir os atacantes.
Sem seu general controlando as tropas demi-humanas, a moral vacilou e se extinguiu. Logo os inimigos partiram em debandada para a floresta.
Mas o exército vitorioso não tinha tempo para comemorar, precisava se reorganizar para um novo e possível ataque.
Dentro da barraca de comando, um estranho grupo se reunia.
- Obrigado, senhores, pela vossa presença. Eu sou o General Marcus Aurus El-Nix, represento as forças combinadas dos reinos dos homens sob a bandeira de Bararuth. Por favor, se apresentem para que possamos saber com quem falamos.
- Eu sou Abnem Aphor, da casa de Hougan, represento os altos elfos da Grande Floresta de Envasha. - disse o lorde élfico com seu pequeno séquito atrás.
- Foi o senhor que deu o alerta antes mesmo do ataque começar.
- Sim, meus batedores estavam a postos quando foram atacados. Apesar de habilidosos, tiveram pouco tempo para nos alertar.
- Os homens-fera são rápidos e conhecem a floresta tão bem quanto os elfos. Obrigado pela sua presença.
- Eu Olef - disse o gigante agachado na lateral da barraca. - Capitão Guerreiro dos Gigantes do Ar.
- Obrigado por vir, Capitão.
- Eu represento o exército do povo das montanhas Azerlísias. Sou Hobruk GoldHand.
- Obrigado, meu senhor, aprecio o fato de seu povo voltar a interagir conosco depois de tantas décadas.
- Nosso povo preferia o isolamento, mas os exércitos inimigos massacraram muitas cidades nossas antes de conseguirmos empurrá-los para o grande abismo. Se deixarmos essas criaturas prosperarem, tudo morrerá.
- Isso é loucura. Eles não podem querer destruir tudo! Com que objetivo? - questionou uma jovem aventureira.
- Sim, eles podem, e o farão - respondeu o guerreiro solitário.
- Como você sabe disso? E quem é você?
- Eu me chamo Riku Aganéia. E você é...?
- Meu nome é Rigrid, e agora responda a pergunta! Como, você, sabe, o que eles farão?
- Eu... apenas sei. Já lutei contra eles e precisei fugir, não era forte o bastante para enfrentá-los. O objetivo deles é realmente destruir este mundo. Afinal, não se chamam As Divindades do Mal à toa.
- Obrigado, senhor Riku. E quem seria esse cavaleiro que o acompanha?
- Não tenho ideia, Lorde Marcus. Ele literalmente caiu do céu e matou meu oponente. - o guerreiro disse apontando com o polegar e fazendo uma careta.
- Podem me chamar de... Cavaleiro de Platina, represento os Lordes Dragões.
Todos se admiraram com a afirmação, sem dúvida ele não mentia visto pelo poder que parecia emergir dele.
- Os Lordes Dragões, eles se juntarão à luta?! - perguntou o General Marcus.
- Não! Os Lordes Dragões têm seus próprios planos, eles não participarão.
- Então fomos abandonados.
- Não, General Marcus. Eu fui enviado pelo Lorde Dragão Platina e ajudarei nesta luta.
- Agradeço por isso, meu senhor. Eu solicitei que todos viessem aqui a pedido do senhor Riku e do Mago Sagrado.
Um homem mais velho, usando vestes de mago, se adiantou.
- Obrigado, general. Desculpem, eu ainda não me apresentei. Por favor, me chamem de Maximilliam Misfith. Não farei rodeios, por isso vamos direto ao ponto. Como podemos enfrentar as Divindades do mal?! Apesar de poderosos, nunca os vimos pessoalmente, apenas o senhor Riku já os encontrou. Fora isso, sempre são seus exércitos e generais que enfrentamos. Mesmo possuindo poder suficiente para dominar e comandar exércitos, eles se mantêm ocultos, não se expõem.
- Então como os derrotamos? - perguntou o anão.
- Nós os pegaremos um a um - falou Riku. - Eles são muito fortes, porém cautelosos. Apesar de terem o mesmo objetivo, se manterão afastados uns dos outros, não confiam em seus próprios colegas por causa de suas naturezas traiçoeiras.
- Isso mesmo, atacá-los individualmente é a melhor opção. Mas não podemos fazer isso com um exército, seríamos lentos e poderiam nos ver a dezenas de quilômetros. Precisamos de força, velocidade e...
- Discrição - disse uma voz vinda das sombras, cortando a fala do mago.
Quase todos sacaram armas para o estranho recém-chegado.
- Meu nome é Izaniya, e estou aqui a pedido de Riku Aganéia.- disse a pessoa usando trajes ninja.
- Bem-vindo. Achei que não teria recebido minha mensagem.
- Eu cheguei faz dois dias, apenas aguardei os outros.
- É exatamente disso que falava! - disse Maximillian em admiração - Precisamos juntar um grupo de seres poderosos o suficiente, mas em pouca quantidade, para enfrentá-los.
- Mas somente nós não bastaremos, não é mesmo, senhor Aganéia?!
- Não, Lord Abnem, precisamos de mais pessoas. Por isso partirei para tentar localizar o Cavaleiro Negro, além de um amigo. Izaniya virá comigo.
- Existem algumas histórias ruins sobre esse Cavaleiro. - disse Rigrit. - Pensando nisso, eu ouvi sobre uma maga poderosa vivendo próximo do antigo reino de Invéria. Dizem que ela derrotou sozinha o vampiro Landfall. Eu irei para lá.
- Eu irei junto - completou o Cavaleiro de Platina.
- Então eu partirei para Kami Miyako, a cidade dos adoradores dos Seis Deuses. Eles possuem guerreiros e magos poderosos. Os outros devem permanecer aqui, manter os exércitos unidos. Nos encontraremos novamente em alguns meses, todos concordam?
Todos assentiram, Maximilliam parecia ter uma boa estratégia.
- Certo! Então partiremos o quanto antes. Venha, Fluder! Pegue nossas coisas. - disse o mago para a criança que era seu aprendiz.
✳ ✳ ✳
- Então você ainda lutará contra nós. Que escolha inoportuna. E pelo visto uma nova peça foi colocada neste tabuleiro.
O Rei Demônio, há quase duzentos anos atrás, falava para si mesmo após seu feitiço de observação ter sido destruído com a chegada do Cavaleiro de Platina.
- Não se preocupe, nós cumpriremos aquilo para o que fomos criados, nós destruiremos este mundo... mestre Riku.
.........................................
Nota do Autor
Esta é uma lista foi retirada da Wiki de Overlord, levando em consideração que alguns somente foram mencionados na WebNovel, a informação em asterisco foi adicionada por mim para que funcionasse na fanfic.
Membros conhecidos dos 13 heróis:
Guerreiro Riku Aganéia, *Jogador.
Rigrit Bers Caurau.
Artesão Mágico Anão, *Hobruk GoldHand.
Cavaleiro Negro, *Godkin.
Izaniya, *Godkin.
Capitão Guerreiro dos Gigantes do Ar, *Olef.
Evileye.
Senhor Dragão de Platina, *Cavaleiro de Platina.
Um membro da Família Real dos Altos Elfos, *Abnem Aphor, Godkin.
Dark Cultist.
Espadachim Mágico, possivelmente o amigo de Riku que foi mencionado.
Grande Sacerdote, *Igreja dos Seis Deuses.
Mago Sagrado, *Maximilliam Misftih.
Deidades do Mal: *nível 70
Deus Dragão.
Deus Demônio dos Insetos.
Deus Rei Demônio, *8º nível de magia.
Divanack.
Zy'tl Q'ae, possivelmente um Deus Demônio aprisionado na árvore que se tornou um Trent e depois a Árvore maligna.
...............
Ok, se alguém espera que eu vá escrever sobre os 13 Heróis, pode tirar o cavalinho da chuva, só as aventuras deles renderia um livro, e eu não pretendo seguir esse caminho.
Chapter 110: Histórias, Histórias e mais Histórias
Summary:
Tantos relatos, tão pouco tempo.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, este é o antepenúltimo capítulo que irei postar antes daquela pausa, aproveitem Aquele que Voltou.
Com vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 96: Histórias, Histórias e mais Histórias
Chapter Text
- E foi assim que eu conheci o Lorde Dragão que hoje usa o nome de Riku Aganéia.
Fluder contava essa história para o Senhor da Tumba, ambos estavam sentados em uma sala reservada da Grande Biblioteca de Ashurbanipal.
- Então ele não se mostrou como dragão em nenhum momento de sua... aventura?
- Não, meu senhor, mas eu sabia. Meu talento, a mana que via nele era diferente, não era humana.
- E quanto aos outros?
- Poderosos em suas artes, nada como Vossa Majestade.
- Certo! Antes de continuar sua história, me diga, as Divindades do Mal, eles eram fortes?
- Todos mais poderosos do que o senhor Riku. Eu cheguei a ver alguns, mas suas auras mágicas eram diferentes.
- Diferentes como?
- Diferentes. Achava que era por sua natureza demoníaca, mas eu vi auras parecidas recentemente.
- Eles eram esses tais... Jogadores?
