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A primeira vez que você encontra alguém, você faz contato visual. Você sorri, diz olá. Deve ser simples, se você não for eu. A primeira vez que encontrei Jeon Jungkook, me vi fazendo contato visual com uma parte diferente do corpo dele. Você sabe, eu sou muito bom em ser tímido, para não mencionar extremamente propenso a dizer bobagens e, infelizmente, bastante habilidoso em fazer papel de idiota na frente de alguém por quem sou atraído.
Na época, eu não sabia nada sobre ele e achava que nada do que eu dizia importaria, já que nunca mais falaria com ele. Acontece que eu estava muito errado. Ele era o grande receptor do time de futebol americano, um dos poucos jogadores esperados para entrar na NFL, e acabei o vendo por todo o campus. Eu também poderia ter proposto algo a ele, fugido dele, atacado ele com um utensílio de cozinha … e … uh, talvez eu não devesse lhe contar tudo. É algo normal, coisas que você espera… de mim. Eventualmente, chegou uma hora em que eu não conseguia mais me esconder – não que ele tivesse deixado, mesmo se eu tentasse.
Antes disso, o alfa nunca soube que eu estava secretamente olhando para ele. Agora que nos vemos todos os dias, ele sabe quando tenho dificuldade em desviar o olhar. Não ajuda que eu não seja a pessoa mais sutil do mundo também. Jungkook sorri para mim e me diz que me acha fascinante por causa das minhas peculiaridades. Eu nem posso dizer a ele que acho que meu coração bate diferente quando ele está por perto.
Ele acha que seremos melhores amigos. Eu acho que tenho uma grande coisa por ele, e quanto mais eu o conheço, mais eu não ligo de não poder ser amigo dele, muito menos me apaixonar por ele. O problema é que é exatamente isso que eu estou fazendo, o que estamos fazendo, eu acho. Nos apaixonando.
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JUNGKOOK
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A primeira vez que Kim Taehyung me viu, a minha mão estava enrolada no meu pau. Infelizmente, não estava me masturbando. Se tivesse sido esse o caso, o ômega poderia ter achado isso sexy, ênfase no poderia desde que, nem todos eles acham isso fascinante, sem mencionar o fato de que teria sido estranho como merda ser apanhado se masturbando no banheiro de uma festa.
Gostaria poder dizer algo que iam adorar ouvir, algo excitante, em como foi amor à primeira vista ao invés de um encontro ao acaso, inesperado e estranho numa festa da faculdade, ou então que foi como uma cena de um romance, em que trombamos um no outro enquanto corríamos para as aulas na faculdade e os livros dele voaram das suas mãos e então me ajoelhei para ajudá-lo e quando as nossas cabeças bateram, olhamos nos olhos um do outro.
Acho que vocês entendem o que quero dizer, algum tipo de cena sonhadora de um filme como isso, mas foda-se não. Sei que soaria doce, e derreteria corações sempre que disséssemos às pessoas sobre o nosso encontro fofo, mas, repito, isso é um não. Pelo contrário, como disse no começo, a primeira vez que os meus olhos focaram em Kim Taehyung e os dele focaram no meu pau, eu estava no banheiro, no meio de uma mijada enquanto conversava com o meu amigo.
"E porque você quer me ver mijar, de novo?" Perguntei a Jaehyun, tentando entender sem sucesso porque tinha um espectador.
O canto de seu lábio curvou-se preguiçosamente e o seu olhar caiu para baixo enquanto eu abria o fecho.
"Eu vejo disso o suficiente no vestiário, cara, não sinto falta. Eu estava falando sobre o Isaac, e foi você que não conseguiu aguentar até eu acabar." Dei-lhe um olhar de lado que, o alfa ignorou e continuou. “Cara você devia ter lá estado. A forma como o treinador colocou a culpa nele depois de vocês saírem, não tenho certeza se ele voltará para praticar."
"Inferno, não sei se eu vou querer voltar, e eu não fiz nada." Parei por um segundo ou dois.
"Você quer apostar uma nota de 50 nisso? Você acha que ele irá?" Eu olhei para Jay, que estava encostado na parede, olhos fechados, o rosto virado para o teto, parecendo completamente inofensivo e relaxado. Por norma, ele nunca era inofensivo, não no campo e muito menos numa festa.
Levando em conta a forma como ultimamente o treinador estava trabalhando com a equipe no campo, não seria de estranhar que qualquer um dos rapazes quisesse sair de lá, pelo menos não os que estavam em boa consciência. Mas, se você adora o jogo, você lida com o quer que joguem no seu caminho para chegar aonde você sonha chegar um dia. Basicamente, seja grande ou vá para casa.
"Não apostarei. Se ele quiser isso o suficiente, ele estará lá." Assim que as palavras saíram da minha boca, ouvimos alguém abrir e trancar a porta.
Por um breve momento, a música explosiva e os gritos da festa lá em baixo abafaram tudo. Claramente, alguém irrompeu por aqui e você não estaria nada alarmado, desde que, seria uma estupidez esperar por qualquer tipo de privacidade numa festa de faculdade. Mas, quando olhei por cima do ombro para ver quem era a pessoa que não teve a paciência de esperar alguns minutos, vi que era um ômega segurando a porta e parecendo mortificado.
"Fique calmo. Fique calmo. Isto não é nada. É fácil. Eu nunca mais vou fazer novos amigos de novo. Você consegue, basta abrir os olhos e virar-se, droga." O moreno ainda tinha as costas voltadas para nós e sua cabeça descansando na porta enquanto murmurava para si mesmo.
Congelados no local, Jay e eu olhamos um para o outro; o alfa encolheu os ombros, e eu assisti seus lábios esticarem num sorriso lento e arrogante. Ele parecia como se apenas lhe tivessem entregado um brinquedo novo e brilhante. Dando-me um aceno com o queixo e sorrindo, ele desencostou-se da parede e andou até o pobre ômega.
"Você pode fazer tudo aquilo que quiser, querido," disse ele, querendo assustá-lo cuidadosamente.
Assim que Jaehyun falou, o ômega parou de murmurar, girou para nos encarar, e começou a fazer uma imitação muito boa de um veado preso nos faróis.
"Eu…" As palavras morreram em seus lábios.
"Você…" Jay continuou quando nada mais saiu da boca dele.
Eu estava me preparando para colocar o meu pau de volta nas calças, quando os olhos dele saltaram entre Jaehyun e eu durante alguns segundos, como se de repente estivesse chegado na lua e não soubesse exatamente como tinha ido lá parar. Depois os seus olhos caíram até a minha mão, que ainda estava ao redor do meu pau. O seu olhar voou de volta para o meu rosto e depois caiu para a minha mão de novo.
Posso dizer que ele estava lutando com um sorriso nervoso porque os seus lábios se contraíram.
"Merda! Oh…isso é um… no seu pau. Merda." A voz dele mal se ouvia sobre a música abafada enquanto o ômega repetia o jogo do olhar mais algumas vezes. A cor drenou gradualmente do seu rosto já pálido.
"Você se importa?" Perguntei, divertido pela maneira como os olhos dele estavam ficando cada vez maiores.
"Eu não..." Ele começou depois fechou a boca enquanto encontrou o meu olhar. "Doeu? Quero dizer, você sabe, isso no seu... Pau... eu não, quero dizer… o seu pau? Acabei de ver o seu pau. Continuo vendo o seu pau. Estou olhando diretamente para ele, e está na…"
Encontrei o olhar divertido de Jaehyun e olhei de volta para o belo ômega.
"Não me diga que é o primeiro que você viu além do seu." Virei para poder fechar o meu fecho e salvar o ômega de ter uma crise completa.
Houve um gemido alto atrás de mim depois uma pancada que soou bastante como se alguém batesse repetidamente com a testa contra a porta; isso me fez sorrir.
"Eu não vi você antes aqui. Calouro, presumo? Você é fascinante, jovem calouro. Agora é a minha vez?" Jay perguntou para o silêncio. "Se o pau mixuruca do meu amigo fez você gaguejar assim, quero ver sua reação quando verificar o meu. Preciso dizer: o meu é mais bonito que o dele, e maior também, e se quiser ter um gosto...."
O gemido ficou mais alto, soando mais como um rosnado.
"Nem sequer termine essa frase." Eu ri.
Meu amigo não era exatamente o cara mais suave do planeta, mas aparentemente isso não significava que podia dizer merdas para os ômegas da faculdade. Jay era um daqueles caras que atraía a todos não interessa o que fizesse ou dissesse. Comparado ao alfa, eu era o oposto, eu tentei o meu melhor para não ficar distraído pelos ômegas. Jaehyun dizia coisas malucas e grosseiras, e mesmo assim eles continuavam presos a cada palavra dele. O alfa dizia salte e eles perguntavam qual cama? E sendo um inferno de um jogador de futebol não perdia as suas oportunidades de foder alguém regularmente.
Não me entendam mal, eu tive a minha quota de ômegas que adoravam chamar a minha atenção, mas cedo, por volta do jardim de infância, descobri que eu era do tipo que gosta de um relacionamento. Curiosamente, isso parece ser um outro motivo para eles se reunirem ao meu lado. Acreditem em mim, não quero soar como um idiota pretensioso, parece simplesmente ser o caminho da vida quando você é um jogador de futebol que tem hipóteses de se tornar profissional. Nada tem a ver com o meu aspeto; francamente, Seokjin, o nosso quarterback titular é o bonitão da equipe, não eu.
Nós, jogadores de futebol, somos praticamente catnip para os ômegas da faculdade.
Eu abri a torneira para lavar as minhas mãos e olhei para o calouro para ver a sua reação. Ele ainda estava de costas para nós, mas pelo menos já não batia com a cabeça na porta. Se o alfa estivesse prestes a ficar com o seu pau para fora para um espetáculo, eu estava fora dali. Colocar o pau para fora com os meus colegas de equipe era onde estava meu limite na amizade.
Me dando um sorriso rápido e uma piscada, Jay cruzou as suas mãos atrás das costas e debruçou-se até á orelha dele.
"Boooo!" O ômega se encolheu, virando para o enfrentar, e deu um pequeno passo para trás quando percebeu que ele estava de pé muito mais perto do que tinha estado alguns segundos antes.
"Obrigado pela oferta, mas eu não quero ver nenhum pau," afirmou, e depois começou andando para trás, ficando longe dele enquanto o meu amigo perseguia a sua nova presa.
"Ah, mas você iria gostar realmente do meu." Quando não encontrei nada para secar as minhas mãos, as sequei nas minhas calças enquanto assistia a interação embaraçosa deles, até que o calouro bateu com as costas no meu peito e soltou um grito.
"Essa é a minha deixa." Olhei para baixo e vi que sua cabeça se inclinou para trás e para a frente.
O ômega estava me olhando atentamente. Mesmo de tão perto, era difícil dizer de que cor eram os olhos dele, talvez verdes com manchas castanhas ao redor dos círculos nas pupilas. Percebi que eu estava olhando para os seus olhos e facilmente vi como ele entrou em pânico, fiz uma careta e recuando um passo encarei Jaehyun.
"Deixe-o em paz, cara. Vamos lá, vamos sair." Antes que eu pudesse me afastar, o ômega me enfrentou, agarrando o meu braço, e segurando-o apertado.
"Não…você não pode sair," ele deixou escapar, surpreendendo Jay e eu. "Estou aqui por você." Levantei as minhas sobrancelhas e enviei um olhar confuso para meu amigo. Ele simplesmente encolheu os ombros. Jaehyun ainda estava usando seu sorriso, um que dizia e stou muito intrigado enquanto, abertamente, examinava a bunda do ômega. "Quero dizer, não estou aqui por você," explicou, e o meu olhar voltou para ele. "Mas eu vim aqui por você." Ele apertou um pouco o seu nariz no processo. "Você sabe o que quero dizer? Provavelmente não. Eu o segui até aqui porque eu precisava perguntar algo a você." A sua voz ficou rouca com pânico, mas ele continuou. "Quando disse que segui você até aqui, não quis dizer que estou te perseguindo ou algo assim porque isso seria uma loucura. Nem sequer conheço você, não é?" Ele deixou sair uma gargalhada nervosa e apertou o meu braço desajeitadamente, e depois pareceu perceber que estava realmente me tocando e retirou a mão enquanto dava um passo para longe. "Não que eu fosse perseguir você, se eu o conhecesse, mas esse não é o ponto agora. Eu apenas… Realmente, realmente preciso perguntar-lhe algo antes de fazer de mim um idiota completo, e achei que a melhor maneira de fazer isso era quando você estivesse sozinho… E eu achei que você estivesse sozinho aqui, e…" Não entendi nada do que ele estava dizendo, mas antes de poder responder, Jay o interrompeu.
"Então, você está me mandando embora, não é? E eu aqui pensando que tínhamos algo especial." O ômega olhou por cima do seu ombro para ele.
"Sinto muito. Eu não vi você o seguindo para cá, e não percebi que este lugar era um banheiro. Se tivesse visto, teria esperado lá fora. Não fazia ideia de que vocês faziam esta coisa de ir ao banheiro juntos. Embora é doce que vocês o façam." Os olhos dele encontram os meus antes de desviar o olhar rapidamente e dirigir-se para Jay de novo. "Vai ser apenas um minuto, realmente, então você pode voltar a tê-lo só para você." Jaehyun arqueou uma sobrancelha para ele, mas por outro lado ficou quieto. O ômega olhou para mim, e o que viu no meu rosto o fez estremecer. "Sinto muito, isto soou mal, não foi? Não que o envolvimento entre alfas seja mau ou qualquer coisa. Eu não deveria ter assumido. O meu melhor amigo é um ômega que namora outro ômega, sei como é difícil quando as pessoas dizem as coisas mais estúpidas e quanto ele…" o alfa riu e balançou a cabeça.
"Você deveria parar enquanto é tempo, baby. A minha oferta continua de pé se quiser vir me encontrar depois que acabar aqui com o meu garoto." Depois disso, o alfa abriu a porta e me deixou sozinho com ele.
Cruzando os braços sob o meu peito, relaxei contra o lavatório. O ômega virou novamente para mim, soltando uma longa respiração, e sorriu nervosamente.
"Foi péssimo, não é?"
"A coisa inteira, ou apenas a última parte?" Não pude evitar, sorri de volta para ele. Eu já tive alguns ômegas fazendo coisas loucas para chamarem a minha atenção, mas não pensei que isso fosse acontecer aqui.
Com uma careta no seu rosto, ele balançou a cabeça, os olhos caindo para o chão.
"Eu apenas assumi que este era o seu quarto e que você estaria aqui sozinho e depois quando entrei, você tinha o seu… Hummm... E depois ele estava aqui com você…" rapidamente seus olhos encontraram o meu olhar e depois desviaram para longe. "E a sua… Coisa estava para fora, e depois disso tudo foi para o inferno." Sim, ele não era do tipo que perseguia jogadores de futebol.
O ômega soltou outra risada nervosa enquanto se afastava em direção à porta.
"Então, sinto muito? E… Obrigado?" O meu sorriso aumentou mais.
"Pelo quê?" O ômega esfregou as mãos nas calças, balançou a cabeça, e simplesmente pareceu infeliz enquanto olhava para qualquer lugar menos para mim.
"Neste momento? Para ser honesto, não faço a mínima ideia. Obrigado por falar comigo? Por não me expulsar? Por me deixar ver o seu pau?" Seus olhos fecharam por conta própria e ele balançou a cabeça, dando alguns passos para trás, ergueu as mãos com suas palmas para cima, parando quando bateu na porta em suas costas. "Eu não quis dizer isso assim, eu não tinha a intenção de ver o seu pau ou algo do tipo. Eu lhe disse, eu nem sequer sabia que isto era o banheiro. Quer dizer, presumo que não era o seu melhor momento, então porque eu iria querer ver..." a sua mão gesticulou para a zona da minha virilha. "O seu… isso... Mais parecia como se você fosse um chuveiro em vez de um regador então isso deve ser… Bom para você? Parabéns? Não que você gostaria que um estranho te desse parabéns sobre algo assim, mas você é um jogador de futebol, então talvez você goste de elogios?"
Por alguns segundos, ficou um silêncio entre nós e eu não consegui esconder o meu sorriso. Agora que o meu pau não estava para fora e Jaehyun não estava conosco para dar em cima dele, olhei os seus traços: cabelo castanho ondulado emoldurado seu rosto bonito, pele bronzeada, olhos bonitos e inocentes que eram algo entre o castanho e o verde, eu ainda não tinha decidido, lábios bonitos e chamativos, bochechas coradas pelo que eu presumi ser embaraço. E depois, havia outros aspetos, como o torso visível através da camisa branca larga que ficou transparente por causa da luz, a sua silhueta fina, e as belas fodidas pernas, não muito finas, não muito grossas, apenas perfeitas para o meu gosto. Certifiquei-me de olhá-lo nos olhos e em nenhum outro lugar enquanto passei as minhas mãos pelo meu cabelo curto. Considerando o rumo que a minha mente estava tomando, não achei que fosse inteligente gastar mais tempo com ele no banheiro.
"Você me lembra meu irmão," eu disse, completamente do nada, chocando a ambos. "Você é um pouco tímido, não é?" Ele me lembra Junghyun. Quando estava nervoso ele falava sem parar, também, divagava muito. Mesmo sabendo que não fazia muito sentido, ele só não conseguia impedir si mesmo. Ser tímido era a única resposta que fazia sentido.
O ômega riu e pareceu cair contra a porta.
"Você estar me vendo como seu irmão não é um bom presságio para mim, especialmente se você souber o que estou tentando pedir, não que você devia me ver como alguém que quisesse ou poderia… Apenas esqueça isso. O que foi que eu fiz para que você tenha essa impressão? Espere, espere." Ele levantou a mão. "Estou levando isso de volta também. Nem sequer responda a isso."
Novamente, um silêncio estranho roubou as nossas palavras, enquanto olhava para ele e o ômega olhava para o meu peito até que alguém empurrou a porta e o fez perder o equilíbrio. Uma cabeça espreitou através da porta parcialmente aberta.
"Ah, desculpe, cara. Não sabia que estava ocupado." Ele empurrou a porta aberta mais alguns centímetros e olhou ao redor. "Voltarei depois que vocês acabarem."
Depois de me dar um aceno ele lentamente desapareceu.
Assim que a porta fechou, o meu moreno, risque isso, o moreno deixou sair uma respiração profunda e focou o seu olhar no meu.
Ele aparentava estar mais calmo, mas com base na forma como puxava a sua camiseta, que tinha um Smile escrito com letras grandes negras, não teria apostado dinheiro nisso. Curioso como o inferno, esperei que o ômega continuasse.
"Quer saber, eu realmente fiz uma bagunça, então, neste momento, perguntar isto nunca… Apenas não, não pode piorar as coisas." Já intrigado por ele, gesticulei com a minha mão para que continuasse.
"Sou todo ouvidos." Eu tentei o meu melhor para esconder meu sorriso, o moreno tomou outra respiração profunda.
"Eu preciso beijar você," ele soltou rapidamente. Fechando seus olhos, e dando um gemido. "Esta não era a melhor maneira de dizer isto. Deixe-me tentar novamente."
Levantei a minha sobrancelha.
"Você precisa me beijar." Questionei, abrindo um sorriso.
"Preciso, mais como eu tenho que fazer, quero dizer… Isso é tudo a mesma coisa, certo?" Um rápido aceno. "Quero dizer, eu não quero beijar você, não realmente. Eu não o escolhi."
"Você não me escolheu." Fiz uma careta.
"Não, eu não fiz. Não que você não seja bonito, você é definitivamente, de um jeito meio selvagem, o que até funcionaria para mim. Eu beijaria você se tivesse que fazer, mas você não foi a minha primeira escolha." O ômega resmungou gesticulando.
"Você está fazendo maravilhas para o meu ego. Prossiga." Provoquei, ainda sorrindo.
"Okay, eu acho que talvez esta não fosse realmente a melhor maneira de falar disso. Deixe-me começar de novo e ver como vai seguir. O meu colega de quarto, Chris, meio que me arrastou, quase me obrigou, a vir aqui esta noite, para a festa, quero dizer. Ele acha que eu não estou vivendo as experiências da universidade ao máximo. Nós viemos, conheci os seus amigos, é o meu primeiro ano, e conheci pessoas novas, então isso é bom, certo?" Sem esperar pela minha resposta, ele tomou uma respiração profunda e continuou. "Não, não é bom. Os amigos dele acham que eu não sou aventureiro, porque não gosto de falar muito quando estou num grupo grande de pessoas desconhecidas, então prefiro apenas ficar quieto." Ele mordeu o lábio e não pude deixar de olhar para a boca bonita dele. "Prefiro fazer coisas como, observar, você sabe? Eu não gosto de ter muitos olhos sobre mim. De qualquer forma, você não quer saber disto, então blá blá blá, mais conversa, mais silêncio da minha parte." Ele fechou os olhos e balançou a cabeça. Eu apenas fiquei lá, assistindo e ouvindo, esperando que o ômega acabasse a sua história. Eu realmente não podia sair mesmo que quisesse; ele era muito... Cativante, essa é a palavra que eu estava à procura. O ômega estava histérico e ainda assim ele era cativante como o inferno, uma lufada de ar fresco, por alguma razão. "Então eles apostaram, tipo, desafiaram que eu não conseguiria beijar alguém. Eu disse que sim apenas para eles pararem de falar sobre mim, porque o que diabos eles iriam fazer? Esperar que eu desse seguimento a isso? Nós estamos no jardim de infância? Pffff." Ele bufou e apoiou as mãos na cintura. "E, está tudo bem, fiquei um pouco ofendido, mas eles meio que tem razão. Não sou aventureiro ou espontâneo. Nem beijo pessoas aleatórias também. Eu nunca fiz isso, mas achei que fosse bem fácil. De qualquer forma, eles disseram que eu não teria coragem para beijar o cara que eles queriam que eu beijasse, porque aparentemente isso também é uma coisa da faculdade, ser ousado, fazer apostas, beijar pessoas aleatórias…"
"Caramba," eu disse antes dele continuar, e o ômega levantou os olhos para mim. Foi a minha tentativa fraca de ter certeza que ele tomaria uma respiração profunda antes de desmaiar. "Parece ter muitas coisas sobre a faculdade que eu não sabia, e nem sequer sou um calouro mais. Eu também nunca beijei uma pessoa aleatória antes, nem sequer sabia que era um requisito." Na realidade eu tinha feito, mas o ômega não precisava saber disso. Eu já beijei muitas pessoas aleatórias algumas vezes, especialmente depois de um bom jogo quando todos têm a adrenalina correndo alta, mas nunca tive a urgência de beijar só por beijar. Talvez eu só não tenha visto a pessoa aleatória certa porque neste exato momento, eu podia ver o apelo.
"Viu!" Ele exclamou, e o seu corpo relaxou um pouco mais. "Foi o que eu disse. De qualquer forma, estamos chegando à parte dolorosa, então eu vou avançar. Meu colega de quarto, Chris, agarrou este pobre rapaz que estava passando com os seus amigos e disse para eu beijá-lo, então eu fiz, só um pequeno beijo, isso não é nada, certo? Eu nem sequer toquei no rapaz, apenas inclinei-me para cima e encostei os meus lábios nos dele. Foi muito anticlímax, na verdade, e desde que bebi um pouco de cerveja…" ele levantou três dedos, presumivelmente indicando o número de cervejas que bebeu, depois enfiou o cabelo atrás da sua orelha direita. Eu estudei os seus lábios, toda esta conversa sobre beijos, e ele tinha aqueles lábios rosados lindos, brilhantes… "Eu não senti nada," o ômega continuou. "Nem borboletas, nem nada. O rapaz nem pareceu chateado sobre isso, desde que ele tentou um segundo beijo mais longo." Aposto que não , pensei. Aposto que o bastardo sortudo não estava chateado com isso. O ômega começou a falar ainda mais rápido, tornando quase impossível seguir o seu raciocínio. "Mas depois uma amiga do Chris, apontou para você. Você estava falando com algumas pessoas do outro lado da sala, e ela me desafiou a beijar você. O que você tem de tão especial, não faço ideia." Eu abri a minha boca, mas ele levantou a sua mão me silenciando e continuou sem uma pausa. "Então, eu tinha que dizer que sim, eu consigo porque eu não sou bom em desafios e apostas. Eu chego a ser um pouquinho competitivo. Desde que eu consegui um beijo do último cara, eles desafiaram-me a ir até você. De novo, eu não sei se você é uma espécie de idiota ou algo assim, mas acho que você tem algo que o torna especial o suficiente para que eles insistam tanto. Talvez você seja o tipo deles, eu não tenho a mínima ideia. Pedi para me darem alguns minutos e segui você até aqui para que eu pudesse pedir a sua permissão antes de atacar você na frente de todos ou pelo menos tentar atacar você na frente de todos para, basicamente, sugar o seu rosto. Agora, depois do que vi… Só para ter certeza… Você gosta de ômegas, certo? Porque se é por isso que eles insistiram tanto… É simplesmente cruel."
Quando ele ficou olhando para mim com expectativa, eu me endireitei e esfreguei a parte de trás do meu pescoço.
"Isto provavelmente vai soar como uma mentira para você, mas…" Como posso dizer isso? "Por mais que adorasse ajudar você com o seu desafio, eu tenho uma namorada." Tínhamos saído só uma vez, mas ainda assim… "Ela está atrasada para chegar aqui, mas provavelmente já está lá fora, e eu acho que deveria…"
"Ah... Oh... Sim, claro. Está tudo bem." Eu vi os seus olhos saltarem para todo o lado, só mudou em minha direção uma ou duas vezes, e mesmo assim, só por um segundo. Depois, sem qualquer aviso, o ômega alcançou a maçaneta, abriu a porta e saiu. "Eu sinto muito, de verdade, você sabe," começou, a sua voz ligeiramente mais alta numa tentativa de ser ouvida sobre o tumulto que estava acontecendo lá fora. Os seus olhos caíram até às minhas calças e voltaram para os meus olhos. "Sobre isso… E todo o resto. Toda esta noite foi bizarra… Bizarra e estúpida. Eu apenas vou embora, e…" Mais um passo para longe. "Sim. Sinto muito."
O ômega repetiu, os seus olhos focavam no meu ombro em vez dos meus olhos enquanto andava para trás. Foi quando percebi que os seus olhos estavam marejados. Ser o único alfa num grupo de seis irmãos, me ensinou uma ou duas coisas sobre ômegas, e eu sabia que este em específico estava a segundos de chorar.
"Espere. Ei, espere!" Gritei, rapidamente andando atrás dele antes que desaparecesse. O ômega olhou de volta para mim sobre os seus ombros sem parar. "Qual é o seu nome?"
O moreno me deu um pequeno sorriso, algo entre tristeza e horror, enquanto eu assistia a sua primeira lágrima deslizar. Depois ele sumiu, desaparecendo na multidão antes que pudesse alcançá-lo.
Por que eu queria saber o nome dele e a razão para os meus olhos o procurarem a noite inteira... Naquela época eu não sabia.
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TAEHYUNG
***
Um ano mais tarde...
A segunda vez que Jeon Jungkook me viu, eu estava tentando desaparecer no ar. Se nós não fizéssemos contato visual, se eu não conseguisse vê-lo, ele também não conseguiria me ver, certo? Bem… Aparentemente, não é assim que funciona.
Um ano antes, quando eu tinha feito papel de tolo por completo, eu nem sabia o nome dele e isso tornava mais fácil esquecer a coisa toda. Se ele fosse apenas um alfa sem nome que eu encontrei aleatoriamente em uma festa da faculdade, sem dúvida, um muito, muito sexy, teria ficado tudo bem, mas não, não estava. Claro que não, as coisas nunca foram tão fáceis para mim. O alfa que escolheram para eu beijar era um dos craques da equipe de futebol, um grande receptor, uma estrela que aparentemente era um dos poucos jogadores que todos apostavam que iria entrar na NFL, o que o fez muito popular ao redor do campus.
Claro, é um campus grande, mas não grande o suficiente para eu evitá-lo para sempre.
Depois de um longo dia de aulas, eu estava no caminho do meu apartamento quando o vi, bem, mais como os vi. Ele tinha três dos seus amigos com ele, eu sabia que pelo menos um deles era um companheiro de equipe: o quarterback, Kim Seokjin. Quem os outros eram, eu não fazia ideia. No entanto, Seokjin… ele era o grande homem no campus, como a maior parte dos quarterbacks sempre parecem ser. Eu sabia isso, e talvez soubesse um pouco mais sobre ele. Não era tanto quanto eu gostaria de saber, mas eu sabia algumas coisas. Mas, naquele momento, ao ver Seokjin nem sequer o registrei na minha mente. A pessoa que caminhava ao lado dele tinha toda a minha atenção. Jeon Jungkook e todo o 1 metro e 90 centímetros dele. Rindo por algo que os seus amigos disseram, o alfa estava a uns doze, talvez dez metros de distância, andando diretamente na minha direção.
Eu parei de andar, apenas congelei olhando para ele. Alguma garota bateu em mim, se desculpando e eu nem sequer consegui responder. Estava paralisado no meio do campus, o meu estomago caiu, e eu senti o sangue deixar o meu rosto.
Não.
Eu não quero que ele me veja neste momento. Eu não tenho maquiagem, estou funcionando com três horas de sono. O meu cabelo estava muito, mas muito bagunçado, tanto que parecia mais como se eu tivesse tido uma briga com um corvo raivoso, a qual obviamente perdi, e as minhas roupas… nem me lembrava do que diabos eu tinha vestido e não podia olhar para baixo e ver. O mais provável, era eu não estar usando nada de espetacular de qualquer forma. Não que eu quisesse ser notado em qualquer outra circunstância. Eu não quero que ele me veja de novo, ponto final.
Nove metros.
Olhando para ele, perdi uns segundos preciosos que poderia ter usado apara fugir, eu sabia disso porque tinha conseguido fazer isso com sucesso antes. Nesse dia, eu estava entorpecido demais para fazer qualquer coisa além de vê-lo se aproximar. Talvez fosse a falta de sono que me fez ficar preso no lugar, ou talvez fosse o modo como o alfa caminhava, o modo como os seus ombros se moviam e… Pare com isso!
Jungkook ainda não tinha me visto, o seu rosto estava para baixo, ouvindo os seus amigos.
Oito metros.
Pensei que talvez se eu ficasse apenas aqui onde estou, fechando os meus olhos e sem fazer nenhum movimento, que ele caminharia à minha volta e isto acabaria em segundos, apenas mais uma das minhas ideias brilhantes. Ou melhor ainda, talvez ele não me reconheça. Para ser honesto, era uma possibilidade muito forte. Afinal, quem sabe quantas pessoas se atiram aos seus pés todos os dias? O mais provável, era que o alfa tivesse se esquecido do calouro estranho que invadiu o banheiro na festa, também conhecido como eu, no dia seguinte.
Seis metros.
Jungkook estava vestindo uma Henley de manga comprida cinza que mostrava quão grandes os seus braços eram e eu quero dizer grandes, essa foi uma das coisas que me lembro especialmente daquela noite, o que pode ter alguma coisa a ver com o fato de eu ter uma queda por braços fortes e grandes, mas a questão não é essa. Esses mesmos braços estavam ligados aos mais lindos ombros. O alfa tinha um cabelo castanho escuro curto, que não funcionava para todos, mas em Jungkook… nele, funcionava maravilhosamente. Ele tinha características fortes e viris. Eu não conseguia ver os seus olhos, mas sabia que eram escuros e profundos. Um ano antes, eu olhei para dentro deles por um longo tempo. A sua mandíbula era afiada, as bochechas fortes, lábios tão cheios que não podia parar de pensar como se sentiriam contra os meus próprios lábios.
Cinco metros.
O seu nariz deve ter sido quebrado em algum momento, porque lembrei-me de pensar que era algo que o diferenciava. Você não era capaz de dizer à distância, mas como eu disse, já estive bem perto dele, e olhei para dentro de seus olhos por um ou dois segundos e depois foquei em outra coisa além dos olhos. Aquele nariz um pouco torto acrescentava ainda mais personalidade à sua já perfeita aparência. Imagino que seja bastante fácil quebrar o nariz sendo jogador de futebol, talvez tenha quebrado mais de uma vez. Ele não era bonito de uma forma clássica, a beleza dele era... Diferente. Você pode até não lhe chamar de tradicionalmente bonito, mas certamente ele era impressionante. Jungkook tinha carisma, confiança. Ele parecia forte e grande e talvez um pouco duro, também, mas mais do que tudo, ele parecia sólido. Sim, esse era uma maneira de descrever Jeon Jungkook.
Eu não estou nem falando no sentido físico, apesar de ser sólido a esse respeito. O alfa não era um cara que você podia esquecer facilmente. Bem nessa hora em que eu estava perdido admirando seus traços, ele levantou a cabeça e fez contato visual comigo. O grande sorriso que estava ostentando lentamente sumiu do seu rosto.
Morto.
Apenas cheio de ideias brilhantes naquele dia, eu calmamente suspirei, me virei e comecei andando rápido, praticamente correr enquanto amaldiçoava para mim mesmo, não foi o meu melhor momento, como podem imaginar.
"Hey! Você! Espere um pouco! Ei!" Não. Nope . Não vou fazer isso.
Apenas no caso dele estar gritando comigo, e eu tinha a certeza de que o alfa estava, fechei os meus olhos o mais forte que pude, como se isso me a ajudasse a ficar invisível, e apressei os meus passos, que foi como me vi batendo nas… pessoas.
Pessoas, como múltiplas. Claro que sim. O que esperava com a minha sorte?
Eu não caí em minha bunda, e foi o meu único aspeto positivo. Quando o grupo que eu... ahm… bati, olhou para mim com os olhos arregalados, engoli o meu pedido de desculpas apressado.
"O que você fez?" Um deles gritou antes de olhar para o chão.
Pensando que talvez estivessem exagerando um pouco, segui o seu olhar e descobri que não só os meus livros estavam espalhados por todo o lado, como também havia uma maquete arquitetônica caída de lado no meio da confusão que o meu material tinha feito. Também não era uma coisa feita de papel, ah não. Parecia ser feita de madeira, e era enorme… grande o suficiente para que fosse impossível uma pessoa carregá-la sozinha… daí o grupo de quatro pessoas.
"Eu sinto muito. Realmente, posso ajudar…" Eu disse e, me esquecendo por completo do porquê estava nessa bagunça em primeiro lugar, caí de joelhos e estendi a mão para a estrutura redimensionada.
"Não toque nisso!" Gritou o mesmo cara que falou um segundo antes, enquanto batia na minha mão, na verdade esbofeteou-a.
Surpreso, a segurei contra o meu peito. Ele não me machucou nem nada, mas, nem conseguia lembrar da última vez que a minha mãe tinha batido na minha mão por tentar roubar comida da mesa. Enquanto os outros se agachavam para ajudar o seu amigo, que continuava a resmungar, devo acrescentar, eu rapidamente olhei ao redor para ver que tínhamos público.
Ótimo.
Simplesmente perfeito; eu sempre achei que um rosto vermelho faz maravilhas para a minha pele. O lado positivo era que Jeon Jungkook não estava à vista, não pude deixar de suspirar ao sentir um alívio passar por mim.
"Droga! Você quebrou a porta." O cara seguiu resmungando.
"Eu sinto muito," repeti, num volume mais baixo desta vez, mas eles continuaram me dando olhares de raiva. Pelo que vi, não havia danos reais, além da dita porta, claro. Quando eles escolheram me ignorar, eu tentei focar nas minhas anotações e livros espalhados no chão. Felizmente, eu deixei a minha câmera no laboratório neste dia, caso contrário não tinha a certeza se ela teria tido tanta sorte como o modelo do edifício. "Espero sinceramente que não tenha…"
Reparei que os caras se endireitaram, segurando o edifício muito gentilmente entre os quatro. Eu não tinha conseguido acabar a minha frase quando recebi um último olhar de morte antes deles andarem ao redor de mim e saíssem.
Ainda de joelhos, eu suspirei novamente. Que grande final para o meu dia de merda.
“Não se esqueça deste," disse alguém à minha direita. Congelei de novo, os meus batimentos aumentando. Meus olhos lentamente seguiram a grande mão que segurava um dos meus livros de história da arte de cabeça para baixo, e depois eles continuaram a seguir o longo
braço até aqueles ombros espetaculares, finalmente chegando até o olhar divertido de Jeon Jungkook. Todo o falatório dos estudantes passando ficou entorpecido. Fechei meus olhos em derrota e curvei a cabeça. T anto para tentar fugir... "Oi."
Enquanto o meu coração estava fazendo um movimento estranho no meu peito, tentei me levantar do chão, apenas para perder o equilíbrio. Jungkook segurou meu cotovelo e me endireitou antes que eu pudesse tombar.
"Obrigado." Murmurei, olhando para longe de seu rosto quando o alfa soltou o meu braço e deu um passo muito apreciado para trás. Limpei a minha garganta, como se isso fizesse alguma diferença. "Oi."
Deus, eu estava tão envergonhado. Não só perguntei se podia beijá-lo como um estudante do ensino médio quando o alfa tinha uma namorada esperando por ele do lado de fora só porque eu não podia desistir de um desafio, como eu também tinha visto o seu pau… embora ver um pau não fosse assim tão mau. Muito pelo contrário, na verdade. Eu gostava de olhar para um bom pau... Mas em cima de tudo isso, agora Jungkook me viu arrasar uma peça de arquitetura.
Quantas vezes eu vou fazer papel de idiota na frente dele?
"Oi," ele repetiu, estendendo o meu livro de novo. Murmurei os meus agradecimentos, agarrei-o, e finalmente levantei a cabeça para ver um sorriso contagioso nos lábios dele. Isso transformou completamente o seu rosto. Aquelas linhas fortes e afiadas se suavizaram, e se Jungkook parecia incrível antes, quando ele sorria daquele jeito… isso me fez querer ser a razão por trás disso, o que o fez simplesmente irresistível. Os meus próprios lábios se contorceram na sequência, e eu podia sentir as minhas bochechas aquecerem sobre o seu olhar.
"Bem, oi." Respondi, baixando os olhos.
"Você não me disse o seu nome." Jungkook disse atraindo meus olhos para seu rosto novamente, apenas para descobrir que seu sorriso estava ainda maior. Forcei minha atenção para longe de seu olhar curioso.
"Oh?" Afastando-me lentamente, decidi que era melhor agir como se eu não soubesse do que o alfa falava e simplesmente comecei andando de novo.
"Você se lembra de mim, certo?" Senti que era uma boa hora para começar uma caminhada, queimar algumas calorias, ficar longe de pessoas. A minha fuga não foi assim tão fácil embora, o alfa me seguiu, andando para trás, acompanhando-me, estudando-me. "O ano passado? No final do primeiro semestre, numa festa grega, não se lembra?" Eu enviei-lhe um olhar rápido, apavorado, depois desviei o olhar apenas para andar mais rápido quando percebi que Jungkook estava me estudando atentamente. "Você sabe, eu estava no banheiro, então você veio e me perguntou se…"
"Ahhh, agora eu lembro." Seu pequeno mentiroso. "Sim. Sim, claro. Oi." A minha voz saiu num resmungar. Eu ri um pouco, acelerando o meu passo ainda mais, mas não tanto quanto eu gostaria já que seria ainda mais embaraçoso e simplesmente estranho se eu começasse na verdade a correr, e de qualquer forma, não é como Jungkook não pudesse me alcançar sem nem sequer suar. Eu era um misto de riso e choque. “Esse sou eu," eu disse com uma alegria falsa. "Estou lá e depois não estou. Eu existo, mas realmente não. Estranho. Estranho. Estranho. E, eu sei o seu nome, todo mundo sabe seu nome." Parei de falar então pude respirar por um segundo. "Eu estava um pouco envergonhado, como pode imaginar, na verdade, muito envergonhado." Se eu não vomitasse sobre ele nos próximos minutos, eu estaria seguro. "Quero dizer, não estava envergonhado por você…" Enviei-lhe um olhar de pânico.
"Você não tem nada do que se envergonhar daquela noite, também," Jungkook continuou rapidamente, e então sorriu. "Eu não estou envergonhado, apenas no caso de você estar se perguntando." O pau dele… Eu tive o privilégio de ver o pau dele, que ainda posso visualizar se fechar os olhos, não que eu ficasse sentado imaginando isso ou qualquer coisa assim… Se eu quisesse ver um, eu podia facilmente pedir ao meu namorado para mostrar, embora ainda não tenha feito isso. O tom dele me fez encará-lo. Ele tinha que falar nisso? Por que ele estava sequer falando comigo? Para fazer com que eu me sentisse ainda pior? E onde estavam os seus amigos? Seokjin? Dei-lhe o que esperava que fosse algo perto de um sorriso em vez de uma careta e fiquei calado. "Você vai dizer o seu nome, certo, Flash?" Eu o vi olhar em volta e focar o seu olhar de volta em mim. "Quero dizer, há muitas pessoas por perto então correr não é uma boa ideia, você provou ser rápido, eu admito, mas sou muito bom com os meus pés, e desta vez, agora que sei o que procurar, eu alcanço você, sem problemas."
Olá, Jungkook, conheça a humilhação em carne e osso.
"Flash?" Eu perguntei, confuso fazendo o alfa sorrir.
"Você está lá e logo depois não está?" Jungkook repetiu as minhas palavras.
Limpando a garganta, ignorei o salto mortal do meu coração. Eu tenho um apelido. Ele me deu um apelido.
"É Taehyung." Lá está aquele sorriso de novo. “Kim Taehyung.”
"Taehyung. Hmmm. Okay, então, Taehyung." Ele testou o meu nome em seus lábios. Fascinado, assisti ele fazer isso.
"Estou um pouco atrasado para… um lugar, então…" Nunca ninguém morreu por algumas mentiras inofensivas.
"Ainda um pouco tímido, hein?" Jungkook disse baixinho, o seu sorriso um pouco menor agora, mais íntimo.
Eu mexi no meu cabelo, que mais parecia um ninho de pássaro.
"Temo que seja uma coisa permanente." Dessa vez o alfa riu e sua risada era tão envolvente que parecia como se ela me abraçasse.
"Eu vou deixar você ganhar desta vez. Preciso voltar para o treino de qualquer forma, não posso me atrasar ou o treinador vai me matar." Eu tranquei o meu olhar com o dele e sem mais nem menos esqueci porque diabos estava tentando fugir. Estava na verdade um pouco desapontado que Jungkook estava indo embora, isso faz sentido? Que estupidez a minha. Desvie o olhar, Tae. Não olhe para aqueles olhos. Jungkook levantou a mão para esfregar o pescoço e quebrou o contato visual. "Sim. Okay então. Foi bom encontrar você, Taehyung. Talvez poderíamos fazer de novo um dia desses?"
Eu miseravelmente sorri um pouco para ele, mas mantive a minha boca fechada.
Eu não gostava de mentir, nem sequer para um estranho, a não ser que precisasse. A coisa toda, toda a nossa interação era uma tortura para mim, do início até ao fim. Então Jungkook parou de andar ao meu lado e eu continuei. Era o fim da estrada para nós, onde os nossos caminhos se separavam.
Fechei os meus olhos e tomei uma respiração longa e muito necessária para limpar a minha mente. Eu estava passando por uma cafetaria pequena, então cheirava como croissant e cafeína. O meu coração ainda estava acelerado. Vamos falar sobre vergonha. Porque é que eu não conseguia não ser… dolorosamente tímido?
"Taehyung?" Gemi em voz alta, e o grupo de estudantes que estava andando ao meu lado me atiraram um conjunto de olhares estranhos. Parei e virei, um pouco curioso para saber o que ele ia dizer. Jungkook estava a cerca de três metros de distância, estava parado, no meio da rua movimentada. No mundo da faculdade todo mundo tentava chegar em algum lugar. Como é que ele não esbarra em ninguém e todos os outros simplesmente se separam tentando contorná-lo? O seu sorriso crescia lentamente conforme o alfa recebia a minha atenção. "Que tal aquele beijo?"
Arregalei os olhos.
"O que sobre isso?" Franzi a testa.
"Que tal termos esse beijo agora?” Os meus olhos piscaram um pouco e a minha boca caiu aberta, em completo choque.
Ele estava debochando de mim? Quero dizer, olhe pra mim, eu não faço o tipo dele, disso tenho certeza.
Notei olhares em cima de mim, ouvi murmúrios incessantes, e o meu rosto começou a corar de novo. Abracei meus livros ainda mais perto como se eles pudessem me proteger ou impedir de ir diretamente até o alfa.
"Sinto muito, eu… eu… tenho namorado." Gritei recuando um passo.
"Você me acha um gato?" Jungkook deu um passo na minha direção.
Bastardo atrevido.
"Eu disse que tenho namorado!" E eu tenho, realmente tenho um namorado. O nome dele é Taeyang. Taehyung e Taeyang, meu namorado pensou que era o destino. No meu caso, nem tanto. Ele não era o amor da minha vida ou algo assim, mas sim, tivemos alguns encontros, e tenho quase certeza de que ele não iria gostar de ouvir sobre eu beijar um alfa qualquer no meio do campus.
"Bom para você!" Alguém gritou e um riso surgiu da multidão, me fazendo corar ainda mais.
Deus? Olá? Por favor, faça algo. Puna-me. Puna-me agora mesmo.
"Ah… Entendi." Jungkook não estava gritando tanto neste momento. Ele enfiou as mãos nos bolsos, balançando no lugar, e tive que me forçar a não deixar cair os meus olhos para baixo para o que já sabia que era um pacote considerável. "Temos o melhor time do mundo, hein, Flash?" O que eu poderia dizer? Balancei a cabeça e forcei um pequeno sorriso no meu rosto. Era decepção que eu via nos olhos dele? E essas borboletas que voavam em algum lugar no meu estômago? O alfa começou andando para trás, os seus passos suaves e fáceis, os seus olhos ainda em mim. "Vejo você por aí, Taehyung. A terceira vez é a da sorte, então talvez da próxima vez a gente faça isso acontecer."
Eu não apostaria nisso pensei, mas não falei em voz alta.
Apenas levantei a minha mão e dei-lhe um pequeno aceno. Jungkook sorriu, aquele sorriso, aquele grande, descuidado e tão lindo sorriso, me deu uma saudação rápida, e então virou para correr para longe. Sim, tinha sido inteligente a minha escolha de não correr, ele teria me apanhado totalmente em pouco tempo.
A primeira vez que eu me separei dele, fiz isso com lágrimas escorrendo pelo meu rosto pela humilhação e vergonha.
Desta vez… bem, desta vez eu tinha todos os sorrisos do mundo.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
Um ano mais tarde...
Eram dez da noite de uma sexta-feira e eu estava morto de cansaço, como estava quase todos os dias. Mas tudo bem, eu amava isso dessa forma, vivia para isso.
Eu tinha acordado às seis da manhã como fazia todas as manhãs para poder fazer o meu primeiro treino do dia antes de um rápido café da manhã e uma reunião com a equipe. Direto da reunião, corria para chegar à minha primeira aula. Por volta de meio dia, eu normalmente tinha uma hora para almoçar e para ser apenas um estudante universitário normal em vez de um atleta. Depois do almoço, dependendo do dia, iria ter outra aula ou ia direto para o meu segundo treino no ginásio. Depois do que pareciam ser três horas de prática, o que por vezes ainda resultava em mais uma hora extra ou mais. Após um intervalo de trinta minutos que incluía um suco e uma sanduiche, corria para a biblioteca, para terminar um trabalho que tinha que entregar no dia seguinte.
Quando eu voltei de lá, o dia cheio me fez abrandar, mandei uma mensagem para a minha namorada, para saber quais eram os planos para a noite. Quando dei por mim, três horas haviam se passado e eu ainda não tinha ouvido notícias dela.
Eu partilho uma casa a poucos minutos do campus com quatro dos meus colegas de equipe: Kyle, Maxwell, Namjoon e Rip. Se eles não tivessem decidido fazer uma festa de última hora para o aniversário de Maxwell, eu podia passar a minha noite em paz no meu quarto com a Vicky, talvez assistir um pouco de Netflix e transar. Depois de um longo dia me preparando para a temporada, era normalmente toda a energia que tinha sobrado em mim. Mas sabendo que isso não era possível, decidi verificar primeiro o dormitório de Vicky para ver se podíamos evitar completamente a festa e relaxar lá dentro, apesar de que eu sabia que significava que ela iria ficar chateada comigo. Ao contrário de mim, a ômega tinha sempre muita energia e tempo para festas, mas eu também sabia como convencê-la a ficar. Por mais que ela amasse beber e dançar, Victoria amava ainda mais o que eu podia fazer com o seu corpo.
Nós namoramos há cinco meses. Nos dois meses que passamos separados, usamos o Face Time e trocamos mensagens de texto sem parar durante as férias de verão, e tudo parecia estar correndo bem. Ela não se importava que eu tinha de passar a maior parte do tempo no campo ou no ginásio porque o seu próprio tempo estava cheio com aulas, reuniões da república, e o estágio. Ela era solidária e carinhosa, e bem, verdade seja dita, ela não estava, em um todo, nos meus planos.
O meu plano original sempre tinha sido que eu não iria namorar no meu último ano. Meus objetivos eram focar no futebol, afiar minhas habilidades e ser o melhor em campo. E ainda tinha que arranjar tempo para estudar.
Estas eram apenas algumas das coisas da minha lista de prioridades, e uma namorada não era uma delas. O meu prato já estava cheio, na verdade, estava mais do que cheio, estava transbordando. Com tudo o que eu estava fazendo, e tinha muita coisa acontecendo, eu simplesmente não tinha tempo suficiente para lidar com este tipo de compromisso. Eventualmente, apesar do meu horário preenchido, Vicky conseguiu infiltra-se no caminho para a minha vida, e para minha completa surpresa, eu gostava de tê-la por perto. Vê-la depois de um dia longo e cansativo não era a pior coisa, e tanto quanto sabia, ela gostava de estar comigo. No passado, quando me atrasava para um dos nossos encontros porque o treino durava muito tempo ou quando eu não podia ir a uma festa porque tinha que sentar a minha bunda para estudar, ela nunca reclamou. A ômega me dava a calma (nem sempre) e o equilíbrio (de novo, nem sempre), eu tentava dar-lhe o que me restava, dar-lhe a mim mesmo no final do dia.
Para ser justo, isso pode não parecer muito, mas ela sempre me disse que eu era mais do que suficiente, sempre disse que eu a fazia feliz e que não imagina estar com outra pessoa. Eu acreditei nela, por que não deveria? A ômega definitivamente não se importaria de ter um namorado que se espera que seja recrutado no Top 20, e eu estaria mentindo se dissesse que não gostava de ver o seu rosto se iluminar de emoção e alegria sempre que os meios de comunicação falavam sobre mim. Eu não estava exatamente planejando perguntar-lhe se ela queria vir comigo, se conseguisse chegar a ser recrutado no final do ano, mas ela tinha dado a entender algumas vezes que queria viajar para qualquer lugar depois da formatura. Então, pensei que talvez se as coisas se mantivessem do jeito que estavam, talvez não fosse assim tão ruim perguntar a ela.
Depois de conversar com o companheiro de quarto de Vicky e saber que ela realmente tinha ido para a festa, assumi que tivesse sido para me encontrar lá, eu finalmente saí do campus, tentando mentalmente me preparar para a confusão que estava à minha espera em casa.
Surpreendentemente, a casa não parecia estar tão lotada quanto eu temia. Em vez de convidar toda a escola, eles apenas tinham toda a equipe na nossa casa de três andares. Era a equipe, para os comprometidos suas namoradas, e só para equilibrar tudo, algumas líderes de torcida. Então, ainda era uma casa de loucos, mas em menor escala. Eu apostava que a única razão pela qual eles mantiveram relativamente pequeno era o medo do treinador ouvir sobre isto.
Encontrei Jaehyun tentando com falas mansas o seu caminho para as calças de um cheerleader na cozinha.
"Você viu a Vicky por aí?" Eu perguntei assim que me aproximei o suficiente.
"Ainda não. Tenho a certeza de que ela está por aqui em algum lugar. Onde você esteve cara? Você perdeu o torneio de Madden." Antes que eu pudesse escapar, ele bateu com a sua mão nas minhas costas. "Conheça Daniel antes de desaparecer para algum lugar. Ele é o ômega dos meus sonhos. Ômega dos meus sonhos, conheça o meu parceiro." Eu balancei a minha cabeça e vi o ômega rindo no seu copo vermelho.
"Olá, Jungkook." Jaehyun puxou as costas dele contra a sua frente e rodeou cintura fina do ômega com os braços.
"Deixe-me ter um gosto. Depois você pode me dizer o que você tem planejado para mim." Distraidamente, ele entrega o seu copo de plástico para mim e começou a atacar o pescoço do ômega entusiasmadamente.
Deixando-os em paz, verifiquei a sala de estar, fazendo o meu caminho através dos casais curtindo no corredor, depois desci até o bar onde as coisas estavam se movendo rápido demais, e finalmente caminhei até ao quintal. Ela não estava em nenhum lugar, então mandei-lhe outra mensagem enquanto andava até Seokjin e alguns dos outros caras antes de voltar para casa.
"Jin? Você viu a Vicky por aí? Era para ela estar aqui, mas parece que não consigo encontrá-la." Dei mais uma olhada ao redor.
"Acabei de chegar há poucos minutos. Você verificou lá dentro?" Suspirei.
"Sim, ela não está lá. Eu não te vi no treino hoje, está tudo bem?" Perguntei quando os outros caras começaram a discutir sobre o próximo jogo.
"Sim, eu estava na sala de musculação, saí antes de vocês terminarem." Ele viu o olhar no meu rosto e continuou. "Não pergunte. Eu irei falar com você sobre isso mais tarde."
Seokjin era um dos meus melhores amigos.
"Treinador?" Estava supondo que isso era o motivo.
Jin era o filho de Kim Jung-ho, um dos melhores quarterbacks de todos os tempos e nosso treinador. O treinador era uma lenda, um dos grandes responsáveis pela popularidade do esporte na Coreia e o motivo de eu estar em Los Angeles, mas como pai ele era péssimo. Eles discutiam, o tempo todo. Você acharia que com o seu pai sendo o treinador principal, ele teria as coisas mais fáceis, mas não. Seokjin trabalhava igualmente duro como o resto de nós, se não mais. Nós passamos horas longas e exaustivas horas extras treinando juntos, aperfeiçoando o nosso jogo.
"Sim. Nos falamos depois, certo? Foi um longo dia, então eu vou encerrar a noite e ir para casa. Não o quero atrás da minha bunda, te vejo amanhã." Antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, o alfa disse adeus ao nosso pequeno grupo e foi embora.
Eu verifiquei o meu telefone de novo: nada de Vicky.
Pensando que talvez ela não tenha visto as minhas mensagens, eu tentei ligar algumas vezes, mas a ômega nunca respondeu. Começando a ficar preocupado, pedi licença e lentamente fiz o meu caminho lá para cima. O meu quarto era no fim do corredor do segundo andar, e porque a festa foi um negócio de última hora, eu não o tranquei antes de sair esta manhã. Passei na primeira porta perto das escadas, os meus passos vacilando. O segundo e o terceiro andar sempre ficavam ocupados quando os rapazes davam festas. Se eu não conhecesse Kyle, o nosso melhor atacante, desde que me lembro, eu teria invadido e chutado todos para fora. Mas, isto era Kyle. Se os sons passando pela porta dele tem algum significado, era mais que provável existir uma orgia acontecendo ali dentro, e ele era definitivamente a estrela daquele espetáculo. O que não trazia nada de bom para o meu quarto. Uma olhada em múltiplos corpos nus me ensinou a trancar a minha porta.
Hesitando na frente da minha porta, esperei por quaisquer sons suspeitos. Quando não consegui ouvir nada, abri e fiquei aliviado ao descobrir que ninguém tinha conseguido ir tão longe. A má notícia é que Vicky não estava lá também. Eu liguei para ela de novo; sem resposta.
Eu tentei seu colega de quarto e ele atendeu ao segundo toque.
"Jungkook?" O ômega respondeu, mal-humorado.
"Jordan, Vicky não está na minha casa. Ela voltou para o dormitório?"
"Não. Eu disse a você, ela falou que ia se encontrar com você na sua casa." Sentei na beira da minha cama e esfreguei a minha têmpora. Mesmo que eles não estão explodindo a casa com música não significa que as pessoas não estavam sendo barulhentas para compensar isso.
"Ela não está aqui. Ela sabia que eu estava planejando estudar na biblioteca depois do treino, então por que ela veio até aqui para me procurar?"
"Eu não tenho certeza do que você quer que eu diga, Jungkook. Nós tivemos uma reunião da república às oito e depois que acabou, ela se trocou e disse que estava indo para a sua casa. Isso é tudo o que eu sei. Ela provavelmente tem o seu telefone no silencioso. Tente de novo." Levantei e comecei andando para lá e para cá nos limites do meu pequeno quarto.
"Olha, eu já tentei dez vezes e ela não está respondendo. Não é do feitio dela ignorar as minhas mensagens, ou aliás qualquer mensagem. Você sabe melhor do que eu que o telefone dela está sempre grudado na mão. Estou ficando preocupado aqui." O longo suspiro de Jordan chegou aos meus ouvidos. Eu podia imaginá-lo revirando os olhos do outro lado da linha, o que era basicamente o seu defeito quando ele interagia com pessoas por mais de um minuto.
"Quer que eu ligue para o pessoal para ver se ela retornou para lá?"
"Eu ficaria agradecido, Jordan." Sem dizer mais nada, ele desligou o telefone na minha cara. Embora o chuveiro estivesse chamando o meu nome, eu ainda estava preocupado o suficiente para decidir ir verificar a casa de novo e talvez perguntar a mais alguns caras se eles a tinham visto por aí. Se ela tivesse chegado à festa, alguém deve tê-la visto, e se não, eu estava pronto para ir lá fora e procurar por ela.
Enquanto passava pelo quarto de Kyle, eu notei que a orgia estava terminando, os gemidos e os grunhidos agora estavam mais silenciosos. Eu tentei a porta e ela abriu, apesar dos sons diminuindo mantive meus olhos no chão já que não sabia com quem o alfa estava.
"Ei Kyle, você viu a Vicky lá em baixo esta noite? O colega de quarto dela disse que ela veio para cá." Embora eu tenha ouvido Kyle murmurar para alguém apenas segundos antes de eu abrir a porta, o silêncio repentino que veio com a minha pergunta me fez olhar para cima.
A última coisa que me lembro de ver foi Vicky… no meio da cama… entre dois paus, Maxwell e Kyle para ser específico, em suas mãos e joelhos. Tenho certeza que vocês podem imaginar o que eu estava olhando. Eu me lembro que Vicky gritava para que nós parássemos. Eu também me lembro vagamente de Maxwell tentar me dar explicações. Devo ter pulado alguns minutos no meio porque a próxima coisa que eu sabia era que Jaehyun e Namjoon, o nosso jogador da linha ofensiva direita, estavam me arrastando para longe de Kyle.
Respirando com dificuldade, eu tentei o meu melhor para eles me soltarem, mas eles não estavam cedendo.
"Está tudo bem. Está tudo bem, está feito. Acalme-se." Jaehyun gritou no meu rosto enquanto segurava a minha cabeça nas suas mãos e tentava capturar os meus olhos. Namjoon, uma montanha de homem, outro dos meus amigos mais próximos, estava segurando os meus braços nas minhas costas enquanto tentavam nos arrastar para fora do quarto. Mesmo que eu pudesse ter conseguido Jaehyun fora do meu caminho, não havia como me livrar de Namjoon. Jay ainda estava empurrando os meus ombros para me impedir de ir atrás de Kyle. "Vamos apenas pegar um pouco de ar. Tenha calma, homem. Não vale arriscar o seu futuro por essa vadia. Mantenha isso junto."
Antes que eles pudessem me puxar para fora, olhei ao redor do quarto. Maxwell estava segurando o seu nariz sangrando, mas de resto tudo estava bem pelo que eu pude ver. Em algum momento, ele deve ter posto o seu pau de volta nas calças depois de o puxar da boca de Victoria, mas os botões das suas calças estavam abertos, e ele ainda estava sem camisa. Kyle… Kyle estava nu e se contorcendo no chão. O quarto agora estava cheio de um tipo diferente de gemido. Victoria, a minha adorada namorada, ainda estava de joelhos na cama, com os olhos grandes e assustados, o seu peito arfando enquanto abaixava a camisa para cobrir o seu corpo. Número doze, ela estava usando a minha camisa.
Ela estava deixando-os fodê-la enquanto usava a minha camisa.
Os nossos olhos se encontraram, e vi os seus lábios formarem o meu nome. Quando ela fez um movimento para sair da cama, eu parei de tentar ir atrás de Kyle e parei de lutar com os meus amigos, que finalmente soltaram meus ombros.
Eu caminhei para fora do quarto e da casa sem dar um segundo olhar.
"Treinador, eu sei o que você vai dizer, e não é necessário. Eu estou bem." Respondi com o semblante fechado.
"Entre e sente a sua bunda aqui." Eu fiz o que ele pediu. "Vamos deixar essa merda de estou bem de lado. Pelo que estou vendo no campo, você não está nem perto de estar bem, sem falar do seu eu de sempre. Eu lhe dei uma semana e nada mudou. O seu tempo acabou. Agora, você vai fazer o que eu digo para fazer e parar de agir como se ela fosse a última boceta na terra. Olhe ao redor, pelo amor de Deus, você tem toda a faculdade querendo substituí-la se é isso que você está à procura."
As minhas mãos se fecharam enquanto eu disparei do meu assento.
"Você acha que isto é sobre ela? Você acha que é por causa disso que estou tendo problemas para me concentrar? Não é ela quem está afetando o meu jogo. Eu não poderia me importar menos, mas como você espera que eu dê tudo de mim quando não confio nos meus colegas de equipe? É suposto eles cobrirem minhas costas, tanto no campo quanto fora. Como seria…" O treinador levantou de sua cadeira, silenciando-me com um olhar simples, mas mortal, e veio para ficar na minha frente.
"Está bem, Jungkook, vamos fazer da sua maneira. Diga-me o que quer que eu faça. Eu já falei com a equipe toda. Você estava lá, você sabe que eu não aprovo o que aconteceu. Eu digo a vocês o tempo todo, se querem fazer isto nas grandes ligas, vocês não podem deixar as distrações entrarem na vida de vocês. Você brigou com o Kyle bem no meio da sala de musculação, esmurrando-o no rosto, mais de uma vez, e eu te livrei de qualquer punição. Mas eu não posso ter os meus rapazes brigando para que todos possam ver. O que mais você quer que eu faça? Quer que os tire da equipe apenas por eles terem dormido com a sua suposta namorada?"
Eu tentei ocultar a minha hesitação, mas foi inútil. Cansado de tudo, sentei-me para trás e descansei os meus antebraços nos joelhos. No final do dia, tanto quanto as palavras dele bateram num lugar cru, ele estava certo, não havia mais nada que eu pudesse fazer. Nem Kyle ou Maxwell pareciam estar tendo dificuldades no campo. Sim, eles estavam me evitando, mas isso não aprecia estar afetando o jogo deles. Talvez, eu fosse o único que não tinha a mente aberta o suficiente. De qualquer forma nenhum deles, e Victoria incluída, valiam a pena arruinar tudo pelo que lutei durante toda a minha vida, eu não posso desistir tão perto da final.
Eu quero ouvir o meu nome anunciado no draft day.
Sentia-me como se estivesse trabalhando para esse objetivo a minha vida toda. À noite, na cama, depois de um longo dia de treinos, prática e reuniões em cima das aulas, quando fechava os meus olhos, conseguia ver, podia sentir nos meus ossos. Eu sabia que era bom o suficiente, sabia que se conseguisse chegar à liga principal, eu trabalharia pra caramba ainda mais duro. Eu colocaria o tempo, o suor, o trabalho. Está na hora de seguir em frente.
Ouvi o longo suspiro do Treinador e foquei nele.
"Você está agressivo no campo, está se esforçando demais, e você não está em sincronia com Seokjin como costumava estar. Nem queira saber quantos passos incompletos eu contei hoje. Você está uma bagunça, garoto. Você sabe isso, eu sei disso, toda a equipe sabe isso. Você acha que pode permitir-se ser imprudente nesta temporada? Está brincando com o seu futuro, e para quê? Uma ômega que você nem vai lembrar daqui a um mês, muito menos daqui a um ano?" Com cada palavra saindo da boca dele, eu podia sentir os meus ombros mais e mais tensos. O futebol é a minha vida. Eu era um jogador muito bom, o melhor jogador defensivo lá fora. Eu trabalhei duro para merecer isso. "Pensa que tudo é só diversão e brincadeiras na NFL? Acha que eles dão uma merda sobre ter um acesso de raiva sobre os seus colegas de equipe? A NFL é outro nível. E se você não pode acertar as suas diferenças com alguns dos seus colegas de equipe, esquecer sobre as suas diferenças e jogar em equipe naquele campo na faculdade, você deveria esquecer a NFL. Você é bom. Nós dois sabemos que você vai conseguir, mas nem todos têm o necessário para ficar lá. Não fará diferença para quem joga se tudo o que você faz é sentar no banco porque não consegue se dar bem com os seus colegas de equipe por qualquer razão. A menos que esteja saindo daquele campo, desistindo de tudo o que conseguiu…"
"Senhor, com todo o devido…" O interrompi.
"Cale-se, Jungkook. Cale-se e ouça-me. É isso. Este é o seu último ano. Você entende isso? Ou você faz isso ou não. Você tem olhos em você. Você sabe que não é só a mídia. Você tem tido olheiros focados em você desde que era um calouro, e não se esqueça que foi você que escolheu acabar a escola antes de passar para a grande liga. A temporada começa na próxima semana. Você tem uma hipótese, mas sabe que todos os jogos contam. Não foda tudo, não por algo tão estúpido como isso."
"Senhor, não tenho intenção de ferrar nada. Eu estou trabalhando nisso. Eu prometo que da próxima vez que você me vir no campo, você vai…" Ele se endireitou e andou de volta para a cadeira dele.
"Da próxima vez que eu te ver no campo, é melhor ter a cabeça no lugar. Caso contrário, eu vou entender que você está querendo conseguir um lugar no banco." Puxando uma pequena chave do bolso de trás da calça, o treinador destrancou a gaveta de cima, tirou outra chave e a jogou para mim. "Eu sei que você tem empregos de meio período aqui e ali sempre que consegue encontrar tempo, especialmente durante a baixa temporada. Estou assumindo que você envia qualquer coisa que sobra para a sua família e fará o mesmo este ano, certo?" Eu segurei a chave mais apertado na minha mão, senti as bordas picando a minha pele, e dei-lhe um aceno em silêncio antes de ele continuar. "Então você não tem como suportar pagar pelo seu próprio espaço. É muito tarde para se candidatar a um alojamento no campus, e não posso ter um dos meus melhores jogadores dormindo no chão da casa de um dos seus colegas de equipe." Inclinando-se para trás na cadeira, ele me deu um longo olhar. “Eu tenho um apartamento fora do campus que agora está vazio. Você vai ficar lá. Eu preciso que tenha a sua cabeça de volta no jogo. Nós precisamos de você nesta temporada.”
Eu precisava ter o futebol na minha vida. Eu nunca lidaria bem, se ele decidisse que era uma boa ideia me dispensar.
"Eu terei a minha merda junta pelo jogo." O assegurei.
"Isso é o que quero ouvir. Nós estamos terminados. Agora, levante-se e dê o fora do meu escritório. Eu mandarei uma mensagem com o endereço no final do dia." Eu abri a palma da minha mão e olhei para a chave. Eu não queria esmolas, inferno, eu odiava o fato de estar sequer considerando isso, mas estava sem opções desde que todos que eu conhecia tinham conseguido alojamentos meses atrás.
Eu ainda poderia ficar junto com um colega de equipe ou colega de classe, mas não tinha certeza se não afetaria o meu jogo ou as minhas aulas. Eu precisava estar livre de festas, livre de dramas e relacionamentos no meu último ano de faculdade, se eu ia fazer os meus sonhos e os da minha família se realizarem.
A minha decisão estava feita, levantei-me para sair.
"Obrigado, treinador." Eu murmurei, apenas alto o suficiente para que ele pudesse ouvir.
"Jungkook." Com a minha mão na maçaneta da porta, parei e olhei para trás para ele por cima do meu ombro.
"Eu não quero que Seokjin saiba sobre este apartamento ou o meu envolvimento em você conseguir isto. Às vezes quando está muito tarde para voltar, eu fico lá, e a mãe dele não sabe sobre o apartamento. Eu quero que fique assim. Você me entendeu? Eu vou ficar lá de vez em quando, então garanta que eu não veja nenhum dos seus colegas de equipe por perto também. Já vejo o suficiente desses rostos feios para durar uma vida inteira." Então o treinador seria o meu companheiro de casa no meu último ano, não é grande coisa. Verdade seja dita, quanto mais eu pensava sobre isso enquanto andava para fora do edifício para a minha aula das duas e meia, mais eu gostava de ideia.
Seria apenas mais uma razão para focar no que era importante e ficar longe de tudo o resto.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Desde que eu fui estúpido o suficiente para deixar a minha toalha para trás no meu quarto, tive que sair do banheiro com nada além do meu telefone descarregado apertado na minha mão, e foi aí que ouvi o ranger da porta do apartamento como se estivesse abrindo.
O barulho me pegou de surpresa, e eu congelei no meio do caminho. Poderia ser Jung-ho, supus, então meio que me diverti com essa ideia durante um segundo ou dois, mas também, por outro lado, poderia não ser. Se eu não tivesse magicamente pulado alguns dias, enquanto estava no chuveiro cantando, ainda era segunda-feira, o que significava que não era quinta-feira, a noite normal em que ele ligava ou aparecia. Além disso, ele não tinha ideia de que eu ainda morava lá e não em um outro apartamento com Jimin. Dito isto, tanto quanto sei, apenas Jung-ho e eu tínhamos as chaves deste apartamento então, não deveria e nem poderia ser mais ninguém. Não era como se o alfa andasse por aí distribuindo as chaves do apartamento que ele tinha alugado para mim. Afinal de contas, eu era o seu segredinho sujo.
Estava segurando a respiração, completamente nu e absolutamente quieto durante pelo menos cinco segundos, à espera de Deus o quê, meus batimentos cardíacos cada vez mais acelerados, minha boca tão seca quanto uma lixa, e quando acabei a minha contagem regressiva interna até dez, comecei a entrar em pânico.
Se fosse Jung-ho, ele já teria chamado pelo meu nome. Pensei em me anunciar, mas todos os filmes de terror que eu me forcei a assistir com o meu pai vieram à minha mente, e decidi que não queria ser morto por um serial killer. Não era a minha hora, nem o meu dia, e com certeza não é a minha primeira escolha de assassinato. Eu especialmente não queria ser morto por um louco enquanto estava totalmente nu com a água escorrendo do meu cabelo e com o corpo molhado.
Ouvi passos e só então percebi que quem tinha invadido não tinha se movido durante aqueles primeiros segundos. Quando ele finalmente começou a andar, os seus passos eram do tipo lento… você conhece esses passos, certo? De novo, nos filmes de terror que eu assisti, aprendi uma lição importante: se alguém se move em passos lentos e deliberados, você se vira e corre. Corra, meu amigo, corra como se os cães do inferno estivessem mordendo os seus calcanhares, e você sabe o por quê? Aqueles desgraçados andando lento e assustadoramente sempre matavam os idiotas que gritam.
Era muito azar porque eu não tinha para onde correr. O apartamento de dois quartos era em forma de L, e eu estava em pé apenas ao virar da esquina do meu futuro assassino. Eu já mencionei que nunca mais irei assistir a filmes de terror? Ou qualquer tipo de filmes que me mantém acordado à noite?
Quando comecei a recuar silenciosamente, olhei para o meu telefone amaldiçoando-me por ouvir Spotify até descarregá-lo. Então percebi até que ponto as minhas mãos tremiam e entrei ainda mais em pânico.
Agarrando a parede para algum tipo de apoio tão necessário, consegui entrar no banheiro silenciosamente, agarrando uma toalha de mão grande, e me enrolei nela, o que apenas serviu para me cobrir até certo ponto. Metade da minha bunda e outras partes estavam apenas… ali, mas esta toalha pequena parecia como um nível extra de proteção.
Ouvi mais alguns passos vindos da área aberta da sala de estar depois um estrondo seguido por uma maldição. Estava com dificuldades em engolir, então coloquei as minhas mãos sobre a minha boca, para segurar de volta um suspiro e apenas abaixei atrás da porta. Se eu pudesse me fazer tão pequeno quanto possível, estaria invisível e seguro, e em poucos minutos, tudo acabaria, porque nenhum ladrão entraria em um banheiro onde não havia nada para roubar. A menos que ele viesse para verificar porque as luzes estavam acesas… então eu estava em apuros de qualquer forma.
Outro estrondo soou alto, e desta vez, eu gritei. A minha respiração estava irregular e mais alta do que eu gostaria. Desde que os meus joelhos estavam prestes a ceder, coloquei a palma da minha mão na parede e gentilmente me levantei apenas para sentir as minhas pernas virarem gelatina. Percebendo um rolo de massa encostado na parede embaixo da pia - nem pergunte o que estava fazendo no banheiro -, agarrei-o e fechei os olhos, só para o caso de precisar.
Eu ia provavelmente morrer em um banheiro em Los Angeles, na verdade, não havia um provavelmente sobre isso, porque poderia ser de um ataque cardíaco ou nas mãos de um estranho, dependendo do que ia acontecer primeiro. Infelizmente, nenhum dos dois soou atraente para mim.
Eu não tinha ideia se meros minutos se passaram ou uma hora, mas eu não conseguia mais ouvir um único som. Quando tive a certeza de que não havia nada, comecei a pesar as minhas opções, não que eu tivesse muitas. Mesmo assim, eu ia ter que aguentar firme e sair do banheiro, ou ficaria lá indefinidamente. Então lembrei que todo o meu equipamento fotográfico estava espalhado na sala de estar: lentes que peguei emprestadas do meu professor, a minha amada câmera Sony que o meu pai tinha me dado, o meu portátil e equipamento ainda mais caro que não tinha forma de comprar de novo tão cedo. Ainda balançando e tremendo, decidi sair e pelo menos dar uma olhada.
Certamente, se alguém ainda estivesse na casa, embora eu esperasse fortemente que não, eu tinha que tentar sair e correr ou eu apenas cairia morto no local, porque tinha a sensação de que o meu coração não seria capaz de aguentar por muito mais tempo.
Eu estava com tanto medo que esqueci como respirar. Forçando o meu corpo a avançar, engoli em seco e abri a porta para que pudesse lentamente espreitar.
Alguém estava definitivamente na casa. Não estava exatamente escuro, graças às luzes da rua iluminando suavemente a sala de estar, mas fora isso, nenhuma das luzes do apartamento estava acesa. Não havia muito móveis na sala de estar, apenas um sofá grande e confortável, uma poltrona grande o suficiente para sentar confortavelmente duas pessoas e uma mesa de centro. Ver aquele estranho horrível se ajoelhando bem atrás do sofá e colocando algo num grande saco no chão fez o meu sangue virar gelo.
Ele estava roubando o meu equipamento.
Com o rolo da massa, que eu ainda segurava firmemente nas minhas mãos, arrastei-me de volta para o banheiro, e então encostei na parede. A porta do apartamento estava fechada. Eu estava preso. Mesmo que eu fugisse, ele me ouviria e me apanharia antes de eu fugir. Com o tamanho dele, eu não queria que isso acontecesse. A minha única oportunidade, a minha única opção realmente, era bater na cabeça dele com o rolo de massa enquanto ele estava de costas para mim, agarrar a chave que eu tinha 80% de certeza que deixei na ilha da cozinha, e depois correr, após agarrar no saco que contém o meu equipamento de fotografia, claro.
Considerando a minha falta de roupas, chegar à Sra. Hilda, que vivia no final do corredor, era a minha melhor hipótese. Ela estava sempre em casa, então eu não estava preocupado em não encontrar ninguém, mas era possível eu conseguir fazer isso e chegar lá?
Quando percebi que havia lágrimas frias escorrendo no meu rosto pelo medo e ansiedade da coisa toda, tomei uma respiração agitada, profunda, mas silenciosa, e disse a mim mesmo que poderia fazer isso. Repeti várias vezes na minha cabeça.
Antes que eu pudesse me convencer do contrário, dei um passo para a sala, com o rolo de massa erguido na minha mão.
É agora ou nunca.
Eu suguei o ar, comecei a andar na ponta dos pés, as minhas pernas estavam fracas e trêmulas quando fui em direção a figura sinistra que continuava de costas para mim. Quando eu estava a poucos passos de distância, comecei a tremer da pior maneira, então escolhi correr os meus últimos passos e levantei o instrumento de cozinha ainda mais alto para causar o máximo de dor. Eu libertei o que parecia ser um grito de guerra para os meus ouvidos, mas o mais provável era ter saído um grito esganiçado, quando o acertei nas costas. Eu estava apontando para a cabeça dele, então isso não funcionou tão fantasticamente para mim.
Provavelmente numa das minhas vidas passadas eu não fui um guerreiro viking.
"Que diabos…" O meu assassino grunhiu. Na quantidade de tempo que levei para erguer a maldita coisa de novo, ele já tinha virado e agarrado os meus pulsos num aperto forte e doloroso que causou o deslize do rolo de massa das minhas mãos quando comecei a gritar. A minha respiração engatou e choraminguei porque não conseguia ar suficiente nos meus pulmões. Eu não conseguia entender exatamente o que estava acontecendo, mas eu lutei contra o seu poder sobre mim, como o guerreiro Viking que eu não era, até que as minhas pernas cederam. "Merda!” O homem grunhiu, apertando os seus dedos à volta dos meus pulsos enquanto comecei a deslizar para fora do seu aperto e me ajoelhei. Eu tentei o meu melhor para sair fora do seu alcance. Nada funcionou. A minha visão ficou turva e logo comecei a sentir falta de ar. Ele estava falando, e pensei que o que estava ouvindo era a voz dele, mas era tão difícil ouvir alguma coisa através da pressão batendo na minha cabeça, para não falar do meu pobre e selvagem coração, que estava em força total. "Ei! Respire. Por favor respire. Respire, porra!" Mãos quentes agarram minhas bochechas, meu assassino basicamente ensinou-me a respirar de novo enquanto me sentei no chão fraco. "Você está indo bem. Apenas respire. Sim, apenas assim. Fácil. Dentro, agora fora. Dentro e fora. Bom. Você está indo bem."
"Quem diabos é você?" Eu ofeguei quando pude, mas então me lembrei que se ele me dissesse quem era, ele teria que me matar. A primeira regra do mundo escuro dos criminosos você vê o meu rosto, você morre . "Não, não me diga. Retiro o que disse." Eu realmente não acho que um ladrão ia largar tudo para me ajudar a respirar e me acalmar, mas não quis arriscar. "Você pode levar tudo o que quiser, por favor, não me machuque."
"Do que você está falando? Eu vou lhe perguntar a mesma coisa, quem diabos você é?" Ele perguntou impacientemente. "Espere." As suas mãos deixaram o meu rosto e senti ele mover-se para longe de mim. Limpei as lágrimas dos meus olhos a tempo de ver as luzes se acenderem.
Quando ele ficou na minha frente de novo, acabei perdendo isso. Eu estava apavorado e chocado, e também muito nu sob a minha pequena toalha.
Inseguro de que tivesse alucinando devido à falta de ar, apenas me mantive olhando para ele do meu lugar no chão.
"Você… Que diabos… Por que você me assustou como o inferno?" Eu gaguejei, talvez um pouco mais alto do que um sussurro. A estrela da equipe de futebol americano, o jogador ofensivo, o próprio Jeon Jungkook, olhou para mim com uma carranca profunda se formando no seu rosto enquanto me oferecia a sua mão direita. Perplexo, olhei para a mão do alfa por alguns longos segundos antes de olhar de volta para o rosto dele. "Por que me assustou assim?"
Eu repeti no mesmo tom, porque não consegui lembrar de outras palavras que seriam úteis para a situação. Era o único vocabulário que eu poderia reunir. Usando uma mão para segurar a minha toalha e a outra para me erguer do chão, tentei levantar sozinho. Ele deve ter sentido pena da minha tentativa fraca porque agarrou o meu braço e puxou-me para cima.
"Eu sei…" Ele murmurou quando eu estava finalmente em pé como uma pessoa normal, embora um pouco instável, mas ainda assim de pé. Eu podia ver o reconhecimento se instalar, e não tinha a certeza se era uma coisa boa ou muito ruim. "Eu conheço você, certo?" Antes que eu pudesse tentar chegar com mais palavras, a sua boca se transformou e ele estava me oferecendo um sorriso grande, um sorriso que eu tinha achado muito atraente há um ano atrás. "Aí está você!" Jungkook disse, finalmente quebrando o silêncio constrangedor. Não tenho certeza do que issso deveria significar.
"Hum.. sim…?" Movendo-me muito devagar, eu puxei a minha mão e não consegui absolutamente nada.
O seu sorriso só ficou maior, e em vez de me deixar ir, o seu aperto aumentou apenas uma fração, e então desapareceu.
"Eu pensei que voltaria a ver você, eventualmente… Pensei que teria outra oportunidade." Que oportunidade?
Tentei fazer os meus lábios se moverem e formas palavras, queria perguntar-lhe o que ele queria dizer com aquilo, mas foi justamente quando a minha toalha estúpida e pequena decidiu apenas se desenrolar e cair no chão.
O tempo parou, a minha respiração saiu de mim, e congelei pela enésima vez naquele dia. Se alguma vez houve uma hora para que a terra embaixo de mim se abrisse e me engolisse, era agora. Eu não podia fazer nada além de ficar lá com a minha mão na dele enquanto olhávamos um para o outro por longos e agonizantes segundos, ambos indecisos sobre o que fazer a seguir. Eu tentei implorar-lhe com os meus olhos para não olhar para baixo, mas não tinha a certeza de que o alfa entendia o que eu estava dizendo.
Jungkook fez a sua escolha e os seus olhos começaram a cair.
A adrenalina ainda corria em mim, entrei em pânico. Antes do seu olhar percorrer todo o caminho até completar a viagem pelo meu corpo nu, a minha mão continuava apertada ao redor da mão dele, por que ele ainda está segurando a minha mão mesmo? Atirei o meu corpo nele, colocando-me à frente dele, forçando-o a dar um passo para trás para manter o seu equilíbrio. Foi uma manobra arriscada, mas escondeu-me da sua visão aberta do meu corpo, que era tudo o que eu procurava. A parte de trás das suas pernas atingiram a parte de trás do sofá e ele enrolou um braço na minha cintura para nos manter em pé.
"Não!" Eu gritei na cara dele. "O que você pensa que está fazendo?"
Na verdade, eu podia sentir as minhas bochechas queimarem de calor, e quando digo calor, não me refiro ao bonitinho oh, olhe para mim, eu sou todo o tipo de corar naturalmente , mas mais como o estou disfarçado de tomate agora.
Era a terceira vez, que fiquei cara a cara com este homem, e cada vez, eu me envergonhei além do que poderia razoavelmente ser chamado de bonito. Claro, que nos últimos anos eu tinha me tornado menos tímido, tinha ido de extremamente tímido para apenas simplesmente tímido, e então eu não me importava muito sobre o que tinha acontecido na primeira noite em que o conheci, mas ele vendo-me nu foi apenas a cereja no topo de bolo, e era demais.
O alfa limpou a garganta e olhou para mim.
"Oi." Oi? Não era a resposta que eu esperava. "Esta não era as boas vindas que eu esperava, especialmente desde que não esperava nenhum boas vindas na verdade."
Eu também limpei a minha garganta, e tentei manter os meus olhos nos dele, embora eu estivesse praticamente tremendo com a necessidade de fugir.
"Bem, eu não esperava boas vindas de ninguém." Eu dei um jeito de empurrar as palavras para fora depois de algum tempo. Então engoli e baixei a minha voz. "Por favor, não olhe para mim."
Aquele braço direito apertou a volta do meu peito nu enquanto ele nos trouxe para uma posição na vertical então eu já não estava deitado em cima dele. Não se engane, eu ainda estava preso pelo corpo dele, e ele não parecia estar pensando em me deixar ir tão cedo. Senti meu pobre coração trovejar no peito quando os nossos olhos se encontraram num breve segundo. Um lado de sua boca curvou-se para cima.
"Para ser completamente honesto com você, eu não tenho certeza se consigo fazer isso." Quem me dera que eu fosse aquele tipo de pessoa que ofereceria um sorriso leve, talvez batesse de leve no seu peito, e depois dava meia volta e ia embora, talvez até dar-lhe uma piscadela sedutora por cima do meu ombro antes de dançar até ao meu quarto enquanto ele assistia a minha bunda nua balançar para ele e agir como se estivesse completamente bem em estar nu na frente de estranhos.
Desnecessário dizer que eu não era desse tipo – nunca tinha sido. Então, ao invés disso, eu franzi a testa para ele.
"Você está brincando comigo?" Eu perguntei num sussurro quando não consegui pensar em mais nada para dizer. Eu precisava de pelo menos uma semana para processar o que aconteceu nos últimos dez minutos.
Jungkook me ofereceu um pequeno sorriso.
"Sinto muito, eu não queria dizer isso dessa forma… Eu só quis dizer que não tenho certeza se posso tirar o olhar do seu rosto... Não importa, você não entenderia. Eu não vou olhar para baixo." Eu não consegui devolver o seu olhar, por isso olhei para os seus lábios enquanto eles se moviam. "Prometo." A palma da sua mão, aquela que estava aberta nas minhas costas, lentamente se moveu alguns centímetros, e sem querer arqueei para ele. O arrepio subiu pela minha pele em todo o meu corpo, e as gotas de água caindo do meu cabelo molhado sobre os meus ombros e costas não estavam ajudando em nada.
Jungkook estava quente e eu estava congelando.
