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Janis estava se sentindo cansada. Muitos dos adolescentes presentes naquela festa não falavam com ela ou não gostavam dela, principalmente pelos rumores dela ser lésbica.
A única pessoa que ela contou foi a Regina, ela confiava a alma dela na melhor amiga, Regina nunca faria nada pra humilhar ou expor ela.
Janis sabia que as pessoas descobriram através de um desenho que ela fez da bandeira lésbica em seu caderno na aula de literatura. Ela não tinha vergonha de ser quem é, mas todo esse julgamento faz ela ficar apreensiva em confirmar os rumores para todo mundo.
Um toque no ombro tirou ela de seus pensamentos.
"Vem, vamos jogar algo!" — disse uma Regina muito animada, puxando seus braços e a arrastando antes que ela pudesse responder algo. A loira sempre gostou de festas, e tinha um talento para chamar a atenção das pessoas para ela. Janis ficava com um pouco (ela não admitiria que não era pouco) de ciúmes, às vezes ela só queria ter a Regina só para ela.
"O que estamos jogando?" Janis perguntou para Regina, que tinha puxado ela para uma roda de adolescentes sentados no chão.
"Que?" A loira não conseguia escutar Janis com o som alto na salaz
"Qual é o jogo?" Janis teve que falar no ouvido de dela. Ela não percebeu que os pelos do pescoço da Regina se arrepiaram com a proximidade.
"Gire a garrafa!" Ela disse com um sorriso malicioso, em seguida se virando para avaliar as pessoas que estavam presentes na roda.
Janis teve que esconder o tremor que ela sentiu ao pensar em beijar algum garoto, mas não disse isso a Regina porque não queria estragar a diversão e nem queria se afastar da loira pela segunda vez nessa noite, sendo a primeira quando um dos garotos populares (que ela não lembra o nome) chamou Regina para dançar na pista de dança, deixando uma Janis emburrada no canto da cozinha.
Depois de algumas rodadas de jogo chegou a vez de Regina que estava a sua direita na roda, com pernas suadas encostando nas coxas descobertas de Janis.
Tudo o que aconteceu depois que os dedos magros e unhas rosas bem cuidadas tocaram a garrafa, foi um grande borrão na cabeça de Janis.
Ela lembra de quando seu oxigênio parecia ter acabado quando a garrafa parou na sua frente. Ela lembra de olhar para Regina com um olhar levemente assustado. Ela lembra dos olhos de Regina em sua direção, que pareciam carinhosos e com medo. Ela lembra dos sussurros na sala sobre ninguém ter coragem de beijar a "sapatão". E ela se lembra muito bem do gosto do gloss de Regina sobre a sua boca.
Foi um beijo rápido mas firme, o suficiente para deixar Janis bêbada de emoções e confusa do por que a loira a beijou. Ela não conseguiu decifrar o olhar de Regina sobre ela, mas ela não perdeu muito tempo nisso, murmurando algo sobre ir no banheiro e sair correndo da sala.
Olhando para seu rosto, agora molhado de água, no espelho do banheiro mal iluminado do segundo andar (da casa de quem ela não sabe quem?), ela tenta organizar seus pensamentos.
Ela sabe que sempre teve uma quedinha por Regina, elas são amigas a anos, como ela poderia não ter? Ela era bonita, engraçada, carismática, estilosa, inteligente... Janis poderia ficar horas falando sobre todas as coisas que ela apreciava em Regina.
Ela não poderia gostar dela? Poderia? Janis não queria ser a amiga lésbica que gostava da sua amiga hétero, isso machucaria os dois lados e arriscaria sua amizade. Ela sabia que Regina não gostava dela, mas mesmo assim ela se agarra as memórias das duas assistindo filmes abraçadas, dos olhares que pareciam muito íntimos, dos elogios que Regina sempre fazia questão de dar a Janis fazendo-a corar, de quando Regina dava as mãos para Janis ao andar pelo shopping e dos beijos na bochecha que demoravam mais que o normal.
Mas então ela decide então superar o momento e fingir que nada aconteceu, como Regina provavelmente fez.
Mas quando ela desce as escada e passa pela porta da sala que está acontecendo a brincadeira. Ela vê a loira beijando o provável garoto que a chamou para dançar mais cedo, de uma forma muito calorosa.
Janis não consegue evitar o forte sentimento de ciúmes e raiva, e vai embora da festa.