- Não, meu senhor. Uma vez ouvi meu mestre falando com o Cavaleiro de Platina. Eles mencionavam seres poderosos, os chamados Jogadores, mas não falavam das Divindades. Estes tinham o nome de... Enipices.
- NPCs! Interessante... - murmurou Ainz.- Então as Divindades do Mal eram... NPCs!?
- Sim meu senhor! Tal nome só voltei a ouvir aqui, na Grande Tumba de Nazarick. Os sagrados Guardiões de Andares possuem o nome e a mesma aura diferente das Divindades do Mal.
A revelação de que NPCs poderiam andar livremente destruindo o Novo Mundo trouxe receios antigos na mente do senhor da tumba.
- Nenhum era um Jogador?
- Pelo que meu mestre discutiu com o Cavaleiro de Platina, o senhor Riku Aganéia deveria ser um.
- Humm! Isso responde muitas questões. - 'NPCs, eles devem ter sido criados por algum jogador, talvez o tal Aganéia original, pela história de Fluder, ele não era um Jogador de nível 100, e provavelmente precisou fugir de seus subalternos que de alguma forma se rebelaram. O meu primeiro medo ao chegar neste mundo se tornando realidade. Apenas por capricho os guardiões e outros seres de Nazarick foram programados para idolatrar e servir os membros da Ainz Ooal Gown, não era preciso programar lealdade já que eles obedeciam a tudo que pediamos, isso só foi feito porque todos meus amigos eram afixionados em desenvolver histórias de fundo para suas criações. Imagino o que aconteceria se NPCs com um fundo raso como eles reagiriam, se a única coisa que os impedissem de serem uma Divindade do Mal fosse um mestre fraco sem autoridade explicitamente programada.'- Certo! Então, por hora, nos manteremos na questão do dragão. Por favor, prossiga.
Dias foram necessários para acompanhar cada passo da jornada de Fluder ao lado do dragão de platina. Foi preciso um esforço hercúleo para ouvir todas as minúcias que o mago insistia em relatar, para no final, pouca informação relevante ter sido adicionada.
Enquanto estava ocupado com o velho mago, Ainz solicitou para que Shalltear obtivesse o relato da aventureira vampira, assim poderia comparar o mesmo acontecimento em pontos de vista diferentes. Aparentemente, Evileye foi a que mais contribuiu para derrubar o Rei Demônio dos Insetos, e foi durante esse período que ela criou a magia contra insetos, algo que Entoma não estava disposta a esquecer.
- Um encontro entre as duas provavelmente seria necessário para resolver tal questão.
Conforme os relatos prosseguiam, era possível determinar certos pontos em comum sobre o Cavaleiro de Platina. Por exemplo: apesar de sua suposta força, pouco fazia para acabar rapidamente com alguma luta, preferindo se manter afastado. Pouco falava e muito inquiria, parecia estar mais interessado em estudar seus colegas e adversários do que dar fim a seus oponentes.
Essa era a conclusão que Ainz pôde tirar a respeito do caráter do dragão. Em retrospectiva, agora sabendo quem ele é, fica claro todos os maneirismos que um dragão teria: o territorialismo, o ego e o sentimento de superioridade. Estranho ninguém ter percebido que a armadura era apenas uma marionete controlada.
Ouvir tantos relatos era desgastante, mas o Senhor da Tumba estava determinado a colher pessoalmente o máximo de informações possíveis. "Chega de relatórios" ele pensava. Para tanto, em sua investigação, recorreu até mesmo às fontes mais improváveis, nenhuma mais estranha do que aquela que no momento dormia em uma baía na cidade de E-Rantel.
- Hansuke não sabe nada sobre dragões.
- Nada?!
- Mestre, desculpe Hansuke. Este apenas conhece os dragões comuns, aqueles que não falam. Lutei com alguns para criar meu território, mas foi décadas atrás.
- Certo, mesmo sobre eles, alguma coisa relevante?
- Sim! Tinham gosto de galinha.
- Outro beco sem saída, mas mesmo becos levam a algum lugar. Obrigado, Hansuke.
- Mestre, desculpe esta pessoa, mas, alguma notícia sobre parceiros para Hansuke?
- 'Droga! Esqueci disso!'- Não, ainda não, mas prometo que farei um esforço maior.
- Hansuke agradece ao mestre.
Dias depois, seu próximo compromissode Ainz o levava para o escritório, e assim que se sentou, a empregada de plantão anunciou o convidado.
- Com sua licença, Lorde Ainz. O senhor Barintacha Hierofantes VI está aqui como solicitado.
- Obrigado, Foire. Deixe-o entrar.
A empregada abriu a porta dando passagem ao vampiro. Ele vestia suas melhores vestes, mas mantinha a aparência humana.
- Bem-vindo, senhor Barintacha. Espero não estar atrapalhando nenhum compromisso.
- De maneira alguma, Sua Majestade. Apesar de ser de outro reino, ainda somos vassalos à vossa pessoa.
- Eu agradeço por isso. Acredito que Entoma deve ter mencionado o nosso interesse em que o senhor abra uma filial de seu hotel aqui em E-Rantel.
- Sim, inclusive já entrei em contato com a secretaria de obras do reino para adquirir um terreno bem localizado.
- Maravilha, mas não é por isso que chamei o senhor à minha presença. Espero que possa me ajudar em algo.
- O que Vossa Majestade desejar.
- Como o senhor é alguém que já viveu muito, então deve conhecer todo tipo de histórias. Eu gostaria de saber a respeito de dragões.
- Vossa Majestade, me pede algo incomum.
- Algum problema sobre obter esse tipo de informação?
- Não! De forma alguma. Na verdade, o pedido é incomum porque a informação é comum demais, tanto que quase nenhuma tem respaldo histórico. Em sua maioria, são bravatas, contos para crianças dormirem ou pura invencionice.
- Mas mesmo assim, algumas podem possuir alguma verdade?
- Talvez, Vossa Majestade. Ainda assim, seria difícil separá-las.
- Então, se atenha àquelas com dragões falantes. Por favor, sente-se, pelo visto acho que vamos demorar.
O Vampiro Ancião então narrou um resumo das histórias que conhecia, dois milênios e meio de história resumido em poucas horas.
- Então... quase nada sobre Lordes Dragões.
- Lamento, meu senhor. Apenas contos de como eles são poderosos, dominam reinos e vencem aqueles que se atrevem a desafiá-los. Somente há pouco tempo, há mais ou menos uns quatro ou cinco séculos, é que algumas histórias surgiram sobre lutas diretas, histórias da época dos Oito Reis da Ganância, que parecem ter matado vários Lordes Dragões menores.
- Eu vejo. Seria possível haver outras mas que não foram presenciadas, ou simplesmente apagadas. Bem, obrigado pelo seu tempo, senhor Barintacha. Espero notícias sobre seu novo empreendimento em meu reino.
- Como Vossa Majestade desejar. Com sua licença.
- Há muita inconstância nessas histórias. Algumas falam de derrotas pelas mãos de supostos Jogadores, mas sempre que se trata dos Lordes Dragões, eles é que são exaltados, mesmo em suas derrotas. Eu preciso saber por quê.
Semanas de pesquisa e pouco resultado.
A falta de informação começava a irritar Ainz. Nem mesmo o antigo rei elfo tinha algo a dizer.
- Seu morto-vivo desprezível, quando eu sair daqui violarei sua mestra, tomarei seu poder e você será destruido, então resssucitarei a menina e ela me servirá para sempre gerando novos filhos eeeeeeeeeeEEEEEEHHHHH!
Uma corrente elétrica mágica passou pelo corpo do rei elfo calando suas bravatas. Ainz não estava disposto para ouvir essas ameaças.
- Me fale sobre dragões, e minha... "mestra" está disposta a dar um fim rápido ao seu infortúnio.
- Ptuuh! Os dragões não põe os pés em minha terra, eu governo os elfos, O PODER É MEU! Poder que usarei PARA ESTRUPAR SUA MESTAAAAAAAARRRGGHHHH!!!
- Chega dessas bobagens, Neuronist! Amordace nosso convidado, vou vasculhar a mente desse verme.
A MestreTorturadora avançou com uma mordaça de bola feita de material nunca visto neste mundo, algo que provavelmente quebraria os dentes do rei elfo durante o uso, um prazer que Neuronist se concedeu após ouvir as blasfêmias ditas para seu mestre.
A leitura de memórias foi quase infrutifera, a mente de Decen era forte o suficiente para resistir parcialmente ao feitiço, e tudo consumia muita mana, mesmo para Ainz. Vasculhar seis séculos de obscenidades também não ajudava. Mas foi possível vislumbrar o pouco conhecimento sobre o assunto dragões eo desdém por eles.
Um padrão estava surgindo nas investigações do Ser Supremo, mas ainda precisava de outras confirmações para que pudesse traçar uma estratégia apropriada.
Os próximos recursos estavam hospedados no sexto andar, e no momento provavelmente eram suas últimas opções.
- BEM-VINDO AINZ-SAMA! - gritaram os dois jovens Elfos Negros, ambos bastante entusiasmados com a visita repentina de seu mestre.