"Eu vou precisar daquela toalha," disse, olhando para longe enquanto tentava ignorar o fato de que eu estava começando a sentir meus mamilos ficarem duros. Não era porque eu conseguia sentir o contato do seu abdômen contra meu corpo ou porque aquele braço enrolado à minha volta estava fazendo coisas a mim, mas porque estava ficando frio. Ele poderia sentir isso também? "Você pode inclinar-se para baixo comigo para que eu possa chegar a ela? Ou você pode olhar para longe para que…"
Jungkook retirou a sua mão das minhas costas, e a perda repentina do calor da pele dele na minha causou um pequeno arrepio que percorreu todo o meu corpo. O alfa inclinou a cabeça em direção ao teto e agarrou-se à borda do sofá de couro.
Mantendo os meus olhos nele, naqueles braços salientes, eu lentamente soltei a sua camisa e o larguei, tive que abrir e fechar as minhas mãos algumas vezes para me livrar do formigamento nos meus dedos. Ainda mantendo os meus olhos nele para ter certeza de que o alfa não estava olhando. Rapidamente me inclinei para baixo e agarrei a toalha do chão. Em vez de a embrulhar de novo à minha volta onde não cobria praticamente nada, eu decidi segurá-la na vertical para cobrir mais área. Pelo menos assim, em vez de dançar na borda do olhar dele nas minhas partes privadas, só a minha parte de trás estaria visível, e eu estava contando que não houvesse mais convidados surpresa.
Agora que ele estava olhando para o teto e não para mim, tomei o meu tempo para observá-lo. Santo Deus, Jeon Jungkook está mesmo na minha frente. Eu notei as calças jeans, a t-shirt húmida que se encaixa nele perfeitamente, os amplos ombros. Os seus braços pareciam maiores do que me lembrava, e fiquei preso olhando para aquela parte do corpo dele por algum tempo. Eles não eram finos antes, mas mesmo assim. O alfa era todo músculo duro, nada extremo, apenas tonificado, perfeição dura. Mesmo a droga dos seus antebraços pareciam firmes e perfeitos com um leve toque de pelo.
"Sua camisa está molhada." Eu deixei escapar, sem saber o que mais dizer. Jeon olhou para si mesmo, passou uma mão na sua frente.
"Está tudo bem." O alfa deu de ombros e depois ele focou em mim.
Eu dei um passo para trás.
"Você pretende dizer o que está fazendo aqui?" Perguntei enquanto seguia recuando, decidido a colocar uma distância muito necessária entre nós.
Os olhos dele se encontram com os meus, e acidentalmente bati na parede.
"Você está prestes a fugir de novo?" Isso foi um sorriso que Jungkook estava tentando disfarçar? Eu não consegui encontrar nenhuma coisa que era engraçada sobre esta situação. O alfa segurou o meu olhar como se ele próprio estivesse tentando descobrir a resposta à minha pergunta. Eu deixei cair o meu olhar para a garganta dele e recuei… direto no tripé que tinha montado mais cedo.
Ótimo, Tae. Não podia ter sido mais idiota nem se você tentasse.
Eu poderia me virar para o tripé e tentar salvá-lo, ou poderia deixá-lo cair enquanto mantinha o resto da minha dignidade ao segurar a minha toalha como se nada pudesse nos separar, eu escolhi este último e deixei o tripé cair no chão, estremecendo quando o som ecoou na sala. Graças a Deus, a minha câmera não estava ligada a ele. Quando os meus pés ficaram presos e perdi o meu equilíbrio por um segundo, Jungkook se moveu na minha direção.
"Não!" Eu gritei, e na verdade foi mais alto do que o necessário. "Não, ah, você não precisa se mexer. Apenas me diga o que você fazendo aqui?"
"O que você está fazendo aqui?" Ele perguntou em vez de me dar uma resposta. O seu olhar caiu para o meu tripé no chão, depois encontrou o meu olhar questionador de novo.
"Você poderia, talvez, oh, eu não sei, vir com uma resposta em vez de mais perguntas? Eu vivo aqui. Você é o único que está no lugar errado, não eu, amigão." O alfa abriu outro sorriso.
"Eu acho que não." Afirmou, confiante.
"Não acha o quê, exatamente?" Essa conversa não estava fazendo o menor sentido.
“Eu não acho que estou no apartamento errado." Jungkook cruzou os braços e não pude deixar de espiar os músculos dele mais uma vez.
"Eu na verdade acho que você está." Ele deu de ombros e permaneceu ali, completamente vestido, diferente de mim.
"Acho que não." Por fim, Jungkook enfiou a mão no seu bolso, e tirou uma chave, a balançando no ar.
Ele tem uma chave. Droga, Taehyung, use o seu cérebro! De que outra forma ele poderia ter entrado.
"Olha, uh…" Eu olhei para trás por cima do meu ombro – eu estava pelo menos a dez, doze passos fora do canto que me levaria até ao meu quarto. Se eu pudesse vestir alguma roupa e parar com o tremor incontrolável, tinha certeza de que a minha mente começaria a trabalhar de novo. "Me dê um minuto para me vestir e voltar para aqui para que possamos…"
Ele acenou.
"Eu não vou a lugar nenhum." Em vez de dizer Sim, amigo você vai, eu dei-lhe um olhar exasperado, mal me contive de bufar e desapareci pelo corredor.
Nem dois minutos tinham passado antes de estar de volta à sala de estar, completamente vestido desta vez. Levou-me exatamente trinta segundos para me vestir e o outro minuto e meio foi gasto para tentar melhorar o meu aspecto. O meu coração deu um salto estranho com a visão dele.
Adrenalina. Eu tenho a certeza de que é adrenalina que continuava correndo pelo meu corpo que fez o meu estômago apertar e as minhas mãos virarem gelo.
O alfa estava exatamente no mesmo local em que o deixei, a única diferença era que em vez de estar olhando diretamente nos meus olhos, ele estava olhando para os seus sapatos e falando no telefone.
"Sim, eu entendo, Treinador. Claro. Tudo bem, eu vou. Sim. De novo, obrigado." Treinador. Claro. O que eu estava pensando?
Eu adoraria ter ligado para Jung-ho e conversar eu mesmo com ele, mas se o alfa estivesse com a sua mulher não atenderia a minha ligação, então por que me incomodar?
Inclinei-me para pegar meu tripé caído. Depois de me certificar de que não estava partido, coloquei-o mais perto da parede, onde eu não podia tropeçar nele de novo, depois fui em direção ao sofá, um que me levaria mais longe de Jeon Jungkook. Antes da minha bunda vestida atingir as almofadas, ele tinha desligado o telefone e estávamos sozinhos de novo.
"Então… Pelo que parece, acho que nenhum de nós está no lugar errado." Eu disse, falando para as suas costas. Embora estivesse surpreso, eu já podia adivinhar o que estava acontecendo.
Ele virou o rosto para mim e os seus olhos desceram e subiram.
"Parece que sim." Me senti como se estivesse prestes a me encolher sob o olhar dele, então agarrei a almofada mais próxima e abracei-a junto ao meu estômago.
O jeito que o alfa olhou para mim… eu estava tentado a olhar para baixo e ver o que ele encontrou de tão interessante, mas eu já sabia, eu estava vestindo as minhas leggings pretas e uma t-shirt velha que tinha as palavras Festa do Pijama em letras pequenas – tipo nada de interessante.
"Então…" O que diabos eu poderia dizer? "Você está aqui para pegar algo para o Jung-ho?"
Poderia ser uma possibilidade.
Jungkook perdeu o seu pequeno sorriso dos seus lábios.
"Não." Era disso que eu estava com medo.
"Você não passou só por acaso?" Insisti, embora estivesse bem claro que não era o caso. Bem, a esperança é a última que morre.
"Eu acho que sou o seu novo companheiro de casa," Jungkook anunciou, chegando ao ponto. E assim, comecei a me sentir doente de novo. Eu estava agarrando-me à esperança de que o quer que o alfa estivesse fazendo aqui fosse temporário, mas companheiro de casa não soava temporário. "O Treinador não mencionou que eu estava vindo?" Ele perguntou, tirando-me do meu pequeno surto.
Eu tentei o meu melhor para agir como se estivesse tudo bem. Este não era o meu apartamento, afinal de contas. Era Jung-ho quem pagava o aluguel, não eu.
"Não. Suponho que ele também não mencionou que eu estava aqui." Cocei o pescoço.
"Não." O alfa suspirou e passou mão pelo cabelo, chamando a minha atenção. Ainda era curto, praticamente o mesmo comprimento que estava na última vez que eu o vi, então pelo menos isso não tinha mudado. Eu meio que gostava dele com o cabelo curto. Andando ao redor do sofá, Jungkook escolheu sentar-se na minha frente e colocou o seu telefone em cima da mesa de café de mármore. Eu estremeci com o som. “Ele disse que não tinha conhecimento de que você estaria aqui, mas que não seria um problema, já que você raramente está no apartamento. Não se preocupe, eu também não estarei muito presente, com a temporada do futebol começando e todo o resto. Eu não vou incomodá-lo."
Eu suspirei e esfreguei minha têmpora.
"Lamento estragar os seus sonhos, mas eu estou sempre aqui." Jungkook sorriu, não um sorriso enorme, suave, mas apenas a promessa do seu sorriso fazia coisas para o meu coração.
"Você não está estragando os meus sonhos." Sem saber o que dizer, eu olhei a almofada no meu colo em vez de encontrar os olhos dele. Havia algo enervante na forma como o alfa continuava a encontrar o meu olhar.
"Ele disse quem eu era?" Ele não iria, claro que não iria. Eu sabia disso, mesmo assim eu não pude deixar de questionar.
"Ele disse que você é filha de uns amigos da família." Houve uma pausa, então olhei para cima. "Você não é?"
Eu queria rir. Filha de amigos da família, talvez eu seja apenas masoquista.
"Sim, eu sou. Amiga da família.” Respondi, evasivamente. “E então, qual é o seu problema?"
"A minha situação de moradia mudou nestes últimos dias, e aparentemente eu preciso de um lugar para ficar. O Treinador insistiu que aqui estaria ok. Se você vai ficar desconfortável comigo por perto… Se você não estiver ok, Taehyung…" Com a velocidade que olhei para cima, quase cai.
Os seus olhos estavam fixos em mim. Ele se lembra do meu nome? Claro que ele se lembraria de quem eu era, como ele poderia esquecer daquele calouro estranho que fez papel de idiota e tão triste de si mesmo, mas ele lembrar do meu nome? Tinha sido um ano desde a última vez que eu sem sucesso não consegui me esconder dele, e um ano era muito tempo para se recordar do nome de um estranho.
"Você se lembra do meu nome?" Eu perguntei, genuinamente surpreso.
O sorriso tomou seus lábios de novo e as suas feições suavizaram visivelmente, seu rosto agora sincero, divertido e convidativo. Eu esqueci do que tinha perguntado.
"Como eu disse na época, eu sempre tive a sensação de que veria você de novo. Eu pensei que teríamos outra oportunidade. Eu não pensei que levaria um ano para conseguir essa oportunidade, no entanto aqui estamos nós." Havia aquela palavra de novo.
Eu desisti da almofada, puxei as minhas pernas para cima e coloquei-as debaixo de mim, desviando o meu olhar.
Onde estava o meu telefone quando eu precisava dele para me esconder? Suspirei em derrota, arrumando minha postura e agarrando o apoio de braço com a mão.
"O que você quer dizer com outra oportunidade?" Questionei, baixinho.
"Você sabe o que quero dizer." Não precisei olhar para saber que Jungkook estava sorrindo.
"Na verdade, tenho certeza que não." Desconversei, arriscando um olhar em seu rosto.
"O nosso beijo." Ele inclinou a cabeça, e uma de suas sobrancelhas fez aquela coisa de arquear que o faz parecer muito atraente. "A última vez que nós nos vimos, dissemos que talvez da próxima vez pudéssemos fazer isso acontecer. Te lembra alguma coisa?"
Aquele sino tocou, tudo bem. Afinal, eu sabia do que ele estava falando, depois de tudo.
"Sabe, se me lembro bem, foi você que disse isso. E tenho certeza de que eu estava tentando sair dali o mais rapidamente possível." Afastei o olhar para a janela.
"E por quê?" Jungkook perguntou sem perder tempo.
Eu larguei o meu controle mortal sobre o apoio de braço e esfreguei as mãos nas minhas coxas. Nós temos que falar sobre isso de novo?
"Por que o quê?" Questionei, sentindo seu olhar em meu rosto.
"Por que você sempre tenta fugir de mim o mais rapidamente possível?" Dei de ombros, não era óbvio?
"Por que eu não o conheço?" Me obriguei a encará-lo.
"Foi você quem disse que ia me beijar na primeira vez que nos conhecemos." Eu senti o rubor subir pelo meu pescoço e arregalei os olhos.
"Primeiro, nós na verdade nunca nos conhecemos da primeira vez. Eu não lhe dei o meu nome, nem você me deu o seu. Então, nós na verdade não nos conhecemos, e eu lhe disse então que os meus amigos… Bem, na verdade, não eram realmente meus amigos, minha antiga companheira de quarto e os seus amigos é que me desafiaram a beijar você. Eu lhe disse isso, e só para você saber, eles já sabiam que você estava namorando alguém, aparentemente há muito tempo, então me desafiaram a beijar você na frente de todos para que eu fizesse papel de tolo e enfrentasse sua raiva. Eles pensaram que seria divertido, acharam que eu deveria me soltar um pouco. Eles não gostavam da sua namorada e queriam ver a reação dela." Menos palavras, Taehyung. Utilize menos palavras, por favor. Jungkook pareceu processar o que eu tinha acabado de dizer e abriu a boca para responder, mas antes que qualquer palavra pudesse sair, me levantei na esperança de pôr um fim à conversa. "Você sabe o quê, nada disso importa uma vez que aconteceu há dois anos. Eu tinha esquecido sobre aquele dia totalmente até que você tocou no assunto." Eu parei de falar. O alfa estava olhando para mim, vendo através da minha mentira. Fechando os meus olhos, esfreguei a ponta do meu nariz. "Está bem, eu estou mentindo. Eu não esqueci sobre isso, mas gostaria de esquecer desde que não foi um dos meus melhores momentos, tenho certeza de que você concorda. Agora que vamos ser colegas de quarto acho que seria o melhor. Se você vai ficar aqui, eu deveria te mostrar o seu quarto."
Sem lhe olhar, passei por ele e fui em direção ao corredor que levava ao quarto extra, bem na frente do meu quarto – a dois passos do meu quarto, se você quer que eu seja absolutamente exato.
Jeon Jungkook seria o meu novo companheiro de casa. Quando a vida te joga um receptor sem mais nem menos, o que é suposto fazer com ele? Tentar o seu melhor em não olhar para ele durante muito tempo, talvez? Isso seria um bom conselho para levar, pensei.
Eu ouvi os seus passos, então sabia que o alfa estava me seguindo. Abri a porta e esperei que ele entrasse, mas sempre garantindo ao mesmo tempo que não o olhasse nos olhos. Como eu disse, continuava precisando de um tempo – sozinho. Precisava de um tempo para me acalmar e processar tudo.
Não havia muitos móveis no quarto. Assim como o meu, tinha uma cama de solteiro muito confortável, um pequeno guarda-roupa, uma mesa de cabeceira, uma janela que dava para ver a estrada… era basicamente isso, apenas o mínimo das necessidades, que ainda era melhor do que a maioria dos apartamentos estudantis.
Jungkook passou por mim e colocou sua mochila bem ao lado da cama, a mesma mochila que eu pensei que ele usaria para esconder o meu equipamento. Eu o vi olhar tudo rapidamente e depois acenar.
"Sem escrivaninha, hein?" O alfa disse, me fazendo desviar o olhar para ele.
"Escrivaninha?" Questionei, franzindo a testa.
"Você sabe, para estudar."
"Vocês realmente estudam? Quero dizer, jogadores, atletas – eu sempre me perguntei. Eu pensei que você tivesse outros estudantes fazendo isso por você." Estúpido, eu sou estúpido.
Me encarando, ele ergueu as suas sobrancelhas, e desta vez não havia um sorriso divertido se formando nos seus lábios.
"Eu não tinha imaginado você como alguém que iria estereotipar as pessoas." As suas palavras afundaram, e senti outro rubor nas minhas bochechas. Jungkook estava certo – eu na verdade odiava pessoas que estereotipavam todo mundo, pessoas que julgavam antes mesmo de conhecer uma pessoa. Eu estava fazendo mais uma vez papel de idiota.
Talvez fosse algo sobre ele que me deixava instável?
Que desencadeava a diarreia verbal?
Era mais fácil por a culpa nele em vez de admitir que estava agindo como uma cadela. Soltando a maçaneta da porta, eu balancei a minha cabeça e recuei.
"Sinto muito. Você está certo. Eu não sei porque eu disse isso. Eu não te conheço. Apenas conheci algumas pessoas que praticam esportes e prefeririam morrer do que abrir um livro, ou tomar notas, isso não quer dizer que você é assim também. Me desculpe."Alcancei a minha própria porta e quebrei o nosso breve contato visual, principalmente me concentrando na sua orelha e na janela por trás dele, em qualquer lugar menos nos seus olhos.
"Este é o meu quarto." Eu pontei por cima do meu ombro. "Vou deixar você se instalar, talvez veja você por aí mais tarde." Eu abri a porta e antes de desaparecer dentro do quarto, me virei para trás. "Ah, sobre a escrivaninha, eu também não tenho nenhuma no meu quarto, então comprei uma no Craigslist no ano passado. Está na sala de estar. Eu não tenho certeza se você a viu com tudo o que aconteceu, mas o meu equipamento fotográfico estava lá. É bastante pequena, mas faz o trabalho. Eu raramente a utilizo de qualquer maneira, utilizo principalmente a mesa de café. Eu vou tirar minhas coisas de lá, você pode usar sempre que quiser." Sem esperar por uma resposta, eu fechei a porta.
Sozinho, finalmente.
Depois de descansar a minha testa contra a porta por alguns segundos, silenciosamente, bati minha cabeça nela, sem me preocupar que ele me pudesse ouvir.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
Duas horas se passaram desde que me instalei no meu novo quarto e Taehyung tinha desaparecido no dele. Até agora, eu tinha sido atacado com nada mais nada menos do que com um rolo de massa. Tinha visto coisas que não deveria (não voluntariamente) e sido estereotipado, tudo pelo mesmo ômega – aquele mesmo ômega que tinha me intrigado tanto nas duas vezes que tínhamos nos esbarrado. Eu ainda estava intrigado, talvez até mais e sabia que não deveria estar.
Eu tinha confundido alguns garotos com ele um punhado de vezes, o que significava que os meus olhos estavam à procura de Taehyung desde o nosso último encontro e eu nem estava plenamente consciente disso.
Agora aquele ômega atraente, tímido e intrigante era meu novo companheiro de quarto.
Às vezes a vida era uma cadela complicada.
Batendo levemente na porta dele três vezes, eu relaxei contra o batente e esperei.
Taehyung abriu a porta – apenas ligeiramente – e a cabeça dele espreitou pela abertura.
"Sim?" Perguntou baixinho.
"Eu acho que devíamos conversar." Disse encarando o rosto dele, meus olhos não conseguiam evitar focar em cada detalhe, Taehyung tinha muitas pintas uma mais fascinante do que a outra, a do lábio a mais perigosa de todas. Toda hora que encarava aquela boca bonita, imaginava o gosto dela.
"Sobre?" Seus lábios se mexeram formando um pequeno biquinho enquanto falava.
"Sobre esta coisa toda. Se vamos morar juntos, devíamos conhecer um ao outro. No mínimo, eu deveria saber mais sobre você do que o seu primeiro nome – para começar, talvez o seu sobrenome?" Me forcei a encarar seus bonitos olhos castanhos claros, mesmo eles eram tão desconcertantes. Eles tinham pequenas manchas verdes.
"Para que você precisa do meu sobrenome?" Ele olhou por cima do ombro. "São onze e meia, está ficando um pouco tarde – talvez pudéssemos fazer isso amanhã?" Aposto que ele teria amado apenas me evitar completamente.
Infelizmente para Taehyung, eu não iria a lugar nenhum.
"Você está indo para a cama?" Ele mordeu o lábio inferior e pela primeira vez desde que abriu a porta, o ômega olhou para mim enquanto respondia de má vontade.
"Ainda não." Tirando as minhas mãos dos bolsos, endireitei-me.
"Vamos lá. Eu vou fazer algumas perguntas, você vai me fazer algumas, depois vamos os dois para a cama, descansar um pouco e pensar melhor sobre a nossa nova situação." Já me afastando dele, acrescentei por cima do meu ombro. "Para não falar que, eu vou dormir melhor sabendo que você não vai tentar me atacar com o rolo de massa enquanto durmo."
O ouvi resmungar algo debaixo de sua respiração. E sorri, deixando-o seguir no seu próprio passo. Quando olhei para trás por cima do meu ombro, ele estava puxando a bainha da camisa, olhando para os seus pés.
"Kim," murmurou, o seu olhar estava fixo no chão de madeira enquanto me seguia até a sala de estar. Desta vez, ele falou alto o suficiente para eu ouvir.
"Desculpe, o quê?" Questionei, me virando para encará-lo.
"O meu sobrenome…” Taehyung suspirou. “É Kim."
"Veja, não foi assim tão mau, foi?" Eu lhe dei um sorriso rápido, que ele escolheu ignorar. "O meu é Jeon."
"Eu sei. Todos sabem o seu nome." Ele resmungou brincando com os dedos.
"Oh? Eu me lembro de você dizendo isso na segunda vez que nos encontramos. Você é fã de futebol? Já veio a algum dos nossos jogos?" Desde que ele e a sua família são próximos do Treinador – próximos o suficiente para que compartilhassem um apartamento, aparentemente – eu pensei que talvez o ômega fosse assistir aos jogos com eles.
"Na verdade não." O seu olhar encontrou o meu brevemente, depois, correu ao redor da sala enquanto Taehyung tentava decidir para onde se mover. Eu tinha que ser rápido antes que ele olhasse para o sofá e visse o objetivo da minha primeira e oficial questão para conhecer meu companheiro de quarto.
"A minha primeira pergunta é…" eu me inclinei para pegar a descoberta inesperada e virei para enfrentar Taehyung. "Devo me preparar para encontrar mais coisas como estas inocentemente largadas pela casa? Ou esta é a única?" O seu queixo caiu lentamente aberto, e embora eu tenha tentado o meu melhor para soar o mais sério que pude, o horror no rosto dele era demais. Eu não pude evitar rir. "Você deveria ver o seu rosto, Kim Taehyung."
O seu olhar estava trancado no vibrador rosa super grosso de vinte e cinco centímetros na minha mão, que parecia ter todos os sinos e assobios.
"Oh, meu Deus," ele conseguiu dizer, sem fôlego. "Foda-se."
"Sim, acredito que é para isso que ele geralmente é usado." Eu já estava me divertindo mais do que esperava estar na primeira noite com ele. "Então, vou tentar chutar e dizer que você esqueceu que o deixou cair entre as almofadas do sofá e este não é o esconderijo habitual?"
"Não é meu," Taehyung resmungou, caminhando na minha direção em passos rápidos. O rosa familiar subiu de novo em suas bochechas. Eu entreguei-lhe o item embaraçoso antes que ele começasse um confronto e o vi arranca-lo cuidadosamente da minha mão com dois dedos.
O meu sorriso ficou maior.
"Não há nada do que ter vergonha. Isso é saudável." O rubor nas bochechas dele parecia se espalhar mais a cada segundo. Depois de me dar um olhar mortal, o ômega se afastou sem um segundo olhar.
Eu ri para mim mesmo. Não me surpreenderia se ele se trancasse no seu quarto e não voltasse. Parecia plausível no momento, desde que, era uma espécie de coisa nossa – o corar e a fuga imediata. Não importava que eu não soubesse nada além do nome dele.
Quando Taehyung na verdade surgiu do quarto – o que eu não esperava que ele fizesse – não havia vibradores por perto, mas aquele rubor rosa ainda estava agarrado à sua pele dourada, fazendo os seus olhos ficarem mais puxados para o verde.
Mais um detalhe intrigante sobre ele, seus olhos mudam levemente de tom de acordo com suas emoções.
"Não é meu," o ômega repetiu enquanto se sentava e colocava as mãos sob as pernas. "Eu sou uma estudante de arte focado na fotografia. Eu tiro fotos para ganhar um dinheiro extra. É o meu trabalho, e esse foi um dos cinco vibradores que eu tive que tirar fotos para uma garota que tem um blog. Não tenho ideia de como consegui deixar esse para trás." Devo ter dado um olhar que praticamente transmitiu o que eu estava pensando – que tudo aquilo era besteira – porque os seus olhos se estreitaram em mim. "Não olhe para mim desse jeito. Olhe em volta, não existe cortinas neste lugar, então se isso fosse meu, eu teria que… usá-lo bem onde você está sentado. Eu não sou um exibicionista. Nunca faria isso bem na frente de uma janela aberta, não que seja da sua conta se ou onde eu faço isso..." Ele suspirou e esfregou os olhos com os dedos. "Só vou calar a boca agora para que você possa perguntar o que quer que queira perguntar para se sentir seguro na cama esta noite. Quando acabar, vou correr de volta para o meu quarto, para que possa gritar na minha almofada e fingir que esta noite nunca aconteceu."
Em frente à janela estava o grande sofá caramelo, onde eu tinha encontrado o vibrador em questão depois dele me acertar na perna. Havia outro, de dupla penetração que era de uma cor verde escuro, à direita, onde o ômega estava sentado, cauteloso e praticamente pronto para fugir. Levei o meu tempo para ocupar um lugar na extremidade do sofá castanho.
"Eu não quero que você faça isso," disse suavemente. Quando ele criou a coragem para olhar para cima, eu lhe dei um pequeno sorriso. "Quero dizer, eu não quero que você corra de volta para o seu quarto. Eu falava sério quando disse que queria que nos conhecêssemos." Os seus olhos se conectaram com os meus por apenas um segundo, e em seguida o ômega estava olhando para algo atrás de mim. Ele era muito tímido, mas isso só o fez ficar mais atraente e interessante aos meus olhos. Eu limpei a minha garganta. "Okay, isso é bom. Veja, já comecei a aprender coisas sobre você. O seu nome é Kim Taehyung, e você não é exibicionista – anotado. Eu vou dormir mais tranquilo sabendo que estou seguro de te pegar em flagrante fazendo sabe Deus o quê. Você é um estudante de arte e gosta de fotografia. Você ganha o seu dinheiro como fotográfo – os adereços são para isso. Não é assim tão mau, é?"
"Talvez para você não seja." Ele resmungou.
"Eu vou ignorar isso porque agora é a sua vez. Pergunte-me o que quiser." Taehyung soltou um longo suspiro e enfiou as suas mãos de volta debaixo das pernas.
"Eu não tenho uma pergunta, agora." Ele deu de ombros.
"Vamos lá. Pode ser algo tão simples como o meu filme favorito." Ele me lançou um olhar exasperado, e a sua expressão dizia tudo o que precisava ser dito. Mas eu não estava desistindo – ainda não.
"Então, qual é o seu filme favorito?" Eu me inclinei para trás e fiquei confortável.
"Oh, não posso responder a isso. Eu tenho muitas opções para escolher só um. É minha vez." Taehyung ergueu as suas sobrancelhas e seus lábios separaram em descrença.
"Você acabou de me dizer para perguntar a você…" Eu o cortei antes que pudesse terminar a sua frase.
"Não, você vai ter que esperar pela sua vez. Não seja um desmancha-prazeres. Ainda está com aquele seu namorado?" A sua resposta saiu como um guincho.
"O quê?" Seus olhos se arregalaram.
"Você sabe, o namorado que nos impediu de nos beijar da última vez. Ainda está com ele?" Suas sobrancelhas se juntaram e ele virou o corpo na minha direção, finalmente puxando no processo as mãos de baixo das pernas. Era exatamente o que eu queria que ômega fizesse – que se esquecesse da timidez e fosse apenas ele mesmo perto de mim. Se fossemos viver juntos, iria facilitar as coisas para nós dois. Na verdade, levá-lo a me olhar nos olhos quando estivéssemos conversando também seria um bom bônus. Se fazê-lo ficar com raiva era necessário para alcançar o meu objetivo, por mim estava tudo bem.
"Eu não acho que é algo que você precisa saber para dormir seguro na sua cama." Taehyung cruzou os braços.
"Na verdade, eu acho que sim. Eu sei que decidimos que você não é exibicionista, mas eu ainda poderia ir ao seu quarto para perguntar sobre algo e encontrar vocês dois, assustando-me para o resto da vida. Se eu souber que ele fica ao redor, irei ter certeza de não bater na sua porta." Os seus lábios contraíram quando ele me deu uma resposta.
"Não se preocupe, você não vai esbarrar em ninguém. Os seus sentimentos delicados estão seguros. Jung-ho não quer que eu traga meus amigos aqui, então você não estará vendo ninguém ao redor no geral." Isso me animou, então eu me aproximei e foquei toda a atenção nele.
"Jung-ho?" Olhando para longe, o ômega agarrou a almofada colorida e começou a apertá-la.
"O seu treinador… Jung-ho. Ele não é meu treinador, então eu posso chamá-lo pelo nome dele." Franzi a testa, tentando decifrá-lo.
"Claro que você pode. Então, na verdade, você não respondeu à minha pergunta. Você tem um namorado ou não?"
"Não." Eu estava no processo de tentar decidir se isso era uma coisa boa ou má para mim e estava inclinado fortemente para a coisa má quando ele grunhiu e suspirou. "Okay, eu menti. Vamos dizer que tenho um namorado e é complicado."
"Você mentiu?" Ele estava dizendo a verdade agora? Honestamente não sei dizer, mas se estava, eu estava supondo que Taehyung não era bom em manter segredos e eu ia acabar aprendendo tudo sobre a sua relação complicada de qualquer maneira. "Na verdade, está tudo bem. Vai facilitar as coisas." Inclinei-me para trás de novo. "No momento, eu não com ninguém, mas posso me comportar."
O ômega me deu um olhar interrogativo, estreitando os olhos, sua cabeça inclinada para o lado ligeiramente.
"Sim, claro.” Ele bufou. “Sei que isso é uma mentira. Talvez você tenha razão, esta coisa de nos conhecermos melhor não é má ideia."
"Eu sou o mentiroso?" Perguntei, apontando para meu peito enquanto as minhas sobrancelhas se uniam. "Acredito que é você que admitiu estar mentindo – duas vezes, até agora. O que faz você pensar que estou mentindo para você? E sobre o quê?"
Copiando o meu movimento, ele se inclinou para a frente.
"Porque, na verdade, eu por acaso sei que você tem uma namorada, antes de você me acusar de persegui-lo, eu não estou – não mesmo. Eu vi no Instagram do Campus. Depois de ver o jeito que você a estava beijando, eu diria que ela é a definição de uma namorada, mas acho que com a quantidade de ômegas que se atiram em você, você não precisa se incomodar em rotular as coisas e se prender em apenas uma pessoa. Por que se comprometer quando você pode provar muitos mais, certo?"
"Eu não tenho redes sociais."
"Então, eu acho que era dela a conta. Hmm..." Ele continuava a olhar para mim com expectativa, tinha certeza que me encurralou.
"É assim que você é com todas as pessoas, ou sou só eu que desperto esse seu lado? Primeiro o comentário da escrivaninha e agora isto – você tem alguma coisa contra os atletas?" A expressão dele vacilou.
"O quê?" Esfreguei o meu pescoço e suspirei.
Fui eu que tinha insistido que fizéssemos um Perguntas & Respostas improvisado, mas não pensei que o ômega começaria com todas as perguntas difíceis.
"É verdade, eu tinha uma namorada há uma semana, ou talvez tenha sido há mais tempo… Realmente não tenho acompanhado, mas não importa. Eu a peguei sendo fodida por dois dos meus colegas de equipe, então foi basicamente o fim da nossa relação, é também por essa razão que preciso de um novo lugar para ficar.” Seus olhos se arregalaram. “A propósito, nem todos os atletas fazem o que fazem só para que eles possam ter a sua cota de sexo. Não funciona assim. Você não pode colocar todos na mesma caixa. Alguns de nós escolhe ficar longe de distrações a todo o custo, e alguns de nós gostam de atenção. Você não pode decidir qual a categoria que eu me encaixo antes de fazer um esforço para me conhecer. Eu não sou um mentiroso, e tenho tido muitos problemas em lidar com eles. O fato de ser um atleta não me faz menos do que alguns caras por quem você tem uma queda." Porque tive que colocar dessa forma? Foda-se… Ninguém iria ter qualquer tipo de queda. "De novo, eu estou um pouco desapontado. Eu não imaginava que você fosse um julgador. Erro meu." Talvez esta coisa de nos conhecermos melhor não foi uma das minhas melhores ideias. Talvez eu devesse ter mantido a minha cabeça baixa e apenas coexistir. Me levantei. "Isto não foi boa ideia. Boa noite, Taehyung."
"Não," ele saltou para cima. "Não. Por favor, não vá. Eu sinto muito Jungkook. Você está certo. Eu estou sendo um imbecil preconceituoso, e não sou assim, acredite em mim. Eu não tenho ideia do que está errado comigo esta noite. Acho que depois do que aconteceu mais cedo, pensar que estava prestes a ser morto por um serial killer e depois o choque de perceber que você era o intruso… de qualquer forma, a razão não importa. Às vezes quando estou nervoso eu falo demais e é só um caso grave de palavras sem filtro." Ele gesticula para si mesmo. "Veja, eu ainda estou falando, não estou? Eu deveria parar, eu sei que deveria, mesmo assim ainda consigo me ouvir falando, mas sabe o que? Você está certo, se vamos compartilhar um apartamento, devíamos pelo menos saber algumas coisas um sobre o outro." Ele caminhos até ficar na minha frente, levantou-se na ponta dos pés para chegar aos meus ombros, e me empurrou de volta para o sofá. Então foi andando em direção à cozinha que é anexa à sala. "Eu vou fazer chá e vamos conversar até ter certeza de que está em um lugar seguro e que não vai viver com um lunático que o atacará quando estiver dormindo." O ômega olhou para mim por cima do ombro. "Embora, eu tenha que salientar, que você me assustou pra caramba quando entrou sem qualquer aviso, fiquei muito assustado, então eu só vou esclarecer que a coisa do rolo de massa não deveria ser culpa minha. Aquilo foi tudo você."
De pé atrás da ilha que separava a pequena área da cozinha da sala de estar, ele parou de falar. Quando eu apenas continuei a olhar para Taehyung em vez de responder, ele enfiou o cabelo atrás da sua orelha e esperou com expectativa. Eu relaxei no meu assento e coloquei o meu braço sobre as costas do sofá para que pudesse assisti-lo fazer chá, eu nem tomava isso.
"Não sou um fã de chá e também não consumo café tão tarde porque eu tenho treinos cedo, mas eu aceito leite se você tiver." Taehyung travou.
"Apenas leite?" Eu acenei.
"Ok, veja, eu não vou nem falar de você por beber leite, apesar do seu tamanho e posso dizer que você não é mais um rapaz em crescimento. Inferno, você sabe o quê? Eu até irei beber com você." Inesperadamente, ele retirou uma risada de mim e eu ganhei um sorriso dele. Sem mais nem menos, atingiu-me o fato de que o ômega iria se destacar não importava onde estivesse, e eu fui o estúpido que confundiu outras pessoas com ele. Alguns segundos se passaram enquanto nós sorriamos um para o outro. "Certo… leite."
Taehyung levantou um dedo e verificou a geladeira, a sua cabeça desapareceu completamente da vista. O ômega deslocou algumas coisas e debruçou-se mais para dentro até que tudo o que eu conseguia ver era a sua bunda. E cara, que bunda.
"Tudo bem se você não tiver. Eu não preciso beber nada para conversar com você." Disse tentando desviar o olhar da bunda dele.
"Achei!" O ômega gritou enquanto saía com a caixa levantada de leite. "Apenas me deixe verificar a data de validade. E… estamos bem." Depois de encher dois copos, Taehyung me ofereceu um e voltou para o seu lugar. Repousando o copo no apoio de braço, sentou de pernas cruzadas e bebeu um gole de leite com um sorriso tímido no seu rosto. Eu apenas o olhei.
"Sinto muito, eu não tenho nenhum desses leites chiques – leite de soja, leite de amêndoa, leite de aveia ou qualquer outro tipo de leite que desconheço. Eu ganho dinheiro extra para sobreviver, mas não é tanto assim." Ele acenou para o meu copo intocado. "Não há problema se você não estiver habituado a leite de vaca ou algo assim. Você não precisa beber." Eu me acomodei para trás e bebi metade dele.
"Por que você diz isso?" Eu perguntei o mais calmamente possível.
"Eu apenas assumi desde que você é um jogador de futebol, você consumisse coisas mais saudáveis, como sucos verdes ou outro leite chique…" O ômega respirou profundamente e mordeu sua bochecha, durante todo esse tempo mantendo os seus olhos em algum lugar por cima do meu ombro. "Estou fazendo isso de novo, não estou?" Eu sorri para ele e bebi outro gole do meu copo. Taehyung gemeu e cobriu o rosto com a palma da mão. "Eu acho que você deveria falar por um tempo. Estou agindo como um idiota completo. Então, por favor, pergunte o que quiser… Por favor."
Eu bebi o último gole de leite e coloquei o copo em cima da mesa na minha frente. O ômega segurou o seu próprio copo entre as palmas das mãos e bebeu um gole pequeno. O vi lamber o seu lábio superior discretamente para ter certeza que não tinha um bigode de leite.
"Vamos começar por uma coisa pequena – quantos irmãos?" Eu perguntei, decidindo não pensar no fato de que ele era a primeira pessoa que me fez sorrir desde aquela noite.
"Ah, irmãos, hein? Nenhum. Você?" O meu sorriso ficou grande e relaxei.
"Eu tenho quatro monstrinhos. Yeji é a mais velha depois de mim, ela acabou de fazer dezoito anos neste verão, é adorável. Depois vem o Soobin que tem 16 anos e Junghyun com 15 é o bebê da família, tão tímido e doce quanto possível." Eu observei Taehyung baixar a cabeça e beber mais alguns goles de leite. "E por último temos Siwoon. Ele tem sete anos e é o monstro principal, o garoto mais curioso que você poderia conhecer. Se você acha que fala demais, espere até conhecê-lo." Não que houvesse uma ocasião em que Taehyung conhecesse o meu irmão, mas… nunca se sabe.
"Ele tem sete anos? Essa é uma grande diferença de idade."
"Ele é o bebê surpresa. Embora não posso imaginar não o ter por perto. Foi estranho quando o meu pai sentou e contou que eu teria um irmãozinho, e para ser completamente honesto, é um pouco embaraçoso para um garoto de quatorze anos saber que os seus pais ainda fazem aquilo, mas eles mandaram bem com ele. Agora nem sequer sei como nós sobreviveríamos sem aquele garoto. Ele é o melhor." Eu sorri e vi os seus lábios levantarem lentamente enquanto o seu olhar focou nos meus. Não queria estragar o nosso momento, especialmente quando Taehyung não estava agindo como se fosse entrar em colapso, mas eu precisava saber e esta era a melhor hora para perguntar. "Aquela primeira noite…"
O ômega gemeu e deixou cair a cabeça para trás no sofá.
"Por favor, você está me matando." Eu ri.
"Não, escute... apenas uma pergunta. Eu preciso saber." Eu não conseguia identificar a expressão no rosto dele, mas eu poderia dizer que este assunto era praticamente o último assunto que o ômega queria tocar. Eu forcei de qualquer jeito. "Você chorou? Eu pensei ter visto você chorar quando estava tentando fugir, mas eu não tinha certeza." Quando ele não levantou a cabeça, eu continuei. "Eu meio que procurei você naquela noite, você sabe. Quero dizer, eu estava com uma garota na época, era uma novidade… mas mesmo assim, depois da forma como fugiu, eu acho que só queria me assegurar que você estava bem. Confie em mim, não era sobre você. Qualquer um dos outros caras teria levado a sua oferta, mas…"
"Oh, por favor, por favor, vamos apenas esquecer que aconteceu, tudo bem? Sim, eu meio que comecei a chorar no final porque estava com vergonha e às vezes faço isso, mas não era sobre você. Eu choro o tempo todo. Ok, talvez eu não chore o tempo todo, mas não é preciso muito para eu derramar algumas lágrimas. Mostre-me um vídeo onde um cão encontra o seu dono e eu sou um caso perdido. Eu chorarei em cima de você. Mas, não era como se os meus olhos ficassem assim porque você não queria que um estranho o beijasse no meio de uma festa maluca. Eu estava apenas envergonhado. Se você não notou, eu sou dolorosamente tímido. Acontece. Eu chorei hoje quando você me assustou, eu pensei que ia morrer." Ele encolheu os ombros. "Para ser honesto, não era porque você me rejeitou. Eu estava com raiva do meu companheiro de quarto por me colocar naquela posição e zangado comigo mesmo por ter entrado no jogo. Eu estava bem… majoritariamente." É divertido vê-lo divagar.
"Defina majoritariamente." Ele caiu no seu lugar.
"Oh, Deus. Bem… talvez eu tenha caminhado para o outro lado sempre que via você ao redor do campus depois disso… o que não era frequentemente, só algumas vezes, mas ainda assim eu fiz. Mais uma vez, como eu disse, foi apenas porque estava envergonhado. Agora, você está bem aqui e eu não tenho para onde correr, então não vou fazer isso desta vez." Ele engoliu o leite e se inclinou para a frente para colocar o copo na mesa entre nós, dando-me inconscientemente uma breve visão de seu torso.
Desviei o olhar, porque o ômega estava fora dos limites. Qualquer um estava fora dos limites, mas Kim Taehyung estava ainda mais fora dos limites. Eu estava mantendo a minha decisão de estar livre de distrações no meu último ano.
Foi o pior momento para conhecê-lo.
"Deixe-me salvá-lo e voltar às perguntas mais fáceis," eu disse suavemente. Taehyung exalou e sussurrou silenciosamente os seus agradecimentos. "Filme favorito?"
"Eu não vou ser vago como você, mas… há na verdade uma tonelada de filmes que eu gosto de ver. Eagle Eye da Shia LaBeouf – nem sequer consigo lembrar do número de vezes em que assisti a esse filme. Speed... Eu adoro Keanu Reeves, tanto na tela como na vida real. O que mais… Transformers, Lord of Rings, Mean Girls, 2012 e The Holiday por causa do Jude Law, Cameron Diaz e Kate Winslet… só para citar alguns que me vêm à mente." Separei os meus lábios, pronto para a minha próxima pergunta, mas ele levantou a mão, parando-me. "Oh! Também, basicamente eu adoro todos os filmes de animação."
"Um pouco de tudo, não é? É bom. Eu também gosto disso. Na verdade, não gosto tanto assim de filmes românticos, mas se você tiver um filme de ação para ver, eu não direi que não." Ele sorriu pra mim e senti meu coração doer, isso não é bom.
Taehyung é uma das pessoas mais bonitas que eu já vi, e ele estava sem um pingo de maquiagem, seu cabelo estava embaraçado e ele tinha que estar usando o pijama mais desinteressante do universo. Ainda assim o ômega era muito bonito, e agora esse sorriso, eu ainda não tinha visto o ômega sorrir e é... Lindo, dolorosamente lindo.
"Anotado." Por que será que tive a sensação de que não estaria no topo da sua lista de companheiros de filmes?
"Minha vez. O que os seus pais fazem?" Ele perguntou, interrompendo os meus pensamentos. "Eu estava pensando que o seu pai seria… um atleta profissional? Ele é?"
"Hmmm," cantarolei, beliscando o meu lábio inferior entre dois dedos. "Até onde eu sei, o meu pai nunca jogou futebol, pelo menos não enquanto estava na escola, o que o excluí de ser um atleta como você imaginou. Ele na verdade é encanador e a minha mãe é professora de jardim de infância."
"Uau," ele disse enquanto exalava após alguns segundos de silêncio constrangedor. "Uau, eu sou mesmo um idiota, não sou?"
"Eu não diria exatamente isso." Ele riu e eu tive de segurar a parte de trás do sofá mais apertado porque mesmo sua risada era bonita e ele ficava tão fofo quando ria.
Isso é ruim.
"Eu diria. Então você não é um menino rico? Não que ser rico é ruim ou alguma coisa, eu apenas assumi, você sabe, porque… quem diabos sabe neste ponto – obviamente não eu." Aquele rosa suave começou a espalhar pelas suas bochechas de novo, e desta vez era eu quem estava rindo.
"Eu não sou rico, não. A minha família também não é rica, mas não estamos mal. Como você, eu tento fazer dinheiro extra sempre que tenho tempo. Além disso, eu tenho uma bolsa de estudos por causa do futebol, então isso ajuda." O ômega começou a brincar com os dedos novamente. "O que os seus pais fazem?"
Eu continuei para que pudéssemos voltar para a forma como estávamos há uns minutos atrás antes dele começar a se esconder de mim.
"O meu pai é um jornalista investigativo. Ele costumava escrever para o New York Times, mas depois dele casar com a minha mãe, eles se mudaram para a Coreia. Agora ele escreve para um jornal local. A minha mãe…" Ele limpou a garganta e desviou os olhos. "A minha mãe morreu alguns meses após eu ter vindo para a universidade. No topo de tudo que veio com a sua doença, nós tínhamos outras questões também, não éramos exatamente próximos, mas ela ainda era minha mãe. Então, eu estar chorando num piscar de olhos quando eu era calouro pode ter algo a ver com isso. Nova cidade, novas pessoas, e quando você adiciona isso e todo o resto, não foi uma boa combinação para mim."
Isso tirou o sorriso do meu rosto e eu me endireitei, mudando de posição no meu lugar.
"Sinto muito pela sua perda, Flash." Depois de um breve olhar na minha direção, ele deu um pequeno sorriso e acenou.
"Ela teve câncer de mama.” Taehyung brincou com os dedos. “Descobrimos tarde demais."
"No meu último ano de escola, nós perdemos o meu avô," eu comecei despois de um período curto de silêncio. "Nós temos uma bela família, muito unida, às vezes muito barulhenta, e todo mundo está praticamente sempre metido nos negócios uns dos outros. Ele vivia no final da nossa rua então estava constantemente nas nossas vidas, uma alma pura e dura. Eu costumava correr para casa dele todas as tardes para que pudéssemos jogar enquanto ele me contava histórias dos seus dias do passado… apenas coisas aleatórias e sem importância." Olhando para longe de Taehyung, eu sorri. "Eu juro para você, estava lá todos os dias. Assim que o relógio atingia as cinco horas, eu estava no meu avô, e todas as vezes que ele abria a porta as suas primeiras palavras eram, você de novo, garoto? O que um homem tem que fazer para conseguir um pouco de paz e sossego por aqui?" Apenas imaginando o seu sorriso fácil me fez rir para mim mesmo. "E então ele iria ligar a TV no futebol antes que eu pudesse abrir a minha boca. Não conte a ninguém, mas acho que eu era o favorito dele. Ele adorava muito que eu estivesse por perto. O efeito que a sua presença tinha na minha vida..." Balancei a minha cabeça e levantei os olhos para Taehyung, que estava ouvindo, extasiado, seus olhos tristes e compreensivos ao mesmo tempo. "Você perdeu a sua mãe… eu sei que é diferente, mais difícil, e sei que nada do que possa dizer faz ser mais fácil, mas eu entendo o quanto é difícil suportar a perda. Soa tão estúpido e egoísta desde que eles não podem sequer… Mas eu daria tudo para tê-lo por perto, para que ele pudesse ver onde eu estou indo, ou apenas para sair e conversar, você sabe."
Eu forcei o meu olhar de volta para o ômega e peguei rapidamente uma única lágrima que corria pelo meu rosto.
"Sim, eu sei." Ele inclinou a cabeça. "Estamos ficando muito profundos aqui. Você estava falando sério sobre nos conhecermos melhor, hein?" Para ser completamente honesto… eu não estava. Claro, eu queria perguntar algumas coisas, talvez ter uma ideia do que esperar dele, mas não tinha planejado ficar tão profundo tão cedo, na verdade. A conversa acabou indo para onde estávamos. Para aliviar o clima pesado, eu tentei nos levar em outra direção.
"Vamos fazer um jogo rápido de perguntas e respostas." Propus, esfregando as mãos.
"Oh, eu vou perder essa.” Taehyung fez uma careta. “Não sou bom com respostas de uma só palavra, mas vamos lá."
"Gatos ou cães?" Questionei.
"Cães. Gatos… eles meio que me assustam, não os filhotinhos, eles são fofinhos, mas eu não gosto de como alguns deles focam em você, como se estivessem planejando formas de te matar. Você sabe o que eu quero dizer? Não são todos eles, mas ainda assim. Eu sou uma pessoa mais de cães no geral. Você?" Eu não pude conter o meu sorriso. Taehyung estava certo, ele não era a melhor pessoa para respostas curtas, mas eu não estava reclamando.
"Eu também prefiro cães.” Respondi, me ajeitando para ficar mais confortável. “Então, arte e fotografia, hein?"
"Sim. O seu curso?"
"Ciências políticas. O seu lanche favorito no cinema?" Os seus lábios se esticaram em um sorriso e ele brincou com a ponta da sua camiseta.
"Movendo-se para questões difíceis, hein? M&M de manteiga de amendoim, sem dúvida alguma, mas na verdade eu não os compro – isso seria perigoso. O mesmo com as batatas fritas. Normalmente, eu não tenho autocontrole quando se trata de comida. O seu?"
"Pipoca. Você tem que ter pipoca quando estiver assistindo um filme. E não comprar M&Ms… não tenho certeza do que dizer sobre isso. Qual é a sua maior fraqueza?"
"Eu pensei que fosse a minha vez, mas tudo bem, eu vou responder." Ele suspirou e deixou cair os seus olhos antes de responder. "Pizza. É pizza."
"Como pizza pode ser uma fraqueza?" Perguntei, rindo.
"Faz mal," ele respondeu, olhando para mim através dos cílios. "Muito mal. Consigo comer uma grande sozinho embora saiba que vou me sentir miserável e ter dificuldade para dormir por estar tão cheio, mas não posso dizer não. Eu nunca digo não a pizza. Eu definitivamente também não vou começar a dizer não tão cedo. Pergunte-me que alimento eu escolheria para ter pelo resto da minha vida ou se estivesse preso numa ilha e eu só poderia ter uma coisa e…"
"Deixe-me adivinhar, você diria pizza." Deus, ele é simplesmente adorável.
"Sim. É uma fraqueza. Carboidratos aos montes. Eu sei que não faz bem e todas essas coisas, mas é tão bom." Ele gemeu fazendo um biquinho. "Todo aquele queijo pegajoso, meu Deus e o molho é igualmente importante. Assim como a massa e as coberturas… Deus, as coberturas. Cada camada é importante. Tantas opções. É mágico, um círculo de amor. Qual é a sua cobertura favorita?"
Quanto mais Taehyung falava, mais o meu sorriso crescia.
"Pepperoni," o ouvi gemer baixinho e lamber os seus lábios.
"Qual é a sua maior fraqueza?" O ômega perguntou.
"Não é que esteja imitando você, mas se estamos falando de comida, tem que ser hambúrgueres. Pizza viria em segundo lugar. Ok, próxima. Diga-me a sua maior queixa."
"Isso não devia ser uma surpresa, mas tenho mais do que algumas. Sou fascinado por pessoas, que é uma das grandes razões para eu amar tirar fotos tipo retrato, mas… detesto pessoas falsas. Não as suporto, não me interessa estar ao redor delas. Pessoas que falam constantemente sobre você como se a sua opinião não interessasse – apenas não. Faz o meu sangue bombear da pior forma possível.” Ele foi enumerando na mão enquanto olhava para o teto. “Pessoas arrogantes. Banheiro sem a descarga dada. Calças de cintura baixa. Pessoas que acreditam que são boas em tudo – elas geralmente não são e mesmo que fossem, não daria ouvidos a eles. Eu poderia continuar por pelo resto da noite, por favor, cale-me."
"Banheiro sem dar a descarga e calças de cintura baixa, entendi." Havia algo nele. Talvez fosse o quão aberto ele soava, tão honesto e real, ou talvez fosse a maneira que Taehyung falava como se não conseguisse ter as palavras rápido o suficiente… a maneira como ele desviava o olhar rapidamente sempre que os nossos olhares se cruzavam, a forma como as suas mãos pareciam estar ocupadas constantemente com algo à volta delas – a almofada, o relógio no pulso dele, a bainha da sua t-shirt. Não consegui apontar exatamente o que era, mas havia algo que me fazia sentir relaxado perto do ômega, como se esta não fosse a primeira vez que nos sentávamos e desfrutávamos de uma conversa simples e sem sentido. "Eu não quero que você se cale. Gosto disso," admiti sem pensar duas vezes. Por que mentir quando eu estava gostando tanto? "Eu vou ter que concordar sobre as pessoas arrogantes, mas a coisa que mais odeio é na verdade pessoas que mastigam alto, especialmente quando é chiclete. Eu já tive brigas com alguns dos meus companheiros de equipe por causa disso. Agora eles mascam chiclete sempre que querem me irritar. O som da mastigação… foda-se não. Espero que você não seja uma dessas pessoas. Se você for, pare com isso, ou eu não posso prometer que não vai dar confusão."
"Senhor, sim senhor," ele brincou com uma expressão séria, mas divertida.
"A outra é quando as pessoas estão mexendo em seus telefones o tempo todo, como se estivesse colado à mão ou uma merda assim."
"O meu pai odeia isso. Na verdade, nós temos uma regra sobre isso. Se estivermos jantando - e ele sempre insiste em comermos juntos, quer seja em frente à TV ou na mesa – eu não posso tocar no meu telefone. A mesma coisa se nós estivermos conversando. Ele odeia quando olho para o meu telefone quando estou falando com ele."
"Eu não gosto de pessoas que mentem," eu disse.
"Eu também não gosto de pessoas mentirosas." Taehyung concordou.
"Pessoas que não gostam de animais." Ele arregalou os olhos e me encarou.
"Oh, sim. Eu não confiaria neles com nada, como alguém pode não gostar de animais.” Ele gesticulou, emendando antes que eu pudesse dizer algo. “Então, basicamente parece como se não gostássemos muito de pessoas."
"Bem, temos algo em comum, o que é bom." Taehyung repousou os pulsos nas suas pernas cruzadas e se mexeu no seu lugar.
"Acredito que é a minha vez de perguntar algo." Ele disse, me olhando rapidamente. "O que espera do futuro, o que quer ser?"
"Eu quero ser jogador profissional.” Eu nem preciso pensar, eu tenho me preparado para isso a vida inteira. “Você?"
"Eu quero ser fotógrafo profissional." Nós sorrimos um para o outro. Eu gostei que estávamos ambos tão certos do nosso futuro.
"Qual é o seu lugar favorito?" Eu perguntei.
"Como o meu lugar favorito… para ir?" Taehyung questionou, pensativo.
"Sim, e não me diga que é a biblioteca ou qualquer lugar perto do campus." Ele levantou uma sobrancelha para mim, um pequeno sorriso no rosto.
"Agora, quem está sendo preconceituoso? Não é a biblioteca. Na verdade, é a praia. Eu não tenho uma longa lista sobre isso, mas provavelmente é uma das poucas coisas que amo sobre L.A., especialmente quando está um pouco deserta. Algumas pessoas aqui e ali é bom, mas odeio quando há muita gente. Santa Monica pode ser um pouco mais. É ainda melhor se está mais perto do pôr-do-sol. E sim, bem, eu gosto da biblioteca. Você?"
"O campo." Ganhei um revirar de olhos.
"Você provavelmente está no campo o tempo todo." Assenti.
"E não poderia ser de outra forma. Então você é de onde na Coreia?" Perguntei.
"A família da minha mãe é de Daegu, eu nasci aqui nos estados unidos e logo meus pais deixaram o país. Atualmente meu pai mora em Seoul. Você?"
"Busan, as prais daqui são legais, mas eu realmente sinto falta de casa.” Suspirei, me sentindo nostalgico.
"Você sabe, nenhuma destas perguntas tem nada a ver com a gente vivendo juntos. Se você tivesse perguntado o meu horário por exemplo, se eu era um colega de quarto barulhento ou se falava dormindo, ou… não sei, qualquer coisa relacionada com esta situação, eu entenderia, mas…" Ele apontou um dedo para algum lugar por cima do meu ombro, então eu virei para olhar e vi que Taehyung apontava para o grande relógio pendurado na parede. "Já passa da meia-noite, e outra coisa que você talvez queira aprender sobre mim é que eu raramente fico acordado até tão tarde, por isso é melhor… eu me mandar. Isto foi…" Ele parou e parecia se surpreender com o que estava prestes a dizer. "Isto foi divertido e talvez não tenha sido assim tão mau, e espero que agora não fique com medo de ir dormir. Não planejo machucar você com as minhas habilidades de ninja super secretas ou qualquer coisa assim. Eu tenho uma aula muito cedo amanhã, então…" Taehyung descruzou as pernas e se levantou.
Eu também me levantei, e fiquei na sua frente. O ômega esfregou os seus antebraços como se estivesse nervoso por eu estava tão perto dele. Tão perto, que podia sentir de leve o cheiro do seu perfume, o ômega cheirava a uma plantação de morangos. Combinava com ele. Eu ergui a minha mão, e Taehyung olhou para mim como se eu tivesse criado uma segunda cabeça.
"Para que é isso?" Perguntou com cara feia.
"Nós vamos apertar as mãos." Esclareci, ainda com a mão estendida esperando pela dele.
"Por quê?" Eu a estiquei, suavemente agarrei o seu punho e coloquei a sua mão na minha. "Agora, vamos apertar as mãos."
Com a minha ajuda, o ômega apertou a minha mão.
"Ninguém faz mais isso, você sabe disso, certo?" Ele ergueu a cabeça e seus olhos se econtraram com os meus por dois segundos antes de desviar a atenção.
"Eu não sei o que você quer dizer, mas gosto que nós tenhamos nos conhecido oficialmente depois de dois anos andando ao redor um do outro." Eu disse, sem fazer o mínimo esforço para me afastar.
"Você acha que vai conseguir dormir sozinho?" Taehyung não percebeu o que tinha dito antes de eu levantar uma sobrancelha e sorrir para ele. "Merda. Eu não queria dizer isso dessa forma. Você dormirá sozinho de qualquer forma, era o que eu ia dizer. Não dormir, dormir, como no sexo, mas apenas dormir ao lado um do outro… Por que simplesmente não vai em frente e me mata agora, por favor?" Ele tentou puxar a mão, mas eu a segurei.
"Por você, Flash, vou fingir que não ouvi nada disso. Foi um prazer conhecê-lo, Kim Taehyung. Isto foi bom. Deveríamos fazer isto de novo."
"Claro," concordou, mas de alguma maneira o seu claro soou como o contrário. A contragosto soltei a mão dele e sorri. “Esta coisa de Flash, o apelido – isto vai ficar, não é?"
Rindo, eu acenei
Taehyung tinha dado só alguns passos para longe de mim quando chamei por ele.
"Uma última questão." Relutantemente, ele olhou para mim por cima do seu ombro. "Um ano sem sexo ou um ano sem telefone?”
"Eeeee uma boa noite para você também." Ele rebateu andando mais rápido.
"Vamos lá. É a última pergunta, você não pode pular esta." Insisti.
"De novo, o que isto tem a ver com a gente sendo companheiros de quarto?" Me sentei.
"Vai me dizer algumas coisas sobre você. Vamos lá." O ômega ficou em silêncio por alguns segundos, olhou para mim, depois olhou para longe, provavelmente tentando fazer sentido em mim. Não posso culpá-lo.
"Eu vou ter que escolher um ano sem telefone, embora não seja porque sou louco por sexo ou algo assim. Não é como se estivesse tendo toneladas disso…" Os lindos olhos cresceram um pouco mais como se ele tivesse apenas deixado escapar algo que eu não devia saber. Me inclinei para trás e o assisti tentando se salvar. “Eu não queria dizer isso. Eu realmente não sou ninfomaníaco, e poderia ficar sem fazer sexo por um ano, porque isso iria ser fácil. Eu apenas acho que um ano sem telefone poderia ser na verdade terapêutico. Provavelmente ele está colado à minha mão a partir do momento em que acordo até ao momento em que vou deitar, e acho que seria de fato bom usá-lo só para o seu propósito original, só para ver como seria, você sabe. Talvez, socializar mais podia ter um efeito positivo na minha vida, quem sabe. Iria ser definitivamente bom para os meus olhos, isso é certo." Me levantei de novo e andei na direção dele enquanto o observava esconder as mãos atrás das costas.
"Você não tem que explicar a razão para mim, mas isso não quer dizer que não aprecie isso. A sua resposta diz muito sobre você. Obrigado por me animar e responder às minhas questões. Parece que estamos presos juntos pelos próximos meses se eu não encontrar um outro lugar e devo dizer que estou surpreso pra caralho que você é o meu novo colega de quarto. Merda, Taehyung, não teria adivinhado nem em um milhão de anos." Mantendo os seus olhos numa área do meu peito, ele acenou.
"Boa noite, então, Jungkook." Após colocar o cabelo atrás da orelha e me dar um pequeno sorriso, ele começou a andar.
Eu o deixei dar os passos finais em direção ao seu quarto enquanto fiquei travado em meu lugar.
"Flash?" Taehyung olhou para mim.
"Sim?" Enfiei as minhas mãos nos bolsos da frente.
"Isto é uma coisa estranha, mas acho que você vai ser meu melhor amigo, Kim Taehyung." Quando ele fugiu para o quarto e já não estava perto de mim, sentei e me inclinei para trás contra o sofá.
Agora que eu estava sozinho, olhei para o teto e sorri. O ômega não fazia ideia do tipo de problemas em que estava comigo.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
"Acho que em algum momento, eu disse tenho que me mandar, quem diz isso?" Deixei sair um suspiro e enfrentei a palma da minha mão provavelmente pela centésima vez desde o meu encontro com Yoongi e Jimin.
Forcei os dois a saírem da cama para um momento de ímpio café e um resumo dos acontecimentos do dia anterior. Uma vez que eu nunca tinha mencionado o meu encontro com Jungkook na primeira vez há dois anos, gastei uns bons trinta minutos contando a eles sobre isso. Péssimo amigo? Eu acho que não. Eu sempre fui bom em manter segredos. Quando estava com nove anos, mantive o meu primeiro segredo do meu pai por uma semana inteira antes de soltar que uma garota da minha turma me beijou no recreio e disse depois para guardar segredo. Evidentemente, eu tinha melhorado com o tempo.
Depois de Yoongi me dar um inferno por cinco minutos enquanto Jimin ficou sacudindo a cabeça para mim como se estivesse desapontado, finalmente deram um tempo.
"Isto é apenas um pensamento, não me olhe desse jeito. Acho que dizer que tem que se mandar é a última coisa com que deveria se preocupar aqui. Você realmente o atacou com um rolo de massa? Por que no inferno você tem um rolo de massa escondido no banheiro para começar? Eu ainda estou preso nisso, e eu queria que você tivesse tirado uma fotografia do ataque ou talvez uma selfie enquanto saltava nele. Poderia ter sido pura arte. Eu já posso imaginar isso, vividamente." Yoongi fechou os olhos e cantarolou baixinho. "Vou ter que desenhar isso para você. Não tem de quê, claro."
Eu dei um tapa na parte de trás da cabeça dele com a minha mão.
"Não se atreva. Eu não estava escondendo aquilo no banheiro e isso não é a pior parte da história aqui, por isso podemos focar, por favor?" Eu conheci Min Yoongi no final do meu primeiro ano de calouro depois de passarmos sempre a nos encontrar nas mesmas aulas, já que ambos estamos nos formando em arte. Ele sempre disse que foi o destino quem nos uniu e isso era o suficiente. Eu não poderia imaginar o que teria feito se o alfa não tivesse se sentado ao meu lado naquela aula de História de Arte 101 e sempre que precisei de sua amizade, o alfa estava lá, sempre. Ele sentou ao meu lado, esfregando a cabeça e rindo levemente. Yoon tem cabelo castanho, longo e meio bagunçado que sempre o ajudou quando estava com vontade de fazer novos amigos. Eu chamaria de amantes, mas o alfa não gostava da pressão da palavra, ele não está interessado numa relação séria na faculdade, então segundo ele o termo amigos funciona melhor. O alfa era apenas ligeiramente mais alto que eu, provavelmente por volta 1,80 no máximo. O castanho escuro e misterioso de seus olhos só acrescentava ao seu look de roqueiro bad boy. O dia em que o professor nos expulsou da sala por falarmos demais tinha marcado o primeiro dia da nossa amizade. "Eu não o ataquei por diversão, pensei que ele era um ladrão. O que eu deveria fazer, recebê-lo de braços abertos? Enquanto estava nu? Eu estava tentando incapacitá-lo para poder ir embora. De qualquer forma, nem me lembro de metade das coisas que eu disse mais tarde, mas eu lembro do tenho que me mandar. Quer saber quantas vezes eu usei essas palavras na minha vida? Isso mesmo, zero. Eu não sei se vocês entendem a extensão do quão ruim e dolorosa toda a situação foi."
"Acho que conseguimos," Yoongi brincou, olhando para Jimin. Eu ignorei o olhar deles e continuei.
"Toda vez que abria a minha boca, eu cavava um buraco mais fundo. De agora em diante, precisarei fechar a minha boca quando estiver ao redor dele. Eu irei usar acenos de cabeça e o mínimo de palavras possíveis." Fiz uma careta.
"Eu não acho que isso é possível, mas acreditar é meio caminho andado, eu acho," Jimin disse ironicamente.
Eu forcei o sorriso mais falso que pude reunir.
"Haha, vocês não são apenas raios de sol, hoje? Não consigo o suficiente de vocês dois." Yoongi apenas sorriu e continuou a desmantelar em pedaços a sua torrada, colocando depois na boca.
"Você não deve mesmo. Além disso, você sabe que eu estou sempre de mal humor antes do relógio atingir as doze, por isso sinta-se livre para me ignorar e focar no seu segundo melhor amigo." Eu vi um pedaço de brownie de chocolate voar na direção do alfa, o qual ele apanhou e colocou na boca.
"Você é na verdade o pior," Jimin murmurou antes de fixar o seu olhar em mim.
"Então? Algum conselho? Conselhos reais? Do tipo que amigos dão uns aos outros?" Eu perguntei ao ômega. "O que diabos eu vou fazer? Como eu vou voltar lá esta noite?"
As suas, grandes e perfeitamente cheias, sobrancelhas subiram em sua testa, enquanto o ômega me dava um olhar inocente.
"Sair, talvez." Eu semicerrei o olhar, deixando claro que não apreciava a brincadeira.
"Está bem, está bem. Jesus. Guarde esse rosto para outra pessoa. Acho que tentar um pouco mais de calma, ao invés de se lançar num discurso interminável, pode ser uma boa ideia. Eu apoio você nisso." Enquanto Yoongi era o mais descontraído e mais confiante de nós três, Jimin – também conhecido com Minie, como Yoongi havia apelidado – era o nosso pai urso. O ômega era a pessoa que você queria se abrir, tão carinhoso, doce, calmo e tudo o que eu não era ao redor dos alfas. No entanto, quando se tratava dos seus relacionamentos sérios, as suas escolhas eram um pouco distorcidas. Exemplo disso, o seu ex/atual namorado idiota Keith que me dava arrepios assustadores quase toda vez que estava por perto. Eu apenas desejei – na verdade, tanto Yoongi quanto eu desejamos – que uma das mil vezes que eles terminavam, fosse definitiva.
Havia sempre essa esperança.
"Alguma outra ideia? Nós vamos estar morando no mesmo apartamento e eu estou silenciosamente pirando com isso. Não é como se eu pudesse ficar no meu quarto e nunca sair e tentar agir toda descontraído quando ele está por perto, porque isso não funciona, todos nós sabemos como fico ao redor de alfas bonitos."
"Que tal ir com ser casual e normal em vez de fingir?" Jimin disse e neguei com a cabeça.
Eu não sou normal e fico ainda pior perto de Jungkook.
"Eu fico muito nervoso perto dele, Jimin. Se você tivesse me visto na noite passada, você teria recuado sempre que eu abria a minha boca. Jungkook estava sendo muito legal e eu adoraria ser amigo dele. Acho que talvez poderia lidar com isso."
"Você pode definitivamente fazer isso. Pense nele como se ele já fosse tomado. Deve facilitar." O ômega me deu um sorriso encorajador.
"Na verdade ele acabou de terminar com a namorada." Eu disse com um suspiro.
"Droga, não me diga." Yoongi assobiou. "Talvez eu deva fazer uma visita a você um dia destes, apenas para verificar as coisas, você sabe."
Sentindo que eu tinha algum tipo de plano de jogo que poderia focar quando voltar para o apartamento, inclinei-me para trás no meu assento e soltei um enorme suspiro. Eu estava grato por ter Jimin e Yoongi como amigos, mais do que eles poderiam imaginar. Eles eram os únicos que eu tinha em LA – o maior risco da minha vida – isso valia a pena para mim. Deus sabe que nada mais tinha corrido da forma que eu esperava que fosse.
Jimin limpou a garganta e se mexeu no seu assento antes de olhar para mim e depois para Yoongi, o tempo todo destruindo o copo de papel vazio em pequenos pedaços.
"Então, eu acho que à luz desse novo desenvolvimento, tenho que dizer algo para vocês." Antes que qualquer um de nós pudesse abrir as nossas bocas para dizer alguma coisa, ele seguiu em frente e continuou. "Eu posso ter ido em alguns encontros com o Jungkook."
"Que Jungkook?" Yoongi perguntou, ainda mastigando um pedaço de torrada enquanto olhava para o resto do brownie de chocolate do ômega.
"O meu Jung… ahm, quero dizer, o Jungkook que está ficando no meu apartamento? O jogador ofensivo? Jeon Jungkook?" Perguntei embora a resposta fosse óbvia, não havia outro Jungkook na faculdade.
"Sim. Esse." Algo estranho se instalou no meu estômago. "Dois encontros, Tae," ele disse rapidamente, levantando dois dedos para enfatizar as suas palavras. "Foram apenas duas vezes." Um cara bateu na minha cadeira por trás e eu deslizei um pouco mais para a frente enquanto tomava alguns goles do meu café já frio, a minha atenção focada na mesa. Estava tudo bem. Foi uma surpresa, claro, mas continua completamente bem. Não era como se eu estivesse interessado no alfa dessa forma ou algo assim. Também teria sido completamente bem se eles tivessem saído mais de duas vezes. Jungkook estava fora dos limites de qualquer maneira, não estava? Não só porque ele era o meu companheiro de quarto e estava fora da minha liga, mas também porque ele era um dos jogadores de Jung-ho. "Foi no meu ano de calouro, antes de conhecer vocês. Na verdade, acho que foi alguns meses antes. Eu estava em um intervalo de dois meses com Keith." O que significava que o idiota terminou com ele por algum motivo estupido. "E a minha companheira de quarto do dormitório estava saindo com esse jogador de futebol. Ela meio que me forçou a sair com eles porque eu estava chateado com o Keith e o cara ia trazer um amigo, então eu deveria mantê-lo ocupado ao mesmo tempo que me ocupava. Você sabe que eu não tinha nenhum outro amigo além de Keith no meu primeiro ano aqui, então eu disse tudo bem." Jimin fez uma careta e voltou a triturar os pedaços. "Ele na verdade foi muito doce, mas você sabe como eu sou. Eu amo o Keith e não queria conhecer mais ninguém. Eu mal falei a noite toda, e na segunda vez… minha companheira de quarto aconteceu de novo. Dessa vez, eu realmente consegui conversar com Jungkook por um tempo. Nós falamos sobre as nossas famílias, ambos tínhamos uma grande e barulhenta família e tudo mais, ele também é de Busan e temos muito em comum, então nos demos bem. Mas nenhum de nós estava agindo como se pudéssemos transformar isso em algo mais. Foi tipo uma noitada amigável. Eu acho que a minha companheira de quarto começou a ver outro cara – o seu nome era algo estranho, Rap ou Rip ou algo assim – então ela não precisava de mim depois daquela segunda vez. Eu mal o vi de novo. Além disso, foram apenas encontros duplos, nunca apenas nós dois. Algumas semanas depois eu estava de volta com Keith de qualquer maneira. Ele sempre dizia oi nas raras vezes em que nos encontrávamos no campus, mas acho que não o vejo faz um ano."
Yoongi cantarolou, atraindo o meu olhar para ele.
"Isso não conta como encontros, Minie, pelo menos não no meu dicionário." O alfa disse pegando um pedaço do brownie, aproveitando que o ômega estava distraído.
"Eu concordo, mas na época eu poderia ter descrito para Keith como se eu tivesse saído nesses grandes encontros com um jogador de futebol, apenas para deixá-lo com ciúmes. Eu quis apenas mencioná-lo agora no caso dele me ver com Tae e realmente se lembrar e dizer alguma coisa. Eu não quero que seja uma surpresa." Jimin deu de ombros.
"Quem me dera ter a minha própria interação com Jungkook. Vocês o conhecem de um jeito ou de outro, claro que, um de vocês num ambiente muito mais estranho." Ele deu um olhar arregalado para Jimin e gesticulou para mim com o queixo.
Dei outro tapa na cabeça dele, bem mais forte que o outro.
"Haha. Tão engraçado." Eu disse colocando meu copo de café na mesa.
“E aqui estou eu, o tipo que só assiste… ah, não sei, todos os jogos dele, e eu nunca tive a oportunidade de conhecê-lo? Você vai consertar esse problema horrível, Tae." Foi o pedaço de papel que me bateu no rosto que me tirou do silêncio. Eu joguei de volta para Yoongi e virei a minha cabeça para olhar para Jimin.
"Não vai acontecer nada entre nós, Jimin. Ele está fora do meu alcance. Confie em mim. Então, mesmo que tivesse saído num encontro de verdade, isso teria sido okay." Eu disse, embora as palavras tenham um gosto desagradável na minha boca.
"Porque você tem que pensar em Jung-ho, certo? E claro que, você é um saco de papel feio, não se pode esquecer disso." Yoongi falou, o seu tom carregado de ironia.
Sim, sempre havia Jung-ho.
"Eu não estou dizendo que sou feio. Eu sei que sou bonito, mas ele ainda está fora do meu alcance. Você saberia o que eu quero dizer se você o visse de perto." Yoongi suspirou e balançou a cabeça.
"E Jung-ho?" O alfa insistiu, o nome saindo de sua boca como uma maldição.
"Sim, há ele também," eu murmurei sem olhar nos olhos deles enquanto estava ocupado cutucando minha unha.
"E quando você vai largar o pé dele, Tae? Eu estaria mentindo se dissesse que estou exatamente esclarecido com o que você está esperando que aconteça aqui, mas posso dizer-lhe o que não vai acontecer, isso eu sei. Você precisa sair daquele apartamento. Ele está tratando você como uma puta paga, só chamando você quando quer. O maldito só encontra com você naquele apartamento ou atravessa toda a cidade para se encontrar num restaurante aleatório, jamais em qualquer lugar onde possa ser reconhecido." Yoongi seguiu com o sermão.
"Ei, pega leve, okay?" Jimin rosnou para Yoongi enquanto engoli o meu café pelo buraco errado. "Foi um pouco duro, não acha?"
"Nossa," eu tossi quando consegui respirar de novo, pegando a garrafa de água meio cheia e os guardanapos que Jimin me ofereceu. "Obrigado por fazer isso soar assustador e nojento. Ele não é tão mau como você está pintando e não é como se pudéssemos andar pelo campus juntos, pelo menos por enquanto. Além disso, eu queria me mudar, lembra?" Eu não estava culpando Jimin por me deixar pendurado de qualquer forma, mas culpava Keith por ser um canalha carente.
Enquanto o meu plano para o terceiro ano tinha sido mudar-me do apartamento de Jung-ho para morar com Jimin, isso não tinha ido exatamente da forma que eu tinha planejado. Tínhamos encontrado o apartamento e foram dias para assinar o arrendamento quando Keith teve um ataque sobre o ômega morar comigo. Se Jimin estava mudando do dormitório por que ele não ia morar com ele? Por que nós dois queremos viver juntos? Ele estava saindo com outra pessoa? E isso continuou e continuou e continuou. Jimin nunca voltava com a sua palavra, mas quando vi o entrave pelo qual o ômega estava passando, como as palavras de Keith eram severas e mordazes, eu lhe disse que não seria um problema se ele escolhesse se mudar para morar com o namorado ao invés de mim. Desde que meu amigo estivesse feliz, eu ficaria bem, embora depois de todo o negócio, eu não sabia como alguém poderia ser feliz com Keith. Mas isso não era para eu dizer, pelo menos não por enquanto.
A casa de Yoongi era perto do campus, apenas 15 minutos andando, então ele não precisava de um novo lugar. Considerando que ele precisava estar em casa para ajudar a sua mãe solteira a criar a meia-irmã de cinco anos, o alfa não podia pagar para se mudar de qualquer forma. Estes pequenos fatos me impediram de morar com os meus melhores amigos. Ao contrário de Jimin, que tinha adorado a sua temporada de dois anos no dormitório, eu não tinha gostado tanto assim, então tinha estado de volta ao apartamento de Jung-ho. Pensei que talvez as coisas mudassem, pensei que seríamos mais próximos e ele manteria as suas promessas para variar.
"Eu realmente sinto muito, Tae," o ômega disse, quebrando os meus pensamentos. "Eu estava ansio…"
Estendi a mão e a coloquei no braço dele.
"Não peça desculpa, por favor. Você não tem que se desculpar de qualquer modo. Eu não quis dizer dessa maneira. Tenho poupado dinheiro, sim, mas eu ainda não posso bancar morar sozinho. Eu também continuo poupando dinheiro para Nova York, tão tolo quanto isso pareça, e você sabe que eu voltei porque ele continuou a prometer que este ano seria diferente. Se as coisas não mudarem e eu conseguir juntar a quantidade que preciso, eu vou embora de lá por volta de abril ou maio. E você também sabe o que eu quero dele, Yoongi. Não seja assim."
"Esse é o tempo que você vai lhe dar? Quase outro ano completo?" Balançando a cabeça, o alfa esticou a mão e cobriu a minha como os seus dedos longos e finos, as suas feições estavam duras. "Veja, eu sei que isto machuca, mas ele nunca irá contar à família dele sobre você, Tae, não à sua mulher, e com certeza não ao seu adorado e perfeito filho. O bastardo vive para manter a aparência da família perfeita. Ele é um porco. Você merece coisa melhor do que isso." Mas Jung-ho prometeu e eu não queria nada mais do que acreditar nele. Quando eu não disse o que eu sabia que o alfa esperava ouvir, ele suspirou e retirou a sua mão. "Se eu conseguir arranjar aquele trabalho de meio período naquela galeria no próximo ano, vou morar com você. Você vai sair de lá, certo?"
Eu dei-lhe um aceno silencioso.
"Embora, eu não possa deixar o amor da minha vida para ir viver com vocês, eu vou visitá-los tanto que vai parecer que estou morando lá." Jimin só viria se Keith deixasse, mas eu não diria isso. O ômega tem estado com Keith desde que tinha dezesseis anos e continua morrendo de amores por ele o suficiente para acreditar que o alfa possa ou vá mudar. Eu podia ver uma intervenção acontecendo no nosso futuro.
Me sentia doente, tanto do estômago quanto do coração, toda vez que Jung-ho era tema da nossa conversa. As afirmações de Yoongi não eram novidades para mim, mas infelizmente isso não ajudou a diminuir a dor. Eu tentei forçar um sorriso genuíno no meu rosto.
"Obrigado, pessoal."
"Ainda vai querer um conselho sobre o que fazer com o pedaço quente no seu apartamento?" Eu bufei e caí para trás no meu assento.
"Sim. Mande. Deus sabe como eu poderia usar toda a ajuda possível." A próxima questão do alfa me fez questionar isso.
"Você se sente atraído por ele?" Arregalei os olhos, o calor familiar tomando conta do meu rosto.
"Bem… ahm… É claro que Jungkook é atraente, eu tenho olhos. Eu também gosto do sorriso dele," admiti, conseguindo visualizar aquele sorriso bonito. "Mas, eu não o conheço bem o suficiente para dizer que estou atraído por ele. Eu não tenho nenhuma queda pelo alfa… se quer saber. Eu sou atraído pela sua aparência, mas não tenho uma queda por ele. Jungkook parece ser legal, então eu gosto dele como pessoa, isso soa ainda melhor. Mesmo se eu gostasse dele e por alguma sorte estúpida Jungkook estivesse interessado em mim, embora eu duvide disso…"
"Claro que duvida disso, porque você é um saco de papel feio," Yoongi repetiu, balançando a cabeça devagar para salientar o seu desapontamento comigo.
"De qualquer maneira," continuei, ignorando ele. "Nós iremos ficar no mesmo apartamento pelo amor de Deus e não há como Jung-ho não descobrir."
"Então, tudo se resume a Jung-ho." Franzindo a testa, baixei a minha voz e inclinei-me para a frente.
"Não, não se resume, Yoongi. Eu disse que ele é quente, e sim, ele soa como uma boa pessoa, mas só porque ele é essas duas coisas não quer dizer que eu vou cair aos pés dele e confessar o meu amor – ou luxúria, neste caso. Eu só agi de forma estranha perto do alfa por causa do que aconteceu quando eu era calouro e porquê… okay, sim, eu acho que Jungkook é bonito, mas é só isso. Você sabe que isso não é uma boa combinação para mim. Você não se lembra como eu estava quando falou comigo na primeira vez na aula de História de Arte? Eu estava apaixonado por você? Não. É assim que eu sou, como eu sou até me aproximar de alguém. E sempre acabo me envergonhando ao redor dele. Primeiro perguntei-lhe se podia beijá-lo como uma criança no jardim-de-infância e depois a próxima vez que ele me viu, eu cai sobre uma maquete de um edifício e levei uma bronca bem na frente dele e dos seus amigos, incluindo o Seokjin, como se as coisas não pudessem ficar piores. Se tudo isso não é suficiente, mais um ano se passou e aqui estou eu deixando cair a minha toalha e ficando pelado na frente dele. Eu não vou mencionar a parte onde o ataquei porque estava no meu direito de o fazer." Enumerei todos os motivos para os dois. "Além disso eu disse pra ele que estou namorando."
"O quê? Você e o Taeyong terminaram tipo há mil anos." Revirei os olhos. "Sério, por quê você diria algo assim?"
"Porque ele está solteiro e, bem..." Tomei um gole do meu café, fazendo uma careta. "Não importa, eu já disse isso e foi a melhor decisão."
"Então ser amigo dele é a melhor ideia aqui, estamos todos de acordo, sim?" Jimin olhou para Yoongi que me encarava como se eu fosse louco e depois para mim. "Você vai se acostumar a tê-lo por perto. Se eu te conheço tão bem quanto acho, vai haver muita risada nervosa e você se escondendo no seu quarto no futuro, se não fizer algo sobre isso. Então, realmente tente ser amigo dele já que está tão inflexível sobre não ter uma queda por ele. Yoongi é bonito e você não fica como uma manteiga derretida ao redor dele," Jimin concluiu, gesticulando para o nosso amigo.
"Se eu tivesse interesse em ômegas, ele derreteria em cima de mim agora mesmo, então não tenho certeza se sou um bom exemplo nesta situação, Minie," Yoongi disse, não pude evitar bufar.
"Oh, por favor. Até parece. É o que tenho a dizer pra você: até parece. Você desejaria, e por último, mas não menos importante, nos seus sonhos."
Então, tentar agir casual, como Jimin tão amavelmente sugeriu, e escondendo-me no meu quarto sempre que pudesse, eu iria me tornar amigo de Jeon Jungkook. Sooa fácil pra mim.
Era por volta das cinco da tarde quando cheguei em casa depois de gastar muitas horas no laboratório de fotografia. Antes que pudesse virar a minha chave e entrar, a porta do final do corredor abriu e Sra. Hilda espreitou por trás do ranger da porta.
Droga.
"Taehyungie, é você?" Ela tinha oitenta e cinco anos e os seus olhos funcionavam melhor que os meus, a mulher sabia perfeitamente bem que era eu.
"Sim, Sra. Hilda, sou eu," gritei sobre o meu ombro, os meus movimentos urgentes.
Eu virei a chave e abri a porta, esperando que ela não fosse perguntar mais nada de forma que desse para eu relaxar, primeiro no sofá por alguns minutos, e depois talvez me forçar a levantar e fazer uma comida rápida para o jantar antes que Jungkook…
"Poderia ser bonzinho e…" Não. Eu nunca quis ser bonzinho. Por favor, não diga pendurar as cortinas. Por favor, não diga pendurar as cortinas. "…pendurar as cortinas de volta?"
Inclinando a minha cabeça em desespero, fechei a porta, me xingando mentalmente por ter esquecido dela e ter feito barulho o suficiente para acordar os mortos enquanto subia as escadas. Andei até ficar na frente dela que agora mantinha a porta completamente aberta.
"Sra. Hilda, você lavou as suas cortinas de novo?" A mulher grunhiu e levantou uma sobrancelha como se fosse dizer, Onde você quer chegar? "Eu só perguntei porque você já as lavou cinco vezes este mês."
Eu tinha sido escolhido como abelha operária para pendurar as cortinas limpas de volta porque ela não conseguia fazer isso sozinha. Estava tudo bem, porque a ômega realmente não podia e leva-me apenas dez minutos para pendura-las de volta de qualquer maneira, mas eu sempre me perguntei quem ela costuma encurralar para as tirar todos os outros dias.
"Eu gosto de uma casa limpa, Taehyungie." Claro que ela gostava de uma casa limpa. A mulher me colocava para aspirar o apartamento dela quase semanalmente, sem mencionar a lista interminável de outras pequenas tarefas. Se não fosse silencioso o suficiente e a porta dela se abrisse, a ômega sempre tinha deveres da casa que ela queria que eu lidasse. Se ela fosse uma daquelas avós doces que lhe dá biscoitos de chocolate recém saídos do forno por ajudá-la, ou talvez por vezes oferecer-lhe uma refeição caseira porque você é um estudante que sente falta de ter comida caseira, ela seria muito adorável. Mas não. Senhora Hilda era… eu não fazia ideia de como ser educado sobre a minha escolha de palavras, mas ela era basicamente uma bruxa.
Como eu disse, se a ômega apanhasse você, ela sempre te amarrava para ajudá-la com alguma coisa, além disso ela basicamente sugava toda a sua energia enquanto você estivesse lá. Era por isso que eu sempre andava silenciosamente quando chegava ao nosso andar.
"Eu estou realmente cansado e não tenho comido nada desde esta manhã. Eu posso ir depois…" Comecei, mas ela me interrompeu.
"Vocês jovens sempre procrastinando… Vocês nunca devem deixar o trabalho de hoje para amanhã." Ela gesticulou para que eu entrasse. Eu concordaria com ela se fosse o meu próprio trabalho com o qual tivesse que lidar sem deixá-lo para amanhã.
Tudo o que eu queria era sentar a minha bunda e comer alguma coisa antes de ter que aturá-la. Contendo um grito frustrado e rangendo os dentes, eu dei-lhe um sorriso falso e entrei. Antes mesmo de dar quatro passos no apartamento, a mulher fechou a porta e começou a me pressionar.
"Era um alfa que eu vi deixar o seu apartamento está manhã, Taehyugie? No meu tempo, não podíamos chegar perto deles antes do casamento. Essas coisas eram mal vistas, mas acho que os tempos mudaram. Pelo menos este é mais próximo de sua idade. Você sabia que a garota do 5B traiu o namorado? Eu ouvi eles discutirem esta tarde…" Eu nem sabia quem morava no 5B. Ignorando-a completamente, fiz o que ela me pediu para fazer e assim que terminou, quase corri de volta para a porta antes que ela pudesse pedir para levar o Billy para dar uma volta. Billy era um gato do inferno que se escondia sempre que alguém além de Hilda estava em casa e quando ele era empurrado para as mãos de alguém (isto é, as minhas), a sua linha de ação era colocar as suas garras de fora e arranhar seus braços por ter ousado tocá-lo.
Quando praticamente corri em direção à porta que me levaria para um lugar seguro, eu podia ouvir os passos rápidos da Hilda atrás de mim. Para uma mulher de oitenta e cinco anos, ela movia-se surpreendentemente rápido quando queria e me apanhou quando estava abrindo a porta dela.
"Tenha uma boa noite, Taehyungie, eu te aviso se souber algo mais sobre a agarota do 5B. Eu aposto que iremos vê-la com o novo namorado..." Eu dei um passo para fora e colidi com o corpo duro e grande de um belo jogador ofensivo na minha pressa para escapar.
Jungkook aparentemente tinha apenas subido o último degrau da escada e grunhiu de surpresa. Eu suspirei e ele voltou a descer um passo.
Me segurando logo acima do cotovelo, o alfa me estabilizou antes que eu pudesse cair em cima dele e quebrar muito possivelmente o pescoço durante a queda nas escadas.
"Taehyung?" O alfa chamou.
"Oh, sinto muito," me desculpei rapidamente quando ele soltou meu braço.
Este cara sempre se lembraria de mim como o trapalhão que eu tenho que viver durante um ano e que antes tinha visto apenas duas vezes ao redor do campus. Antes que eu pudesse explicar alguma coisa para o alfa ou avisá-lo telepaticamente, a Sr. Hilda limpou a garganta por trás de mim e eu quase não segurei um gemido.
Fechando os olhos, respirei fundo. Se eu não acabar com isto rapidamente, ela vai tentar nos fazer reféns da situação por Deus sabe quanto tempo.
Aqui vamos nós.
"Ah, Jungkook, aqui está você," eu exclamei um pouco mais alto do que o necessário para que a Sra. Hilda não tivesse problemas em ouvir, embora no que diz respeito à audição da velha senhora, sempre foi um tiro no escuro. Eu estampei o maior sorriso no meu rosto e tentei vir com algo nos dois segundos em que demorei a endireitar meu corpo e enfrentar minha vizinha intrometida. "Nós estávamos falando sobre você, não estávamos Sra. Hilda?" Antes que o pobre coitado pudesse entender o que estava acontecendo, eu o agarrei pelo braço e o puxei para perto de mim – ou mais precisamente, o encorajei a ficar ao meu lado, porque com a forma como aqueles músculos se sentiam debaixo da minha mão, não conseguia imaginar nada do meu tamanho que pudesse movê-lo mesmo um centímetro se o alfa não quisesse se mover. A minha próxima jogada brilhante consistiu em dar uma palmadinha no seu braço e apertar discretamente como um aviso, mas depois senti os seus músculos flexionarem debaixo do meu toque e esqueci-me o que ia dizer. Porra… Não é hora para o seu kinky por músculos, Taehyung. Eu olhei para o alfa e os nossos olhares se encontraram. Eu não tinha uma fodida ideia do que ele estava pensando, mas rapidamente desviei o olhar e retirei os meus dedos do braço dele. Se ambos queríamos fugir da conversa interminável da Sra. Hilda, eu tinha que me concentrar em uma coisa de cada vez. Eu pensei em dizer uma mentira inofensiva que não faria mal a ninguém se isso significasse que voltaríamos para o apartamento e obter o meu jantar mais cedo. "É ele que você deve ter visto saindo esta manhã, Sra. Hilda. O nome dele é Jungkook e ele é o meu novo companheiro de casa."
Tanto o alfa quanto eu vimos a Sra. Hilda olhá-lo da cabeça aos pés. Descaradamente, eu fiz o mesmo. Ele estava usando sapatos da Nike pretos e cinzentos, calças de treino cinza - o que me matou porque essas calças nele era um paraíso na terra, principalmente quando as usava pela manhã – e uma t-shirt branca que se estendia pelo seu impressionante peito, as mangas abraçando aqueles músculos que eu tinha tocado apenas segundos antes. O alfa também carregava um enorme saco pendurado abaixo do quadril, a alça cruzava seu peito.
A Sra. Hilda não deve ter ficado impressionada porque soltou outro grunhido. Exceto a nossa velha Hilda, qualquer pessoa viva ficaria impressionada quando olhasse Jeon Jungkook, eu posso apostar ficar sem pizza por uma semana se alguém não ficasse, e esse é maior compromisso que eu poderia fazer.
"Prazer em conhecê-la, Sra…" Jungkook arrastou.
"Hilda," soltei entes que ele a instigasse a começar uma conversa. "Esqueci de mencioná-la para você, não foi? Esta é a Sra. Hilda. Eu estava apenas a ajudando com algo e ela mencionou que tinha visto um jovem sair do apartamento e estava confusa sobre quem era."
"Oh?" Jungkook perguntou educadamente, olhando entre nossa vizinha e eu.
"Eu não estava confusa, Taehyung. Eu lhe dei os meus pensamentos exatos sobre como me sentia sobre outro alfa vivendo com você. Ele..." ela virou-se para olhar para o alfa enquanto apontava o polegar para mim. "Deveria ter sido um equilibrista num circo em vez de andar desperdiçando tempo com aquela câmera que não consegue largar."
"Oh, mas Sra. Hilda, você ainda não ouviu a melhor parte." Eu coloquei o meu braço ao redor do alfa, fiquei um pouco mais perto dele, basicamente plantei a minha frente no lado dele e tive que suprimir com força o calafrio involuntário causado por estar muito perto dele. Eu me inclinei para a Sra. Hilda como se eu fosse dizer-lhe o maior segredo do mundo. Ela também se inclinou para frente, a mulher vive por uma fofoca. "Receio que ele não esteja interessado em ômegas," eu sussurrei alto o suficiente para que ela pudesse ouvir, o que significava que Jungkook podia ouvir perfeitamente bem, também. As sobrancelhas da Sra. Hilda franziram e ela deu ao alfa outro longo olhar.
"Desculpe-me?" Jungkook falou depois de alguns segundos de silêncio.
Eu virei o meu corpo na direção dele e desta vez afaguei a área do seu peito, ignorando completamente a testa franzida e o olhar interrogativo. Eu não tinha ideia onde estava indo com todas as mentiras, mas não conseguia me controlar.
"Não precisa se desculpar," a velha senhora respondeu, confundindo a pergunta de Jeon como pedido de desculpa.
"Sim, nada para se desculpar, Jungkook." Os olhos dele saltaram de mim para a Sra. Hilda.
"Eu não…" Antes que ele pudesse acabar sua frase, pisei discretamente em seu pé e apliquei tanta força que pude. O avisando com os olhos para que nem pensasse em soltar um grunhido. O alfa virou-se lentamente na minha direção e levantou uma sobrancelha. Eu dei-lhe o sorriso mais doce que consegui arranjar e tirei o meu pé.
"A Sra. Hilda é uma mulher com uma mente aberta," eu expliquei, gesticulando para ela com a minha cabeça. "Nada melhor que pessoas como ela, certo Sra. Hilda?"
A ômega ajeitou a postura, ficando um pouco mais alta.
"Claro que eu sou. Aqueles velhotes não são nada como eu. Mantenha a sua cabeça erguida, jovem. Não há nada de errado sobre o amor. Você tem um namorado?" Ela questionou, séria.
"Uh…" Jungkook hesitou.
"Você pode me dizer." A nossa vizinha insistiu, apertei o braço dele.
"Tudo bem, Jungkook." Insisti, balançando ligeiramente o braço dele. Quanto mais cedo o alfa concordar com isso e apaziguá-la, mais cedo podemos ir embora. "Não seja tímido."
Ele virou a cabeça de novo para mim e deu-me um olhar longo que derreteu o sorriso direito do meu rosto, não porque a expressão dele prometesse uma retribuição violenta, mas na verdade era o oposto. O alfa parecia divertido, talvez um pouco confuso, mas mesmo assim divertido, o que era estranho e inesperado. Eu franzi a testa para ele e os lábios dele se contraíram.
"Na verdade, eu tenho um namorado." Ele disse olhando pra mim.
"Ele é um bom alfa?" Com um sorriso fácil, o alfa quebrou o nosso contato visual e virou-se para ela.
"Ele é realmente um ótimo alfa. Eu tenho sorte de tê-lo." A velha senhora inclinou a cabeça ligeiramente e deu-lhe o seu olhar estreito, que a caracteriza, onde um dos olhos sempre reduz mais do que o outro, fazendo-a parecer nada além de séria.
"Estão juntos há quanto tempo?" Jungkook pareceu ignorar a expressão do olhar vesgo; de novo, apontado para ele. A primeira vez que a vi fazer isso, eu por pouco mantive um ronco.
"Tem sido por dois anos." O alfa respondeu com um sorriso.
"Vê, Taehyung. Vê? Talvez possa aprender alguma coisa com seu companheiro de casa." Eu deixei sair uma respiração longa através do meu nariz e consegui manter o sorriso no meu rosto.
"Eu sei, vou me certificar de lhe pedir dicas. Tenha uma boa noi…" Disse, ansioso para me afastar.
"Sr. Jeon, seu companheiro de casa tem um péssimo gosto para alfas. Por favor ensine-lhe uma coisa ou duas, parece que nada do que lhe digo o faz entender." Você não pode fechar a porta no rosto dela, Tae. Você não pode absolutamente fechar a porta na cara de uma velha senhora. Meu subconsciente me alertou, embora eu não quisesse nada mais do que fazer isso.
"Por favor, me chame de Jungkook, e definitivamente vou tentar o meu melhor para ensiná-lo algumas coisas. Eu concordo com você, ele deveria estar com alguém melhor. Vou fazê-lo ver a razão, não se preocupe." O alfa sorriu.
"Bom." Ela me deu um último olhar e começou a fechar a porta, apenas parando no meio do caminho. "Você sabe o quê, Jungkook? Eu gosto de você. É uma pena que você goste de rapazes, já que Taehyung poderia ter um bom e forte alfa como você." Alguém aí em cima? Deus? Você pode me matar agora. Virando-se para mim, ela continuou. "Eu gosto dele. Seja simpático com este."
Eu rangi os dentes.
"Está tudo bem, então." Lembrando que o meu braço ainda estava enrolado no braço dele, desembaracei-me enquanto finalmente nos dirigimos para o nosso próprio apartamento.
"Sr. Jeon?" Ah… apenas quando estávamos tão perto da liberdade.
Eu senti Jungkook parar e virar para trás, mas apenas continuei andando. Eu já sabia que ela iria dar uma tarefa para ele e eu não tinha qualquer interesse em deixá-la me puxar para isso, também.
Destrancando a porta, eu entrei. Depois de me assegurar em deixá-la entreaberta para o alfa, caminhei até a sala de estar e apenas desmoronei no sofá. Puxando a minha bolsa para fora, eu joguei isso em algum lugar por cima do meu ombro. A porta fechou com um clique tranquilo, só me dando tempo de cobrir o rosto com as mãos.
Houve um som surdo alto seguido por passos e depois nada. Eu já poderia senti-lo de pé perto de mim então eu não senti nenhuma urgência em olhar para cima e ver a expressão no rosto dele, mas só para ter a certeza, espiei por entre os meus dedos e… sim, lá estava Jungkook, aqueles braços grandes e fortes cruzados sobre o seu peito, uma sobrancelha levantada… esperando. Eu deveria ter ido diretamente para o meu quarto.
"Olá para você também, Taehyung," ele disse quando percebeu que nada saía da minha boca. Eu gemi e escondi o meu rosto de novo. "Você se importa de me dizer o que acabou de acontecer?"
Eu meio que funguei e depois não consegui reter por mais tempo. Primeiro, os meus ombros começaram a tremer, depois a minha gargalhada ficou mais alta. Quando eu tinha tudo sob controle e a minha vontade de rir praticamente morreu, arrisquei outro olhar para o alfa. Graças a Deus ele tinha um grande sorriso no rosto, o que ajudou que eu me sentisse menos tolo.
Deixei cair a cabeça para trás e olhei para o teto.
"Você não está zangado comigo, não é? Eu estou realmente esperançoso que esse sorriso no seu rosto signifique que você está divertido e não psicótico." A sensação de suas mãos grandes nos meus tornozelos me fizeram sentar dada a imprevisibilidade disso. Não afetado pelo meu pequeno salto, Jungkook colocou gentilmente os meus pés para baixo e sentou ao meu lado, no meio do sofá. Eu fui para trás alguns centímetros até as minhas costas atingirem o apoio de braço e haver um pouco mais de espaço entre nós, mais espaço para respirar – felizmente.
"Eu não tenho certeza. Vou decidir depois de você dizer o que aconteceu lá atrás." O alfa deu de ombros.
"Eu sei que você disse que odeia mentiras ontem à noite, mas esta não conta, está bem? Você não deveria odiar seu companheiro de casa." Limpando a minha garganta, eu dei algo entre um sorriso e uma careta. "Ela é a senhoria e a única pessoa vivendo neste prédio há vinte e cinco anos. Ela é intrometida como o inferno. Eu juro para você que a Sra. Hilda sabe tudo o que acontece. A mulher já tinha falado até doer meus ouvidos antes de eu esbarrar em você, na verdade é por isso é que eu esbarrei em você, porque eu estava tentando fugir, e ela pensou que eu estava sendo uma vadia porque viu você sair do apartamento. Não que eu me importe, mas de novo ela é uma intrometida dos infernos e uma vez que começa, isso vira um interrogatório, mas o que posso eu fazer? Ela é velha, então não posso dar um fora nela então eu tive que inventar alguma coisa." Jungkook esticou o braço para trás do sofá e debruçou-se só um pouco para a frente, fazendo-me encostar para trás – só por precaução.
"Então o melhor que ocorreu a você foi dizer que eu não gosto de ômegas?" Outro bufo escapou de mim e eu corei.
"Ninguém se chateia. Ninguém se magoa, certo? Pareceu a melhor ideia na hora. Pelo menos assim ela não vai acampar na frente da nossa porta." Lhe dei o meu melhor olhar inocente.
"Você não poderia ter dito que éramos amigos?" Certo, eu vou ser amigo dele.
"A mente dela não funciona assim. Alfas e ômegas não podem ser amigos. Ela acha que alfas estão atrás de uma coisa e apenas uma coisa e já que você é um… ela acha que você está atrás da minha…" As palavras morreram conforme um rubor violento tomava conta do meu rosto.
"Atrás da sua…" Jeon interrompeu, esperando-me preencher o silêncio.
Eu não vou fazer isso.
"Acho que você entendeu." Lhe atirei um olhar mal-humorado.
"Talvez eu tenha entendido." Seus lábios curvaram-se para cima. "Obrigado, Tae. Parece que vamos ter muita diversão." Ficamos assim. Com os seus olhos presos nos meus, nós sentados lá como dois idiotas, sorrindo um para o outro. "Porque você está sorrindo dessa maneira?"
O alfa perguntou com o queixo levantado. Eu parei de sorrir e toquei os meus lábios com os meus dedos. Havia algo errado com o meu sorriso?
"Porque você está sorrindo dessa maneira?" Eu empurrei de volta.
Uma sobrancelha subiu combinando com aquele maldito sorriso… foi o suficiente para o meu coração pular por um tempo.
"É assim que eu sorrio," Jungkook respondeu.
"Bem… é… muito grande." Tae. Oh, Tae. Sua pobre, pobre criança. Os seus olhos escuros brilhavam com o riso e aqueles lábios se curvaram ainda mais. Um segundo se estendeu para dois e depois dois segundos transformaram-se num concurso de olhar fixamente. Que diabos ele estava pensando? Eu não o conhecia bem o suficiente para ter um bom palpite e ficou mais difícil manter os olhos travados nele a cada segundo. Eu era um mal perdedor, então não havia como ser o primeiro a desviar o olhar. Depois de quase parecer uma hora neste estranho olhar fixamente, o que eu ganhei, muito obrigado, Jungkook balançou a cabeça e esfregou a mão por cima do seu cabelo. "O que foi?" Eu perguntei calmamente, genuinamente curioso para ouvir o que ele estava pensando.
"Nada." O alfa suspirou e se levantou.
"Não, me diz. O que foi?" Ele hesitou. "Você se lembra daquelas pessoas que nós falamos?"
"Aquelas que nós não gostamos?" Um aceno rápido.
"Eu também não gosto de pessoas que não acabam as suas frases." Semicerrei os olhos.
"Eu não comecei nenhuma frase." Jungkook respondendo.
"Você começou aqui." Bati na minha têmpora com o dedo, ganhando uma risada calorosa.
"Você continua fazendo coisas que não estou a espera que você faça. Isso me deixa surpreso, só isso." O alfa finalizou com um sorriso.
"Isso é uma coisa boa ou ruim?" Questionei.
"Eu ainda não decidi." Jungkook disse, seu olhar me deixando nervoso.
"Não perca o seu tempo – vamos concordar que é uma coisa boa." Eu peguei o movimento dos lábios dele enquanto ele se debruçava para pôr a sua bolsa por cima do ombro.
"Você acha que sim?"
"Com certeza." Eu levantei do sofá para ficar perto dele. "Então estamos bem? Companheiros? Você não se importa que eu tenha dito a ela que você era gay?"
"Companheiros?" Ele repetiu.
"Claro, companheiros como melhores amigos, camaradas, parceiros… deixarei você escolher." Eu soquei levemente o seu braço e imediatamente odiei a mim mesmo por isso.
Eu, sou a pessoa mais estranha do universo. Por que o chão não se abriu e me engoliu? Não poderia ser tão difícil.
Olhando para baixo onde eu tinha socado o braço dele e depois de volta para mim, o alfa me deu um dos seus sorrisos contagiosos que me deixa fora dos trilhos todas as vezes.
"Companheiros então." Afirmou, seus olhos brilhando.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
Passaram apenas alguns dias desde a minha mudança e foi aí que comecei a voltar para a minha rotina – ou melhor, a minha nova rotina.
Nós tínhamos um jogo em casa daqui a dois dias e eu estava mais do que pronto para jogar. Estava fazendo o meu terceiro conjunto de flexões quando olhei para cima e vi Taehyung esfregando os olhos enquanto iria diretamente contra uma parede, perdendo a porta do banheiro por dez centímetros ou mais.
"Foda-se!" Ele assobiou em voz baixa, desta vez esfregando o ombro.
Eu abaixei a cabeça e tentei manter o meu riso. Quando olhei de volta, o vi olhar sobre os ombros em direção ao meu quarto antes de se apressar para o banheiro e fechar a porta suavemente.
Duzentos e vinte e três.
Duzentos e vinte e quatro.
Duzentos e vinte e cinco.
Eu ouvi a porta abrir, seguido de uma tentativa de passos silenciosos. Quando ouvi um suspiro alto, levantei a minha cabeça, o meu olhar fez o seu caminho lentamente pelas suas longas e douradas pernas. A sua mão estava sobre seu o peito e ele estava fazendo aquela coisa de cervo preso pelos faróis de novo.
"Bom dia, Tae." Deixando de lado o peito, ele puxou a bainha da sua t-shirt e deu alguns passos em direção à cozinha. No entanto os olhos do ômega se mantiveram colados no meu corpo.
"Olá para você também. Você quase me matou de susto." Abaixei a minha cabeça e ri discretamente.
"Eu posso ver isso." Afirmei, tentando me concentrar na minha série de exercícios ao invés do belo ômega à minha frente.
"Oh, o que está acontecendo aqui?" Ele perguntou em uma voz ainda mais grave, misturada com o sono.
"Fazendo as minhas flexões." Mais alguns passos para a direita e ele alcançou a ilha. Mantendo o seu olhar em mim, Taehyung segurou a borda do balcão como se estivesse ajudando-o a ficar em pé, desviou dos bancos até que ficou sobre a pia.
"Não é um pouco cedo para fazer flexões?" Duzentos e trinta e seis.
"Eu levanto sempre às seis da manhã e faço." Respondi, ofegante.
"Então isto é uma ocorrência diária?" Taehyung questionou, gesticulando na minha direção.
"Sim." Abaixei a minha cabeça e ignorei o tremor leve nos meus músculos do braço.
"Fins de semana também?" Ele perguntou após uns segundos.
"Sim." Duzentos e quarenta e um.
"Oh, okay. É… bom saber." Ele pegou o copo ao lado da pia – os olhos ainda em mim, abriu a geladeira, tirou a garrafa d’água, tirou a tampa e despejou no copo. Depois de um segundo de hesitação, agarrou e bebeu alguns goles.
Eu olhei de volta para baixo para esconder o meu sorriso e continuei a contar.
Duzentos e quarenta e cinco.
Duzentos e quarenta e seis.
Duzentos e quarenta e sete.
"Ah, e bom dia… companheiro."
"O quê?" Eu grunhi e olhei para cima.
"Você disse bom dia e eu não disse de volta. Eu ainda não estou totalmente acordado… também poderia estar sonhando, não tenho completamente certeza sobre isso. Apenas no caso de não estar dormindo e você estar realmente fazendo flexões… bom dia para você também, companheiro." Ele me deu um pequeno sorriso.
"Você está mesmo entrando nessa coisa de companheiro, hein?" O ômega levantou um pouco o ombro, causando o deslize de sua enorme t-shirt e me deu uma vista da sua pele suave muito inocentemente escondida por debaixo do tecido.
"Eu estou gostando da ideia cada vez mais." Continue contando, Jungkook. Continue.
Duzentos e sessenta e um.
Duzentos e sessenta e dois.
Duzentos e sessenta e três.
Quando cheguei as trezentas, grunhi e fiquei em pé. Agarrando a toalha que deixei no sofá para limpar meu rosto.
"O que você está fazendo acordado tão cedo de qualquer forma? Eu não o vi por aí no período da manhã nestes últimos dias. Eu só vejo você no período da tarde." Não que eu o tenha visto ao redor ultimamente. Sempre que eu aparecia, o ômega encontrava um outro lugar para sumir.
Taehyung ainda estava de pé atrás do lava louças, segurando o copo com as duas mãos enquanto bebia pequenos goles e mantinha seus olhos em mim.
"Porque sou uma pessoa normal? Você sabe aquele tipo que não se levanta em uma hora ímpia? Hoje vou encontrar uma garota que vai pagar para eu tirar umas fotos dela para o seu blog de moda. Ela queria as ruas vazias e de acordo com ela, a sua pele parece melhor com o nascer do sol.” O ômega resmungou. “Nenhuma pessoa sã levanta-se a esta hora numa manhã, mas… trabalho."
"Sim? Fotos de moda, hein? Soa divertido." Respondi dando um gole na minha garrafa de água.
"Tanto quanto eu posso ver com os meus próprios olhos, você também não é uma pessoa sã, então… a sua ideia de diversão pode ser um pouco distorcida." Deixando a toalha de volta no sofá, me sentei e comecei a fazer a sequencia de abdominais. "Okay, o que está acontecendo agora?"
"Abdominais." Eu ouvi um pequeno gemido, mas ao invés de olhar para o ômega, mantive os meus olhos em frente e continuei. Pelo canto do olho, eu pude vê-lo se mover ao redor e mesmo que eu não fosse capaz, os sons dos armários abrindo e fechando e o chocalhar dos talheres me deixavam perceber o que estava acontecendo.
Quarenta e um.
Quarenta e dois.
Quarenta e três.
Quarenta e quatro.
"O que se passa, companheiro?" Questionei quando um longo período de tempo se passou.
"O que se passa?" Ele repetiu de volta.
Eu pude sentir os seus olhos varrendo a minha pele como o toque suave de uma pena. O meu pau agitou-se nas minhas calças de treino.
"Você está me encarando." Respondi sem quebrar minha concentração.
"Como você sabe que estou encarando? Você nem mesmo olhou para mim." Taehyung disse na defensiva.
"Eu posso sentir seus olhos em mim," grunhi.
"Você pode sentir os meus olhos... claro que pode. Bem, eu não estou encarando porque há algo para encarar, eu estou apenas olhando na sua direção porque… você está no caminho da minha visão no momento e eu não sei para onde mais devo olhar." Curioso, virei para ver o que o ômega estava fazendo. Eu tentei manter o meu ritmo e a minha contagem na cabeça ao mesmo tempo, mas Taehyung estava tornando isso difícil. Ele estava no mesmo lugar, a única diferença era que desta vez o ômega tinha uma tigela em uma mão e uma colher na outra. O prato estava cheio do que pude apenas assumir que eram os cereais que estavam indo em direção dos seus lábios cor-de-rosa. Eu tentei encontrar os olhos dele, mas o seu olhar parecia grudado em outro lugar – nomeadamente o meu torso. Então eu era o divertimento do café da manhã.
Por alguma razão, que eu não conseguia articular, não me importei com o seu olhar em mim, e confie em mim, se fosse qualquer pessoa sem ser o ômega, eu teria me importado. Ser admirado costuma quebrar a minha concentração, consequentemente me irrita, mas eu nunca tinha tido um par de olhos passando por cima do meu corpo como a porra de penas, entre todas as coisas. O meu sangue aqueceu e tenho certeza absoluta que não era por causa do meu exercício.
"Você está tomando o café da manhã e continua encarando," eu resmunguei, o suor começando a cair da minha testa já que o exercício de repente ficou um pouco mais duro e o meu pau fez o mesmo. A sua colher parou no meio do ar e então ele começou a mastigar de novo.
"Acho que sim. Sim." Houve um tilintar bem alto quando a colher bateu na tigela e ele estremeceu. "Eles sempre dizem que o café da manhã é a refeição mais importante do dia e eu acho que estou me tornando uma pessoa que acredita."
Cem.
Acabando o meu primeiro conjunto, deitei no chão e balancei os meus braços para relaxar os músculos enquanto recuperava lentamente o meu fôlego.
"Então você sempre faz isso… seminu?" Eu sorri para o teto.
"Se isto está incomodando você, eu posso fazer no meu quarto a partir de agora. Eu só vim para cá porque não achei que você estaria acordado."
"Não, está tudo bem. Era só para verificar." Houve uma pausa de dois segundos antes dele falar de novo. "Sempre na mesma hora?"
"Você vai aparecer todas as manhãs e me fazer companhia?" Respirando fundo, comecei um segundo conjunto.
Cento e um.
Cento e dois.
Cento e três.
"Não." Respondeu após uns segundos.
"Você tem certeza? Você pensou sobre isso por um segundo." Arrisquei outro olhar na direção dele, vendo o familiar rubor tomar conta de seu rosto.
"Sim. Não." Cento e dez. Cento e onze. Sentindo aquela queimação viciante e boa no estômago, eu pressionei através do meu segundo conjunto em pouco tempo. Ouvi uma tosse alta, então olhei na direção dele. "Mais?" Taehyung perguntou num tom estridente quando fui para os próximos cem abdominais.
"Sim," eu bufei. Consegui milagrosamente terminar o meu último conjunto com apenas alguns olhares para o meu curioso observador. Pelo menos, o meu pau estava se comportando. Algumas vezes quando eu olhava, Taehyung desviava os seus olhos rapidamente, tornando-se cada vez mais absorto na sua tigela de cereais ou na pia. Levantando, limpei a minha testa e o estômago. Jogando a minha toalha sobre o ombro, fui em direção ao meu intrigante companheiro de casa. Os seus olhos seguiam cada passo que eu dava. Parando quando apenas dois passos nos separavam, encostei no balcão de mármore. "Oi. Como está indo a sua manhã até agora?"
Ele fez alguns ruídos vagos, então limpou a sua garganta depois de engolir uma boca cheia de cereal.
"Realmente, assim como qualquer outra manhã. Nada de especial está acontecendo. A sua?" Era difícil segurar o meu sorriso, então escolhi não fazer.
"Estou gostando muito até agora. Obrigado por me fazer companhia." Parecia que o ômega ainda estava tendo problemas para segurar o meu olhar quando estávamos tão perto um do outro.
Oh, ele tentou, um ponto a seu favor, mas só durou alguns segundos antes dele transferir a sua concentração para a minha orelha. Eu notei também que o lugar escolhido poderia ter sido a minha boca se eu estivesse sorrindo ou conversando.
"Você quer cereal?" Ele agitou a colher no que deve ter ficado muito cheio de cereais nessa altura, então bebeu um pouco de leite da borda.
"Não." Respondi, estalando o pescoço.
"Café?" Taehyung questionou encarando meu peito.
"Não, obrigado." Estava divertido observando a dificuldade dele de afastar os olhos.
"Cereal?" Eu ri quando ele repetiu a mesma opção.
"Eu como qualquer coisa com os rapazes." O tranquilizei, pegando minha garrafa vazia.
"Água, então?" O ômega insistiu.
"Eu não diria não a isso." Tae andou para trás e estendeu a mão para agarrar um novo copo de um dos armários à minha esquerda e eu tive que segurar a borda do balcão, ficando com os nós dos dedos brancos, quando a minha atenção caiu para baixo.
Olhos para cima, Jungkook. Não olhe para a bunda dele, homem.
Eu só vi um lampejo de azul contra a sua pele dourada antes do ômega cair de volta nos seus calcanhares e encher o meu copo com água antes de entrega-lo para mim.
"Obrigado, Tae." Havia aquele rubor rosa nas bochechas dele de novo.
Eu olhei para baixo e me concentrei nos seus pés descalços. Ele tinha pés realmente bonitos, quando o ômega percebeu que estava olhando, enrolou os dedos dos pés e escondeu o pé direito atrás do pé esquerdo. Algo sobre isso me fez sorrir.
Eu conheci pessoas tímidas antes, mas nenhuma teve o efeito que Taehyung estava tendo em mim. Eu conheci ômegas que quase me deixaram tímido, também – não com muita frequência, talvez de vez em quando, mas tinha acontecido. Alguns torcedores poderiam ser um pouco mais à frente do que você espera que sejam e você já espera que fossem desse jeito. Eu aprendi isso no meu ano de calouro quando ainda estava tentando o meu caminho em um novo país e uma nova equipe. Sem incluir o meu ano de calouro, eu não dormi por aí. Depois daquele primeiro ano, eu percebi que não era a minha coisa. Em comparação com alguns dos meus companheiros de equipe, eu era um anjo, mas namorei de vez em quando. Encontrar aquela conexão exclusiva era ainda mais difícil do que você poderia esperar que fosse. Esta coisa estranha que tenho com Taehyung era nova para mim. Eu tive ômegas com quem tinha tido relações estritamente amigáveis e também tive namorados com quem que não tinha nada além de uma atração sexual em comum. No entanto, aqui estava eu, em pé na cozinha, olhando para os pés de alguém e descobrindo quão extremamente adorável era que ele fosse tímido o suficiente para tentar esconde-los da minha vista.
Eu não tinha a exata certeza do que estava acontecendo entre nós ou se havia alguma coisa acontecendo em um todo, mas eu tinha a sensação de que iria levar algum tempo para encontrar a nossa base. Taehyung era tímido, isso era um fato, mas de repente ele mudava as regras do jogo me pegando de surpresa. O ômega diria algo inesperado – como enfrentar o fato de que ele estava me encarando – e isso seria o fim de um grande momento e isto estava vindo direto em um cara cujo trabalho era antecipar qual era a jogada e ajustar tudo para poder correr para a vitória. Eu era muito bom em ler os próximos movimentos de um jogador, mas com a maneira que Tae estava jogando, tinha dificuldade em adivinhar para onde a bola viria correndo para mim.
Parecia que o ômega tinha um lado diferente escondido debaixo da primeira camada. Talvez fosse isso que estava me atraindo pra ele – o poder de Taehyung. Eu não era um idiota; eu sabia que estava atraído por ele – o meu pau tinha ficado feliz em vê-lo mais do que algumas vezes naquela semana – mas não era apenas o fato de que ele era facilmente o ômega mais bonito que eu tinha visto que me tinha indo naquela direção. Eu estava sendo sério quando disse que tinha uma sensação de que ele seria o meu melhor amigo.
"Onde você quer viver depois de se formar? Ficar aqui?" Eu perguntei sem mais nem menos, me surpreendendo no processo.
Taehyung segurou meu olhar por mais dois segundos – o que parecia ser o máximo que ele conseguia a menos que estivesse num concurso de encarar fixamente – depois olhou de volta para a tigela e manteve-se afundando os cereais no leite.
Por que ele teria tantos problemas em encontrar os meus olhos quando estávamos perto um do outro, quando não tinha problema nenhum em olhar para o meu abdômen e ocasionalmente os meus braços e ombros poucos minutos antes?
"Nova York. Você?" Respondeu erguendo os olhos rapidamente antes de abaixar novamente.
"Saberei depois que a temporada acabar." Eu nunca pensei nisso, desde que possa jogar qualquer lugar será maravilhoso.
"Faz sentido." Taehyung assentiu e mostrou um pequeno e tímido sorriso. "Eu admiro a sua confiança – o fato de você ter certeza de que será escolhido. Alguma ideia de onde você vai acabar?"
Eu encolhi os ombros.
"Se eu não acreditar em mim porque diabos é que alguém mais deveria? Eu posso acabar não sendo selecionado na primeira rodada, mas não faz mal. Apenas vou trabalhar mais para mostrar a todos o erro que eles cometeram por me ignorarem." O seu sorriso cresceu e eu fiz uma careta para os seus lábios. "Só para você saber, não estou sendo um idiota arrogante, eu só sei o que sou capaz de fazer no campo. Dito isto, eu posso machucar o meu joelho no próximo jogo – ou inferno, até mesmo no treino – e nunca mais poder jogar de novo. Ser profissional é o plano e o sonho, mas ainda é muito cedo para dizer onde ou qualquer coisa na verdade."
Taehyung levantou a mão que segurava a colher em rendição.
"Uma dose de autoconfiança saudável é sempre boa. Eu poderia usar isso." Ele parou por um momento. "E eu sei que você não é um idiota arrogante, Jungkook. Sim, você diz que é bom no campo, mas não está sendo prepotente sobre isso. Você apenas diz que vai trabalhar mais para mostrar o erro que eles cometeram ao não te selecionar – você não me deu um sorriso sujo e disse que eles teriam sorte de ter você jogando na equipe deles. Isso seria ser prepotente." Taehyung estreitou os seus olhos com incerteza. "Você sabe o que eu quero dizer?"
Em vez de sorrir de volta para ele, ou dar um passo que me aproximaria, ou dizer um obrigado numa voz rouca, eu fiz uma pergunta simples. Desta vez não foi nenhuma surpresa; eu tinha a perfeita noção do que estava prestes a perguntar.
"Você quer fazer uma aposta comigo, Taehyung?" O sorriso dele encolheu um pouco e finalmente o ômega colocou a colher na tigela para tentar entender onde eu estava indo com a minha pergunta. Depois de alguns segundos contemplando ele transferiu seu peso e encostou o quadril no balcão.
"De onde é que isso veio? Que tipo de aposta estamos falando aqui?" Questionou, seu tom atado de curiosidade.
O sol enviava os primeiros tímidos raios de luz através das janelas, que ficaram sobre o rosto de Taehyung, quando coloquei a minha água para baixo e o encarei. Eu o vi se contorcer quando a minha nova posição me colocou um pouco mais próximo dele. Eu podia ver o quanto o ômega queria recuar pela maneira que ele mudava de um pé para o outro. Se eu desse um grande passo, nós podíamos respirar o mesmo ar. Pelo brilho, a faísca que eu poderia ver em seus olhos, dizia que ele não se assustaria muito facilmente.
"Vamos apostar um beijo," eu disse, decidindo acabar com a miséria dele. "Acho que nós vamos acabar nos beijando um dia desses e aposto que você vai implorar por isso."
Taehyung congelou. A tigela estava suspensa no ar, então eu e gentilmente a tirei de sua mão. Quando o ômega não soltou o domínio sobre a colher, eu abri seus dedos com a minha outra mão para a retirar e coloquei o seu café da manhã no balcão, Honey Nut Cheerios pelo que parecia. Não é uma má escolha.
"Corrija-me se eu estiver errado, mas você disse que eu vou implorar?" Ele perguntou lentamente.
"Sim, é isso que estou pensando." Sorri, observando seu rosto ir da descrença para o ultraje.
"Retiro o que disse você está cheio de si mesmo," Taehyung retrucou.
"Você não acredita em mim? Está tudo bem, isso significa que você vencerá. Vamos fazer a aposta." O instiguei.
"Você, por acaso, esqueceu a parte onde eu disse que tenho um namorado?" Eu não tinha e não gostava disso.
Ainda estou inseguro sobre a sua situação de namoro. Inferno, eu não estava certo se Tae estava, ou não, dizendo a verdade para ser honesto. O ômega tinha dito que era complicado, e complicado nunca é um bom agouro num relacionamento. O cara provavelmente era um idiota de qualquer maneira.
"Você disse que era complicado. As coisas mudam e o pior que pode acontecer é você ganhar a aposta. O que você tem a perder?"
"Nem sempre é. Algumas coisas não mudam." Argumentou, semicerrando os olhos.
"Eu tenho um sentimento sobre isto." Sorri.
"Oh, sim?" Taehyung cruzou os braços, fazendo a sua t-shirt enorme levantar alguns centímetros nas suas pernas suaves. Se eu olhasse tempo suficiente, com força suficiente, eu poderia ver aquele tecido azul claro de novo? "Se importa de partilhar esse sentimento?"
O meu olhar foi para trás e levantei o meu ombro num meio encolher de ombros.
"Medo de perder? Se você é tão seguro de si, por que não aceita a aposta?" Provoquei.
"Eu não vou cair aos seus pés..." Ele balançou a mão na minha direção. "... apenas porque vi você seminu. Muitos caras fazem exercícios. Eu já assisti muitos alfas fazendo exercícios."
Um lado da minha boca curvou para cima.
"Se você acha que é isso que me faz especial – o fato de ter músculos – você definitivamente vai ter uma surpresa. Vamos lá, o que você tem a perder? Eu não irei tentar te seduzir, eu prometo. De fato, eu prometo nunca mais mencionar esta aposta de novo. Apenas um jogo inocente entre amigos. Nós ainda seremos companheiros, como você disse."
Taehyung começou a puxar o seu lábio inferior com os dedos, pensando em tudo o que eu dizia.
"Então por que fazer a aposta em primeiro lugar? Eu não estou dizendo que queria que você me seduzisse ou qualquer coisa, nem que poderia de qualquer modo já que nem sequer me afeto com corpos seminus..." as suas mãos moveram-se no ar para meu corpo, antes de voltar para os seus lábios rosados. "Obviamente, eu não iria querer que você…"
"Obviamente," eu reiterei logo depois dele.
"Então, por quê?" Ele disparou de volta, ignorando as minhas palavras divertidas.
"Por que não?" Joguei de volta e o ômega bufou.
"Isso não é uma resposta." Me afastei do balcão e ele deu um passo para trás.
"Está tudo bem. Eu entendo se você não confia em si mesmo ao meu redor." Taehyung levantou o queixo um pouco mais alto e me deu um olhar frio.
"Fofo. O que eu recebo se ganhar?" Questionou.
"O que você quiser.” Me forcei a desviar o olhar de seus lábios.
"Isso é muita coisa que você está me dando. Se eu pedir para você… okay esquece isso, eu não vou oferecer a vitória. Eu tenho que pensar sobre isso um pouco mais." Eu assenti. Isso era justo. "Quais são as regras?" Ele perguntou, seus dedos deixaram finalmente os lábios sozinhos. "O prazo?"
"Sem regras. Nada muda. É apenas uma aposta inofensiva entre dois amigos, nada mais, prometo. Quanto ao prazo… vamos dizer antes de eu me formar. Eu acho que você não vai demorar tanto tempo, mas em todo o caso." Um sorriso doce tomou os lábios dele, me arrancando um sorriso verdadeiro. Eu meio que esperava que o ômega me mandasse para o inferno, mas depois pressionou os lábios juntos, transformando a sua expressão numa cara séria.
"O que você ganha com isso?" Mesmo que eu não tenha chegado ainda a essa parte, desde que beijá-lo seria uma vitória em tudo por si só, percebi que nem tive que pensar.
"Se eu ganhar, eu tenho direito a um segundo beijo… e um terceiro. Afinal três parece ser o número mágico para nós." Em vez de seus lábios sorrirem, os seus dedos puxaram e trouxeram um pequeno pingente pendurado no final do seu colar de prata. Ele ficava muito bonito contra a pele dele e me peguei desejando poder ver mais.
Taehyung endireitou os ombros e eu me forcei a parar de imaginá-lo com nada além daquele colar antes de o meu pau saúda-lo.
"Eu sou realmente muito bom em apostas, só para você saber," ele disse eventualmente. "E eu nunca implorei para beijar alguém na minha vida, Jungkook."
"Você é tão bom nisso como é em concursos improvisados de encarar?" Eu dei um meio encolher de ombros e tentei manter o meu sorriso pequeno. "Não importa. Eu gosto da ideia de ser o seu primeiro, Taehyung."
Um dos lados do seu lábio se curvou.
"Divirta-se o quanto você quiser. Mas é melhor ter cuidado – isso é tudo o que estou dizendo."
"Veja, então você não tem nada a temer. Você vai estar a salvo dos meus lábios." De novo, como parecíamos estar sempre fazendo, ficamos parados encarando um ao outro por alguns segundos, ambos com um pequeno sorriso. Desta vez, Tae foi o primeiro a desviar o olhar e eu fui simpático o suficiente para não apontar isso. Agarrei a toalha que estava pendurada no meu ombro. "É melhor eu me preparar para sair. Não quero chegar tarde ao treinos."
"Você sabe que isso significa que se você me implorar para beijá-lo, vai perder também, certo?" Eu não disse nada, apenas sorri.
Eu poderia tê-lo beijado ali mesmo, mas se Taehyung não estivesse mentindo e realmente tivesse um namorado, isso não iria acabar bem e eu não era esse cara. Eu não faria o que tinham feito comigo. Eu apostaria dinheiro que não havia um atual namorado, mas havia o futebol e era muito real. Eu estava vivendo o ano mais importante da minha vida até agora e eu já tinha um horário brutal à minha frente.
O ômega assentiu, como se estivesse decidido. Depois, de repente, ele tinha o seu pulso estendido entre os nossos corpos. Eu olhei para ele.
"O que é isso?" Questionei.
"Bata aqui." Arqueei uma sobrancelha.
"Bata aqui?" Que diabos?
"Sim. vamos lá, não me deixe pendurado. Ocasionalmente os companheiros fazem toques de punhos." Quando eu não fui suficientemente rápido porque estava ocupado tentando descobrir como ele tinha entrado na minha vida sem mais nem menos e como é que eu iria sobreviver a Taehyung, ele me deu uma pequena batida no punho e inclinou a cabeça, apontando para isso com os olhos, apressando- me… para bater.
Então, eu bati no punho do meu novo amigo e não parei de rir.
O que mais eu poderia ter feito?
Depois de sair do apartamento e me encontrar com os caras, tivemos cerca de três horas de treino. Nem todos os membros da equipe estavam felizes em conseguirem as suas bundas chutadas todos os dias, mas eu não era um deles. Pelo menos o acampamento tinha acabado; tinha sido… implacável para dizer o mínimo. Mais do que um punhado de vezes, eu tinha ficado cara a cara com Kyle e Maxwell e tinha conseguido ignorá-los muito bem. No campo, eu tinha que ser o companheiro de equipe deles, mas assim que pisávamos fora da área verde, eles não existiam.
Eu estava melhorando em compartimentar.
O segundo treino acabou e nós estávamos indo em direção aos chuveiros, o suor pingando literalmente dos nossos corpos, quando Jaehyun começou com as perguntas. Durou dez minutos, mesmo durante os chuveiros e no momento em que entramos no vestiário, ele ainda não tinha parado.
"Não minta para mim, homem. Onde você está alojado?" Revirei os olhos.
"Pela centésima vez, encontrei um novo companheiro de casa. Estou bem, acalme-se." O tranquilizei.
"Onde você o encontrou?" Eu olhei para o teto e soltei um suspiro.
"Online." Disse depois de pensar por um segundo.
"Você apenas encontrou online e foi morar com algum cara aleatório? Por quê? Você é bom demais para o meu colchão de ar?" Questionou indignado.
"Eu na verdade não consigo dizer se você está falando sério ou não, mas apenas para que saiba… você ronca, cara. Tudo bem quando estamos hospedados num hotel nos jogos fora de casa – eu posso suportar por uma noite ou duas, mas por um ano…" Os seus braços estavam cruzados sobre seu peito enquanto me dava um olhar perfeito de vá se foder que ele usualmente reserva para os árbitros. O alfa continuou olhando para mim, tentando o seu melhor para pegar algo na minha expressão. A sua maldita boca ia abrir de novo, mas eu balancei a minha cabeça. "Se você for me perguntar mais uma vez, eu vou fazer você se arrepender."
"O que está acontecendo?" Seokjin perguntou enquanto andava para fora dos chuveiros vindo juntar-se a nós.
Eu puxei a minha calça de treino e sentei minha bunda de volta no banco. Jaehyun virou toda a sua atenção para o nosso quarterback titular.
"Você sabia? Porque se souber e não estiver me contando, eu juro por Deus, Seokjin…" Aparentemente ter levado uma coça no campo não tinha sido o suficiente para ele. Ele estava pedindo por uma em segundos.
Franzido a testa, Jin olhou para mim e depois para Jay.
"Do que diabos você está falando? Eu acabei de entrar."
"O lutador aqui tem um misterioso novo companheiro de casa e está sendo todo estranho sobre isso," Jaehyun anunciou.
Nem mesmo se preocupando com o levantar da minha cabeça, o alfa passou a se vestir.
"Se alguém está sendo estranho por aqui, confie em mim, é você."
"Ele não estava ficando com você?" Jin perguntou, ignorando as minhas palavras. "Eu pensei que ele estava ficando com você. Onde você está morando, cara?"
Gemendo, levantei e peguei minha camisa.
"Vocês dois estão brincando comigo, porra? Eu juro por Deus, se algum de vocês perguntar de novo onde eu estou ficando ou se estou fazendo bem, eu irei chutar suas bundas." Os adverti antes de terminar de me vestir.
"Você vê como ele está ficando na defensiva?" Jaehyun perguntou a Seokjin. "Ele ainda é…"
Ignorando-os, peguei o telefone quando ele começou a vibrar no meu bolso. Jin foi para o seu próprio armário, dois à minha direita, e começou a colocar suas roupas, o tempo todo falando com Jaehyun sobre minha 'situação'.
Eu abri as minhas mensagens e vi que era de Victoria. Ignorei, assim como tenho feito com todas as mensagens dela e empurrei o telefone de volta no meu bolso. Colocando a minha bolsa no ombro, eu andei para longe deles
"Eu já estou saindo. Se vocês já acabaram de encontrar suas bolas, podem me encontrar na praça da alimentação. Eu pulei o café da manhã por isso estou morrendo de fome." Eu virei e continuei andando os deixando para trás, atirando um olhar de morte para Jay. "Nem sequer se aproxime de mim se você está planejando fazer mais perguntas."
"Você quer ir ao In-N-Out?" Jin gritou antes que eu saísse.
Era sempre muito difícil ter cuidado com a minha dieta e especialmente, dizer não aos cheeseburgers, mas eu não queria faltar à minha aula, então desta vez era uma escolha fácil. Havia também o fato de que eu precisava ter cuidado com o dinheiro se eu queria continuar mandando algum para casa. Não ter que pagar aluguel ajudaria nisso.
"Eu não posso hoje, tenho aulas até às duas, depois uma sessão de estudo por volta das cinco. Vocês dois podem ir sem mim."
"Nós vamos vê-lo na casa do Jack hoje à noite?" Jay gritou quando abri a porta. Jack era o nosso kicker.
"Vou mandar uma mensagem para você se eu conseguir ir." Quando fechei a porta e virei a esquina, ainda podia ouvir Jaehyun gritando atrás de mim.
Eu tinha dado apenas alguns passos quando ouvi um barulho alto ecoando no prédio silencioso. Um moreno chamou a minha atenção, ele estava saindo de uma das salas de reunião no final do corredor. Eu só percebi quem era quando ele virou de perfil enquanto segurava a porta aberta para alguém. O treinador saiu em seguida, bem nos calcanhares de Taehyung. Ambos com os ombros rígidos, nenhum dos dois parecia particularmente feliz enquanto se moviam para o mais longe possível um do outro. O rosto do treinador se virou para ele e vi os seus lábios se moverem. Mesmo que eu tivesse indo na direção deles, não havia maneira de que eu poderia pegá-los antes de conseguirem chegar a entrada e saírem do complexo. Eu não notei o que Tae respondeu ao treinador, mas notei a sua postura endurecer ainda mais. Ele se virou e desapareceu dentro na sala de observação da equipe. O ômega acelerou o passo, passou pela estante dos troféus sem levantar o seu olhar do chão e saiu… sem saber que eu tinha parado de me mover e ficado ali completamente imóvel, cheio de perguntas.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
O fim de semana após Jungkook e eu termos feito a aposta passou num piscar de olhos. A sua equipe venceu o segundo jogo, o que eu soube através de Yoongi. O campus todo estava vibrando com o doce sabor da vitória. Eu? Não mesmo.
Eu tinha visto a primeira metade do jogo antes de ir encontrar Yoongi e mesmo sem saber muito de futebol – tive dificuldades em seguir onde estava a bola, quem tinha a maldita bola, quem derrubou quem, quem perdeu a bola, quem apanhou a bola, etc. – até eu consegui ver que Jungkook se tornava uma pessoa completamente diferente no campo.
Pelo menos, com o meu conhecimento limitado de futebol, pensei assim.
Os seus movimentos eram mais afiados. Ele pareceu super focado, super atraente, super agressivo – de um jeito quente, não de um jeito Hulk. Eu mencionei super atraente? O alfa estava superforte, super rápido – o cara conseguia correr – e de novo, só no caso de você não estar seguindo, super atraente. Eu estava muito agradecido como espectador. Deve ter sido o uniforme, aquelas malditas ombreiras que o fazia parecer uma besta sexy. Mesmo a pintura facial negra debaixo dos olhos que deveria fazê-lo parecer ridículo fez exatamente o oposto. Ele parecia um guerreiro naquele campo. Obviamente, eu estaria mentindo se dissesse que não era quente para caralho vê-lo jogar.
Quando Jungkook fez o seu primeiro touchdown – quarente e cinco metros correndo, segundo os locutores – eu fui apanhado pela excitação e dei um pequeno salto do meu assento com um sorriso enorme no meu rosto. Eu ri quando os seus companheiros de equipe correram para cima dele enquanto o alfa dançava um pouco com o seu quadril e eles batiam peitos e punhos – Viu? Amigos batem punhos o tempo todo. Depois eu vi o número cinco correr na direção dele – Seokjin. O alfa enrolou o braço à volta do pescoço dele enquanto eles empurravam um ao outro e o meu coração aqueceu com a visão. Quando a câmera apanhou o rosto do treinador deles enquanto ele caminhava na linha lateral, eu desliguei a televisão.
Eu definitivamente comecei a compreender a adrenalina do jogo… ah, e os uniformes… e ah, está bem, especialmente aquelas ombreiras… e talvez aquelas calças apertadas, tão apertadas que afetava todos do campus. Eu presumo que deve ser cem vezes pior se você estiver no estádio. Eu não estava prestes a me tornar um de seus fãs histéricos, mas não via problema em apenas assistir os seus jogos uma vez ou outra… você sabe, porque o alfa e eu estávamos em um bom caminho para nos tornarmos melhores amigos e os melhores amigos se mantinham a par dos interesses um do outro.
De fato, quando Jungkook estava se apressando para sair um dia destes ele até pediu o meu número de telefone e mais tarde recebi um: Olá, colega de quarto . Ao meu ver, isso significa que estávamos realmente ficando amigos. O que era exatamente o que eu queria.
Falando de amigos, quando o relógio se aproximou das oito da noite, peguei meu telefone e liguei para Jimin. Ele respondeu no quinto toque.
"Ei, Tae." Respondeu baixinho.
"Ei, você. Estou faminto. Que horas vamos nos encontrar? Você já acabou a sua sessão de estudo?" Eu estava pensando em implorar a ele para irmos comer pizza, mas eu não tinha certeza se o ômega estava numa das suas fases de dieta, graças ao namorado idiota dele por fazer comentários aleatórios sobre o peso de Jimin. Se fosse esse o caso, eu sabia que seria inútil, mas quando o ouvi suspirar do outro lado da linha, todos os pensamentos sobre comida desapareceram bem rápido da minha mente. "O que aconteceu?”
Eu perguntei com cuidado, embora eu já pudesse adivinhar.
"Eu não poderei ir hoje à noite. Sinto muito, Tae. Tenho estado ansioso por isso e não vejo você e Yoongi há dias, mas eu acho que Keith está com alguma coisa, então eu vou ter que ir para casa e verificá-lo." Estava bem na ponta da minha língua, mas Jimin se adiantou. "Antes que diga alguma coisa, ele realmente queria que eu me encontrasse com vocês, mas a sua voz soou péssima quando ele ligou, então mesmo se saíssemos a minha mente estaria nele o tempo todo."
Eu sentei a minha bunda no sofá e tirei os meus sapatos. Apenas alguns minutos antes, estava pronto e animado para encontrar com meu melhor amigo.
"Eu não iria dizer nada," resmunguei. "E entendo, claro. Você deve cuidar dele – eu faria o mesmo. Não se preocupe conosco. Eu posso encontrar com você amanhã – que tal isso? Acho que Yoongi estará livre dos seus deveres de babá, então talvez ele possa ir também. Até funciona melhor. Almoço, talvez? A minha aula não é antes das quatro." Eu podia ouvir os seus passos rápidos enquanto esperava pela resposta dele.
"Eu tenho duas aulas amanhã, uma de manhã e outra por volta das duas. Se o Keith ficar melhor até lá, podemos ir tomar um café. Tudo bem?" Segurei um suspiro.
"Qualquer coisa está bom. Você diz quando e onde e nós estaremos lá. Eu só quero ver o seu lindo rosto, Jiminie." Eu quase podia sentir o seu sorriso caloroso através do telefone. Pelo menos o seu tom era mais caloroso do que quando o ômega atendeu.
"Deus, eu sinto saudades de vocês também. Não estou nem perguntando sobre Jungkook porque preciso ouvir os detalhes de todos os dias e nós não podemos fazer isso pelo telefone – e não conte para o Yoongi sem mim. Me sinto muito excluído dessa forma e ele irá usar isso contra mim para sempre." Um pequeno sorriso tomou conta dos meus lábios.
"Está tudo bem. Os meus lábios estão selados até ver você em carne e osso, mas não se preocupe, você não perdeu tanto assim, embora no sábado após ele chegar…" O ômega me interrompeu.
"Não. Não. Você vai me contar tudo amanhã, lembra? Esta não é uma conversa de telefone. Precisamos de café e carboidratos sob a forma de bolinhos." Meu sorriso cresceu.
"Por acaso não foi assim…" Tentei novamente, apenas para ser interrompido mais uma vez.
"Oh, Tae, sinto muito, Keith está ligando. Tenho que ir. Eu vou mandar uma mensagem amanhã, está bem? Amo você."
"Okay! Eu amo você…" A linha morreu.
Gemi e deitei no sofá. Claro que Keith estava ligando. Se Jimin tivesse ignorado ele e saído comigo, o idiota teria mantido as ligações para fazer com que meu amigo se sentisse desconfortável e culpado o suficiente para voltar atrás. Eu espero que ele esteja mesmo doente e em sofrimento real.
Eu suspirei e mandei uma mensagem rápida para Yoongi.
Eu: Jimin não pode sair. Aparentemente, Keith está com alguma coisa.
Yoon: Idiota!
Yoon : Keith, não Jiminie.
Yoon: Você pode vir aqui e deixar a Myeon te maquiar, se você quiser.
Eu : A sua mãe está com o turno da noite de novo?
Yoon : Sim. Você vem? Eu prometo não postar os resultados da sua transformação nas redes sociais desta vez.
Eu : Não, obrigado. Ter a maquiagem feita por uma criança de cinco anos foi uma coisa de uma vez só. Isso está fora da minha lista de desejos. Eu nunca cometerei o erro de adormecer quando ela estiver no mesmo quarto que eu de novo.
Yoon: Oh, mas nós trabalhamos tão arduamente para fazer você lindo.
Eu: Eu vi o quanto você trabalhou e assim como todos.
Yoon: Você vem?
Eu: Eu vou ficar em casa e estudar. Café amanhã?
Yoon: Sim ao café. Dê a Jungkook um beijo de boa noite por mim.
Eu sorri. Aquele pequeno cretino!
Levantei o meu telefone e tirei uma foto rápida mostrando a ele o dedo do meio com um sorriso doce, eu enviei e, minutos depois, recebi uma do alfa e sua irmã. Yoongi fazia uma careta e cobria os olhos dela com as suas mãos.
Myeon faria picadinho dele. Ela não era só hiperativa, ela não era como as outras pessoas que precisavam dormir para funcionarem. Ela também era um pequeno diabo com um rosto de anjo. Pelo menos o alfa iria sofrer e saber disso me dava um pouco de satisfação.
Dar um beijo de boa noite em Jungkook, eu acho que não. Eu era feito de material mais resistente e sabia que o alfa tinha um jantar com a equipe e um grupo de estudo porque eu o ouvi conversando com o seu amigo pelo telefone. Eu não tinha certeza se era Seokjin ou não e não era como se eu pudesse perguntar, mas sabendo que ele não estaria em casa tão cedo, me deixou confortável. Estava um calor insuportável e por isso eu usava apenas meus shorts pretos da Nike enquanto estudava na sala de estar e trouxe o meu laptop para fazer estudar. Se eu pudesse encaixar alguns retoques das últimas fotos que eu tinha feito para o blog de moda da Leah antes de ir para a cama, seria ainda melhor. Do jeito que as coisas estavam indo com o meu trabalho de fotografia, tinha um pressentimento de que poupar para sair ao final do ano não seria um problema tão grande quanto eu esperava.
De frente para as janelas, me sentei no chão, espalhei tudo na mesinha de centro e comecei a trabalhar. O único intervalo que fiz foi para pegar uma banana e um pedaço de torrada ligeiramente queimada que restou do café da manhã. Foi uma grande desilusão depois de imaginar comer uma deliciosa pizza, mas o que um homem pode fazer?
Foi por volta das nove horas quando os meus olhos começaram a ficar pesados com o trabalho da escola, que coloquei os meus fones nos ouvidos e mudei meu foco para o Photoshop para trabalhar na montagem das fotos de moda. A música alta que coloquei manteve-me acordado e eu fui capaz de me desligar de tudo com exceção das fotos de Leah que estavam na tela.
Isto era o que eu amava fazer. Claro, às vezes eu passava mais horas em frente ao meu computador do que atrás da lente, mas era assim que funcionava. Se tudo corresse de acordo com o planejado, eu esperava que a fotografia fosse o meu futuro. Não precisavam ser fotos de moda, por assim dizer, mas enquanto estivesse usando uma máquina fotográfica, capturando diferentes rostos, emoções, memórias, momentos… batidas de coração, eu sabia que ficaria bem.
A certa altura, o Spotify começou a tocar Gorilla G-Mix do Bruno Mars com o Pharrell e o R. Kelly, e em pouco tempo, eu estava cantarolando a letra com todo o meu coração porque era uma das minhas melhores músicas para o sexo. Todo mundo tinha essas, certo? Eu nunca fiz sexo enquanto estava tocando – seria estranho no mínimo – mas quando eu a ouvia, eu definitivamente poderia ver acontecer se eu fechasse os meus olhos.
No mínimo, sempre trazia o meu lado stripper à tona. Era estranhamente sexy, ou talvez fosse apenas sexy para mim porque eu era estranho? Pode ter sido este último. Apenas Yoongi e Jimin sabiam da minha estranha obsessão por sexo no estilo R&B hip-hop. Ainda cantando, sentado no chão, deixei cair a minha cabeça nas almofadas do sofá, estendi os meus braços e fechei os olhos. Os meus quadris se moviam de livre vontade, eu cantei a coisa toda, até fiz os sons de um gorila, como se a letra não bastasse. Você pode adivinhar para onde eu estou indo com isto, certo? Porque é de mim que estamos falando aqui.
Quando os meus olhos se abriram preguiçosamente, Jeon Jungkook estava olhando para mim de cabeça para baixo. Fechei os meus olhos, abri de novo… tentei de novo para ter certeza… mas ele não foi a lugar nenhum.
Quando eu o vi pela primeira vez olhando para mim, tinha pensado e esperado que eu tivesse acabado o invocando porque me sentia… de uma determinada maneira. Ver o alfa fazer flexões e abdominais não era algo fácil de apagar da mente, afinal de contas. Observando a ondulação dos seus músculos debaixo daquela pele lisa que implorava para você tocar, chupar e lamber, para fazer todas as coisas que você não podia e não deveria e não faria com um amigo. Com os meus olhos fixos no teto, deixo escapar um longo suspiro. Ele ainda não disse uma palavra. Alcançando os meus fones, eu os tirei e a próxima música que começou a tocar lentamente se afastou, levando a voz de Drake para longe. O apartamento estava completamente em silêncio. Você poderia deixar cair um alfinete no chão do meu quarto e eu teria ouvido de onde estou sentado.
O rugido dos meus ouvidos começou a diminuir até que apagou praticamente tudo. Parecia que o meu coração estava batendo no meu cérebro com batidas do ritmo. Sentindo-me um pouco tonto de vergonha, eu sentei e o mundo se consertou sozinho. Mordendo o meu lábio inferior, agarrei a minha camisa de cima do sofá e a vesti rapidamente, e então segurei meu notebook com os meus dedos suados, fechei e coloquei os meus fones gentilmente em cima dele. O meu rosto deve ter passado por todas as cores do arco-íris até esse momento.
"Você pode falar," engasguei num tom muito baixo.
Eventualmente, o alfa entrou na minha linha de visão e ficou ao lado do sofá gigante de couro que foi feito para relaxar. Eu fiquei olhando para frente, para fora da janela, mas podia ver os seus lábios se contorcerem na minha visão periférica. Jungkook limpou a garganta e eu mordi o meu lábio inferior com mais força.
Eu nunca poderia ganhar com este cara?
O alfa sentou no braço largo do sofá e eu me mexi e puxei as minhas pernas para baixo de mim, me sentindo vulnerável.
"Eu ouvi você quando estava subindo as escadas," ele admitiu. Assenti, ainda mantendo o meu olhar longe dele. Eu tendia a esquecer o meu volume; o prédio inteiro provavelmente estava ouvindo. "Eu entrei e chamei pelo seu nome, mas você parecia estar muito envolvido. Eu não queria assustá-lo, então eu… esperei."
"Você estava… uh, estava aí olhando à muito tempo?" Houve uma longa pausa então a sua voz saiu baixa e profunda.
"Eu acho que ouvi… Daddy, this is yours , em algum momento? Isso me parou por alguma razão. Vamos dizer que foi um pouco antes disso." Okay, então, Jungkook viu eu me contorcer no meu lugar também.
Ainda evitando os olhos dele, assenti e levantei. Eu queira muito chorar. Ele se levantou comigo.
"Eu apenas estou indo me atirar do prédio agora," murmurei, abaixando a minha cabeça e tentando passar por ele.
Eu sabia que não seria fácil, mas eu não estava esperando uma corrente elétrica percorrer o meu corpo quando a sua grande mão circulou o meu pulso em uma tentativa de me impedir. Meu pulso ficou quente onde o alfa estava me tocando e por todo o caminho até ao meu braço. A minha mão contraiu, mas ele conseguiu o que queria. O meu corpo ficou imóvel e eu esperei que o alfa começasse a rir ou fazer piada de mim a qualquer momento. Na minha mente, eu sabia que Jungkook não era assim, sabia que ele não iria querer me envergonhar, mas ele ainda acharia isso, continuaria a contar aos amigos sobre seu estranho colega de quarto. Eu não estava envergonhado porque ele me pegou cantando, mas cantando aquela música?
"Você pode olhar para mim, Tae?" Quando nada aconteceu, os meus olhos se levantaram até à sua testa e eu vi as suas sobrancelhas se formarem lentamente em uma carranca. Eu pisquei e no segundo seguinte ele estava me puxando em direção à pia da cozinha. Soltando o meu pulso, Jungkook arrancou um pedaço de papel e o passou por baixo da água até que estivesse encharcado. Quando o alfa se aproximou de mim, arqueei para trás e me certifiquei de que a minha cabeça estivesse fora do seu alcance. A sua carranca ficou cada vez mais profunda, ele estendeu a mão e a enrolou na volta do meu pescoço para me manter no lugar. Aparentemente, eu ainda estava fora do alcance. "Quieto," ele ordenou, o seu tom praticamente beirando a raiva. O que eu fiz, exceto me envergonhar de novo? Quando os seus olhos vagaram para os meus, por um breve momento, eu desejei que ele pudesse ser um pouco menos atraente, isso iria me ajudar a agir normalmente perto dele. Até o seu nariz ligeiramente torto estava adicionado ao fascínio. "O seu lábio está sangrando," ele murmurou, quase para si mesmo.
Ah, então esse era o gosto amargo que eu tinha engolido – e eu aqui pensando que era o sabor amargo da humilhação.
"Na verdade, os meus lábios ficam secos às vezes." Quando o papel húmido tocou o meu lábio inferior, estremeci e, reflexivamente enrolei a minha mão em torno do seu pulso para detê-lo. A sua mão ficou imóvel. Eu estava muito ferrado até o seu antebraço parecia sexy para mim, as veias visíveis na sua pele. Havia também os pelos do braço que eu ainda podia sentir na minha pele se fechasse os olhos e lembrasse o dia em que eu o ataquei no apartamento, e então a sua mão grande com os seus dedos grandes e fortes gentilmente tocaram o meu lábio, me tirando dos meus sonhos acordados.
Meus olhos encontraram os dele.
"Desculpe," Jungkook murmurou, a sua voz baixa, tão baixa que meu coração foi do zero ao sessenta em dois segundos.
Não olhe nos olhos dele, Taehyung. Não faça isso.
"Eu sinto muito," murmurei timidamente enquanto puxava a minha mão para baixo. O alfa girou o seu pulso uma vez como se eu o tivesse machucado, limpou a garganta e retomou a limpeza do meu lábio. Eu deixei, gostando abertamente da atenção que estava recebendo. Okay, talvez não tão abertamente, mas pelo menos eu não fiz nada estúpido - ainda. Quando Jungkook terminou, enrolou o papel e o jogou no lixo. Os meus olhos seguiram, e se eles não me estivessem enganados, não havia muita coisa nele, apenas um ponto de rosa, então o que havia com a ajuda repentina de primeiros socorros? "Por que é que você sempre me vê no meu pior momento?" Perguntei, esperando que ele tivesse uma resposta para mim, porque eu não conseguia me lembrar de nada. Me esforcei para encontrar algum lugar para colocar as mãos - no meu peito? Na ilha? Nas minhas costas? Nele? "Quero dizer, ser pego cantando nunca é a melhor sensação, já que é um momento privado, mas eu também estava seminu e dançando, presumo que tenha visto, o que eu acho que é estranho quando você está fazendo isso enquanto está sentado, mas ainda assim conta. No topo de tudo, essa música? Por que você não entrou quando eu estava cantando Ed Sheeran ? Eu não soo tão mal quando estou cantando uma de suas músicas. Ser apanhado por você, durante essa música?" Com cada frase, a minha voz saiu como um guincho. "Não importa." Eu lentamente andei em torno dele e me dirigi para o corredor. "Alguma chance de você não gozar comigo por isso?"
"Tae…" Jungkook começou quando eu consegui chegar quase à entrada do corredor, mas antes que ele pudesse acabar o que quer que estivesse prestes a dizer, a energia caiu, envolvendo-nos na escuridão. "Mas que diabos?"
Mas que diabos, de fato. Houve uma longa pausa de oito segundos, onde ficamos congelados, esperando que a energia voltasse.
"Uh…" eu gemi, já entrando em pânico. "Eu vou dizer uma coisa, mas você não pode rir."
"O quê?" Jungkook perguntou distraidamente. Ele já havia se afastado da pia da cozinha e estava indo em direção às janelas, pelo menos era de onde vinha sua voz.
Eu limpei a minha garganta e enrolei um braço no meu estômago.
"Poderia ser um ladrão, talvez? Ou ladrões, no plural? Mais de um? Mais de três? Eu fiquei aqui também no último semestre e houve uma série de assaltos na vizinhança. Eles podem ter cortado a energia ou algo assim para ser mais fácil de arrombar. Estamos sendo roubados, eu acho. Eu vi esse filme uma vez com meu pai, onde..." eu parei observando que alguns prédios à nossa volta também perderam a energia e a luz da lua que entrava pelo apartamento tornou possível ver a silhueta de Jungkook voltada para mim. Em vez de responder, ele abriu uma janela para verificar a rua.
"Sim, o quarteirão inteiro está apagado. Está tudo bem, Tae. Eu…" O alfa tentou me tranquilizar.
"Na verdade, eu não sou a maior fã de apagões.” Eu disse pensando no que fazer. “Sabe teve um outro filme...”
"Eu acho que você deveria ir com calma com os filmes." Jungkook disse, me interrompendo.
"O quê?" Era diversão que eu estava ouvindo na sua voz? "Você está mesmo rindo agora?"
Eu ouvi uma risada baixa, mas antes que pudesse responder, o universo decidiu embrulhar tudo com um pequeno laço vermelho. A sala começou a girar e eu olhei para os meus pés em confusão. Eu estava ficando tonto? Ainda sem entender nada senti o prédio começar a tremer, e meu olhar horrorizado voou para a sombra do meu companheiro de quarto.
"Jungkook," eu sufoquei em pânico, um tremor intenso na minha voz.
Dois segundos.
"Está tudo bem. Isso vai passar." O alfa afirmou.
Três segundos.
Eu me virei e foquei o meu olhar na direção onde a porta ficava. Fugir ou ficar? Fugir ou ficar?
Quatro segundos.
"Jungkook," eu engasguei novamente, desta vez mais alto e mais urgente enquanto eu me balançava para frente. Meus pés estavam morrendo de vontade de correr - para a porta, para o alfa, para qualquer lugar, na verdade - e me refugiar, mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia me mexer um único centímetro. Envolvi os meus braços trémulos à minha volta.
Vai parar.
Eu ouvi passos.
Juro por Deus, se ele fugir e me deixar para trás, eu irei...
Cinco segundos.
Seis segundos.
O terremoto parou no exato momento em que senti a frente de Jungkook nas minhas costas e a sua mão curvada no meu ombro.
"Isso foi estranho, mas acabou," o alfa disse casualmente, mantendo a mão sobre mim. O meu coração começou a fazer essa coisa estranha que nunca havia feito antes, batidas grandes e poderosas em câmera lenta. Eu nem percebi que estava prendendo a respiração durante a coisa toda até que finalmente a libertei. O meu corpo começou a tremer quando respirei fundo e deixei o ar passar pela minha boca. Foi aí que Jungkook colocou a outra mão no meu braço esquerdo e começou a esfregar para cima e para baixo. "Você está gelado."
Sim, os mortos geralmente são gelados , pensei, mas guardei para mim mesmo. Eu não pude sequer dar uma resposta enquanto lutava para manter minha respiração sob controle. Meia hora antes, eu diria que estava muito quente quando estava cantando. Agora, enquanto as mãos de Jungkook se moviam nos meus braços, não sentia nada além do frio penetrando minha pele. Os seus polegares deslizavam sob a minha t-shirt sempre que ele se deixava levar.
"Nós precisamos sair. Precisamos sair, agora mesmo." Eu me mexi para correr para fora da porta, mas as mãos dele me pararam antes que eu pudesse dar mais do que alguns passos.
"Espere, espere um segundo." Ele agarrou os meus cotovelos e me virou para encará-lo.
"Precisamos sair," eu repeti, respirando pesadamente.
Mesmo estando tão perto dele, eu não conseguia ver os detalhes do seu rosto, mas pelo jeito que a cabeça dele estava inclinada, eu sabia que seu olhar estava em mim.
"Está tudo bem, Tae. Não foi um dos grandes." Arregalei os olhos para a fala dele.
"Quem disse que o próximo não será?" As suas mãos começaram a se mover novamente, dos meus pulsos, sobre os meus cotovelos, e para cima, mais e mais, num ritmo bem mais lento desta vez.
"Estamos bem onde estamos." Nós estávamos, mesmo? Realmente, estávamos? Eu não pensava assim, não com a maneira como os arrepios brotavam na minha pele, onde suas mãos estavam se moviam para cima e para baixo.
Depois de alguns segundos olhando para a forma escura de sua cabeça, eu abaixei a cabeça e suspirei. Havia magia em suas mãos e o seu calor começou a me aquecer. Elas não eram macias, não como o as do meu último namorado eram. Ele usava mais creme para as mãos do que eu, o que era bom, mas as mãos de Jungkook - elas arrastavam na minha pele da melhor forma possível. Eu sabia que me lembraria da sensação delas. Ele era meio que inesquecível.
"Eu tenho muito medo de terremotos," eu sussurrei, apenas no caso dele não ter notado.
"Acabou agora. Estamos bem." O alfa disse com a voz baixa.
"Realmente tenho muito medo deles, Jungkook. Por que a energia ainda não está de volta? Caiu por causa do terremoto?" Eu ainda estava sussurrando. Incapaz de me conter, dei um passo na direção dele. Eu estava talvez a meio passo de realmente ficar perto dos pés dele, o meu rosto apenas a centímetros de seu peito. Me arrastando para mais perto não era um grito por um abraço, mas quando as suas mãos se afastaram dos meus braços e um frio ficou no seu lugar, me senti como se fosse um completo idiota, um completo idiota que sabia que era um idiota, mas ainda não conseguia encontrar nisso a distância da segurança do grandalhão da sala.
Eles sempre diziam que você deveria se cobrir perto de coisas fortes e resistentes, certo? Bem, Jeon Jungkook era muito forte e resistente. Então eu senti uma grande palma na base da minha coluna, que puxou um suspiro silencioso de algum lugar nas profundezas do meu ser e me causou um arrepio muito pequeno, que fez seu caminho pelo meu corpo. Sua mão começou lentamente a subir nas minhas costas como se ele não tivesse certeza se estaria tudo bem em me segurar. Isso foi o suficiente para responder a uma pergunta que eu nem estava pensando em perguntar. Eu não esperei pela confirmação vocal, apenas enterrei a minha bochecha no seu peito duro como pedra e segurei a minha respiração. O seu outro braço chegou ao meu redor e descansou nas minhas costas, um pouco mais alto do que o outro, e eu senti que estava tudo bem fechar os olhos. Ele faria tudo ficar bem.
"Provavelmente foi apenas uma coincidência e não tem nada a ver com o terremoto." Os meus braços ainda estavam em volta do meu estômago, então quando Jungkook gentilmente me puxou para mais perto do seu corpo, fechando aquele pequeno espaço entre nós, os meus braços se separaram e eu levantei uma mão para descansar no seu peito, bem ao lado do meu rosto e agarrei a sua camisa na altura da cintura com a outra.
Ele era um pouco inseguro, um pouco estranho. Bem, talvez ele não estivesse tão estranho quanto o melhor abraço que eu tive em algum tempo. Vamos chamá-lo de o melhor meio abraço, talvez, porque não era como se ele estivesse esmagando a vida fora de mim. Esse seria o abraço perfeito. O abraço era muito descontraído, mas ainda assim era um abraço, e ainda era apreciado. E querido Deus, o seu toque era quente e forte. Seu cheiro era diferente, vertiginoso, algo quente e picante, talvez uma pitada de cedro. Basicamente era mágica.
Era atrevido demais dar um abraço assim em um amigo? Se estivéssemos sendo honestos, chamá-lo de companheiro ou amigo estava esticando um pouco a verdade, mas eu iria parar ou recuar? Não, nunca na vida. Se este fosse um dos grandes na Califórnia e o prédio fosse cair, eu iria estar nos braços deste cara.
Com a nossa proximidade, eu podia ouvir o seu forte batimento cardíaco. Tentei manter o meu foco nesse ritmo e combinar a minha respiração com isso, forte e firme. Quando eu a tive sob controle, soltei outro suspiro profundo.
"Você deve pensar que eu sou louco," murmurei no seu peito.
Houve um tremor secundário quatro segundos logo após o final das minhas palavras. Era menor que o anterior, mas mesmo assim era perceptível. Eu enterrei a minha testa no seu peito e gemi.
"Shhh, tudo bem. Você está bem. É apenas um pequeno tremor." Engoli o nó na garganta e fechei os olhos com mais força dessa vez, a minha mão se curvando num punho. Os braços dele não estavam mais se movendo, mas Jungkook também não tinha me soltado. "E eu não acho que você é louco. A minha mãe também não é fã de terremotos."
"Sim? Ela também iria saltar para os braços de um estranho?" O seu peito se moveu com uma risada silenciosa.
"Eu pensei que éramos amigos. Quando eu fui de melhor amigo para estranho nesse cenário? E para responder à sua pergunta, ela não chegaria a pular nos braços de um estranho porque o meu pai estaria bem ao lado dela, pronto para pegá-la se ela decidisse desmaiar ou qualquer coisa. Ela sempre se agarra à mão dele como se sua vida dependesse disso." A sua história me ajudou ainda mais a relaxar.
"Ela já desmaiou por causa dos terremotos?"
"Felizmente ainda não aconteceu, mas eu não ponho essa hipótese de lado. Embora, ela sempre nos ameace com isso." Esperei um momento antes de falar de novo.
"Os cientistas esperam que um grande terremoto atinja a Califórnia, certo? A energia ainda não veio e eu sinto que algo ruim vai acontecer. E se for isso?" Jungkook riu por alguns segundos, e eu pude sentir as vibrações através do seu corpo.
"Você tem algum arrependimento? Talvez alguém que você gostaria de pedir um beijo antes de uma morte prematura?" O alfa me surpreendeu o suficiente para que eu inclinasse a cabeça para olhar para ele. Graças ao novo ângulo em que estávamos, era mais fácil distinguir as suas feições no escuro, e definitivamente podia ver o sorriso brincalhão no seu rosto.
"Sim, boa tentativa, mas eu não penso assim. Eu te disse que eu sou feito de material duro quando se trata de apostas. Eu não vou desistir tão facilmente, se o prédio realmente começar a desmoronar, todas as apostas estão fora e provavelmente vou tentar rastejar direto em você." Desta vez o seu riso foi audível.
"Okay, vou me certificar de estar pronto para isso." Pensando que ele deve ter começado a se sentir estranho ou desconfortável me segurando, eu soltei a minha mão do seu peito e dei aquele meio passo para trás de novo. Assim que os seus braços me soltaram, a temperatura do meu corpo começou a diminuir.
"Como você está tão calmo de qualquer maneira? Você nunca assistiu 2012 ou ao San Andreas ? Acabei de revê-los na semana passada, então acho que isso não está realmente ajudando no momento." Era uma porcaria que eu podia sentir exatamente onde as suas mãos tinham segurado o meu corpo, isso me fez ciente do fato de que elas não estavam mais ao meu redor.
"É por isso que você tem tanto medo de terremotos? Por causa dos filmes?" O alfa questionou.
"Quem no mundo não teria medo de terremotos? Como posso não me assustar com a ideia de ficar esmagado debaixo de um edifício?" De repente, minha mão estava na de Jungkook e ele estava olhando para ela como se não tivesse certeza de como isso aconteceu quando foi o alfa quem apegou em primeiro lugar. A sua mão apertou a minha uma vez, duas vezes, e o meu ritmo cardíaco aumentou. Merda. Lentamente, como se a minha mão tivesse uma mente própria, estiquei os meus dedos e os liguei ao redor dos dele. Parecia exatamente o que Jungkook estava esperando, porque antes que eu pudesse processar as borboletas no meu estômago, o alfa estava me puxando para o sofá.
"O que você está fazendo?" Questionei, seguindo-o.
"Os meus pés estão me matando, Tae. Eu tive um dia longo, e então a sessão de estudo foi mais longa do que eu esperava, e eu tive que ir para a sala de musculação antes de vir para cá. Estou exausto, por isso temos que nos sentar." Oh .
"Eu sinto muito," murmurei quando ele afundou no sofá com um suspiro pesado e me puxou para baixo ao lado dele. "Eu deveria levantar e procurar uma vela ou algo assim," murmurei e puxei a minha mão, tentando me afastar.
Ao invés de me deixar ir como eu esperava, o alfa girou a minha mão na sua então enroscou os seus dedos nos meus, palma com palma. Sentado num ângulo estranho, eu olhei para as nossas mãos, sem saber o que estava acontecendo. Jungkook as levantou e colocou as costas da minha mão em sua coxa. Eu fiquei tenso. Deixando cair a cabeça no encosto do sofá, o alfa se deslocou um pouco mais.
"Fique. Vamos relaxar por um minuto. Me faça companhia. A energia voltará a qualquer momento." Fazer companhia com a sua mão entrelaçada na minha? Claro, por que não? Para quê sermos amigos se não for por isto? Eu já mencionei que eu sou um idiota, certo? Eu estava realmente feliz por ele não ter decidido voltar para o seu quarto para dormir, então me mexi no meu lugar, me inclinei para trás e fiquei confortável ao lado dele. "Ah, e Tae, chega desses filmes por um tempo, sim? Talvez seja melhor assistir a algo que não vá te assustar. Você disse que gostava de filmes de animação - esses devem ser o suficiente."
"Esses geralmente me fazem chorar," eu murmurei sob a minha respiração quando virei os meus olhos para ele. "Eu acho que…"
Quando não continuei, Jungkook virou a cabeça para mim. Nossos olhos se encontraram ao luar e eu voltei o meu para o teto de novo.
"Eu acho que… tem algo a ver com você. Eu não me comporto como um louco ao redor de mais ninguém.” Eu disse, correndo para acrescentar quando senti sua mãe apertar a minha levemente. “Não me entenda mal, eu posso chegar perto, mas não uma vez atrás da outra, não assim."
"Então, o que você está dizendo é que eu sou um amigo especial, hein?" Olhei para ele pelo canto do olho e vi que o alfa ainda estava olhando para mim. Eu olhei para a sua têmpora. Fiquei em silêncio e Jungkook finalmente afastou a cabeça. "Eu gosto disso," murmurou em voz baixa, e eu pensei que era seguro olhar de novo.
Os seus olhos estavam fechados, então os meus finalmente tiveram carta branca para percorrer cada centímetro de seu rosto para o prazer do meu coração. Ele gemeu e arqueou as costas, ficando mais confortável. Eu não poderia dizer a mesma coisa sobre mim, mas eu também não me mexi do meu lugar. A alternativa não era apelativa. Senti algo tocar na minha perna e, quando olhei para baixo, vi a coxa de Jungkook – que, segundos antes, não estava perto – pousando levemente contra a minha.
"O seu dia foi bom?" Eu perguntei quando ele ficou em silêncio.
"Sim. Longo, mas foi bom. O seu?" Questionou, letárgico.
"O mesmo. Eu estava trabalhando antes de você entrar, então talvez eu deva voltar a isso até que a energia volte e deixar você dormir - embora eu tenha que te acordar se houver outro terremoto." Uma risada baixa lhe escapou.
"Ah sim?" O estrondo na voz dele me deixou sem palavras. Fechei os meus olhos e segurei um gemido.
"Apenas dando-lhe um aviso justo, isso é tudo." Respondi, suavemente.
"Sinta-se à vontade para me acordar sempre que quiser. Eu não me importo." Eu não ia comentar sobre isso. "Ei, Tae?" Ele perguntou, sua voz em algum lugar entre rouca e sonolenta, mais forte no lado rouco.
"Sim?" Resmunguei, não parecendo tão sexy quanto ele. Eu ainda estava tentando me recuperar do que a voz dele estava fazendo comigo.
"Onde está seu namorado agora?" Endureci e tentei puxar a minha mão para longe da dele, mas eu não consegui me soltar.
"Por que você está perguntando?" Questionei, tentando não ficar na defensiva.
"Ele sabe que você tem medo de terremotos, certo? Se ele é seu namorado, ele sabe. Eu apenas pensei que ele ligaria para ver como você está agora. Se você fosse meu namorado, obviamente eu estaria no meu caminho tentando te alcançar."
"Eu lhe disse que é complicado." Você é um pedaço de merda, Tae.
"Okay. Se você diz. Eu só estava perguntando." O alfa deu de ombros e eu não conseguia afastar a sensação de que muito em breve ele descobriria que não existia namorado nenhum.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
"Tae? Posso pedir a você um grande favor?" O ômega estava sentado no pequeno tapete em frente à mesa de café, parecia que era o seu lugar favorito quando ele estava trabalhando no notebook. Se Taehyung estivesse vendo um filme, a sua preferência era diferente: aconchegar-se no grande sofá de couro.