- Obrigado pela recepção - Ainz falou enquanto se sentava em uma mesa e era servido de chá por uma das empregadas elfas.
- Nós que agradecemos pela sua atenção, Ainz-Sama! Não é, Mare?
- S-sim, obrigado, Ainz-Sama.
- Eu que agradeço pelo seu tempo, Mare. Você conseguiu aquilo que pedi?
- S-sim, Ainz-Sama - o jovem se virou e pegou vários papéis de anotações que Antilene entregou - E-eu perguntei aos elfos sobre dragões e eles me passaram poucas coisas. A maioria teve que procurar em s-suas bibliotecas.
O Ser Supremo folheava as várias anotações enquanto fazia suas observações.
- É mesmo? Os anciões não tinham lembranças de histórias e relatos antigos?
- N-não há anciões, Ainz-Sama. Os mais velhos têm pouco mais de 400 anos. O antigo rei elfo mandou para guerra quase todos. O p-Primeiro Ministro, é o mais velho e-e ele falou que os elfos se mantêm afastados dos Lordes Dragões, e n-nenhum tem território na floresta desde que o grande lago se formou.
- Isso é um empecilho. Pelo que descobrimos sobre o Rei Elfo, ele é filho de um Jogador, talvez um dos tais Oito Reis da Ganância.
- N-não Ainz-Sama, s-somente o Primeiro Ministro ainda lembra, mas ele contou que Decen é filho do Deus dos Elfos, aquele q-que governou cem anos antes dos Reis da Ganância.
- Humm! Dois deuses elficos ao mesmo tempo me parece ser muita coincidência. O deus dos elfos pode ser o mesmo Deus da Terra que a Teocracia tenta apagar de sua história.
- E-eu não entendo Ainz-Sama! P-porque fariam isso.
- Veja Mare. Se Decen fosse filho de um dos Oito Reis da Ganância em vez de um dos próprios deuses teocratas, seria uma forma mais eficaz de sustentar a guerra. Misturar as histórias para apagar a origem elfica do Deus da Terra seria uma boa forma de desinformação. Para piorar a situação, além da má fama do rei elfico, ele reduziu ainda mais a sua cultura, ao sacrificar tantos de seu povo na guerra contra a Teocracia.
- E-entendi, Ainz-Sama. Ele era burro e mal. Se o senhor quiser, posso pedir para alguém dar um fim no e-ex-rei elfo - Mare falou dando uma olhada sutil para Antilene.
- Por enquanto manteremos ele pendurado. Talvez em um futuro próximo, afinal, sempre podemos ressuscitá-lo. Certo! Terminarei de ler isto depois. Aura! Você poderia chamar aquela... "pessoa"?
- Claro, Ainz-Sama - a menina sorridente deu um assobio longo e quase inaudível.
Logo, o som de passos ressoava, o barulho de árvores caindo e sendo quebradas aumentava até que, de dentro da floresta, surgiu a enorme criatura. Ela era escamosa, com uma longa cauda, asas que batiam com força, mas parecia que o animal não se decidia entre correr e voar, sendo que acabou caindo de cara no chão no final de sua... "corrida".
- E-estou aqui - puff puff - como - puff - ordenado! - Hejinmal bufou sem fôlego.
........................................
Nota do Autor
Então, aqui eu tomei uma baita liberdade ao ligar Riku as Divindades do Mal, como Ainz disse, NPCs com histórias rasas, que devem ser o mais malvados possíveis, ganhando consciência, acho que não se submeteriam a um líder sem muita autoridade.
Sei que o autor citou que Decen é filho de um dos Oito Reis da Ganância, mas eu quis deixa-lo mais antigo, e como eu tornei o Deus da Terra um elfo, achei que seria uma boa maneira de usa-lo, além do mais eu imagino Decen matando o próprio pai pelo trono.
Chapter 111: Hic Sunt Dracones
Summary:
Ainz aprende sobre dragões.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo o penúltimo capítulo antes da pausa em minha fanfic Aquele que Voltou.
Com Vocês
Aqueles que Voltou
Capítulo 97: Hic Sunt Dracones
Chapter Text
Aura bateu com a mão no rosto ao ver a chegada atrapalhada do dragão branco.
— Isso é jeito de se apresentar?! Barriga para dentro! Peito para fora! Agora faça direito.
— Eu, Henjimal, filho de Olasird'arc Haylilyal, estou aqui para servi-lo, meu senhor! — disse o dragão em posição ereta, quase militar.
Ainz analisava o dragão. Pelo visto, a Domadora de Feras tinha trabalhado em muitos exercícios; parecia que ele havia ganhado alguns músculos e perdido um pouco de peso, mas obviamente ainda se esforçava para ocultar a barriga protuberante.
— Me desculpe, Ainz-sama. Tem sido difícil botar esse fracote em forma! Ele mal acompanha os outros.
Hejinmal abaixou a cabeça.
— Tudo bem, Aura, nós não trouxemos Hejinmal por sua força, mas sim por seus conhecimentos.
— O-obrigado, Vossa Majestade. Eu me esforçarei para ser o mais útil possível. — disse aliviado.
— É bom mesmo ser útil para Ainz-sama, ou eu terei muitos outros usos para você! — Aura falou com um sorriso predador.
As habilidades de Ranger que a elfa tinha incluíam o de Peleiro, algo que a permitia escalpelar quase qualquer tipo de criatura para obter peles e couro, por isso ela sempre pensava nas maneiras de aproveitar a pele de Hansuke; o dragão, pelo visto, tinha o mesmo problema.
— 'Será que Aura tem ajudado Demiurge com a produção de pergaminhos? Nah! Deve ter outros para fazer o serviço de esfolar as tais Ovelhas de Abellion.' — O Ser Supremo afastou com um aceno o pensamento da elfa coberta de sangue e cercada de ovelhas.
— Ahan! Certo! Henjimal, qual era o nível de força de seu pai? Digo, ele era um Lorde Dragão?
— Meu pai era um dragão forte, ele era um lorde dragão.
— Então ele podia usar Magia Selvagem?
— Meu senhor, meu pai não podia usar Magia Selvagem.
— Mas seu pai era um lorde dragão?!
— Sim!
— Lordes dragões podem usar Magia Selvagem?!
— Sim!
— Mas o seu pai não.
— Isso.
— Por quê?
— Porque ele era um lorde dragão, não um Lorde Dragão.
— Ok! — 'Deve haver um erro na tradução automática, eles podem ser coisas diferentes, mas não há nome para isso.' — Você é um Lorde Dragão?
— Não, meu pai era um lorde, como os condes e nobres humanos. Eu sou um dragão.
— Aah! Seu pai era um lorde por ser o chefe hierárquico da família, como um título de nobreza, diferente de Lorde Dragão, que deve ser mais como uma classe, como o Ranger ou Monge. Certa vez eu ouvi o termo "lorde dragão menor". Seu pai poderia ser chamado assim?
— Humm! Somente se ele se tornasse um "Verdadeiro" Lorde Dragão, por ser o mais fraco talvez.
— Então o fato de você ser um dragão não significa que você é um dragão comum, não é mesmo?
— Vossa Majestade está certo. Somos espécies diferentes. Seria o mesmo que comparar macacos e humanos. Tirando os pelos, os dois são muito parecidos, mas diferentes. Da mesma maneira, um dragão comum nunca poderia falar ou pensar como nós. Eles são feras, se movem pelo instinto, e nós pensamos, falamos e planejamos.
— 'Dragões comuns, Dragões, lordes dragões, Lordes Dragões... que confusão!' - Você conhece outros lordes?
— Sei de outros lordes dragões, nenhum tentando chegar ao que meu pai queria.
— Se tornar um Lorde Dragão, como ele faria isso?
— Com o uso de Magia Selvagem, a marca de poder. Ela somente pode ser usada por um Lorde Dragão. Para isso, meu pai precisaria de um grande território com muitos súditos. Talvez em mais alguns séculos ele se chamaria Lorde Dragão da Montanha e governaria os Anões, os Quagoas e os Gigantes de Gelo.
— Então vocês dominariam a cordilheira.
— Não! Não, não. Não existe família entre os dragões. Nós, os filhos, só ficamos juntos até ficarmos adultos. Depois, somos expulsos. Servimos como guardas e exército do lorde, o chefe da família. As filhas se tornam suas concubinas, gerando mais filhos guerreiros. Mas se meu pai chegasse a se tornar um Lorde Dragão, todos seriamos eliminados rapidamente se não fugíssemos. Nenhum dragão vive perto de seu ninho.
— Os filhos seriam uma ameaça ao poder recém-adquirido.
— Qualquer outro dragão seria uma ameaça. O território de um Lorde Dragão é apenas dele. Apenas os dragões comuns, os mais novos ou mais fracos, vivem lá, como cães cuidando de uma fazenda.
— Então não existe um Lorde Dragão na Cordilheira Azerlísia.
— Não, meu senhor. A cordilheira pouco tinha a oferecer. As tribos dos Gigantes de Gelo são muito separadas. O povo Anão quase tinha sumido e as tribos Quagoas recém tinham se unido.