"Qual é o tamanho?" Ele perguntou, o seu olhar ainda focado na tela e na foto em que estava trabalhando. Com suas palavras, meus lábios se esticaram em um grande sorriso. Quando não respondi rápido o suficiente, o ômega levantou os olhos para encontrar os meus. Ele deve ter entendido a razão do meu sorriso porque suas bochechas ficaram rosadas e ele respirou fundo. "Quantos anos você tem mesmo?"
Eu ri e abri a geladeira para pegar um pouco de suco de laranja.
"É grande, mas não tão grande que você não possa lidar com isso." Tae voltou para o se concentrar no notebook.
"Eu já vi, lembra? Não é tão grande assim. Claro, parece impressionante desde que você é um chuveiro, e se bem me lembro, eu já felicitei você por isso. Embora, eu não acho que possa ficar maior, o que me leva de volta a... não tão grande." Eu estava olhando para ele chocado em silêncio com a caixa de suco ainda na minha mão. Taehyung geralmente tem esse efeito em mim, então não era novo, mas ainda assim me pegava toda vez. "Não que eu me lembre vividamente," ele murmurou em uma reflexão tardia. "O quê?" Explodiu quando viu o olhar no meu rosto.
"Uh, Tae, eu estava falando sobre o favor que queria pedir – tipo, é um grande favor, mas nada que você não possa lidar." Os seus lábios se separaram.
"Oh." O ômega limpou a garganta. "Você vai ignorar as palavras que eu acabei de dizer. Você não ouviu nada disso."
"Claro. Para que servem os amigos?" Sorri e servi um pouco de suco. "Você quer um pouco?"
"Não, obrigado. Então, qual é esse favor?" Nos dias após o seu pequeno surto de terremoto, tínhamos nos tornados mais próximos, um pouco mais como amigos de verdade - não companheiros, exatamente, mas amigos. Ele ainda estava tendo problemas para encontrar os meus olhos, mas a quantidade de tempo que passava olhando para o meu queixo ou ouvido enquanto falava comigo diminuiu. Além disso, mesmo que só nos víssemos de passagem, e alguns dias nem sequer por mais de dez minutos, quanto mais tempo passava, mais eu aprendia sobre ele.
Era ótimo. Eu gostava que Taehyung estivesse se abrindo pouco a pouco todos os dias - além do fato de que eu ainda não tinha certeza sobre a situação do namorado. Eu estava tendo problemas em obter uma leitura do ômega. Ele tinha telefonemas secretos, sussurrando para ter certeza de que eu não conseguiria ouvir nada, mesmo quando não estava no mesmo espaço que ele, mas poderia facilmente ser um de seus amigos. Ainda assim, eu tinha as minhas suspeitas, mas isso era tudo o que elas eram - suspeitas - e eu esperava que algumas delas realmente fossem apenas isso.
Até ter certeza absoluta, eu não conseguiria roubar o beijo que ele me devia, e ao ver o quão seriamente o ômega estava levando a nossa aposta, eu acho que ele também não vai ceder tão cedo.
"Estou atolado hoje. Preciso me encontrar com um dos meus treinadores para discutir se ele pode me ajudar a me preparar para o draft. Seele puder, teremos que fazer um cronograma. Depois disso, tenho uma reunião de equipe, depois eu tenho uma aula e outro grupo de estudos logo depois. Eu preciso pegar algumas coisas para a semana, como macarrão, frango e alguns outros mantimentos, então se você tiver tempo, poderia me ajudar com isso? Eu ficarei lhe devendo uma."
"Você quer que eu faça compras?" Taehyung perguntou se virando para me olhar.
"Se você tiver tempo. Estou basicamente sem nada de qualquer coisa, e esta semana já vai ser louca, como é quando há jogo, então não parece que terei a oportunidade de fazê-las eu mesmo. Eu lhe darei meu cartão de débito se você disser que pode fazer isso." O ômega torceu a cintura para se virar ainda mais para mim.
"Eu tenho laboratório de fotografia às duas e meia, mas estou livre entre as quatro e as oito. Estava planejando mandar uma mensagem para Yoongi e Jimin para ver se eles estavam livres para sair, mas eu posso conseguir o que você quer depois da minha aula."
"Você tem certeza? Se você já fez planos, posso pedir a um dos..." Ele sorriu pra mim.
"Está tudo bem. Eu amo fazer compras de supermercado, posso fazer as minhas compras semanais um pouco mais cedo – dois coelhos com uma cajadada só. Eu também amo lista de compras. Você tem uma lista para mim?" Seus olhos brilharam, eles estavam mais puxados para o verde hoje.
"Eu tenho." Sorri e enfiei a mão no bolso para pegar o meu cartão de débito e a lista pequena que fiz antes. Eu os coloquei na ilha de mármore bem na minha frente. "A senha é 7532."
Seu rosto se iluminou com um sorriso brincalhão.
"Você não tem medo que eu robe todo o seu dinheiro e fuja?" Questionou.
"Eu estou praticamente falido, e mesmo se você roubasse os cerca de cem dólares, eu tenho receio que não chegaria assim tão longe." Isso me lembrou que eu precisava de alguma forma lidar melhor com a minha agenda e conseguir algumas horas de trabalho no bar do Jimmy. Não só o meu dinheiro estava diminuindo, como eu também precisava mandar algum de volta para casa, só para ajudar um pouco.
Seus olhos suavizaram.
"Eu não vou roubar o seu dinheiro." Sorri para Taehyung e não pensei antes de falar.
"Eu sei que você não vai, baby." Eu consegui segurar o seu olhar por alguns segundos a mais do que o nosso habitual, antes que Tae limpasse a garganta e voltasse ao seu trabalho. Talvez o baby não tenha sido a melhor escolha de palavra, mas agora eu não poderia voltar atrás. "Você disse que está livre entre as quatro e as oito, certo? Você tem um grupo de estudo às oito?" Talvez eu pudesse lhe agradecer com uma pequena surpresa.
Eu observei seus ombros endurecerem.
"Não exatamente. Por quê?" Taehyung questionou.
"Eu acho que estarei de volta em casa em torno das nove, pensei que talvez pudéssemos assistir a um filme juntos ou algo assim. Eu não te vi muito esta semana." Coloquei as palmas das mãos no balcão e esperei pela resposta dele.
Demorou um pouco mais do que eu esperava, Taehyung ainda estava tenso e dessa vez não se virou para me olhar.
"Eu não tenho certeza quando vou voltar. Eu... uh... eu tenho um... Encontro hoje à noite." Muito bem.
"Você tem um encontro." Quando repeti as palavras, nossos olhos se encontraram por um segundo quando Taehyung olhou para mim por cima do ombro, mas ele foi rápido em desviar o olhar.
"Sim. Eu não acho que vou chegar tarde, mas você vai para a cama bem cedo nos dias de semana, então não tenho certeza se você ainda vai estar de pé quando eu voltar." Seus olhos levantaram e depois caíram novamente. "Pode ficar para outra hora? Este fim de semana, talvez?"
"Eu não vou estar aqui este fim de semana. Nós temos um jogo fora." Ele assentiu.
"Oh. Ok." Okay?
"Então eu acho que te vejo mais tarde. Divirta-se no seu encontro." Ou não , eu pensei. "Obrigado por me ajudar hoje. Eu lhe devo uma."
Seus lábios pressionaram juntos enquanto ele assentia.
"Eu tenho dez minutos antes de ter que encontrar o meu treinador, então vou ter que correr." Engolindo o meu suco de laranja, comecei a olhar em volta nas gavetas pela minha última barra de proteína. Suspirei. "Tae, você viu a minha barra de proteína? Deixei no balcão esta manhã."
"Sim, eu coloquei no armário ao lado das tigelas, a próxima do frigorifico." Fazia semanas desde que eu me mudei, mas ainda não sabia onde estava tudo na cozinha. Eu sabia onde vasilhas e as panelas ficavam, as canecas e copos, e as colheres e garfos, mas era aí que meu conhecimento terminava, mesmo que eu já tivesse feito o jantar lá uma ou duas vezes. Normalmente comia com a equipe, já que tínhamos os nossos próprios cozinheiros, mas se eu estivesse em casa cedo, eu não ia voltar a sair de casa só para poder jantar com os outros.
Uma outra coisa que eu aprendi sobre Taehyung era que o ômega odiava ter coisas por aí. Eu não o chamaria exatamente de organizado, porque tinha visto o estado de algumas das gavetas, mas parecia que, desde que os balcões estivessem vazios e limpos, o ômega estava bem, o que significava que, se eu deixasse alguma coisa fora, ele guardava assim que pudesse.
Eu abri o armário em questão e fiquei olhando.
"Uh... Tae?"
"Sim? Está bem aí na primeira prateleira - você achou?" Eu estendi a mão e peguei minha barra de proteína. Como ele disse, estava bem aqui... entre outras coisas.
"Eu me lembro claramente de você dizendo que você não compra M&M’s de manteiga de amendoim porque tinha problemas de comer todos de uma vez." Eu o ouvi levantar do chão com um suspiro. Em poucos segundos o ômega estava de pé ao meu lado, olhando para o que eu estava encarando.
"Você os encontrou, huh." Ele murmurou.
"Uh, sim. Eles estão bem aqui. Se você estivesse tentando escondê-los, fez um trabalho de merda." Provoquei.
"Eu não estava exatamente tentando escondê-los, mas não posso vê-los se não estiver nas pontas dos pés - não é minha culpa que você seja assustadoramente alto." O ômega rebateu com um beicinho.
"Eu não sou assustadoramente alto, Flash," murmurei e olhei para ele, em seguida, de volta para os inúmeros sacos laranja-avermelhado de doces na prateleira. "Tem alguma coisa que você queira me dizer?"
"Surpresa?" Taehyung deixou escapar como se fosse uma pergunta, atraindo o meu olhar de volta para ele. "Eu os comprei para você... como um presente... alguns presentes."
Eu levantei uma sobrancelha.
"Tae, desista. Tem que haver pelo menos vinte e cinco, trinta sacos de M&M’s de manteiga de amendoim." Ele gemeu.
"Tudo bem, eu menti. Comprei todos para mim e, se quisermos ser exatos, só tem vinte e três, mas não posso comê-los." Ele disse emburrado.
"Certo, vinte e três. E porque, exatamente, você não os come?" Perguntei sorrindo.
"Eu te disse: quando começo não consigo parar." Ele respondeu como se fosse óbvio.
"Então por que diabos você os comprou?" Ele suspirou novamente e fechou o armário como se não pudesse suportar olhar para eles por mais tempo.
"Porque eu não posso me impedir de comprá-los também. Eu só gosto de tê-los por perto, você sabe. Se eu sei que eles estão ali, fica mais fácil ficar longe, como se eu tivesse um desejo eu poderia alcançar e pegar um e tudo ficaria bem, mas se eu não os tiver em casa e for tarde demais para sair e comprar alguns, então o que eu devo fazer? Ou se eles não tiverem M&Ms de manteiga de amendoim, então o quê? Isso faz sentido?" Deus ele é tão adorável, eu não aguento.
Eu apenas balancei a minha cabeça.
"Na verdade, não." Sorri ouvindo-o gemer.
"É assim: é melhor saber que eu os tenho do que não os ter e, se os tiver, não os como, porque assim eles todos terão ido. Eu gosto que eles estejam aqui." Ele gesticulou para o armário. "Oh, vamos olhar para isso desta maneira."
"Vamos." Disse, desesperado para ver onde isso iria parar.
"Eu aposto que você come a sua comida favorita no prato por último, certo? Digamos que você tenha almôndegas, brócolis e... batatas assadas com alecrim e alho. Qual deles você deixaria por último?" Eu apenas o encarei fixamente. “Eu deixaria as batatas assadas. Eu gostaria de saboreá-las, então eu as deixaria para comer por último. Entende agora?"
"Por favor, me diga que você não tem um saco de batatas assadas escondidas em algum lugar - e também, pelo amor de Deus, não me diga que você ocasionalmente gosta de pegar nesses M&Ms , alinhá-los no balcão, e apenas olhar para eles." Provoquei, vendo o famoso rubor retornar às suas bochechas.
"Claro que não! Eu não sou uma aberração, só tenho... algumas manias. É fofo ter manias." Ele deu de ombros.
"Bem, me desculpe por perguntar. Se você fizesse isso, eu ia começar a me preocupar com você." Afirmei, tentando fazer uma cara séria, mas falhando miseravelmente.
"Você não tem alguns itens de comida que você tem medo de comer muito rápido porque então isso irá acabar e você não terá mais? Eu também gosto de batatas fritas. Eu nunca consigo partilhar e sempre compro mais, mesmo que eu não coma todas elas. Eu só quero a opção de comer mais. Você entende isso? Se você ainda não entender, tenho certeza que você é o problema aqui, companheiro, não eu." Quando ele olhou para mim com olhos cheios de esperança, eu não pude fazer nada além de apenas encará-lo.
Taehyung mordeu o lábio e começou a rir, e dois segundos depois, um pequeno ronco escapou dele. O ômega bateu a mão sobre o rosto, mas já era tarde demais.
O sorriso que lhe dei foi um pouco sujo, um pouco preguiçoso.
"Você é fodidamente fascinante, Kim Taehyung." O que eu recebi pelo meu elogio? Um tapa no braço e um grunhido impressionante.
Foi por volta das dez quando ouvi uma chave na fechadura e a porta do apartamento se abriu, batendo na coluna logo atrás dela. Recostei-me no assento e observei Taehyung lutar para tirar o terno.
"Eu tenho que fazer xixi! Eu tenho que fazer xixi! Eu tenho que fazer xixi!" Cada vez que ele repetia, a sua voz aumentava.
Meus olhos caíram para o que ele estava vestindo, Taehyung estava usando uma roupa social. Ele usava uma calça caramelo que marcava sua cintura fina e acentuada a curva de seus quadris, e uma camisa social branca, com alguns botões abertos.
Encontro, certo – o ômega estava voltando de seu encontro.
"Jovem Kim!" Exclamou outra voz. "Jovem Kim, preciso que você..." Segurando-se na porta e se contorcendo no lugar, Taehyung respondeu. "Eu sinto muito, Sra. Hilda, eu tenho que fazer xixi. Eu não posso. Eu realmente não posso. Eu tenho que fazer xixi."
Com isso ele fechou a porta, finalmente se livrou do terno, jogando-o diretamente sobre a cabeça e correu direto para o banheiro.
Como eu disse, Tae é realmente fascinante.
Alguns minutos depois, o ômega saiu do banheiro e, justamente quando pensei que estava indo para o quarto, ele parou no meio do caminho. Eu poderia jurar que o vi inclinar o queixo para cima e sentir o cheiro do ar.
"Eu cheiro pizza. É pizza? Você comeu pizza?" Desta vez ele estava correndo na minha direção, ou mais precisamente para a caixa de pizza bem na minha frente, e a expressão em seu rosto - inestimável. Quando Taehyung finalmente conseguiu, não perdeu um segundo antes de abrir a caixa... só que eu já comi praticamente tudo e só sobrou uma fatia. Mais uma vez, o rosto dele quando percebeu que tudo tinha ido - inestimável e fofo pra caralho. Afinal o ômega poderia fazer uma cara feia melhor do que eu esperava. "Você comeu tudo? Isso é tudo o que você me deixou?"
Taehyung perguntou lentamente, com os seus grandes olhos olhando para a caixa vazia. Eu arqueei uma sobrancelha.
"Eu estava com muita fome. Você não comeu no seu encontro, afinal?" Eu não pretendia mencionar o encontro, mas aparentemente eu ainda estava preso a isso.
Ele franziu o nariz e o olhar chocado no rosto desapareceu, deixando apenas um brilho magoado.
"Ele não conseguiu ir." Minhas sobrancelhas se uniram, verifiquei o meu relógio, só para ter a certeza.
"É um pouco depois das dez, Taehyung - não me diga que você esperou por ele por duas horas." O ômega inflou as bochechas e deixou-se cair no sofá.
"Ele disse que iria chegar atrasado, mas tentaria chegar." O ômega me deu um encolher de ombros indiferente, como se dissesse que estava tudo bem, mas as suas expressões faciais eram muito fáceis de ler. Qualquer um podia ver que não estava tudo bem.
Filho da puta inútil.
"Você não pediu algo para comer enquanto esperava por ele?" Ele esfregou a têmpora.
"O restaurante não ficava perto do campus e era um lugar extravagante. Não me apetecia ter alguma coisa do menu deles – me recuso a gastar mais de cinquenta dólares por algumas colheradas de massa. Além disso, não sou bom em comer sozinho em restaurantes ou em qualquer lugar. Parece que todo mundo está olhando para mim e pensando coletivamente, oh, pobrezinho. Então, respondendo brevemente à sua pergunta: não, eu não tive nada para comer." Havia algumas coisas que eu poderia ter percebido após o seu discurso, mas optei por focar em apenas uma coisa apenas enquanto pescava por mais.
"O seu namorado é um estudante universitário e pode pagar por restaurantes extravagantes, hein? Eu acho que posso ver porque você tem problemas em terminar com ele." Sem mais nem menos, eu estraguei tudo.
Eu não sabia o que tinha empurrado os meus botões exatamente, mas assim que as palavras saíram da minha boca, eu sabia que tinha fodido – grande momento.
As suas sobrancelhas subiram até o couro cabeludo e Taehyung encontrou os meus olhos - uma ocorrência rara - e então inclinou a cabeça.
"Uau." Colocando ambas as palmas das mãos no sofá, se levantou. A pizza foi esquecida, ele continuou a segurar os meus olhos. "Uau, Jungkook. Eu não deveria ter esperado que você me conhecesse em um mês, ou quantas semanas você está aqui - inferno, nós mal nos vemos em dias - mas... na verdade, sabe de uma coisa? Talvez eu tenha feito. Talvez eu achasse que você descobriria pelo menos isso. Eu sou a última pessoa que namoraria alguém pelo valor de sua conta bancária." Tendo dificuldade em tirar os meus olhos dele, vacilei com suas palavras.
Quando Taehyung se moveu para passar por mim, eu peguei o seu pulso e me levantei. Ele parou, mas não olhou para mim. Taehyung nem sequer me disse para deixá-lo ir. A sua situação complicada começou oficialmente a foder com a minha cabeça. Se ao menos eu soubesse com certeza que não era a situação que imagino que seja...
"Eu sinto muito, Tae. Você está certo e eu sou um idiota. Claro que sei que você não é assim. Claro que sim." Eu suavizei o meu aperto no seu pulso e serpenteei os meus dedos ao redor dos dele. "Eu sinto muito. Se isso fizer você se sentir melhor, pode me insultar também."
Ele hesitou antes de enviar um rápido olhar para mim.
"Você realmente comeu a pizza toda?" De todas as coisas que o ômega poderia ter dito, ele saiu com isso.
"Você não vai chutar as minhas bolas?" Ele tirou a mão da minha e esfregou a palma da mão no quadril.
"Como que eu deveria insultar você? Nossa, o seu corpo é tão feio que você está arruinando a minha visão todas as malditas manhãs? Quão patético isso soa? Eu não tenho nada contra você, pelo menos ainda não, mas tenho certeza que vou me lembrar disso e dizer algo quando for a hora certa, quando você menos esperar, é claro." Sorri para ele. Taehyung gostava de me ver treinando de manhã. Eu já sabia disso desde que o ômega saiu e encontrou algo para fazer enquanto eu estava ocupado com os meus abdominais e flexões, mas ouvir isso dele confirmou o que eu já tinha adivinhado. O meu sorriso se transformou lentamente em um ainda maior. "O que é agora?"
"Eu espero que você não quebre o meu coração demais, Taehyung."
"Somente tanto quanto você quebrou o meu, pensando que eu estaria interessado em alguém por causa de sua conta bancária." Isso limpou o sorriso do meu rosto.
"Eu sou um idiota. Eu mereci isso." Eu disse com a voz áspera.
Os seus dentes morderam o lábio inferior. Indefeso para fazer qualquer coisa, eu apenas assisti com um desejo absurdo de poder mordê-lo também. Desviando o olhar, Taehyung deu um passo para longe de mim. Quando olhou para cima, os seus olhos só chegaram aos meus lábios.
"Olha, eu estou irritado, um pouco cansado, e talvez só com um pouco de fome aqui dentro. Eu vou para a cama. Tenho uma aula cedo amanhã, de qualquer maneira." Ele disse pronto para se virar.
"Você não quer a pizza? Pelo menos, nós podemos consertar a parte da fome." Só porque aquele bastardo doente o deixou esperando e não o alimentou não significava que eu iria deixá-lo ir para a cama infeliz.
"A pizza?" Ele suspirou e olhou de volta para a caixa quase vazia. "Isso não conta como uma pizza, Jungkook. É só uma fatia de pizza. Então, melhor não. Isso só me deixará com fome por mais. Vejo você amanhã." Mais um passo para longe de mim.
"Eu acho que isso também significa que você não está assistindo a um filme comigo." Taehyung só conseguiu dar um meio sorriso quando olhou para mim.
"Talvez outra noite. Boa noite." Antes que o ômega se virasse para o corredor, o interrompi.
"Você pode querer verificar o forno antes de sair." Disse como quem não quer nada.
"O quê? O que você quer dizer?" Ele arregalou os olhos, soando mais adorável a cada segundo.
Foda-se, eu sou um caso perdido.
"Era para ser um agradecimento por me ajudar com as compras hoje, mas estou pensando que devo um pedido de desculpas agora." Finalmente os seus olhos encontraram os meus e eu inclinei o meu queixo em direção à cozinha. "Apenas veja se você quiser. Se você não quiser, você pode fugir de mim."
Um pequeno sorriso se formou nos seus lábios.
"É pizza? Por favor, diga que é pizza. Eu quero tanto que seja pizza. Por favor, diga pizza." Eu ri.
"Eu não sei, veja por si mesmo." Movendo-se para a cozinha, ele me olhou por cima do ombro.
"Se não for pizza, vou estar duplamente chateado, só para você saber." Ele abriu o forno e se abaixou para verificar lá dentro. Houve um pequeno suspiro, então Taehyung se virou com a caixa da pizza na mão e um sorriso enorme estampado no seu rosto. "Jungkook, é uma pizza inteira... só para mim?"
Eu ri.
"Sim, você não precisa partilhar." Seus olhos brilharam ainda mais que seu sorriso.
"É daquele lugar napolitano, e ainda está quente também." Acrescentei, ao ver que ele ainda estava parado me encarando como se eu fosse um super-herói ou algo do tipo. "Acabei de chegar cerca de dez minutos antes de você. Eu queria esperar, mas eu não tinha certeza de que horas você voltaria, e o cheiro chegou até mim."
Tentei não pensar onde ele estava ou com quem.
Dando-me outro dos seus sorrisos, Taehyung colocou a caixa na ilha e a abriu. Se inclinando até o nariz quase tocar na pizza ele a cheirou. O gemido alto que o ômega soltou fez o meu pau ganhar vida nas minhas calças.
"Deus, o cheiro. Isso não é justo, você sabe," ele disse baixinho, o rosto ainda praticamente colado na pizza. "Eu estou com raiva de você, e você me deu absolutamente a coisa que eu mais amo."
Eu não diria a ele que gastei o último dinheiro que eu tinha comigo para que pudéssemos ter este deleite. O que sobrou no meu cartão de débito depois das compras de supermercado que Taehyung fez para mim foi todo o dinheiro que eu tinha até que pudesse pegar alguns turnos no bar, que era provavelmente trinta dólares ou menos.
"Eu lhe disse, eu sou um idiota." Dei de ombros.
"Eu não achei que você fosse, na verdade, mas sim, aparentemente você é." Fechando a caixa, ele pegou e voltou-se para mim. "Ainda assim, obrigado. Eu estava tentando manter a calma, mas estava realmente chateado com você por comer uma inteira sozinho."
Eu ri.
"Eu teria medo se você não fosse tão bom em ficar calmo, Taehyung."
"Seja como for," ele murmurou baixinho enquanto subia no sofá. Sentado de pernas cruzadas, ele colocou cuidadosamente a caixa no colo e a abriu. Respirando profundamente, ele pegou uma fatia e olhou para mim intensamente. "Eu não sou bom em compartilhar."
Eu nunca teria adivinhado.
"Tudo bem," eu disse, rindo. "Eu já comi mais do que deveria." Me sentei, bem na frente dele.
Uma de suas mãos se enrolou possessivamente na caixa, o ômega deu a sua primeira mordida e soltou outro gemido, este mais longo e de alguma forma mais erótico do que o anterior.
"Tão, tão bom," Taehyung murmurou entre o mastigar. Eu não conseguia tirar os meus olhos dele. Engolindo em seco, o ômega deu outra mordida, fechou os olhos e mastigou o mais devagar possível, os lábios se enrolando no processo. Parecia errado vê-lo comer. Me ajeitei, tentando tirar minha mente da sarjeta. Se eu soubesse que todo o seu rosto se iluminaria apenas por uma pizza, eu teria de alguma forma comprado mais dez. Os meus olhos desceram até a garganta dele, onde pude ver o momento exato em que Taehyung engoliu. Então o meu olhar baixou e eu observei seu cordão descansando no espaço onde dois botões deveriam estar fechados. Eu estava em grandes problemas. "Você está bem?"
Quando olhei para cima, Taehyung estava olhando para mim. Eu balancei a cabeça e limpei a garganta.
"Sim." Afirmei, estando tudo menos bem. Meus sentimentos por ele estava cada vez maiores, estava levando tudo de mim não me inclinar e beijá-lo.
"Então, vamos assistir a algo ou não?" Eu verifiquei o meu relógio: eram quase onze horas. "Eu sinto muito," Tae murmurou, colocando a sua fatia para baixo. "Sei que você acorda cedo. Você não tem que sentar e me ver comer."
"Eu posso assistir a um filme com você," eu disse a ele. Como poderia deixá-lo? "Nenhum filme sobre o fim do mundo, no entanto. Tudo, menos isso."
Com o seu sorriso de volta no lugar, ele pegou a fatia e deu outra maldita mordida.
"Eu realmente queria assistir Geostorm , mas não queria fazer isso sozinho." Ele disse tampando a boca.
"Sim, mas acho melhor não. Escolha outra coisa." Pedi, me forçando a tirar os olhos da pequena mancha de molho no canto dos lábios dele.
"Eu ainda posso escolher?" Taehyung questionou, animado.
"Claro, por que não? Eu sou um idiota, lembra? Você escolhe o filme." E eu conheço você melhor, pensei comigo.
"Que tal um filme antigo, como The Fifth Element ou… Speed ? Ou que tal o Senhor dos Anéis? Jimin e Yoongi se recusam a assisti-los comigo, e esse é um filme que eu prefiro assistir com um amigo. Definitivamente um dos meus favoritos." Mais uma mordida e ele me fez lamber os lábios. Antes que eu conseguisse responder, Tae já havia engolido e estava começando de novo. "Eu sei que não podemos devorá-los esta noite, mas talvez outra? A única outra pessoa que adora tanto quanto eu está na Coreia, e faz muito tempo desde que eu assisti."
Eu limpei a minha garganta.
"Eu tinha certeza que você forçaria Titanic ou The Notebook em mim como uma punição." Lambendo os dedos, ele balançou a cabeça.
"Eu gosto de filmes românticos, mas às vezes eles são muito doces. Eu tenho que estar com disposição para isso." Ótimo. Eu era seu companheiro, o seu amigo - nada romântico sobre isso.
"Então que tal irmos para The Fifth Element ? Já faz um tempo desde que assisti a um filme do Bruce Willis. Como vamos fazer isso? No seu notebook ou no meu?" Quando estava prestes a me inclinar para limpar o canto da boca dele sua língua saiu e lambeu.
Sim, um caso totalmente perdido.
"No meu. Eu acho que já tenho isso na minha conta." Taehyung se levantou do sofá, mal conseguindo manter o equilíbrio enquanto empurrava a caixa de pizza nas minhas mãos. "Não roube," ele avisou, a sua expressão séria.
Segurando o meu sorriso, eu dei a ele um aceno de cabeça. Assim que Taehyung saiu correndo, a campainha tocou, impedindo-o de avançar.
Lentamente o ômega se virou para mim.
"Senhora Hilda? Eu não quero abri-la. Se ela quiser que eu faça alguma coisa, quando eu voltar, minha pizza estará fria." Taehyung resmungou com uma careta.
"Eu já a ajudei com algumas caixas pesadas hoje. Vamos ignorá-la, eu vou verificar amanhã." Eu não chamaria a velha senhora de doce, mas ela definitivamente estava me tratando melhor do que trata Taehyung; eu testemunhei isso em mais do que algumas ocasiões.
O ômega mordeu o lábio e olhou para a porta. Antes que eu pudesse me levantar e o empurrar em direção ao seu quarto, alguém bateu alto o suficiente para acordar o maldito edifício.
O barulho fez Taehyung pular e ele me olhou confuso. Franzindo a testa, levantei do meu lugar.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
"Eu sei que você está aí, seu idiota! Abra a porra da porta." Oh, foda-se.
"Quem é?" Taehyung perguntou, ainda sussurrando.
Eu suspirei e coloquei a sua pizza em cima da minha. Esfregando o meu pescoço, abri a porta antes que alguém ligasse para o 911 para reclamar do barulho, ou pior, antes que a Sra. Hilda decidisse sair, se ela não o tivesse feito ainda.
Eu sabia que seria inútil, mas ainda bloqueei a sua entrada.
"O que diabos você está fazendo aqui, Jaehyun?" Questionei irritado.
"Olá para você também, seu filho da puta." Ótimo. Eu olhei para Taehyung por cima do meu ombro e ele fez uma cara que claramente dizia merda.
Merda, de fato.
Eu voltei para o meu amigo impaciente e chateado.
"O que você quer?" Ele balançou a cabeça como se não pudesse acreditar que eu faria tal pergunta, e então me empurrou para trás, entrando direto no apartamento e ficando cara a cara com Taehyung.
"Oh, o que temos aqui?" Eu exalei uma respiração profunda e fechei a porta.
Pelo menos o idiota veio sozinho.
Quando o ômega disse oi, me virei para encontrar Jaehyun rondando-o como um tubarão faz quando observa a sua presa antes de decidir sobre um plano de ataque, bem como ele tinha feito anos antes, na verdade, embora eu duvidasse que o alfa se lembrasse dele daquela noite, não como eu faço.
"Nem sequer pense nisso," eu avisei. "O que você está fazendo aqui, cara?"
Ele parou e focou o seu olhar em mim.
"O que estou fazendo aqui? Boa pergunta. Espere, acho que tenho uma ainda melhor – o que diabos você está fazendo aqui?" Questionou cruzando os braços.
"Eu moro aqui." Rebati, desesperado para que ele fosse embora e eu pudesse relaxar e assistir ao filme com o meu ômega , meu amigo.
"Eu percebi. Você veio direto para cá depois de nos separarmos nestes últimos dois dias." Jay deu de ombros e eu ergui os olhos para o teto, tentando conseguir um pouco de paciência.
"Porra, você é louco? Você está me seguindo?"
"Desculpe por estar preocupado com você." O alfa respondeu fazendo drama.
"Talvez eu deva ir para o meu quarto para que vocês possam..." Meus olhos pousaram em Taehyung quando ele começou a se afastar.
"Você fica," afirmei apontando para o sofá.
Jay olhou entre o ômega e eu.
"É por isso que você tem estado de boca fechada sobre onde você está hospedado? Porque você está morando junto com um ômega e brincando de casinha?" Provocou, fazendo meu temperamento esquentar.
"Você quer que eu bata em você?" Ameacei, fazendo ele arquear uma sobrancelha.
"Eu adoraria ver você tentar, seu filho da puta." Me encarou.
"Okay por mais divertido que seja assistir isso, eu só vou pegar a minha pizza e…" Taehyung interrompeu nossa batalha de olhares.
"Sente-se e coma a maldita pizza, Tae. Jaehyun estará de saída em breve." Os olhos dele aumentaram e os seus lábios se contorceram.
"Okay, capitão." Enquanto o ômega caminhava de volta para o sofá, eu esfreguei a minha mão no meu rosto e suspirei.
Jay aparentemente ainda estava esperando por uma resposta, porque ele ainda estava de pé no mesmo lugar, de braços cruzados sobre o peito.
"Eu lhe disse que encontrei um companheiro de quarto. Por que diabos você está preocupado com isso?" Ele relaxou a sua postura e suspirou.
"Vamos lá, cara. Encontrar um companheiro de quarto não é o problema aqui. Você mal fala com os caras, a não ser que estejamos no campo ou numa reunião. Você acha que eles não percebem o quão distante você tem estado? Você tem nos abandonado por grupos de estudo, e você sempre fica de boca fechada quando perguntamos onde você está. Eu recebo telefonemas de Vicky me perguntando onde você está, e eu nem sei se você está falando com ela novamente ou se é só ela sendo louca. Não é só você tentando manter um segredo sobre onde está por algum maldito motivo. É o nosso último ano - você não pode forçar essa merda agora. O que diabos está acontecendo com você?" Com o canto do meu olho, vi Taehyung se sentar sobre as pernas e abraçar a caixa de pizza enquanto levantava uma fatia até os lábios.
Pelo menos um de nós estava aproveitando o momento.
Voltei o meu foco para o Jaehyun Eu realmente não queria me meter em problemas com o treinador por ter recebido ele no apartamento, mas desde que o alfa estava no meio da sala de estar, também não consegui ver como poderia evitá-lo.
"Nada está acontecendo comigo, Jay. O que você espera que eu faça sobre a equipe? Eu não vou desistir de jogar, isso deveria ser suficiente. Eu não acho que você iria agir de forma diferente se estivesse no meu lugar. Você acredita honestamente que nenhum deles viu o que estava acontecendo com aqueles três naquela festa?"
"Eu estava naquela festa, Jungkook, lembra? Jin também estava lá. Você acha que sabíamos o que estava acontecendo?" O alfa perguntou, seu tom atado com descrença.
"Não, não você, mas não me diga que acreditou quando disseram que só aconteceu uma vez. Sem chance. Eu nem me importo mais com isso, mas não espere que eu confie neles tão cedo. No campo, nós somos uma equipe, sempre, e eu terei as costas deles, mas fora do campo?" Eu balancei a cabeça e encostei as costas na porta. "Não, cara. Eu não tenho problemas com todos, mas nada diz que eu tenho de gostar daqueles poucos que eu tenho certeza que sabiam o que acontecia só porque estamos jogando pela mesma equipe. E é claro que vou largar as suas bundas feias para estudar. Você mesmo disse, é o nosso último ano. Os olheiros estão lá, observando todos os jogos. É isso. Nós iremos fazer isso ou não. Eu tenho que dar tudo de mim. Ao invés de ser um idiota e me seguir por aí, você deveria estar estudando também, já que o treinador terá a sua cabeça se a sua média cair ainda mais."
"Então é isso? Isso é tudo?" O alfa questionou, cético.
"O que mais você quer que eu diga?" O meu amigo me deu um olhar frio.
"Que tal um pedido de desculpas por fazer eu me preocupar com sua bunda estúpida como uma mãe galinha?" Jaehyun questionou com as mãos na cintura.
"Você está falando sério?" Bufei.
"Sim. Eu tinha coisas melhores para fazer do que te seguir para descobrir o que diabos você estava fazendo, para não mencionar que eu não sabia em qual apartamento você desapareceu e tive que bater em uma tonelada de portas antes de encontrá-lo." Eu ri.
"Está tudo bem. Sinto muito, cara.” Eu disse, observando seu rosto relaxar. “Nós estamos bem?"
"Sim. Bastará por agora." Eu me afastei da parede e demos um abraço de um braço só, batendo nas costas um do outro.
"Ahhh, vocês se amam. Ou meus olhos estão lacrimejando ou há uma tempestade de poeira acontecendo onde estou sentado. Eu nunca imaginei que os jogadores de futebol seriam tão emocionais," Taehyung disse enquanto colocava o último pedaço de uma fatia na sua boca, os seus dedos imediatamente alcançando outra fatia.
Divertido, balancei a cabeça e suspirei.
"Jay, este é Taehyung, meu companheiro de quarto e meu novo amigo. Tae, este é o Jaehyun, o meu companheiro de equipe surpreendentemente emocional." Fiz as apresentações.
"Vá se foder." Depois de me dar uma cotovelada no estômago, Jay se aproximou dele.
"Olá." Dando-lhe um sorriso tímido, o ômega balançou os dedos para ele.
"Não nos conhecemos de algum lugar?" Os olhos do ômega deslizaram para mim e depois de volta para Jaehyun.
"Eu não sei como isso seria possível." Eu fui até o sofá para me sentar. Lá se foi o meu plano de assistir a um filme com o meu companheiro, e passar uma noite tranquila.
"Nós temos uma aula juntos ou algo assim?" Jay insistiu, tombando a cabeça se concentrando para tentar descobrir de onde o conhecia.
"Não." Taehyung negou finalizando a fatia que estava em sua mão.
"Eu o conheço de algum lugar?" Jaehyun se virou pra mim com o cenho franzido.
"Não, você não faz," Taehyung repetiu, respondendo por mim. Eu não estava pensando em envergonhá-lo na frente do Jaehyun, especialmente se ele não se lembrava de tê-lo conhecido dois anos atrás, então não o corrigi.
"Mais uma vez, onde você o encontrou?" Tae estreitou os seus olhos verdes nas costas do alfa.
"Eu lhe disse, o encontrei online. Ele estava procurando por um companheiro de quarto. Seja legal." As sobrancelhas de Jay se ergueram em direção à linha do cabelo, mas além de encolher os ombros, ele não disse nada.
Eu vou ouvir sobre isso mais tarde, o alfa iria dizer o que estava na sua mente quando estivéssemos sozinhos.
"Aparentemente, eu preciso ser legal com você," ele disse. Inclinando-se, levantou o topo da caixa de papelão, que ainda estava no colo de Taehyung. "E funciona para os dois lados. Eu serei legal com você, você será legal comigo."
O ômega olhou para Jay e depois para as quatro fatias de pizza que sobravam. Como diabos ele comeu metade disso tão rápido? Antes que o alfa pudesse levantar uma das fatias restantes, Tae bateu a caixa fechada e a manteve longe dele.
"Que porra é essa?" O ômega se inclinou para a esquerda para olhar ao redor de Jay e encontrou os meus olhos - outra daquelas raras ocasiões em que ele esquecia que era muito tímido e os evitava.
"Sinto muito, Jungkook, eu sei que ele é seu amigo e tudo, mas eu realmente não quero partilhar. Eu não gosto de compartilhar." Eu não pude evitar a risada que me escapou.
"Tudo bem, eu comprei pra você. Ele pode comprar a sua própria pizza se estiver com fome." Taehyung inclinou a cabeça para trás para olhar para o alfa, que era quase tão alto quanto eu.
"Olha, eu não tenho nada para comer desde o meio-dia e eu tive uma noite de merda. Mesmo que eu esteja disposto a lhe dar uma fatia, eu vi como Jungkook come, e posso imaginar que você não é diferente. Uma fatia não será suficiente para você, e eu não estou disposto a dar a você o resto... no entanto, para ser honesto, se eu tivesse apenas uma fatia, ela provavelmente também não faria nada por mim. Então, por que me preocupar em ter uma se não for fazer nada por você? Se eu não tiver uma fatia extra, isso significa que vou para a cama com fome, o que significaria duas pessoas indo para a cama com fome. Mas, se eu conseguir todas essas fatias, pelo menos um de nós estará cheio."
"Você vai dormir com fome," repetiu Jay, não como uma pergunta, mas mais como uma declaração. Taehyung abraçou a caixa de pizza mais perto. "Qual é o problema dele?" Ele perguntou, olhando para mim em confusão.
Eu sorri, relaxando no meu lugar pela primeira vez desde que Jaehyun começou a bater na porta.
"Nenhum. Ele só adora pizza, talvez um pouco mais do que você e eu." Adorável pra caralho.
"Você pode ter a dele," Taehyung acrescentou quando Jay continuou em pé sobre ele. Eu não acho que qualquer ômega tenha recusado comida ao alfa antes. Ele abriu a minha caixa de pizza quase vazia, que ainda estava na mesa de café, e franziu a testa para isso.
"Há apenas uma fatia aqui." Jay disse indignado.
"Viu!" Taehyung disse a ele. "Eu disse a mesma coisa quando vi e, assim como eu disse ao Jungkook, uma fatia não é nada."
Novamente, Jaehyun encontrou os meus olhos, esperando por uma explicação.
"O que você disse que estava de errado com ele mesmo?" Murmurou pra mim.
"Não há nada de errado com ele." Eu tinha dificuldade em desviar o olhar de Taehyung enquanto falava, e meu amigo obviamente percebeu porque sua próxima pergunta me fez querer machucá-lo seriamente.
"Você está definitivamente brincando de casinhas. É por isso que Vicky está toda agitada? Ela sabe sobre seu novo ômega?" Cerrei os punhos.
"Se você mencionar Vicky mais uma vez, eu vou chutar você daqui." Sentando-se no braço do sofá, ele começou a olhar em volta.
"Você é um sugar daddy ou algo assim?" Ele perguntou ao Taehyung quando terminou de ver o ambiente. "Eu não estou julgando. Cada um faz o que tem de fazer, mas como você pagou por este lugar, JK? Mesmo metade do aluguel deve custar um braço e uma perna." Os olhos de Taehyung saltaram de Jaehyun para mim. Antes que eu tivesse que arranjar uma resposta falsa, houve outra batida na porta. Jay se levantou e caminhou até a porta como se fosse o dono do lugar. "Vocês, crianças, fiquem aí. Eu atendo."
"Jay, não." Me levantei e fui atrás dele, se fosse o Treinador na porta, eu estava ferrado.
Com o canto do olho, notei Taehyung fazendo o mesmo, finalmente colocando a caixa de pizza para baixo. Ele estava pensando a mesma coisa que eu?
Jaehyun abriu a porta e, graças a Deus, era apenas Seokjin quem entrou.
"Entre, entre. Veja quem encontrei aqui." Jaehyun fez um gesto em minha direção.
Eu gemi e voltei para o sofá, desta vez tomando o lugar mais perto do ômega, em vez de voltar para o outro lado.
"Pelo o seu bem, cara, espero que ele seja o único a quem você contou." Tentei encontrar os olhos de Taehyung para garantir que eles iriam embora em breve – se não, eu os expulsaria – mas ele só tinha olhos para o nosso quarterback.
As minhas sobrancelhas franziram e olhei por cima do meu ombro.
"O que está acontecendo aqui?" Jin perguntou, olhando entre Tae e eu.
Jaehyun pendurou o braço no ombro de Seokjin e fez um espetáculo na apresentação de Taehyung.
"Este gatinho aqui acabou sendo..." Eu o interrompi ficando de pé.
"Apenas termine essa frase, cara. Por favor faça." O ômega limpou a garganta e todos os olhos se voltaram para ele. As suas bochechas estavam vermelhas, os olhos brilhando. Por alguma razão, essa imagem não me caiu bem.
Ele estava ficando todo afetado por causa de Seokjin? Ele certamente não reagiu dessa maneira quando Jaehyun apareceu. Também parecia que ele não tinha problemas em encontrar os olhos do outro alfa. Eu franzi as minhas sobrancelhas e a observei enxugar as mãos em sua calça.
"Oi. Eu sou o Tae... Taehyung, Kim Taehyung." Ele me lançou um olhar rápido, mas eu não acho que o ômega realmente me viu. "Eu sou o companheiro de quarto de Jungkook."
E assim, eu fui de amigo para um simples companheiro de quarto.
"Prazer em conhecê-lo," Jin disse, soando um pouco inseguro.
Depois de um longo momento de silêncio, onde ninguém disse nada, eu suspirei e gesticulei para a minha esquerda.
"Já que vocês dois não parecem estar planejando sair tão cedo, é melhor sentarem os seus traseiros." Seokjin passou por mim para aceitar a minha oferta, mas Jaehyun se dirigiu para a cozinha.
"Tem alguma coisa para comer nesse lugar - além da preciosa pizza do seu ômega? Estou faminto." Taehyung escolheu aquele momento para pegar a caixa de pizza e oferecê-la a Jin.
"Você gostaria de um pouco de pizza?" Perguntou docemente ao meu amigo e meus olhos saltaram.
"Você está brincando comigo, porra?" Jay disse exatamente o que estava na minha mente.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Eu bati na porta e entrei assim que ouvi uma resposta. Quando seus olhos levantaram e ele viu quem estava em seu escritório, suspirou.
"Este não é o melhor momento, Taehyung. Eu ligo mais tarde." Ignorando as suas palavras, respirei fundo, fechei a porta e me endireitei.
"Eu quero dizer a ele." Eu estava no escritório particular de Jung-ho, ficando o mais longe possível dele. Qualquer um poderia dizer que o alfa não me queria lá apenas pela sua linguagem corporal e eu também não queria estar lá, mas não dei o braço a torcer e fiz o meu caminho para o prédio da administração atlética assim que saí do apartamento naquela manhã de qualquer maneira.
Ele vai ter que lidar comigo.
"Não." O alfa olhou para mim com olhos duros e inflexíveis. Jung-ho estava planejando contar a ele? Naquele momento, não parecia que estava, mas nós tínhamos um plano e ele vai ter que contar. Ele tem que fazer. Eu simplesmente não podia esperar mais.
"Eu preciso dizer a ele," repeti, a minha voz saindo mais forte desta vez – pelo menos, soou mais dura para os meus ouvidos.
O alfa recostou-se no encosto da cadeira e deu um pequeno gemido. Eu quase não consegui segurar o meu recuo.
"É por que eu não consegui chegar a tempo ontem à noite? Eu vou compensar você outra hora. Você sabe bem o quanto fico ocupado durante a temporada." Ele queria falar sobre isso? Claro, por que não?
"Em primeiro lugar foi você quem me convidou para sair. Você não precisava me fazer esperar duas horas naquele restaurante do outro lado da cidade se não tivesse intenção de ir, mas isso não é sobre a noite passada. Não é a primeira vez que isso acontece, e eu acho que não será a última também. Eu entendo que você está ocupado. De qualquer forma, não me importo, não mais." Eu parei de esperar algo dele há muito tempo.
"Você precisa lembrar com quem você está falando." Eu precisava lembrar? Eu queria esquecer tudo sobre ele. Jung-ho bateu a ponta rosada do lápis amarelo que ele tinha na mão em um dos papéis que estavam espalhados por toda a mesa e olhou para eles, me dispensando.
"Eu desisto, não quero mais fazer isso." Confessei, e o seu olhar voltou para mim. Era alívio que eu estava vendo nos seus olhos? Eu soltei uma respiração profunda e engoli a minha decepção. "Se você não quer me ver, se não se interessa em me conhecer, tudo bem. Você não precisa. Mas, você deveria saber, Jin esteve no apartamento ontem à noite. É por isso..."
Assim que as palavras saíram da minha boca, o alfa ficou de pé. Ele jogou o lápis em sua mesa de uma forma calma, apenas um movimento do seu pulso, que não era o que sua linguagem corporal dizia. Em vez de encontrar os seus olhos, observei o lápis rolar e bater no chão com um pequeno baque. Quando parou de se mover, finalmente encontrei coragem para olhar para o rosto dele. Endireitei a minha coluna e tentei o meu melhor para parecer que não estava com medo dele ou da raiva que irradiava do alfa em ondas. Embora eu tenha que dizer, era o mais zangado que eu o vi nos últimos três anos. O seu rosto estava vermelho e ele se inclinou para colocar os punhos na mesa, os olhos em mim o tempo todo.
"O que você acabou de dizer?" Estremeci diante de seu tom de voz.
"Jin… ele esteve no apartamento ontem à noite, com um dos amigos de Jungkook, Jaehyun. Eu acho que eles estavam preocupados..." Gaguejei, me odiando por ser tão submisso à ele.
"O que você disse a ele, Taehyung?" Quando eu cheguei, Jung-ho não me convidou para sentar, então eu ainda estava no mesmo lugar. A minha mão apertou a alça da minha bolsa, a borda do pedaço de couro marcando minha palma. Parecia que a bolsa era a minha única proteção contra ele, embora, na realidade, não significasse absolutamente nada. Eu não achei que ele iria realmente me machucar, mas o alfa nunca olhou para mim como naquele momento, como se quisesse acabar comigo. O meu pai não me avisou em várias ocasiões para ter cuidado com ele? "Que porra você disse a ele!" Jung-ho trovejou quando eu não respondi rápido o suficiente, e desta vez, eu visivelmente recuei.
Eu odiava o fato de que ele tinha a capacidade de me machucar. Ele não deveria, eu sabia disso, e o fato de que a minha voz era pequena quando respondi, me incomodou ainda mais.
"Nada," forcei para fora. "Eles não ficaram por muito tempo."
"Sente-se e me conte tudo." Talvez eu tenha cometido um erro ao mencionar isso a ele.
"Eu não vim..." A palma da sua mão bateu na mesa com um estalo agudo.
"Eu disse para sentar a sua bunda e me contar tudo!" Com o coração martelando, me forcei a andar com as pernas rígidas e sentei na beira da cadeira mais afastada dele. Quando terminei de contar a ele sobre a noite anterior, certificando-me de manter as partes sobre Jungkook e eu de fora, Jung-ho começou a andar de um lado para o outro – passos furiosos, olhos raivosos, palavras afiadas e furiosas.
"Ele não sabe sobre a sua mãe. Quantas vezes…" Sentindo a raiva voltar novamente, o interrompi.
"Nossa mãe, você quer dizer." Eu rebati.
Os seus olhos se estreitaram para mim.
"Jihyo nunca foi a mãe dele. Nós o adotamos. Sua mãe é a Jieun." Estava bem na ponta da minha língua dizer alguma coisa, mas eu decidi deixar passar. Quando se tratava de Jung-ho, eu sabia que era melhor escolher as minhas batalhas.
Eu queria argumentar com ele, dizer que me machucava sempre que ele falava dessa forma. Tecnicamente ele era meu pai e eu gostaria de poder chamá-lo por esse título um dia, mas toda vez que pensava em fazer exatamente isso, me sentia engasgar. Este foi um desses momentos.
"Minha mãe ligou para você antes que falecesse e lhe contou sobre mim. Não fui eu quem ligou para você. Você disse que queria encontrar comigo, você disse que queria me conhecer. Você foi o único que me convidou para vir aqui, então eu vim. Eu vim porque queria conhecer você também, não apenas meu irmão. No meu primeiro ano, você disse que deveríamos ser só nós por um tempo, disse que devíamos ter tempo para nos conhecermos, e eu concordei porque já estava nervoso por causa de como e porquê…"
"Onde quer chegar Taehyung? Eu não tenho tempo para analisar os últimos três anos." O alfa questionou, esfregando o pescoço.
"Não coloque tudo isso na minha mãe. Ela era a melhor amiga da sua esposa e você dois a traíram sem ela saber. Ela não engravidou sozinha, nenhuma das duas vezes. Eu não tenho ideia de como você convenceu a sua mulher a adotar o meu irmão, eu acho que ela estava realmente desesperada para ter um filho e lhe perdoou por traí-la – mas eu conheço as mentiras que você disse pra minha mãe para convencê-la a desistir dele." O alfa apenas olhou para mim, a raiva queimando em seus olhos. Eu me levantei do meu assento e forcei as minhas mãos a relaxar ao meu lado. "No começo, eu pensei que você gostasse de mim," eu disse numa voz controlada. "Eu poderia ter sido uma surpresa que veio, dezoito, dezenove anos depois, mas você agiu como se não se importasse com isso, se preocupou em aprender mais sobre mim. Eu pensei que estávamos nos aproximando, nunca imaginei que seria como um filho para você, mas eu pensei que nós teríamos algum tipo de relacionamento." Agarrei a minha bolsa com mais força. Por que eu acho que ele me interromperia para dizer algo para aliviar a minha dor? Certamente ele podia ver com os seus próprios olhos, mas o alfa não disse nada. "Deixa pra lá. Eu já tenho um pai, certo? Eu não poderia pedir um melhor. Você não precisa gostar de mim, eu não me importo com isso," isso era algo com que eu não me importava mais. "Mas eu quero conhecer Seokjin. Foi o que eu disse desde o começo. Além do meu pai, não tenho família. Ninguém. Ele é meu irmão mais velho, não meio irmão. Ele é meu irmão e eu quero ter a oportunidade de conhecê-lo."
Algo deve ter chegado a ele porque seus olhos suavizaram, as linhas irritadas em sua testa lentamente diminuindo, pelo menos eu pensei assim.
"Não podemos contar a ele sobre a sua mãe." Jung-ho suspirou. "E Jieun não sabe sobre você. Ela não vai lidar bem com isso se souber que Jin sabe que ela não é a mãe dele."
A minha mãe e Jieun, a esposa de Jung-ho eram melhores amigas de infância, elas eram vizinhas, mas minha mãe era três anos mais jovem. Quando se reencontraram na faculdade Jieun já estava noiva de Jung-ho, eles se envolveram e tiveram um caso pelas costas dela e então minha mãe engravidou de Jin. Apenas dois meses antes de morrer, ela sentou e me contou tudo sobre o relacionamento tóxico deles. Ela não tinha pensado nisso como tóxico, mas isso era exatamente o que tinha sido. Inicialmente, Jung-ho queria que ela fizesse um aborto, mas quando a minha mãe se recusou, ele teve uma ideia melhor. Ele tinha recebido propostas para se juntar a um clube pequeno dos estados unidos e então convenceu minha mãe a entregar meu irmão. Como sua esposa não podia ter um bebê por causa dos seus problemas de saúde, por que não adotar Seokjin e resolver dois problemas de uma vez? A minha mãe não sabia o que ele disse à esposa, mas, para ela, ele prometeu deixar a esposa quando fosse a hora certa. O único problema era que a hora certa nunca chegou. Um escândalo afetaria a sua carreira no futebol. O seu treinador na época era o pai de sua esposa, e certamente teria feito tudo ao alcance para que Jung-ho fosse demitido se descobrisse que ele estava traindo a sua filha. Se ela não os deixasse adotar o bebê, ele nunca reconheceria meu irmão, nunca mais a veria. No entanto, se fizesse, eles continuariam a se ver por trás das costas de sua esposa e, quando ele a deixasse, eles criariam Seokjin juntos. Eu não tenho certeza se minha mãe era tão ingênua por causa de sua idade jovem ou por causa do amor, mas ela concordou com o plano dele. Então todos se mudaram para os estados unidos, três anos depois ela engravidou de mim e viu que Jung-ho nunca a amou ou planejou largar a esposa. Ela conheceu meu pai que concordou em me criar como dele e eu vivi minha vida assim até descobrir tudo há três anos.
"O que você quer dizer com não podemos contar a ele sobre a mãe dele?"
"Eu só vou concordar em dizer a ele que você é seu meio irmão, e você vai esperar que eu diga a ele, Taehyung. Você não vai dizer uma palavra sem que eu saiba. Isso é o melhor que você vai conseguir de mim." Jesus. Ele estava realmente negociando comigo sobre isso? "Esta é a última temporada dele, e eu vou esperar que ela chegue ao fim. Eu não posso permitir que Seokjin perca o seu foco e estrague o seu futuro por causa disso. Se você se preocupa com ele, vai esperar até o final da temporada." Eu queria fazer muitas perguntas, mas simplesmente concordei. Eu esperei três anos para conhecê-lo depois de tudo, mais alguns meses não eram nada. Quando ele não tirou os olhos de mim, dei-lhe um aceno firme e me virei para sair. O ar dentro da sala estava se tornando sufocante. "Mais uma coisa, Taehyung." Eu parei com meus dedos na maçaneta. "Eu não te quero perto de Jeon Jungkook."
As minhas sobrancelhas se juntaram em confusão e me virei para encará-lo.
"O quê? Por quê?" Que diabos ele tinha a ver com Jungkook.
"Quando eu disse a ele que poderia ficar no apartamento, pensei que você já tivesse saído para morar com seu amigo... qual era o nome dele..." Gesticulou pra mim.
"Jimin." Ele suspirou.
"Sim, ele. Jungkook está ocupado o suficiente, então eu sei que ele não estará perto de você, mas eu ainda quero que mantenha distância, já que ele é um dos amigos mais próximos de Jin. Eu suponho que você vai sair em breve de qualquer maneira. Eu vou falar com Jungkook sobre isso, mas se Seokjin ou qualquer um dos meus jogadores forem ao apartamento de novo, eu quero que você fique longe. Saia se necessário." Eu pisquei para ele.
Vá se foder. Gritei mentalmente, desejando ser capaz de verbalizar as palavras. Kim Jung-ho tem que ser o alfa mais desprezível que eu conheci, como minha mãe pôde se apaixonar por alguém como ele era um grande mistério pra mim.
Eu esperaria até a temporada terminar antes de contar qualquer coisa para meu irmão, porque não era só o meu segredo para contar e eu não queria estragar a grande chance dele. Jung-ho nunca seria um pai para mim ou algo parecido com isso, mas ele era para o Jin. Além disso, ele estava certo - não seria bom para meu irmão se eu falasse tudo bem no meio da temporada de futebol. Eu tinha certeza que isso não me tornaria a sua pessoa favorita.
Dito isso... Kim Jung-ho era a última pessoa na terra a escolher de quem eu seria amigo.
"Pai?" Eu sussurrei no meu telefone.
"Quem é esse estranho me chamando de pai?" Eu queria conversar, mas não consegui forçar as palavras. "Taebear? Então você se lembra que tem um pai, hein?" O seu tom mudou de brincalhão para preocupado em um segundo. "Tae? Você está aí?" Murmurando algo ininteligível, eu funguei e puxei as minhas pernas até ao meu peito. Descansando a testa nos joelhos, limpei uma lágrima da minha bochecha antes que alguém ao meu redor pudesse ver que eu estava chorando. O meu pai suspirou no telefone e eu fechei os olhos com mais força. Oh, como eu desejei que ele estivesse ao meu lado e eu pudesse simplesmente desaparecer no seu abraço e nunca sair do seu lado. "Diga-me o que ele fez," ordenou com uma leve raiva na sua voz.
"Como você sabe que é ele?" Funguei.
"Quem mais poderia fazer você chorar? Mesmo quando você era criança, não chorava tanto quanto tem feito nestes últimos anos. Diga-me o que ele fez agora." Eu nunca seria capaz de explicar a forma como meu pai era capaz de me consolar mesmo estando a um oceano de distância.
"Eu não sei o que devo fazer mais, pai." Mais lágrimas quentes desceram pelo meu rosto.
"Você deveria dizer o que está acontecendo, meu lindo menino. Eu não suporto quando você me liga chorando assim."
"Eu sinto muito," murmurei. "Interrompi o seu trabalho?"
"Tae…" Outro suspiro sofrido. "Você nunca é uma interrupção, e não me liga o suficiente. Diga-me o que está acontecendo para que eu possa ajudar você. É tudo o que quero fazer, prometo."
"Eu sei, pai." Eu odiava como ele sempre sentiu que tinha que ter cuidado quando estávamos falando sobre esse assunto específico. Eu queria que não tivéssemos que falar sobre isso.
"Bom," ele grunhiu. "Então me diga o que está acontecendo e vamos descobrir juntos, como sempre fizemos, tudo bem?"
Isso foi o suficiente, foi como se ele pressionasse um botão e então mais lágrimas caíram.
"Eu estive no escritório dele há poucos minutos atrás. Ele gritou comigo, mas isso não é importante." Deus sabe que não é a primeira vez. "Mas as coisas que ele disse... ele nem percebe o quanto está me magoando. Ele está fazendo eu me sentir como um segredinhoo sujo. Eu me sinto... mal."
"Apenas espere um segundo, ele estava gritando com você? Por que esta é a primeira vez que estou ouvindo sobre isso, Taehyung? Você prometeu que me contaria tudo. Esse foi o nosso acordo antes de você ir embora." Mordi o lábio para não falar nada. Eu podia imaginá-lo tirando os óculos e esfregando a ponta do nariz, como sempre fazia quando se sentia incomodado. "Eu não gosto que ele grite com você, vamos esclarecer isso primeiro. Ele não pode fazer isso, você me ouviu?"
"Sim." Murmurei.
"E eu não quero ouvir as palavras segredinho sujo fora de sua boca nunca mais. Se eu fizer isso, teremos um problema. O que há de errado com você? Você é meu menino, não dele, não da maneira que conta, de qualquer forma. Você é tudo que eu sempre quis, o melhor filho do mundo. Eu não poderia estar mais orgulhoso de ser o seu pai." Sorri em meio as lágrimas. “Nunca mais permita que ele se comporte dessa forma com você, está ouvindo?”
"Pai," eu gemi. "Você está tornando isso pior." As suas palavras foram um bálsamo para as feridas frescas que Jung-ho havia deixado, e elas me deixaram emocionado também, apenas de um jeito diferente. Eu finalmente levantei a minha cabeça e limpei o nariz com as costas da minha mão.
"Nada que ele faz ou diz pode deixar isso de outra forma. Você nunca foi nada além de uma alegria para mim. Eu não me importo se ele é o seu pai biológico, não significa nada para mim. Eu criei você melhor do que isso, então por que você está deixando ele magoar você?" Eu não consegui falar através do nó na garganta, então o meu pai, o meu herói, continuou por mim. "Você tentou. Eu sei que você tentou o seu melhor para conhecê-lo, mas se não está funcionando... talvez seja hora de parar. Você deu a ele o benefício da dúvida e esperou que ele contasse ao seu irmão sobre você. Você fez tudo o que ele queria, e ainda está fazendo, então talvez seja hora de fazer o que você quer, hein?"
"Eu não posso dizer a ele," abracei meus joelhos. "Eu prometi a Jung-ho hoje que não contaria nada a Seokjin antes de sua última temporada terminar, e eu odeio isso porque ele está certo, mas ele está me manipulando há anos e estou com o coração partido."
"Você percebe que essa foi a desculpa dele nos últimos três anos? E o quanto ele está tentando conhecê-lo? Porque eu sei as dezenas de vezes que o bastardo prometeu estar em algum lugar e nunca apareceu." Mordi meu lábio.
"Ele estava no apartamento, ontem à noite, papai." Deixei escapar, me sentindo animado. Foi a primeira vez que pude chegar tão perto do meu irmão, ele até mesmo falou comigo.
"Quem? Jung-ho?"
"Não… na verdade, antes de falar sobre isso… por favor, não fique com raiva.” Eu disse, já sabendo que um grande sermão estava por vir. “Eu não te disse isso porque eu não tinha certeza de como você reagiria comigo vivendo com um estranho, mas..."
"Vivendo com um estranho? Do que você está falando?" Sua voz aumentou.
"Bem… aparentemente, um dos jogadores de Jung-ho teve alguns problemas com os seus companheiros de quarto e precisava de um lugar para ficar. Eu não tinha contado a ele que não estava morando com Jimin ainda, então... pensando que eu não estaria no apartamento... bem, ele o ofereceu ao Jungkook." Nenhum som pôde ser ouvido do outro lado da linha. Eu sabia que ele ficaria chateado, o que era uma das razões pelas quais eu não ligava tanto quanto costumava fazer. Eu odiava ter que mentir para ele. "Eu tenho vivido com ele, com Jungkook, no último mês, ou talvez um pouco mais," acrescentei rapidamente.
Completo silêncio, nem mesmo sua respiração era audível.
"Um mês, ou talvez um pouco mais." Ele finalmente se manifestou após longos segundos e estremecendo, bati a minha testa contra os joelhos algumas vezes.
"Sim, mas ele é uma ótima pessoa, pai." Eu poderia ter dito a ele sobre as vezes que o conheci antes de ele se mudar, mas eu não acho que isso iria cair bem. Ah, e também houve o tempo em que o alfa segurou a minha mão e me deixou cair no sono no seu ombro quando a eletricidade caiu, mas novamente, isso não iria cair bem.
"Taehyung... você quer que eu tenha um ataque cardíaco?"
"Estou falando sério, pai. Eu estava esperando que ele fosse esta..." Ah, como explicar o alfa para o meu pai que nem sabia que eu tinha um companheiro de quarto, quanto mais um que fosse jogador de futebol. "Esta pessoa completamente diferente, mas ele não é." Um pequeno sorriso inclinou os meus lábios para cima. "Quero dizer, ele é diferente, mas de um jeito bom. Na verdade, acho que você gostaria muito dele."
"Eu quero que você se mude, Taehyung. Eu estou indo pegar o primeiro voo pra Los Angeles e assim que aterrissar vamos encontrar outro apartamento para você." Parecia que tudo que eu acabei de dizer tinha caído em ouvidos surdos.
"Não, você não está. Eu não posso sair, pelo menos não este ano. Eu tenho economizado dinheiro, mas não o suficiente para me mudar ainda e você sabe que quero fazer meu último ano em Nova York." Eu realmente não queria estar no apartamento de Jung-ho, mas não tinha alternativa, além disso eu gosto de morar com Jungkook.
"Pare de ser tão teimoso e deixe-me ajudar. Eu pagarei para você." Um sorriso fraco tomou meus lábios, eu sabia que ele pagaria, mas não podia permitir que ele fizesse isso.
"Não, pai. Eu não posso pedir você para fazer isso. Você ainda está pagando as contas do hospital da mamãe, e eu não vou adicionar mais preocupações." Sempre tivemos uma boa condição financeira, não éramos ricos, mas vivíamos bem. O câncer da minha mãe realmente nos pegou despreparados, dívidas foram criadas para que ele pudesse fornecer o máximo de conforto possível para ela, além do melhor tratamento disponível.
"Você está me matando aqui. Você percebe o quanto impotente estou me sentindo? Você não está me deixando fazer nada sobre o Jung-ho. Você espera que eu relaxe e fique bem enquanto estou te ouvindo chorar sobre coisas que esconde de mim, e ainda não está me deixando ajudar com a sua situação de vida - para que inferno eu sou bom então?" Os meus olhos se arregalaram.
O meu pai nunca amaldiçoou. Eu não iria realmente rotular inferno como uma maldição, mas vindo de seus lábios, poderia muito bem ter sido um porra.
"Pai... eu…" Um longo suspiro veio da linha.
"Como você pode não me dizer que está morando com um alfa, Taehyung? Se fosse Yoongi, isso seria outra coisa, mas um jogador de futebol? Ele pelo menos está em um relacionamento? Quantos anos você disse que ele tinha mesmo?"
"Ele é um veterano. Na verdade, ele é amigo do Jin, isso era o que eu estava indo..." Ele me interrompeu.
"Se ele é um veterano então deve ser no mínimo dois anos mais velho que você.” Ele murmurou algo inaudível, antes de continuar o interrogatório. “Ele é a razão pela qual você não está me telefonando? E eu aqui pensando que você estivesse atolado com suas aulas, mas você e esse cara estão..."
"Não, você nem precisa terminar a frase. Jungkook está muito ocupado para se envolver com alguém, já que ele está trabalhando duro para se tornar profissional, não que eu estaria interessado se ele não estivesse ocupado, ou que ele estivesse interessado em mim, mas..." Comecei a falar cada vez mais rápido.
"Você está divagando. Você gosta dele, não é?" Meu pai perguntou com um suspiro.
"Não!" Eu soltei rapidamente, um pouco rápido demais. "Não, eu não..." Então, por que minha voz saiu tão alta? "Na verdade, estamos nos tornando amigos. Talvez você o conheça quando vier me visitar. E sim, as minhas aulas estão aumentando. As tarefas e as pequenas fotos que estou fazendo para outros alunos praticamente ocupam todo o meu tempo. Eu também tenho tirado fotos para vender on-line, você sabe, estilizando pequenas coisas e vendendo-as individualmente. A minha professora de fotografia vai me avisar se algum dos seus amigos fotógrafos precisar de uma assistente para qualquer uma de suas sessões, como casamentos ou coisas assim, já que estou muito mais interessado em retratos do que em qualquer outra coisa. Então, sim, tem sido muito agitado, e essa é a única razão pela qual eu não tive tempo de ligar para você. Não quero que se preocupe comigo. Eu posso lidar com isso, tenho lidado com isso. Ainda assim, estou falando sério quando digo que vou sair do apartamento dele no próximo ano. Eu sempre achei que era o mínimo que ele podia fazer, quero dizer me deixar ficar lá, mas sim, eu não quero nada entre nós, nunca mais. Eu sinto que devo algo a ele, e eu não gosto disso."
Eu percebi tarde demais que a minha última frase iria tirá-lo do sério de novo.
"Você não deve nada a este homem, Taehyung, absolutamente nada."
"Eu sei disso, eu acho, mas ainda assim, não quero nenhuma amarra. Se ele não contar ao Jin em janeiro ou fevereiro... Enfim, eu não quero mais falar sobre o Jung-ho. Jungkook, por outro lado, não quero que você se preocupe. Sim, ele é meu companheiro de quarto, mas mal nos vemos. Confie em mim, ele está ainda mais ocupado do que eu então você não precisa se preocupar com nada. Você sabe que eu diria a você se ele estivesse me deixando desconfortável ou se estivéssemos nos vendo. Eu sempre conto a você coisas assim, você sabe disso."
"Você iria? Porque eu já ouvi mais do que algumas coisas que você manteve escondido de mim nesta conversa telefônica." Touché.
Mude de assunto, Taehyung.
"Uh… o que eu estava tentando dizer mais cedo… ontem à noite dois dos companheiros de equipe de Jungkook vieram ao apartamento. Um deles era o Seokjin e eu estava lá… e não sabia o que fazer. Eu nem sabia onde colocar as minhas mãos. Foi tão estranho."
"Você poderia ter dito a ele." Queria que fosse tão fácil.
"Pai, eu não posso sair e dizer a ele do nada. Você esqueceu como eu reagi? Ele acharia que eu estava louco e o que eu deveria dizer? Oh, olá, sou o irmão perdido que você nunca soube que tinha. Então, como tem passado? Ah, falando nisso, a mulher que você conhece como sua mãe na verdade não é. Você quer saber sobre a sua verdadeira mãe?” Revirei os olhos. “Além disso, eu posso ter olhado para ele um pouco demais ontem, então ele pode pensar que eu sou louco."
"Se a sua mãe tivesse entrado em contato com ele antes dela... então você não teria que passar por tudo isso. Ela queria muito vê-lo." Eu nunca poderia dizer a ele que minha mãe estava realmente mais animada em ver Jung-ho do que qualquer outra coisa. Ela estava muito esperançosa.
Eu nunca esquecerei o dia em que ela me disse que Ronald não era o meu verdadeiro pai. Ela quebrou o meu coração naquele dia, e se meu pai – porque apesar do que quer que ela tenha dito, ele sempre será o meu pai, porque o sangue não faz de você família, nem sempre – tivesse estado no quarto conosco, ela também quebraria o dele. Talvez ela achasse que eu ficaria feliz em saber que Jung-ho tinha sido o amor de sua vida, e tão bom quanto Ronald tinha sido para ela, ninguém poderia tomar o lugar dele, nada chegava perto do amor que nutriam um pelo o outro. Talvez ela tenha pensado assim.
Depois de conhecer o homem, eu não poderia ter discordado mais.
Havia um monte de coisas que eu estava com raiva de minha mãe, mas eu iria magoar o meu pai se expressasse alguma delas. Ele a amava mais do que ela amava qualquer um de nós. Eu odiava mentir para ele, mas não podia falar sobre ela.
"Pai, eu tenho que ir. Eu tenho uma aula em dez minutos e preciso encontrar Yoongi antes disso, então…" Me levantei, batendo a poeira da minha calça.
"Okay. Agora que conheço todos os seus segredos, prometa-me que você vai ligar mais - e Taehyung, sem mais segredos, ok?" Sua voz soou rígida.
"Certo. Eu te amo muito, pai. Você é o melhor pai do mundo.” Eu disse, odiando aquele tom em sua voz.
"Eu também te amo, querido." Disse antes de desligar e com um suspiro, caminhei sentido para fora da ala atlética.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
O bar estava cheio de estudantes universitários que tinham saído para comemorar o final dos exames. Alguns desses alunos eram os meus companheiros de equipe, empenhados em iniciar a semana de despedida com festa. Alguns deles contornavam as mesas de bilhar, aguardando a vez, enquanto outros estavam flertando. Alguns estavam na frente das TVs assistindo a uma reprise dos jogos da semana anterior. Parecia que toda a equipe estava lá. Um grito alto sairia em algum lugar no bar e antes que você pudesse entender de qual canto veio, o som era engolido pela multidão barulhenta e pela música que Jimmy tocava em todos os cantos do lugar.
Puxando a alavanca, enchi uma cerveja e entreguei a Chuck, um dos garçons.
"Obrigado cara," ele gritou por cima do barulho antes de sair.
Eu tentei conseguir tantas horas quanto fossem humanamente possíveis no bar do Jimmy, sem atrapalhar o meu cronograma de treinamento, porque servir bebidas me ajudava a pagar tudo que a bolsa de estudos de futebol não cobria. Algumas noites eu fazia o suficiente para que pudesse mandar um pouco de volta para casa, sem que o meu pai soubesse disso, é claro. A última coisa que ele queria era que eu me preocupasse com os problemas financeiros.
Lavando um shaker e os poucos copos que estavam acumulando atrás do bar, vi Jaehyun vir até mim.
"Quando é o seu intervalo mesmo?" Ele perguntou, pulando em um banco do bar e piscando para Lindy, uma das funcionárias que estava comigo naquela noite.
"Sentindo muito a minha falta?" Antes que ele pudesse responder, fiz o meu caminho em direção às duas ômegas que estavam à minha espera.
"O que eu posso trazer para vocês, senhoras?" A loira, que estava usando um vestido vermelho decotado, inclinou-se sobre o bar com um sorriso de flerte, entregando-me os vinte que estavam entre os dois dedos.
"Shots de tequila, duas rodadas – e para depois, vou levar o seu número." Eu sorri e entreguei os seus shots depois de verificar suas identidades.
"Talvez na próxima vez." Eu ignorei como a ruiva me olhou atentamente enquanto lambia o sal nas costas da mão e fazia um espetáculo ainda maior ao sugar uma das fatias de limão que eu forneci. Assim que terminaram a primeira rodada, enchi o segundo e deixei para elas. "Deixe-me saber se você precisar de mais alguma coisa."
Jay ainda estava esperando por mim quando voltei.
"Você é o filho da puta mais estúpido que eu conheço, você sabe disso, certo?" O alfa me fitou como se eu fosse louco.
"É o que você me diz sempre." Respondi, limpando a bancada.
"O que diabos está errado com elas?" Ele inclinou a cabeça para o lado, e eu olhei para as meninas, vendo a loira me enviando uma piscada.
"Não, mas você sabe que eu não sou fã de fodas casuais. Por que isso lhe surpreenderia agora? Além disso, sexo é a última coisa na minha cabeça agora. Você não estava lá quando quase perdemos o último jogo no Colorado?"
"A palavra-chave é quase. Nós vencemos, não foi?" Ele se inclinou sobre o bar e pegou um punhado de amendoins. "E é mais como se você não estivesse com mais ninguém. Quando foi a última vez que você transou? Se ao menos você estivesse interessado em..." Os meus olhos pegaram algo sobre o ombro de Jay e eu travei. O brilho suave das luzes amarelas e vermelhas penduradas no teto davam ao bar uma aparência relaxada e acolhedora, e tornou possível para mim reconhecer Taehyung entrando com um alfa, o seu braço envolvendo o dele. Isso me atingiu como um soco no estômago. Jaehyun seguiu meu olhar e viu o que tinha a minha atenção. "Ah, esse é o Taehyung, não é? Então, você não vai fazer com um ômega aleatório, mas você faria com ele, não é? Juro por Deus que já o vi antes, mas não me lembro onde."
"Você não viu," eu murmurei distraidamente enquanto as minhas sobrancelhas se juntavam. "E nós somos amigos, ninguém vai fazer nada."
Tae não estava mais segurando o braço dele, mas eu o observei agarrar os ombros do sujeito para ficar na ponta dos pés e olhar em volta pela multidão. Quando encontrou o que procurava, um grande sorriso apareceu no seu rosto e ele gritou alguma coisa para o alfa antes de começar a arrastá-lo para trás do bar. Taehyung deve ter procurado pelo seu amigo, porque um garoto saiu de uma cabine perto da parede do final, onde todas as televisões estavam montadas e o encontrou no meio do caminho. Houveram gritos suaves, abraços e beijos. Esse era o tal namorando? Eu o segui com os olhos todo o caminho até a cabine, observando Tae se acomodar bem ao lado do idiota.
"Pelo que vejo, parece que seu amigo está definitivamente fazendo com alguém. Cara… Hey, você ouviu o que eu disse? Terra para Jungkook?" Os meus dedos apertaram o pano na minha mão até o ponto onde eu podia sentir as minhas unhas machucando a palma através do material. Eu me forcei a desviar o olhar e focar em Jaehyun enquanto cada músculo do meu corpo ficava tenso.
"O que você quer?" Isso saiu mais duro do que eu pretendia, então rolei os meus ombros para tentar relaxar.
A sua sobrancelha levantou lentamente e ele se recostou no seu assento. Surpreendentemente, o alfa optou por não me empurrar ainda mais.
"Estou esperando pelos caras." Ele fez uma pausa, os seus olhos estreitando-se ligeiramente. "Nós sabemos quem é o cara?"
"Provavelmente o namorado dele. Eu não sei." Dei de ombros, roubando outro olhar na direção dele.
"Nós o matamos? Ou apenas quebramos as pernas dele como um aviso?" Eu ri, mas pareceu estranho.
"Nem uma coisa nem outra. Confie em mim, ele é uma opção melhor do que eu a que imaginava." Mas mesmo enquanto eu dizia as palavras não existia alívio, eu detestava a ideia de Taehyung com outra pessoa.
"O que você quer dizer?" Dando de ombros, saí para servir alguns recém-chegados. Erguendo a voz, Jay continuou. "Então ele está namorando, hein? Isso significa que Taehyung realmente não está afim de você. Interessante. Você sabia disso ou é uma surpresa?"
Eu me apoiei no bar com uma mão e joguei a outra em direção ao Jaehyun quando vi que ele estava pegando a tigela dos amendoins novamente.
"O que é tão interessante sobre isso? Ele está namorando – todo mundo namora." Meu amigo deu um encolher de ombros.
"Oh, nada. Você sabia disso?" Dei outro olhar para o ômega em questão que estava com a cabeça tombada, gargalhando de algo que o maldito alfa disse.
"Sim, Taehyung disse que tinha um namorado e era complicado." Eu cerrei os dentes e olhei para o meu amigo. "Eu acho que ficou descomplicado. Você não tem outra coisa para fazer? Estou tentando trabalhar aqui."
"Eu não estou te segurando. Eu sou um cliente pagante assim como todo mundo aqui." O alfa olhou por cima do ombro e eu não pude me impedir de olhar para o ômega novamente.
Taehyung estava de pé se inclinando sobre a mesa para puxar seu amigo. Todos os três se dirigiram para a pequena seção quadrada em frente às televisões que a maioria dos clientes via como uma pista de dança improvisada. Havia talvez sete, dez pessoas já dançando. —Despacito do Fonsi começou pela milésima vez naquela noite, mas de alguma forma, nunca soou tão bem quanto naquela hora.
"Quem nós estamos assistindo?" Eu nem tinha notado que Seokjin e Namjoon tinham se juntado a nós e já estavam olhando por cima dos nossos ombros, até Joon se manifestar. Eu nunca iria sobreviver a isso, mas esse conhecimento não fez nada para afastar os meus olhos do trio que eu estava assistindo.
"Esse é… seu companheiro de quarto?" Jin perguntou antes que Jay ou eu pudéssemos responder.
"Em carne e osso," Jaehyun respondeu por mim.
"Bela bunda, cara," acrescentou Namjoon, o nosso defensor principal.
Atirei-lhe um olhar irritado, mas a sua cabeça ainda estava virada. Todos os três estavam assistindo, e não havia nada que eu pudesse fazer para pará-los sem parecer um idiota completo.
Taehyung estava balançando lentamente os quadris de um lado para o outro, e os seus lábios estavam cantando as palavras da música. Eu nem podia ouvir, mas aposto que espanhol soava maravilhosamente vindo de seus lábio. O seu namorado não parecia tão entusiasmado em estar na pista de dança, então Tae agarrou as suas mãos e o forçou a se mover com ele. O alfa riu e girou sob o braço levantado do seu amigo e conseguiu afastá-lo das bordas das mesas. Quando o ômega finalmente começou a dançar, rindo junto com eles, Taehyung satisfeito assentiu e soltou as mãos. A próxima coisa que soube, foi que o alfa, seu provável namorado, se envolveu atrás dele e eles começaram a balançar juntos, o tempo todo cantando e sorrindo. Talvez eu não goste muito dessa musica, afinal. Então os dois ômegas começaram a dançar ao redor do cara, os seus dedos deslizando por todo o seu peito, os três cantando e rindo. Taehyung parou quando estava de costas contra o peito dele, o outro ômega fez o mesmo quando estava atrás dele, e então, como se tivessem calculado o tempo, balançavam os quadris no mesmo ritmo em pequenos e poucos movimentos, hipnotizando todos que os estavam observando – os meus amigos excitados não eram os únicos que olhavam fixamente. Os dois começaram a descer, deslizando os seus corpos por cima dele. Taehyung levantou as mãos e aquela simples camiseta branca que dizia Live It Up na frente subia, exibindo alguns centímetros da pele cremosa do seu estômago, não apenas para mim, mas para todos que estavam observando.
A minha mandíbula apertou.
Quando Namjoon soltou um gemido, bati com a palma da mão no bar, com força suficiente para chamar a atenção dos meus colegas de equipe e de alguns dos outros clientes. As suas cabeças viraram para mim em surpresa.
"Posso pegar alguma coisa para vocês ou estão aqui apenas para o espetáculo?" Se a minha pergunta saiu como um grunhido, eu não tinha controle sobre isso. "Se vocês não estão aqui para beber, vão para uma das malditas mesas, ou apenas saiam, já que estamos bem cheios esta noite." Jay abriu a boca, mas eu levantei um dedo em sua direção. "Nem pense nisso."
Ele levantou as mãos em sinal de rendição, mas não conseguiu limpar o sorriso do rosto.
"Essa música é quente, é tudo o que eu vou dizer." Jin olhou para Jaehyun com interesse, mas sabiamente não fez nenhum comentário antes de voltar o seu olhar para mim.
"Quando é sua próxima pausa? Precisamos falar sobre o nosso cronograma de treinamento esta semana." Namjoon empurrou Seokjin, o fazendo perder seu equilíbrio no banco.
"Cara, você está falando sério? É o primeiro dia do adeus. Tire um dia de folga pelo amor de Deus." Eu tive que forçar os meus olhos para ficar em Seokjin e não procurar por Taehyung enquanto a maldita música finalmente terminava e uma antiga melodia de Shakira começava. Eu era muito covarde para olhar em sua direção. Suspirei e passei a mão pela minha cabeça enquanto exalava um grande suspiro.
"Amanhã vou dormir, cara. Estarei na sala de musculação às nove da manhã, mas nem um segundo antes disso." Respondi, só Deus sabe quando vou sair desse bar.
"Então você está dormindo uma hora extra? Isso não é dormir, cara. Vocês são loucos. Estou tirando um dia para mim, vou festejar, encontrar alguém para passar a noite e após uma boa noite de sexo irei dormir o dia todo. Eu gostaria de pensar que mereço o meu sono da beleza." Jaehyun afirmou, piscando para um ômega sentado perto dele.
"Como se você tivesse as bolas para fazer isso. O treinador chutaria a sua bunda diretamente para a linha final no segundo em que você aparecesse tarde para a reunião." Namjoon disse e Jay bufou antes de se virar pra mim.
"Pelo menos me diga que você está vindo para a festa na casa de fraternidade." O alfa questionou.
"Quando é? Amanhã à noite?" Eu perguntei, exausto com o mero pensamento de ir à uma festa.
"Não posso acreditar que sou amigo de vocês três. Como você não sabe sobre a festa de hoje à noite?" Jaehyun questionou, revoltado.
"Jungkook, três cervejas - imediatamente!" Chuck gritou o pedido, em seguida, desapareceu de volta para a multidão.
Eu levantei as minhas mãos.
"Como vocês podem ver, não vou a lugar nenhum. Eu estarei aqui todas as noites esta semana, preciso pegar mais horas." Namjoon levantou-se com um enorme suspiro.
"Okay, eu terminei. Você está me tirando do sério como ninguém. Estou indo embora." Ele olhou para Jin e Jaehyun. "Vocês estão vindo ou vão desperdiçar a folga igual a esse perdedor?"
Seokjin foi o primeiro a seguir a sua liderança e se levantar.
"Eu prefiro ter cerveja na fraternidade do que ir para casa hoje à noite. Além disso mais tarde vou na casa da Mandy," ele bateu os nós dos dedos no topo do bar. "Te vejo amanhã de manhã?"
Eu terminei de encher as cervejas e as coloquei numa bandeja, prontas para serem levadas.
"Você está novamente com a Mandy? Quando diabos isso aconteceu?" Questionei franzindo a testa.
"Nós não estamos exatamente juntos." O alfa rebateu.
"Como iria parecer passar na casa da sua ex de madrugada? Não me diga que você vai dormir no sofá dela enquanto estiver lá." Ele me deu um encolher de um só ombro e a sua boca se curvou num sorriso satisfeito.
"Apenas testando as águas para ver se é hora de ficarmos juntos novamente. Vejo você amanhã, cara." O relacionamento que ele tem com o seu pai, nosso treinador, era tenso na melhor das hipóteses, e sempre que ele sentiu que precisava de espaço, ele nunca estava precisando de um lugar para dormir.
Seokjin era o quieto do nosso grupo. Ele era o capitão da equipe, um bom líder no campo, mas quando se tratava de socializar com as pessoas, ele preferia ficar para trás. Havia sempre uma multidão seguindo-o como filhotes perdidos, morrendo de vontade de chamar a atenção do quarterback, mas ele era mais como eu do que Jaehyun ou Namjoon. No entanto, ao contrário de mim, ele não se importava com conexões aleatórias, mas mesmo isso só acontecia durante o período de fim da temporada, não quando o nosso futuro dependia de como fazíamos a temporada com todos os olhos que tínhamos em nós, sem mencionar a mistura ao virar da esquina.
"Sim, vejo você," Jin seguiu atrás de Namjoon, que estava conversando com alguns de nossos companheiros de equipe, deixando-me sozinho com Jaehyun. "O quê?"
"Apenas uma pergunta." Suspirei.
"O que foi?" Lá vamos nós.
"Você gosta do ômega?" Ele apontou por cima do ombro com o polegar.
"Somos apenas amigos, Jay. Não tenho certeza quantas vezes eu preciso lhe dizer isso." Não importa que eu queira mais, não enquanto Taehyung estiver namorando.
"Sim, claro. Eu entendo isso, e amigos são bons, mas…" Ele hesitou. "Confie em mim… não tente ficar todo sentimental na sua bunda, mas você merece se divertir, cara. Se não for agora, quando vai ser? Você sabe o que dizem: trabalhe duro, brinque ainda mais. Se você o quer..." Sabiamente, ele deixou assim. "Basta pensar sobre isso, é tudo o que estou dizendo."
"Eu acho que você perdeu a parte onde eu disse que ele tem um namorado." Eu esqueci de mencionar que estava de fato muito interessado em Taehyung e estava apenas esperando o momento certo para fazer o meu movimento, uma vez que ele estivesse solteiro e descomplicado – embora talvez fosse tarde demais.
"Como eu disse, sempre podemos nos livrar dele ou quebrar suas pernas. De qualquer jeito..." O alfa olhou para o trio. “Você precisa ter mais confiança, chegue junto e deixe suas intenções claras.”
"Jungkook, eu poderia usar alguma ajuda aqui!" Lindy chamou enquanto colocava a mão no meu braço e piscou para o meu amigo sorrindo.
"Não se preocupe com isso, okay?" Eu disse para Jay. "Eu vou ver você amanhã de manhã. Não me faça ir arrastá-lo para fora da cama em que você está pensando em cair hoje à noite."
"Eu continuo te dizendo, você deveria ser espelhar mais em mim." O encarei e ele ergueu as mãos. "Sim, sim. Bem. Até a próxima. Eu vou encontrar uma Mandy para a noite."
"Não faça nada que eu não faria." Gritei pra ele antes de voltar ao trabalho.
"Cara, esse navio partiu há muito tempo." Tirando Taehyung da minha mente, eu ri e fui para o lado de Lindy, ajudando-a com os pedidos.
"Você deve fazer a sua pausa assim que isso desacelerar um pouco," eu disse alto o suficiente para que ela pudesse me ouvir enquanto trabalhávamos lado a lado. "Fale com seu pequeno antes que ele durma." Lindy era uma mãe solteira que deixava o seu filho de três anos em casa com o avô quando ela vinha trabalhar. Ela ligava para o seu filho em quase todos os intervalos, em vez de fumar ou falar merda com os garçons e as garçonetes.
"Que horas são?" Ela perguntou, as suas mãos ocupadas agitando um coquetel. A maioria dos clientes do Jimmy's comprava cervejas baratas, já que a grande maioria era formada por estudantes universitários, mas havia algumas pessoas extravagantes que pediam coquetéis de vez em quando.
"Já passou das nove." Ela parou de balançar, despejou a bebida rosa em um copo de martini e decorou com uma cereja marasquino. "Sim, ele provavelmente está na cama, esperando que eu ligue. Obrigada, Jungkook."
Eu balancei a cabeça e assim que estava tomando outro pedido, os meus olhos encontraram o caminho de volta para Taehyung, ainda dançando. Pelo menos eu não consegui mais encontrar o rosto do idiota, mas por quanto tempo ele iria dançar? O ômega ainda não estava cansado? E ele não deveria ser tímido? Como parecia perfeitamente bem dançando na frente de todas essas pessoas quando não conseguia nem olhar nos meus olhos por mais do que alguns segundos?
De repente, notei uma mão ao redor de sua cintura. Um rosnado escapou dos meus lábios e alguns dos caras sentados na minha frente me deram olhares estranhos. Eu lhes dei um elevar de queixo.
"Algum problema?" Eles apenas balançaram a cabeça e voltaram para a conversa.
Eu olhei para eles novamente. O que diabos eu esperava do meu amigo? Claro que ele estava lá; claro que ele estava conversando com Taehyung. O ômega sorriu para algo que Jaehyun disse e deu um discreto passo para trás, tirando o seu braço sem muito esforço. Jay se inclinou para dizer alguma coisa no seu ouvido e, quando terminou, deu um tapinha na cabeça de Taehyung duas vezes, disse algo ao namorado e afastou-se deles. Assim que ele estava prestes a sair do bar, se virou para mim, dando-me um sinal de positivo e um sorriso de merda logo antes que desaparecesse. Foi um acordo feito – ele basicamente me deu permissão para chutar sua bunda da próxima vez que estivéssemos no campo. Ele devia saber que eu não gostaria de suas mãos no meu ômega amigo… em torno de sua cintura, tocando-o, sentindo o seu corpo.
"Cara!" Lindy gritou do outro lado do bar, e eu me forcei a olhar para ela. Com olhos arregalados para mim, ela apontou para a caneca na minha mão, que estava transbordando de cerveja.
"Merda!" Eu soltei a torneira e limpei a caneca com um pano antes de entregá-la.
"O que há de errado com você esta noite?" Lindy perguntou, se aproximando de mim.
"Nada." Tentando não reagir aos olhos que pude sentir em mim, terminei o pedido e comecei a fazer outro. Minha curiosidade levou a melhor sobre mim e olhei para Taehyung. Todos os três estavam me observando. O cara que eu estava de olho desde que eles entraram inclinou-se para Tae e chamou a sua atenção. Ou eles não conseguiam se ouvir a alguns centímetros de distância e o rosto do idiota tinha que se inclinar ainda mais perto do ouvido dele – o que eu achava que era besteira total - ou ele não gostava da atenção do ômega em mim. Amaldiçoando-me por ficar tenso quando notei ele se afastar e colocar uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, voltei para o meu trabalho.
Nem mesmo 20 segundos se passaram quando o cara que eu acabei de servir uma cerveja saiu do banquinho, e de repente eu estava olhando para o rosto sorridente de Taehyung.
"Ei, estranho, o que você está fazendo aqui?" Ele olhou em volta. "Você está tentando impressionar alguém?"
Tinha um pequeno sorriso em seus lábios quando nossos olhos se encontraram. Levou apenas alguns segundos para esconder o olhar de mim e se ocupar em apoiar os cotovelos no bar. Tae ficou surpreso de me ver lá? Talvez aborrecido? Feliz? O rubor em suas bochechas era para mim, ou era resíduo do que diabos a alfa idiota estava sussurrando no seu ouvido? Ou talvez ele estivesse corado por causa de toda a dança que teve. O ômega ainda estava um pouco sem fôlego, afinal. Não havia nenhum traço de sorriso nos meus lábios quando consegui forçar as palavras.
"O que parece para você?" Ele pareceu confuso com o meu tom e seu sorriso vacilou, os cantos lentamente abaixando quando me fitou rapidamente.
"Está tudo bem?" Eu engoli o meu aborrecimento e rolei o meu pescoço antes de respirar fundo. Tudo o que eu podia sentir era álcool e, por baixo, seu cheiro de morango misturado com o fedor do alfa idiota.
Tenha calma, homem. Ele não fez nada.
Eu exalei antes de abrir a boca para falar de novo.
"Eu sinto muito. Longo dia. O que você quer dizer com tentar impressionar alguém?" Questionei, tentando relaxar meu rosto.
"Você está atrás do bar." Eu olhei para mim e em volta de mim.
"Sim, eu trabalho aqui. É assim que funciona trabalhar em um bar. Você fica atrás do balcão e serve bebidas." Mordi, limpando o bar.
"Não, você não faz," ele disparou de volta.
"Sim, é basicamente isso." Grunhi, ainda mal-humorado.
"Não, quero dizer, servir bebidas?" Ele olhou para trás. "Você está realmente trabalhando agora?"
"Sim. O que você acha que eu estava fazendo?" Os seus dentes roçaram levemente o seu lábio inferior. Eu observei a sua boca se mover quando ele disse alguma coisa, mas eu estava muito ocupado admirando os seus lábios e perdi completamente. "O quê?"
O ômega se inclinou para frente uma ou duas polegadas e gritou um pouco mais alto.
"Eu disse, pensei que você estivesse tentando impressionar alguém! Você sabe como são atraentes os bad boys e você ser um jogador de futebol com essa cara fechada é apenas a cereja do bolo. Basicamente, duplamente quente." Ele arregalou os olhos quando notou o que disse, suas bochechas corando lindamente antes dele começar a divagar. "Não que eu esteja dizendo especificamente que você é quente ou algo assim, eu juro, mas eu pensei que você estivesse aí atrás..."
Olhando por cima do ombro, encontrei os olhos do idiota. Tanto ele quanto o outro ômega estavam assistindo Taehyung e eu. Ele foi idiota o suficiente para deixá-lo vir até mim, então por que eu deveria ser o único a ficar longe? Taehyung era o meu companheiro de quarto, meu amigo, afinal. Foda-se o bastardo. Jaehyun estava certo, talvez eu devesse investir mais para que o ômega percebesse que o lugar dele era comigo.
Eu me inclinei no bar, nos aproximando, e descansei os meus braços ao lado dos dele. Apenas alguns centímetros nos separavam. Se Tae se movesse, a minha pele deslizaria contra a dele. O ômega parou de divagar e olhou o reposicionamento dos meus braços. Então, consciente ou inconscientemente, ele se mexeu na cadeira, movendo a sua deliciosa bunda da direita para a esquerda.
"Tae," eu disse, minha voz baixa desde que estávamos agora mais perto. "Você está divagando de novo. É muito fofo, e está tudo bem se você pensar que o seu amigo é quente. Eu acho que você é quente pra caralho também."
O meu braço roçou o dele quando Lindy andou atrás de mim e fui forçado a avançar mais um centímetro. Taehyung ignorou completamente o fato de que eu tinha acabado de chamá-lo de quente – ou talvez ele simplesmente achasse que eu estava brincando – e se inclinou para frente como se não pudesse resistir. O movimento era quase imperceptível, e eu apostaria que ele não tinha percebido que fez isso.
"E-eu não disse que você era quente." Argumentou, fitando minhas mãos.
"Tenho certeza que você acabou de fazer. Duplamente quente, foram as suas palavras exatas." O provoquei, louco para encurtar a pequena distância e sentir o gosto daqueles lábios.
"Não," ele disse lentamente. "Eu só quis dizer que eles tendem a contratar pessoas de boa aparência para que..." O ômega soltou um suspiro e mudou de assunto. "Eu não sabia que você trabalhava com tudo o que você já faz. O seu horário é louco. Estou surpreso, só isso."
Eu levantei uma sobrancelha.
"Eu me lembro especificamente de dizer a você que eu não era rico." Argumentei.
"Sim, mas eu não pensei que você... eu simplesmente não pensei, aparentemente. Você me conhece e a minha tendência em estereotipar jogadores de futebol. A maioria das pessoas geralmente acha que eles têm direito a tudo, que lhes é dado tudo, e aparentemente eu sou uma dessas pessoas, mas… eu gosto que você esteja trabalhando." Ele bufou. "Você é realmente..." Tae franziu o nariz e balançou a cabeça. "Deixa pra lá.”
Me inclinei para mais perto e o meu antebraço roçou o dele novamente. Nós ficamos pele a pele. Taehyung não conseguia manter os olhos longe. Eu adoraria que o ômega terminasse a frase, mas havia outra coisa que eu queria saber mais. Virei minha cabeça um pouco, trazendo meus lábios para perto de sua bochecha - a bochecha que os dedos de seu namorado haviam escovado poucos minutos antes.
"Então esse é o seu namorado, hein? Eu não acho que ele goste que você esteja aqui falando comigo." O bastardo ainda estava assistindo, e isso estava começando a me dar nervos.
Sua cabeça se levantou e suas sobrancelhas se juntaram.
"O quê? Onde?" Eu me afastei.
"O seu namorado," repeti, apontando para o cara com o queixo. Naquele momento, o braço dele estava enrolado casualmente no estande e ele estava conversando com o ômega sentado em frente a ele, em vez de ficar olhando para nós. "Aquele com quem você está dançando desde que entrou." Eu virei meus olhos para Taehyung. "E eu pensei que você fosse tímido, Tae, parece que você não consegue nem olhar nos meus olhos por mais do que alguns segundos – mas aquele ômega dançando lá em cima não parecia tão tímido."
Lentamente ele se virou para mim. Meus músculos estavam tensos novamente. Por que eu estava ficando tão irritado com o fato dele ter dançado com o namorado? Não era como se eu não soubesse que o ômega tinha alguém, e eu deveria estar feliz que fosse apenas um estudante. Eu me endireitei para longe de Taehyung, decidindo realmente fazer o trabalho que estava sendo pago para fazer e ajudar Lindy com os clientes.
Depois que servi algumas bebidas, verifiquei se Tae tinha saído, mas o ômega ainda estava lá sentado esperando por mim, seus olhos observando os meus movimentos.
Eu voltei a parar na frente dele, pronto para me desculpar. Eu estava sendo um idiota sem motivos.
"Posso oferecer a você e... aos seus amigos alguma coisa?" Perguntei um pouco alto para que eu não tivesse que me inclinar novamente.
Sua carranca ficou mais profunda e ele deslizou para frente no seu assento. Seus lábios se separaram, mas nada saiu. Então Taehyung assentiu.
"Sim, eu vou beber um pouco do que você tem na torneira e uma Corona, por favor." O respondi com um aceno curto e servi meu companheiro de quarto. Colocando a cerveja na frente dele, me abaixei para pegar uma garrafa de Corona. Sua mão esquerda se fechou ao redor da alça da caneca e ele pegou a garrafa com a outra.
"Você pode carregá-los você mesmo ou eu deveria..." O que ele disse não era o que eu esperava ouvir.
"Esse não é meu namorado, Jungkook. Ele é meu amigo, Yoongi, e só para você saber, ser tímido não significa que eu não possa sair ou dançar com os meus amigos ou apenas estar perto de pessoas. Eu só fico tímido e desajeitado em torno de certas pessoas, e você é uma delas, só isso." Eu não tenho ideia se ele escolheu me dizer tudo isso praticamente numa respiração com uma voz baixa, então eu não poderia ouvir metade do que disse ou se o ômega pensava que teria ido embora antes que eu pudesse juntar tudo, mas, porra, agradeci pela primeira vez.
Como as suas mãos estavam cheias, Taehyung não conseguiu escapar tão rapidamente quanto esperava. Antes que ele pudesse pular do banco, coloquei a minha mão no seu pulso e parei seu movimento. Preso sentado de lado, ele parou e olhou para mim. Minha mão ainda estava em volta de seu pulso, e desta vez eu não hesitei em me aproximar e puxá-lo para mim ao mesmo tempo. Fiz uma pausa quando os meus lábios quase tocaram a concha de sua orelha.
"Diga isso de novo?" Eu perguntei em voz baixa e profunda.
Oh, eu o ouvi perfeitamente na primeira vez, mas ainda sentia a necessidade de ouvi-lo dizer de novo.
Taehyung inclinou a cabeça o suficiente para que eu pudesse ouvi-lo. Eu fiquei exatamente onde estava, respirando o seu cheiro.
"Eu sou tímido ao redor de..." ele começou hesitante.
"Não essa parte.” O interrompi. “Aquela antes disso."
"Oh, Yoongi. Ele não é meu namorado, só meu amigo," Tae repetiu. Eu fechei os meus olhos em alívio. Quando os abri novamente, notei o aperto do ômega na garrafa de cerveja. Por causa da posição em que estávamos, ele não teve escolha a não ser falar direto no meu ouvido, onde eu podia sentir o seu hálito quente na minha pele. "Ele é meu amigo, e ele não tem interesse por ômegas ou mesmo betas, não que isso seja importante."
Aquele sentimento tenso que de repente apareceu no meu estômago como se tivesse sendo estripado quando vi aquele alfa idiota tocando nele, dançando com ele ou sussurrando em seu ouvido soltou com as suas palavras. Eu não deveria ter ficado feliz em ouvir isso; não deveria fazer diferença, mas ainda assim fez. Eu não estava preparado para vê-lo se aproximar de outra pessoa. Saber sobre isso era evidentemente diferente de ver com os meus próprios olhos. Qualquer outra hora, talvez estivesse tudo bem, mas naquela noite eu não gostei.
Eu respirei fundo e fechei os meus olhos. O seu cheiro de morangos estava me matando com aquela aproximação. Naquela primeira noite, quando a toalha me fez um favor e se desenrolou, ele também cheirava a morangos frescos e, como eu era o seu companheiro de quarto, tive o privilégio de senti-lo as vezes, o ômega estava sempre com inibidores. O cheiro sempre permanecia depois que ele tomava um banho, chegando ao meu quarto e me distraindo. Eu sabia desde o começo que Taehyung não podia ser apenas meu amigo, mesmo que o deixasse pensar que podia, e vê-lo com outro alfa acabou de cimentar isso.
O ômega limpou a garganta e se afastou da nossa pequena bolha privada. Só então notei o toque de cor nas bochechas dele. Quando Tae falou, sua voz era rouca. Ele estava afetado por mim, por eu estar perto. Eu sabia que estava – o brilho em seus olhos, a cor em suas bochechas, o jeito que ele tentou prender a respiração o entregou. Se não fosse assim, se eu estivesse errado, estava ferrado.
"Você está lindo," eu disse honestamente. "Você sempre está lindo, mas hoje você parece mais feliz. Eu gosto do seu sorriso esta noite. Eu sempre gosto quando você sorri, Flash," disse sinceramente.
Com as minhas palavras, seus olhos saltaram para os meus, surpresos, inseguros. Seus lábios se contraíram, em seguida, finalmente se inclinaram em um sorriso tímido, mas bonito.
"Eu também gosto do seu sorriso... gosto muito dele." Afastando-me mais, soltei o seu braço e olhei para o rosto dele. Claro que o ômega olhou para qualquer lugar além dos meus olhos.
"Diga oi para seus amigos por mim então. Talvez nos apresente antes de vocês saírem? Deve desacelerar aqui em breve." Ele engoliu em seco e mordiscou o lábio inferior.
"Você está bem, Jungkook? Eu não te vi ultimamente. Estamos bem, certo?" Eu não tinha ideia de como me comportar mais em torno dele, mas estávamos bem.
"É sempre assim durante a temporada de futebol, todas as horas de exercícios, treinos, aulas, mais exames. Eu estava sobrecarregado, mas as coisas devem se acalmar por pelo menos uma semana. Eu estou aqui à noite desde que é semana final, mas você vai me ver por aí."
"Okay." Ele sorriu e acenou com a cabeça. Pouco antes de tentar descer, olhou por cima do ombro para os amigos por alguns segundos e depois me encarou novamente. "Mais tarde, podemos assistir a um filme, talvez? Netflix e relaxar como as crianças legais estão fazendo?"
Minhas sobrancelhas quase chegaram ao meu couro cabeludo.
"Netflix e relaxar?" Quando ele percebeu o que disse, pareceu horrorizado.
"Não! Quer dizer, eu sei o que isso significa, e eu não quis dizer isso. Eu quis dizer literalmente. Nós poderíamos escolher um filme e relaxar, não escolher um filme e fazer sexo enquanto o filme está passando, não esse tipo de relaxar, não Netflix e..." Ele soltou um pequeno grunhido. "Esqueça a Netflix. Foda-se a Netflix. A última vez que tentamos, os seus amigos vieram e nós não pudemos, então talvez quando você chegar em casa hoje à noite possamos assistir a um filme?" Eu dei a ele um pequeno sorriso, pensando que talvez fosse errado da minha parte gostar de perturbar ele.
"Eu sinto muito, Tae. O meu turno acaba bem tarde hoje. Talvez possamos fazer isso outra hora?" O seu sorriso desapareceu de seu rosto.
"Sim, claro. Claro. Você provavelmente está se encontrando com seus amigos depois disso." Toquei o braço dele novamente antes que o ômega pudesse escapar, porque aparentemente eu não conseguia evitar.
"Só porque é a Noite da Cerveja aqui, tenho receio de não ir a lugar nenhum até a última rodada, que é às duas da manhã." Esclareci.
"Oh. Sim, isso é tarde. Como você disse, talvez outra hora. Vejo você em casa, então?"
"Eu vou te ver em casa." Eu gostava mais quando chamávamos de casa, como ele tinha feito uns segundos antes. "Eu adoraria conhecer seus amigos," repeti antes que ele pudesse sair.
Seu sorriso voltou.
"Certo. Na verdade, eu acho que você já conhece Jimin, vocês meio que namoraram, e Yoongi é um fã, então ele também gostaria disso. Nós vamos..." ele olhou em volta. "Vir quando não estiver ocupado. Eu já tomei muito do seu tempo, me desculpe."
Que porra é essa?
"Espere um pouco, o que você disse? Você acha que eu namorei seu amigo?" Franzi a testa.
"Eu não acho, quero dizer, ele disse que vocês…" Eu olhei de volta para a cabine com uma careta. O que Tae chamou de Yoongi estava nos encarando abertamente, mas desta vez o ômega em frente a ele sorriu e acenou para mim um pouco timidamente. Eu estreitei meus olhos, olhei para ele um pouco mais perto, e... sim, talvez ele parecesse familiar, mas eu tinha certeza que eu não tinha namorado com ele.
"Tenho certeza que eu não namorei a seu amigo, Tae." Eu dei outra olhada rápida. "Qual você disse que era o nome dele mesmo?"
"Jimin." O ômega respondeu, evitando me encarar.
"Sim, você está errado." De jeito nenhum.
"Ele disse que vocês se conheceram no primeiro ano – bem, ele era calouro, então você estava no segundo ano." Eu apertei os olhos e olhei com mais força, tentando me lembrar por que motivo ele me parecia familiar.
"Ele por acaso era ruivo?” Questionei confuso.
"Sim. O namorado dele não gostava do vermelho, então agora Jimin tinge de marrom." Um sorriso se espalhou pelo meu rosto.
"Okay, eu me lembro dele." Eu levantei minha mão e acenei de volta para o amigo dele. Voltando a atenção para Taehyung, acrescentei. "Porém, só para deixar claro, nós nunca, em hipótese nenhuma, namoramos, apenas saímos com amigos um par de vezes, é isso. Eu não chamaria isso de namoro."
"Isso é o que Jimin disse também. De qualquer forma, tudo bem se você tivesse namorado." Eu balancei a cabeça lentamente.
"Okay, mas nós não fizemos." Taehyung colocou o cabelo atrás da orelha e olhou para a garrafa de cerveja na mão. Eu observei o seu polegar lentamente limpar a condensação. Vai e volta. Vai e volta. Eu me inclinei para poder encontrar os seus olhos. "Pare aqui antes que vocês saiam, okay? Conversaremos. Me faça companhia. Deixe-me ver meu amigo por mais algum tempo."
"Okay." Me senti aliviado.
Com um pequeno sorriso, o ômega pulou e levou as bebidas de volta para os seus amigos. A caminho de lá, ele se virou uma vez, as bebidas ainda mantidas altas, os olhos brilhando, me dando um sorriso maior – fazendo meus próprios lábios se contorcerem em diversão – então se virou e continuou andando. Jimin pegou a Corona, e o amigo que definitivamente não era o namorado, graças a Deus, pegou a cerveja da mão dele antes que Tae pudesse sentar e colocar suas canecas.
Um grito alto irrompeu do grupo na mesa de beer pong, e lembrei que tinha um trabalho a fazer. Os pedidos diminuíram, então chamei a atenção de Lindy.
"Eu tenho isso. Vá fazer uma pausa." Ela gemeu e puxou o meu ombro para me dar um beijo na bochecha quando passou por mim a caminho da porta que dava para a cozinha.
Passei alguns minutos conversando com os caras sentados na frente sobre como a temporada estava se desenvolvendo até Lindy voltar.
Quando olhei para a minha direita, onde ficava a cabine de Taehyung, ele foi o primeiro a perceber que eles foram pegos olhando para mim e rapidamente desviou o olhar.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
O Jimmy's ficava a apenas alguns minutos de distância do apartamento, por isso consegui voltar por volta das duas e meia da manhã. A última coisa que eu esperava, ou queria, ver quando comecei a subir as escadas era a Sra. Hilda.
"Oh, Jungkook, eu pensei que você fosse outra pessoa." A senhora respondeu, me dando um pequeno sorriso.
"Está tudo bem, Sra. Hilda? É muito tarde para estar de pé." Ela me ignorou.
"Eu sempre tenho problemas para dormir à noite. Quando ouvi passos, queria ver quem estava chegando a essa hora. O jovem Kim teve uma visita hoje à noite, você sabe." A minha mandíbula se apertou e eu parei.
"Uma visita?" Ela franziu a testa e olhou para a porta do nosso apartamento.
"Sim, seu amigo. Aquele que gosta de alfas mais velhos. Você vê como é tarde, e ele ainda está lá – como se pudesse me enganar ao andar na ponta dos pés ao passar pela minha porta." Talvez os seus amigos tivessem voltado com ele? Oferecendo um sorriso de boca fechada e um aceno rápido, peguei a chave do meu bolso para poder entrar e ver por mim mesmo.
"Jungkook? Você disse que seu pai era um encanador?" Ela me parou antes que eu pudesse chegar até a porta.
"Sim, ele é." Eu mudei de um pé para o outro.
"Eu tenho esse pequeno problema na cozinha, você acha que pode dar uma olhada?" Perguntou já abrindo sua porta.
"Sra. Hilda, eu adoraria ajudar, mas estou voltando do trabalho e estou cansado. Eu não sou bom nisso, mas vou dar uma olhada amanhã para você." Ela bufou e perdeu o olhar agradável.
"Eu estou contando com isso, rapazinho." Quando virei a chave e entrei, esperava ver o pior. O que eu encontrei, no entanto, foi um Taehyung dormindo enrolado no sofá. Além de uma vela perfumada solitária queimando na ilha da cozinha, nenhuma das luzes estava acesa.
Depois de trancar a porta, larguei a minha bolsa e fiz o meu caminho até ele.
O ômega estava dormindo com as mãos debaixo da bochecha, as pernas dobradas até ao estômago, seu cabelo escuro estava cobrindo metade do rosto. Por um segundo, acreditei no que aquela velha intrometida disse. Por um segundo, fiquei com medo do que encontraria quando passei pela porta.
Alguns segundos se passaram enquanto eu o observava dormir, tentando decidir o que fazer. Esfregando os meus olhos, me ajoelhei ao lado dele. O ômega estava usando a mesma roupa que usava antes, a única diferença era que ele tinha mudado de calças apertadas para um moletom.
Hesitando apenas por um momento, estendi a mão e a fechei sobre o seu ombro, gentilmente deslizando-a pelo braço e de volta para cima novamente.
"Tae, acorde." Ele não se moveu, nem mesmo uma agitação. "Taehyung?” Eu soltei o seu ombro e, tão gentilmente quanto possível, escovei o cabelo para trás para ver seu rosto. Ele parecia tão pacífico.
O seu telefone, que estava virado na mesa de centro, recebeu um novo texto. Não foi o meu melhor momento, mas virei e verifiquei de quem era. Não consegui ver o conteúdo da mensagem, mas vi o nome do remetente na tela: Kim Jung-ho. As minhas mãos formaram punhos por conta própria. Pode ser qualquer coisa. Ele era um amigo da família, afinal. Ele não estava aqui. Sra. Hilda estava errada. Ela tem que estar. Taehyung estava morando no seu apartamento. Não era nada.
Virando o telefone para baixo, eu estendi a mão para Taehyung novamente.
"Tae, você precisa acordar." Os seus olhos tremeram, mas não abriram totalmente. Ele soltou um pequeno gemido e mexeu os quadris para se acomodar nas almofadas. Escovei os fios de cabelo longe da sua testa, as pontas dos meus dedos demorando. Isso fez efeito e os seus olhos abriram lentamente. Uma pequena carranca cobriu o seu rosto, e ele pareceu confuso ao me encontrar ao lado dele. "Querido, você deveria ir para a cama.”
"Jungkook?" A sua voz ainda estava grogue de sono. Ele esfregou os olhos e olhou ao redor do apartamento escuro. "Que horas são?"
"Perto das três." O ômega bocejou.
"Oh." Ele disse triste.
"Você quer que eu o ajude a ir para o quarto?" Uma olhada rápida, e lá e se foram seus olhos novamente.
"Ah não. Eu estou bem, mas obrigado." Eu me levantei e ele se sentou. O ômega ainda parecia confuso.
"Você está bem?" Perguntei o observando.
Cobrindo outro bocejo, ele olhou para mim.
"Sim, eu devo ter adormecido depois que voltei do bar." Eu assenti.
"Bem, eu vou para o meu quarto." Estava apenas na entrada do corredor quando ele chamou o meu nome.
"Jungkook?" Quando me virei, ele estava de pé, o notebook agora fechado e apertado contra o peito. "Você está indo dormir?"
"Sim, estou cansado." Respondi, esfregando o rosto.
"Oh. Okay... Boa noite então." Ele não se mexeu.
"Está tudo bem?" Questionei.
"Sim, claro." Ele permaneceu sentado encarando a mesa fixamente.
"Tae, o que há de errado?" Eu observei os seus dedos enrolarem em torno do seu computador, o seu aperto firme.
"Nada. Nada está errado. Está tudo bem. Eu só… se você não estivesse com sono, pensei que talvez pudéssemos assistir a algo juntos? Mas você está exausto, então tudo bem. Você disse que ia chegar tarde, então eu não deveria ter esperado, mas caso você esteja com fome ou algo assim, eu peguei um cheeseburger da In-N-Out. Yoongi e eu fomos lá depois do bar, então eu pensei que deveria trazer alguma coisa, já que você disse que os cheeseburgers eram os seus favoritos. Você me deu pizza da última vez, então pensei que você poderia…”
"Tae, pare." Voltei até ele e parei quando o sofá era a única coisa entre nós. "Você adormeceu esperando por mim?"
"Eu..." Ele levantou os ombros em um encolher de ombros. "Eu pensei que talvez você não fosse capaz de dormir quando voltasse e pudéssemos passar algum tempo juntos, talvez – se você quisesse, isso é... você sabe, porque nós não nos vimos tanto assim nos últimos dias com as frequências as aulas e os seus jogos, e Yoongi pensou que eu deveria talvez..."
"Então, não foi você quem quis me comprar um cheeseburger, foi seu amigo. Lembre-me de agradecê-lo na próxima vez que eu o vir." Não era uma pergunta, mas ele tomou como uma e balançou a cabeça.
"Tudo bem, eu menti. Eu pensei que talvez você estivesse com fome quando voltasse. Eu estava tentando ser um bom amigo." Eu inclinei a minha cabeça.
"Você estava assistindo a um filme antes de adormecer?" Ele desviou o olhar, um pouco depressa demais.
"Não." Isso foi um grande gordo sim, se é que já ouvi um.
Eu assenti. Mesmo que fosse só porque ele estava com medo, se o ômega queria passar um tempo comigo, como eu poderia dizer não? Não era como se passássemos muito tempo juntos e ele me trouxe um cheeseburger – seria um desperdício não o comer.
"O que estamos assistindo?" Os cantos de sua boca se inclinaram lentamente, e o seu sorriso ficou tão grande que ele teve que morder o lábio para mantê-lo contido.
"Você não está com sono? Cansado?" Questionou.
"Estou cansado, mas estou bem por mais uma hora ou mais." Eu estava exausto, mas nunca poderia dizer não a passar mais tempo com ele, ainda mais quando me fitava daquele jeito.
"O que você quer assistir?" O ômega se abaixou e colocou seu laptop de volta na mesa de café. Eu forcei os meus olhos longe da sua bunda enquanto ele mexia com a coisa.
"Eu vou deixar você escolher." Disse, me sentando no sofá.
"Que tal… Speed? Ou Eagle Eye?" Questionou entusiasmado.
"Speed? O que é isso de novo?" Perguntei me ajeitando.
"Ah, é um filme antigo com Keanu Reeves e Sandra Bullock. Eagle Eye tem Shia LaBeouf e Michelle Monaghan.”
"Você tem uma queda por filmes antigos, hein?" Apontei, tentando parar o sorriso em meus lábios.
"Filmes antigos? Eles não são tão velhos assim.” Taehyung afirmou, indignado. “Então, qual você quer assistir?"
"Eu posso não conseguir chegar até o final, mas vamos com Speed hoje à noite. Vemos o Eagle Eye na próxima vez?" Aquele sorriso de novo.
"Parece bom. Okay, eu já volto." Ele correu para o quarto e voltou com um cobertor leve e me cobriu. “Eu vou buscar o seu cheeseburger e batatas fritas."
"O que eu fiz para merecer as batatas fritas em cima do cheeseburger?" Taehyung se dirigiu para a cozinha, mas olhou por cima do ombro quando falou.
"Quem compraria um cheeseburger e não teria batatas fritas? Um não está completo sem o outro. Eu também espero que você não se importe em partilhar, porque eu não vou poder ficar longe das batatas fritas. Estou destinado a roubar algumas, mas o hambúrguer e o refrigerante são todos seus." Voltando com uma bandeja, o ômega entregou para mim, em seguida, inclinou-se sobre seu notebook para iniciar o filme. Dando-me um olhar, ele suspirou. "Você não tem que fazer isso, você sabe, certo? Eu não quero mantê-lo acordado. Eu posso ver que você está cansado, Jungkook."
"Estou bem, Flash. Relaxe. Se eu adormecer, adormeço. Está tudo bem. Contanto que você não desenhe um pau no meu rosto, devemos estar seguros." Ele riu.
"Prometo. Os seus companheiros de equipe fazem isso?" Eu dei um tapinha no assento ao meu lado e ele veio sem hesitação.
"Não para mim especificamente, mas eu já vi isso." Pressionando o play, Taehyung começou o filme e se acomodou. Eu peguei o cheeseburger, dei uma grande mordida e gemi. "Eu nem percebi que estava morrendo de fome, obrigado.”
Quando Tae não alcançou uma batata frita, eu ofereci uma para ele.
"Obrigado." Ele disse a pegando com a ponta dos dedos.
"Você também pode beber a Coca-Cola. Eu não bebo refrigerantes." O ômega deu uma mordida e franziu o nariz.
"Eu também não bebo refrigerantes. Essa é a única escolha saudável que eu fiz na minha vida, eu acho. Eu não me importo com o gosto de qualquer maneira." Alguns minutos depois do filme, minha comida acabou e Tae só tinha roubado algumas das minhas batatas fritas. Cada vez que fez, o ômega me deu um sorriso tímido e rapidamente se concentrou no filme que estava passando na nossa frente.
Quinze minutos depois, eu já estava apagando. Quando eu dei uma olhada em Taehyung, percebi que acabamos com um lugar vazio entre nós. Poderia muito bem ter sido um campo de futebol inteiro. Ele estava enrolado em si mesmo, ambos os pés plantados no sofá, o queixo apoiado nos joelhos, seus braços enrolados nas pernas.
Meus lábios se contraíram.
"Qual filme você estava assistindo antes?" Com o canto do olho, eu pude vê-lo considerando se deveria ou não me dar uma resposta, os seus dentes mordiscando o seu lábio inferior. "Vamos, me diga."
No final, ele decidiu contra isso.
"Eu prefiro não dizer." Desta vez, eu ri e o ômega se juntou a mim. Era bom, apenas... estar com ele.
Antes do filme acabar, nós dois estávamos dormindo em lados opostos do sofá. Quando acordei de manhã cedo, Taehyung estava esparramado em cima de mim e eu tinha os meus braços em volta dele, segurando-o o mais perto possível. Nós dois nos mudamos no sono e nos encontramos no meio, aparentemente.
Nunca na minha vida eu segurei alguém durante a noite inteira. Aconchegar, sim, mas mesmo isso durou pouco tempo. Fechei os olhos e abaixei a cabeça contra a dele, inalando o seu cheiro e apenas sentindo o seu peito subir e descer contra mim. Tentando o meu melhor para não acordá-lo, nos embrulhei com o cobertor. Tae se mexeu e eu congelei, mas o ômega se aconchegou ainda mais perto.
A consciência inundou o meu corpo. De repente, eu estava bem acordado, e todas as partes do meu corpo também estavam. Sentei-me no sofá por mais trinta minutos, apenas segurando-o, memorizando como ele era nos meus braços. Quando eu tive que me levantar e sair, deslizei suavemente debaixo dele e coloquei o cobertor mais firmemente em torno dele, esperando que o aquecesse, embora não tão quente quanto eu poderia.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Eu tinha acabado de terminar a aula de fotografia no laboratório e estava guardando as minhas lentes quando a professora, Mary, chamou minha atenção.
"Tae, Miriam, eu preciso que vocês dois fiquem, por favor." Quando acabei de arrumar as minhas coisas, ela ainda respondia a perguntas de outros alunos.
Miriam encontrou o meu olhar.
"Você sabe do que se trata?" Questionou, franzindo a testa.
"Não faço ideia." Neguei com a cabeça, juntando todo o meu equipamento e me aproximando da professora.
"Talvez uma tarefa?" Miriam é uma das melhore da classe e sem querer me gabar, mas sou muito bom também então talvez ela esteja certa. Provavelmente algo sobre tutoria.
"Provavelmente." Depois que todos saíram da sala, a professora se aproximou de nós.
"Ok pessoal, vocês estão disponíveis para viajar por um fim de semana?" Miriam e eu nos entreolhamos com um olhar incerto.
"Ahmm, eu devo estar," a beta respondeu, ainda incerta.
A professora olhou para mim.
"E você, Tae?" Me encarou em expectativa.
"Sinto muito, tenho um trabalho marcado para este fim de semana, e não acho que posso cancelá-lo." Não se eu não quisesse perder o emprego e o dinheiro que viria com ele.
"Não é para este fim de semana. Você está disponível para o próximo fim de semana?" Eu pensei nisso por um segundo.
"Sim, acho que posso fazer isso. É um trabalho que você quer que façamos?"
"Não, não é um trabalho, exatamente. O jornal da escola precisa de dois estudantes para acompanhar o time de futebol no próximo final de semana. Os habituais deles não podem ir, então o Sr. Taylor me perguntou se eu poderia recomendar alguém." Time de futebol? Seguindo-os? Eu não acho que seja uma boa ideia, e aposto que Jung-ho também não acharia.
"Essa é uma ótima oportunidade, muito obrigada por me convidar!" Exclamou Miriam.
Eu não conseguia exatamente partilhar a sua alegria, embora ela estivesse certa, era uma ótima oportunidade.
"Uh... o que devemos fazer exatamente?" Eu perguntei. "Para ser honesto, não tenho certeza se serei bom em fotografia desportiva. Eu nunca tentei – muito movimento, sem mencionar que praticamente não sei nada sobre futebol." Mesmo se eu quisesse ir, eu não acho que Jung-ho gostaria que eu estivesse perto dele ou de qualquer um dos seus jogadores, Jin em particular.
"Isso vai ser ótimo para vocês dois," Professora Mary continuou. "Se você não tem outras objeções a não ser o que não sabe sobre o desporto, Tae, eu gostaria que você desse uma chance e aceitasse a tarefa. O jornal da escola está planejando escrever um artigo, e eu não recebi todos os detalhes, mas sei que eles precisam de fotos dos jogadores e da equipe de treinamento, e não apenas quando estão em campo. Vocês vão precisar estar perto deles pelo restante do tempo também - no hotel, no avião, nos treinos e acho que até nas reuniões."
Talvez estivesse tudo bem se eu pedisse a Jung-ho primeiro, mas eu estava evitando todas as suas ligações e textos desde a nossa última conversa no seu escritório, então falar com ele não era algo que eu estava interessado em fazer.
Miriam foi a primeira a falar depois que ela bateu palmas duas vezes e deu um pequeno salto no lugar.
"Okay. Eu gosto do desafio, não vou decepcionar você." Nossa. Você pensaria que fomos convidados para fotografar o casamento real com o sorriso que ela estava irradiando – não que fotografar jogadores de futebol seja ruim, especialmente se eu pudesse tirar algumas (ou cem) fotos de Jungkook enquanto ele estivesse treinando e sair impune e dizer: Ah, estou tendo um tempo terrível olhando para o seu corpo seminu, mas é para o jornal, então o que eu posso fazer? Eu só vou ter que sofrer com isso.
A professora acenou para Miriam, em seguida, voltou os seus olhos para mim.
"Certo. Eu estarei lá também. Obrigado." Agradeci.
"Bom." Virando-se, ela caminhou de volta para a sua mesa para pegar o telefone. "Eu disse ao Sr. Taylor que o avisaria depois da aula, vou mandar uma mensagem de texto para que ele possa entrar em contato para coordenar tudo. Ele vai querer falar com vocês em algum momento desta semana, então estejam disponíveis para que o Sr. Taylor possa lhes explicar o que vão precisar fazer enquanto estiverem com a equipe."
"Seremos só nós dois ou também vão outras pessoas?” Perguntei.
"Acho que um outro aluno se juntará para conduzir a parte da entrevista. Você terá que discutir os detalhes com o Sr. Taylor quando falar com ele." A professora respondeu, se sentando em frente ao notebook.
"Okay, uma última pergunta: sabemos para onde eles estão indo? Para o jogo eu quero dizer." Questionei e Miriam fez um joinha pra mim e murmurou ‘boa pergunta’ enquanto aguardávamos perto da porta.
"Eu acho que ele menciona a localização no e-mail, deixe-me verificar." Mary respondeu, sem desviar o olhar da tela. “Arizona. Diz que o jogo será em Tucson, Arizona."
"Seu sortudo. Se eu soubesse que esse tipo de coisa aconteceria, também ficaria com fotografia. Você pode descobrir se eles precisam de alguém para desenhar os jogadores? Passar óleo? Eu também posso fazer isso, ambos, se necessário." Revirei os olhos para a fala de Yoongi.
"Tenho certeza que não há óleos envolvidos, mas por você... eu vou perguntar. Embora eu não teria muitas esperanças." Disse roubando uma das batatas do prato do alfa e ganhando um rosnar de volta.
"Idiota," Yoongi murmurou.
Assim que saí da aula, liguei para o meu pai para avisá-lo que estaria no Arizona em oito ou nove dias. Quando a conversa acabou, a minha próxima ligação foi para Jimin, porque nós três deveríamos nos encontrar para o almoço. No momento em que ele respondeu, eu sabia que não conseguiria, o que não era uma surpresa. Então, ficamos apenas eu e Yoongi.
Enfiei o meu garfo na minha salada e dei-lhe um longo olhar.
"Eu não acho que vai ser tão glamouroso quanto você acha que vai ser.” Levei o garfo aos lábios e enquanto mastigava pensava em como seria o fim de semana da viagem. “Eu vou ter que fazer o meu melhor para ficar fora do caminho de Jung-ho."
"Então? Só não diga a ele que você está indo. Crise evitada." Bufei.
"Sim? E como exatamente você sugere que eu entre no avião sem que ele perceba? Ou digamos que eu consiga isso, como posso garantir que ele não me veja no hotel ou no campo enquanto estou tentando fotografar os seus jogadores?" O alfa deu uma mordida no seu sanduíche e assentiu.
"Bom ponto."
"Sim. Ainda assim, não foi ideia minha, então tudo bem, e de qualquer forma, prometi não contar nada ao meu irmão. Se precisarmos de fotos individuais, eu vou me certificar de que Miriam o cubra, dessa forma Jung-ho não pode reclamar mais do que provavelmente já vai." Ele com certeza vai surtar quando souber dessa viagem, não ajuda que esteja evitando suas ligações e mensagens desde a última vez que nós nos vimos, em seu escritório.
"Se ele disser alguma coisa, por favor, não se sente lá e tome isso." Eu deixei cair o garfo e esfreguei a minha testa.
"Se ele fosse qualquer outra pessoa, sim, eu teria parado de levar merda dele há muito tempo, mas ele é meu..." Me interrompi, sem saber como finalizar essa frase. Jung-ho nunca foi um pai pra mim, e quando soube da minha existência nunca se esforçou para ser também.
"Seu pai, sim, eu sei." Yoongi completou e franzi o cenho.
"Eu não o chamaria dessa forma."
"Não sei o que a sua mãe estava pensando quando ligou para deixá-lo saber que ele tinha mais um filho. Ela já não sabia que tipo de babaca ele era?" Sim. Eu fui a surpresa que Jung-ho nunca quis.
"Ela o amava, o que é realmente estranho e ruim. As suas últimas semanas foram muito ruins. Acho que ela só queria que ele viesse visitá-la e eu fui a desculpa." Ela era a minha mãe e eu a amava, mas, ao mesmo tempo, estou muito chateado com ela também. Eu balancei a cabeça, ainda tendo dificuldade em acreditar em tudo o que ela tinha me dito. "Eu não posso acreditar que ela desistiu do filho assim."
Yoongi tomou um gole da sua garrafa de água, os seus olhos mostravam que ele estava pensando.
"Eu aposto que isso tudo foi Jung-ho a manipulando para entrar nisso. Nós sabemos com certeza que ele é o pai, certo? Seu pai, quero dizer." Suspirei.
"Sim, infelizmente. Ele quis um teste de DNA depois de receber a ligação da minha mãe."
"Bem, ainda assim... isso não significa que ele seja capaz de empurrar você por aí." Pegando o meu garfo de volta, eu comi mais alguns pedaços antes de responder a ele.
"Eu sei que não, e ele não vai mais conseguir. Eu pensei que poderíamos ter algum tipo de relacionamento, mas superei isso agora. Era só Seokjin quando cheguei aqui. Eu nunca pensei que levaria três anos para poder me apresentar ao meu irmão ou que as coisas acabariam assim. Toda vez que me passa pela cabeça a ideia que que eu deveria simplesmente parar meu irmão no caminho para uma de suas aulas, eu fico com medo e Jung-ho tem toda aquela conversa... Eu quero conhecer você, Tae. Eu quero fazer parte da sua vida." Eu suspirei e bufei. "Eu sou tão estúpido. O tempo acabou. Jin está se formando este ano. Eu vou esperar até o final da temporada, não porque Jung-ho me disse, mas porque acho que é melhor para meu irmão... e talvez a coisa certa, mas eu não acho que posso esperar tanto tempo. A coisa com Jung-ho está acabada, embora. Eu não atendo as suas ligações, não temos nada para conversar."
"Foda-se ele. Ele é um bastardo de qualquer maneira. Quem dorme com a melhor amiga da esposa, a engravida e depois convence a esposa de que é uma coisa boa porque eles podem finalmente ter um filho? Você ficará melhor longe desse pedaço de merda." Yoongi afirmou.
"Sim." O meu apetite se foi, bebi o meu suco de laranja e limpei a garganta. "Vamos esquecer ele. O que vamos fazer sobre Jimin?"
Desta vez foi a vez do alfa suspirar pesadamente e parar de comer.
"Eu liguei para ele ontem à noite, apenas uma ligação aleatória para dizer que sentia falta dele, e a sua merda de namorado atendeu, me disse que Jimin estava ocupado e eu não deveria incomodá-lo tão tarde. Eram apenas oito horas, pelo amor de Deus. Eu aposto que ele estava lá e o filho da puta não o deixou pegar o próprio telefone." É a cara de Keith fazer isso.
"Você acha que Jimin vai terminar com ele em breve? Tem sido mais estranho que o normal desta vez." Eu perguntei, preocupado.
"Eu com certeza espero que sim, mas…" Yoongi se interrompeu, abaixando seu sanduíche e limpando o rosto.
"Mas, ele provavelmente o aceitaria de volta quando Keith voltasse rastejando de novo... sim." Completei.
"Deveríamos conversar com ele então? Hora da intervenção?" Yoongi perguntou.
"Nós já fizemos isso no ano passado e olha o que aconteceu, eles voltaram depois de um mês e agora o idiota sabe que não queremos que Jimin esteja com ele e é por isso que o bastardo está se certificando de que ele nos veja o mínimo possível." Eu balancei a cabeça e empurrei a minha salada meio comida para longe.
"Jimin acha que não sabemos, mas nós sabemos. Ele o ama desde os dezesseis anos e acha que pode mudá-lo, e sempre que eu tento insinuar coisas, Jimin fica triste e diz que eu não entendo. É claro que não ajuda que o idiota consiga ser gentil com ele de vez em quando." Yoongi resmungou.
"Então, não há nada que possamos fazer, isso é o que está tentando dizer?" Perguntei exasperado. "Eu pensei que talvez você tivesse uma ideia brilhante." Inclinando a cadeira em duas pernas, Yoongi balançou para frente e para trás por alguns segundos.
"Você quer que eu o seduza ou algo assim? Porque se é isso que você está dizendo…" O alfa questionou, sério.
"O-o quê?" Eu gaguejei. Incerto se ele estava falando sério ou não, dei-lhe um olhar horrorizado. "Você faria isso?"
Yoongi riu da expressão no meu rosto.
"Por favor, eu tenho padrões. Eu não seduzo idiotas, mas o mais importante, eu não vou atrás do homem de um amigo. Se fosse para fazer isso, eu iria atrás do Jungkook antes de qualquer outra pessoa."
"Jungkook é meu amigo, não meu homem." Revirei os olhos.
"Claro, vamos fingir que sim. Ele é apenas seu companheiro de quarto, certo? E foi só o meu fantasma que esteve no bar no último final de semana, observando cada movimento que vocês dois fizeram. Eu pensei que ele iria pular por cima do bar e bater o inferno fora de mim quando me viu tocar o seu rosto e colocar o seu cabelo atrás da orelha.” O alfa se abanou. “Ele fica ainda mais sexy quando está irritado, eu sugiro irritá-lo mais vezes."
"Você fez isso de propósito?" Perguntei, sentindo meu rosto esquentar ao me lembrar e sim, Jungkook estava claramente com ciúmes, eu ainda não conseguia acreditar.
"Não, mas se eu soubesse que ele reagiria assim, provavelmente teria feito. Aposto que ele estava perdendo a cabeça quando estávamos dançando. Pena que não tínhamos ideia de que ele estava lá."
"Oh, cale a boca." Segurei o sorriso idiota que estava tomando meus lábios.
"Cale a boca você. Senhor ele é meu amigo e isso é tudo. Depois que você foi até Jungkook, toda vez que ele tocava a sua mão ou o seu braço, você se iluminava como uma maldita árvore de Natal." Levantando-me, empurrei o seu ombro, fazendo-o perder o equilíbrio e aterrissar de volta nas quatro pernas da cadeira com um baque alto. "Ei!"
"Você não quer me ver com raiva, Min Yoongi. Eu vou fazer doer." Ameacei.
"Oh, vamos nessa. Eu adoraria ver você tentar. Provavelmente se sentiria mais como um comichão, mas dê uma chance. Eu lhe dou permissão." Rosnando, fui atrás dele antes que ele pudesse fugir.
Quando cheguei em casa, eram quase nove horas. Eu tinha feito cem dólares com quinze fotos do Instagram para uma estudante que tinha mais de trezentos mil seguidores. Ela tinha ouvido sobre mim e os meus serviços de um de seus amigos blogueiros. Qualquer dinheiro que fosse adicionado à minha conta poupança era bom, então eu dei o meu melhor para nunca recusar ninguém, mas depois da quinta troca de roupa, pensei que talvez eu devesse ter cobrado mais. Considerando que levamos mais de duas horas para conseguir todas as fotos que ela queria, achei que aumentar a minha taxa era uma ótima ideia.
Mesmo que eu estivesse praticamente pronto para me arrastar de volta ao apartamento depois de estar fora por mais de treze horas, ainda me certifiquei de que estava o mais silencioso possível quando passei na ponta dos pés pela porta da Sra. Hilda. Quando entrei no apartamento e acendi as luzes, foi preciso tudo de mim para não gritar quando vi uma grande figura sentada no chão da sala de estar, logo abaixo das janelas.
"Jungkook? Você me assustou. Por que está sentado no escuro?" Larguei a mochila do equipamento ao lado da porta e caminhei na direção do alfa, hesitando quando cheguei ao sofá e ele ainda não tinha falado. Jeon tinha os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos balançando entre as coxas, e não estava olhando para mim, nem sequer encontrou os meus olhos. "Jungkook? O que está acontecendo?"
Eu dei um passo involuntário para a frente, mas me impedi de ir mais longe. Lentamente, a sua cabeça se inclinou e os seus olhos encontraram os meus. Normalmente, eu não conseguia segurar o seu olhar por mais do que alguns segundos quando o alfa olhava direto nos meus olhos como se estivesse tentando enxergar dentro de mim, mas o jeito que ele estava olhando para mim naquele momento... eu não conseguia desviar o olhar. Eu não conseguia tirar os meus olhos dele. Jeon, por outro lado, não teve problemas em romper o contato visual.
"Nada, Tae." O alfa disse em voz baixa, em seguida, apoiou a cabeça na parede atrás dele. Alguns segundos depois, ele soltou um longo suspiro e fechou os olhos.
"Obviamente não é esse o caso," eu disse suavemente, pensando que algo terrível deveria ter acontecido. Ele nem abriu os olhos, muito menos me deu uma resposta.
Onde estava o cara alegre que conseguia iluminar o mundo com seu sorriso? Começando a me preocupar, eu me sentei à sua esquerda, não muito próximo, mas também não muito longe. Passamos alguns minutos sentados lado a lado em absoluto silêncio. O único som que podia ser ouvido sobre o pesado silêncio vinha da TV de um vizinho, provavelmente no apartamento abaixo de nós.
"Você pode me dizer o que está acontecendo, Jungkook. Eu não sou um mal ouvinte, além disso eu deveria ser..." Parei de falar quando o alfa abriu os olhos e me encarou.
"Se você me disser que deveria ser meu companheiro, Taehyung, Deus me ajude..." Os meus joelhos estavam do mesmo jeito que os dele, mas decidi sentar de pernas cruzadas, o que me aproximou do seu lado.
"Eu não vou dizer nada, okay? Apenas me diga o que está acontecendo." O alfa virou a cabeça para mim, lentamente soltei a respiração que eu nem percebi que estava segurando. Ele parecia arrasado. "O que aconteceu?"
Inclinei o meu corpo em direção a ele para que eu pudesse colocar a minha mão em seu braço. Seu olhar seguiu o movimento, e eu senti os seus músculos apertarem sob o meu toque. Pensando que talvez não fosse uma boa ideia, que ele não queria que eu o tocasse quando parecia pronto para derrubar o prédio, tentei puxar a minha mão de volta. Mas, no segundo que a levantei, Jungkook estendeu a mão e tomou o seu tempo entrelaçando os nossos dedos juntos.
"Está tudo bem assim?" Ele perguntou, com os olhos colados às nossas mãos entrelaçadas. "Tenho permissão para fazer isso?" Eu engoli em seco. O que eu deveria dizer quando ele parecia tão arrasado? Não, na verdade, não está nada bem, Jungkook, porque o meu cérebro parece estar em curto circuito toda vez que você chega muito perto de mim. Não me parecia bem. "É isso que os companheiros fazem, Tae?" Ele continuou, a sua voz mais forte.
Jungkook está com raiva de mim? O que diabos eu fiz?
As minhas sobrancelhas se uniram, mas não tentei puxar a minha mão – como eu disse, curto-circuito no cérebro, e segurar a sua mão tinha ajudado antes, seu toque me ajudou durante o terremoto. Talvez o alfa fosse um segurador de mão; talvez essa fosse a coisa dele.
Jungkook estudou o meu rosto, em seguida, fez algum tipo de som ofegante e deixou nossas as mãos caírem no chão de madeira. Eu tentei não estremecer.
"Jungkook..." Comecei, sem saber o que dizer.
"Não responda isso." Quando a sua cabeça bateu na parede atrás dele novamente, eu não pude conter o meu estremecimento. "É o Jaehyun."
"O que tem ele?" Perguntei.
"Ele se machucou." O futebol universitário não acontecia só nos fins de semana? Era apenas quinta-feira. "Ele teve um pequeno problema com o pé no último jogo, mas disse que estava bem. Hoje um dos caras pisou nele e agora ele tem uma lesão de Lisfranc."
"Lis, o que? É ruim?" Os seus olhos se fecharam quando ele soltou uma risada sem humor.
"Se é ruim? Sim, muito ruim. Ele está acabado para a temporada. Nós nem sabemos se ele precisa de uma cirurgia ainda. Se ele não precisar, ainda levará pelo menos cinco ou seis semanas para se recuperar, e estou sendo um otimista fodido." Depois de alguns segundos, acrescentou. "É uma lesão no pé."
Quando o alfa esfregou o rosto com a mão livre, eu dei à outra que ainda segurava a minha mão um pequeno aperto. Foi o movimento errado, porque chamou a atenção de volta para as nossas mãos novamente.
"Se ele acabar precisando da cirurgia, quanto tempo vai levar a recuperação?" Jungkook encontrou os meus olhos e eu prendi a respiração. Deus, Yoongi estava certo; eu amo o sorriso dele. Eu odiava e amava como não conseguia parar de sorrir de volta para ele, mas o olhar no seu rosto quando ele estava com raiva... me fez desejar ter minha câmera comigo para que eu pudesse tirar uma foto dele desse jeito e congelar o tempo para nós, uma batida de coração que eu poderia carregar no bolso que seria para sempre minha.
"Cinco a seis meses," o alfa respondeu, alheio aos meus pensamentos. "E mesmo depois disso, ninguém pode saber com certeza se ele voltará ao estado antes da lesão ou não. Não importa, porque ele não vai chegar ao Draft de qualquer maneira."
Pela terceira vez desde que eu o conheci, não conseguia desviar o meu olhar do dele, e não era porque estávamos tendo um concurso de olhar fixamente. Não tinha nada a ver com isso; eu só não queria. Não tenho certeza se foi por causa da vulnerabilidade que pude ver neles ou se foi a dor e a preocupação óbvias, mas não consegui fazer isso.
"Onde ele está?" Jungkook estava franzindo a testa para mim, mas ainda assim respondeu a minha pergunta.
"O treinador o mandou para casa. Ele não consegue suportar o peso na perna." Meu coração se apertou.
"E quando eles vão saber se ele vai precisar da cirurgia ou não?" Perguntei, acariciando a mão dele com meu polegar, tentando de alguma forma lhe passar algum conforto.
"Eles precisam fazer alguns testes. Devemos saber mais na próxima semana." Jungkook murmurou, encarando nossas mãos.
"Você não quer ficar com ele?" Eu perguntei hesitante.
A sua carranca se aprofundou.
"Ele não quer ver ninguém. Nós deveríamos fazer isso juntos. Agora, com sua lesão, toda a sua carreira pode ter acabado. Todo esse maldito ano é..." O seu telefone deve ter ficado ao lado dele, porque a próxima coisa que eu soube era que estava voando no ar, indo em direção à parede bem na frente dos meus olhos, até que felizmente parou logo depois de colidir com a mochila do meu equipamento. Se a minha bolsa não estivesse no caminho, com a força que ele jogou, ele teria sido quebrado em um milhão de pedaços.
"Eu sinto muito, Jungkook." Eu dei à mão dele outro aperto, e desta vez o alfa apertou de volta. O único problema era que ele nunca afrouxou o aperto. Não me entenda mal, ele não me machucou nem nada, mas esse aperto extra fez com que meu o ritmo cardíaco, já bastante rápido, aumentasse o nível.
Nada que eu dissesse mudaria alguma coisa ou aliviaria o seu fardo, então eu mantive a minha boca fechada.
Os seus olhos se estreitaram para mim.
"Você não está desviando o olhar." Um arrepio percorreu o meu corpo.
"Eu deveria?" Questionei, arqueando uma sobrancelha.
"Você não deveria, mas isso não parou você no passado." Hora de mudar de assunto.
"Há quanto tempo você está sentado aqui?"
"Eu não sei... desde que voltei, eu acho." Nenhum ponto em perguntar que horas eram.
"Está com fome?" Mordisquei o lábio pensando no que poderia fazer para nós dois, eu não era um grande cozinheiro.
"Não." Jungkook disse fechando os olhos e batendo a cabeça novamente.
"Você tem certeza? Eu faço um misto quente fabuloso, e eu faço isso para qualquer um." Eu dei a ele um pequeno empurrão com o meu ombro.
"E o que me torna especial?" Bom trabalho, Taehyung. Caiu que nem um patinho, não foi.
"Eu... uh... você é... você sabe... você está com fome." Fraco. Fraco. Fraco.
Quanto mais ele olhava para mim, mais fácil era identificar o músculo que se contorcia na sua mandíbula.
"Isso não é uma resposta à minha pergunta. Então que tal esta pergunta? Talvez você tenha uma resposta melhor para essa, o que você acha?" Eu tinha certeza que não gostaria da pergunta.
"Qual é a pergunta?" Jungkook virou completamente pra mim e me encarou por longos segundos.
"Você ainda está namorando com ele?" De onde veio isso?
"Você gosta de me empurrar, não é?" Eu perguntei em vez de murmurar algo sem sentido que seria apenas uma mentira.
Eu tentei puxar a minha mão da dele para poder ir embora. Tanta coisa por me preocupar com ele. O seu aperto aumentou ao ponto onde meus dedos formigaram e arrepios subiram no meu braço. Então, com a mesma rapidez, o alfa afrouxou.
“Não," Jungkook disse asperamente. "Fique."
Levou apenas uma palavra. Eu fiquei até que ele estivesse pronto para deixar ir, tentei me sentir confortável quando nos sentamos de mãos dadas. Quando o alfa viu que eu não estava indo a lugar algum e eu não estava puxando de volta, os seus olhos fecharam e ele descansou a cabeça contra a parede, a mandíbula ainda apertada, os dentes ainda rangendo.
Eu não sabia porquê, mas tinha a sensação de que tinha custado algo para ele me pedir para ficar.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Eu estava fazendo isso, estava realmente fazendo isso. Eu estava prestes a embarcar num avião com Jung-ho, Seokjin, Jungkook e toda a equipe deles.
Nós deveríamos pegar o mesmo ônibus para o aeroporto que a equipe, mas tanto Miriam quanto o cara que estava vindo com a gente para as entrevistas, Cash, estavam atrasados. Em vez de enfrentá-los e entrar no ônibus sozinho, optei por pegar um Uber para o aeroporto com eles. Enquanto Cash e Miriam conversavam durante o passeio, eu estava preocupado sobre as consequências que a minha aparição repentina iria provocar. Nem Jung-ho e nem Jungkook sabiam que estava me juntando a eles para o jogo.
Eu poderia e deveria ter contado ao alfa mais jovem, mas depois da semana que Jeon teve, com tudo o que aconteceu com seu melhor amigo, eu mal o vi depois da noite em que o encontrei sentado no escuro. Mesmo quando eu fazia, o alfa geralmente ia para o seu quarto dormir assim que entrava pela porta.
Naquela noite tinha sido a segunda vez que demos as mãos pelo que pareceram horas e nem reconhecemos isso depois. Eu não tinha certeza se o alfa via isso como uma coisa normal, mas se você perguntasse ao meu coração e às borboletas que pareciam fazer uma casa no meu estômago, estava muito longe de ser banal. Não ajudou que eu ainda pudesse sentir a sensação da mão dele ao redor da minha. Se fechasse a mão eu poderia quase imitar a mesma pressão que senti quando a sua mão apertou a minha.
A bolsa de Miriam bateu na minha canela enquanto ela levava a sua bolsa de mão para a escada rolante e isso me puxou para fora dos meus pensamentos.
"Merda." Resmunguei esfregando minha perna.
"Oh, me desculpe, Tae." Ela parou ao meu lado e soltou um grande suspiro. "Já passou da hora do almoço e nem tomei café da manhã ainda. Você acha que eles vão dar lanches?"
"Não é um voo comercial, então duvido disso." Respondi, ainda esfregando minha perna.
"Você está certo, eu acho. Espero que pelo menos a comida do hotel seja boa.” Suspirou novamente.
"O que vocês estão fazendo aí? Eles estão esperando por nós. Apresse-se," Cash gritou quando passou por nós numa corrida lenta. O beta usava uma jaqueta de couro, embora ainda estivesse quente, e tinha um burrito embrulhado em uma das mãos, enquanto abraçava seu notebook no peito, uma mochila na outra. Ele era uma bagunça completa.
"Eu vi primeiro," Miriam disse baixinho, inclinando-se para mim.
"O quê?" Franzi a testa para ela.
"Cash, eu declaro a minha posse," ela repetiu antes de seguir o cara em questão subindo as escadas.
Ela poderia tê-lo, tudo bem.
Eu demorei bastante tempo para subir aqueles degraus, então não era de admirar que eu fosse a última pessoa a embarcar no avião. Eu odiava que a antecipação da reação de Jung-ho estivesse me afetando ao ponto de eu estar prestes a arrastar os meus pés como uma criança de seis anos de idade. O avião estava cheio de conversas e alfas… muitos alfas. Alguns estavam de pé, empurrando as malas nos compartimentos superiores, alguns rindo, outros cantando. Quando vi que Cash e Miriam ainda estavam demorando onde as fileiras de assentos começavam, pensei em me esconder atrás deles por um breve momento. Se eu abaixasse a cabeça, havia uma forte possibilidade de que Jung-ho não me visse, mas então Miriam e Cash se moveram. Se eu não quisesse dar os últimos passos que nos separavam – e eu não queria – estava condenado a fazer a caminhada pelo corredor com a cabeça erguida. Ele me veria no hotel de qualquer maneira, e tentar me esconder fazia eu me sentir idiota.
Sentindo que estava me preparando para pisar na frente do pelotão de fuzilamento, endireitei os meus ombros e comecei a seguir os meus companheiros. Eu avistei Jung-ho antes que ele pudesse me identificar. O alfa estava sentado na frente em um assento na janela, conversando com o que acredito ser um dos outros treinadores. Eu estava passando por ele quando Miriam parou na minha frente. Na minha pressa de escapar, eu bati nas suas costas, e ela me deu um olhar curioso por cima do ombro. Eu dei um pedido de desculpas e me certifiquei de estar de costas para Jung-ho o tempo todo.
Os meus olhos deslizaram para um homem mais velho que se levantou do seu assento no corredor e colocou a mão no ombro de Cash.
"Rapazes!" Ele gritou. Quando a conversa não se acalmou, ele tentou novamente. "Ei!" gritou depois de assobiar e então todos os olhos se voltaram para nós. O avião ficou em silêncio, mas definitivamente havia um rugido nos meus ouvidos. Eu não sabia quantos jogadores viajavam com a equipe, mas para mim parecia que havia centenas de olhos em nós. Engoli o enorme nó na garganta. Com o canto do olho, olhei para Jung-ho e vi que ele ainda estava conversando com seu companheiro de assento. "Eu quero que vocês conheçam o Cash. Ele está trabalha no jornal da escola e vai entrevistar alguns de vocês." Ele parou de gritar, virou-se para Miriam e, em voz baixa, perguntou o nome dela. Depois dela, foi a minha vez. Eu praticamente me inclinei sobre Miriam para lhe dar o meu nome, então Jung-ho não me ouviria, o que era estúpido, já que estava prestes a ser gritado em questão de segundos. "E estes são Miriam e Taehyung, eles serão nossos fotógrafos. Sejam gentis - e quando digo gentis, quero dizer que além de tudo sejam respeitosos. Eu não quero ouvir uma única reclamação." A minha boca ficou seca, não só porque eu podia sentir os olhos de Jung-ho perfurando o lado da minha cabeça quando ele percebeu que eu estava no avião, mas também porque esse era o meu pior pesadelo. Andar por filas e filas de assentos onde cada único olho estava em você? Sim, eu já podia sentir o calor nas minhas bochechas.
Quando finalmente começamos a andar, a conversa no avião iniciou de novo. No caminho para os nossos assentos, que ficavam bem no fundo do avião, recebemos alguns assobios silenciosos, algumas saudações casuais e alguns murmúrios silenciosos sobre nu artístico; como reação a este último, pisei nos calcanhares de Miriam – duas vezes.
Devíamos estar apenas na metade do caminho para os nossos assentos quando ouvi a sua que fez toda a tensão evaporar do meu corpo.
"Tae?" Eu levantei os meus olhos pela primeira vez e encontrei o olhar confuso de Jungkook. Ele estava sentado no banco do meio quando chamou o meu nome, e eu o observei lentamente tirar os fones de ouvido pretos e se levantar. De alguma forma, vê-lo fez um calor inesperado se espalhar pelo meu corpo e eu consegui soltar um longo suspiro.
"Oi," murmurei com um pequeno aceno, e quando percebi que Miriam e Cash estavam ficando cada vez mais longe de mim, eu puxei a minha bagagem para trás e comecei uma corrida para alcançá-los. Olhando por cima do meu ombro, fiz questão de enviar outra onda saudação para Jungkook. Eu me senti como um patinho bebê sendo deixado para trás no meio do nada, por isso era importante os alcançar.
Quando finalmente chegamos aos nossos lugares, eu estava pronto para gritar aleluia. Depois que Cash nos ajudou com as nossas malas, ele sentou na janela. Miriam me deu um olhar penetrante e o seguiu. Eu peguei o assento do corredor.
"O que você tem? Você está agindo de forma estranha," ela sussurrou em meu ouvido.
Eu agarrei a minha bolsa junto ao meu estômago e dei-lhe um pequeno encolher de ombros. Quando levantei o meu olhar sobre o assento na minha frente, percebi que Jungkook ainda estava de pé, de costas para mim. Eu assisti ele se inclinar e dizer algo para o seu amigo. Jin estava sentado ao lado dele? Eu nem percebi. No meu estado de pânico, Jeon tinha sido tudo que eu podia ver.
Um segundo depois, o alfa entrou no corredor e começou a se mover em direção à parte de trás do avião, na minha direção. Levou algum tempo para nos alcançar porque ele parou para conversar com os seus amigos de vez em quando no caminho. Eventualmente, o alfa parou ao lado do meu assento.
"Ei." Eu disse, sorrindo pra ele.
"Oi." Jungkook respondeu, e alguns assobios e piadinhas me fizeram corar. Ele riu e balançou a cabeça. O alfa se agachou de frente pra mim. "Você vem com a equipe? Para nos fotografar?"
Esquecendo tudo sobre Miriam e Cash, eu virei o meu corpo para encará-lo. Parecia que Jungkook estava me puxando como um ímã. Eu ia colocar as minhas mãos ao lado dele, mas elas estavam no caminho, então eu mantive as minhas para mim mesmo.
"Sim. É para algo que o jornal da escola está trabalhando, eu acho. A minha professora de fotografia nos perguntou se poderíamos vir, então aqui estamos nós." Os seus olhos se aqueceram.
"Aqui está você. Por que você não me contou? Espere." Ele se levantou e retirou os fones do ouvido da cabeça do cara sentado no banco do outro lado do corredor. "Drew, tome o meu lugar." Sem mais nem menos, o cara deu um pulo e Jungkook tomou o seu lugar.
Quando ele sentou, uma comissária de bordo apareceu atrás de nós.
"Cintos de segurança, por favor. Vamos decolar em alguns minutos." Ela nos disse com um sorriso.
Assentindo, apertei o cinto de segurança e Jungkook fez o mesmo. Quando nossos olhos se encontraram novamente, eu sorri.
"Oi." O meu coração pulou ao ver seu sorriso fácil, sempre tão aberto e quente.
"Jungkook." A voz inesperada nos assustou. "Volte para o seu lugar. Preciso falar com você e Seokjin sobre algumas mudanças que vamos fazer," Jung-ho disse. Eu notei o cara esperando logo atrás dele, o único com quem Jeon havia trocado de lugar. Ele parecia tão desconfortável quanto nós. Intencionalmente, mantive os meus olhos no rosto de Jungkook e observei suas sobrancelhas se unirem em confusão.
"Treinador, já temos uma reunião logo depois de nós..." Tentou argumentar.
"De volta ao seu lugar, filho." Filho.
Era essa a sua maneira de dizer que Jungkook também estava fora dos limites? Eu não poderia ser amigo do cara que ele mesmo enviou para morar comigo? Claro, quando Jung-ho deu a ele as chaves do apartamento, ele não esperava que eu estivesse lá, mas ainda assim, eu estava morando com o cara.
Jungkook fez o que ele pediu e desfez o cinto para se levantar, mas quando os seus olhos encontraram os meus, ele estava ostentando uma carranca. Eu arrastei os meus olhos de volta para Jung-ho e então desviei o olhar antes que ele pudesse dizer qualquer coisa.
Foi depois que entramos no hotel em que ficaríamos hospedados no fim de semana, que vi Jungkook e Jin. Ele se separou dos seus amigos quando percebeu que eu estava separado de Miriam e Cash e fez o seu caminho para o meu lado. O alfa estava vestindo a sua calça de treino preta, e eu poderia jurar que ele tinha uma dúzia ou mais delas em diferentes tons de cinza e preto, só para me enlouquecer. O meu favorito pessoalmente era o cinza claro. Uma camiseta preta apertada cobria o seu torso e atraía toda a atenção para os seus bíceps e peito.
"Em que quarto você está?" Ele perguntou, com a cabeça inclinada, os olhos no envelope na minha mão.
"Uh, deixe-me verificar." Eu forcei os meus olhos longe do seu corpo e abri o envelope que eu peguei de uma mesa onde os funcionários do hotel tinham alinhado dezenas deles. "Quarto 412. Estou dividindo com a Miriam."
Ele me deu um sorriso.
"Estamos no mesmo andar. Estou com o Jin." Um dos seus companheiros de equipe chamou a sua atenção batendo no seu ombro, então o alfa se virou. Eu olhei à minha volta. Jung-ho não estava em nenhum lugar, mas os outros treinadores estavam ocupados tentando falar com todos os rapazes.
Alguns deles estavam distribuindo folhas de papel enquanto outros simplesmente se amontoavam e conversavam. Os meus olhos encontraram Seokjin e quando o vi olhando para mim, forcei um sorriso nos meus lábios, sem saber como deveria reagir. Em vez de sorrir de volta como eu esperava que ele fizesse, ele balançou a cabeça e se virou para falar com um de seus amigos.
Sentindo-me mais e mais sozinho a cada segundo, puxei o meu celular do bolso de trás da minha calça jeans e enviei um texto em grupo para Yoongi e Jimin.
Ok, nós pousamos e chegamos ao hotel.
Há tantas pessoas e eu não conheço ninguém além de Jungkook. Ah, e Jung-ho está chateado comigo. Quando digo chateado, quero dizer MUITO PUTO! Mas eu o ignorei no avião, então fiquem orgulhosos de mim.
Estou apenas mandando mensagens para vocês, porque não tenho ideia do que devo fazer e, em vez de ficar no meio do saguão, olhando em volta como um peixinho fora d'água, preciso de algo para fazer com as minhas mãos.
Escrevam de volta para que eu possa parar de falar comigo mesmo como um esquisito e ter uma conversa significativa com vocês em seu lugar. Rápido. Rápido.
"Aqui." Erguendo a cabeça, vi que Miriam estava me entregando um dos documentos que os treinadores estavam distribuindo.
"Obrigado." Era um cronograma detalhado do que a equipe deveria fazer e onde eles deveriam estar a qualquer momento.
"Cash quer que tiremos fotos do jantar, como eles interagem, acho, talvez tirar algumas fotos de todos enquanto comem. Depois disso, estamos livres para a noite. Amanhã, nós o seguiremos e faremos o que ele nos pedir. Ele disse que serão principalmente reuniões, aquecimentos e depois o jogo. Teremos uma reunião no nosso o café da manhã e ele nos dará mais detalhes." Eu balancei a cabeça e olhei por cima do cronograma detalhado.
"Parece bom. Acho que vou pular o lanche e ir para o nosso quarto. Você está vindo?" Ela olhou por cima do ombro para onde Cash estava conversando com um dos jogadores.
"Eu acho que vou ficar por aqui." Deu de ombros com um sorriso.
"Ok, então," eu murmurei para mim mesmo quando ela se afastou.
Arrastando os meus dentes ao longo do meu lábio, olhei em volta de novo. Metade dos jogadores já tinham ido. Eu vi alguns em pé ao redor dos elevadores e outros andando em direção à parte de trás do hotel, onde assumi que os lanches estariam esperando, se a placa com o logotipo da equipe e Meal Room escrito sobre ele servisse de exemplo. Eu olhei ao redor para ver se podia identificar Jungkook, mas com o lobby ainda tão ocupado, eu o perdi. Puxando a minha bagagem de mão atrás de mim, fui em direção aos elevadores.
Meu telefone tocou com uma nova mensagem.
Eu soltei um suspiro e entrei no elevador com outros três jogadores. Embora estivessem conversando entre si sobre o jogo do dia seguinte, eu ainda podia sentir os seus olhos curiosos em mim. Abaixando a minha cabeça, me concentrei no meu telefone.
Enquanto eu esperava que fosse um texto de Jimin ou Yoongi, o meu estômago já nervoso torceu ainda mais quando vi que era Jung-ho quem tinha me mandado uma mensagem.
Kim Jung-ho: Qual quarto?
Os meus dedos pairaram sobre a tela. Eu continuaria a ignorá-lo e tentaria ficar o mais longe possível, ou eu iria superar isso e focar no que tinha vindo fazer. Esperei até estar no quarto antes de mandar uma mensagem de volta. Meu telefone tocou de novo, mas desta vez foi Yoongi respondendo. Sentindo a ansiedade inevitável chegar, decidi não escrever nada ao meu amigo até que Jung-ho encontrasse o caminho para o meu quarto, dissesse o que ele precisava dizer e saísse.
Apenas dez minutos se passaram quando ouvi a insistente batida na porta. A primeira coisa que fiz quando ele entrou foi lhe dizer que a viagem era para uma das minhas aulas. Eu não achava que o alfa estivesse ouvindo o que eu estava dizendo, porque começou a falar comigo antes mesmo de as palavras saírem da minha boca. A energia que ele estava emitindo estava me assustando, mas eu tentei o meu melhor para manter meu rosto neutro. Depois de um longo discurso sobre as mesmas coisas com as quais me familiarizei demais, ele me avisou que me observaria em torno dos seus jogadores e saiu.
Assim que a porta se fechou atrás dele, respirei fundo e deixei tudo ir. Eu não iria deixá-lo chegar até mim, não mais. Depois de enviar um texto rápido para o meu pai, ele tem uma entrevista de emprego na cidade e então decidiu aproveitar para vir na mesma época. Eu trabalhei em algumas fotos que ia colocar em alguns sites enquanto conversava ao telefone com Yoongi.
Miriam chegou um pouco mais tarde e finalmente anunciou que estava pronta para ir até a sala de refeições da equipe, então peguei a minha bolsa e minha câmera e a segui até lá.
"Quando você vai voltar?" Ela perguntou uma vez que estávamos no elevador descendo as escadas.
"Não tenho certeza. Por quê?" Me virei para a beta que estava ajeitando a franja.
"Bem, o toque de recolher da equipe é às onze. Você acha que voltará antes disso?"
"Eu não achei que o toque de recolher fosse para nós. Eu tenho que estar de volta antes disso?" Se eu fizesse, isso só me daria algumas horas com meu pai, o que não era muito considerando que ele adiantou sua vinda para os Estados Unidos só para me ver.
"Acho que não. Quer dizer, podemos perguntar a Cash para ter certeza, mas duvido. Só estou perguntando porque... bem, eu queria saber se você poderia me enviar um texto rápido antes de ir para o quarto quando estiver de volta." Eu dei a ela um rápido olhar assim que as portas do elevador se abriram. "Cash e eu vamos... você sabe."
"Oh. Sim claro. Vou me sentar no saguão até acabar." Ela soltou um suspiro aliviado e ligou o seu braço no meu como se fôssemos melhores amigos há anos.
"Você faria isso? Ah, obrigada, Tae. A minha colega de quarto é uma verdadeira desmancha-prazeres. Se ela estivesse aqui, iria entrar e nos interromper no meio de..." Me forcei a não fazer uma careta, pegar Miriam e Cash no meio do sexo definitivamente não me é nada atraente.
"Eu não me importo," a interrompi. "Quero dizer, desde que não seja por horas a fio, tudo bem. Vou pegar meu notebook antes de sair para poder trabalhar enquanto estiver esperando."
Ela apertou o meu braço um pouco mais apertado.
"Oh, você é o melhor. Obrigada. Amanhã vai ser muito divertido. Mal posso esperar." Entramos numa sala enorme onde os funcionários do hotel corriam em torno de mesas e cadeiras para os jogadores. Ainda faltavam vinte minutos até que os caras estivessem chegando, e Cash queria que estivéssemos prontos para tirar fotos deles enquanto colocavam a comida nos seus pratos. Se eles estivessem felizes com as fotos que tiramos durante o fim de semana, aparentemente a equipe iria considerar usá-las nos seus folhetos para o próximo ano.
Sob a observação cuidadosa de Cash, levamos quinze minutos para tirar as fotos, então foi a nossa vez de escolher entre o que sobrou na mesa de buffet. Eu peguei um pouco de purê de batata, brócolis e frango. Quando hesitei seguindo Miriam, ela tocou o meu braço.
"Você vem?" Os meus olhos estavam colados em um certo alfa que estava sentado sozinho em uma das mesas. Jung-ho já havia comido e saído, e eu não tinha visto Jin depois de ter tirado uma rápida foto dele construindo uma montanha de bife no seu prato. Se houvesse uma escolha entre Jungkook e qualquer outra pessoa, eu sempre iria escolher o meu companheiro de quarto.
"Não, pode ir. Vejo você mais tarde." Com uma mão segurando a alça da minha câmera e a outra equilibrando o meu prato, puxei uma cadeira com o meu pé e me sentei em frente ao alfa, lhe oferecendo um sorriso. "Oi."
Ele parou de comer e me estudou com olhos irritados. Quando Jungkook não disse nada, comecei a perder o meu sorriso. Depois de me dar um aceno rápido, ele se concentrou na sua comida novamente. O alfa tinha sido um dos últimos a entrar, então enquanto eu estava tirando fotos dos jogadores e dos treinadores que estavam comendo, ele não estava em lugar algum.
Pegando o meu garfo, empurrei os pedaços dos brócolis para o lado.
"Você está bem?" Eu perguntei em voz baixa enquanto o silêncio se tornou cada vez mais desconfortável, o que nunca aconteceu entre nós antes. Ele largou o garfo com um ruído e pegou a garrafa de água. Eu fiz alguma coisa? Me obriguei a engolir um pedaço de brócolis e esperei que Jungkook dissesse alguma coisa. Segundos se passaram, mas nada aconteceu. Assim que limpou o prato, começou a olhar por cima dos ombros. Era óbvio que ele não me queria sentado com ele, e eu não tinha ideia do porquê. Sentindo-me um pouco magoado e, verdade seja dita, confuso, limpei a garganta e recolhi o meu prato para poder ir embora. "Me desculpe, eu não percebi que estava incomodando..." Estava na metade da frase quando ele parou de olhar ao redor da sala e encontrou os meus olhos.
"Era o treinador que eu vi entrando no seu quarto mais cedo?" Eu caí de volta no meu lugar e meu prato bateu na mesa, atraindo os olhos curiosos dos seus companheiros de equipe.
"O quê?" Eu podia sentir a cor sumindo do meu rosto.
"Você me ouviu. Eu estava indo ao seu quarto para ver se você queria dar uma volta, mas o treinador chegou lá antes de mim.” Engoli em seco. Como sair dessa?
"E o que tem isso?" Foi uma tentativa fraca de agir como se não fosse nada demais, mas era.
"E o que tem isso?" Com uma carranca Jungkook empurrou o prato e se inclinou sobre a mesa. "Eu não sabia que vocês eram próximos o suficiente para convidá-lo para entrar no seu quarto." Algo que ele viu na minha cara o fez parar, mas, infelizmente, isso não o impediu. "Eu não vi nenhum de vocês por uma hora."
A minha boca abriu e fechou, as minhas mãos se fecharam em punhos sob a mesa. Eu deslizei para frente no meu assento, imitando a sua postura.
"Uma hora? O que você está tentando insinuar, Jungkook?" As suas sobrancelhas subiram até a linha do cabelo.
"Eu acho que você sabe o que estou dizendo." Eu sabia o que ele estava dizendo, e por que estava tão surpreso? Eu já esperava que o alfa pensasse exatamente o que ele estava pensando, mas como eu não tinha antecipado a dor que causaria ouvir realmente a confirmação?
"Ele só ficou no meu quarto por cinco minutos, Jungkook, seis no máximo. O meu pai está vindo para me ver e Jung-ho queria saber se ele viria para o jogo amanhã." O meu coração afundou e eu me odiei um pouco mais pela mentira que Jung-ho essencialmente me forçou a contar.
"O seu pai está vindo," ele repetiu, cético.
"Sim." Eu empurrei o meu prato para longe, peguei a minha câmera e me levantei. "Ele deve estar aqui a qualquer segundo, então é melhor eu ir..." Eu estava esperando que o alfa dissesse alguma coisa, mas era inútil; ele apenas me estudou com os seus olhos como se tentasse decifrar tudo que eu não podia dizer em voz alta. "Sim, eu vou embora."
E com esse inteligente comentário de fechamento, eu puxei os meus olhos para longe do olhar expectante de Jungkook e me afastei. Em vez de esperar no saguão, sentei na escada do lado de fora e tentei não pensar muito no alfa e em como os meus sentimentos por ele estavam evoluindo para mais do que uma simples atração. Cerca de uma hora se passou quando vi um taxi parar. Rapidamente, levantei e corri em direção a ele. Assim que os pés do meu pai bateram no chão, eu me joguei nos seus braços e fechei os olhos. Os seus braços contornaram os meus ombros e ele segurou tão apertado quanto eu, se não, mais apertado.
"Meu menino." O meu nariz já estava formigando.
"Eu senti saudade, pai." Murmurei no seu peito. "Eu senti tanto a sua falta."
A sua mão alisou o meu cabelo para baixo e ele se inclinou para trás para olhar meu rosto.
"Tae, o que aconteceu? Por que está chorando?" Os seus braços caíram lentamente e ele segurou o meu rosto nas suas palmas, os seus polegares enxugando as minhas lágrimas silenciosas.
"Nada," eu murmurei depois de uma fungada patética, de novo empurrando a minha cabeça no seu peito onde eu sabia que ele iria me manter seguro. Eu não tinha ideia de onde as lágrimas vieram – bem, ok, eu sabia, mas não estava planejando assumir tão cedo e me preocupar com isso. Ele suspirou e se aproximou, o meu corpo balançando com soluços inesperados quando percebi o quanto eu tinha sentido a sua falta. "Temos que ir, você vai pagar uma montanha de dinheiro, o taxímetro está rodando."