— Os Quagoas. Eles atacavam o povo Anão, iriam terminar o que as tais Divindades do Mal haviam começado. Não sobraria nenhum anão para ser governado.
— Meu pai acreditava que em algum momento eles pediriam ajuda. Os Anões não se sujeitavam. Seu plano era que eles fossem massacrados até que se rendessem ao seu poder.
— 'Já ouvi um plano parecido.' - Acho que seu pai não contava com o orgulho do povo Anão.
— Meu pai preferia usar mais a força do que a estratégia. Se os Anões não se submetessem, os Quagoa iriam servir. Eles se reproduzem rápido.
— Não seria possível outro Lorde Dragão tomar o lugar de seu pai?
— Talvez, mas acho que não há nenhum próximo, e esse é um processo que parece levar séculos. Não poderia apenas ser tomado. Meu pai poderia ser morto, mas quem ficasse teria que recomeçar a criar um novo território.
— Planos que levariam séculos. Quanto vive um dragão?
— Um dragão comum? Um pouco mais de mil anos. Nós que falamos podemos viver uns cinco mil, se não formos mortos. Nunca ouvi algo sobre um Lorde Dragão morrer de velhice. Dizem que o Imperador Dragão tem mais de cento e cinquenta mil anos.
Hejinmal disse esta última parte como se este fosse o feito mais prodigioso já feito por um ser mortal, ignorando completamente o fato de que existem seres que simplesmente não morrem de velhice, como os mortos-vivos.
Mesmo assim, Ainz pensou como seria viver tanto tempo e ver todos à sua volta envelhecerem e morrerem. Seus servos, seus súditos, seus guardiões.
— 'Demônios vivem indefinidamente, assim como vampiros e mortos-vivos. Elfos possuem longa vida, mas já ouvi dizer que os Altos Elfos podem viver o quanto quiserem. Será que Aura e Mare estão nessa classe? E quanto a Cocytos? Entoma, Lupusregina e suas filhas? Preciso tomar medidas quanto a isso!'
— Bem, retomando o assunto. Quais outros Lordes Dragões você já ouviu falar?
— Conheço alguns, Vossa Majestade, por contos de meu pai, dos livros que li e de raros encontros com outros jovens dragões errantes que não tentaram me comer. Vossa Majestade conhece o Grande Abismo?
— Sim, a fenda que segue por dentro de toda a Cordilheira Azerlísia.
— Isso. Ela desce até o Grande Rio, que leva para o Mar Subterrâneo e ao submundo. Essa é a entrada para onde vive o Lorde Dragão do Abismo. Ele governa o subterrâneo, as criaturas abissais e os Anões Negros.
— Somente os Anões Negros? Por que não governa os outros Anões?
— Porque eles são da superfície.
— Mas eles vivem no subsolo? Nas cavernas!
— Sim, mas ainda assim dentro da montanha, descendo poucas centenas de metros abaixo do pé da cordilheira. Os Anões Negros vivem a quilômetros de profundidade, nos Reinos Subterrâneos.
— Humm! Um mundo dentro do mundo. Imagine as possibilidades. Bem, isso seria um assunto para falar com Gondo, mas pelo que me lembro durante o Conselho em Argland, parece haver alguma antipatia entre os dois povos.
— Sim, apesar de serem parentes, eles entrariam facilmente em guerra um com o outro. Diferente dos Elfos e das tribos dos Elfos Negros, que convivem pacificamente.
— Por que a briga entre os Anões?
— Alguma coisa sobre os Anões Negros não suportarem a ideia de alguém vivendo tão perto do sol.
— Mas eles ainda assim fazem parte do Conselho Argland.
— Talvez pelo comércio. Anões Negros são muito gananciosos, por isso buscam fazer negócios com outros povos. Eles precisam de gente para suas minas intermináveis.
— Eles contratam outros povos para cavar por eles? Será que estariam dispostos a contratar força morta-viva?
— Não sei, meu senhor, mas os povos que trabalham nas minas não são empregados, são escravos. Os Anões Negros são escravistas.
— Humm! Um problema realmente. E sobre os outros Lordes Dragões?
Hejinmal começou a contar nos dedos.
— Ah, sim, meu senhor! Sei um pouco sobre alguns. Os que tenho certeza, tem o Lorde Dragão do Brilho, que domina a região que vai de Karnassus, chegando até o Reino Dracônico, território do Lorde Dragão da Escama Negra.
— Então o avô não invade o território da neta. Existe algum perto de Re-Estize?
— Hummm! Argland e Re-Estize são territórios do Lorde Dragão de Platina.
— Aaah! Talvez por isso ele esteja tão irritado. Estou em seu território. E há mais Lordes Dragões neste continente?
— Somente lendas falam sobre um dragão morto-vivo, o Lorde Dragão do Caixão, mas não sei onde é seu território. Tem aquele que domina o oceano a oeste, o Lorde Dragão das Profundezas. E dizem que o Lorde Dragão do Céu viveu milênios atrás, na Grande Floresta de Envasha, antes de subir aos céus levando parte da própria floresta. O Grande Lago de Crescent Lake seria o que restou de onde ele dormia. Pode haver outros nas regiões ermas a leste, mas não conheço nada de lá.
— Um dragão grande o suficiente para ter uma floresta em suas costas deve ser uma visão e tanto. E sobre o Imperador Dragão, ele é poderoso?
Hejinmal estremeceu ao mencionarem o nome de forma tão casual e olhou em volta antes de falar.
— "O-o Imperador Dragão, o território dele é o mundo, e todos são seus servos. Ele vive onde ninguém pode chegar e vê tudo o que quer. Seu pecado polui o mundo!" — o tremulo dragão recitou o mantra antigo.
— Pecado? Qual é o pecado?
— Os Jogadores. Seu pecado são os Jogadores.
.........................................
Nota do Autor
Neste capitulo aprendemos que a diferença entre lorde e Lorde Dragão, e ela é o uso da Magia Selvagem, assim Sebas se classificaria apenas como um lorde dragão, mas um poderoso o bastante para atrair a atenção da Rainha Draudillon.
Aqui também foi plantada a semente que deu origem a sobrevivência eterna dos moradores de Nazarick que usarão futuramente as Maçãs de Idun.
Henjimal é uma raridade entre os dragões, um estudioso com interesse e capacidade de adquirir conhecimento lendo sobre o mundo.
Chapter 112: Interlúdio 15
Summary:
Vários destinos são revelados.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo o último capítulo da minha fanfic por um looooongo tempo, mais explicações estarão no final.
Com Vocês
Aquele que Voltou
Interlúdio 15
Chapter Text
Passos ecoavam pelos corredores de um castelo e duas figuras caminhavam lado a lado: uma delas era alta e vestia uma armadura com tema dracônico, a outra era uma aventureira idosa.
— O castelo possui proteções, você sabe muito bem disso, Rigrit. Até os feitiços sobre aquela espada amaldiçoada, seja lá que tipo de magias eram, foram destruídos assim que entraram em minha casa.
— Cuidado nunca é demais, Tsa, não sabemos que tipos de magia o Rei Feiticeiro pode usar.
— Se ele tivesse algo capaz de nos localizar, já teria nos atacado. Mover Eryuentiu foi apenas uma precaução.
A aventureira olhou pelas grandes janelas enquanto andava e vislumbrou apenas água até onde os olhos alcançavam, sentindo a brisa marinha em seu rosto.
— Você parece mais... cauteloso. Parece que finalmente se acalmou, isso é bom, assim podemos lutar contra esse Jogador.
— Antes, eu tinha pressa. Não poderia deixar aquela criatura se adaptar ao nosso mundo.
— Por quê?
— Jogadores precisam de tempo para reaprender sobre seus poderes. Os humanos são instáveis, se embriagam facilmente com o poder, causando algum incômodo ao mundo, mas suas vidas curtas geralmente os eliminam.
— Por isso os Seis Deuses foram deixados.
— Sim, apenas o elfo e o morto-vivo restaram, mas não se comparavam ao poder de um Lorde Dragão.
— Ambos foram destruídos por você?
A armadura olhou brevemente para sua “colega”. Seria prudente revelar o destino daqueles dois?
— Os de raças com vidas longas podem ser mantidos sob controle, mas aqueles de natureza negativa ou demoníaca tentam conquistar e destruir o mundo. Estes devem ser eliminados, assim como esse feiticeiro morto-vivo.
— Tem certeza de que poderá vencê-lo?
— Baseado em nossa última luta, em um confronto direto, sim! Seus feitiços são poderosos, mas custam tempo e muito de seu poder. Se ele pudesse usar aquela magia demoníaca repetidas vezes, Re-Estize e o Reino Santo teriam sido destruídos e tomados há muito tempo. Com esses limites, posso superá-lo. Mas agora ele será cauteloso, não se colocará em risco novamente. É preciso tirá-lo de seu esconderijo.
— E aqueles... guardiões? Estes podem causar problema.
— Estes provavelmente são muito mais poderosos que seu mestre. Assim que ele for destruído, esses... “Enipices” ficarão sem controle, estarão livres para atormentar o mundo, causando uma destruição tão grande quanto as Divindades do Mal.
— Então teremos que destruí-los um a um, como fizemos da última vez. Mas precisamos de mais força.
— Entrarei em contato com os outros Lordes Dragões.
— Eles darão ouvidos ao seu pedido?
— Tentarei convencê-los. A ameaça que este Jogador representa é a maior nos últimos milênios. E as Rosas Azuis? Você conseguiu conversar com aquela menina?
— Não. Lakyus está confusa e não confia em você, e Evileye parece não estar disposta a abandoná-la. Além disso, ela está me escondendo algo. Não sei o que é, mas vou descobrir. Ficaremos muito tempo aqui?
— Não, vamos continuar em movimento, evitar entrar nos territórios dos outros Lordes Dragões. Como está o nosso convidado?
— Em seu quarto. O Cardeal Dominic deseja usar a RED, como ele chama, para retormar à Teocracia, mas segundo ele, vai demorar para o auto-reparo ficar completo. E o anão negro queria pôr as mãos nela.
— Ardork deve se conter. Aquele item mágico é raro e estranho, uma armadura que lança feitiços sobre si mesma para se consertar. Nenhuma mão deve interferir nisso, senão a coisa toda pode se destruir.
Ambos chegavam agora a uma sala de treinamento. Dentro dela, uma mulher empunhava com dificuldade uma lâmina gigante que possuía um olho no centro. Seus movimentos exigiam uma força tremenda, e as faixas que recobriam seu corpo tinham novas manchas de sangue.
— Remédios! Você deveria estar descansando. Seu corpo não irá se curar se você não descansar — disse Rigrit de forma áspera.
A mulher não se deu ao trabalho de olhar para a aventureira, apenas resmungou de volta entre os golpes que desferia.
— Aquela escudeira... ela tinha quase a minha força... era tão rápida quanto eu... não sei que feitiços o bruxo morto-vivo... deu a ela... mas eu preciso ficar... mais forte... meu corpo... vai se curar... com o tempo... mas eu ficarei mais forte.
— Você acabará morrendo de novo. Sua ressuscitação não foi perfeita, você perdeu mais níveis do que deveria e seu corpo não se curou por completo. As maldições que tinha sobre ele interferiram muito, você quase não recuperou o olho perdido.
Remédios abaixou a espada com um baque. Seu corpo estava suado, sangrava em alguns lugares, e sua respiração era ofegante. Ela virou a cabeça, revelando a queimadura em formato do pedaço de máscara que antes cobria seu rosto.
— As maldições me davam uma falsa força. Na próxima vez, serei apenas eu lutando com aquela menina — a paladina falou enquanto colocava a meia máscara para cobrir a cicatriz.
— Talvez eu tenha algo para você, menina — disse Tsa pela primeira vez. — Venha comigo.
Remédios colocou a espada nas costas e o seguiu pelos corredores até uma oficina que parecia uma forja.
— Lorde Riku, que felicida...
— Onde está? — cortou o dragão.
— Aqui, meu senhor. Foi preciso usar uma forja vulcânica apenas para esquentar o lingote.
— Eu dei os meios de trabalhar aquele metal. Espero que tenha valido a pena.
— Sim, meu senhor. Como o senhor ordenou, nada foi desperdiçado. Um único grão pôde ser esticado até virar uma escama. O metal ficou fino como papel, mas é mais resistente do que qualquer outro material que já vi.
O anão negro puxou um lençol que cobria um manequim, revelando uma armadura dourada de corpo inteiro, uma armadura feminina, feita com um único lingote do metal vindo de outro mundo.
Remédios sorriu.
.......................................
Nota do Autor
Quero agradecer a todos que acompanharam esta história até aqui, faz quase dois anos que comecei a publica-la e tem sido uma incrível jornada, ainda há muito que tenho a contar mas como eu havia anunciado, farei uma pausa com tempo indefinido, um ano sabático.
Preciso estudar para um curso interno em meu serviço e isso demandará muito da minha atenção, assim eu não poderia me dedicar na história de forma satisfatória. Farei apenas a atualização nas páginas cujo capítulos estão atrasados.
Como decidido pela votação popular, o final aqui foi extremamente aberto, então vocês terão que esperar pela continuação e um futuro final, sim eu pretendo terminar essa fanfic em alguma momento, nunca abandonaria algo inacabado, apenas usarei esse tempo também para reorganizar minhas ideias e trazer um conteúdo que agrade a mim e a vocês.
Espero que todos possam estar lá junto comigo. Obrigado!
Atenciosamente, Mr.Bones.
Chapter 113: Prólogo
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones de volta, e para comemorar os 10 anos de Overlord estou trazendo um novo capítulo da minha fanfic Aquele que Voltou.
Para aqueles que não segue essa fanfic a história começa com a busca de uma pessoa, esse fio de enredo serve apenas para o desenrolar dos arcos focados em personagens específicos como Solution agindo na Teocracia como espiã ou Entoma vivendo como turista e vigilante em Awintar.
A fanfic está basicamente dividida em em três fases que eu chamo de Busca, Descobrimento e Guerra Santa.
Terminando a terceira fase eu fechei com um cliffhanger, que agora retomarei a escrever pois espero dar um bom final para essa história.
Espero que vocês que tem me acompanhado gostem, logo volto a fazer as postagens semanais, vou apenas acumular alguns capítulos.
Com vocês
Aquele que Voltou
Prólogo
Chapter Text
O guerreiro negro seguia pela estrada, seu destino estava a poucas horas, mas os sinais de sua existência há muito se faziam perceber. Nunca em sua vida e em todas as suas viagens ele viu algo igual: uma cidade que avançava sobre outras.
As maiores capitais de outros reinos possuem cidades à sua volta, depois vilas e, por fim, fazendas, tudo com horas de distância entre elas. Mas esta era diferente, não havia quase separação, mal se notava onde uma vila acabava e outra cidade começava, era como se esta metrópole fosse um grande polvo monstruoso, esticando seus tentáculos em todas as direções, engolfando tudo ao seu redor, nenhuma outra cidade se comparava à capital do Reino Feiticeiro.
A cidade de Carne há muito já havia ficado para trás e, ainda assim, em nenhum momento parecia que ele tinha saído de uma área urbana, mas quando finalmente chegou aos enormes portões, é que o guerreiro negro percebeu onde realmente começava a capital, uma enorme muralha cercava a cidade, esta era uma das cinco muralhas concêntricas que compunham o que deveria ser as antigas proteções.
Apesar de seu tamanho, ainda assim foi construído um muro externo à sua volta, não apenas para fins estéticos, como muitos pensavam, pois não havia como proteger tudo em caso de um ataque, mas para causarem um verdadeiro impacto psicológico em qualquer um que ousasse tal estupidez, ainda mais com as enormes estátuas do Rei Feiticeiro que flanqueavam seus portões.
Já amanhecia quando se aproximou da área alfandegária, e como todos, acabou parado. Os guardas pareciam admirados com sua figura, um guerreiro vestido de negro com detalhes dourados, uma capa vermelha que cobria quase todo o seu corpo, carregando duas grandes espadas e montando um basilisco que parecia mudar de cor aos poucos.
Após verificarem sua carga e os documentos de sua montaria, o guerreiro foi liberado para entrar nos círculos internos. Há muito tempo não se fazia mais as palestras de aclimatização, a integração cultural aqui reinava.
A cidade era uma miríade de povos diferentes, anões, elfos, heteromorfos em geral e até mesmo os mortos, estes últimos provavelmente em sua totalidade eram funcionários públicos ou força braçal, pois alguns dos novos edifícios preferiram alugar a força morta-viva para mover seus elevadores do que usar magia, que era mais cara.
Apesar dessa diversidade, o viajante chamava a atenção por onde passava, alguma coisa o fazia se destacar e às vezes era possível até mesmo ouvir os murmúrios, principalmente vindo dos mais velhos.
- *...É ele mesmo?*
- *...Será?*
- *...Já faz quinze anos?!*
- *...Ele voltou?!*
O guerreiro deu pouca atenção a tais conversas, ele não conhecia aquelas pessoas, e seu objetivo ainda estava à sua frente, mais algumas horas e sua jornada talvez tivesse fim.
Já estava no meio da tarde quando chegou à Guilda dos Aventureiros e, quando adentrou no recinto, tudo ficou quieto. Se não fosse pelos seus passos, pareceria que um feitiço de silêncio havia sido lançado. Muitos olhavam com admiração.
- *... Não pode ser!*
- *...Eu nunca tinha visto ele!*
- *...Nem eu, mas deve ser ele...*
- P-Pelos ossos, é M-Momon... humm! B-Boa tarde... ahã! Boa tarde senhor, bem-vindo à Guilda de Aventureiros de E-Rantel - disse a recepcionista ao se recompor.
- Boa tarde.
- E-Em que posso ajudá-lo?
- Eu procuro um lugar, ele é feito de... gelo, e fogo, e tem um bosque.
- Ah! O senhor deve estar falando da Masmorra de Treinamento, o senhor pode usá-la pagando a taxa. Estamos atualizando nossos registros, então precisamos que o senhor faça a sua inscrição na Guilda.
A recepcionista queria ter certeza de que falava com a pessoa certa, ela nunca tinha visto Momon antes, mas sua descrição era precisa.