Mesmo com as palavras saindo da minha boca eu estava relutante em deixá-lo ir, e felizmente, meu pai não mostrou sinais de pressa. Ele beijou a minha testa, escovou minhas lágrimas de novo, e acenou com a cabeça uma vez que ele tinha certeza de que eu estava me acalmando.
"Vamos descobrir isso tudo juntos," ele murmurou enquanto abria a porta do Taxi pra mim.
Enquanto limpava o rosto com as costas da mão, meus olhos encontraram com os de alguém perto da porta do hotel. Ele estava encostado em uma das colunas, braços cruzados sobre o peito, o rosto ilegível de longe.
Era Jungkook.
Por volta das onze e meia, o meu pai me deixou no hotel e tivemos outro adeus choroso. Ele estava passando a noite em um hotel diferente, não queria ficar cara a cara com Jung-ho. A entrevista dele é daqui a dois dias e ele iria aproveitar para rever alguns amigos.
A minha mente estava em qualquer coisa menos em Miriam e Cash, peguei o elevador todo o caminho até o meu quarto apenas para encontrar o sinal de NÃO PERTURBE na maçaneta da porta. Depois do estranho diálogo com Jungkook, eu tinha esquecido completamente de voltar para o meu quarto para pegar o meu notebook antes de encontrar o meu pai. Ao invés de bater na porta, voltei ao saguão.
O lugar todo parecia muito morto. Além de algumas pessoas na recepção e os hóspedes ocasionais do hotel tropeçando pela porta, eu estava praticamente sozinho onde estava sentado de frente para as portas da frente. Depois de enviar um texto rápido para Miriam para que ela soubesse que eu estava aqui em baixo, assisti a vídeos de cachorrinhos no Instagram para matar algum tempo.
Quando eu estava escrevendo um texto para Jimin, outra mensagem apareceu na minha tela.
Jungkook: me desculpe.
Eu olhei para a tela, não tendo certeza se deveria responder ou não. Responder o alfa significava que eu teria que continuar mentindo para ele, mas, novamente, não era como se eu pudesse evitá-lo para sempre.
Jungkook: Eu sou um idiota completo.
Jungkook: Você abrirá sua porta se eu bater?
Os meus lábios se esticaram em um maior sorriso. Não, eu realmente não queria evitá-lo.
Você não teve um toque de recolher às onze?
Jungkook: Sim. E?
Então você não deveria estar na cama desde que passa das onze?
Jungkook: Só porque nós temos um toque de recolher não significa que temos que ir dormir às onze.
Mas isso significa que você não deve sair do seu quarto, certo?
Jungkook: Tudo bem se você não quiser me ver, Tae. Você pode me dizer.
Os meus dedos hesitaram. Eu me bati na testa com as costas do telefone algumas vezes antes de encontrar a coragem de digitar o que eu queria dizer em seguida.
Adoraria te ver, Jungkook. Eu sempre gosto de ver você.
Jungkook: :)
Jungkook: Então abra a sua porta.
Se eu dissesse a ele que estava no saguão porque Miriam estava ocupada no quarto o alfa provavelmente iria querer vir me fazer companhia, eu não arriscaria coloca-lo em confusão com Jung-ho.
Eu não quero que você entre em apuros, e Miriam também está aqui, então...
Jungkook: Sim. Ok, você está certo.
Jungkook: É estranho saber que você está aqui e não poder te ver, eu acho. Acho que sinto falta do meu companheiro de quarto.
Olhei em volta para verificar se alguém estava me observando. Felizmente, ninguém estava. Pressionando as minhas bochechas com meus dedos, tentei manter o meu sorriso sob controle. Antes que eu pudesse escrever que eu estava sentindo falta dele também, outro texto chegou.
Jungkook: Eu vi o seu pai. Você estava chorando.
Sinto falta dele.
Jungkook: Eu não deveria ter dito o que eu disse no jantar.
Eu assisti os pontos aparecerem e desaparecerem várias vezes.
Tudo bem. Só não faça de novo.
Quando nada chegou por alguns segundos, escrevi novamente.
Acho que estou sentindo falta do meu companheiro de quarto também.
Jungkook: Sim?
Sim.
Você está na cama? O que você está fazendo?
Jungkook: Sim. Jin trouxe o seu Xbox com ele, então estamos jogando desde o jantar, mas ele está no telefone agora. E eu estou falando com você.
Oh Deus. Estamos flertando? Eu realmente esperava que estivéssemos flertando. O meu coração pulou por todo o lugar, coloquei o telefone no meu colo e pressionei as costas das minhas mãos nas minhas bochechas para absorver um pouco do calor, e para me impedir de sorrir como um louco no meio do saguão – embora eu tenha a certeza que era tarde demais para isso.
Devo ter levado muito tempo para pensar em algo inteligente, porque antes que pudesse responder, vi os pontos saltarem de novo.
Jungkook: Você está na cama?
Sim. Nós estávamos flertando.
Abortar. Abortar.
Sim.
Tão inteligente, Tae.
Jungkook: Isso é bom.
O meu coração estava na minha garganta só de trocar mensagens de texto com ele, eu inclinei a cabeça para trás e olhei para os tetos altos coloridos. Apenas quando eu estava prestes a escrever, sim, é confortável – outra resposta terrivelmente inteligente – Miriam me salvou.
Miriam: O quarto está livre. Você pode subir!
Pensando que eu iria com certeza vir com algo melhor, uma vez que eu estivesse no meu quarto, eu fui em direção aos elevadores.
Jungkook: Eu acho que você adormeceu. Bons sonhos, Tae. Vejo você amanhã.
Gemendo, decidi não responder para que ele pudesse dormir um pouco e fui em direção ao meu quarto.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
O dia inteiro foi um turbilhão de café da manhã, reuniões, hora de descanso, reuniões, almoço e depois a hora do jogo. Antes que eu pudesse apreciar o estádio ou o nível de barulho ao meu redor, Cash estava me levando para o lado de fora para que eu pudesse tirar algumas fotos dos jogadores aquecendo antes do jogo.
"Miriam cobrirá os treinadores. Você cobre os jogadores." Para mim estava ótimo – mais do que bem, na verdade. Eu fiz um 360 e engoli em seco quando olhei ao meu redor.
Querido Deus. Tantos globos oculares. Não me escapou que eu estava dizendo a mesma coisa desde o dia anterior, mas havia apenas tantas pessoas... daí tantos globos oculares.
"Tae! Vá em frente!" Cash gritou enquanto caminhava de volta para o lado de Miriam. Eu engoli de novo e assenti.
Estava de pé um pouco à esquerda do túnel dos jogadores, câmera na minha mão, tentando encontrar o cenário perfeito, quando Jungkook, Jin e um monte de caras correram para fora. Eu senti olhos em mim, não como se não pudessem tirar os olhos de mim ou algo assim, mas porque eu parecia perdido, como um peixe fora d'água. Apenas um conjunto desses olhos enviou um arrepio na minha espinha, os de Jeon Jungkook. Com a maneira confiante que o alfa entrou no campo, a maneira como seus olhos se fixaram nos meus antes de se juntar aos seus amigos para se alongar e fazer exercícios... eu estava acabado. Ver a perfeição dele naquele uniforme não estava ajudando em nada a me concentrar no que eu tinha que fazer.
Com a minha câmera ainda nas mãos, eu o vi desaparecer na multidão dos seus companheiros de equipe. Alguns segundos depois, o vi novamente, graças ao grande número doze na parte de trás de sua camisa. Eu continuei observando enquanto os seus bíceps se arqueavam sob aquelas enormes ombreiras e ele se abaixava até o chão, onde Jungkook e o resto da equipe começavam a sua rotina de aquecimento pré-jogo com alongamentos. A sua bunda estava tão bonita em todos os momentos ou ele tinha feito alguma coisa no vestiário?
Tudo o que eu tinha a meu favor era que a minha boca não estava aberta; foi basicamente isso. Eu me assustei o suficiente para dar um pulo quando ouvi Cash gritar o meu nome de novo.
Certo. Fotos Eu deveria tirar fotos.
Haviam muitos treinadores e pessoas de aparência importante circulando, conversando, discutindo. Rapidamente e discretamente, eu andei em volta deles e tirei várias fotos dos rapazes fazendo exercícios no campo, e então me aproximei de Miriam e Cash, eles estavam longe de todo mundo. Se eles achassem que havia muitas fotos de Jungkook, isso não era problema meu.
"Você terminou?" Miriam perguntou, dando um passo para longe de Cash.
"Acho que sim. Acho que tirei boas fotos, mas é a minha primeira vez cobrindo um evento esportivo, então não tenho certeza se estão realmente boas. Embora, eu goste delas." Eu mordi o lábio inferior e olhei em volta.
"É um pouco esmagador, não é?" Isso era um eufemismo.
"Há tantos fotógrafos por perto, não tenho ideia de por que eles precisavam de nós." Eu disse, me virando para Miriam.
"Quem se importa. Tem sido divertido, e não pense que eu não reparei que você se aproximou de Jeon Jungkook ontem à noite na sala de refeições." Estava bem na ponta da minha língua dizer a ela que eu não estava me aproximando de ninguém e que o alfa era apenas o meu companheiro de quarto, mas eu consegui segurar e ofereci-lhe um sorriso em vez disso.
"Parece que correu tudo bem para você." Gesticulei para Cash, querendo mudar o foco do assunto.
"Oh sim. Desculpe, adormeci antes de você chegar ao quarto - ele praticamente me matou." Inclinei-me para frente um pouco para dar outra olhada em Cash. Eu poderia admitir que ele não era feio ou algo assim. Um metro e setenta e cinco para um metro e sessenta e cinco de Miriam com um corpo ok – embora em comparação com Jungkook e todos os outros jogadores no campo, ele era basicamente magro – e dedos longos o suficiente para que você se sentisse obrigado a fazer uma dupla verificação, ele tinha cabelos longos ondulados que enrolavam em torno das suas orelhas, olhos castanhos que se moviam inquietos, e lábios finos pressionados em uma linha reta.
Traços diferentes para pessoas diferentes, eu acho. Não havia nada de errado com a sua aparência, mas a maneira como ele agia, como se estivesse trabalhando em uma história para o Times começaria a me dar nos nervos se eu tivesse que passar mais um dia ao seu redor.
Quando eu estava prestes a dizer algo mais, senti mãos na minha cintura, e um segundo depois eu estava voando pelo ar.
"Olha o que eu encontrei," alguém disse atrás de mim enquanto eu tentava o meu melhor para agarrar as mãos que estavam enroladas em mim. Graças a Deus a alça da minha câmera estava em volta do meu pulso, evitando que ela voasse pelo campo.
Reconhecendo a voz, olhei por cima do ombro e para baixo.
"Hobi?" Falei, sem acreditar.
"Sou eu," ele respondeu com um rosto sorridente.
"Hobi, o que diabos você..."As minhas palavras se transformaram em um grito quando ele me manobrou – ou mais como me virou abruptamente –até que eu estava segurando no seu pescoço, embalado como um bebê nos seus braços.
"E aí, docinho?" Ele perguntou, o seu sorriso de merda ainda no lugar. Eu tinha certeza que ele tinha nascido com aquele sorriso, ou outra possibilidade era que ele tinha trabalhado nele na frente de um espelho por anos até estar prefeito. "Eu tenho observado você nos últimos dez minutos. Eu não pude acreditar nos meus olhos."
"Ponha-me no chão, seu idiota," eu disse, sem fôlego.
"Farei exatamente isso assim que afastar você da linha do inimigo." Eu rosnei para o meu amigo, mas não parecia ter o efeito desejado sobre ele; nunca fez. Agarrando os seus ombros pela minha vida enquanto ele corria para longe, olhei por cima do ombro e os meus olhos se concentraram em uma pessoa.
Jungkook.
Todos os seus companheiros de equipe estavam entrando no túnel para voltar aos vestiários, mas o alfa estava parado, uma mão segurando o capacete pela ponta dos dedos, a outra na cintura. Eu queria dar-lhe um aceno ou um sorriso, mas ele estava olhando para mim nos braços de Hoseok com um rosto esculpido em pedra, o seu maxilar definido, expressão completamente fechada. Algo apertou no meu peito, espremendo o meu coração. Eu bati no ombro de Hobi duas vezes.
"Jung Hoseok, pare!" Ele deve ter ouvido a urgência no meu tom porque finalmente paramos. Delicadamente, o alfa me colocou de volta nos meus pés e os meus olhos ficaram em Jungkook o tempo todo. Observei ele dar um passo em nossa direção e depois outro e outro. O meu coração batendo só de ver a determinação no seu rosto, eu não conseguia tirar os meus olhos dele. Algo estava prestes a acontecer – ou já estava acontecendo – e o meu coração estava tremendo. Hobi disse algo para chamar a minha atenção e tocou o meu ombro. As minhas sobrancelhas se juntaram e eu murmurei um distraído.
"O quê?" Jungkook estava com ciúmes? Quando ele começou uma leve corrida em direção a nós, senti todos os pelos dos meus braços em pé. Eu dei a Hoseok um rápido olhar. "Você pode me dar um minuto?"
Ele olhou para o que eu estava olhando, e eu já estava andando para encontrar Jeon no meio do caminho. A necessidade de ir até ele havia surgido do nada. Talvez fosse a maneira como os olhos dele se fixaram nos meus, desafiando-me a desviar o olhar, ou talvez fosse algo sobre a maneira controlada com que o seu corpo se movia. Deus, ele parecia tão bem no uniforme, quase tão bom quanto parecia quando malhava na nossa cozinha seminu... quase. Jungkook parecia monumental, maior e melhor do que qualquer outra pessoa se aquecendo no campo.
Jin bloqueou Jungkook ao redor da linha de trinta jardas. Ele descansou a testa contra a de Jungkook, apertou o pescoço e guiou-o em direção ao túnel. O alfa franziu a testa para ele e balançou a cabeça uma vez como se tivesse saído de um transe. Então ele assentiu e correu ao lado do seu companheiro de equipe.
Quando ele desapareceu no túnel, voltei-me para meu amigo com um sorriso tímido. Ele levantou uma sobrancelha, o que só acrescentou ao seu olhar arrogante.
"Eu pisei em alguns calos?" Hobi questionou.
"O quê? Não. O que você está fazendo aqui? Eu pensei que você estivesse em Nova York." O alfa deu de ombros, um sorriso malicioso nos lábios.
"Sim, eu estava, mas eu me transferi para cá este ano. Você namora o número doze? Aquele cara, o Jeon?" Ele perguntou com um movimento de sua cabeça para onde o alfa tinha desaparecido.
"Não. Ele é apenas meu amigo." Depois de me dar uma olhada longa e minuciosa, ele falou novamente.
"Se você diz isso." Com seu grande sorriso de volta no lugar, ele me deu um empurrão brincalhão. "Olhe para você, docinho. Não te vejo há dois anos e é aqui que te encontro? Senti sua falta."
"Não me chame assim," eu resmunguei, empurrando-o de volta.
"Continua tão fofo. O que diabos você está fazendo aqui então? Veio assistir ao seu namorado ter a sua bunda chutada por mim?" Revirei os olhos.
"Eu já disse, ele não é meu namorado." Levantei a minha câmera como se isso fosse responder a sua pergunta. "Estou em uma missão, tirando fotos da equipe." E porque eu não gostava dele falando sobre Jungkook assim, acrescentei: "E não tenho tanta certeza de qual bunda vai ser chutada. Eles são incríveis."
Eu realmente não tinha ideia se eles eram. Tudo que eu sabia era que Jungkook era incrível.
As suas sobrancelhas se ergueram.
"E você se tornou um especialista em futebol por causa de uma certa pessoa?" Ouvimos alguém gritar o seu nome e Hobi olhou por cima do ombro. “Já vou. Ok, eu tenho que voltar." Agarrando a câmera pesada da minha mão, ele a levantou no ar como se fosse tirar uma selfie. "Vamos, quero uma foto de nós juntos. Eu tenho o rosto mais bonito e você precisa de algo melhor para olhar do que esses idiotas."
"Está desligada, seu idiota." Eu ri quando ele não conseguia descobrir como a fazer funcionar.
Eu liguei a câmera e deixei que ele me puxasse para o lado dele para que pudéssemos tirar uma foto de nós juntos. Quando ouvimos o seu nome ser chamado de novo, o alfa colocou a câmera de volta nas minhas mãos.
"Aqui, pegue. Me envie um e-mail com a foto e o seu número novo." Movimentando-se para trás, ele continuou falando. "Não se esqueça, Tae. Melhor ainda, eu lhe enviarei o meu número e você poderá enviar uma mensagem para mim."
"Ok!" Eu gritei de volta, sorrindo. Quando ele estava perto o suficiente dos seus treinadores, um deles o acertou na parte de trás da cabeça e o meu sorriso ficou maior.
"Ok!" Ele gritou uma última vez, e então estava fora da minha vista.
A nossa equipe estava ganhando – a equipe de Jungkook. Eu não sabia exatamente quando se tornou a nossa equipe na minha mente, mas eu fui arrastado pela correria do jogo e pela magia de estar no estádio. Claro, talvez eu não entendesse o que estava acontecendo na maior parte do tempo, mas estava lá com eles quando todos estavam aplaudindo, gritando ou xingando. Até mesmo estar perto de Jung-ho não conseguiu matar a minha excitação.
E Jungkook... ele era uma fera. A maneira como o alfa corria com aquela bola, a sua velocidade, a maneira como ele se esquivava e desviava, rolava e torcia e tudo mais que ele fazia – fiquei hipnotizado apenas observando-o. Parece estranho dizer em voz alta, mas senti como se ele fosse meu. Eu sabia como ele parecia de manhã, conhecia praticamente todos os músculos da parte superior do seu corpo. Eu não toquei neles ou algo assim, mas eles estavam gravados no meu cérebro.
Eu sabia o que ele gostava de ter na pizza dele, o que era muito importante. Queijo extra, calabresa e azeitonas pretas eram o seu favorito, e ele não olhava para mim como se eu fosse um alienígena porque gostava de abacaxi na minha pizza. Eu conhecia os seus sorrisos, e ele tinha um punhado deles, cada um mais mortal do que qualquer outro sorriso que você possa imaginar. Eu sabia que quando Jungkook passava a palma da mão pelo cabelo curto era porque estava estressado, agitado. Eu sabia que o alfa gostava de segurar a minha mão; eu não sabia porque, mas sabia que ele gostava disso. Se o alfa estava rolando o pescoço e esse músculo na sua mandíbula estava em movimento, ele estava com raiva e tendo dificuldade em manter-se sob controle. Eu sabia que me fazendo corar apenas com o jeito que ele estava olhando para mim o divertia, e isso geralmente provocava o seu sorriso divertido, que nunca deixava de aumentar o meu batimento cardíaco. Eu sabia que Jungkook era o cara mais trabalhador que já vi. Eu sabia que ele era o único, e sabia que a cada dia que passava eu queria que o alfa fosse meu – não meu amigo, mas meu, só meu. E isso me assustava.
Quando foi a última jogada do terceiro quarto e o placar mostrou 24-32, outra pessoa saiu do túnel e se juntou aos seus companheiros de equipe nos bastidores.
Jaehyun.
O meu olhar se concentrou nas muletas sob os seus braços, e o sorriso que eu tinha no meu rosto de repente não parecia certo. O árbitro apitou para terminar o terceiro tempo e a equipe se amontoou junto com o seu técnico. Depois de alguns tapas no capacete, batidas nas costas e o que eu assumi serem palavras encorajadoras, eles chegaram ao lado de Jaehyun. Eu estava observando Jungkook o tempo todo.
Sem fôlego, o alfa parou na frente do seu amigo e tirou o capacete, os ombros tensos e altos, a tinta preta sob os olhos manchados. Equilibrando-se num pé, Jaehyun esfregou a nuca e sacudiu a cabeça uma vez. A minha câmera já estava nas minhas mãos, então sem hesitar, eu a levantei e dei uma rápida olhada, não tendo certeza do que eu estava olhando, mas querendo capturar. Eu vi os seus lábios se moverem, mas eu não tinha ideia do que eles estavam falando. Jungkook colocou a mão no ombro de Jaehyun e o alfa balançou a cabeça de novo. A mão de Jeon se enrolou no pescoço dele e ele baixou a testa contra a de seu amigo.
Clique.
Eu ampliei e tirei outra foto, percebendo que ambos estavam com os olhos fechados. A mão de Jaehyun passou pelo pescoço de Jungkook.
Clique.
Seokjin se juntou ao pequeno amontoado e jogou o capacete no chão ao lado deles.
Clique.
Abaixei a câmera e desviei o olhar. Eu já tinha me intrometido mais do que deveria, mas não tirei essas fotos para o jornal. Aquelas eram minhas. Se eu fosse honesto, eu tinha tirado muitas fotos só para mim desde que o jogo começou.
"Eu vou pegar algo para beber. Vocês querem alguma coisa?" Cash nos perguntou. Miriam estava ocupada enviando mensagens de texto pelo telefone, mas olhou para cima o tempo suficiente para sacudir a cabeça.
"Uma água, por favor," eu disse, e ele foi em direção à equipe, conversando com alguns jogadores antes de seguir o seu caminho.
Quando ele voltou, eu não pude me impedir de perguntar.
"Você sabe o que está acontecendo lá?" Inclinei meu queixo em direção ao Jaehyun, onde pelo menos dez ou quinze dos seus companheiros o estavam cercando num semicírculo. Eu peguei a garrafa de água que Cash me entregou.
"Sim. Más notícias para o Jay e para a equipe. Aparentemente a temporada acabou pra ele. Vai precisar de cirurgia para essa lesão no pé, e a sua carreira provavelmente está acabada se ele não puder se recuperar completamente. É uma pena, Jaehyun era um grande jogador." Meu coração apertou.
"Simples assim?" Eu perguntei. "Uma lesão e ele está fora? Acabado?"
"Sim. É assim que acontece no esporte. Você nunca sabe quando será forçado a desistir." Encarei o bolo de jogadores novamente.
"Eu não o vi no hotel ou no avião," consegui dizer através da pedra alojada na minha garganta. Lembrei-me da angústia e da raiva no rosto de Jungkook no dia em que o encontrei sentado sozinho no escuro
O alfa deve estar arrasado.
"Ele queria ser o único a dizer aos seus companheiros de equipe e se juntar a eles para um último jogo antes de tudo isso, então eles o enviaram hoje." Os rapazes correram para a linha de cinquenta jardas e o último quarto do jogo começou. Ficou vicioso em pouco tempo. Eu vi placares, mas depois do último quarto, depois das notícias do seu amigo... se Jungkook tinha sido uma fera antes, ele se transformou no Hulk em pouco tempo. Eu encolhi e ofeguei ao longo de toda a coisa, especialmente quando alguém atacou o alfa logo depois que ele praticamente voou para o ar e pegou a bola. Foi brutal, claro, mas Jungkook sempre se levantou com a bola ainda nas mãos, e superei isso muito rapidamente. Hoseok não pisou no campo durante a primeira metade do jogo, mas ele esteve lá no segundo tempo. Então, quando Jungkook levou Hobi para o chão logo no início do último trimestre depois que o passe de Jin foi interceptado pelo Hoseok – pelo menos foi o que Miriam me disse que tinha acontecido – eu estava preocupado que ele tivesse quebrado o meu amigo de infância ao meio. Hobi eventualmente se levantou, mas levou algum tempo. O resto do jogo foi da mesma maneira – placares, passes, assobios, aplausos, placares de novo. O jogo nem tinha terminado e eu já tinha uma pontada nas omoplatas de toda a tensão.
Quando restavam apenas alguns segundos, Jin deu alguns passos para trás e jogou a bola em um arco perfeito direto para Jungkook, vindo da linha de quarenta e cinco metros, e eu estava de pé ao lado de Miriam e Cash. Parecia que todos os jogadores no campo estavam correndo em direção a essa maldita bola. Sugando uma respiração e segurando-a, as minhas mãos seguraram a minha cabeça e eu observei o ombro de Jungkook bater em outro jogador, pular alto e arrancar a bola do ar com as pontas dos dedos. Antes que eu pudesse processar a pegada perfeita, ele tinha a bola enfiada debaixo do braço e estava correndo em direção à linha do gol como o papa-léguas do desenho animado.
Um jogador o alcançou por trás e se jogou sobre as costas de Jeon, mas como se ele tivesse olhos na parte de trás da sua cabeça, desviou para a direita e o evitou por centímetros. Eu pulei para cima e para baixo como um idiota.
"Sim! Sim!" Todos pegaram os rugidos da multidão agora, eu estava prestes a sair da minha pele quando alguém veio do nada e tentou bloqueá-lo. Jungkook saltou para o lado antes que o cara pudesse fazer qualquer coisa, e ele correu os últimos cinco metros sem que outro jogador o alcançasse. Eles eram muito lentos para ele. Com as minhas bochechas doendo de tanto sorrir, eu pulei para cima e para baixo enquanto observava o meu companheiro de quarto marcar seu terceiro touchdown na noite.
Ele é incrível.
Com as minhas mãos tremendo um pouco, levantei a câmera, pronto para fotografar a alegria no seu rosto perfeitamente esculpido, se ele tirasse o capacete, mas em vez de deixar os seus companheiros de equipe derrubá-lo como antes, ele se esquivou de cada um deles como se eles não existissem para ele e correu direto para a linha de cinquenta jardas, ignorando todos os jogadores e não-jogadores entrando no campo. Eu o segui com os meus olhos para ver onde ele estava indo e vi quando ele parou e se ajoelhou na frente de Jaehyun, que parecia estar com um pouco de dificuldade em ficar em pé com as suas muletas. Do nada, Jin apareceu ao lado de Jungkook e caiu de joelhos também. Prendendo a respiração, levantei a minha câmera um pouco mais, os meus dedos coçando para capturar apenas um segundo do seu momento. Então, um por um, todos os jogadores no campo se ajoelharam na frente de seu companheiro de equipe, alguns atrás de Jungkook e Jin, alguns à direita.
Antes de começar o cântico, corri em direção à boca do túnel, parei rapidamente, e me aproximei, me posicionando para poder ter Jungkook bem no meio do meu disparo. Concentrei-me no rosto duro e inflexível do alfa e tirei a foto que se tornaria uma das minhas mais queridas.
Quando tudo parou, eu ainda estava enraizado no lugar.
Jungkook se levantou e foi até o seu amigo. Sussurrando algo no seu ouvido, cuidadosamente puxou Jaehyun para si mesmo e eles deram um ao outro um daqueles abraços masculinos. Eu estava tendo muita dificuldade em segurar as minhas lágrimas. Quando o resto de sua equipe se aglomerou em torno do seu companheiro ferido, incluindo Jin, os olhos escuros de Jungkook encontraram os meus, me perfurando com o olhar.
Quando ele se separou da multidão, eu lentamente abaixei minha câmera e observei o alfa se aproximar de mim, os nossos olhos nunca perdendo contato. Jungkook cobriu a distância entre nós em pouco tempo. Quando estava bem na minha frente, olhei para ele, tão ofegante quanto, se não mais. Eu podia sentir as minhas mãos tremendo um pouco enquanto tentava não perder o sorriso que eu tinha no meu rosto.
Acalme-se, Tae. Não é nada mais do que uma descarga de adrenalina. Ele ainda é seu amigo.
"Quem é ele?" Foram as primeiras palavras a sair de sua boca.
O meu sorriso vacilou.
"O quê?" Franzi a testa, confuso.
"Número quatro." Eu devo ter parecido tão confuso quanto me senti, porque Jungkook não esperou por uma resposta antes de continuar. "Jung Hoseok, você estava bem confortável nos braços dele."
Bufando, relaxei e o meu sorriso alargou novamente. Eu estava certo – o alfa estava com ciúmes. Apenas a realização aliviou algo no meu peito.
"O meu amigo de infância. Nós crescemos no mesmo bairro, fomos na mesma escola e tudo mais. Apenas amigos." Com minhas palavras, os seus ombros caíram levemente.
"Ok. Ok, isso é bom." Eu balancei a cabeça em movimentos rápidos e tentei não sorrir. Sim, foi bom. Os seus olhos perfuraram os meus e sua mandíbula se apertou. "Você não está olhando para longe. Por que você não está olhando para longe?"
Eu ignorei as suas palavras e perdi a batalha com os meus lábios. Eu dei um sorriso grande, com dentes e tudo mais.
"Você foi incrível, Jungkook, realmente incrível." De pé na minha frente em todas essas proteções, ele parecia tão intimidante, tão grande.
A sua careta suavizou completamente e ele me deu um sorriso de menino.
"Sim?" Os meus olhos caíram para os seus lábios por alguns segundos enquanto eu observava aquele sorriso bonito e surpreso, outro para adicionar à lista.
Eu queria que ele fosse meu, pensei enquanto levantava os meus olhos de volta.
"Sim." Um dos treinadores passou correndo por nós, quebrando o nosso pequeno momento. Jeon agarrou o meu braço e me arrastou para trás alguns passos até que eu estava preso entre a parede e ele. "Agora eu entendo toda a publicidade," continuei antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. "Eu me sinto um pouco tonto, como se estivesse bêbado do jogo. Vocês foram incríveis. Admito, não sei praticamente nada sobre futebol, e só assisto na TV por vinte minutos no máximo antes de ficar entediado, mas foi diferente estar aqui. Eu não tenho certeza se você chamaria isso de diversão, já que você é perseguido e ocasionalmente atacado, mas eu adorei. Eu não gostei de ver você sendo abordado assim, é claro, mas você sabe o que eu quero dizer. Foi quase melhor do que assistir você malhar na cozinha, quase." Fiz uma pausa para respirar. Fiquei impressionado, e não me importei que ele visse isso na minha cara. "Eu quero fazer tudo de novo, agora mesmo. Você foi ótimo, Jungkook."
O castanho profundo nos seus olhos brilhava de uma forma que estava deixando meu estômago todo estranho. Engoli em seco e movi a minha cabeça para cima e para baixo, porque estava tendo problemas para chegar a mais palavras, e sim, eu já tinha dito isso algumas vezes, na verdade. O meu cérebro estava me dizendo que era hora de sair antes de começar a divagar.
Quando Jungkook olhou por cima do ombro em direção ao campo, eu também olhei nessa direção. Alguns dos seus colegas de equipe já tinham começado a dirigir-se aos vestiários.
"Eu deveria deixar você..." Parei de falar quando a mão enluvada de Jungkook, sua enorme mão enluvada, segurou o meu queixo e gentilmente inclinou o meu rosto para cima. O mundo ao meu redor diminuiu a velocidade e fiquei parado. Eu juro para você, vi os seus olhos vagarem pelo meu rosto em câmera lenta.
"Eu gosto de ter os seus olhos em mim, Tae." Consegui forçar um sorriso nervoso. O seu polegar deslizou na minha bochecha, me deixando... basicamente completamente indefeso.
"Eu gosto de ver você." Sussurrei encarando-o.
A sua língua apareceu e tocou o seu lábio inferior.
"Eu sei." Oh, Jungkook, por que você fez isso?
"Eu quis dizer que gosto de ver você, gostei de ver você jogar hoje à noite. Eu não quis dizer que eu gosto de ver você quando você não está jogando. Eu definitivamente não te veria se você não estivesse lá, ou eu não sei... eu não te veria quando você está malhando, e eu nunca te veria se você estivesse..." Comecei a divagar, ficando cada vez mais nervoso.
"Você sabe porque eu gosto de ver você?" A questão me calou rapidamente, o que provavelmente foi o melhor; quem sabe o que mais eu iria vomitar. "Porque eu não consigo tirar os meus olhos de você. Todo o resto... tudo desaparece e.."
"E?" Eu tentei o meu melhor para não parecer ansioso pela sua resposta - ou, digamos, não muito ansioso, porque não havia como ele não saber que eu estava muito interessado em ouvir o que ele estava prestes a dizer.
Jungkook soltou um suspiro pesado e decidiu não terminar essa frase em particular. Eu vi isso nos seus olhos, uma ligeira mudança lá e se foi.
Droga!
"Eu não sei o que vou fazer com você, Taehyung. Você está me deixando absolutamente louco. Primeiro Yoongi e agora esse cara, Hoseok." Com o seu peito ainda subindo e descendo rapidamente, ele parecia querer dizer mais, mas apenas olhou nos meus olhos. Quando começou a ficar demais para mim – quero dizer, sou humano, afinal de contas - tentei limpar a minha garganta como um prelúdio para me afastar, mas alguma coisa – muito provavelmente o ar - ficou preso na minha garganta e desencadeou um pequeno ataque de tosse, forçando a mão dele a cair.
"Desculpe," eu falei quando pude respirar novamente.
Mais e mais jogadores estavam indo em direção aos vestiários. Alguns deles acertaram Jungkook nas costas com comentários do tipo bem apanhado, cara e você fez bem, mano. Alguns só ofereceram risadas. Jungkook colocou uma pequena distância entre nós, recuando, mas os seus olhos se demoraram nos meus lábios.
"Isso vai acontecer em breve, você sabe. Eu me pergunto se você está pronto para isso, porque estamos quase lá. Eu posso ver isso nos seus olhos, e você vai perder, Tae, assim como eu sabia que você faria." O alfa disse, com um pequeno sorriso.
"O quê? Quase onde? Perder o quê?"
"A aposta," ele explicou calmamente. "Você vai me beijar e perder a aposta. Você não poderá resistir." Com os lábios se inclinando, ele sorriu para mim de brincadeira.
"Oh, eu não vou resistir, hein?" Bufei. “Incrivelmente humilde.”
"Sim." Ele encolheu os ombros. "Então você deve desistir, descomplicar as coisas que precisa descomplicar. Se houver algo mais nisso... Se você não pode fazer isso por alguma razão fodida, me diga. Vou descomplicar para você. Eu gosto da antecipação, Flash, não vou mentir sobre isso, mas..."
"Ei, Jungkook! Você vem ou quê?" A minha cabeça se moveu em direção ao som e eu vi Seokjin e Jaehyun esperando pelo meu humilde companheiro de quarto.
"Vocês vão em frente, eu estarei lá," ele gritou de volta. Eu assisti os seus amigos balançarem a cabeça e irem embora. Quando olhei de volta para o alfa, ele estava me estudando de perto. Por um breve momento, me perguntei se Jung-ho tinha nos visto em pé assim, mas eu não dava a mínima para isso, não naquele momento, pelo menos. Se houvesse repercussões - como ele gritando comigo sem um bom motivo – bem, foda-se ele. "Precisamos conversar, Taehyung. Em breve, precisamos conversar e descobrir as coisas."
"Uh, descobrir o quê?" Eu perguntei, distraído pelos seus lábios em movimento.
"A coisa que você precisa para descomplicar." Eu olhei nos seus olhos novamente, havia uma tempestade se formando ali. "Isso está me deixando louco.”
Como o idiota que sou, apenas olhei para ele. O que diabos eu poderia ter dito?
Alguém bateu nas costas dele, fazendo-o perder o equilíbrio e apoiar a palma da mão na parede atrás de mim. Jungkook murmurou algo em voz baixa e olhou por cima do ombro antes de olhar para mim.
"Isso vai acontecer." Ele estava correndo para longe antes que eu tivesse a chance de acenar ou abrir a boca. "Eu estou dizendo a você, a qualquer momento," ele gritou uma última vez antes de desaparecer da minha vista.
Segundos depois, Jung-ho e a sua comitiva passaram por mim sem nem notar que eu estava ali. Isso acontecera no campus mais de um punhado de vezes, e em todas e cada uma dessas ocasiões, eu senti que não era nada além de um incómodo quando ele olhou através de mim, mas desta vez eu não poderia ter me importado menos. Ele era a menor das minhas preocupações.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
A semana passou como um borrão, e estava ficando cada vez mais difícil manter as minhas mãos e olhos longe de Taehyung.
Com tudo acontecendo, Jay e sua recuperação, além de Jin, o ômega era a única pessoa com quem eu estava interessado em passar o tempo. Por mais que ser amigo dele tenha sido uma piada para mim desde o primeiro dia em que o ômega pulou em cima de mim, muito nu depois que sua toalha caiu, de alguma forma Tae acabou sendo exatamente isso. Meu companheiro, mas eu queria que ele se tornasse no sentido mais puro da palavra.
Eu queria que ele fosse meu.
Toda vez que o braço dele acidentalmente roçava o meu quando passávamos pelo corredor ou na cozinha, toda vez que Taehyung olhava para mim e sorria, todas aquelas noites em que nos sentávamos em lados opostos do sofá e assistíamos a um filme no seu notebook... toda vez que ele saía do quarto com olhos sonolentos, pernas que duravam pra sempre, e aquela porra de bunda perfeita, eu sempre dava uma olhada quando o ômega pegava uma tigela em um dos armários e fingia não me ver enquanto eu fazia a minha rotina de treino matinal bem na frente dele enquanto ele tomava seu café da manhã... Toda vez que nos esbarrávamos no banheiro para escovar os dentes, olhos sonolentos, voz rouca... toda vez que Taehyung abria o armário que continha os seus preciosos M&Ms e passava alguns segundos olhando para eles, só Deus sabe porque razão... toda vez eu o peguei na ponta dos pés no apartamento para que a Sra. Hilda não o pegasse... toda vez que Tae segurava meu olhar por mais do que alguns segundos... você está vendo onde eu estou indo com isso?
Parecia que toda vez que Taehyung respirava, eu ficava duro apenas observando o seu peito subir e descer, as minhas mãos coçando para tocar a sua pele, os seus lábios, o seu pescoço, o seu queixo, as suas mãos, as suas pernas, a sua bunda deliciosa. Ele estava lentamente me matando, e de tudo que eu sabia sobre o ômega, Taehyung não tinha uma única pista do que estava fazendo.
Toda vez que eu o via, tinha mais e mais dificuldade em me lembrar da razão de não poder estar com ele. Enquanto eu estava ficando louco por Taehyung, dia após dia, o ômega ainda estava vendo-o. Eu disse a mim mesmo que não era possível, que eu estava vendo as coisas fora de proporção, mas todas as pequenas pistas estavam lá. Só porque eu esperava estar errado, esperava que terminasse qualquer dia, isso não mudaria o resultado ou os fatos. Tem alguma coisa acontecendo entre Taehyung e o treinador, e estava fodendo com a minha cabeça de uma forma sem precedentes. Eu não acreditava que as suas famílias fossem amigas. Eu não sabia o porquê, só não acreditava nisso. Mas ao mesmo tempo eu não podia imaginar Taehyung com ele; não que ele não fosse atraente, inferno, o ômega é uma tentação, mas porque Tae não era desse tipo. Simplesmente não entra na minha cabeça como ele poderia se envolver com um homem com o dobro de sua idade e uma família, mas ainda assim...
Além de tudo, mal tive tempo de fazer qualquer coisa. Eu estava trabalhando ou na sala de musculação, sendo chutado pelos nossos treinadores. Não ajudou que eu estivesse mantendo um segredo de Seokjin, talvez vários. Ah, ele sabia que o pai estava saindo com alguém de novo - ele havia me dito isso apenas uma semana antes – Jin sempre sabia quando o pai estava tendo um caso. O que ele não sabia era que o apartamento em que eu estava hospedado era na verdade do pai dele, e ele não sabia que Taehyung também estava hospedado no apartamento do pai dele. Meu amigo não tinha ideia do que tudo isso significava.
Semanas se passaram desde que Tae fotografou o nosso jogo fora, desde que eu o vi com outro alfa e cheguei perto de perder a minha merda na frente de todo mundo. Nós ainda não sentamos e tivemos a nossa conversa. Alguns dias eu pensei que ele estava me evitando de propósito, em outros dias nós simplesmente não tínhamos tempo, e em alguns outros eu não queria fazer nada além de sentar ao lado dele no chão em frente ao sofá e apenas jantar enquanto conversávamos sobre nada em particular. O Halloween passou, nós perdemos e ganhamos mais jogos fora do que jogos em casa, e essa coisa louca que eu estava começando a sentir por Taehyung não ia a lugar nenhum, apesar das circunstâncias.
Eu já não dava a mínima para o quão errado era mexer com o namorado de outra pessoa porque eu não podia aceitar o fato de que Taehyung realmente era de outra pessoa – se ele fosse, eu era o maior idiota do mundo por começar a me apaixonar pelo meu amigo – ou ele estava em uma situação muito fodida e estranha com o meu treinador. Se fosse esse o caso, eu estava pronto para consertar isso.
A única vantagem de me sentir frustrado por morar com o ômega que eu achava que deveria estar comigo e não com algum outro desgraçado era que eu treinava mais do que já treinei na minha vida. Todos os meus treinadores ficaram impressionados. Jin e eu estávamos perfeitamente em sincronia no campo, e eu estava dando tudo de mim. O meu sonho se tornaria uma realidade. Eu vou ser draftado e irei deixar a minha família orgulhosa.
Depois de uma sessão de treino pesado com um dos treinadores que estava me ajudando a me preparar para o draft chegando no final de fevereiro, eu fui para casa, esperando ver Taehyung. Eu conhecia a agenda dele de cor, e se o ômega não tivesse reservado um trabalho de fotografia no último minuto, eu sabia que ele chegaria em casa um pouco depois de mim. Desde Tucson, Taehyung tentou o seu melhor para que não tivesse que ficar sozinho por muito tempo comigo, mas nós vivíamos no mesmo maldito apartamento. Ele dormia literalmente a passos de mim, então só havia tanta fuga quanto o ômega conseguia - não que eu realmente acreditasse que ele estava tentando o seu melhor nisso.
Eu considerei parar em sua pizzaria favorita para surpreendê-lo, mas mudei de ideia e decidi esperar ele chegar em casa e convencê-lo a sair para comer pizza. Na minha opinião, parecia um plano muito melhor.
Apenas não foi.
Percebi isso uma vez que cheguei ao nosso andar e encontrei Vicky esperando por mim na frente da porta do nosso apartamento. Congelado no topo da escada, pensei em matar Jaehyun se tivesse sido ele quem lhe disse onde me encontrar. A cabeça de Vicky se levantou do telefone quando ouviu os meus passos e ela se afastou da parede.
"Jungkook, eu..." Mesmo seu cheiro de lavanda me enjoava, fechei o rosto.
"O que diabos você está fazendo aqui?" Ela colocou o celular no bolso de trás, deu um passo na minha direção e parou.
"Eu quero falar com você, só desta vez. Por favor, alfa." Eu me afastei e passei por ela para destrancar a porta.
"Não temos nada para conversar. Você não deveria ter vindo aqui, Victoria." Eu olhei por cima do meu ombro e peguei o seu sutil recuo ao ouvir seu nome completo.
Ela ergueu as mãos e as deixou cair de lado.
"Bem, azar o seu. Você não está respondendo aos meus textos ou ligações, então não vou sair até você falar comigo." Quando a sua voz começou a subir de forma constante, a minha cabeça voou para a porta da Sra. Hilda. Normalmente, a Senhora mal-humorada teria saído daquela porta no segundo em que pegasse alguém subindo as escadas, sem falhar, mas não havia sinal dela no momento, e me perguntei se ela estava nos observando pelo olho mágico.
Ignorando Victoria, abri a porta e joguei a minha bolsa para dentro antes de encará-la novamente.
"Não tenho motivos para retornar as suas ligações. Já se passaram meses, não tenho nada pra falar com você." Tendo dito tudo o que eu diria sobre o assunto, fui fechar a porta na cara dela, mas a ômega foi mais rápida e bateu a palma da mão contra a superfície para me impedir. O som ecoou nas paredes, e se a Sra. Hilda, por alguma razão desconhecida, não estivesse ciente do que estava acontecendo bem na frente de sua porta, ela definitivamente teria ouvido aquele barulho e logo sairia para investigar… Merda.
"Eu tenho coisas a dizer," ela anunciou com um levantar do queixo quando encontrou o meu olhar.
"Victoria… vá embora!” Eu rosnei e ela foi inteligente o suficiente para perceber o quão perto eu estava de perder a paciência. A ômega deixou cair a sua postura de raiva e deu um passo para trás, voltando ao ato inocente.
"Eu irei embora, prometo que vou. Eu só quero conversar, Jungkook, só desta vez, e se você não quiser, nunca mais me verá. Eu só quero me desculpar." Uma chave sacudiu na porta, sinalizando que era tarde demais para me livrar de Victoria sem um incidente que levaria ainda mais tempo para resolver. A Sra. Hilda estaria fora assim que abrisse a porta, exigindo saber o que estava acontecendo e eu não tinha tempo para aquela mulher. Sem opções, eu sacudi a cabeça.
"Entre." A ômega entrou. Assim que eu fechei a porta atrás dela, a porta da Srta. Hilda se abriu. Passando pela minha ex-namorada, fui direto para a área da cozinha. "Você tem um tempo até eu ouvir o vizinho da porta ao lado fechar a porta." Pressionando as palmas das mãos no balcão do café da manhã, senti a necessidade de me repetir. "Eu não preciso de seu pedido de desculpas. Eu vou ouvir, só porque você me forçou, mas não tenho nada a dizer para você. Pensei que já tinha deixado isso claro quando te peguei sendo fodida pelos meus companheiros de equipe."
"Você ainda está com raiva, não vê o que isso significa?" Ela perguntou, caminhando na minha direção.
"O que diabos você acha que isso significa?" Eu atirei de volta.
"Se você está com raiva, isso significa que você ainda se importa. Eu sei que te magoei, alfa. Confie em mim, você me encontrando naquela noite, me vendo assim… me machucou mais do que machucou você e…" Eu não pude deixar de rir e balançar a cabeça.
"Você está brincando comigo?" Eu tenho cara de idiota? Devo ter se essa maluca acha que vou cair em seu teatro.
"Realmente sinto muito que você teve que ver isso – você não tem ideia de quanto – mas foi uma coisa de uma vez. Eu nem sei como isso aconteceu. Um minuto eu estava esperando por você no andar de cima e no próximo eu me encontrei…" Quando ela virou a esquina para chegar ao meu lado, me endireitei e me afastei.
"Você já acabou?" Perguntei, arqueando a sobrancelha.
"Espere, Jungkook." Ela me alcançou e agarrou o meu braço, seu cheiro embrulhando meu estômago. "Eu só queria ver você para pedir desculpas, ok? Você nem me deixou fazer isso.” Eu olhei para a mão dela, que ainda estava presa ao meu braço, e encontrei o seu olhar. Ela me soltou e deu um passo para trás. "Eu sei que errei, mas tente entender. Você estava sempre tão ocupado. Primeiro, eram as aulas de verão, então todos os treinos... Nós não fizemos sexo em duas semanas e você estava..."
"Eu estava passando pelo acampamento de outono, Victoria. Eu mal estava me arrastando de volta para casa no final do dia." A sua mão pousou no meu antebraço mais uma vez e ela se aproximou.
"Eu sei. Eu sei, e eu deveria ter sido mais compreensiva. Eu sei disso agora, mas não era como se tivesse planejado..." Ouvimos uma chave na fechadura e Victoria inclinou-se para a minha direita para ver além de mim.
"Você sabia que um cavalo-marinho - o macho, a propósito, no caso de você não saber - dá à luz até dois mil pequenos cavalos marinhos? Você pode imaginar? Tipo dois mil. Eu acabei de assistir a um vídeo no Instagram e..." Olhei por cima do meu ombro e vi Taehyung congelado na porta aberta. Os seus olhos saltaram entre Victoria e eu enquanto ele limpava a garganta. "Oh... Sinto muito, espero não estar interrompendo."
Como eu tinha começado a fazer toda vez que o ômega entrava na sala, bebi sua imagem como se estivesse no deserto. Seu cabelo parecia desalinhado e eu sabia que era porque ele havia passado a mão muitas vezes, Taehyung queria isso fora do seu rosto quando tirava fotos, mas se recusava a cortar. O ômega usava aquelas calças pretas apertadas que fazia mais coisas com meu pau se contorcer sempre que eu olhava para ele e o suéter cor vermelho que ele não se conseguia se separar ultimamente. Tae se virou de costas para nós para pegar sua chave da fechadura, e meus olhos caíram para a curva de sua bunda. Antes que eu pudesse tirar os meus olhos disso, os dois começaram a falar ao mesmo tempo.
"Você quer que eu vá embora, Jungkook? Talvez possamos conversar mais tarde," sussurrou Victoria ao meu lado.
"Eu não sabia que você tinha alguém. Talvez eu devesse sair e…" Tae disse sobre Victoria.
"Sim, saia," eu respondi em uma voz plana. Com uma careta no meu rosto, e observei os olhos de Taehyung se arregalarem quando seu rosto se encolheu.
"Eu só vou deixar isso aqui," ele murmurou em voz baixa e no momento em que me virei para ver do que diabos ele estava falando, Taehyung já tinha deixado cair a bolsa da câmera ao lado da porta e estava fechando. A única coisa era... ele estava do lado errado da porta.
"Acho que ele não percebeu que você estava falando comigo." Ignorando a presença de Victoria, corri para a porta, mas não vi o ômega quando a abri, apenas o som de seus passos correndo. Eu fechei a porta com raiva mal controlada e me virei para minha ex.
"Saia." Eu disse, enterrando os dedos no meu cabelo.
"Eu não sabia que você estava vendo alguém, Jungkook. Sinto muito, eu realmente não queria..." Eu fechei os olhos e tentei segurar meu temperamento, apenas imaginar que Taehyung tenha a ideia errada está deixando tudo pior.
"Victoria, saia. Por favor."
"Eu perguntei aos rapazes e eles me disseram que você não estava vendo ninguém. Eu sinto muito. Eu sei que você não vai acreditar em mim, mas eu não vim aqui para causar problemas. Eu só queria..." Abri a porta e levou cada grama de força para não empurrá-la pra fora com as minhas próprias mãos.
"O que diabos você queria, Victoria? Você disse que veio pedir desculpas, e você fez. Agora que fez, você pode sair. Eu não preciso ouvir você dizer que você está falando com os rapazes." Ela balançou a cabeça e levantou as mãos.
"Oh, não, eu não quis dizer assim. Eu quis dizer os seus companheiros de equipe, não Max e Kyle. Falei com seus outros colegas de equipe." Era como se ela não estivesse ouvindo uma palavra do que eu estava dizendo, e eu precisava que ela desse o fora o mais rápido possível. "Eu posso falar com seu namorado, explicar."
"Ele não é..." meu, pensei. Taehyung ainda não era meu, mas isso vai mudar. Eu cansei de esperar. "Ele é meu amigo e você não vai sequer respirar perto dele."
Ou ela finalmente viu como eu estava com raiva e tenso ou ela ouviu na minha voz, porque ela deu alguns passos para trás e olhou para mim com olhos tristes.
"Você está com muita raiva."
"Victoria," eu rosnei, a minha mão agarrando tão forte a maçaneta da porta que não iria me surpreender se eu quebrasse a maldita coisa. Eu precisava ir atrás de Taehyung, não ficar aqui e satisfazer a minha ex.
"Eu acho que deveria sair." Ela disse se aproximando.
"Você acha?" Eu perguntei em descrença.
Fechando os olhos, rolei os meus ombros para relaxar. Não ajudou. Ao invés de sair imediatamente, a ômega parou e me encarou.
"Eu só precisava que você soubesse que sinto muito, e... eu sinto a sua falta, Jungkook. É a faculdade e eu cometi um erro, mas isso não significa que meus sentimentos..."
"Eu realmente não dou uma foda." A interrompi e fechei a porta na cara dela.
Curvando-me, peguei o meu celular na bolsa de ginastica e disquei o número de Taehyung. Tocou e tocou, mas não houve resposta. Eu vi o celular no bolso dele, eu tenho certeza. Enviando-lhe uma mensagem rápida, não esperei que o ômega me respondesse. Havia uma boa chance de Taehyung ter interpretado erroneamente a presença de Victoria e estar ignorando quaisquer ligações e mensagens vindas de mim.
Chutei a minha bolsa e ela deslizou em direção à sala de estar.
"Droga!" Esfregando a palma da minha mão na minha cabeça, liguei para o bar.
"É o Jimmy.” Meu patrão atendeu no segundo toque.
"Jimmy, eu sei que meu turno começa daqui a duas horas, mas não vou conseguir hoje à noite. É... coisa de futebol."
"Você percebe que é sábado, certo? Eu preciso de você aqui, cara." Fiz uma careta, sabendo que não podia deixa-lo na mão em um dos dias de maior movimento do bar e que realmente precisava desse dinheiro, mas eu realmente precisava ir atrás de Taehyung.
"Eu sei, e me desculpe, mas aconteceu no último minuto. Eu não posso pular isso, prometo que vou compensar você. Eu não estava programado para amanhã, mas vou ajudar. Eu vou no meio da semana também." Ele soltou um longo suspiro que se misturou com a música ao fundo.
"Tudo bem, tudo bem, mas você não pode me deixar na mão amanhã." Ele disse por fim.
"Eu não vou. Eu estarei lá. Obrigado, Jimmy." A minha próxima ligação foi para Jin, o alfa era bem mais próximo do linebacker que costumava namorar a amiga de Jimin, era um tiro no escuro, mas eu tinha que tentar chegar a Taehyung e o melhor amigo dele é a melhor opção.
“Aconteceu alguma coisa?” O alfa perguntou assim que atendeu.
"Você tem um número de telefone do defensor titular que jogou no nosso primeiro e segundo ano? Você sabe, aquele que foi transferido?" Questionei, andando de um lado para o outro.
"Você está falando do Tony?" Jin questionou, confuso.
"Sim, o próprio. Por favor, diga que você tem." Se ele não tiver acho que vou apenas ter que ir em cada maldita pizzaria do bairro.
"Eu acho que sim, mas não falo com ele há um tempo. O que está acontecendo?"
"Eu preciso perguntar algo pra ele.” Fitei o relógio no meu pulso, já se passaram 20 minutos desde que Tae saiu.
"Oh, obrigado, isso explica muito.” O alfa bufou. “Espere... tudo bem, eu tenho."
"Bom. Mande uma mensagem com o número para mim."
"Você vai me dizer o que está acontecendo?" Jin insistiu.
"Mais tarde. Não esquece de me mandar o número." Eu saí antes que ele pudesse me enviar o número.
Se eu tivesse pego o número do amigo de Taehyung, dois anos atrás, teria conseguido mais facilmente descobrir onde o ômega tinha ido, mas eu não tinha. Mesmo que fosse um tiro no escuro, Tony poderia ter segurado o número da garota com quem namorou por quase um ano antes de ser transferido, e eu tinha certeza de que aquela garota teria o número de Jimin. Era a minha única oportunidade. Claro, eu poderia ter esperado Tae voltar para o apartamento, mas isso poderia levar horas, e ele passaria essas horas pensando em algo que eu não queria que o ômega pensasse. Não foi uma escolha que considerei mais de um segundo.
Meu telefone tocou com uma nova mensagem ao mesmo tempo que saí do prédio.
Foi o meu dia de sorte. Depois de conversar com Tony, recebi o telefone da garota, cujo nome era aparentemente Erica. Então liguei para Erica e pedi o de Jimin.
"Olá?" A voz do outro lado da linha respondeu timidamente.
"Estou falando com Park Jimin?" Eu perguntei, não tendo certeza se era o número certo ou não.
"Ahm... sim? Quem é?" Suspirei aliviado.
"É Jungkook, eu sou…” Parei sem saber como continuar, o que diabos eu era? "O amigo de Taehyung, seu companheiro de quarto. Desculpe por incomodar você, mas estou tentando encontrá-lo e ele não está respondendo às minhas ligações. Você tem alguma ideia de onde Tae está?"
"Me dê um segundo," ele sussurrou. Houve algum farfalhar, uma porta abrindo e fechando, e então o ômega estava na linha novamente, sua voz mais forte do que antes.
"Tae me mandou uma mensagem alguns minutos atrás. Por que você quer saber onde ele está? Alguma coisa aconteceu?" Eu podia ouvir o tom suave do amigo de Taehyung se tornando mais protetor.
"Não. Eu só preciso vê-lo." Esperei por alguns segundos, torcendo para que ele não dificultasse a situação.
"Okay. Eu não sei o que está acontecendo, mas espero que você não faça eu me arrepender disso." Ameaçou.
"Por favor," insisti. Eu estava pronto para implorar se preciso.
"Estou indo para uma festa na casa de fraternidade do meu namorado. Taehyung me mandou uma mensagem para perguntar se poderíamos nos encontrar, então eu disse a ele que o encontraria lá em uma hora, mas não sei para onde ele foi, talvez ele tenha ido para casa."
"Onde é a festa?" Questionei.
Chapter 19: NÃO É CAPÍTULO
Chapter Text
Oi, pessoal! Espero que estejam todos bem, eu estou realmente com uma carga de trabalho gigantesca, para os que não me conhecem fora das fanfics, eu sou advogada e desde o retorno do recesso tenho lidado com centenas de audiências, devo retomar as atualizações de todas as adaptações em abril. Agradeço a paciência e compreensão de todos e muito em breve estarei trazendo mais mimos para vocês.
Nos vemos em breve.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
Quando passei pela porta aberta da casa da fraternidade por volta das dez da noite, já havia copos vermelhos espalhados pelo chão e o ar cheirava a suor, cerveja e a pior mistura de perfumes – os itens básicos das festas de faculdade.
Apenas alguns passos e eu já podia ver os corpos apertados na pista de dança. Empurrei as poucas pessoas que estavam de pé ao redor da porta e olhei em volta. Pulando a pista de dança, eu procurei cada centímetro da casa, incluindo os quartos do andar de cima. Taehyung não estava em lugar algum e nem seu amigo, Jimin.
Acreditando que talvez eles não tivessem chegado lá ainda, eu fiz outra varredura do primeiro andar, em seguida, fui para o porão. Felizmente a música não era alta o suficiente para fazer os meus ouvidos sangrarem, mas eu sabia que teria uma dor de cabeça na manhã seguinte.
Festas de fraternidade nunca são uma boa ideia se você estiver sóbrio e cansado com a coisa toda. Ao encontrar alguns companheiros de equipe, tive que parar e jogar alguma conversa fora. Estava preste a dar outra checada na parte de cima quando vi Taehyung sentado em um sofá feio e verde no canto perto de uma partida de beer pong , eu pude respirar mais facilmente e pensar novamente. O ômega estava sentado ao lado de Jimin, que estava de costas para mim, e eles estavam conversando no que parecia ser um tom apressado - tão silenciosos quanto poderiam naquele tumulto com todo mundo aplaudindo os campeões de pingue-pongue de cerveja. Foi quando eu estava no meio do caminho que o ômega finalmente me notou e os nossos olhos se encontraram do outro lado da sala. Alguém tocou o meu ombro e tentou me impedir de chegar até ele. Eu me virei para o cara com uma carranca no meu rosto e ele recuou.
"Desculpe cara. Só queria dar os parabéns pelo incrível jogo de ontem." O homem ergueu as mãos e forcei meu rosto a relaxar.
"Obrigado," eu murmurei e dei a ele um aceno, já indo embora.
Afastando as poucas pessoas que estavam no meu caminho, finalmente cheguei a Taehyung. Sem parar ou quebrar um dos nossos raros períodos de contato visual prolongado, eu me inclinei e peguei a mão dele na minha, puxando-o com facilidade.
"Tae." Jimin gritou, agarrando o seu braço esquerdo.
"Eu preciso falar com ele," expliquei antes de começarmos a jogar uma partida de braço de ferro. Eu não queria dar-lhe uma maneira de escapar.
Depois que Tae deu ao amigo um aceno cauteloso, Jimin relutantemente o soltou. Peguei o copo vermelho meio vazio de sua mão livre e coloquei no meio da mesa de pingue-pongue. Ignorando os gemidos de protestos, o levei para a escada, que tinha um pequeno canto de privacidade logo atrás dela.
Eu pisei em algo pegajoso que me fez parar, mas quando vi que não era vômito, ignorei e continuei andando. Puxando Taehyung para perto da parede, onde a música estava um pouco abafada, eu estudei o seu rosto. Com os seus olhos grandes e vulneráveis, o ômega parecia muito inseguro. Com cuidado, ele puxou a mão da minha.
"Você saiu," eu disse, praguejando mentalmente ao ouvir o quão ríspida a minha voz soou.
"Sim, porque você me disse para sair." Taehyung disse, me encarando.
"Não. Eu disse pra ela sair." Esclareci, exasperado.
"Você estava olhando direto nos meus olhos quando falou. Tudo bem, Jungkook. Você está autorizado a receber amigos. Eu não deveria ter... espero não ter interrompido..." Taehyung tentou se afastar e apoiei meu braço na parede, impedindo-o.
"Você está falando sério agora?" Olhos ainda maiores me fitaram, brilhando em confusão.
"O quê?" Ele recuou, se colando na parede para colocar alguma distância entre nós.
"Você espera não ter interrompido?" As suas sobrancelhas se juntaram em confusão.
"Sim?" Ele perguntou tão baixo que eu só captei a palavra porque estava fitando seus lábios.
"Você está brincando comigo, Taehyung? Porque não posso acreditar que você possa ser tão ingênuo. Você não pode ser." Não era assim que eu pensei em ter essa conversa, mas eu já me encontrava farto com toda a situação, é impossível que ele seja ignorante quando aos meus sentimentos.
"Eu não estou fazendo nada. Você está com raiva de mim por algum motivo, acho melhor eu voltar..." Quando ele tentou dar a volta pelo outro lado, peguei o seu pulso por trás e o puxei de volta para o meu peito. Depois do grunhido inicial, Tae se acalmou.
Inclinando a minha cabeça, respirei fundo, deixando seu cheiro me acalmar.
"Você não pode ser tão ingênuo," eu repeti em um sussurro contra o seu ouvido, notando o ligeiro tremor de seu corpo. A sua cabeça se mexeu, apenas um pequeno movimento. Olhei para baixo para ver a mão dele segurando a borda de seu suéter, então eu peguei os seus dedos e os entrelacei com os meus, ignorando o quão tenso o ômega estava.
"Jungkook, eu..." Apertei sua mão, o interrompendo.
"Eu só quero que você me escute, apenas uma vez. É isso, Tae. Isso é tudo." Agarrando sua outra mão, fiz o mesmo e passei os braços ao redor do seu estômago. A sua mão esquerda apertou a minha com força, mas ele não se afastou. Eu fechei os últimos centímetros nos separando, puxando-o contra o meu peito.
"Jungkook, tem muita gente aqui..."
"Está escuro, e ninguém pode nos ver," eu murmurei em uma voz amarga. O seu aviso me ajudou a lembrar exatamente por que eu não podia e não deveria segurá-lo assim, nem mesmo em um canto escuro numa festa onde ninguém se importava com nada além da sua bebida e quem eles poderiam levar para a cama ou qualquer superfície vazia que poderiam encontrar. "Não me peça para deixar você ir, por favor. Eu não posso."
Taehyung se acalmou, então eu lhe dei um aperto como agradecimento e deixei escapar um longo suspiro. Descansando a minha testa em seu ombro, inalei profundamente. Lentamente, como se estivesse com medo de que me assustasse, o ômega descansou a sua têmpora contra o lado da minha cabeça, e algo dentro de mim se desfez, o meu sangue estava fervendo. Eu não podia fazer isso, não podia mais ficar longe. Os meus dedos apertaram ao redor dos dele a ponto de eu saber que devia estar machucando, mas ainda assim, ficamos desse jeito por alguns segundos.
Levantando a cabeça, me certificando que as nossas têmporas permaneciam em contato, comecei a explicar o que Tae tinha flagrado antes de fugir.
"Cheguei em casa alguns minutos antes de você e ela estava esperando por mim na porta. Eu lhe disse para sair, mas ela continuava insistindo que queria falar comigo." O corpo de Taehyung endureceu contra o meu. Não tendo ideia do que eu tinha permissão para fazer, o quanto eu poderia atravessar a linha invisível que existia entre nós, me inclinei mais contra a parede para me impedir de fazer algo estúpido e me limitei a acariciar aquela pequena covinha onde o seu polegar e indicador se encontravam. "Antes que eu pudesse fazê-la sair, ouvi a Sra. Hilda abrir a porta então eu tive que deixá-la entrar. Quando você chegou, ela só estava lá por alguns minutos."
"Quem é ela?" Taehyung sussurrou, com a cabeça inclinada para o lado, os olhos meio fechados, a respiração irregular.
Eu bufei e acariciei a sua têmpora com o meu nariz.
"Victoria, a minha ex. Não tinha nada a dizer para ela, eu juro, e quando você chegou, ela perguntou se eu queria que ela saísse ao mesmo tempo que você falou. Eu nem pensei, apenas disse sim. Não achei que você tivesse entendido mal, não achei que você fosse sair." Não houve reação por longos segundos, mas o ômega não estava indo embora também. "Eu estava te esperando chegar, queria levar você para comer uma pizza antes do meu turno no Jimmy."
A sua cabeça se inclinou, me oferecendo mais quando a parte de trás de sua cabeça caiu no meu ombro.
Foda-se.
Taehyung murmurou alguma coisa, mas eu não consegui ouvir, então me inclinei até que a boca dele estava bem ao lado da minha orelha.
"Eu amo pizza," ele repetiu, e eu tive que fechar os olhos porque os seus lábios roçaram a minha pele, quase me deixando incapacitado.
"Eu sei que você faz, você diz isso todos os dias." Eu sorri aliviado e dei um beijo prolongado em sua bochecha, o que surpreendeu a nós dois. Lentamente Tae levantou a cabeça do meu ombro. Relutantemente, eu soltei as suas mãos e os nossos braços caíram. Eu não tinha ideia do que diabos estava fazendo, e eu estava com medo de estar longe demais para me impedir quando se tratava de qualquer coisa envolvendo Taehyung. Limpando a minha garganta, continuei, e desta vez tentei falar mais alto para não ter que falar diretamente em seu ouvido. Quanto mais perto estávamos, mais perigoso era. "Eu corri atrás de você, mas você já tinha ido embora e eu não queria deixar Victoria no apartamento. Mandei-a embora menos de um minuto depois, então eu vim atrás de você."
Virando-se para me encarar, o ômega olhou diretamente nos meus olhos.
"Como você sabia que eu estaria aqui?" Questionou, curioso.
"Liguei para Jin e peguei o número do telefone do cara que namorou a amiga de Jimin quando o conheci. Depois de mais algumas ligações recebi o número de Jimin. Ele não lhe contou?" Taehyung mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça. Incapaz de me conter, eu estendi a mão e segurei a sua bochecha, segurando-me para não puxar o seu lábio com o meu polegar. "Eu não sabia onde você estava, então eu tive que esperar uma hora antes de vir aqui."
"Eu fui comer uma pizza," ele disse com um sorriso hesitante nos seus lábios. Deixando de lado a sua bochecha, deixei cair a cabeça na parede e ri, relaxando um pouco.
"Claro que sim," eu disse quando pude olhar para ele novamente. “Sabe se a coisa das ligações não funcionasse, meu plano B era ir em cada pizzaria do bairro.”
Taehyung deu de ombros.
"Comida me faz feliz, especialmente pizza." Quando nenhum de nós pronunciou uma palavra, apenas mantendo os olhos um no outro, meu sorriso desapareceu lentamente e me afastei da parede.
Ao mesmo tempo, a música parou e houve apenas gritos e vaias.
"Tae..." Ele foi rápido em desviar o olhar e me deu as costas.
"Eu não acho que Jimin esteja bem. Alguma coisa está errada e eu tenho que voltar..." Agarrei a sua mão, já que isso o impediu de sair da última vez.
Eu não podia deixá-lo ir, não agora. Aquele pequeno espaço era nosso, proporcionando abrigo para nós, pelo que eu estava querendo há semanas, e eu não estava pronto ou disposto a deixá-lo ir tão rápido ou facilmente.
"Dez minutos," eu disse. "Apenas mais dez minutos para te sentir assim." Quando eu dei a ele um puxão suave, o ômega não discutiu ou se afastou. Em dois passos Taehyung estava de volta nos meus braços e eu estava abraçando-o no meu peito ainda mais forte. Ele não pareceu se importar e eu não planejava deixá-lo ir, não por mais dez minutos.
Do jeito que o meu coração estava martelando no peito, eu não acho que tenha ficado tão ansioso na minha vida. Era o mesmo tipo de emoção que sentia ao estar no campo.
"Jungkook," Taehyung murmurou quando a palma da minha mão roçou a parte de baixo de seu peito, sua cabeça descansou contra o meu ombro novamente.
Eu o abracei mais apertado.
"Me escolha, Tae." As palavras correram para fora de mim antes que eu pudesse me parar. O seu aperto reflexivamente apertou as minhas mãos com minhas palavras enquanto as suas pálpebras se fechavam devagar. "Deixe-o," continuei. "Estou bem aqui e quero você, muito mesmo. Não tenho certeza de quanto mais posso suportar. Toda vez que eu vejo você com um alfa... eu só quero arrancar a cabeça dele por te tocar, por olhar para você, por estar perto de você quando eu não posso. O cara do jogo de Tucson? Eu nunca joguei agressivamente antes. Tudo o que eu queria fazer era derrubá-lo. Você está me deixando louco, eu nunca tive tanto ciúme de alguém na minha vida." Fiz uma pausa. "Eu preciso que você o deixe ir, Tae. O que quer que esteja acontecendo entre vocês dois, eu não quero saber. Só preciso que me escolha agora. Eu sou aquele que deveria estar com você, ninguém mais." Com suas costas ainda apoiadas no meu peito, ele se moveu nos meus braços o suficiente para olhar para mim. “Seu lugar é comigo.”
"Jungkook," ele sussurrou, e eu vi os seus lábios se moverem, a sua língua se esgueirando para molhá-los. "Você não entende..."
Eu puxei o seu cabelo para longe do seu pescoço, pressionei os meus lábios contra a sua pele, e senti a vibração de seu gemido contra os meus lábios. O meu corpo superaqueceu por estar tão perto dele, tendo problemas para decidir o que eu queria fazer primeiro quando estivéssemos sozinhos – verdadeiramente sozinhos, não em uma casa de fraternidade cercados por idiotas bêbados. Só de pensar nas possibilidades, o meu pau pressionou mais forte contra o zíper das minhas calças.
Mais sete minutos. Isso era meu. Nosso . Com Just A Lit Bit do 50 cent tocando em segundo plano, nem mesmo percebendo o que eu estava fazendo, abri a minha boca, rocei a sua pele com meus dentes, bem sobre sua glândula odorífera, e gentilmente chupei o seu pescoço, não forte o suficiente para deixar uma marca, mas forte o suficiente para fazê-lo perder um pouco de controle e me deixar ouvi-lo gemer de novo. Em vez de continuar como estava desesperado para fazer, eu parei e tentei limpar a minha mente.
Que porra você está fazendo, homem?
Eu o soltei e o seu corpo endureceu.
"Eu deveria me desculpar por isso... foi mais do que apenas um beijo amigável, mas eu não posso." E nem quero.
"Eu não tenho um namorado," ele deixou escapar, sua cabeça voltada para mim, os olhos focados no meu queixo, seus braços o abraçando como se estivesse prestes a desmoronar e mal estava se segurando.
"O que você acabou de dizer?" Questionei, fitando seus lábios para ter certeza de que não entendi errado.
"Eu não tenho um namorado." Ele repetiu lentamente, e desta vez quando ergui os olhos encontrei os dele fixos nos meus.
"Acabou? Está feito?" Eu perguntei incrédulo enquanto algo indescritível corria pelas minhas veias.
"Eu..." Taehyung desviou o olhar e assentiu. "Sim."
Alcançando a sua mão, eu o virei para me encarar, tudo ao nosso redor se transformando num borrão confuso. Eu segurei as suas bochechas e descansei a minha testa contra a dele, sem respirar.
"Quando?" Ele abriu a boca para responder, mas o interrompi. "Deixa pra lá. Eu não me importo."
Cutucando o seu nariz com o meu, beijei a borda de sua boca enquanto o ômega soltava um suspiro duro.
"Precisamos conversar, Jungkook. Eu preciso te dizer o que estava acontecendo. Eu não quero que você pense..." O interrompi.
"Nós vamos descobrir o que fazer," murmurei, beijando a sua bochecha.
"O que você..." Ele questionou, derretendo nos meus braços.
"Você está bêbado?" Deus, queira que não.
"O quê? Não. Você precisa ouvir..." Ele insistiu.
"Então me beije, Tae." O ômega se afastou, estudando o meu rosto enquanto os seus olhos se estreitavam lentamente.
"E perder a aposta?" Os seus olhos caíram para os meus lábios, em seguida, de volta para cima. "Você deve me beijar primeiro," disse, todo ofegante quando as suas bochechas ficaram rosa.
Ele vai perder a aposta.
Deslizei os meus braços ao redor de sua cintura, o prendendo, e sorri para ele. Eu me senti leve, aliviado, empolgado.
"Você está assustado?" Perguntei, deixando um beijo no queixo dele.
"O quê? Com medo de você?" Ele bufou e então corou.
O meu sorriso cresceu e eu escondi o meu rosto contra o seu pescoço.
"Você é tão fofo e está tremendo," sussurrei no seu ouvido. "Você está com medo de me beijar?" Uma pausa para que eu pudesse pressionar outro beijo prolongado no pescoço dele. "Ou você está com medo de que eu vá beijar você?" Levantando a minha cabeça, encontrei seus grandes olhos. "Eu não dou a mínima para a aposta, eu só preciso...”
Alguém esbarrou em nós e Taehyung resmungou alto quando bateu contra a parede à sua direita. Ele esfregou o ombro quando o puxei para trás de mim.
"Cara!" Gritou um filho da puta de cabelos escuros, olhando para nós com os olhos meio fechados. A garota pendurada no ombro dele riu atrás dele.
"Dê o fora daqui porra." Eu rosnei, e os seus olhos vermelhos se arregalaram.
"Calma, cara. Todos os quartos estão cheios. Não sabia que alguém já havia reivindicado este lugar. Nós vamos encontrar outro canto."
"Sim, faça isso." Quando eles saíram, eu me virei para encontrar Taehyung encostado com a testa contra a parede, os olhos fechados.
Pisando atrás dele, esfreguei seu braço e ele saltou.
"Você está bem?" Limpando a garganta, o ômega assentiu, mas não me olhou.
Em vez de forçá-lo a me encarar, deslizei os meus braços ao redor dele e afastei as suas mãos da parede. Eu não estava deixando-o se esconder de mim. Eu precisava de mais.
Mais dos seus olhos nos meus, mais daquele sorriso tímido e trêmulo que eu amava tanto. Mais de seu toque, mais de seus lábios, sua pele...
"Tae," eu persuadi. Com a sua testa ainda pressionada contra a parede, o ômega olhou para as nossas mãos. As minhas estavam abertas, descansando para cima. Desta vez ele foi o único a entrelaçar os dedos em volta dos meus e segurar firme. Perdido na nossa pequena bolha, eu sacudi as nossas mãos e pressionei as costas dele contra o meu peito. Sem qualquer hesitação, eu puxei a sua bunda contra a minha ereção que estava crescendo rapidamente. Eu estava observando muito de perto, cada sopro de sua respiração, cada piscar de olhos sonolento. Era fácil pegar o momento em que Taehyung parou de respirar e o tempo parou. Então ele gemeu, um som baixo e sexy só para os meus ouvidos, e quebrou o aperto que eu tinha em mim. Eu não percebi que não havia música no fundo até que aquele som me rasgasse. Enquanto eu o segurava no lugar, levou tudo de mim para não me esfregar contra a bunda dele, ou melhor ainda, apenas o levar contra a parede. Ele empurrou a bunda para trás e eu baixei a cabeça para o seu ombro com um rosnado.
"Jungkook," ele gemeu, provocando outro impulso dos meus quadris. A sua pele estava queimando sob os meus lábios enquanto eu beijava o pequeno ponto bem debaixo da sua orelha e o senti tremer. Removendo as mãos das minhas, ele agarrou o meu antebraço com uma e colocou a outra na parede. Eu mantive as minhas mãos em seus quadris e empurrei ambos os meus polegares bem debaixo da borda das suas calças e das suas roupas íntimas para que eu pudesse puxá-lo mais apertado, para que pudéssemos nos fundir e nos tornar um conjunto de necessidade. Ele rolou seus quadris contra mim.
"Foda-se, Tae. Não faça isso.” Eu levantei uma das minhas mãos e segurei o seu queixo, lentamente virando-o na direção dos meus lábios. Nós dois estávamos respirando com dificuldade quando a minha boca tocou a borda da dele. O ômega soltou um pequeno gemido e com outro rolo de seus quadris, o meu pau queria sair e entrar nele.
Apenas quando eu estava prestes a reclamar os seus lábios e me perder no que provavelmente seria o melhor beijo da minha vida, alguém chamou o seu nome e nós dois congelamos.
Taehyung engoliu em seco. Infelizmente para nós, ouvimos a mesma voz novamente e tivemos que relutantemente nos afastar um do outro. Em vez de me virar como Taehyung tinha feito imediatamente após a segunda chamada, eu encarei a parede e ajustei meu pau antes de olhar por cima do ombro para ver o ômega conversando com Jimin. Respirei fundo, desejei que meu coração diminuísse e me virei para casualmente encostar na parede.
Quando Taehyung voltou, olhei as suas bochechas coradas e lábios entreabertos - tudo por minha causa, tudo por mim.
"O que há de errado?" Eu perguntei, a minha voz rouca, e percebi que estava tomando muito esforço manter as minhas mãos para mim mesmo.
"Algo... eu não tenho certeza," ele respondeu, os seus olhos subindo para os meus pela primeira vez. "Jimin quer sair, mas Keith não está escutando. Algo está errado com eles. Eu preciso ir." Eu me afastei da parede.
"Eu vou com você." Balançando a cabeça, Taehyung tocou o meu braço, em seguida, rapidamente puxou de volta.
"Jimin não vai falar comigo se você estiver lá. Ele acabou de pedir um Uber e eu vou com ele." Taehyung disse, dando um olhar preocupado na direção do amigo.
"Você não vai voltar para casa?" Nem mesmo tentei mascarar minha frustração.
"Eu… eu não sei. Mandarei uma mensagem para você se puder." Foda-se. O pior tempo. "Precisamos conversar, Jungkook," ele disse baixinho, expressando exatamente o que estava passando pela minha mente. Sim, precisávamos conversar muito, mas primeiro precisávamos fazer outras coisas - saciar a sede que eu sentia por ele era o primeiro item da lista.
"Amanhã. Nós vamos descobrir tudo amanhã. Se você puder voltar, ligue para mim e eu vou buscar você." Eu disse, puxando-o para mais um abraço e roçando meu nariz no pescoço dele, fazendo questão de perfumá-lo, essa pequena reivindicação foi o suficiente para me acalmar.
"Você não precisa fazer isso. Vou ligar para um Uber ou apenas caminhar. Não é muito longe do apartamento." Dei um beijo demorado no canto da boca dele e me forcei a soltá-lo.
"Ligue-me, não quero você sozinho tão tarde, definitivamente não caminhando." Um aceno rápido quando ele olhou nos meus olhos, e então o ômega estava se afastando de mim.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
"Oi," eu disse enquanto atendia o meu telefone. Se soei um pouco sem fôlego, não tinha nada a ver com o fato de que eu estava andando rápido – e ocasionalmente pulando para evitar poças – até a biblioteca para encontrar Jimin e Yoongi, e tudo a ver com quem estava do outro lado da linha.
"Taehyung." Eu tive que fechar os olhos, não porque a chuva estava aumentando, mas por causa dele, pelo que o alfa faz comigo. Havia algo melhor do que ouvir a voz matinal de Jungkook murmurar o meu nome no telefone? Eu não penso assim - ou talvez pense; ouvi-lo murmurar o meu nome diretamente contra o meu ouvido também. Na verdade, seria melhor. "Você chegou em casa e não me acordou."
A noite anterior ainda estava fresca na minha mente, e eu ainda podia sentir o seu corpo pressionando contra o meu, como eu estava ansioso por mais.
"Foi bem tarde. Você parecia cansado, então eu não quis acordar você." Me esgueirei e fui até o meu quarto na ponta dos pés depois de encontrá-lo dormindo no sofá, mas eu tinha jogado um cobertor nele... então isso contava para alguma coisa.
Sabendo o que aconteceria, o que acabaríamos fazendo se o acordasse, nada nos impediria de continuar de onde paramos. Você pode me chamar de covarde, eu me chamo de inteligente. Não queria ter que mentir para ele – ou dependendo do que você pensava, eu não queria continuar mentindo para Jungkook. Eu não tinha um namorado, foi isso que eu disse ao alfa e era a verdade. Claro, eu estava forçando isso um pouco desde que nunca tinha tido um namorado para começar, mas ainda assim, eu não tinha namorado, e eu contaria a ele o resto – realmente faria. Como tinha adivinhado, ele pensou que eu tinha alguma coisa acontecendo com Jung-ho, e quem poderia culpá-lo por ter chegado a essa conclusão, pelo amor de Deus? Foi tudo culpa minha e eu sabia disso. Então, em poucas horas ou algo assim, dependendo do que Jimin queria falar, eu ligaria para Jung-ho – ou melhor, mandaria uma mensagem para ele – não para pedir permissão, mas só para que ele não ficasse completamente surpreso no caso de Jungkook dizer algo sobre isso. Eu dei a ele Jin, deixei que decidisse a melhor hora para contar ao meu irmão, mas Jungkook era meu. Ele não teria isso. Eu não o deixaria decidir quando ou como Jungkook estava envolvido.
Também havia o fato de que Jin era o melhor amigo de Jungkook, e pensar nisso me manteve acordado a noite toda. Jungkook correria e diria quem eu era? Ele era seu melhor amigo – poderia pedir a ele que me mantivesse em segredo? O alfa faria? Eu tinha o direito de pedir a ele? É certo dizer que não tenho respostas. Mas eu tenho Jungkook. Eu tenho o fantasma de seu toque no meu pescoço, na minha pele, constantemente me deixando louco e eu quero mais. Eu quero praticamente tudo dele.
"Tae? Você ouviu o que eu disse?" A voz do alfa me puxou de volta para realidade.
"Sinto muito. Você poderia, talvez, repetir isso? A minha mente simplesmente se perdeu." Pedi, após limpar a garganta.
"A sua mente apenas..." Um longo suspiro. "Onde você está? Você não está fugindo do que aconteceu ontem à noite, não é?"
"Não. Na verdade, estou ofendido por você pensar nisso." Eu respirei fundo. "Estou encontrando Jimin na biblioteca, e depois disso… bem, eu não tenho ideia de quanto tempo vai demorar, ele acabou de enviar um texto esta manhã e eu não tenho certeza do que está acontecendo, mas meu amigo não estava bem ontem à noite. Eu não queria deixá-lo, mas o namorado dele voltou muito bêbado com dois amigos, então Jimin me mandou embora. Algo definitivamente está acontecendo, e eu acho que ele pode estar terminando com Keith, embora isso já tenha acontecido antes e o idiota sempre tenha conseguido reconquistá-lo, então eu não tenho tanta certeza se desta vez será diferente, mas, de novo..."
"Baby." Sua risada rouca praticamente me matou. "Pare. Você estava dizendo depois disso…"
Baby. Baby. Baby.
Eu parei e fechei os meus olhos. Por duas vezes ele me chamou assim e, a cada vez, as borboletas no meu estômago levantaram voo. Eu limpei a minha garganta e comecei a andar novamente.
"Eu estava dizendo o quê?" Outra risada baixa chegou aos meus ouvidos e meu coração se aqueceu com o som.
"Você disse que está se encontrado com Jimin na biblioteca e depois saiu dos trilhos nessa parte." Certo.
"Depois disso, eu quero falar com você." Eu ouvi um longo suspiro e depois uma porta se fechar.
"Sim, falar. Precisamos fazer isso." O alfa concordou.
"Onde você está?" Questionei quando finalmente cheguei ao campus.
"Alguns minutos atrás de você, supondo. Você já chegou à biblioteca? Está chovendo, então tome cuidado." Eu virei e olhei ao redor. Havia pessoas correndo tentando escapar da chuva, mas era isso. Era domingo, afinal de contas.
"Eu não estou derretendo, se é isso que você quer dizer com cuidado, mas o que você quer dizer com alguns minutos atrás de mim?"
"Estou me encontrando com Jin para um treino. Se você não tiver terminado com Jimin quando terminarmos na sala de musculação, eu vou encontrá-lo na biblioteca." Quanto mais cedo, melhor, pensei. Estar em público em vez de um espaço privado e confinado como o apartamento onde havia camas, sofás, bancadas e superfícies semi planas ajudaria.
"Okay, isso soa bem. Eu estou aqui, então deveria... deixar você ir. Diga oi para o Jin por mim? Ou não. Você não precisa dizer isso. Eu não tenho certeza porque eu disse isso, não diga oi para ele." O silêncio se estendeu e eu continuei quieto.
"Eu vou dizer a ele oi e eu vou ver você em breve. Não fuja de mim." Uma pequena pausa. "Espero que você esteja pronto para perder a nossa aposta hoje."
Com isso, ele desligou.
Eu não seria o único a perder a aposta; o alfa só não sabia o quão teimoso eu poderia ser. Sacudi o meu guarda-chuva e mandei uma mensagem para Jung-ho quando entrei na biblioteca.
Eu tenho que dizer a Jungkook.
Eu vou dizer a ele e não me importo com o que você diz.
Assim que ouvi o som que indicava que a mensagem tinha sido enviada, desliguei o telefone. Eu sabia que ele ligaria na primeira oportunidade que tivesse e não queria discutir com ele ou deixá-lo me assustar. Apesar de saber que Jung-ho iria perder isso, eu ainda consegui segurar o meu sorriso até que encontrei meu amigo bem no fundo da biblioteca, em uma sala de estudo separada da área de estar principal.
Assim que vi o estado em que Jimin estava, corri para o lado dele.
"O que aconteceu?" Quando o ômega ficou olhando para as mãos na mesa, eu as cobri com as minhas. "Você tem que me dizer o que está acontecendo Jiminie. Olhe para você." Ele levantou a cabeça e eu estudei os olhos vermelhos e inchados do meu amigo enquanto novas lágrimas corriam pelas suas bochechas. "Jimin?"
"Obrigado por vir tão rapidamente." Agradeceu num fio de voz.
"Claro, mas... o que há de errado, Jiminie?" Perguntei preocupado, notando a forma como ele estava encolhido.
"Eu acho que preciso de ajuda, Tae." Eu puxei suas mãos trêmulas da mesa e segurei firme.