O guerreiro terminou de preencher os papéis e se dirigiu para a entrada da masmorra, enquanto isso a jovem correu para a sala de Pluton Ainzach.
- Tem certeza de que é ele? Não reconheço a letra, muito menos consigo ler o que está escrito.
- Acho que sim, nunca tinha visto ele pessoalmente, mas todos pareciam reconhece-lo, mas...
- Mas?! Mas o que?
- Mas ele parecia deslocado, como se não reconhece a guilda.
- Passamos por reformas nos últimos anos, e ele esteve fora por mais de uma década, vai saber em que tipo de missão ele esteve, e o que isso pode fazer com o espírito de uma pessoa, sei de histórias de aventureiros que não reconheciam a própria família depois de longas missões. Seja por trauma ou pancada na cabeça.
- Espero que ele esteja bem - a recepcionista falou apertando contra o peito um pingente em forma de crânio.
Adentrando na masmorra, o guerreiro negro estranhou o local, uma grande galeria cheia de slimes que nem lhe causavam dano, seguindo por cada andar ele praticamente ignorou qualquer inimigo até chegar em grandes paredes verticais e ladeiras, mas essas coisas não o detiveram, ele tinha objetos mágicos que o ajudaram a voar ou respirar embaixo da água, tais itens eram presentes de alguém querido, alguns outros foram coletados em suas muitas andanças.
Quando ele chegou no andar com uma caverna congelada, seus ânimos aumentaram, será que sua busca havia terminado? Mas nada foi encontrado, nem assim suas esperanças se desfizeram, mesmo nos andares seguintes, onde havia uma floresta densa com chuva torrencial e no outro que era uma região vulcânica, então havia um templo e por fim um grande salão.
Neste último, suas paredes eram de ébano e apesar de parecer vazio, ao fundo se destacava um gigantesco trono negro feito de cristal, nesse momento uma chama explodiu revelando que havia alguém sentado, uma figura demoníaca, com asas em chamas e uma grande espada na mão.
- Você é o mestre deste lugar?
- Incrível! Dois dias, você levou apenas dois dias para chegar até mim, poucos fizeram isso, mas nenhum em tão pouco tempo - elogiou o ser sinistro.
- Você é o mestre deste lugar? - repetiu o guerreiro negro.
- Sou o Guardião, ninguém nunca conversou comigo, o objetivo aqui não é lutar, mas perceber quando deve fugir. Contudo... você, você parece diferente, você não vai recuar, você quer lutar?
- Eu não desejo lutar, mas farei isso se for preciso. Eu quero respostas, respostas para quem eu sou, respostas para qual é o meu objetivo nesta vida, há muito tenho procurado estas respostas, nas montanhas geladas, nos desertos abrasivos e florestas sufocantes, mas nenhum mostrou ser o lugar certo, até que soube desta masmorra, viajei anos até chegar nesta cidade e mesmo aqui não encontrei respostas.
- Então lute comigo, e se eu ficar satisfeito, responderei a sua pergunta.
Finalmente, finalmente sua busca iria acabar, respostas era tudo que queria, ele sacou as duas espadas e se lançou no combate como nunca antes, e apesar de usar toda a sua habilidade e todos os itens que carregava, mesmo surpreendendo o oponente com um golpe mágico, o guerreiro negro... caiu.
- Incrível, magia de gelo - disse o demônio olhando para o que restava de seu braço congelado, o resto estava em pedaços pelo chão junto com o guerreiro negro que se esforçava para respirar - você lutou bem, então eu te deixarei fazer a sua pergunta antes de decidir se devo matá-lo.
- E-Eu... eu busco um lugar, um único lugar com gelo, mas também com lava... e uma floresta, com seres de poder imensurável, me disseram, me disseram que deveria ser minha casa, eu busco... Nazarick.
O demônio sorriu.
Dentro da Grande Tumba de Nazarick um alerta soou, um que nunca havia tocado antes, ele veio com o aviso de que alguém estava vindo da masmorra e não era o Lorde da Ira.
Isso era algo importante, então os guardiões disponíveis foram mobilizados para a entrada junto com a Shalltear Bloodfallen.
Lá chegaram a Guardiã do trono, os gêmeos, o guerreiro de gelo, o demônio e, por fim, o próprio senhor da tumba.
- Bem vindo Lorde Ainz-arinsu.
- Boa tarde Shalltear, mais alguma informação?
- Não, meu senhor, apenas que o nome da tumba foi mencionado.
- O nome de Nazarick há muito tempo foi ocultado por segurança, ninguém deveria conhecer - bufou Albedo.
- Ainda assim cá estamos - disse o Ser Supremo - então, não baixem a guarda.
Todos tomaram a situação como séria, pois neste momento o portal se abriu e surgiu dele a figura do guerreiro, seus ferimentos devem ter sido curados, pois nenhuma marca se via, sua armadura negra reluzia ao sol e a capa agora reduzida a um farrapo flamulava ao vento dando-lhe um ar heroico.
- Pare! Quem é você e o que traz à Grande Tumba de Nazarick? - indagou Shalltear.
Como guardiã dos níveis superiores, era função da vampira servir como arauto, mesmo com Albedo estando presente junto com o próprio Ainz Ooal Gown.
- Eu ainda não possuo um nome e só ganharei um quando cumprir esta missão.
- E qual é a sua missão?
- Devo enfrentar meu pai em um duelo - proclamou o formian negro apontando sua espada para Cocytus, cuja única reação foi... desmaiar.
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Bem , acabei de dar um filho pro Cocytus, talvez eu conte de onde veio, mas ja adianto que seu nome será Estige, ele é um formian, os cabelos azuis são lembranças de sua descendência.
Como repararam esse se passa no futuro, uns 15 a vinte anos mais ou menos, então tem muito a ser contado.
Nem sempre escrevo de forma linear, então as vezes terá histórias como flashback e outras como esta, da um pouco mais de trabalho para descobrir o que está acontecendo, mas eu realmente gosta das surpresas no final. 😁
Chapter 114: Amigos
Summary:
Jircniv discute suas frustrações.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, novo capítulo de um novo arco na minha fanfic Aquele que Voltou.
Com Vocês
Aquele que Voltou
Capítulo 98: Amigos
Chapter Text
— AAAAAAAHHH! — gritava o Imperador Sangrento enquanto arrancava outro tufo de cabelo.
A frustração de Jircniv era tanta que ele nem se importava mais em ser visto daquela maneira por seu aparentemente único amigo.
— Você deve se acalmar, assim vai acabar sem pelos — disse Pe Riyuro, rei dos Quagoa, ou pelo menos daquilo que restava dos Quagoa.
Quando o Rei Feiticeiro dizimou quase 90% de sua população, não houve outra alternativa que não fosse se render. Após sua derrota, as opções eram poucas: ficar à mercê do povo anão, tornar-se escravos e mendigos, ou salvar a pouca dignidade que restava migrando para novas terras.
O povo Quagoa ainda era livre para partir, apesar do tratado de servidão com o Reino Feiticeiro. Pouca serventia tais seres tinham além de escavar e encontrar minérios.
— Aquele morto-vivo está me enlouquecendo!
O imperador se jogou em uma poltrona, deixando cair os finos fios de cabelo de suas mãos.
— O que ele fez agora?
— Aí está o problema: eu não sei. Nada do que ele faz tem sentido para mim, nada parece se mover como deveria. Seus movimentos políticos são erráticos e, ainda assim, ele conquista terras e lealdade. Meus espiões não conseguem acompanhar os acontecimentos, nem mesmo sabem o que devem seguir.
— Não entendo.
— Olhe o Reino Santo! A Sem Rosto... ela era uma simples escudeira dois anos atrás. COMO ELA CHEGOU A RAINHA SANTA?! — Novo grito, novo tufo de cabelo.
— Você diz que ele planejou isso?
— Como não?! Tem o dedo dele em cada passo, mas, ainda assim, não há nada que o ligue diretamente.
— Talvez se você tivesse alguém lá dentro... uma topeira.
— Topeira? Ah! Um infiltrado. Já tentamos. O círculo interno é blindado, ninguém importante parece ceder, nem as empregadas. Uma lealdade tão absurda que parece magia.
— O que pode ser verdade.
— Será?! Manter todo mundo sob domínio da magia negra?! Quão forte ele é?!
Pe Riyuro estremeceu ao se lembrar da força da serva que dizimou seu povo.
— Forte, muito forte... mais do que podemos imaginar. Nunca vimos seu poder, somente o de seus servos.
— Eu vi! Bem, meu servo viu... assim como um exército inteiro. Hoje eles são homens destruídos. Só os mais fortes aguentaram o horror de assistir à magia do Rei Feiticeiro. Contaram-me que ele ria enquanto seus servos aplaudiam o massacre de Katze.
— Eles se deleitam com a morte e a destruição. E o servo que está aqui, o homem-sapo, pode ser subornado?
— Nada. Tentamos agradá-lo, oferecemos títulos e todo tipo de coisa para que viesse trabalhar para nós. Não podemos falar de traição antes de garantir lealdade, então foi mais uma oferta de serviço. Mas nada o interessa, ele até agradece o convite da forma mais cortês. Maldito seja o Rei Feiticeiro! Maldito seja ele e as trevas de onde veio!
— Amigo, é prudente falar assim? — o Quagoa olhava em volta, procurando por alguma mão demoníaca se estendendo.
— Não se preocupe. Esta sala é à prova de adivinhação. Se não fosse, eu já teria sido morto.
✳ ✳ ✳
Do outro lado do palácio imperial, um ser de aparência anfíbia chegava ao seu próprio quarto. Entrando no local, queimou alguns pergaminhos de segurança antes de se prostrar diante de um vórtice negro que surgiu.
— Bem-vindo, Lord Demiurge — disse o doppelganger, desfazendo sua forma que imitava a aparência do arqui-demônio.
— Tenho recebido os relatórios. Parece-me que o imperador está bastante frustrado.
— Sim, meu senhor. Os últimos desenvolvimentos do reino parecem não agradar o imperador.
— Os eventos desencadeados por Lord Ainz são de uma grandiosidade que mal podemos vislumbrar suas intenções. Para o mero humano, seria como ver uma borboleta voando e não perceber o furacão que ela provocará.
— Sim. Nossa vigilância demonstra que, apesar de certo descontentamento, não há nada efetivo sendo organizado para barrar as ações do Reino Feiticeiro.
— O Império não pode se dar ao luxo de se posicionar contra nós, e as intrigas políticas fazem parte do modus operandi humano. Alguma indicação de traição?
— Negativo, meu senhor. Várias tentativas de bajulação barata e suborno, mas todas direcionadas para que eu passasse a trabalhar com o Império, abandonando o Reino Feiticeiro.
— Nada inesperado, então. Tentar cooptar um funcionário excepcional para seu reino é natural na política. Nosso mestre já adquiriu muitos desta maneira.
— Isso seria traição, meu senhor. Eu tiraria minha própria vida antes de abandonar a Grande Tumba.
— Não esperamos menos do que isso. Alguma trama relevante em desenvolvimento?
— Nada abertamente, mas nossa vigilância não contempla as 24 horas. O imperador passa muito tempo em sua sala “segura”. Algo pode ser tramado nesse ínterim. Os feitiços da sala são fracos; se nossas ordens mudarem, poderíamos ultrapassá-los facilmente.
— Humm! Não, as ordens não mudaram. Mesmo com feitiços tão fracos, sua quebra demonstraria vigilância. Como uma linha de teia esticada: se partida, significa movimento. Bastaria um feitiço contornando a vigilância ou a infiltração física com um dos agentes de Kyouhukou. Não é isso que meu mestre deseja.
— Me desculpe, meu senhor, mas não entendo... — o doppelganger se jogou ainda mais ao chão, percebendo que havia passado dos limites.
— Não cabe a vocês entenderem.
— Lamento pela minha ignorância, meu senhor, e peço perdão pelas minhas palavras.
— Desta vez irei relevar. Não haverá uma segunda. Eu não sou tão indulgente quanto meu senhor. Meu mestre já disse uma vez que devemos ser claros com nossos subalternos, para que não haja erros e más interpretações.
O arqui-demônio disse essas palavras enquanto vislumbrava, pelas janelas, imagens do passado recente.
— “Se um empregado sem informação suficiente comete um erro, a responsabilidade recairá sobre o seu superior” — seu mestre havia dito.
Uma lembrança de que erros não seriam mais tolerados.
— Lord Ainz deseja dar uma sensação de segurança ao imperador. “Um momento de privacidade”, como ele diz. Afinal, que graça teria se pudéssemos ver todos os passos a serem trilhados?
— Sim, meu senhor.
— Deixando isso de lado, tenho um recado para o imperador.
✳ ✳ ✳
TOC TOC*
A batida leve na porta não demonstrava a urgência que representava, mas o imperador sabia que somente algo devastador justificaria ser interrompido durante seus momentos privados.
Pe Riyuro olhou para seu amigo enquanto se retirava para outra sala. Eles sabiam que suas palavras poderiam ter sido descobertas. Talvez estes fossem seus últimos momentos.
— Entre — ordenou o imperador de milhões.
— Meu senhor, lamento interrompê-lo, mas recebemos uma mensagem do servo do Rei Feiticeiro. Ele está vindo falar com o senhor.
— Certo. Leve-o para o salão de visitas principal. Se vou morrer, que não seja escondido.
Seus passos não eram os de um condenado a caminho do cadafalso, mas sim os do homem mais orgulhoso do Império. Sua confiança, sua força mental e seu autocontrole estavam postos no limite da sanidade.
Sentado no salão, o imperador aguardou sua sentença.
— Meu senhor, o servo do Rei Feiticeiro chegou.
Jircniv apenas gesticulou para que ele entrasse.
— Bem-vindo, Demiurge-sama. Lamento a espera, mas os deveres de um soberano tomam muito de meu tempo.
— O peso de um reino recai sobre a cabeça de seu soberano. Aliviar tal peso é a função de seus súditos.
— “Espero que não seja o peso de minha própria cabeça que será retirado...” — A que devemos este pedido de audiência? Espero que algo não tenha desagradado vossa pessoa. Infelizmente, a implantação da força morta-viva tem recebido resistência por parte da igreja.
— Tal resistência é esperada. Mas deve haver algum engano: a audiência não é para mim — o homem-sapo manteve o que parecia um sorriso.
— Mas, se não você, quem...? — Jircniv lembrou das palavras: “ele está vindo falar com o senhor.” ELE!
— Anuncio a chegada do Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown — declarou o falso Demiurge, enquanto um vórtice negro se abria.
— Olá, Imperador Jircniv Rune Farlord el Nix, meu amigo. Eu preciso de sua ajuda — a morte encarnada falou.
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Nota do Autor
Olá, Mr.Bones retornando com novos capítulos, mas como não tenho nenhum acumulado, vai variar um pouco o tempo entre cada publicação , foi mal!😪
Aqui vemos um pouco a interação de Jircniv com seu amigo Quagoa, unidos pelo medo do Ainz que trata o imperador como "amigo" , como isso deve causar problemas para o humano 😄
Chapter 115: O Convite
Summary:
Jircniv tem uma disputa contra Ainz.
Notes:
Olá Pergaminhos e Nazarins, Mr.Bones trazendo outro capítulo fresquinho após algum tempo, mas estamos de volta com Aquele Que Voltou.
Com vocês
Aquele Que Voltou
Capítulo 99: O Convite
Chapter Text
— “Uma frase! Com apenas uma frase ele me destruiu!” — gemia internamente o Imperador Sangrento enquanto caminhava para a sala reservada, onde estaria Ainz Ooal Gown, o Rei Feiticeiro, a morte encarnada e o ser mais ardiloso que Jircniv já conhecera.
Momentos antes, o imperador estivera pronto para morrer diante dos nobres, embaixadores, convidados estrangeiros e, principalmente, das autoridades religiosas presentes no salão.
Ele não se justificaria, nem pediria desculpas por suas palavras ditas em privacidade, muito menos daria explicações; estava convencido de que poderia dar um propósito maior à sua morte.
Sua vida talvez não significasse muito para as pessoas naquele salão: o imperador era apenas outra peça no grande tabuleiro geopolítico, algo que alguns acreditavam poder manipular, alguém a ser usado — e era com isso que Jircniv contava.
Se o fim de sua vida chegasse dessa forma — morto sem motivo justificado, por uma ação autoritária e mesquinha — tal ato desencadearia eventos dos quais não haveria outra escolha senão a formação de uma coalizão. Uma coalizão unida com um único intuito: lutar contra um inimigo em comum. Por fim, uma declaração de guerra contra o Reino Feiticeiro seria o resultado inevitável.
Isso era algo pelo qual valeria a pena morrer. Mas não foi isso o que aconteceu.
Todos sabiam que o Império só se tornara subalterno devido à intimidação diante do que fora feito nas Planícies Katze. Mesmo com tal opressão, Baharut ainda mantinha sua independência governamental e religiosa.
A religião predominante no Império ainda era a dos Seis Deuses — a religião da Teocracia Slane —; portanto os teocratas controlavam a igreja, e a igreja detinha imenso poder político, principalmente sobre as massas.
Mesmo que o governo imperial ainda mantivesse a antiga política de tolerância para com as subespécies e fosse obrigado a manter os mortos-vivos na cidade, pouca pressão impusera no sentido de obrigar a adoção de tal força de trabalho; assim, por um milagre dos Seis Deuses, o lugar não havia se tornado um antro de magia negra.
Com a capital da Teocracia Slane destruída, parte de seu povo dispersou-se por outras cidades e reinos — um povo nômade que pregava sua própria sabedoria, agora em busca de um novo lar. Tais olhos errantes voltaram-se para o Império Baharut, um lugar promissor onde imaginavam poder aumentar sua influência ao ponto de tornar o local a ponta de lança que derrubaria o reino maligno.