"O que aconteceu?" Ele permaneceu em silêncio, incapaz de me encarar. “Você quer esperar por Yoongi?"
Jimin negou com a cabeça.
"Eu não liguei para ele. Não tenho certeza se posso dizer isso a ele." Respondeu por fim.
"Okay, você está oficialmente me assustando agora. Por favor, me diz o que aconteceu,” insisti.
"Olhe para mim," ele sussurrou com raiva, puxando as mãos do meu aperto e enxugando as bochechas. "Eu não posso nem dizer isso para você. Como eu deveria dizer isso para outras pessoas?" A sua raiva desapareceu num piscar de olhos e os seus olhos permaneceram fixos na mesa enquanto as lágrimas aumentavam. Com a minha mão direita agora vazia, eu limpei as suas novas lágrimas e olhei ao nosso redor.
Como era domingo, a biblioteca não estava cheia de alunos, como teria acontecido se tivesse acontecido em um outro dia, sem mencionar que ainda era cedo e que o lugar tinha acabado de abrir. Havia apenas mais dois madrugadores como nós e eles estavam sentados na sala principal. Estávamos escondidos no canto, fechados por estantes e mais quatro mesas. Você só poderia nos identificar se estivesse na porta e no ângulo certo.
"Há quanto tempo você está sentado aqui?" Perguntei quando o ômega não continuou. "Vamos lá, vamos sair e tomar um pouco de ar fresco, que tal um chocolate quente?” Sempre ajudava quando ele brigava com Keith.
"Não. Não. Precisamos ficar aqui. Eu não quero vê-lo." A sua mão apertou a minha, Jimin me fitou apavorado.
"Keith?" Eu perguntei, franzindo a testa. Eu sabia que ele seria a razão pela qual Jimin estava chateado, mas... o olhar no seu rosto, o jeito que ele se encolheu ao ouvir o nome do namorado – tudo sobre ele gritava que o que estava errado entre aqueles dois era muito pior do que eu imaginava.
"Sim. Me desculpe, eu sei que não estou fazendo nenhum sentido, mas isso não é fácil de dizer. Não é fácil…” Ele soluçou. “Me desculpe, Tae. Eu não deveria ter ligado para você. Não há nada que você possa fazer."
"Jimin," eu sussurrei, e os seus olhos borrados tentaram se concentrar em mim. "Eu quero ajudar. Por favor... sinto falta do meu melhor amigo. Yoon também sente falta de você. Nós mal te vimos nas últimas semanas. Eu posso ajudar. Por favor, deixe-me ajudar para que eu possa ter meu amigo de volta. Diga-me o que aconteceu e partimos daí."
"Eu não acho que posso voltar," ele disse calmamente. "Tudo o que tenho está no apartamento, mas acho que não posso voltar para pegar nas minhas coisas."
"Tudo bem. Eu posso fazer isso por você. Eu vou com Yoongi e pegamos as suas coisas. Você pode esperar por nós no meu apartamento e nós cuidaremos de tudo, mas isso não é importante agora. Você pode me dizer o que aconteceu para deixar você triste? Ele terminou com você? Traiu você? É por isso que você não quer voltar? Aconteceu alguma coisa depois que eu saí?" Antes que Jimin pudesse me responder, de repente havia outra pessoa na sala com a gente.
"Aqui está você! Pelo amor de Deus, Jimin, andei procurando por você em todo lugar. Você é surdo? Eu te liguei trinta vezes." Minha cabeça girou e vi Keith se aproximar com seu habitual sorriso malicioso no rosto. Eu olhei de volta para Jimin com preocupação, apenas para vê-lo se encolher em si mesmo.
Quando o alfa contornou a mesa e chegou ao seu lado, eu falei antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa.
"Keith, eu não acho que este seja um bom momento. Algo, obviamente, está acontecendo entre vocês dois, mas este não é o lugar para discutir. Apenas me deixe falar com ele." O alfa olhou para mim com uma expressão vazia por uns vinte segundos, mais ou menos, suas pupilas dilatadas. Algo estava errado com ele, ainda mais do que o habitual. Ele estava com alguma coisa? Ele estava drogado?
"Cale a boca, Taehyung – ou melhor ainda, dê o fora. Isso não lhe diz respeito." Eu o observei com a boca aberta. Claro, ele era um idiota, sempre foi, mas eu nunca tinha visto ele drogado ou ouvido qualquer coisa de Jimin sobre ele usando drogas. Era isso que ele estava escondendo de nós? O alfa se agachou ao lado dele, uma mão na cadeira, a outra na mesa, o prendendo. Jimin endureceu ainda mais e inclinou toda a parte superior do corpo para mim, para que não tivesse que tocar em Keith.
Levantei quando ele abriu a boca para falar. Eu não tinha ideia do que achava que faria, mas com certeza não o queria perto do meu amigo.
"Keith, eu não sei o que você está usando, mas fique sóbrio. Você não pode fazer isso aqui.” Eu disse dando mais um olhar em volta e percebendo que ninguém estava percebendo a tensão no ar.
"Eu sinto muito, querido," ele gemeu, ignorando a minha presença. "Eu pensei que você estivesse nisso, juro por Deus. Eu não ouvi você dizer não. Você negaria se não quisesse." Um calafrio percorreu o meu corpo, congelando o sangue nas minhas veias. Eu tive que me apoiar em uma cadeira para ficar em pé.
"O que você fez?" Eu perguntei em uma voz quebrada. "O que você fez, Keith?"
Jimin começou a chorar, o seu corpo tremendo cada vez mais. Keith ficava resmungando para ele o tempo todo. Eu não conseguia ouvir uma única coisa que ele estava dizendo através do rugido dos meus ouvidos. Não poderia ser verdade… não podia ser.
Lívido, eu mentalmente me desliguei para poder pensar, ou pelo menos tentar pensar no que fazer. O melhor que consegui fazer foi afastar Keith do meu amigo para que ele parasse de tentar tocá-lo. Eu tentei gritar com ele, tentei gritar para ele ficar bem longe de Jimin, mas a minha voz não funcionava e tudo que eu conseguia era um som rouco, mas duro.
"Não toque nele, seu filho da puta. Não toque nele." Ele claramente não estava esperando que eu o tocasse porque o alfa caiu direto no chão xadrez preto e vermelho quando eu empurrei o seu ombro com toda a força que pude reunir. Antes que eu pudesse tirar Jimin da cadeira e afastá-lo, Keith estava em cima de mim, me afastando do meu amigo. Então ele continuou me empurrando mais e mais até que eu bati nas cadeiras.
"Quem você pensa que é, sua puta de merda," ele retrucou no meu rosto.
Chocado, enfurecido e fora de mim, me levantei pronto para ir atrás dele, mas o alfa me deu outro empurrão e conseguiu tirar o meu fôlego antes que eu pudesse fazer qualquer coisa. Então seus dedos envolveram a minha garganta e eu não tive escolha senão ficar quieto. Com ele tão perto do meu rosto, eu podia sentir o cheiro do álcool na sua respiração. Jimin finalmente saiu de onde quer que ele tivesse desaparecido, deu um pulo e tentou o seu melhor para arrancá-lo de mim, arranhando os seus braços, mas sem sucesso.
"Não, Keith! Pare. Deixe-o ir. Por favor!" Começando a entrar em pânico de verdade, olhei em volta e percebi que as poucas pessoas na biblioteca não podiam realmente nos ouvir, e ninguém podia ver o que estava acontecendo. Nenhum dos outros alunos tinha uma visão direta do nosso lugar.
A sua mão ao redor do meu pescoço não estava apertada o suficiente para cortar completamente o meu ar, mas ele estava chegando lá, tomando o seu tempo, aproveitando o choque nos meus olhos. Quando o alfa apertou com mais força, eu engasguei, os meus olhos começando a fechar. Coloquei as minhas mãos ao redor de seus pulsos para afastá-lo, tentei chutá-lo para que ele soltasse, para afrouxar o seu aperto, mas os seus olhos pareciam vazios, mortos.
Ele empurrou o seu rosto no meu até que estivéssemos nariz com nariz, em seguida, assobiou.
"Não entre no meu caminho de novo." Quando ele terminou seu jogo, me empurrou para longe, e a parte de trás da minha cabeça bateu na mesa com um baque forte. Eu deslizei para as minhas mãos e joelhos e tossi até que não consegui mais.
Quando olhei para cima, Jimin estava cobrindo a boca enquanto chorava lágrimas silenciosas, inconsoláveis. Keith estava murmurando para ele, tocando o seu cabelo, acariciando o seu rosto. Quanto mais perto ele ficava de Jimin, mais as suas lágrimas escorriam por suas bochechas. Ele segurou o seu braço e a puxou para o seu corpo, sussurrando algo. Ele tentou fazer com que o ômega saísse com ele. Eu de alguma forma me levantei e peguei a outra mão de Jimin. A última coisa que eu queria era jogar braço de ferro com meu amigo no meio, mas não havia como eu deixá-lo levar Jimin a qualquer lugar.
"Keith, pare," eu falei, a minha garganta ainda doendo, queimando.
"Deixe-o ir," ele exigiu com os dentes cerrados.
"Eu não posso fazer isso. Você está assustando ele." Então Jimin quebrou o meu coração repetindo aquelas palavras inaceitáveis.
"Keith… você me estuprou. Você me estuprou." Ele repetiu com uma voz quebrada que iria me assombrar para o resto da minha vida.
"Cale a boca!" Keith sibilou ao lado de Jimin. "Cale a boca para que eu possa pensar! Olha o que você me fez fazer. Eu vim aqui para me desculpar e olha o que você me fez fazer!"
Keith empurrou Jimin e ele caiu, batendo em uma cadeira e agarrando a mesa. Ele começou a andar até a parede, bloqueando a nossa saída. Eu abracei Jimin e o segurei enquanto ele tremia nos meus braços.
"Eu sinto muito, Tae. Eu sinto muito,” ele continuou sussurrando. Os meus ouvidos estavam zumbindo com a dura verdade, e eu mal podia ouvir o que Jimin estava dizendo, mal conseguia compreender o que havia acontecido.
"Shhh, tudo bem. Vai ficar tudo bem. Está tudo bem. Nós só precisamos fugir. Ele não fará nada." Mas será que não? Keith parecia bêbado, drogado. Eu não tinha experiência com drogas, e não gostava de estar perto de pessoas que estavam nisso, mas até eu conseguia perceber que ele estava usando. Foi sua primeira vez nas drogas? O que diabos ele estava fazendo para transformá-lo em um completo lunático furioso, em um psicopata? Se ele não se acalmasse logo, eu estava com medo de que ele fizesse algo pior para machucar Jimin e eu. De repente, o alfa parou de andar. Houve um completo silêncio e não tivemos tempo de fugir.
"Saia," ele ordenou para mim. "Eu preciso falar com Jimin sozinho. Ele não vai me deixar por um mal-entendido." Eu fitei seus olhos e não pude ver ninguém lá, certamente não alguém que meu amigo estivesse apaixonado. Quando as coisas tinham ficado tão ruins entre eles?
Eu tentei o meu melhor para engolir o meu medo, mas mesmo isso doeu, e minha voz ainda estava trêmula.
"Eu não posso deixá-lo aqui, Keith," eu disse, com o pânico crescendo no meu peito. "Jimin está muito assustado. Você está nos assustando. Não consegue ver? Você precisa se acalmar e nos deixar sair." Em um movimento rápido, o alfa estava em Jimin, puxando-o para longe de mim, colocando as mãos nas suas bochechas para fazê-lo olhar para ele.
Ele estava a apenas alguns centímetros do rosto de Jimin. A mão direita do ômega segurou o meu braço e ele choramingou quando os dedos de Keith puxaram o seu queixo. Desamparado para fazer qualquer coisa, eu vacilei, sentindo o meu coração bater na minha garganta.
"Diga para o seu amigo que ele não sabe do que está falando. Você nunca teria medo de mim." Eu não tinha certeza se estava tremendo porque Jimin estava tremendo ou se era apenas o meu corpo, mas só se intensificou quando Keith me lançou um olhar cheio de ódio puro. "É por isso que eu não gosto de você e daquele outro falando com ele. Você fode muito com a cabeça dele." Puxando Jimin, ele quebrou o aperto que meu amigo tinha em mim e começou a me pressionar, empurrando os meus ombros até que eu estava de novo apoiado contra a parede. Ele continuou a me xingar, saliva voando para fora da sua boca, sua voz era estranha e ofensiva. "Você fez isso. Você está levando-o para longe de mim. Dê o fora antes que eu te machuque, Taehyung." À beira de ter um ataque de pânico, perdi o fôlego quando ele me prendeu contra a parede. Jimin tentou vir em meu auxílio, mas o alfa o empurrou longe. "Não me provoque, Taehyung. Eu não vou dizer de novo. Saia."
Quando ele soltou a mão e se moveu para o lado de Jimin, fiquei colado à parede. Eu não consegui me mexer, era como se estivesse preso. Mesmo se tivesse a capacidade de mover os meus membros, como eu deveria deixar meu amigo sozinho com esse monstro? Eu seria capaz de viver comigo mesmo se ele fizesse alguma coisa com Jimin?
Ele já fez alguma coisa com ele, seu idiota, pensei. Ele já fez algo com ele e você não estava lá.
"Eu não posso," admiti honestamente, em silêncio.
O alfa deu um passo à frente, mas antes que ele pudesse vir para cima de mim, Jimin entrou na frente dele, bloqueando-o de avançar mais. Ele ainda estava tremendo, mas as suas lágrimas secaram.
"Keith, hey Keith, olhe para mim. Você estava certo, eu estava errado. Você nunca me machucaria. Você não queria me machucar na frente dos seus amigos. Eu entendo isso agora. Eu sinto muito. Por favor, você precisa sair daqui. Você machucou o Tae e vai ficar em apuros. Por favor. Por favor, saia." Num piscar de olhos, o alfa estava em cima dele, abraçando-o, beijando seus lábios fervorosamente.
"Aí está você. Aí está meu gatinho lindo. Você se apavorou porque gostou, não foi? Eu nunca machucaria você, baby. Eu só queria que nos divertíssemos com os meus amigos. Eu sou seu namorado e você me ama – isso não é estupro." Sentindo-me mal do estômago, eu cobri a minha boca com a mão para manter tudo dentro. "Precisamos sair daqui juntos," ele disse falando cada vez mais rápido. "Estou me sentindo muito bem agora. Você não tem ideia, querido – se você tivesse me ouvido e provado, não estaria tremendo como uma folha agora. Eu me sinto no topo do mundo, baby! Da próxima vez, seremos apenas nós dois, não se preocupe." Pressionando um beijo na testa de Jimin, ele empurrou meu amigo para longe e se agachou para pegar a sua bolsa do chão.
Jimin olhou na minha direção e balançou a cabeça. Eu não podia, não o deixaria sair com Jimin. Eu não o deixaria tocá-lo novamente. Antes que eles pudessem passar por mim, eu os bloqueei.
"Você não vai sair com ele, Jimin. Você perdeu a cabeça?” Sem mais nem menos, as mãos de Keith estavam em mim de novo, e desta vez ele não estava sendo fácil. As minhas costas bateram na parede mais uma vez, e desta vez eu vi estrelas quando a parte de trás da minha cabeça bateu contra a parede, o som ecoando na sala.
Eu tentei respirar, mas não consegui. Agarrei os seus braços, mas não adiantou. Eu não pude fazer e uma nova onda de horror me tomou ao perceber que não havia nada que pudesse fazer para impedi-lo de me sufocar.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
Mesmo sabendo que não devia, fui em direção à biblioteca para poder ver Taehyung antes que Jin e eu começássemos nosso treino diário. Eu sabia que deveria lhe dar espaço, não era como se o ômega estivesse fugindo de mim, mas eu ainda queria vê-lo, ainda queria ter certeza de que tudo estava bem depois da noite anterior, me certificar de que não havia chance dele se afastar de mim de novo.
Eu estava com a cabeça muito longe, tentando encontrar uma solução para Taehyung e eu. Sem razão alguma, apressei os meus passos e comecei logo a correr. Havia apenas algo, um sentimento me incomodando e senti a necessidade de vê-lo. Sentindo-me estranho, ignorei a chuva e peguei o meu telefone, ligando para o ômega de novo e foi direto para o correio de voz.
Ele ainda estava na biblioteca? Tae estava mesmo se encontrando com um amigo ou mentiu para mim?
A necessidade de encontrá-lo apertou algo no meu peito e eu fui para a biblioteca como um morcego fugindo do inferno. Quando finalmente cheguei lá, diminuí a velocidade para uma caminhada. Eu entrei direto para descobrir que quase não havia alunos ao redor, conseguia ouvir as pessoas murmurando na sala principal, então segui as vozes. Havia apenas dois alunos, e ambos usavam fones de ouvido, perdidos no seu trabalho. As vozes pararam. Andando mais, eu verifiquei a sala à direita, depois, fui para o lado oposto. Quando empurrei algumas cadeiras para passar, avistei o amigo de Taehyung pela porta da ala leste. Então minha mente registrou Taehyung sendo segurado contra a parede por um cara. O seu rosto estava vermelho, os olhos arregalados, e ele estava silenciosamente ofegando por ar, as suas mãos tentando em vão empurrar o cara para longe.
Eu corri para eles, não dando a mínima que eu estava destruindo as mesas e cadeiras no meu caminho. O nome dele derramou dos meus lábios, mas eu não acho que o ômega tenha me ouvido. Nenhum deles fez.
Eu andei pelas estantes de livros e estava no cara em alguns segundos, embora parecesse que haviam se passado vários minutos. Eu agarrei a sua camisa e puxei-o para longe de Taehyung. Assustado, ele perdeu o equilíbrio e cambaleou para trás. Antes que eu pudesse pegá-lo, Tae caiu de joelhos, tossindo e chorando.
Eu o peguei nos meus braços, preocupado.
"Quem diabos é você?" O cara rugiu, vindo em nossa direção, mas eu o ignorei e afastei o cabelo de Taehyung do rosto.
"Você está bem? Baby, fale comigo. você está bem?" Tae agarrou o meu braço e levantou a cabeça, a mão livre cobrindo a sua garganta. "Sim," engasgou, sua voz áspera e quase inaudível. Ele limpou a garganta e tentou novamente. "Sim, estou bem. Estou bem."
Eu o ajudei a se levantar, seu amigo o abraçando assim que me afastei um pouco para observar os hematomas. O alfa ainda estava cuspindo merda, gritando e xingando, mas não ouvi uma única palavra. Os meus sentidos entorpecidos e tudo que eu podia fazer era focar nesse idiota que se atreveu a colocar as mãos em Taehyung. Enquanto eu caminhava em direção a ele, observei os seus olhos avermelhados, as mãos tremendo e a inquietação perceptível. Em três passos eu estava nele e nada disso importava. Eu dei um soco em seu nariz e ouvi o som satisfatório que dizia que o havia quebrado. Com o canto do olho, vi Jimin e Taehyung deixarem a pequena sala pedindo ajuda, mas meu foco estava no idiota segurando o seu nariz sangrando. Empurrando os seus ombros, eu o coloquei contra a parede sob as janelas altas e alcancei a sua garganta. Ele conseguiu chutar as minhas pernas uma vez, os seus dedos segurando a minha camisa.
"Qual é a sensação, filho da puta?” Questionei, lentamente aumentando o meu aperto. "A sensação é boa?" Ele fez uma tentativa patética de empurrar o meu rosto, mas era muito menor do que eu e eu bati a sua mão sangrenta para longe sem nenhum problema.
Estava tão focado no maldito, que eu não percebi Taehyung batendo no meu braço até que ele estava implorando e gritando para eu soltar.
"Jungkook, Jungkook, por favor. Você vai entrar em apuros, por favor, pare. Jungkook... Deixe-o ir." Eu empurrei o alfa com desgosto e ele gemeu, tossindo e ofegando, o seu rosto estava vermelho escuro.
"A minha cabeça está latejando. Eu não posso pensar, eu não posso pensar," ele disse enquanto gemia, tossindo entre as palavras. O bastardo segurou a cabeça nas palmas das mãos e continuou resmungando no chão.
Indignado, deixei o ômega me afastar. Jimin estava de volta e tínhamos mais do que alguns espectadores, a maioria alunos que haviam entrado na biblioteca. A recepcionista estava na porta, um telefone na mão enquanto falava com alguém apressadamente. A polícia do campus chegaria a qualquer segundo agora. Rangendo os dentes, virei para Taehyung e segurei o seu rosto, tentando o meu melhor para controlar a minha respiração. Ele tinha sangue escorrendo da lateral da cabeça e seu pescoço estava com as marcas das mãos do alfa maldito, ele parecia muito assustado quando os seus olhos se encheram de lágrimas e já tinha lágrimas secas no seu rosto. O quão tarde eu cheguei? O que mais ele fez?
Foda-se. As minhas mãos estavam tremendo.
"Você está bem?" Eu perguntei, a minha voz saindo mais dura do que eu pretendia. "Ele fez mais alguma coisa?"
Taehyung negou com a cabeça e piscou, fazendo com que as lágrimas finalmente escapassem. Olhando para ele, eu queria levar tudo de volta e acordar cedo antes que o ômega pudesse dar um passo para fora da porta do apartamento.
Quando olhei para trás, o cara estava no chão, batendo as costas da mão contra a parede. Ele apenas continuou murmurando a mesma coisa repetidas vezes.
"Jimin, o que você fez? O que você fez?" O amigo de Taehyung sentou em uma das cadeiras e começou a soluçar incontrolavelmente.
Os olhos de Tae brilharam de raiva.
"Keith estuprou ele, Jungkook," Taehyung sussurrou, trazendo a sua atenção de volta para mim. "Precisamos fazer algo. Ele o estuprou."
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TAEHYUNG
***
Eu senti como se estivesse acordando de um coma, não tendo a certeza onde estava, que horas eram ou em que dia estávamos. Esfreguei meus olhos e gemi quando finalmente dei uma olhada na hora brilhando no despertador. Eu não tinha dormido durante alguns dias, foram apenas seis horas.
Pelo menos eu dormi, pensei.
Eu queria poder dizer que não me lembrava de nada do que tinha acontecido, que tinha sido apenas um pesadelo ruim, mas eu lembrava e isso me fez sentir mal do estômago de novo. Engoli a bílis subindo na minha garganta e joguei as minhas pernas para o lado da cama. Os meus olhos finalmente se ajustaram ao escuro, e graças a luz ainda saindo do meu telefone, percebi que não havia luzes vindo por debaixo da minha porta. Assim como eu me lembrava de tudo o que havia acontecido no início da manhã, também me lembrava de Jungkook me carregando para a minha cama depois que me ajudou a sair do chuveiro e me segurando enquanto eu chorava até dormir.
Verifiquei o meu telefone novamente e notei uma nova mensagem de texto que tinha chegado às nove.
Jungkook: Eu tive que sair para o trabalho. Sinto muito, Tae. Depois de furar com o Jimmy ontem, eu não podia faltar ao turno de hoje e precisava das horas. Avise-me quando acordar, ligue ou mande uma mensagem para mim.
Furar com o Jimmy? O alfa tinha pulado o trabalho na noite anterior por minha causa? Ele disse que precisava das horas, o que significava que precisava do dinheiro. Deus, Jungkook precisava do dinheiro, e porque eu fugi depois de vê-lo com a ex, ele não tinha ido trabalhar. Eu me senti horrível, como um idiota que ficou com ciúmes por nada quando o alfa... fechei os meus olhos e soltei um suspiro profundo.
Passava um pouco das duas da manhã. Jungkook ainda não estava de volta? Me empurrei para fora da cama e me senti um pouco tonto, então eu tive que ficar parado por vários segundos antes de me sentir firme o suficiente para me mexer. Todo o apartamento estava escuro. Sendo o mais silencioso possível, tentei o quarto do alfa depois de ter certeza de que ele não estava na sala de estar e rezei para encontrá-lo lá.
O luar que entrava no pequeno quarto era o suficiente para iluminar a sua forma imóvel deitada na estreita cama de solteiro.
Algo se soltou dentro de mim. Ele estava em casa. Lágrimas deslizaram pelos meus olhos e minha garganta se fechou. Nem mesmo considerando o fato de que Jungkook provavelmente precisava dormir depois do dia maluco que tivemos, me arrastei para a cama dele. Não havia espaço suficiente, mas pensei que havia apenas o suficiente para dar certo. O alfa acordou e os seus dedos se fecharam em volta dos meus braços antes que eu pudesse me deitar.
"Tae?" Ele resmungou, com a voz rouca pelo sono e, em seguida, o seu aperto afrouxou. "Você está bem?"
Eu ficaria, sabia que ficaria bem uma vez que pudesse sentir o coração dele e me certificar de que ele era real, ter certeza de que ele era... tudo o que ele era.
"Eu não consigo dormir.” Sussurrei, a minha própria voz soando áspera de todo o choro que havia tido. "E minha cabeça dói um pouco.”
Obviamente, era uma mentira – não que eu estivesse sofrendo com dor de cabeça, mas que eu não conseguia dormir. De qualquer forma, não senti uma gota de culpa por ser covarde e não dizer o motivo para precisar estar perto dele. Eu só precisava que ele me segurasse no escuro, onde nada poderia ficar entre nós - sem segredos, sem mentiras. Eu precisava do alfa para me fazer sentir vivo e, acima de tudo, eu queria estar com Jungkook, ao redor dele, perto dele... apenas com ele, de qualquer jeito que eu pudesse, simples assim.
Eu aceitei o fato de que ninguém nunca me abraçaria como ele me abraçou no chuveiro, e eu estava bem com isso, só tinha que segurar nele mais forte. Ninguém jamais me fez sentir as coisas que ele tão facilmente me fazia sentir com apenas um dos seus sorrisos provocantes, então por que eu necessitaria de mais alguém? Eu não me importava se metade de mim teria que sair daquela cama de solteiro porque ele era muito grande; eu estava deitando e isso era tudo. Antes de forçar a minha entrada para o lado dele, Jungkook se moveu para o lado e abriu os cobertores.
Um convite silencioso. Uma oferta para eu me deitar.
Não pronunciei uma única palavra. Me mantendo de costas porque senão eu teria que estar bem no seu rosto, me deitei ao lado dele e fechei os meus olhos em alívio. Um dos seus braços passou por baixo do meu pescoço, o outro lentamente puxando os cobertores sobre nós, e quando a cama gemeu sob o nosso peso, eu mudei de posição até que minha bunda se acomodasse contra a parte inferior de seu estômago. Eu parei porque até mesmo um movimento muito, muito pequeno, para baixo me levaria em contato com a coisa entre as suas pernas, e eu não queria que o alfa pensasse que eu estava lá para isso.
Me afastei até que um terço do meu torso e dos meus joelhos estavam pendurados na cama. Jungkook suspirou, um som pesado em todo aquele alto silêncio que aqueceu a minha pele, onde o meu pescoço encontrava o meu ombro e fez os meus olhos ficarem desfocados. Então o braço debaixo da minha cabeça se moveu e ele me puxou para trás, tocando meu cotovelo quando alcançou o meu ombro com a mão, prendendo-me em seus braços. O seu antebraço direito deslizou sobre o meu estômago, os dedos delicadamente mergulhando sob a camiseta que eu tinha colocado ao acaso depois do nosso banho, enviando arrepios por todo o meu corpo. O alfa parou quando metade de sua mão descansou sob o cós da minha calça de pijama, a sua pele me aquecendo de dentro para fora.
"Você vai cair," ele sussurrou. Eu estava oficialmente em um casulo de Jungkook e não poderia ter me sentido mais confortável – nunca me senti mais aconchegado ou feliz. Eu virei a minha cabeça alguns centímetros e ele acariciou o meu pescoço com o nariz. "Você está bem?" Ele perguntou, sua voz ainda rouca. Era perfeito, muito perfeito. Em vez de uma resposta verbal, inclinei a cabeça, e a movi para cima e para baixo, sentindo seus lábios sorridentes contra a minha pele. Se eu tentasse falar, estava com medo de dizer mais do que estava pronto para dizer. Nenhum de nós falou por vários minutos. Eu não tinha ideia do que ele estava pensando, mas a minha mente estava trabalhando horas extras. Jimin, Jung-ho, Jin - tudo e nada estava vindo para mim de uma só vez, e havia três palavras que repetidamente eu ouvia sobre todo o resto. Diga a ele. Diga a ele. Diga a ele. "Shhh," Jungkook murmurou, pressionando os lábios contra o meu pescoço. "Eu quase posso ouvir você pensando. Apenas vá dormir, baby. Eu tomarei conta de você até de manhã."
Jungkook vai, não vai? Eu pensei. O alfa se tornou uma constante pra mim. Me lembrei dele me ajudando a respirar depois de me assustar até a morte, ele me confortando durante o meu medo de terremotos, segurando a minha mão depois de assistir a um filme de terror, me comprando pizza porque ele sabia que isso me faria feliz. Eu sabia no meu íntimo que Jungkook me protegeria de qualquer coisa e de tudo, colocando-se diante do perigo. O alfa cuidaria de mim até de manhã. Quando as luzes se acenderem, ele ainda estará aqui. Eu só posso esperar que depois que Jungkook descobrisse todos os meus segredos, ele ainda ficará ao meu lado, segurando a minha mão – pelo menos eu espero que sim.
"Aquele monstro o violentou na frente de seus amigos," eu disse fitando a escuridão. "Como você se recupera disso?"
"Eu não sei, mas Jimin tem você e Yoongi. Vocês vão trazê-lo de volta." Jungkook tentou me tranquilizar, mas não sei se conseguiríamos ajudar o ômega a se recuperar de algo assim.
"Eu não acho que poderia ter sido tão forte quanto ele foi hoje se tivesse acontecido comigo. Jimin o ama desde os dezesseis anos e ele…" Os seus braços apertaram ao meu redor.
"Você não precisa pensar sobre isso, não esta noite. Vá dormir para que possa estar lá para seu amigo amanhã." Alguns minutos se passaram em silêncio e eu me perguntei se ele tinha adormecido.
"Jungkook..." Chamei, erguendo a mão para acariciar o braço dele.
"Shhh." O alfa murmurou.
"Eu gosto da sua voz," deixei escapar baixinho.
"Mmmm, você gosta?" A sua voz era muito baixa quando ele cantarolou ao lado do meu ouvido.
"Sim," murmurei de volta quando fechei os olhos para processar esse zumbido. "Como foi o trabalho?"
Senti uma risada curta quando o seu peito tremeu atrás de mim, então um huff quente contra a minha pele, trazendo mais arrepios nos meus braços.
"O mesmo de sempre." Isso não me deu a oportunidade de ouvir a sua voz tanto assim, não é?
"Você deve estar muito cansado." Ele grunhiu, mas mesmo sabendo que eu estava sendo egoísta, não estava pronto para deixá-lo ir. Acho que não tinha sido uma mentira quando eu disse a ele que não conseguia dormir. "Que horas você tem que se levantar amanhã?"
"Você não precisa se preocupar com isso, não vou sair antes de você acordar dessa vez.” Jungkook me garantiu.
"Não é isso..." Inconscientemente, comecei a mover o meu polegar para cima e para baixo através dos pelos do braço dele. "Você vai se exercitar na sala de estar? Ou você está se encontrando com Jin? Estaria tudo bem se nós pulássemos a aula e ficássemos aqui depois que eu passasse algum tempo com Jimin? Mas é segunda-feira, então você terá treinos. Eu estava só pensando..."
"Tae," Jungkook gemeu e inclinou os quadris para cima, me acalmando de forma eficiente com apenas um movimento. O meu dedo parou de se mover. Como você pode imaginar, eu podia sentir a cabeça grossa e redonda do pau dele contra a minha bunda. "Já estou com dificuldades assim, Flash. Se você continuar mexendo o dedo assim e falando com essa voz rouca, eu não vou conseguir... apenas me deixe te abraçar assim e dormir."
Engoli e assenti, mas alguns segundos depois, eu não pude evitar. Deslizei a minha bunda e então parei quando o alfa gemeu e os seus dentes roçaram no meu pescoço. Movendo-se na pequena cama, a sua mão deslizou mais para baixo no meu estômago, me fazendo prender a respiração. Mais e mais, ele foi até a palma da sua mão estar sobre o meu pau. Um segundo depois, Jungkook pressionou a palma contra mim e se moveu mais alto na cama ao mesmo tempo, aninhando em segurança não apenas a cabeça do seu pau, mas também o comprimento espesso da sua ereção.
"Jungkook," eu gemi, me sentindo um pouco excitado e talvez um pouco tonto, enquanto tentava inquietamente mover os meus quadris. Eu enterrei o rosto contra o braço dele e, ainda segurando o seu antebraço com a mão esquerda, coloquei o meu braço direito sobre a sua mão na minha parte inferior do estômago. Virando a mão, ele ligou os nossos dedos e ficou imóvel. Eu não estava pronto para ficar parado. Eu estava pronto para qualquer coisa, além de ficar deitado.
A sua boca gentilmente chupou o meu pescoço enquanto os seus quadris se moviam atrás de mim, uma vez... duas vezes... três vezes, apenas um giro lento dos seus quadris, um movimento que mal podia ser capaz de ser sentido se o meu corpo inteiro não estivesse gritando por ele. Eu choraminguei, todo o meu ser eletrificado pelo seu toque, até à minha alma. Nunca na minha vida senti algo assim.
"Estou muito cansado, baby." Jungkook deixou um beijo no meu pescoço e então tudo parou. "E você acabou de passar pelo inferno. Você precisa do seu sono, não estamos fazendo isso hoje."
"Mas," eu engasguei, ganhando outro beijo suave que fez todos os tipos de arrepios e calafrios passarem pelo meu corpo.
"Durma, baby." Você está brincando comigo? O alfa acabou de jogar Tetris com os nossos corpos e depois o quê? Eu deveria apenas cair no sono? Eu não penso assim, mas para meu choque total, eu fiz exatamente isso. Com a sua respiração firme e reconfortante contra as minhas costas, eu fiz exatamente isso.
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JUNGKOOK
***
Antes mesmo que eu abrisse meus olhos, antes mesmo de estar totalmente acordado, eu podia senti-lo ao meu lado, não porque reconheceria o cheiro dele em qualquer lugar ou porque nós ainda estávamos muito bem em volta um do outro na mesma posição que nós adormecemos, mas porque era Taehyung quem estava nos meus braços.
Não sabendo que horas eram, abri os olhos para a escuridão. Franzindo a testa, me movi apenas uma ou duas polegadas e tentei alcançar debaixo do travesseiro para pegar o meu telefone sem acordar o ômega.
"Jungkook?" A sua voz ainda estava rouca, meio grogue.
"Ssshhh, estou aqui. Volte a dormir," eu sussurrei contra seu pescoço, em seguida, finalmente consegui pegar o meu telefone debaixo da cabeça.
A luz vinda do telefone nos iluminou e eu tive que piscar para ver a hora na tela.
"Que horas são?" Taehyung perguntou enquanto protegia os olhos semicerrados com as costas da mão. Eu desliguei o telefone e empurrei para debaixo do travesseiro novamente.
O ômega se mexeu e virou a cabeça para olhar para mim. Eu mal conseguia distinguir as suas feições no escuro, mas pude ver que os seus olhos estavam abertos e olhando para os meus.
"São apenas quatro e meia." Eu corri as costas dos meus dedos contra sua bochecha.
"Então dormimos, o quê, apenas um pouco mais de duas horas?" Taehyung franziu o rosto.
"Algo assim." Deixei os meus dedos descerem até o seu pescoço e tentei ser gentil quando fiz uma rápida varredura.
"Pareceu mais," ele sussurrou fechando os olhos.
"Ainda dói?" Eu sussurrei de volta, raiva deslizando através da minha voz. Tae engoliu e senti o movimento sob o meu toque.
"Está tudo bem." Eu poderia ter matado aquele bastardo doente por colocar as mãos nele. Se Taehyung não tivesse me parado, se não tivesse tocado meus braços, eu não tenho certeza se teria parado. Sentindo-me impotente, aquela queimadura profunda no meu peito – a mesma que eu havia sentido ao entrar na biblioteca e me deparar com o maldito pressionando o ômega contra as estantes de livros – começou a me consumir de novo, aquele choque inicial intenso, a repentina raiva. "Jungkook? O que há de errado?" Depois de três tentativas, ele estava de frente para mim. No início, Taehyung parecia não saber o que fazer com as mãos, mas depois colocou a direita no meu peito. "Ei, onde você foi?"
"Eu não acho que vou conseguir voltar a dormir. Como já estou acordado, vou me exercitar. Volte a dormir, você precisa de mais algumas horas." Eu me mexi para sair, mas tive que parar no meio do caminho quando ele falou.
"Eu não posso voltar a dormir também." Murmurou em um fiapo de voz.
"Tae..." Suspirei, me virando pra ele.
"Eu posso voltar para a minha cama se você não consegue dormir porque estou aqui." Franzindo a testa, eu me deitei novamente.
"De onde veio isso?" Questionei, o puxando para o meu peito.
"Por que você está indo embora?" Insistiu.
"Eu não vou conseguir dormir, Tae.” Acariciei o pescoço dele suavemente, desejando poder apagar os hematomas com meu toque. “Eu ainda estou com raiva. Você pode voltar a..."
"Dormir. Sim. Eu já te ouvi.” Ele se afastou para conseguir me olhar melhor. “Você está bravo comigo?"
"Por que eu estaria bravo com você?" Isso não faz o menor sentido, as vezes eu realmente não consigo acompanhar o raciocínio dele.
"Se você não está, então por que eu estou sendo punido?" Bufei, sentindo uma risada me escapar. O ômega é tão fodidamente adorável que eu não consigo lidar.
"Você me quer aqui tanto assim?" Questionei, sentindo um sorriso se esticar em meus lábios.
"Sim." Eu não pensei que ele fosse responder, então quando o ômega fez, me deixou desnorteado.
"Eu… tudo bem. Okay, você me tem então." Garanti, o puxando para o meu peito novamente.
"Ótimo. Se vamos ser infelizes, podemos muito bem sermos tristes juntos." Resmungou, se ajeitando.
"Essa é a única razão?" Taehyung puxou a mão debaixo dos cobertores e deu um leve soco no meu ombro, e depois outro. Silenciosamente, esperei por uma resposta.
"Não," respondeu com um suspiro. "Jungkook, eu…" Deslizei minha mão entre nós e liguei os nossos dedos juntos. Levantando o queixo, o ômega olhou para mim. "Eu tenho essa... coisa por você.”
Ele disse baixinho, soltando um suspiro, como se estivesse aliviado em dizer isso em voz alta. Taehyung achava que estava escondendo isso de mim todo esse tempo? O ômega achava que eu não sabia, não sentia a mesma... coisa? Depois de descansar as mãos em seu quadril, me inclinei para que eu pudesse falar direto contra o ouvido dele. =
"Eu também tenho uma coisa por você, Flash." Ele gemeu e tentou se soltar das minhas mãos, mas eu o segurei com mais força.
"Eu não estou brincando, Jungkook... Eu realmente tenho uma grande coisa por você." Meus dedos flexionaram contra o quadril dele.
"Quão grande?" Questionei, tendo problemas para manter o sorriso fora da minha voz. Houve outro puxão na minha mão, então desta vez eu o deixei ir.
"Estou tentando te dizer como eu..." Com a mão livre, peguei seu queixo entre o polegar e o indicador e inclinei sua cabeça para que ele pudesse olhar nos meus olhos. Não havia luz suficiente para Taehyung perceber a minha expressão, mas eu esperava que ouvir na minha voz ajudasse.
"Foi depois da segunda vez que vi você, quando você tentou fugir de mim e colidiu com aquele edifício. Se lembra disso?" O interrompi, Taehyung precisava perceber o quão sério isso era pra mim.
"Eu não estava tentando fugir e a propósito, era apenas uma maquete. Não é como se eu tivesse colidido com um verdadeiro." Rebateu, indignado.
"Eu procurei por você," sussurrei. "Para ser honesto, eu não perguntei por aí na tentativa de encontrar você, nem sabia onde começar a fazer isso, mas eu estava esperando vê-lo de novo. Então, acho que, mesmo sem perceber o que estava fazendo, estava procurando por você. Eu me lembro de uma vez em que um garoto deu a volta em uma esquina, segurando os seus livros no peito como você estava fazendo quando me viu pela segunda vez. Ele estava rindo com os amigos e eu parei de andar. O seu rosto estava virado, então eu não podia vê-lo o suficiente para reconhecê-lo, mas tinha a mesma cor de cabelo." Eu coloquei uma mecha dele, atrás da orelha do Taehyung. "A mesma pele dourada. Eu parei no meio do caminho, Tae, porque pensei: Lá está ele. Lá está ele de novo. Então o garoto se virou e não era você. Eu me lembro de me sentir tão malditamente desapontado. Aconteceu algumas vezes, não nessa medida, mas pensei ter visto você e você nunca estava lá." Ele respirou fundo e esperou por mais. "Agora... agora eu não poderia, possivelmente, não reconhecer você. Agora você está em todos os lugares, sempre na minha mente. Eu fecho os meus olhos e posso ver você." O meu foco caiu enquanto acariciava o seu lábio inferior com o polegar. "Agora, eu nunca poderia te confundir com outra pessoa. O seu pequeno sorriso tímido, o seu grande sorriso feliz, a forma dos seus olhos... você é tudo que eu penso, Taehyung. Quando acordo, mal posso esperar para me exercitar porque sei que você vai acordar apenas alguns minutos depois de mim. Eu apenas sei que irei ouvir os seus passos, você vai entrar na cozinha ainda meio adormecido e muito bonito, e então vai me vigiar inocentemente enquanto age como se estivesse tomando café da manhã."
O ômega gemeu e eu ri.
"Não seja malvado comigo," ele murmurou em uma voz séria, mas a risada silenciosa que veio depois o denunciou. "E eu não estava vigiando você. Eu só estava…"
"Eu não me importo com o nome que dê para isso. Eu gosto disso. Eu gosto de ter os seus olhos em mim. Eu amo ainda mais quando você olha nos meus olhos e me dá o seu maior sorriso. Toda vez que vejo você sorrindo para mim assim, como depois do jogo em Tucson, parece que você está me entregando o seu mundo. Mesmo no escuro, posso sentir o seu…" Antes que eu pudesse terminar a minha frase, a sua cabeça disparou e os seus lábios encontraram com os meus. Não preparado para isso, eu não consegui suavizar o beijo, e nossos dentes se chocaram. Ele imediatamente puxou a cabeça para trás. Eu sabia que o ômega estava corando, não precisava de luz para saber disso.
Taehyung cobriu a boca com a mão.
"Eu sinto muito. Eu só..." Desta vez eu não esperei para ouvir o resto. No que me dizia respeito, embora tivesse durado apenas um segundo, aquele breve beijo foi o melhor beijo da minha vida.
Puxando sua mão para baixo, eu segurei a parte de trás de sua cabeça e fui para mais. Eu não queria perder outro segundo.
Foda-se tudo.
Foda-se todo mundo.
Nada mais importava.
Taehyung moldou os seus lábios nos meus sem um segundo de hesitação. O meu corpo se aproximou e o dele fez o mesmo até que ficamos colados um contra o outro. Inclinei a cabeça e fui mais fundo, a minha língua saboreando cada centímetro da dele. O ômega gemeu contra mim e senti o seu punho puxando a minha camisa. Nossas bocas se moveram em perfeita harmonia, empurrávamos e puxávamos um ao outro por mais.
Quando tivemos que respirar, Taehyung gemeu o meu nome. Apenas aquela única palavra vindo dos seus lábios adicionou combustível ao fogo dentro de mim, e eu soltei a parte de trás de sua cabeça para deslizar a minha mão até sua cintura, puxando-o ainda mais perto, mesmo que não houvesse nem mesmo um centímetro de espaço vazio nos separando. O ômega não fez nenhum protesto, apenas se arqueou na minha direção e me beijou de novo. As nossas respirações estavam vindo em rajadas duras, quando Taehyung choramingou na minha boca e colocou os braços em volta do meu pescoço.
Com dificuldade, parei de beijá-la e sussurrei contra os seus lábios.
"Demais?" Preocupado que ele não estivesse pronto para tudo isso, ele havia acabado de descobrir que o amigo havia sido violentado e o culpado quase o matou.
"Não." Ele disse sem fôlego. "Não é o suficiente."
Com um gemido que veio do fundo do meu peito, eu mordi seu lábio inferior e empurrei a minha língua para dentro. Enfiei o meu braço esquerdo debaixo dele e o puxei para cima de mim enquanto caía de costas na pequena cama. Taehyung gritou na minha boca, mas não parou de me beijar. Ele apenas apoiou as suas mãos em ambos os lados do meu rosto, jogou a perna sobre a minha coxa e continuou. Eu puxei o seu cabelo com uma das mãos e a outra abaixei até sua cintura, empurrando a camisa apenas o suficiente para que eu pudesse sentir sua pele sob minhas mãos. Ele estremeceu quando eu agarrei a sua cintura o mais forte que pude sem machucá-lo.
Com a nossa respiração ainda fora de controle, abri os olhos quando Taehyung sussurrou o meu nome e tocou o meu rosto com a mão.
"Sim?" Antes que ele pudesse continuar dizendo o que queria o puxei para os meus lábios novamente. Um segundo ou dois foi tempo suficiente para respirar. Taehyung me beijou de volta, muito duro, muito faminto enquanto a sua língua deslizava com a minha.
"Espere.” O ômega murmurou, seus lábios se movendo contra os meus. "Só um segundo."
Eu gemi em protesto, mas parei como ele pediu. Respirando fundo me concentrei em deixar pequenos beijos no canto de seus lábios e pescoço em vez disso. O ômega se endireitou um pouco, tirando a sua pele macia dos meus lábios e montou em mim, sentando bem em cima do meu pau.
"Merda!" Grunhi, me deitando e alcançando os seus quadris. "Talvez não seja uma boa ideia montar em mim se quer conversar, Flash."
Uma de suas mãos estava descansando no meu estômago para se equilibrar enquanto afastava o cabelo do rosto com a outra.
"O quê?" Eu puxei os seus quadris um pouco para frente para que ele não ficasse bem em cima do meu pau já duro como uma pedra e grunhi quando o deslizamento áspero parecia melhor do que qualquer coisa que já tive.
"Isso," eu repeti rudemente. Agora as duas mãos dele estavam no meu estômago Taehyung ainda estava sem fôlego, assim como eu.
Ele empurrou os quadris para frente e para trás.
"Engraçado, para mim, parece a ideia mais incrível do mundo." Ele disse mordendo o lábio.
"Sim?"
"Sim." Me sentei e o circule com um braço antes que Taehyung pudesse cair. Arrastando os nossos corpos mais acima na cama, me acomodei na cabeceira. A minha cabeça caiu contra a parede enquanto o ômega se contorcia no meu colo até que estivesse confortável. Com a mão livre agarrei o seu pescoço o mais suavemente possível e o puxei para a minha boca. Ele veio ansiosamente e gemeu ainda mais alto quando eu o beijei, movendo a sua bunda inquietamente contra o meu pau.
Eu não conseguia nem lembrar da última vez que tive uma sessão de amassos que me levasse à loucura, muito menos uma que eu gostei tanto. Espalmei as mãos contra as costas de Taehyung, acariciando a pele suave. Depois de um moer particularmente duro, soltei um grunhido e bati a cabeça na parede com um baque pesado enquanto afastava os meus lábios dos dele.
"Foda-se, Tae…" Os meus olhos se abriram lentamente quando senti a sua respiração contra os meus lábios.
"Jungkook," Taehyung sussurrou antes de beijar os meus lábios duas vezes. Deixei que ele marcasse o ritmo e nenhum deles durou mais do que alguns segundos. "O meu coração bate diferente por você. Parece diferente de alguma forma. Eu sei que isso provavelmente não faz sentido, mas... é mais alto, mais selvagem quando eu vejo você." Corri as minhas mãos até sua cintura e segurei firme. O ômega descansou a bochecha contra a minha testa e revirou os quadris. "E eu sinto como... Como eu deveria me acostumar a ver aquele sorriso nos seus lábios? Isso quebra o meu cérebro. Você quebra meu cérebro às vezes, eu viro um idiota completo. Mesmo naquela primeira vez no banheiro, embora isso tenha sido apenas nervosismo e estar horrorizado, então talvez não possamos contar essa… Mas na segunda vez, quando eu vi você andando na minha direção, eu queria fugir antes que você me notasse, mas fiquei preso. Como alguém poderia desviar o olhar..." Eu não o deixei terminar as suas palavras, não pude. Em segundos, eu o tinha deitado de costas e estava pairando sobre ele. Não importava quão escuro fosse; eu poderia imaginar o olhar no rosto de Taehyung. Ele ficou marcado na minha mente. Aqueles grandes olhos, indefinidos entre o castanho e o verde tão lindos e expressivos, aquele rubor nas bochechas... Eu podia ver tudo.
Não querendo desperdiçar outro segundo, o beijei de novo, apenas parando quando senti as suas mãos puxando a minha camisa. Com uma mão bem ao lado de sua cabeça, usei a outra para alcançar a camisa, puxá-la por cima da cabeça e arremessá-la para longe. Quando olhei para baixo, o ômega estava lutando com a sua própria camisa.
"Deixe-me ajudar." Murmurei, em seguida o ajudei a tirá-la. Eu não podia vê-lo claramente e isso me frustrava muito, mas não achava que poderia me desvencilhar do ômega para ligar as luzes. Eu estabeleci os meus quadris entre suas pernas abertas, os meus lábios contra os dele, já inchados, espalmei seu estômago, acariciando a pele macia e percorri o caminho até que pudesse segurar um de seus mamilos, eu não podia esperar para ter um gosto – literalmente. Um gemido particularmente alto me fez perder todo o autocontrole e estoquei contra ele, nossos jeans tornando o atrito ainda mais gostoso, mas ao mesmo tempo insatisfatório, cada arfar, cada vez que Taehyung se inclinava para acompanhar meus movimentos me empurrava para um nível onde eu sabia que nenhum de nós estaria satisfeito com o que estávamos fazendo. Foi muito bom finalmente poder tocá-lo assim, senti-lo assim. Quando eu estava um pouco rude e comecei a rolar o mamilo entre os dedos enquanto chupava o outro tão duro e profundo quanto pude, Taehyung engasgou e agarrou meu cabelo. Pressionei minha ereção mais duro contra a dele enquanto me movia com movimentos deliberados para a frente.
"Isso é tão bom," Taehyung engasgou quando eu estava ocupado mordiscando o seu pescoço e indo em direção aos seus mamilos de novo. Um dos seus pés estava na cama e ele estava se levantando na hora certa dos meus impulsos para a frente enquanto arqueava as costas.
"Sim? Você vai me fazer gozar nas minhas calças," eu gemi, me sentindo consumido por ele. "Não me lembro da última vez que fiz isso, me sinto como um adolescente virgem." Eu ainda usava os meus jeans já que adormeci assim que entrei no quarto, e tudo o que Taehyung usava eram calças de pijama finas. O ômega podia sentir cada centímetro de mim arrastando contra a entrada encharcada dele. Apenas no caso dele precisar de mais, eu soltei o seu mamilo pela primeira vez desde que eu o coloquei seminu e empurrei a minha mão por debaixo da sua bunda, dentro do seu pijama, puxando-o mais firmemente contra meu pau.
"Jesus!" Ele gemeu, envolvendo uma das pernas ao redor da minha cintura. A sua cabeça foi jogada para trás, e eu assisti sem fôlego quando Taehyung se aproximava de um orgasmo bem na frente dos meus olhos. "Jungkook," ele gemeu em segundos. "Jungkook, estou tão perto."
O meu nome nos lábios dele me arrastou para a borda.
"Vamos lá, baby." Murmurei contra a garganta dele, deixando pequenos beijos na pele macia. Suas pernas se abriram mais amplas debaixo de mim e eu apertei a sua bunda mais forte. "Diga-me o que você precisa, Taehyung."
"Só você. Eu só quero você." Ele choramingou, as unhas cravadas na minha cintura, me puxando pra ele.
"Eu sei, Flash. Eu sei. Diga-me o que você precisa para que eu possa fazê-lo gozar." Inspirando o seu doce aroma, eu lambi uma trilha no seu pescoço sobre as suas contusões e chupei a sua pele, certificando-me que não era onde o ômega estava machucado. Ele gemeu, o som baixo e áspero.
"Não. Não. Espere," ele disse de repente, surpreendendo a merda fora de mim.
"O quê?" Atordoado, eu me endireitei, colocando alguns centímetros entre os nossos peitos. Parei de me mover contra ele, mas não tive força suficiente para nos separar completamente. "O que aconteceu? O que há de errado?" Antes que eu pudesse piscar, as mãos dele estavam na calça do pijama e Tahyung estava tentando se esquivar completamente de mim. Recuando um pouco, perguntei. "O que você está fazendo?"
"Eu quero gozar quando você estiver dentro de mim, Jungkook, e acho que posso realmente morrer se você não estiver dentro de mim no próximo minuto. Não, eu não estou sendo dramático, então vamos – tire as calças, fique nu." A última coisa que eu esperava fazer naquele momento era rir, mas eu fiz exatamente isso. Taehyung conseguiu tirar a metade de seu pijama, mas estava tendo problemas para soltar as pernas porque eu ainda estava pairando sobre ele. O ajudei a puxar o resto do caminho e tive que me estabilizar por um segundo ou dois, corri a minha mão das coxas dele até o seu tornozelo. Eu amava as suas pernas, passei semanas observando aquelas longas pernas macias e imaginando-as ao meu redor enquanto eu o fodia e ele me implorava por mais. "Eu não acho que você pode fazer o que eu quero que você faça com essas calças, Jungkook."
O ômega murmurou quando eu apenas fiquei de joelhos como um idiota e movi as minhas mãos sobre ele.
"Só um minuto," murmurei, em seguida, ele enrolou as pernas em volta da minha cintura e me estabeleci entre as suas pernas nuas, o meu pau pressionando a entrada dele. Eu só queria sentir o calor dele. "Me deixe nu então."
"Merda," Taehyung murmurou, as suas mãos deslizando sobre o meu peito e enrolando em volta dos meus ombros. Então elas viajaram mais baixo quando eu me inclinei sobre ele, beijando e sugando os seus lábios entreabertos. As suas pernas caíram ao meu redor. Eu levantei os meus quadris o suficiente para que o ômega pudesse abaixar as minhas calças sem problemas, então olhei para baixo entre nós para ver a cabeça do meu pau fazer uma aparição. Se Taehyung me tocasse, sentiria que eu já estava vazando pré-gozo. O ômega empurrou um pouco para cima e abaixou as minhas calças alguns centímetros mais, liberando todo o meu comprimento. Ele balançou entre nós, roçando contra o pau dele.
"Agora que você tirou, o que você está planejando fazer?" Eu perguntei em uma voz áspera. Descansei os meus antebraços em ambos os lados de seu rosto e olhei para ele. Eu podia imaginá-lo mordendo o lábio e parecendo inseguro. Em vez de ouvir palavras, senti os seus dedos envolverem o meu comprimento duro e inchado, não tinha nada inseguro sobre o toque de Taehyung. Eu me contorci na sua mão e senti o seu polegar escovar a umidade para baixo e ao meu redor. Com o coração martelando no peito, movi a minha mão para baixo, arrastando a minha palma contra cada centímetro do seu corpo até sentir a umidade nos meus dedos, e isso era para mim. Eu estava muito animado. "Camisinha," eu disse, a minha mente trabalhando apenas o suficiente para lembrar que precisávamos delas - muitos delas. "Camisinhas. Eu não tenho nenhuma, Tae." A sua mão parou de se mover em mim, mas o ômega não a puxou.
"O quê?" Eu bati a minha mão na cama e deixei cair o meu rosto no seu pescoço.
"Eu não tenho camisinhas." Murmurei, deixando uma mordida no lóbulo de sua orelha porque eu não conseguia me conter.
"Eu tenho!" Ele meio que gritou, e então a mão dele não estava tocando o meu pau mais. "Eu tenho. Uma, eu tenho uma."
O ômega soltou o meu pau, deslizou para fora debaixo de mim, hesitou, em seguida, pegou o travesseiro e abraçou ao seu corpo nu perfeito antes de saltar e correr para fora do meu quarto. Segundos depois Taehyung estava de volta, e eu estava sentado na beira da cama, os meus dedos coçando para tocá-lo, para puxá-lo e para mantê-lo comigo.
"Para que é isso?" Eu consegui perguntar quando fiz um gesto em direção ao travesseiro, o meu pau dolorosamente duro, e ainda mais dolorosamente pronto.
Ofereci a minha mão e Taehyung aceitou sem hesitar. Com a outra, peguei o travesseiro e joguei de volta na cama.
"Jungkook…" O ômega se abraçou e desviou o olhar.
"Já está muito escuro aqui como está. Não se esconda de mim, Taehyung, não mais." Eu lhe dei um puxão suave e ele subiu no meu colo.
"Aqui." Me estendeu a camisinha depois de sentar nas minhas coxas. "Eu só tenho essa." Ele fez uma pausa. "Yoongi deu para mim, apenas no caso."
"Apenas no caso de quê?" Deu de ombros.
"Apenas no caso de você e eu... como uma piada." Respondeu, desviando o olhar.
"No caso de a gente foder.” Eu podia sentir o calor emanando de seu rosto e sorri, sabendo que ele estava corando da forma mais bonita. “Você é muito tímido para dizer foder?"
"Apenas no caso de você e eu termos relações sexuais." Taehyung cuspiu as palavras tão rápido que não pude deixar de provoca-lo.
"Foder soa melhor para mim."
"Tudo bem, foder então." Eu ri e o beijei. Os seus braços lentamente envolveram o meu pescoço enquanto o ômega se derreteu contra mim. "Eu quero ver você colocá-lo," disse contra os meus lábios.
"O que você quiser, apenas me diga e é seu." Taehyung rolou o lábio inferior entre os dentes e inclinou a cabeça para me observar enquanto eu trabalhava sobre o meu comprimento o mais rápido que fosse humanamente possível. Eu perdi a paciência em algum lugar ao longo do caminho, então o levantei do meu colo e coloquei de volta na cama com um salto antes de subir em cima dele. "Eu preciso tanto de você, Tae. Não posso mais te olhar e não saber como é estar dentro de você." Ele puxou a minha cabeça para baixo e foi para os meus lábios. Mantendo os nossos peitos separados, toquei a entrada dele. "Merda," eu assobiei, descansando a minha testa contra a dele. "Você está fazendo uma bagunça, está pronto para mim, não é?"
"Eu tenho tentado dizer a você," empurrei dois dos meus dedos dentro dele, Taehyung ficou imóvel debaixo de mim, as pernas tensas, os seus dedos cavando na pele dos meus braços. Ele estava pingando. Depois de alguns impulsos, eu os puxei para fora e decidi me concentrar na ereção dele, o pau de Taehyung descansava em seu estômago entre nós. O ômega gemeu quando arrastei a sua humidade sobre ele, acariciando-o. Os seus quadris estavam inquietos debaixo de mim, exigentes, as suas mãos ainda na minha pele, o seu toque muito quente.
Eu me inclinei e sussurrei contra a sua orelha.
"Eu preciso muito de você, Taehyung." Mordisquei a orelha dele.
"Então vamos logo com isso, Jungkook, por favor." Eu tomei as suas palavras e envolvi a minha mão ao redor da base do meu pau para que pudesse deslizar lentamente para dentro até que o ômega tivesse tudo de mim. Demorou alguns segundos e alguns grunhidos sensuais e suspiros, mas eu estava todo dentro e nada nunca tinha feito eu me sentir tão apertado, tão certo, tão completamente perfeito… ele era meu.
Eu queria foder com Taehyung até a luz da manhã entrar para que pudesse memorizar cada curva de sua pele. Sentindo-me um pouco tonto, eu puxei para fora até que apenas a ponta estava dentro dele, em seguida, empurrei todo o caminho de volta. Eu caí de volta no meu antebraço e finalmente comecei a fodê-lo em um ritmo lento. Um pequeno gemido escorregou dos seus lábios e me abaixei para capturá-lo com a minha boca. Eu queria todos os seus gemidos, todos os seus suspiros e engasgos.
Eu queria tudo dele.
"Eu vou tirar tudo de você," sussurrei contra a sua pele. Era justo que ele soubesse.
"Bom," Taehyung respondeu. Suas mãos seguraram o meu rosto, e eu podia senti-lo olhando diretamente nos meus olhos enquanto eu deslizava dentro dele com golpes duros e profundos. "Realmente ótimo." Outro grunhido depois de um impulso particularmente duro. "Contanto que você me dê tudo de si mesmo."
"Você já me tem, baby." Depois disso, tudo foi perdido em um frenesim. Eu estava perdido nele. Agarrei uma de suas pernas e o puxei para o alto em volta da minha cintura para que eu pudesse me afundar ainda mais. Quando os meus movimentos aceleraram, o mesmo aconteceu com os ruídos suaves que Taehyung estava fazendo. Ele apertou os meus bíceps, apertando e puxando e amaldiçoando quando eu fui especialmente fundo e rápido.
"Você está me deixando louco," engasguei, o meu coração batendo como um louco no peito, tendo dificuldade em manter-se com o nosso ritmo. O som da nossa pele batendo com cada impulso foi o melhor som que eu ouvi na minha vida.
"Você se sente tão grande dentro de mim," Taehyung gemeu, trazendo a minha boca para os seus lábios inchados.
Eu diminuí os meus impulsos e o beijei preguiçosamente, chupando a sua língua, arrastando o meu pau para fora o mais lentamente possível e, em seguida, empurrando-o para dentro.
"Demais?" Mordendo o lábio dele, que negou com a cabeça. "É bom?"
"Eu quero gozar," foi a sua resposta quando os seus dedos se fecharam mais apertados em volta dos meus braços. "Eu quero gozar junto com você," ele repetiu, a sua voz rouca e ofegante. Eu beijei a borda dos seus lábios.
"Conte-me. Diga isso em voz alta. Eu quero escutar. É bom?" Tae colocou a palma da mão na minha bochecha antes de me dar uma resposta.
"É uma sensação incrível. Parece que vou explodir." Um suspiro. Um gemido. "Você se sente incrível, amo isso, mas eu quero gozar. Isso... não acontece todas as vezes para mim, mas estou tão perto que eu posso sentir isso. Eu quero que você me faça gozar. Por favor, me faça gozar com você."
Com um desafio como esse, o que mais eu poderia fazer? Levantei de joelhos, arrastei suas pernas sobre as minhas coxas, e o puxei ainda mais para perto com as minhas mãos nos quadris, em seguida, comecei a fodê-lo como se não houvesse amanhã. Taehyung se empurrou para baixo, as suas mãos apoiadas na cabeceira da cama, e eu podia senti-lo lentamente apertando em torno de mim, as suas pernas apertando, os seus gemidos mais altos.
"Tae," eu assobiei. "Taehyung, você se sente tão bem ao redor do meu pau, me apertando assim. Olhe para você, todo pronto para se soltar e gozar, você vai gozar pra mim?"
Levei uma mão entre os nossos corpos e agarrei o pau dele, o ômega tentou puxar as pernas fechadas em torno de mim, mas eu as segurei e continuei bombeando até Taehyung vir lindamente e ofegante, sua boca se abriu em um grito silencioso, o corpo arqueado, sua respiração perdida. Observando o seu rosto, a forma como seu corpo se movia com a força dos meus impulsos, eu sabia que não poderia mais me segurar. Eu estava profundamente nele, e Taehyung estava tão apertado que eu não sabia se poderia parar.
O sangue zumbiu nas minhas veias e a minha coluna formigou. O ômega parou de gozar e encontrou o seu fôlego quando o meu nome derramou dos seus lábios novamente. Ele estendeu a mão e passou as mãos pelo meu peito e estômago, me fazendo tremer. Eu não sabia quanto tempo poderia continuar me movendo dentro dele, mas estava quase perdendo a cabeça.
"Eu não posso." Taehyung estava me queimando de dentro para fora e eu não tinha ideia do porquê estava tentando tanto continuar em vez de deixar ir. "É demais," ele sussurrou, puxando-me contra a sua pele. Nós dois estávamos cobertos de suor e sentindo o peito dele pressionado contra o meu, o seu batimento cardíaco forte, seu cheiro, sua falta de ar... nada disso estava ajudando. A cabeceira estava batendo na parede a cada impulso, e Taehyung e eu estávamos gemendo a cada segundo. Senti ele apertar em torno de mim novamente e ômega gritou, gozando de novo, os seus quadris se movendo, os seus braços em volta de mim, me segurando. Ele escondeu o rosto no meu pescoço e ficou incrivelmente apertado e molhado ao meu redor.
"Olhe para mim," eu gemi com urgência. "Taehyung, olhe para mim." Sem fôlego, ele abaixou a cabeça no travesseiro e os nossos olhos se encontraram no escuro. Com um gemido, peguei seus lábios e deslizei ao máximo, de novo e de novo. O beijei o mais profundamente que pude, as nossas cabeças se movendo e inclinando, e deslizei dentro dele com pressa, como nunca havia sentido antes. Eu gozei, mas parecia diferente, como se tivesse sido arrancado de algum lugar dentro de mim, como se o que fizemos naquela maldita cama fosse algo muito mais do que apenas sexo, mais como um exorcismo.
Quando pude ver e ouvir novamente, me encontrei ainda me movendo dentro de Taehyung gentilmente, afundando devagar o mais fundo que podia. Eu nunca tirei os meus lábios dos dele, continuei a beijá-lo até que não pudéssemos mais. Minhas mãos nunca pararam de tocar a sua pele, memorizando-a. Eu poderia tê-lo beijado assim por horas, por dias, anos. Quando parecia que eu iria morrer se continuasse me movendo, caí em cima dele e tentei recuperar o fôlego.
"Foda-se. Eu acho que você me quebrou," eu murmurei no travesseiro. "Vamos fazer isso de novo." Eu afastei o seu cabelo bagunçado do rosto e olhei para ele por um momento. "Taehyung, essa foi a melhor coisa que já aconteceu comigo." Eu pressionei um beijo nos seus lábios inchados e quando o ômega os separou, eu entrei por mais tempo sem hesitar. Quando paramos, ele suspirou e pressionou a testa no meu ombro, bem debaixo do meu queixo. "Parece que tenho esperado que isso acontecesse toda a minha vida, esperando que você acontecesse."
Acariciei as suas costas, para cima e para baixo, até que Taehyung olhou de volta para mim.
"Isso foi intenso. Eu nunca fiz isso antes. Gozar duas vezes, quero dizer. Não fora de um cio, ao menos. Eu acho que estou muito molhado. Isso é normal?" Ele franziu a testa.
"Eu acho que é o nosso normal. Foi demais?" Eu fiz uma careta para ele. "Te machuquei ou algo assim? O seu pescoço ainda está doendo muito?"
Ele balançou a cabeça.
"Não. Não é isso, não. Eu nunca me senti assim, tão... selvagem. Eu só queria você mais e mais fundo, mesmo que parecesse que você era grande demais para... você sabe."
"Sim, eu sei o que você quer dizer. Tentei ir mais devagar, mas isso não estava acontecendo." Beijei a sua testa e fechei os olhos. "Devíamos dormir um pouco mais, Flash. Amanhã vai ser outro dia difícil para você."
"Eu posso dormir com você?" Pediu, se aconchegando mais perto.
"Tente ficar longe de mim." O desafiei, segurando-o mais apertando. Taehyung pareceu se acomodar depois disso e ficamos em silêncio.
Eu estava prestes a cochilar com ele nos meus braços quando o ômega falou em voz baixa.
"Jungkook." De repente, eu estava bem acordado. Ainda assim, com base no tom dele, aquela conversa não era uma que eu estava pronto para ter naquele momento, não quando eu ainda podia senti-lo apertando e pulsando em volta do meu pau.
"Agora não," eu disse brevemente.
"Eu acho que nós..." O apertei suavemente em meus braços.
"Não, não está noite, não depois que eu acabei de ter você. Conversamos amanhã ou no dia seguinte. Então vamos nos mudar o mais rápido possível." Ele ficou tenso em meus braços.
"Mudar? Do que você está falando?” Olhei para baixo e encontrei seu olhar confuso.
"Não podemos ficar no apartamento dele. Eu não vou." Ele franziu a testa, me encarando sem entender até que a compreensão o atingiu e Taehyung começou a sacudir a cabeça.
"Não, Jungkook. Quero dizer, sim, podemos nos mudar, mas precisamos conversar. Tem coisas que você..." Eu beijei os seus lábios, cortando-o, porque não conseguia me controlar.
"Não essa noite. Por favor." Pedi, contra a boca dele.
"Mas você precisa saber. Existem coisas..." Ele tentou se afastar.
"Eu saberei tudo amanhã ou no dia seguinte. Apenas me dê mais um dia, okay? Apenas nós, você e eu, ninguém mais. Nada mais entre nós." Taehyung encarou meus olhos por mais algum tempo, em seguida, exalou e assentiu. Mais segundos se passaram e eu não consegui dormir. Eu limpei a minha garganta. "A propósito, você me beijou. Você perdeu a aposta que tinha certeza que nunca iria perder."
Sua cabeça disparou para cima, me atingindo debaixo do meu queixo.
"De jeito nenhum. Eu não fiz! Você me beijou!" Argumentou, indignado.
"Acho que não. Você foi primeiro." Sorri, o abraçando.
"Não. Isso não conta. Você me beijou primeiro." Eu tinha o maior sorriso no rosto quando finalmente adormeci depois de discutir com ele sobre quem tinha perdido a aposta.
No fim, eu o consegui o que queria, em todos os sentidos da palavra. Só que eu não tinha ideia de que nada disso importaria no dia seguinte, não depois do modo como Taehyung partiu o meu coração.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Ele estava brincando com os meus dedos, acho que foi isso que me acordou inicialmente, isso e ouvir a sua voz murmurar o meu nome contra a minha pele. Foi apenas um pouco mais do que um sussurro que de repente fez meu coração disparar. Era muito cedo para ficar excitado só porque você ouviu a voz quente e sonolenta de alguém.
Abri os meus olhos com um sorriso brega estampado no meu rosto. Um olhar para aquela cama e você podia apostar dinheiro em como não havia como duas pessoas - especialmente se uma delas fosse do tamanho de Jungkook - se encaixarem lá, mas nós fizemos. Nós nos encaixamos perfeitamente. Claro, os seus pés e metade do braço que estava debaixo da minha cabeça estavam fora da cama, as minhas pernas estavam emaranhadas com as dele, e os meus joelhos também estavam pendurados para fora, mas quem se importava? Como eu disse, nos encaixamos perfeitamente.
"Bom dia.” O alfa murmurou, e eu olhei para trás para que pudesse encontrar os seus olhos. Jungkook me deu um sorriso preguiçoso, um que eu não pude deixar de retribuir.
"Bom dia." Murmurei, tímido.
"Dormiu bem?" Questionou, ainda ostentando aquele sorriso. Eu podia sentir o calor correndo para as minhas bochechas enquanto assentia.
Meus olhos caíram para os seus lábios e vi o sorriso se transformar no sorriso que eu mais amava nele, aquele em que o alfa sorria com os olhos, tanto quanto fazia com os lábios. Era caloroso e genuíno. Parece cafona, eu sei, mas a verdade é que basicamente roubava o meu fôlego.
"Não se mova!" Eu disse com pressa, em seguida, me embrulhei nos cobertores, Jungkook resmungou e se esforçou para puxá-los de volta.
"O que está acontecendo?" Questionou, olhando para mim com diversão dançando nos seus olhos.
Eu puxei os cobertores de volta.
"Eu... tudo bem. Apenas… deixe-me pegar o travesseiro." Eu não dei a ele uma hipótese de sequer proferir um protesto ou arrancá-lo antes que eu pudesse chegar nele. Eu puxei para fora, de debaixo dele e a sua cabeça saltou no colchão. Murmurando um rápido pedido de desculpas, eu o abracei no meu peito e cuidadosamente saí da cama.
"Aonde você vai?" Jungkook pegou a minha mão antes que eu pudesse me endireitar.
"Eu já volto, só quero pegar uma coisa." Ele me soltou e eu saí do quarto, esperando que tudo estivesse coberto. Quando peguei o que precisava da minha bolsa, corri de volta para o alfa que ainda estava deitado, usando o braço atrás da cabeça como travesseiro.
Eu olhei os músculos, os braços, o peito, a pele lisa, a protuberância debaixo dos cobertores – só de pensar no seu pau me fez ficar todo quente por dentro. Jungkook parecia tão relaxado, tão quente, tão... outras palavras que eu não poderia imaginar devido à maneira como o alfa transformou o meu cérebro em mingau, mas acredite na minha palavra, ele parecia perfeito.
Ainda segurando o travesseiro no meu torso com uma mão e minha câmera com a outra, eu voltei para perto dele e finalmente soltei o travesseiro quando estava de volta debaixo das cobertas.
"Você não pode continuar tímido comigo, Tae." Ele disse, se apoiando em seu cotovelo e fitando meus olhos com o cenho franzido. "Não depois da noite passada."
"Sim, bem, isso não vai simplesmente desaparecer assim. Me dá um tempo, tem a luz do dia agora." Eu bufei. "Mas esqueça isso. Eu estava morrendo de vontade de tirar uma foto sua e eu..."
"Você tirou fotos minhas no jogo."
"Não, não assim." Eu coloquei a minha mão no seu peito. "Eu quero salvar isso."
"Coletando memórias, batimentos cardíacos," ele murmurou, ecoando o que eu disse a ele na primeira noite em que o alfa veio ao apartamento. Sorrindo, Jungkook empurrou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. "Nós dois?"
Animado além da medida, mordi o meu lábio e ansiosamente assenti. Ele abriu os braços e eu mergulhei, delirantemente feliz por estar lá.
“O seu braço deve estar morto agora. Você deveria ter tirado ele depois que eu adormeci.” Me aconcheguei e comecei a configurar a câmera.
“Está tudo bem,” ele disse distraidamente enquanto me ajeitava mais perto.
Depois que eu configurei o ISO e a velocidade do obturador até que tudo estivesse perfeito, levantei a minha Sony A7R II sobre nós para que pudéssemos nos encaixar no quadro. A inversão da tela não girou, então seria um tiro no escuro, mas eu estava bem com qualquer coisa naquele momento.
Sorrindo como um louco, olhei para Jungkook que riu, balançando a cabeça para a minha animação.
“Pronto?” Eu perguntei, não dando a mínima que eu parecia um maníaco.
O alfa riu ainda mais e me beijou na bochecha. Isso foi ouro. Eu tirei a foto antes que ele tivesse a oportunidade de se afastar. Eu nunca me senti assim, meu coração parecia prestes a explodir por conta de todos os sentimentos que Jungkook desperta em mim e é como se fosse a morte mais doce. Sorrindo, eu virei a câmera para verificar como estava – perfeita. Eu parecia um pouco louco com aquele sorriso no rosto, e meus olhos estavam fechados, minha cabeça inclinada em direção à sua cabeça, mas era perfeita. Seu lado da foto era perfeito, e eu parecia feliz, brilhando, fora de mim.
“Como você pode ser tão lindo?” Jungkook questionou, deixando um beijo no meu pescoço e um delicioso arrepio percorreu o meu corpo. Capturar esse momento único teria sido ótimo para mim. Eu estava planejando colocar minha câmera no chão, mas o alfa me parou. “Tire mais.”
“Eu posso?” Arregalei os olhos, ficando cada vez mais empolgado.
“Sim. Tire tantas quanto quiser,” ele disse, me dando permissão.
Eu provavelmente tirei uma dúzia das mesmas fotos de nós, mas eu não dei uma única foda. Todas elas consistiam em Jungkook me beijando enquanto eu me deitava no seu ombro, o alfa me beijando enquanto a sua palma cobria a minha bochecha, eu rindo enquanto ele se inclinava e beijava o meu pescoço, eu o encarando com olhos brilhantes enquanto ele sorria para mim, a câmera completamente esquecida. Por fim Jungkook tirou da minha mão, que já estava tremendo por muito tempo, e depois de um pouco hesitante, ele começou o próximo conjunto com as mesmas fotos: ele beijando o canto dos meus lábios quando eu finalmente olhei para a câmera, ele alcançou os meus lábios e finalmente me beijou. Então houve uma foto do seu braço deslizando ao redor do meu pescoço, uma de seu torso definido e minha cintura enquanto ele se contorcia na cama.
Estendendo a mão sobre mim, o alfa colocou a câmera no chão e me fitou. Em algum momento durante a nossa pequena sessão improvisada, os cobertores revelaram a parte superior do meu corpo para ele e ele podia ver tudo o que ele não tinha sido capaz antes. Meu coração pulou uma batida quando nos encaramos. A expressão dele suavizou quando me estudou.
“Oi, Flash.” Eu sorri para o apelido.
“Oi, buddy.” Ele inclinou a cabeça e gargalhou.
“Certo, somos companheiros. Você é o melhor amigo que já tive.” Jungkook se inclinou e me beijou.
“Da mesma forma.” Seus dedos deslizaram sobre as minhas contusões, seus olhos seguindo o movimento, e eu engoli.
“Eu poderia matá-lo, como ele ousou fazer isso com você?” Seu rosto franziu em uma careta, mas seu toque ficou ainda mais suave.
Eu não consegui falar.
Olhando para mim um pouco mais, uma de suas mãos acariciou a minha cintura e depois a minha coxa. Quando Jungkook levantou e plantou o meu pé firmemente na cama, levou tudo em mim para não ter um arrepio no meu corpo inteiro. Sem mais nem menos, eu estava encharcado para ele. O alfa abaixou seus quadris em mim e me lembrei de como ele colocou as suas cuecas de volta quando se levantou para cuidar do preservativo. Ainda assim, o tecido que nos separava não significava nada; eu podia sentir cada centímetro de sua dureza, e bem, em mais alguns segundos, ele seria capaz de sentir o quão pronto eu estava para ele.
Agarrei os seus braços, fechei os olhos e soltei um gemido involuntário quando Jungkook pressionou para frente e seu pau empurrou com força contra o meu. Então eu senti os seus lábios na minha bochecha, sobre a concha da minha orelha, no meu pescoço, lambendo, chupando suavemente, beijando. Cegamente, estendi a mão entre nós, empurrei a sua cueca alguns centímetros para baixo e o toquei quando o seu pau pesado e quente estava no meu estômago, agarrei ambas as nossas ereções e tombei a cabeça no travesseiro, um gemido escapando dos meus lábios.
Jungkook se inclinou e me beijou, engoli seus grunhidos enquanto aumentava meu domínio sobre nossas ereções. Uma gota de pré-gozo caiu no meu estômago, me fazendo ofegar e tremer, arrepios percorrendo todo o meu corpo. Então outra gota e outra. Renovei o meu ataque na sua boca, contornando a minha mão livre no seu pescoço e puxando-o para mim. O alfa inclinou a cabeça e foi mais fundo, a sua língua acariciando a minha, tomando e dando, mordendo e lambendo, acalmando e beijando. Então senti o seu polegar e indicador no meu queixo e ele se afastou, os nossos lábios fazendo um som alto de estalo.
“Por favor, me diga que Yoongi te deu mais de uma camisinha.” Ele rosnou, o som e o tom me derretendo na cama ainda mais.
“O quê?” Balbuciei, abrindo um pouco os olhos.
“Preservativos?” Forcei os meus olhos a abrirem um pouco mais e meu coração afundou, ele deve ter percebido pelo meu rosto porque gemeu e rolou para o lado.
“Sinto muito,” eu murmurei, apoiando-me no cotovelo e olhando para ele enquanto Jungkook esfregava a mão sobre o rosto algumas vezes.
“Então eu deveria sair desta cama, inferno, provavelmente do apartamento enquanto eu estou nisso.” Eu sorri.
“Porquê?” Ele me atirou um olhar frustrado, a sua expressão tão escura e firme quanto os seus olhos. Eu perdi o meu sorriso muito rápido e limpei a minha garganta. Sem outra palavra, levantei-me de joelhos, um pouco sem fôlego e inseguro, me ajeitei ao lado das suas pernas e engoli em seco. Eu não ia pedir permissão, e Jungkook não estava me impedindo. Eu podia sentir os seus olhos queimando na minha pele. Não era estranho estar tão fascinado por um pau? Porque aparentemente eu não conseguia tirar meus olhos do dele. O eixo grosso, a cabeça rosa... o jeito que descansava no seu estômago duro, aquela veia grossa na parte de baixo... a antecipação de quão bom ele iria se sentir na minha boca... tudo isso me atingiu de uma só vez e eu não podia esperar mais.
Ergui a cabeça para olhar para Jungkook e o vi engolir, vi a sua garganta se mover e como a sua mandíbula estava cerrada. Estendi a mão para pegá-lo na minha mão, mas o alfa me parou antes que eu pudesse e ligou os nossos dedos juntos.
“Use a outra,” ele disse, aquela voz grossa e carente correndo sobre mim e causando arrepios por toda a minha pele.
Eu lambi os meus lábios em antecipação.
“OK.” Eu o queria na boca, provavelmente um pouco mais do que ele queria isso. Eu não era profissional no sexo oral por si só, mas também não achava que era o pior. Balançando a cabeça para me livrar de todas as segundas idiotices, peguei a sua base grossa com a mão esquerda e abaixei a minha boca sobre ele, rolando a minha língua ao seu redor. Os quadris de Jungkook se ergueram e ele apertou minha mão com a dele.
Lentamente eu movi a minha mão para cima e para baixo no seu comprimento, escovando o meu polegar sobre a sua fenda, usando a humidade para tornar isso mais fácil. O alfa tentou manter-se o mais imóvel possível.
“Foda-se,” ele sussurrou, a sua cabeça afundando no travesseiro quando eu o coloquei na minha boca novamente. “Tae, eu não acho que vou deixar você sair desta cama novamente.”
E ele não deixou, não até que foi obrigado a deixar, quando o seu telefone começou a tocar mais e mais. Um dos seus companheiros de equipe, Namjoon, estava ligando para ter certeza de que Jungkook iria treinar.
Depois disso, foi uma corrida louca. Eu não tinha ideia de quando havíamos acordado, mas depois que o fiz gozar por todo o estômago e mãos, Jungkook retribuiu, e então consegui outro prêmio. Quando seu amigo ligou e bateu em nossa pequena bolha privada, me senti culpado por estar tão feliz quando meu amigo estava passando pelo inferno.
Quinze minutos depois do telefonema, nós dois fomos tomar banho e nos vestir, ficando prontos para ir.
“Você vai me ligar quando estiver vindo para casa?” Jungkook perguntou pela milésima vez, suas mãos apertando minha cintura.
“Eu vou.” O tranquilizei, juntando minhas coisas enquanto Jungkook me seguia como um coala. “Yoongi e eu vamos ver como Jimin está...”
“Você ligará se precisar de alguma coisa?” Jungkook me interrompeu, me girando para que eu pudesse fitar os olhos dele.
“Eu vou, não se preocupe. Não vai acontecer nada.”
“Me atualize do estado dele quando você chegar lá.” Dei um rápido aceno e desviei o olhar, o alfa estendeu a mão para pegar o meu queixo. “O que há de errado?”
Eu dei a ele um meio encolher de ombros. Como eu ia explicar para ele sobre Jin e Jung-ho? Como você começa uma conversa assim?
Então… aqui está a coisa, eu sei que você odeia mentirosos porque você me disse na primeira noite que veio aqui, mas eu meio que estive mentindo para você esse tempo todo. Ei, pelo menos era uma mentira inocente, certo? Eu nunca tive um namorado, não desde que você se mudou, e o seu melhor amigo é meu irmão perdido, mas não estamos dizendo nada a ele, porque é assim que Jung-ho quer. Bom treino. Tchau.
Apenas como arrancar um band-aid.
Para minha vergonha, os meus olhos encheram com lágrimas não derramadas e me virei para chegar à porta antes que Jungkook pudesse vê-las.
“Nada. Você vai se atrasar. Vamos.” Eu o puxei para fora e tranquei a porta.
“Tae, espere.” Ele colocou a mão no meu braço, mas eu já estava em movimento.
A porta da Srta. Hilda se abriu antes que pudéssemos escapar. Juro que a mulher passa metade do dia – possivelmente até mais - com o ouvido pressionado contra a porta, esperando pelas suas vítimas.
“Onde vocês dois estiveram? Eu precisei de vocês ontem e bati na sua porta. Você teve uma festa lá? Eu acredito que lhe disse que eu não gostaria disso quando você chegou aqui, Sr. Kim.” Muito consciente da presença alta e forte de Jungkook atrás de mim, inclinei a cabeça e respirei fundo.
“Você ouviu música ou algo assim, Sra. Hilda?” Perguntei o mais educadamente possível.
“Não, mas eu poderia jurar que ouvi...”
“Nós não tivemos uma festa, e não estamos planejando ter uma festa no futuro próximo também. Eu adoraria ajudar você com o que você precisar, mas agora estou atrasado para a aula e Jungkook precisa treinar, então me desculpe, mas você terá que encontrar outra pessoa para verificar as suas cortinas. Tenha um bom dia, Sra. Hilda.” Enquanto ela olhava para mim com uma expressão ainda mais profunda e uma boca aberta, comecei a descer as escadas. Um segundo depois, os passos do alfa me seguiram.
Quando eu pisei fora do prédio, inclinei a cabeça para encarar o céu azul brilhante e me senti um pouco melhor com o vento no meu rosto.
“O que está acontecendo?” Jungkook perguntou atrás de mim. Então os seus braços estavam ao redor da minha cintura, me puxando de volta para o seu peito, os seus lábios pressionando um beijo leve no meu pescoço. Isso foi ainda melhor do que o vento, e eu relaxei ainda mais.
“Nada.” Respondi, em seguida, inclinei a cabeça para o lado, sem vergonha pedindo mais. Ele não me fez esperar. Segurando o meu queixo, ele me deu um longo beijo molhado, afugentando cada pensamento ruim. “Nada,” repeti sem fôlego quando paramos. Eu olhei para os seus olhos estonteantes e acreditei que tudo ficaria bem.
“Ele está dormindo?” Eu perguntei quando Yoongi voltou para a sala de estar. Ele se sentou no sofá, soltou uma respiração profunda e segurou a cabeça entre as mãos.