Com esse pensamento em mente, as células dos adoradores dos verdadeiros deuses, lideradas pelas escrituras remanescentes espalhadas pelo mundo, encontrariam um lugar para crescer e expandir seu poder bem debaixo do nariz do morto-vivo; e, quando chegasse a hora, vingariam seu povo, com ou sem a ajuda do Imperador.
Mas seus planos mudaram assim que o rei morto-vivo saiu do portal negro.
— “Olá, Imperador Jircniv Rune Farlord el Nix, meu amigo. Eu preciso de sua ajuda.” — havia dito o Rei Feiticeiro, decretando o fim.
Na verdade, nem foi a frase inteira que estragou tudo: foram apenas as palavras “meu amigo” e “preciso de sua ajuda”. Foram essas palavras que fizeram desmoronar anos de planejamento, duas ou três palavras que, estrategicamente posicionadas, bastaram para acabar com as esperanças do imperador de se tornar mártir ou, no mínimo, manter o apoio político intrincado que possuía.
Após tais palavras serem ditas, pôde-se ver instantaneamente o descontentamento, se não o ódio no olhar dos nobres, políticos, autoridades e, principalmente, dos religiosos.
— Humm! Vejo que há muitas pessoas reunidas; espero não estar atrapalhando nada.
— De forma alguma, sua majestade. Esta é apenas uma das muitas reuniões que mantemos; sua presença, apesar de inédita, apenas agrega em muito à importância dela — disse o Imperador, sendo polido, mas resaltando que tal coisa nunca havia acontecido antes; um esforço infrutífero, já que seus apoiadores não pareciam acreditar nisso.
— Humm! Mesmo assim, peço desculpas por tal inconveniente, mas gostaria de pedir um pouco de seu tempo...a sós, se possível, para tratar de um assunto inesperado que veio a mim. — Ainz fez uma pequena mesura com a mão.
“Por que um soberano pediria ajuda a um vassalo?”, “Como podem se tratar desse jeito?”, “Somente bons amigos fazem isso!”, “Que tipo de pacto eles têm?” — esses eram os pensamentos que percorriam as mentes dos presentes na sala; dessa forma, nada do que Jircniv dissesse agora mudaria a ideia de que ele mantinha a mais estreita amizade com o rei morto-vivo.
Ser solene, sucinto e educado, Ainz acreditava que era assim que colegas com cargos diferentes deveriam se tratar, principalmente diante de toda a “empresa”; isso vinha da parte assalariada de sua mente.
Após alguns minutos aguardando na sala reservada, um homem abatido chegou.
— Algum problema, Jircniv?
— Não, nada digno de nota, apenas as costumeiras questões da corte — o homem falou enquanto alisava os finos cabelos dourados e tentava se recompor — mas o que traz o Rei Feiticeiro à minha casa?
— Humm! Por onde começo... Veja, chegou algo até mim, e realmente não tenho informações suficientes para saber como lidar com isso.
“Maldição! Ele veio me confrontar?! Exigir uma confissão?! Então ele a terá. SIM, EU QUERO DESTRUÍ-LO! SIM, EU CONSPIRO CONTRA VOCÊ! Pelo menos terei essa satisfação.” — pensou, reunindo toda a sua coragem. — S-sim, e-eu, hã?
Jircniv parou de falar ao ver o dedo ossudo cuja ponta terminava em algo que parecia uma garra, prendendo um pergaminho aberto sobre o móvel; o pergaminho foi empurrado lentamente até o seu lado da mesa.
Ao pegar a missiva, ele a reconheceu imediatamente: os selos ainda eram os mesmos. Jircniv já havia visto tal coisa pelo menos três vezes em sua vida — a primeira nas mãos de seu pai, outra desde que se tornara o Imperador Sangrento e, por fim, mais uma recentemente.
— Isto é... humm... um convite.
— Sim. — Ainz disse como se isso fosse toda a informação necessária.
— Claro... aham... como eu disse, é um convite da Cidade-Estado de Karsahnas, um convite para o Torneio dos Campeões; quase todos os reinos são convidados. Eu mesmo o recebi há apenas alguns dias.
— Excelente, como eu imaginava.
— Entãããão... no que eu poderia ajudar?
— Veja, apesar de o convite ser bem explicativo, ele carece de informações a que, infelizmente, eu não tenho acesso.
Isso era verdade. Ainz lembrou-se das conversas com as três pessoas disponíveis com quem poderia falar sobre esse assunto sem se comprometer deliberadamente.
A princesa Renner era jovem demais para saber de algo — afinal, sete anos atrás ela era apenas uma criança — e tinha pouco a dizer; apenas que o pai mencionara uma solenidade em uma terra distante.
Climb era menos que um escudeiro quando assistira ao torneio em que Gazef venceu e se tornou o Capitão Guerreiro; fora isso, sabia apenas que havia um torneio maior que acontecia a cada sete anos, um evento de grande prestígio.
Por fim, Brain, este lutara contra Gazef e perdera. Mesmo se vencera, não pretendia assumir o título de Capitão; seu interesse estava naquilo que vinha junto: a honra, a fama e a fortuna, além do direito de lutar no Grande Torneio dos Campeões da Arena de Karsahnas.
Mas nenhum deles sabia sobre os protocolos, costumes, pompa e detalhes políticos dos jogos; e, depois que Re-Estize fora destruído, qualquer um que tivesse noção disso infelizmente estava morto.
— Como eu dizia, gostaria de seus conhecimentos sobre como tudo funciona.
“Não pode ser só isso! Não deve ser apenas sobre o convite! Ele tem algum plano! Ele sempre tem, ele quer... o que ele quer? Tenho que descobrir.” — pensou Jircniv. — Bem, o convite é feito aos reinos a cada sete anos; por isso realizamos nossos próprios jogos a fim de selecionar os melhores guerreiros. Para o reino vem o prestígio; para o campeão, a fortuna.
— Sim, mas meu reino não possui lutadores classificados, pois não realizamos jogos.
— Talvez Go Gin; ele era o campeão da arena de Arwintar. Como seu vassalo, poderia enviá-lo.
— Eu não tiraria sua opção de lutador apenas para preencher uma vaga.
“É ISSO! Eu á sei! Ele quer ir pessoalmente! Sim, deve ser isso: quer uma desculpa para ir e lutar na arena, como fez aqui, conquistar o público, além de glória para seu reino... e para si! Que cobra ardilosa! Mas preciso impedir; não posso deixar que ele derrube outro reino com seus planos.” — pensava Jircniv enquanto mordia a ponta da unha do polegar. Então tudo sumiu e um sorriso apareceu.
— Caro Ainz! — era a primeira vez que falava assim. — Meu amigo Ainz, veja: mencionei os torneios, mas não necessariamente eles são obrigatórios; servem apenas como... entretenimento ao povo. Então bastaria apenas indicar seus escolhidos.
— Humm, interessante; campeões não me faltam.
— Isso mesmo, e Vossa Majestade tem Momon.
— Momon não é uma opção; ele não é súdito de meu reino, apenas um... convidado.
Ainz não tinha interesse em lutar novamente em uma arena; provar suas habilidades uma vez fora mais do que o suficiente, e enviar Pandora’s Actor para um palco gigantesco lhe dava calafrios.
— Oh, eu vejo, meu amigo; então talvez algum outro lutador acostumado com arenas ou um aventureiro.
— Sim, interessante; eu mesmo gostaria de ver esse torneio.
— NÃO! Quero dizer, não há precedente de um soberano indo pessoalmente a tais disputas; geralmente enviamos um representante com sua comitiva.
— Então não é costume reis assistirem a esses... torneios?
— Em suas próprias terras, sim. Mas imagine como seria se vários se reunissem no mesmo lugar — nem todos são exatamente... amigos. As chances de um atentado seriam imensas.
— Sim, entendo; segurança em primeiro lugar. — Ainz se resignava ao ver suas chances de novas férias se esvaírem; mas então sua atenção mudou quando um som tocou sua mente. — Bem, essa conversa foi esclarecedora; espero não ter tomado muito de seu tempo.
— De forma alguma, meu amigo. Sobre as pequenas rotinas relacionadas, posso pedir ao meu servo pessoal que passe essas informações ao seu... homem.
— Sim, obrigado; avisarei Demiurge para tratar disso. Mas o tempo urge e, infelizmente, não disponho muito dele. Obrigado por tudo, Jircniv.
— Eu que agradeço pela sua presença, e pode sempre contar comigo para esses assuntos. — respondeu o Imperador Sangrento com legítima felicidade, pois acreditava que finalmente havia vencido seu maior oponente. Alegria tamanha que se manifestou em alguns novos fios de cabelo nascendo em sua cabeça.
Mesmo com quase tudo resolvido, a reunião parecia ter sido encerrada um tanto às pressas — um alívio para o imperador, mas, para Ainz, parecia o começo de novos problemas, já que ele recebera uma mensagem um tanto desconcertante — “Como assim Hansuke foi sequestrado?!!”
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Nota do Autor
Mais um capítulo interagindo Jircniv com nosso morto-vivo prediléto.
Em breve teremos um clássico torneio, quem irá participar? Mas antes, quem roubou o nisso hamster?

Mr_Bones on Chapter 1 Mon 06 Mar 2023 11:01AM UTC
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