“Sim, finalmente.” Me virei para poder olhar para ele, mas fui interrompido por uma pequena mão puxando o finalmente.
“Taetae, não, não, não. Você está estragando tudo. Você não se pode mexer, bobo. Agora eu vou ter que começar de novo.” Houve um bufo fofo atrás de mim, pingando de aborrecimento simulado.
“Eu sinto muito, Miss Bluebird.” Me desculpeu, usando o novo apelido que ela me implorou para usar assim que eu pisei no apartamento. A irmãzinha de Yoongi, Myeon, era a garotinha mais fofa, e a mais inteligente também, assim como o irmão dela. “Eu tenho que pagar mais agora que você está começando de novo?”
Os seus dedos pararam de se mover no meu cabelo.
“Estou sendo paga?” Perguntou animada.
“Bem, você é a minha cabeleireira, então eu acho que deveria pagar, não é? Quer dizer, você tem trabalhado por quanto tempo agora? Meia hora?” Ela gritou empolgada com as minhas palavras.
“Sim. Sim, você tem que me pagar, okay?” Seus dedinhos voltaram a trançar meu cabelo.
“Tudo bem, eu pago, mas você tem que me fazer parecer bonito, combinado?” Estendi o dedinho pra ela que o entrelaçou com o dela.
“Estou tentando. Quanto você está pagando?”
“Quanto você quer?” Ela olhou para baixo pensativa e depois encarou o irmão.
“Yoonie, eu estou sendo paga hoje. Quanto dinheiro eu quero?” Eu sorri, sem mostrar os dentes, conseguindo segurar uma risada. Myeon sempre chamava seu irmão mais velho de Yoonie e ele odiava.
Depois de um longo processo de negociação, ficamos pelos três dólares porque ela me imaginou com três tranças como a que o seu brinquedo tinha e seria bonito porque ela era a melhor em tranças – Yoonie havia dito - e iria comprar chocolates com o dinheiro dela. Deixando a pequenina continuar a brincar com meu cabelo, olhei para a cabeça inclinada do meu amigo.
“Os pais do Jimin estão vindo amanhã. Vai ser bom para ele vê-los,” eu disse baixinho.
Agitado, o alfa esfregou o pescoço e balançou os pés. Nos três anos em que eu o conheci, nunca o vi tão bravo quanto naquele dia. Yoongi não conseguia sentar em um lugar por mais do que alguns minutos.
“Porra! Eu poderia matá-lo! Nós deveríamos ter dito algo mais cedo, eu deveria...” abruptamente, pequenos bracinhos se enrolaram à volta do meu pescoço e Myeon escondeu o rosto no meu cabelo. Eu estendi a mão para acariciar seu braço e lancei um olhar para o alfa.
“Yoongi, sente-se” o repreendi. “Oh, está tudo bem, querida. Ele ficou chateado.”
Ouvindo o meu tom, o alfa voltou seus olhos voltaram para mim, em seguida, abaixou quando finalmente se lembrou que a irmã estava na sala e sentou novamente.
“Sinto muito, princesa,” ele murmurou, beijando a sua bochecha e persuadindo-a a sair de seu esconderijo atrás do meu cabelo. “Você não vai me denunciar por usar uma palavra má, vai?” Mais alguns beijos depois, a pequena estava rindo e tudo estava bem no seu mundo de novo.
Eu coloquei a minha mão no seu joelho até que ele parou de pular e relaxou.
“Jimin sabia que não gostávamos dele, Yoongi,” eu comecei em silêncio. “Isso não foi nossa culpa, e não foi culpa de Jimin também. Ele o amava. Há apenas uma pessoa responsável aqui, e ele merece tudo o que está vindo pra ele.”
“Você não acha que os pais daquele...” ele deu uma rápida olhada em sua irmã. “I.d.i.o.t.a vão soltá-lo mais rápido do que você consiga dizer o nome dele?”
“Não vai ser tão fácil.” Eu garanti, mas Yoongi seguia com muita energia acumulada, se levantou e começou a andar de um lado para o outro.
“E ele também te machucou, pelo amor de Deus! Por que Jimin não me ligou? Porque você não me ligou? Se eu estivesse na biblioteca com vocês nada disso teria acontecido.” Enterrou as mãos no cabelo, exasperado.
“Ok, você vai me dar um torcicolo. Por favor, sente-se.” Depois do olhar que Yoongi me deu, mudei de ideia. “Ou não, tudo bem, mas pare de andar de um lado para o outro.” Resmunguei. “Jimin está como um fantasma o dia inteiro, ele finalmente fechou os olhos por mais de dez minutos, se continuar assim você vai acordá-lo novamente.”
“Fale comigo sobre outra coisa então. Eu vou enlouquecer se não conseguir esmagar o rosto dele em uma trituradora.”
“Hulk. Esmague!” Myeon disparou. “Yoonie que é uma trituradora?”
“O meu cabelo está feito, senhorita Bluebird? Posso olhar?” Questionei.
“Eu tenho um espelho, você vai ver. Apenas fique sentado aí. Ok, Taetae? Você senta e espera, entendeu?” Quando a ajudei a sair do sofá, assenti.
“Sentar e esperar, entendi.” Antes que ela pudesse fugir, Yoongi a parou com uma mão no braço.
“Jiminie está dormindo no meu quarto e a porta está aberta, então fique em silêncio quando você estiver procurando por aquele espelho, ok?”
“Minie está doente?” Ela arregalou os olhos preocupada.
“Não, querida. Ele só está com um pouco de dor de cabeça, então precisa dormir. Ele vai ficar bem. Depois que você terminar de mostrar ao Tae o seu novo cabelo, você estará indo para a cama. Já passou da sua hora de dormir.”
“Ok, Yoonie. Primeiro cabelo, depois cama.” Satisfeita com as suas respostas, ela correu para o quarto.
“Eu deveria ir também. Já passa das nove e eu preciso voltar.” Assim que Myeon estava fora do alcance da voz, eu desabafei porque eu não conseguia mais segurar. “Além disso, apenas no caso de você querer saber, eu dormi com Jungkook, e mesmo se você não quisesse saber, agora você sabe. Eu, uma cama e ele, ontem à noite - bem, mais como de manhã, mas começamos na noite passada... e depois um pouquinho no...”
“Espere, espere, espere – espere,” Yoongi me interrompeu. Ele estava segurando a mão para cima, os olhos piscando. “Você fez o quê?”
“Eu dormi com...”
“Esclareça, por favor.” Me interrompeu novamente. “Você dormiu com ele na mesma cama, ou dormiu com ele, eu não durmo a horas então meu cérebro quer tudo bem claro, okay? Qual?”
“Bem...” Eu puxei as minhas pernas para cima e as abracei no meu peito, meus lábios já curvados em um sorriso bobo. “Se estamos falando de cérebro, provavelmente foi o meu que foi fodido.”
Ainda com aquela expressão chocada no rosto, ele caiu no sofá ao meu lado.
“Eu acho que isso significa que eu não posso tentar seduzi-lo mais.” Eu comecei a rir e tive que colocar a mão sobre a boca para ficar quieto. Então eu fiquei sóbrio e meu sorriso desapareceu.
“Eu me sinto tão mal por me sentir tão feliz quando Jimin está passando por isso. Eu não planejei isso sabe…”
“Taehyung, se dependesse de você, você provavelmente esperaria dez anos antes de fazer uma jogada. Eu já sei que não houve planeamento envolvido.” O alfa zombou e eu revirei os olhos, mas não rebati porque Yoongi estava certo.
“Ele foi tão bom para mim ontem, Yoongi. Assim que eu entrei no apartamento, eu apenas quebrei e ele juntou minhas peças. E então…” eu amava Yoongi, e ele era um dos meus melhores amigos, mas por alguma razão eu não queria partilhar todos os detalhes do que aconteceu depois que chegamos em casa. A maneira como ele me segurou, o jeito que ele me abraçou no chuveiro, a maneira como nos encaixamos tão perfeitamente – tudo parecia privado, como se fosse apenas nosso, meu e de Jungkook.
“Então aconteceu.” O alfa terminou por mim.
“Algo parecido.” Suspirei.
“Agora faz mais sentido.”
“O que isso significa?” Antes que ele pudesse responder, Myeon veio correndo, um pequeno espelho rosa em sua mão enquanto ela sussurrava para nós.
“Eu encontrei! Taetae, eu encontrei!” Sacudiu ele, empolgada.
“Oh, isso é um espelho bonito, Miss Bluebird. Agora vamos ver o que você fez no meu cabelo.” Depois que ela exigiu que eu a colocasse na cama, eu verifiquei o meu cabelo no espelho do banheiro e tive que passar alguns minutos acalmando tudo.
Enquanto passava pelo quarto de Yoongi, Jimin chamou o meu nome.
“Está tudo bem? Eu pensei que você estivesse dormindo.” Entrei e me sentei na beira da cama enquanto ele se ajeitava.
“Ouvi Myeon falando com vocês, não imaginei que ainda estaria aqui.”
“Sim, só queria ficar um pouco mais por perto.” Depois de um longo período de silêncio, perguntei: “Como você está?”
“Eu estou bem.” Ele suspirou. “Estou melhor, vamos deixar isso. Você deveria ir, Tae. Está tarde. Você não precisa esperar por aqui.”
“Não se preocupe comigo. Eu já estava indo embora de qualquer maneira.” Ela suspirou, mas assentiu.
“Mamãe e papai estão chegando amanhã.” Desta vez foi a minha vez de acenar. “Eu não tenho certeza se vou voltar... Eu nem tenho certeza se posso lidar com os exames.”
Eu queria protestar, queria dizer que foi a ideia mais idiota que eu já ouvi, mas não foi. Eu queria passar dez minutos sozinho em um quarto com Keith e um taco de beisebol, mas sabia que não iria desfazer a dor que a minha amiga estava passando.
Mantendo os meus olhos focados na cama cinza escura, eu tossi.
“Eu quero implorar para você voltar, Jimin, mas eu sei que não posso.” Segurei a mão dele. “Você precisa estar onde se sentir melhor e se não é aqui... Bem, isso não significa que nunca mais vamos nos ver.”
“Eu só não acho que eu posso estar aqui, eu sinto que não consigo ir para universidade e não lembrar de tudo o que ele fez, como ele te machucou por minha culpa... Tudo aqui me lembra dele, todos aqui sabem o que aconteceu, o que ele fez comigo.” Jimin fungou e passou a mão no rosto. “Eu não posso mais fazer isso.”
“Eu entendo, nada é mais importante do que você agora e por favor, pare de dizer que Keith me machucou por sua culpa. Ele é um pedaço de merda, uma desculpa patética para um alfa. Nada do que aconteceu é culpa sua, não o que ele fez com você e nem o que fez comigo, tudo foi ele sendo um bastardo miserável.” Ele assentiu, mas eu sabia que minhas palavras estavam entrando em ouvidos vazios. “Você vai voltar para o Texas?”
“Não tenho certeza.” Dei-lhe uma olhada rápida e voltei os meus olhos para os meus dedos que brincavam com a borda dos lençóis.
“A família de Keith mora muito perto da sua, certo?” Jimin vem de uma matilha tradicional, a família do maldito do ex-namorado dele também faz parte de lá. Os pais dele saíram de Busan quando o ômega estava na adolescência e se juntaram a matilha de Dallas.
Jimin suspirou e negou com a cabeça.
“Eles estão pensando em voltar para a Coreia, já haviam falado disso há alguns anos já que os meus avós ficaram sozinhos lá.” Nós ficamos em silêncio, era bem mais tranquilizador saber que ele não voltaria para aquela matilha, não quero ser preconceituoso, mas existe um motivo para a maioria dos lobos viverem nas cidades e não mais em matilhas. Existe uma enorme chance de Keith se safar e Jimin seria massacrado naquele lugar. “Talvez você e Yoongi possam vir me visitar durante as férias de verão.”
Eu sequei uma lágrima que estava descendo pela minha bochecha.
“Sim, acho que seria ótimo. Eu nunca estive em Busan.” Mordi o lábio e hesitei por um segundo. “Se houver um julgamento e Keith...”
“Eu não quero falar sobre ele, Tae.” O ômega me interrompeu.
“Ok. Eu sinto muito.” Ele estava segurando o lençol, então eu coloquei a minha mão em cima da dele. “Eu sinto muito.”
Quando Jimin não falou, eu olhei para cima e vi que ela estava chorando também.
“Eu simplesmente não consigo parar, você sabe,” ele disse baixinho, o seu lábio inferior tremendo um pouco enquanto enxugava as lágrimas quase tão rapidamente quanto elas estavam caindo. “Isso vem e vai. Um segundo, estou bem, e no próximo sinto-me mal do estômago.” Ela levantou os olhos para mim e depois olhou para o meu pescoço, onde as minhas contusões eram visíveis, mesmo através da base que eu tinha aplicado. “E seu pescoço...”
Eu toquei o meu pescoço com as pontas dos dedos.
“O quê? Isto? Eu não estou ferido, Jimin. Estou chateado por não ter tido a oportunidade de machucá-lo, então nem pense nessa parte.” Até agora, o seu método preferido de como lidar com tudo era evitar todas as conversas relacionadas a Keith. Nós não íamos insistir, de qualquer forma, e ter Myeon por perto forneceu uma proteção. Todos nós rimos das suas travessuras, e quase parecia um dia normal para três amigos íntimos. “Vou sentir falta do meu melhor amigo,” eu disse. “Você já contou para o Yoongi?”
“Eu vou falar com ele.” Foi quando a cabeça do alfa espreitou pela porta aberta.
“Alguém disse meu nome? Eu pensei que você estivesse dormindo, seu pequeno mentiroso.” Ele deu a volta na cama e se sentou na minha frente. “Tae, seu telefone está ficando louco na sua bolsa. Talvez você devesse dar uma olhada.”
Franzindo a testa, levantei-me. Eu esqueci tudo sobre o meu telefone depois de enviar uma mensagem rápida para Jungkook dizendo a ele que Jimin estava bem. Eu tinha visto chamadas perdidas e notificações depois de ler a mensagem dele quando acordei no meio da noite, mas ignorei tudo isso. A primeira coisa que fiz depois que o alfa e eu nos separamos na frente do nosso prédio foi ver tudo o que Jung-ho havia mandado. Depois que eu mandei uma mensagem para ele dizendo que ia contar tudo para o Jungkook, ele ligou inúmeras vezes, deixou oito mensagens de voz e enviou algumas mensagens. Eu excluí tudo sem sequer ouvi uma palavra. Embora eu tenha acabado de ler as suas mensagens, nenhuma delas disse nada que eu quisesse ouvir, então eu as excluí também. Estava farto de ser um capacho para ele, e já tinha passado da hora.
Deixei Jimin e Yoongi sozinhos e fui procurar o meu telefone. Estava tocando e eu esperava que fosse Jungkook, mas infelizmente, não era.
“Sim.” Atendi, relutante.
“Onde você está?” Jung-ho questionou antes que eu pudesse terminar de falar.
Não, eu estava preocupado com você . Não, eu ouvi o que aconteceu na biblioteca . Não, você está bem, Taehyung? Não há algo que eu possa fazer? Mas nada disso importava porque eu já tinha conversado com o meu pai. Ele já havia feito as perguntas que um pai deveria fazer. Este homem não era nada para mim, e foi culpa minha por pensar que as coisas poderiam ter sido diferentes.
“Eu estou com meus amigos,” respondi friamente.
“Você contou a ele? Jungkook?” Revirei os olhos, claro que isso seria a sua única preocupação.
“Ainda não, mas eu vou.” Eu iria naquela noite, assim que eu decidisse como fazer. Naquele momento, percebi que não tinha medo de contar a ele sobre Jung-ho e Seokjin. Eram apenas palavras, e teria sido fácil o suficiente sentar-me e explicar desde o começo. O que eu temia era como o alfa reagiria. Jungkook ficaria com raiva de mim por deixá-lo pensar que havia algo acontecendo o meu pai biológico e eu? O que quer que estivesse acontecendo entre nós terminaria antes mesmo de começar? Era disso que eu estava com medo, perdê-lo. Deus sabia que eu ficaria com raiva dele por me deixar pensar o pior dele.
“Onde você está?” Ele perguntou de novo, e eu poderia dizer que Jung-ho estava rangendo os dentes. “Eu vou buscá-lo. Nós precisamos conversar.”
“Agora estou ocupado.” Declinei o mais evasivamente possível, eu não queria vê-lo e muito menos falar com ele.
“Taehyung,” ele trovejou através do telefone. “Você vai me dizer onde diabos você está e nós vamos conversar.”
Raiva borbulhava dentro de mim. Eu estava bem perto de odiá-lo, não que eu realmente o amasse antes, mas pelo menos eu não o detestava. Estava curioso e queria ter a hipótese de conhecê-lo. A primeira vez que nos encontramos, eu disse a ele como estava empolgado para conhecer Seokjin, como eu sempre quis ter um irmão ou uma irmã. Ele gentilmente me disse que era muito cedo para contar a Jin, dizendo que deveríamos aproveitar o tempo e nos conhecer antes de contarmos a ele, porque ainda estava chocado. Jung-ho disse que estava tentando proteger a sua família e eu entendi. Oh, não era a melhor sensação saber que ele estava tentando protegê-los de mim, mas pelo menos eu o entendia. Conforme os três anos seguintes se passaram, eu lentamente percebi que o alfa não estava interessado em contar nada ao meu irmão, pelo menos não toda a verdade, e a conclusão chegou três anos atrasada.
Então, chegou a hora de contar tudo o que eu mantive por tanto tempo. Nós íamos ter uma conversa, e dessa vez eu seria o único falando. Provavelmente seria a última vez que eu o veria também, e eu estava mais do que bem com isso. Eu dei a ele o endereço de Yoongi, e ele me disse que estaria aqui em quinze minutos.
Depois de me sentar com Yoongi e Jimin por mais dez minutos, prometi a eles que voltaria no dia seguinte para encontrar o Senhor e a Senhora Park, então saí para esperar que Jung-ho viesse me buscar. Quando eu disse aos meus amigos que iria falar com ele, Yoongi me deu um olhar alarmado, mas não pensei em nada disso. Eu deveria ter feito, deveria estar tão alarmado quanto ele porque eu não sabia disso, mas naquele exato segundo, Jungkook estava esperando por mim do outro lado da rua do prédio de apartamentos que eu tinha acabado de sair.
Meu telefone tocou com um novo texto e eu olhei para baixo para ler enquanto caminhava em direção à calçada.
Jungkook: Estou morrendo de saudade.
Quando ouvi um carro, ergui o olhar e vi o SUV preto de Jung-ho vindo em minha direção. Sem mandar uma resposta, enfiei o telefone no bolso de trás e esperei nervosamente que ele parasse bem na minha frente. Quando subi no banco do passageiro, sem que eu soubesse, Jungkook deu alguns passos para a frente e olhou para o carro em estado de choque. Eu não sabia que o alfa estava esperando do outro lado da rua para poder voltar para o apartamento comigo. Eu não sabia que ele queria me surpreender.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Jung-ho abriu a porta do apartamento e gesticulou para eu entrar primeiro.
"Vá, Taehyung." Ele disse com os dentes cerrados quando hesitei.
Desde que Jungkook havia se mudado, Jung-ho nunca tinha ido ao apartamento. Houve um punhado de vezes que ele me convidou para sair, sempre em algum lugar longe do campus – longe dos olhos atentos – mas mais frequentemente do que não, ele tinha me dado um bolo. Nos últimos meses, eu o vi um total de três vezes, ou talvez quatro. Nas ocasiões mais recentes, ele mal me olhava no rosto. O homem que atuava como se estivesse interessado em me conhecer desapareceu em algum lugar meu ano de calouro e o segundo ano, e eu era um idiota por ter deixado essa situação se arrastar por tanto tempo.
Entrei no apartamento em pânico por um momento enquanto me perguntava onde Jungkook estava, não tenho certeza de como o alfa iria entender se encontrasse o treinador aqui, principalmente tão tarde da noite. Okay, risque isso. Eu sei exatamente como ele entenderia. Jung-ho não parecia nem um pouco preocupado, não perdeu tempo passando por mim até a sala de estar, sua postura era rígida.
"Diga-me do que se trata," ele ordenou quando eu estava perto o suficiente.
"O que quer dizer?” Questionei, me abraçando e evitando os olhos dele.
"Não me faça repetir, Taehyung. De onde veio essa necessidade de contar ao Jungkook?" Ele não podia ser tão cego, poderia?
"Eu gosto dele," disse devagar. "Nós somos mais do que apenas amigos."
Apenas dizer em voz alta fez o meu estômago apertar da melhor maneira possível. Se eu não estivesse olhando para o rosto zangado de Jung-ho, tenho certeza que teria sorrido.
"Você não pode ser tão estúpido." Engoli o gosto amargo na minha boca e optei por não responder. "Ele é amigo de Seokjin, Taehyung. Se disser algo a Jungkook ele contará tudo."
"Jungkook não vai fazer isso, além disso qual seria o problema? Nós vamos contar a ele depois do último jogo de qualquer maneira." O alfa me deu um olhar cheio de ódio, e eu tentei manter a minha expressão neutra. "Nós vamos dizer a ele, certo?" Em movimentos bruscos, Jung-ho passou a mão pelo cabelo e murmurou algo em voz baixa enquanto olhava pela janela. Eu dei um passo para trás e desabei no sofá. "Mesmo depois do último jogo, você não iria me deixar contar a ele, não é? Você nunca vai dizer a Seokjin que ele tem um irmão."
No fundo, eu sempre soube. Se não, eu era muito estúpido, e eu realmente não queria acreditar que era tão estúpido. A qualquer momento poderia ter ido até meu irmão e começado uma conversa, mas não fiz porque estava com medo de como Jin reagiria. Eu não o conhecia, não queria lidar com a rejeição, então deixei Jung-ho adiar. Além disso, acho que secretamente queria dar a ele o benefício da dúvida, queria que Jung-ho quisesse fazer parte da minha vida. Ele era meu pai biológico, afinal, e amar o que veio de você era instintivo, não era? Considerando o olhar no rosto do alfa, não acho que seja o nosso caso.
"Por que você me chamou para vir pra cá? Por que me chamar pra Los Angeles? Você não me quer perto dele e claramente não quer fazer parte da minha vida. Os telefonemas, os presentes, esse apartamento.” Gesticulei. “Quando eu cheguei aqui, a forma como você agiu comigo, isso tudo era mentira? Você estava apenas atuando e mentindo para me manter quieto?"
O alfa se virou para mim e alisou as bordas da boca com os dedos.
"Não é tão simples assim.” Jung-ho disse por fim. “Há coisas que você não sabe."
"Que coisas?" Frustrado, bati na almofada do sofá com a palma da mão. "Diga-me então. Estou cansado deste vai e volta entre nós. Não estamos chegando a lugar nenhum. Que coisas eu não sei? Minha mãe disse que você me queria aqui, que você queria me conhecer. Ela é a única razão pela qual eu quis vir aqui.” Nunca planejei me mudar da Coreia para Los Angeles, o único lugar nesse país que eu pretendia me mudar era para Nova York e apenas quando terminasse meus estudos. Descobrir sobre Seokjin mudou tudo, eu queria conhecer meu irmão, mas isso não era o suficiente para me fazer deixar tudo e vir para a Califórnia. “Eu não vim aqui por capricho, eu planejava chamar meu irmão e contar tudo, talvez visitá-lo. Mas não teria vindo pra cá se não tivesse dito que queria me conhecer e fazer parte da minha vida. O que estou perdendo aqui?"
"A maldita da sua mãe mentiu para você, tudo bem? Isso é o que você está perdendo. Ela não fez nada além de mentir para todos durante toda sua vida. Mesmo morta, ela ainda está fodendo comigo." Eu olhei para ele em choque. Os seus cabelos grisalhos eram grossos, nenhum sinal de desgaste, e eu me lembrei de me sentir tão bobo por notar isso quando o conheci. Quando Jung-ho encontrou o meu olhar atordoado, olhei de volta para os meus próprios olhos: verde misturado com avelã. Que piada cruel. Os mesmos olhos, o mesmo nariz, o tom de pele. Eu me parecia mais com ele do que com a minha mãe, Seokjin era a imagem da minha mãe, em contrapartida. Antes que eu pudesse pensar em linha reta o suficiente para chegar a uma resposta, ele continuou. "Ela disse a você que estávamos apaixonados?” Ela tinha, mas eu não respondi. O alfa não parecia precisar da minha participação na conversa de qualquer maneira. Jung-ho nunca fez. Ele balançou a cabeça e continuou quebrando o meu coração, desgosto escrito em todo o seu rosto. "Nós fodemos," ele retrucou, abrindo os braços em exasperação. "Nós fodemos atrás das costas da minha esposa, a melhor amiga dela. Foi o que fizemos, Taehyung. Não havia amor, apenas sexo sem sentido e descuidado porque eu estava tendo problemas com a minha esposa, porque não poderíamos ter filhos, porque... não foi mais do que um erro. Depois que eu a convenci a dar Seokjin, ela queria voltar ao jeito que estávamos e eu não. É isso aí. Eu menti pra ela para poder pegar o meu filho. É aí que a história termina. Você foi apenas mais um dos nossos erros. Isso só aconteceu uma ou duas vezes depois de Jin, e então ela estava grávida de novo.”
"Não, você está errado. Você não sabia de mim, ela não disse que estava grávida." Ele me deu um longo olhar e balançou a cabeça.
"Eu sabia sobre você. Eu paguei para ela acabar com a gravidez. Ela pegou o dinheiro, disse que não queria mais me ver e se mudou para Nova York." Estávamos de pé perto demais, então eu dei alguns passos para trás e coloquei o sofá entre nós. Se eu pudesse, teria acabado de sair de LA sem sequer olhar para trás. "O que eu não sabia era que Jihyo realmente mentiu para mim e te manteve, o que eu só soube quando sua mãe ligou para me contar sobre seus problemas de saúde. Ela me implorou para ir vê-la e quando percebeu que eu não iria fazer isso, me contou sobre você. Talvez achasse que isso mudaria a minha mente, ou talvez pensasse outra coisa. Eu não tenho a mínima ideia do que Jihyo estava pensando quando mentiu sobre acabar com a gravidez."
Eu senti como se houvesse alguém sentado no meu peito, esmagando-o. A minha mãe e eu tivemos muitos problemas, e houve muita raiva no fim por causa das coisas que ela escondeu de mim, mas eu cheguei a um acordo com tudo. Eu aceitei isso. Era a vida dela, afinal de contas, e não era como se eu pudesse voltar no tempo e esperar que minha mãe não fosse uma mentirosa. Eu não poderia fazê-la reconsiderar desistir de Jin, não poderia dizer a ela que Jung-ho era um mentiroso e ela seria estúpida em acreditar em qualquer palavra que saísse da boca dele. Mesmo naquela primeira noite em que ela me pediu para sentar na beirada da cama doente para me contar sobre o meu ‘pai verdadeiro’, eu não me senti tão indefeso como estava diante de Kim Jungh-ho.
"Por que você me pediu para vir aqui?" Questionei.
"Ela queria você comigo." Ele disse, desviando o olhar.
"Eu já tenho um pai, o marido dela. Ela não iria..." Mesmo enquanto eu insistia nas palavras, no fundo eu sabia que ela faria.
"Você não entende, não é? Sua mãe estava apenas tentando chamar a minha atenção, ameaçando chamar Jieun e Jin, e ela já havia contado tudo. Você teria vindo aqui para encontrar Seokjin com ou sem mim. Pelo menos assim consegui proteger o meu filho. Pelo menos dessa maneira ele pode se concentrar em seu futuro e não neste absurdo." Desse jeito, eu terminei com ele. Toda conversa dolorosa e forçada que eu tive desde que pisei em Los Angeles fez muito mais sentido. Eu estava triste? Sim, mas apenas porque fui estúpido o suficiente para acreditar que Jung-ho estava interessado em me conhecer quando realmente não queria nada comigo.
Eu percebi que estava me segurando, abraçando os meus braços. Soltando as minhas mãos para os lados, endireitei a minha coluna e assenti.
"Agora que sei tudo, acho que quero que você saia." Respondi, incapaz de encará-lo.
"Este é o meu apartamento." Ele rebateu e forcei um sorriso.
"E você pode ter tudo para si mesmo. Estou indo embora amanhã." Eu não quero ter nada a ver com ele, além disso é melhor desse jeito. Eu vou fazer minhas malas, contar tudo para Jungkook quando ele chegar e podemos arranjar um lugar para passar a noite.
"Você vai voltar para a Coreia?" O alfa pode desejar isso o dia todo todos os dias, mas eu não faria mais nada para tornar a vida mais fácil para ele.
Eu soltei uma risada forçada, mas saiu mais como uma tosse.
"Tenho certeza que você adoraria isso, mas não. Eu tenho mais um ano e meio na faculdade e não vou a lugar nenhum até então. Não se preocupe, você não vai mais me ver. Nenhum de nós quer ver o outro, então pelo menos temos isso em comum. Deve ser um alívio para você."
"Tudo bem," Jung-ho disse, olhando para os pés com uma carranca e acenando para si mesmo. "Você pode deixar Los Angeles depois de se formar."
"Eu vou deixar a cidade se eu quiser sair.” Argumentei, me sentindo mais amargo a cada segundo. “Eu não preciso da sua permissão para fazer qualquer coisa – não mais."
"Tudo bem, faça o que você quiser. Apenas fique longe da minha família." Não senti nada, absolutamente nada por esse homem, e a percepção foi impressionante. Eu acabei de ouvi-lo e isso definitivamente me fez bem, como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros. Jung-ho não teria mais nada a dizer, não quem eu namorava, não com quem conversava - nada. Eu escolhi ficar quieto e o alfa não gostou disso. Ele começou a andar na minha direção. "Você não vai contar nada ao Jungkook."
"Sinto muito, mas isso não vai funcionar para mim. Jungkook não é da sua família," eu disse em uma voz controlada. No interior eu estava fervendo de raiva quando o meu pulso disparou.
"Eu não estou brincando com você, Taehyung. Você não vai contar nada para o melhor amigo do meu filho." Ele agarrou meus braços e me sacudiu.
"Eu não vou mais mentir para ele. Estamos juntos e ele merece saber, não vou esconder nada dele.” Tentei me soltar, mas ele apenas me apertou ainda mais.
"Quem você pensa que é? Apenas alguns meses atrás, Jungkook estava lutando com os seus companheiros de equipe pela ex-namorada. Você realmente acha que significa alguma coisa pra ele? Jeon é um atleta com um futuro promissor pela frente, ele encontrará outra pessoa em menos de uma semana."
"Não. Ele acha que estou dormindo com você e, por sua causa, eu nem consegui corrigir isso. Se você acha que pode me impedir de..." Antes que as palavras saíssem da minha boca, ele estava bem na minha frente e houve um estalo alto na sala, em seguida, uma intensa ardência no meu rosto. Isso ecoou nos meus ouvidos e meu rosto queimado com uma dor que eu nunca senti antes. Eu encarei os meus pés em choque e toquei a minha pele com meus dedos quando a dor pareceu irradiar em pulsos. Antes que eu pudesse pensar, antes mesmo que eu soubesse como reagir, os dedos de Mark estavam segurando o meu queixo e ele estava me forçando a olhar para ele. A minha mão caiu para o meu lado e eu finalmente olhei nos seus olhos familiares. A única diferença era que os meus se enchiam de lágrimas enquanto os dele transbordavam de raiva.
"Eu não trouxe você aqui para que pudesse foder o meu time de futebol. Você é como sua mãe, não é? Apenas uma puta indo atrás de jogadores de futebol." Ele não estava mais gritando, mas o seu rosto e garganta estavam vermelhos, e eu podia sentir a sua saliva no meu rosto enquanto ele sussurrava para mim. "Isso é o que sua mãe fez antes de cair na minha cama. Deus sabe quantos dos meus colegas de time se divertiram com ela, e a maçã não caiu muito longe da árvore, não é?" Com meu coração batendo na minha garganta, eu fiquei em silêncio, mas tentei escapar do aperto dele. Seus dedos apenas apertaram ainda mais. "Envolve a minha família, então sou eu quem decide, não você – nunca se esqueça disso. Você não vai contar nada a ninguém. Eu não me importo com o que Jungkook pensa do nosso relacionamento. Eu não me importo se ele acha que eu estou dormindo com o ômega que ele acha que está interessado. Você vai ficar de boca calada. Se acha que pode ir pelas minhas costas e falar com Jungkook, pense novamente. Você diz uma palavra para ele e eu juro que farei o que tiver que fazer para garantir que Jungkook não tenha um futuro jogando futebol, começando com o último jogo da equipe. Eu vejo você em qualquer lugar perto dele, e ele está fora do jogo esta semana, e com todos os olheiros os observando..." Antes que ele pudesse terminar a sua ameaça, a porta do apartamento abriu e eu sabia que Jungkook tinha entrado. Por um momento eu entrei em pânico e tentei mais uma vez afastar o meu rosto do aperto de Jung-ho, mas não fazia sentido. Eu estava preso até que ele decidisse me deixar ir depois de segundos que pareciam durar anos. Eu virei a minha cabeça.
Jungkook parecia muito calmo, apenas olhando para mim como se ele não estivesse surpreso, como se não estivesse machucado. Eu apenas fiquei lá, os meus olhos presos no seu olhar. De repente, a dor no meu rosto desapareceu e a dor que senti no meu peito assumiu.
"Eu acho que é hora de você encontrar outro lugar para ficar, Jungkook," Jung-ho disse, um arrepio me percorreu e me afastei dele, esfregando discretamente o ponto no meu queixo onde ele me tocou. O meu estômago deu um nó, olhei nos olhos de Jungkook até que não consegui mais.
O alfa entenderia o quanto eu precisava dele? Que precisava que ele pegasse a minha mão, ligasse os nossos dedos e me levasse embora? Jungkook não faria isso. Entretanto, no momento em que eu quebrei o contato visual, o alfa quebrou o silêncio.
"Taehyung?" Ele chamou meu nome e os meus olhos voaram até os dele novamente.
"Jungkook..." Jung-ho falou antes que eu pudesse, mas Jungkook levantou a voz e falou por cima do outro alfa.
"Eu quero ouvir isso dele." A minha respiração ficou presa na minha garganta e eu não consegui dizer uma única palavra. Jung-ho poderia segurar uma arma na minha cabeça, mas eu ainda não teria sido capaz de dizer. Com ele na sala, eu não poderia dar a Jungkook a explicação há muito atrasada, não quando eu sabia que uma palavra errada saindo fora da minha boca poderia custar o seu futuro, um que ele esteve trabalhando por toda a sua vida. Eu não sabia se Jung-ho estava sendo sincero com a ameaça dele, mas não podia arriscar, não com algo tão importante.
Eu estava tão perdido em meus próprios pensamentos, repassando tudo, tentando chegar a uma solução, uma resposta, que eu só olhei para cima quando ouvi a porta do apartamento fechar suavemente.
Aquele clique silencioso quebrou alguma coisa em mim e eu não consegui ar suficiente nos meus pulmões. Não havia ar suficiente no mundo, não depois que Jungkook saiu, não quando eu estava na mesma sala que Jung-ho. Percebendo que estava prestes a ter um ataque de pânico, pressionei a minha mão no meu peito na esperança de diminuir o meu coração dolorido e tentei ignorar o fato de que eu estava me sentindo tonto, quente e frio ao mesmo tempo.
Depois de passar alguns minutos de luta e controlar tudo o suficiente para que eu pudesse me mexer, engoli tudo o que queria dizer para Jung-ho e me dirigi para o meu quarto nos fundos do apartamento.
"Onde você está indo?" O ignorei, apenas continuei andando. "Estou falando com você, Taehyung!"
Jung-ho gritou, levantando a voz pela primeira vez, fazendo-me recuar, mas eu ainda saí sem olhar para trás. A minha primeira parada foi no banheiro, e foi aí que tive um vislumbre de mim mesma no espelho. Meu rosto estava vermelho, os meus olhos grandes e sem vida. O lado esquerdo da minha bochecha era de um tom mais escuro de vermelho que a minha direita, a picada voltou com uma vingança, e havia uma dor de extra acompanhando-a. Eu me perguntei se Jungkook teria ficado se tivesse visto a vermelhidão da minha pele.
Inclinei a minha cabeça para cima e percebi que o meu pescoço também não parecia bonito com todos os hematomas. Nada disso importava, no entanto. Nada do que eu estava vendo doía mais do que a dor no meu coração. Eu respirei fundo e me forcei a desviar o olhar. Peguei todas as minhas coisas e então fui para o meu quarto e arrumei as minhas roupas na minha cama.
Arrastando as minhas malas, eu arrumei cada coisa que possuía. Demorei quinze minutos.
Puxando minha bagagem pelo corredor, parei ao lado da porta e tirei as minhas chaves do bolso do meu casaco. Eu encontrei as duas que não pertenciam a mim e as tirei do meu chaveiro roxo. Eu olhei para cima e vi que Jung-ho estava sentado no sofá, de costas para mim, os ombros curvados para a frente enquanto ele segurava a cabeça entre as mãos.
Meu pai havia sentado assim há três anos e meio quando eu soube que ele não era o meu pai biológico. Ele estava chateado porque achava que eu ficaria bravo com ele por mentir todos aqueles anos, mas como eu poderia? Como eu poderia estar com raiva de alguém que me amou todos os dias da minha existência, mesmo que eu não fosse o sangue dele? Vendo Jung-ho sentado assim... aquela pose dele me incomodou.
O que ele perdeu? Nada.
Parado ali eu tinha duas opções, poderia caminhar até ele e colocar as chaves no balcão da cozinha ou simplesmente as deixaria cair. Eu escolhi a última opção e simplesmente deixei-as cair no chão de madeira. Nem mesmo o som agudo dos objetos de metal fez com que Jung-ho recuasse ou olhasse para cima.
Eu saí sem dizer uma única palavra, e ele não fez nada para me impedir. O alfa estava finalmente livre. Ainda em estado de choque, fiquei na frente da porta do apartamento e tentei pensar. Era muito tarde, mas eu poderia ligar para um Uber e ir para a casa de Yoongi, ou eu poderia... Droga, para onde mais eu iria? Talvez eu tenha o suficiente para passar a noite em um hotel.
Eu estava ajeitando as malas quando a Sra. Hilda abriu a porta. Ela era a última pessoa na terra com quem eu queria conversar. Bem... digamos que ela era a penúltima, antes de Jung-ho. Eu a ignorei completamente e comecei a me mexer. No começo ela não disse nada, mas o silêncio não durou muito. Nunca durava quando vinha dela.
"Onde você está indo, jovem Kim?" Fechei os olhos e respirei fundo.
"Sra. Hilda, hoje realmente não é..." Comecei a dizer, mas ela bufou e se aproximou.
"Eu ouvi tudo.” Argumentou se aproximando.
"Bom para você. Tenha uma ótima vida." Eu estava prestes a passar por ela para alcançar as escadas, mas a ômega entrou na minha frente e antes que eu pudesse me esquivar dela, ela pegou um aperto surpreendentemente forte no meu queixo e começou a examinar a minha bochecha esquerda.
Quando recuei, ela deu uma gargalhada e me soltou.
"Você poderia ter me dito que não era amante dele, você sabe." Eu pressionei os meus lábios e apertei as minhas malas.
"Se você puder me dar licença..." Antes que eu pudesse terminar, ela agarrou minha mala e rodinha.
"Oh pare com isso. Entre. Eu não vou perder o sono por causa de você, imaginando onde você está."
"Por favor!" Eu levantei a minha voz. "Saia do meu caminho."
"Você quer que ele venha aqui? Eu não penso assim. É uma hora da manhã. Onde você irá?" Os seus olhos se estreitaram para mim e ela ficou mais ereta.
"Sra. Hilda..." Pisquei para afastar minhas lágrimas, eu não queria nada mais do que me deitar e chorar até dormir.
"Oh pelo amor de Deus, apenas me chame de Hilda." Exasperado e praticamente acima do meu limite para o quanto eu poderia aceitar merda em uma noite, eu tentei novamente.
“Estou me mudando, como você pode ver. Eu estou indo para a casa do meu amigo.” Respirei fundo. “Por favor, você pode me deixar ir."
"Você não está se mudando de madrugada." Apesar dos meus protestos, ela puxou uma das minhas malas e foi diretamente para o apartamento dela.
"Sra. Hilda! O que você está fazendo?" Ela voltou e pegou a outra.
"Eu sei que não sou a vizinha mais fácil de se ter, mas se você acha que eu vou deixar você sair desse jeito, você está errado, Kim Taehyung. Agora você pode ficar parado ali e esperar aquele monstro sair e ver você ou pode entrar e se acalmar." Apertando a ponte do meu nariz, respirei fundo e exalei. Quando olhei para cima, a vi parada na porta, esperando por mim. "Só por esta noite." Ela revirou os olhos. "Eu certamente não estou oferecendo para você ser meu colega de quarto."
De má vontade, eu entrei. A única razão pela qual estava aceitando a oferta dela era porque eu não queria sobrecarregar Jimin com todo o meu drama aparecendo lá no meio da noite.
Sra. Hilda fechou a porta atrás de mim.
"Vou fazer chá e pegar algumas ervilhas congeladas para acalmar a sua bochecha. Então podemos nos sentar e ter uma boa conversa e você pode me dizer o que você está planejando fazer agora que está sem casa. Eu não pude ouvir tudo, então você vai ter que me contar algumas coisas." O olhar no meu rosto deve ter dito tudo porque ela me dispensou e foi em direção à sua cozinha. "Oh, não se preocupe, eu ouvi a maior parte, só tenho algumas perguntas. Enquanto estou na cozinha, por que você não para de ficar ao lado da porta como um cabo de vassoura e verifica as cortinas para mim?"
O dia seguinte não poderia vir em breve, porque eu já tinha descoberto o que ia fazer.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Os exames passaram como um relâmpago. Eu não acho que estaria exagerando se dissesse que foi a pior época da minha vida.
A Sra. Hilda estava no seu ego arrogante, intrometida, mas abriu a sua casa para mim e eu estava grato por isso. Eu ficando no seu apartamento por mais dois dias poderia ter algo a ver com a minha espera por Jungkook para que eu pudesse apanhá-lo quando o alfa voltasse para pegar as suas coisas, mas nunca tive a oportunidade porque ele nunca apareceu. Depois que dois dias se passaram, eu mudei as minhas coisas para Yoongi. Quando Jimin se mudou para um hotel com os seus pais, um colchão de ar se abriu e tinha o meu nome nele. Era temporário, até que eu pudesse encontrar um novo apartamento e talvez alguns colegas de quarto.
Jimin decidiu ficar para os exames e os seus pais nunca o deixaram fora de vista. Foi difícil dizer adeus a ele, e não tenho vergonha de admitir que nós três tivemos um longo festival de choro, mas saber que nos veríamos o quanto antes ajudou a diminuir a dor. Eu escolhi não contar a Jimin o que aconteceu com Jung-ho, mas Yoongi sabia tudo sobre isso. Eu estava uma bagunça completa, e ele era a minha rocha apesar de tudo. O que mais doeu, porém, foi saber que era tudo culpa minha. Se eu tivesse contado tudo a Jungkook desde o começo, ou pelo menos quando soube que queria que o alfa fosse meu, poderia ter evitado todo o sofrimento que tinha passado. Mas, eles sempre dizem que nada que vale a pena é fácil de alcançar, e Jeon Jungkook com certeza não iria tornar isso fácil para mim.
Era o último dia dos exames e eu nunca estive tão nervoso como naquele momento, parado ao lado do Challenger preto. A última vez que eu tinha verificado meu telefone era por volta das oito da noite, e eu me recusei a verificá-lo novamente desde que sabia que apenas um minuto ou dois tinham passado desde então. Eu estava andando de um lado para o outro quando o vi chegando. Fechei os olhos e respirei fundo, o meu coração batendo a uma milha por minuto, e eu estava a apenas alguns segundos de vomitar – não era primeira impressão que queria fazer. Eu limpei a minha garganta em preparação e estalei os meus dedos.
É agora. Esse é o momento pelo qual eu esperei anos, e tudo que eu parecia capaz de sentir era horror.
Kim Seokjin diminuiu a velocidade quando me viu parado ao lado de seu carro, o alfa me deu uma encarada rápida. Eu não conseguia ver os seus olhos por causa do boné que ele usava, mas tinha certeza de que o alfa não estava feliz em me encontrar esperando por ele. Depois de me dar um longo olhar, Jin apenas balançou a cabeça, abriu a porta do carro e jogou a mochila para dentro. Eu fiquei congelado, esperando que ele dissesse as primeiras palavras, então eu saberia como proceder, mas o alfa não fez isso.
Jin entrou no seu carro e estava prestes a fechar a porta quando eu descongelei e a segurei.
"Eu preciso falar com você." Murmurei as palavras, o meu coração ainda batendo descontroladamente. Seokjin olhou para mim e então eu vi os seus olhos – os olhos da minha mãe.
"Eu não acho que sou aquele com quem você devia falar." Ele olhou para a minha mão, que estava segurando sua porta aberta. "Agora, se você puder se afastar, eu gostaria de sair."
O seu carro estava estacionado do lado de fora do campus. Eu fiz um pouco de perseguição e demorei alguns dias para descobrir onde o alfa geralmente estacionava; não havia como eu passar por tudo isso de novo. Este era o dia em que eu contaria tudo a ele. Não há mais procrastinação.
Eu não tinha ideia do que Jungkook havia dito a Jin, mas parecia que ele sabia o suficiente para não gostar de mim.
"Não." Neguei, encontrando a minha voz, ele abriu a boca, mas acrescentei rapidamente. "Isso não tem nada a ver com Jungkook. Quero falar com você."
"Eu juro por Deus, se você está tentando dar em cima de mim..." Fiz uma careta.
"Não!" Explodi. "Deus, não... Isso seria.. Apenas dez minutos – preciso falar com você por dez minutos, é isso. Eu prometo que não vou incomodá-lo de novo, mas eu não vou embora até você falar comigo."
Era verdade, eu não estava planejando incomodá-lo depois que dissesse tudo o que precisava dizer. Se o alfa não quisesse nada comigo, tudo bem. Eu não iria forçá-lo a ter um relacionamento comigo, mas eu cansei de esperar para que a verdade fosse conhecida. Depois de um convite hesitante, entrei no banco do passageiro e sofri uma viagem de carro dolorosamente desconfortável para um pequeno restaurante a poucos minutos do campus. Eu assumi que Seokjin não queria que ninguém nos visse juntos, e quando ele me disse para dizer o que eu precisava dizer, me recusei a fazer isso em um carro.
Minhas mãos tremiam quando me sentei na cabine e esperei que meu irmão se estabelecesse na minha frente.
O alfa tirou o boné e o colocou na mesa, mexendo com o cabelo.
"Estou ouvindo." Eu lambi os meus lábios e me inclinei para frente.
"Isso vai soar louco, mas vou tentar..." Coloquei minhas mãos no meu colo, desesperado para passar uma tranquilidade que eu não sentia.
"Olá, sou Moira. O que eu posso pegar para vocês, crianças?" Fechei os meus olhos, desejando que o meu coração desacelerasse e não fizesse uma bagunça.
"Vou tomar um café, por favor." Seokjin disse.
O rosto sorridente de Moira se virou para mim e o sorriso caloroso se transformou em uma carranca.
"Você está se sentindo bem, querido?" Eu consegui um aceno de cabeça e tive que limpar minha garganta antes de falar.
"Pode me trazer uma água, por favor?" Pedi, baixinho.
"Claro. Eu voltarei com isso. Deixe-me saber se você precisar de mais alguma coisa." Quando Moira se afastou, olhei para Jin novamente. Ele estava me observando, seus olhos julgando.
Depois de anos de espera, eu deveria estar pronto para a conversa, mas ainda havia uma grande parte de mim que tinha medo da rejeição, eu sempre fui assim e a convivência com Jung-ho só tornou pior. Mas felizmente o restante de mim estava exausto e só queria terminar com tudo isto. Eu alcancei a minha bolsa e tirei o envelope. Levantando os meus ombros, coloquei-o na mesa e alisei-o com as mãos.
"Aqui está." Moira colocou uma grande caneca na frente de Seokjin e um copo gigantesco de água gelada na minha frente. "Você me avisa se eu puder pegar um chá com mel, okay? E talvez uma fatia de torta para acompanhar? Isso faz maravilhas para mim quando estou tendo um dia ruim."
Eu dei a ela um sorriso genuíno e a garçonete nos deixou sozinhos.
"Eu não posso ajudar você com Jungkook. Não tenho ideia do que você fez com ele, mas não vou poder..." Ergui a mão, o interrompendo.
"Isso não é sobre Jungkook. Eu te disse isso." Eu alisei o envelope de novo e os seus olhos caíram para me ver fazer isso.
"Então eu não tenho ideia do que você quer falar comigo, e eu realmente não posso dizer que me sinto confortável aqui com você." Foda-se, todo o ensaio e os discursos que fiz para contar a verdade a ele. Talvez seja melhor assim, arrancar como um band-aid.
"Você não vai acreditar em mim, então eu pensei que trazer isso ajudaria." Eu empurrei o envelope em direção a ele e apertei as minhas mãos sobre a mesa quando o alfa o alcançou.
"O que é isso?" Ele franziu o cenho.
"Abra." Observei-o ler a única folha de papel com a respiração presa. A cada segundo que passava, a sua carranca ficava mais e mais profunda. Depois que ele terminou, ele afastou a caneca do café, colocou os cotovelos sobre a mesa e se inclinou para mim, lendo de novo e de novo.
"Isso é uma piada doentia?" Antes que eu pudesse responder, Seokjin começou a ler de novo, só que desta vez em voz alta.
"O suposto pai, Kim Jung-ho, não é excluído como o pai biológico de, Kim Taehyung. Com base nos resultados dos testes genéticos obtidos… a probabilidade de paternidade é de 99,9999%." Ele olhou para mim.
"Ele queria ter certeza de que eu era dele, então fizemos isso há três anos." As suas sobrancelhas subiram em direção à linha do seu cabelo.
"Você… Você fez esse teste há três anos?" Engoli, em seco.
"Sim." Ele lambeu o lábio inferior e recostou-se, o resultado do teste ainda apertado na sua mão. O alfa leu de novo e de novo, e esperei pacientemente. Tomei um gole da minha água e coloquei de volta na mesa, me preparando para contar a ele o resto. O que mais me surpreendeu foi que eu já não sentia que o mundo estava prestes a terminar. Eu também não me sentia leve e feliz, nem nada perto disso. Claro, eu precisava fazer muito fazer xixi, mas isso sempre acontecia quando eu ficava muito nervoso com alguma coisa.
Eu estava apenas aliviado que isso estava acontecendo e Seokjin finalmente conheceu pelo menos cinquenta por cento disso. O resto seria mais difícil de ouvir e aceitar, mas eu não tinha medo de contar a ele.
Quando Jin finalmente olhou para mim, eu estava pronto para explicar o resto.
"Isso..." Ele balançou o papel na sua mão. "Três anos?"
Eu assenti. Cerrando os punhos ele jogou o papel na mesa e levantou-se.
"Jin, eu..." eu comecei, surpreso por ele estar saindo. Eu me levantei, mas o alfa levantou a mão para me impedir.
"Me dê um minuto." Ele lentamente se afastou da mesa, de mim. "Não saia. Eu voltarei."
Eu assenti, me sentando e evitando olhar em volta porque sentia que as pessoas das mesas próximas estavam me encarando após toda a atenção que atraímos.
"Eu não vou. Eu tenho mais a dizer." Sem outra palavra, ele saiu do restaurante.
Tentando me acalmar, pacientemente dobrei e enfiei o documento de volta no envelope e coloquei de volta na minha bolsa. Moira chamou a minha atenção e piscou. Deus sabe o que ela achava que estava acontecendo.
Eu verifiquei o meu telefone. Sentei e escutei a família sentada atrás de mim por alguns minutos. Eles estavam falando sobre qual filme iriam assistir naquele fim de semana, a garotinha tentando convencer o seu irmão a ir com sua escolha e o pai e a mãe envolvendo-se. Pareciam felizes.
O pequeno sino sobre a porta do restaurante soou e chamou a minha atenção. Um segundo depois, Seokjin deslizou na minha frente de novo. O seu rosto parecia levemente corado, os olhos arregalados e atordoados, embora pudesse ter sido por causa do vento. Eu não perguntei onde ele tinha ido, mas…
"Você não ligou para Jung-ho, não é?" A sua cabeça inclinou enquanto ele tentava me ler.
"Não." Suspirei, aliviado. Eu ainda me preocupava que ele pudesse fazer algo contra Jungkook.
"Okay. Obrigado." Eu deslizei para trás no meu assento e peguei na minha água.
"Você disse que tem mais a dizer. Diga-me." Ele não pediu, eu sabia que o a mordida em seu tom não era contra mim, mas ainda assim me travou um pouco.
Coloquei o copo de volta na mesa e lambi os meus lábios.
"Não tenho certeza de por onde devo começar.” A parte fácil havia ido, o que eu estava prestes a contar iria doer muito mais.
"Você é meu meio-irmão, comece daí." Neguei com a cabeça.
"Na verdade..." Estremeci. "Na verdade, eu não sou."
Nos minutos seguintes, contei tudo a ele – tudo o que me foi dito, tudo o que aconteceu depois que vim para Los Angeles. No segundo em que comecei, não consegui me conter. Jin ouviu sem fazer uma única pergunta, o alfa estava esfregando a têmpora com os dedos da mão esquerda enquanto a outra segurava a borda da mesa com força. Depois que terminei, fiquei quieto e o vi tentar processar tudo. Ele pegou a caneca e bebeu metade do café morno de uma só vez.
Alguns minutos de completo silêncio haviam passado quando ele finalmente falou.
"Por que você está me dizendo isso agora?” Questionou. “Por que eu acreditaria em você?"
"Por que você acreditaria em mim?" Dei de ombros e parei de brincar com o saleiro que eu tinha segurado em algum momento. "Não foi assim que imaginei que aconteceria, confie em mim e não fui eu quem quis esperar. Eu vim aqui há três anos e estava pronto para lhe dizer então. O seu pai..."
"Você não quer dizer o nosso pai?" A sua voz era dura, e eu esperava que as suas palavras não tivessem a intenção de me magoar.
Eu balancei a cabeça.
"Na verdade, não. Claro, ele é biologicamente, mas só isso. Jung-ho nunca será o meu pai. Ele não quer nada comigo, e estou bem com isso. Eu já tenho um pai e ele é mais do que suficiente."
"O que você quer dizer com ele não te quer?" O alfa questionou, sem entender.
"Ele não quer ter um relacionamento comigo. E mesmo que quisesse, depois de tudo pelo que passamos, depois de tudo pelo que eu passei, obrigado, mas não. Eu não quero ter nada a ver com ele." Fiz uma pausa e olhei para cima. "Ele não foi a principal razão pela qual eu quis vir aqui, então isso realmente não importa."
"Mas vocês dois conversaram esse tempo todo. Ele estava passando tempo com você." Suspirei.
"Não é bem assim..." Dei de ombros. “Por um tempo eu realmente acreditei que ele quisesse me conhecer. Mas ficou bem claro que ele só se manteve por perto para me controlar, me impedir de te contar.”
"A minha mãe sabe? Ela sabe de você? Sobre tudo o que aconteceu depois da adoção?" A sua voz subiu.
"Não, não sobre mim. Eu não quero dizer nada de mal sobre sua mãe, mas pelo que posso dizer, eles estavam basicamente tendo um caso bem na frente dela. Eu não tenho ideia do que estava se passando pela cabeça dela, mas pelo que minha mãe me contou, as duas pararam de se falar depois que ela ficou sabendo do caso, apesar disso sua mãe estava completamente envolvida em adotar você. Talvez já soubesse disso e quando a gravidez surgiu, ela aproveitou a ideia porque não podia ter filhos? Eu realmente não tenho ideia, mas sei que Jung-ho disse para a minha mãe que eles estariam juntos eventualmente, disse que deixaria a sua esposa e eles criariam você juntos." Eu levantei os meus ombros tensos num encolher de ombros e olhei para fora. Depois de uma breve pausa, continuei. "Parece tão estúpido quando você diz em voz alta, não é? Depois de adotar você, por que ele voltaria para ela? Eu aprendi em primeira mão o quão manipulador ele pode ser, então eu entendo, mas ao mesmo tempo, eu não sei. Minha mãe disse que ele temia que o divórcio fosse ser ruim para a carreira dele, que poderia arruiná-lo se tivesse um escândalo pessoal como esse, mas eu não acho que ela estava aceitando. Eu ainda não entendo como ela pode desistir de você assim." Estremeci e desviei os olhos. "Desculpe, prefiro não entrar em mais detalhes porque não foi muito divertido ouvir isso pela primeira vez. Mas ela me disse que o casamento deles era somente de aparências - acho que sua mãe é filha do antigo treinador de Jung-ho." Eu bufei e me inclinei para trás. "Ela estava tão apaixonada por ele e tão certa de que ele estava apaixonado por ela que acreditava em qualquer coisa que ele dissesse. Não me entenda mal, não estou colocando toda a culpa nele, mas ela era uma adolescente quando engravidou de você e ele já estava prestes a se formar. Eu odeio que eles estavam traindo sua mãe e foi isso que nos trouxe a vida."
"E você? Como você aconteceu? Quantos anos você tem?"
"Vinte, vou fazer 21 em breve. Você é dois mais velho," eu respondi com um pequeno sorriso patético. "Eu fui o erro, veja você – o erro de Jung-ho, pelo menos. Ele queria que minha mãe fizesse um aborto, deu a ela o dinheiro para isso, mas acho que foi quando ela percebeu que ele nunca iria deixar a esposa. Ignorando o aborto, ela se afastou." Soltei uma risada sem graça e levantei as minhas mãos. "Obviamente, desde que aqui estou. Ela se casou com o meu pai, mas acho que ela sempre esperou que Jung-ho voltasse para ela. Não tínhamos o melhor relacionamento do mundo, então eu acho que sou apenas um grande vai se foder para Jung-ho, se isso faz algum sentido." Ficamos em silêncio por algum tempo. "Eu pensei que ele não soubesse sobre mim – foi o que seu pai disse no começo, e foi o que minha mãe me contou. Acontece que ele sabia, e eu acabei de saber sobre a parte do aborto. Acho que ele não sabia que ela não tinha se livrado de mim." Quando o silêncio ficou desconfortável e Seokjin apenas ficou olhando para fora com a mandíbula apertada, olhei para as minhas mãos e engoli em seco antes de falar de novo. "Eu me sinto muito egoísta agora." Olhei para cima para encontrar os seus olhos em mim, então desviei o olhar. "Como eu disse, isto não era o que tinha planejado."
"Qual era o plano?" Perguntou, em um tom cortante.
"O plano? Eu não acho que já houve um plano. Naquele primeiro ano que eu vim, ele me disse que gostaria de ter algum tempo sozinho comigo, me conhecer antes de nos apresentar. Jung-ho também estava preocupado sobre como a sua esposa – a sua mãe – reagiria a mim, e você descobrindo sobre tudo isso. Eu achei que era uma boa ideia, aprender mais sobre você e ele antes, você sabe... então o primeiro ano foi assim, saíamos para almoçar juntos de vez em quando e ele me contava sobre você. Logo um novo ano chegou e ele queria mais tempo porque era importante que você se concentrasse na sua carreira no futebol, e eu disse okay porque eu não sabia como contaria sem o apoio dele. Então chegamos a este ano, seu último e segundo Jung-ho seria ainda mais importante para você se concentrar no futebol, então eu segui esperando. Mas na semana passada tudo foi para o inferno e eu só queria acabar com isso." Fiz uma pausa para respirar. "Entendo perfeitamente se você não quiser... na verdade, eu não vou entender se você não quiser nada comigo, mas não é como se eu fosse implorar para você ter um relacionamento comigo. Minha mãe morreu e eu fiquei com tanta raiva dela porque foi logo depois que soube que o meu pai não era meu pai biológico. Tudo que tenho é o meu pai. Nem ele nem minha mãe têm outra família perto, então somos só nós dois. Eu pensei que poderia ter mais. Eu sempre quis irmãos então estava ansioso para te conhecer."
O alfa soltou um longo suspiro e alisou o cabelo com as duas mãos. Sua mandíbula ainda estava tensa e seu rosto parecia apertado, como se ele mal estivesse segurando tudo junto. A conversa em si não tinha sido tão estranha como eu pensei que seria, mas a nossa reação um ao outro foi. Sempre que os nossos olhos se encontravam, um de nós desviava o olhar. Eu não sabia mais o que dizer ou o que Seokjin gostaria de ouvir.
"Isso é muito fodido." Ele disse por fim.
"Eu sinto muito." Eu disse, querendo dizer exatamente isso.
"Não é a sua culpa," Jin respondeu, me surpreendendo. Ele balançou a cabeça como se estivesse tentando acordar de um pesadelo. "Ele deveria ter sido o único a me dizer, e não agora. A hora de me contar foi quando ele soube de você e a minha mãe... ela não vai lidar bem com isso. Me desculpe, mas eu não acho que seria a melhor ideia dizer a ela que eu sei de tudo, e definitivamente não é uma boa ideia deixá-la saber que meu pai continuou dormindo com a sua... ahm... sua mãe. Ela tem seus problemas, e isso seria demais para ela."
"Não é minha decisão e, na verdade, só queria conhecê-lo. Eu só queria dizer a você que eu existia. Eu não vim aqui para destruir a sua família." Eu dei-lhe um sorriso tímido e puxei as minhas mãos para o meu colo. "Só queria te conhecer, isso é tudo."
Ele limpou a garganta e desviou o olhar. Meu estômago caiu. Talvez Jin não quisesse nada comigo também. Eu sabia que era uma possibilidade, mas depois da semana infernal que eu passei, não tive muito tempo para pensar sobre isso, pensar sobre o que significaria se ele nunca mais quisesse me ver de novo.
"Aquele apartamento que eu fui, é dele, não é?" Lambendo os meus lábios, eu assenti. Lentamente, as suas sobrancelhas se uniram. "Jungkook? Porra, ele sabe disso tudo? Ele estava morando lá... como..."
"Não, ele não sabe. O seu pai deu a Jungkook as chaves do apartamento só porque ele pensou que eu estava indo morar com meu amigo, mas isso não aconteceu e ele não sabia. Então Jungkook veio e… não importa. Ele não tinha ideia, e ele ainda não sabe. Ele acha que eu estou dormindo com Jung-ho, e ele nem me deixou contar... eu não pude..." De repente, minha voz quebrou e eu não pude continuar.
Jungkook , a forma mais fácil de me fazer chorar. Eu aguentei bem durante toda essa desgastante conversa e apenas tocar no nome dele fez a rachadura quebrar. Desde que o alfa saiu daquele apartamento, algo pesado se instalou no meu peito, como azia, mas pior, porque nenhuma quantidade de vinagre de maçã, suco de limão ou bicarbonato de sódio iria consertar. O meu coração estava partido e eu estava zangado, muito zangado – comigo mesmo, com Jung-ho, com a minha mãe... tudo e qualquer coisa.
Então, quando Seokjin pediu mais informações, contei a ele tudo o que tinha acontecido nas últimas semanas, como eu discuti com Jung-ho sobre contar a Jungkook, e depois tudo o que aconteceu no apartamento naquela noite, como o alfa tinha saído pensando que estava correto nas suas suposições.
Eu não fiquei surpresa quando as lágrimas começaram a correr pelas minhas bochechas enquanto eu passava pelas histórias. Parecia que meu coração inteiro estava cheio de lágrimas e me senti tão sozinho. Sem ele, me senti muito sozinho. Eu não o via pela manhã. Eu não conseguia (nem tanto) secretamente vê-lo se exercitar. Eu não o via à noite. Eu não podia assistir quando o alfa estava trabalhando em um dever da escola, concentrando toda a sua atenção no seu trabalho. Ele trabalhava duro e parecia sexy enquanto fazia isso. Eu não consegui ver o sorriso dele, o jeito que ele olhava para mim, o jeito que Jungkook sorria para mim, só para mim. Eu não podia ver o seu rosto naquele primeiro momento em que ele entrava depois de um longo dia de treinamento e me via sentado no chão, retocando fotos, não conseguia ver o quanto feliz ele parecia em me encontrar lá. Eu não conseguia sentir os seus braços em volta de mim, me esmagando. Eu não conseguia ouvir sua voz, nem podia comer pizza com ele ou assistir a um filme e adormecer nele, com ele.
Eu limpei as minhas lágrimas, o meu rosto corando quando nossa garçonete me entregou mais guardanapos para me limpar e perguntou novamente se poderia ajudar com qualquer coisa. Jin agradeceu por mim e pediu café para ele e chá para mim.
Quando eu consegui me recompor um pouco, pedi desculpas a ele.
"Ele bateu em você?" O alfa perguntou, o seu tom neutro.
Eu segurei a caneca quente e agi o mais indiferente possível.
"Está tudo bem." Eu não disse a ele que nunca tinha apanhado na vida, nem a minha mãe e muito menos o meu pai já levantaram a mão pra mim.
Duas horas se passaram e eu estava drenado de palavras e lágrimas, de energia e emoções.
"Eu vou ser honesto com você, Taehyung... eu não tenho a mínima ideia de como vou lidar com tudo isso." Seokjin disse por fim.
"Posso apenas pedir uma coisa?" Pedi, erguendo os olhos. O alfa assentiu. "Você tem mais um jogo, 26 de dezembro, certo?"
"Sim, o Cactus Bowl."
"Você pode não contar a Jung-ho, ou deixá-lo saber que você sabe até que isso aconteça? Eu não quero que ele tire Jungkook. Eu queria contar a você por que eu estava cansado de esperar, e não é como se ele fosse fazer alguma coisa para ferrar com o seu futuro, mesmo quando ele souber disso. Mas não tenho certeza se ele pode fazer alguma coisa para atrapalhar Jungkook, eu não quero ser a razão para..."
"Eu não posso te prometer isso." Encontrei os seus olhos e assenti. Isso era compreensível, mas eu não achava que ele jogaria o seu amigo debaixo do ônibus. O silêncio depois disso se estendeu em minutos e nós dois ficamos sentados lá, sem falar um com o outro, apenas tomando chá e café de vez em quando. Quando o seu telefone começou a tocar no bolso, ele pegou e me lançou um rápido olhar antes de responder. "Pai." Eu endureci. "Sim. Eu estarei lá." Sem mais nem menos, a conversa deles acabou. "Eu preciso ir embora."
"Tudo bem. Obrigado por me escutar. Eu não sei o que está sentindo agora, mas espero que você não pense o pior de mim. Eu não podia esperar mais e, logo que possível – depois do jogo, quero falar com Jungkook e explicar as coisas. Ele me bloqueou, então eu não posso ligar para ele, mas vou falar com ele de alguma forma e eu pensei que você precisava saber antes dele." Depois disso, atingimos oficialmente a terra do constrangedor. O alfa insistiu em pagar a conta, em seguida, se ofereceu para me deixar onde eu precisava ir. Eu disse a ele que não era necessário, então ficamos na frente do carro dele. Nenhum de nós sabia o que viria a seguir. "Eu posso dar o meu número para você," ofereci, um pouco hesitante. "Você não tem que me ligar ou qualquer coisa se você não quiser, mas se você acabar querendo falar de novo... sobre outras coisas... ou qualquer coisa..."
"Sim claro." A sua resposta não soou promissora, mas eu peguei o que pude.
Afinal, eu já sabia que não seriamos melhores amigos logo de cara, ou talvez nunca. Depois que ele entrou no carro e saiu, eu fiquei na esquina e liguei para Yoongi.
"Você falou com ele? Como foi?" Foi a primeira coisa que ele questionou quando atendeu.
"Eu fiz, e não tenho certeza. Pelo menos Jin ouviu. Conversamos por algumas horas e agora depende dele."
"Como você está se sentindo? Finalmente aconteceu, Tae. Eu não posso acreditar que você falou com o seu irmão." Eu senti que algo estava faltando, mas eu não disse isso a Yoongi. Em vez disso, eu disse a ele que parecia revigorante, e eu estava feliz, não importa o que aconteceu depois, o que era verdade até certo ponto. "Você vai voltar agora? Mamãe fez espaguete e eu guardei um pouco para você. Ela tem o turno da noite no hospital de novo e Myeon já está na cama, para que possamos conversar a noite toda, se você quiser."
Os meus olhos se encheram de lágrimas, eu funguei no telefone.
"Obrigado por me deixar ficar aí esta última semana, Yoongi. Eu nem sei como agradecer a sua mãe e eu simplesmente..."
"Oh, vamos lá, querido, não me diga que você está chorando. Você já nos agradeceu mil vezes. Myeon ama você, e você tem sido babá e brinca com ela, então confie em mim, a minha mãe é grata por ter você por perto. O seu grande e mau irmão te quebrou? Se ele fez, eu vou chutar a bunda dele amanhã. Apenas diga a palavra... embora eu tenha que te dizer que não estou tocando naquele belo rosto porque vocês têm um excelente DNA."
Os meus lábios se esticaram em um sorriso e pareceu estranho, como se eu não tivesse rido ou sorrido em dias.
"Eu não estou chorando, apenas um pouco emocional. Acho que vou voltar a pé para que eu possa me acalmar – um pouco de ar fresco deve ajudar. Eu me sinto um pouco estranho depois de finalmente contar tudo a ele, e acho que vou pegar uma pizza no caminho, se estiver tudo bem para você. Desculpe, mas sua mãe esteve cozinhando..." Yoongi riu, e o som fez os meus lábios se inclinarem ainda mais.
"Pegue duas," ele ordenou. "Estou faminto."
"Estou nisso." Comecei a andar com o telefone colado no meu ouvido.
"Estou pensando que devemos ficar bêbados e celebrar esta noite. O que você acha?" O alfa perguntou.
"Comemorar o quê?" Eu não estava no clima, eu arruinei tudo com o alfa que eu amo, meu melhor amigo foi embora, meu irmão provavelmente vai me evitar como uma praga.
"Nós sobrevivemos aos exames – o que mais você precisa como uma desculpa para ficar bêbado? Além disso, você conversou com o seu irmão, e eu diria que é uma boa razão também. Vamos nos embebedar e conversar sobre a vida."
"O meu passatempo favorito," eu murmurei. "Eu posso falar sobre os seus meninos embora. Isso deve ser divertido."
"Nós vamos falar sobre Jungkook." Suspirei e empurrei a minha mão livre no bolso da minha jaqueta. Não estava frio, mas toda vez que eu pensava sobre o alfa, um pequeno arrepio percorria o meu corpo e o meu coração dava uma batida extra.
"Eu gosto de falar sobre ele," admiti.
"Eu sei que você gosta. Vamos falar sobre o quão bom ele é e que bons amigos ele tem, falando nisso você é obrigado a me apresentar para todos eles uma vez que vocês dois se beijem e façam as pazes, e então..." Eu não tenho ideia de quanto tempo o caminho de volta durou, mas eu fiz isso com a voz do meu melhor amigo no meu ouvido, e eu estava finalmente respirando um pouco mais fácil.
A sensação durou apenas algumas horas, até que eu deitei na minha cama improvisada no quarto de Yoongi e sonhei com Jungkook.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Eu estava finalizando a edição das fotos que havia realizado para uma blogueira no fim de semana, quando meu celular vibrou.
Seokjin: Você falou com o Jungkook?
Eu: Não, ele me bloqueou.
Eu: Por quê? Ele disse alguma coisa?
Eu: Você disse alguma coisa?
Já fazia um pouco mais de duas semanas desde que eu contei a verdade a Jin, e embora você não poderia dizer exatamente que o alfa estava me tratando como seu irmão perdido, ele também não tinha me ignorado completamente.
Nós só conversamos duas vezes depois do dia no restaurante, mas ainda era algo. A primeira vez que ele me ligou, foi só para me avisar que havia conversado com Jung-ho, mas não com sua mãe. Eu não achei que ele estivesse planejando contar a ela, mas apreciei o aviso. Eu já tinha ido em frente e bloqueado Jung-ho enquanto estava com a Sra. Hilda, mas era bom saber o que estava acontecendo. Tinha sido uma conversa de três minutos – sim, eu tinha verificado – nada longo, mas isso não me impediu de sorrir como um idiota por uma hora depois que ele desligou.
A segunda vez foi quando eu lhe enviei um pequeno texto de Feliz Natal. Ele respondeu me perguntando o que eu estava fazendo, e acabamos trocando mensagens de texto algumas vezes. Não foi nada profundo, mas eu estava feliz. Ele não parecia falar muito em geral, pelo menos essa era a vibração que eu tinha recebido dele quando o alfa veio para o apartamento com Jaehyun, então não me surpreendeu quando ele não se transformou de repente em um tagarela comigo também.
Eu conversei o suficiente por nós dois de qualquer maneira. Eu até consegui colocar um sorriso no rosto dele, que foi o destaque do meu dia. Patético, certo?
Eu culpei o Jungkook.
Ok, tudo bem, não realmente, mas eu estava sentindo falta dele como se não o tivesse visto em anos, quando na verdade tinha sido apenas algumas semanas, e era mais fácil culpá-lo por tudo desde que ele era o único que tinha saído daquele apartamento em vez de tentar me levar embora com ele.
O plano era que o meu pai passasse o meu aniversário e Ano Novo em Los Angeles, mas algo surgiu e ele não conseguiu; isso foi culpa de Jungkook também. Hoje é meu aniversário e eu não consegui comprar pizza da minha pizzaria favorita porque o forno deles não estava funcionando. Que tipo de pizzaria tem um forno com defeito? Tudo culpa do Jungkook.
Eu acredito que você pode ver o padrão aqui. Tudo o que eu sabia sobre ele era que logo após o Cactus Bowl, o alfa tinha voltado para casa para passar a pequena pausa com a sua família.
Seokjin: Está uma noite agradável, você não concorda? Talvez você devesse tomar uma bebida em algum lugar.
Eu li o texto uma vez. Então uma segunda vez, mais devagar. Ele estava me chamando para sair?
"Leia isso." Eu entreguei o meu telefone para Yoongi, que estava trabalhando em um esboço na mesa de café. "Ele está me convidando para sair, certo? Eu não estou entendendo errado, não é?"
"Não. Isso é um convite, está certo. Escreva de volta." O alfa me deu um olhar divertido e entregou o telefone de volta.
"Você virá também?" Yoongi voltou a sua atenção para o esboço que estava fazendo.
"Certo. Se você não se importa que eu flerte com o seu irmão, conte comigo." Quando ele me deu um olhar esperançoso, eu sorri.
"Sim, talvez desta vez não." Ele riu e jogou uma das suas canetas para mim.
"Seu empata foda." Um pouco animado e muito nervoso, eu mandei uma mensagem de volta.
Eu: Adoraria. Onde você quer se encontrar?
Seokjin: Uh… não comigo. Eu acho que você deveria ir sozinho.
No começo, eu não entendi, e me senti uma porcaria, mas depois de ler algumas vezes, o meu coração começou a bater mais rápido e eu pulei do sofá, meu notebook quase encontrando um final prematuro.
"O que está acontecendo? O que é isso?" Yoongi perguntou quando eu pulei do lugar como um lunático, uma mão sobre a minha boca, a outra segurando o meu celular no meu peito.
"Eu acho que Jungkook está de volta," gritei o mais silenciosamente possível, então eu não acordaria Myeon. "Jin acabou de me dizer que eu deveria tomar uma bebida em algum lugar sozinho. Eu acho que Jungkook está no bar. Ele voltou!"
Tendo dificuldade em conter o salto, deixei Yoongi me levar para o seu quarto.
"Você já não tinha ido ao bar procurá-lo?" O alfa questionou.
"Eu fiz, mas talvez ele esteja de volta agora?" Meu coração parecia que iria explodir diante das possibilidades.
"Eu pensei que você estava com raiva dele." O alfa debochou.
"E eu estou, Yoongi. Estou tão, mas tão bravo com ele." Respondi.
"Por que você ainda está pulando?” Ele tentou conter o sorriso, mas desistiu.
"Porque eu mal posso esperar para chutar o traseiro dele." Yoongi colocou as mãos nos meus ombros e me firmou. Além do meu rosto corado e do sorriso que eu estava ostentando, eu devo ter parecido bastante normal.
"Você está bem?" Ele perguntou e tentei me acalmar, mas eu parecia uma criança que comeu muito açúcar.
“Sim, estou ótimo. Nunca me senti melhor. O que eu vou vestir?" Eu estava usando moletom e uma blusa gigante da UCLA.
"Tem certeza de que você está bem? Você ainda está tentando saltar. Pare com isso." Ele pressionou mais forte nos meus ombros.
"Estou animado, deixe-me saltar um pouco – agora tenho que fazer xixi. Encontre-me algo para vestir, okay? Preciso sair o mais rápido possível, porque não tenho certeza se ele está trabalhando ou se só está lá com o Jin. Preciso chegar lá antes que ele saia." Parei na porta e olhei para trás. “Ele voltou, Yoongi."
O rosto do meu melhor amigo relaxou e ele sorriu de volta para mim.
"Eu sei, querido. Vá fazer xixi e depois pode chutar o traseiro dele."
Eu estava do outro lado da rua do Jimmy e tentei conter tudo o que estava sentindo. Excitação, pavor, pânico, felicidade, esperança, raiva – diga um nome, eu estava sentindo isso. Depois de abraçar Yoongi e prometer que o manteria atualizado sobre se ele teria que vir ou não pegar os meus pedaços, eu saí, e quanto mais perto o meu Uber chegava do bar, mais forte e mais alto os meus batimentos cardíacos tinham chegado… Então, eu escolhi ficar lá como um esquisito para me dar alguns minutos para me recompor.
Quando eu estava atravessando a rua, um casal tropeçou para fora do bar, de cabeça baixa enquanto sussurravam, de mãos dadas. Por uma fração de segundo, o meu estômago caiu e eu congelei no meio da rua, porque eu poderia jurar que estava vendo Jungkook – mas então o ômega sorriu para o alfa e ele recuou o suficiente para que eu pudesse ver que realmente não se parecia nada com Jungkook.
Um carro tocou a buzina e corri pela rua. Antes de empurrar a porta pesada, fechei os olhos e inalei o ar fresco. Com um empurrão mental final, eu estava dentro.
Você não acreditaria em quão alto e claro eu podia ouvir o meu coração batendo nos meus ouvidos, como eu não conseguia ouvir nada além do meu próprio medo. O bar estava cheio como sempre estava; não importava que fosse uma segunda-feira. Um cara esbarrou em mim quando estava indo para fora, então eu me forcei a dar alguns passos e olhar em volta para ver se eu poderia encontrar Jungkook ou Jin.
Eu estava usando uma das minhas camisetas brancas favoritas, calça jeans preta, botas pretas e uma jaqueta fina por cima, só porque Yoongi me forçou a fazer isso. Eu estava queimando com o estresse.
Então eu o vi, e de repente eu não sabia como respirar, o que fazer comigo... eu não sabia de nada. Engoli e dei um passo em direção ao bar onde ele estava conversando com outro barman. A cabeça inclinada para baixo, os lábios esticados em um pequeno sorriso, ele parecia ainda mais bonito do que me lembrava.
Eu juro que o meu coração pulou uma batida – talvez algumas – quando cheguei mais perto dele. Eu não tenho ideia de como consegui colocar um pé na frente do outro, mas poderia ter sido porque eu estava flutuando. Todos os bancos do bar estavam tomados, então eu esperei... e esperei, pacientemente, nunca tirando os meus olhos dele. Se o alfa olhasse para cima e um pouco para a esquerda, ele me encontraria de pé ali, mas Jungkook não fez, e foi mais fácil para mim rastejar para ele enquanto ele servia bebidas.
Quando uma garota pulou de um dos bancos, um pouco longe de Jungkook, corri para lá antes que alguém pudesse pegá-lo. Eu me ergui, coloquei as minhas mãos no topo do bar, e então as abaixei. Eu endireitei os meus ombros, me endireitei, e pressionei as minhas mãos contra o meu estômago para acalmar as borboletas que voavam lá dentro.
Tudo estava desfocado ao meu redor. Jungkook era tudo em que eu podia me concentrar, e um terremoto enorme poderia acontecer naquele momento, mas eu ainda não teria tirado os meus olhos dele. O meu coração estava perdido, ele batia assim, por ele, só por ele.
"Posso pegar algo para você?" Pulando no meu lugar, tentei me concentrar na bartender que havia falado comigo. Lembrei de tê-la visto na última vez que estive lá, mas não consegui encontrar um nome. Eu tinha ouvido o nome dela? Franzindo a testa um pouco, eu me inclinei para frente.
"Uh, sim. Obrigado," eu sussurrei. "Cerveja. O que quer que esteja na torneira, por favor."
"Preciso ver uma identificação." Eu enfiei a mão no bolso de trás e entreguei a ela, eu finalmente tinha 21 então nem precisei da falsa. Quando olhei de relance para onde Jungkook estava, fiquei preso no olhar e parei de respirar completamente.
Quão necessário era o ar de qualquer maneira? Bastante supervalorizado, se você me perguntasse.
Eu assisti o seu maxilar endurecer, a sua boca se tornando uma linha reta. Nós não poderíamos desviar o olhar um do outro. Ele parecia chateado, talvez com razão, e eu não sabia o que o alfa viu quando olhou para mim. Eu tinha pensado que estava preparado para atacar e gritar com ele, mas, na realidade, eu não estava preparado para ter sua atenção em mim. As minhas emoções estavam em guerra. Eu senti tanto a falta dele – muito, mas eu não podia fazer nada sobre isso... não até conversarmos, até que Jungkook me desse a oportunidade de falar, embora eu não fosse deixar isso nas mãos dele.
Então Jungkook estava andando na minha direção e eu já estava sem fôlego. Quando o alfa chegou até onde eu estava sentado, ele pegou a cerveja que a bartender já havia colocado bem na minha frente, bem ao lado da minha identidade. Eu nem percebi isso. Adivinhando o que ele estava prestes a fazer pelos seus passos furiosos e mandíbula, eu peguei a minha cerveja antes que o alfa pudesse, derramando-a no balcão no processo. Eu podia sentir as minhas pernas tremendo quando ele colocou as palmas das mãos no balcão e se inclinou para frente. Eu tive um momento de hesitação sobre o que fazer, me inclinar para a frente e envolver os braços em volta do pescoço dele, segurar como se minha vida dependesse disso como um macaco e esperar que ele ache isso fofo ou fugir da raiva que eu podia ver ardendo nos seus olhos? Eu me inclinei, segurando a caneca de cerveja protetoramente contra o meu peito.
"Você não tem idade para beber, vá embora." Foram apenas algumas palavras e eu senti a dor no fundo do meu peito. Eu só conseguia balançar a cabeça de um lado para o outro. "Taehyung, vá embora."
Eu odiava o quão duro o meu nome soou vindo dos seus lábios, mas eu encontrei a minha voz de qualquer maneira.
"Não." Nada poderia me fazer sair daquele bar sem falar com ele. “Você não pode me forçar a sair, além disso eu acabei de fazer 21 e vou beber o quanto eu quiser.”
O alfa me deu um longo olhar sombrio e prendi a respiração. Então ele se inclinou para trás e se endireitou, indo embora sem outra palavra, como se eu não valesse nem mais um segundo do seu tempo. Eu passei dez minutos bebendo e segurando aquela cerveja, dez minutos, e Jungkook nem sequer me deu uma única abertura para dizer qualquer coisa, ficando o mais longe possível.
"Jungkook!" A bartender gritou, e eu me encolhi. Os seus olhos se moveram sobre mim como se eu não existisse. "Eu preciso tirar o meu intervalo – cobre para mim?"
Ele deu um aceno de cabeça afiado, em seguida, falou com o outro cara que estava lidando com as torneiras do bar. Alguns segundos depois, o cara estava cobrindo os clientes onde eu estava sentado, porque o alfa não queria estar perto de mim.
Começando a ficar mais irritado a cada segundo que passava, eu bebi o resto da minha cerveja ao som de Drake e pedi outra ao meu novo barman. Só que, em vez de me pegar uma nova, ele colocou uma dose de tequila, uma fatia de limão e um saleiro na minha frente.
"Por conta da casa," o loiro disse com um sorriso.
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JUNGKOOK
***
Eu assisti Brian colocar um shot na frente de Taehyung e fisicamente tive que me agarrar a algo para me impedir de ir até lá e quebrar o nariz dele. Tae pegou o copo e sorriu para Brian antes de engolir a bebida em um gole.
Esfregando o rosto, ele pegou o limão e chupou.
Eu desviei o olhar – porque essa era a minha única opção viável – e observei a reação do Brian. O bastardo estava sorrindo para Taehyung, inclinando-se, falando e falando e falando. O ômega não pareceu responder a ele, mas isso não impediu Brian de flertar. Por um segundo, pensei em ir até lá e dizer a Brian que Taehyung gostava de homens mais velhos, mas decidi ignorá-los.
Doía – dói fisicamente olhar para ele, e isso me irritou ainda mais. Eu estava com tanta raiva quando eu ouvi a voz dele pedindo por uma bebida, e depois ainda mais zangado quando vi o olhar no seu rosto quando os seus olhos encontraram os meus.
Alguns minutos se passaram – ou talvez apenas alguns segundos - e tive que olhar de novo. Desta vez Brian estava colocando outra cerveja na frente de Tae, ignorando outro cliente que estava esperando para fazer um pedido. Batendo as duas garrafas de cerveja na bandeja que estava esperando para ser preenchida com pedidos, eu caminhei em direção a eles. Se o ômega tivesse flertado com ele... se ele tivesse sorrido para ele, rido com ele, falando com ele, olhando para ele – feito qualquer coisa, eu não acho que teria sentido tanta raiva como senti. Acho que senti alívio mais do que qualquer coisa.
"Você pode voltar aos seus pedidos, Brian," eu ordenei, o meu tom beirando o assassinato, e em vez de esperar para ver o que ele estava fazendo, ajudei os clientes que esperavam. Brian ficou em silêncio, e os olhos de Taehyung seguiram cada movimento meu.
"Eu posso cobrir a Lindy, cara," Brian insistiu, não tão sabiamente. O alfa tinha começado como o novo barman apenas duas semanas antes, então ele deveria ouvir o que eu dissesse.
"Volte para o seu lugar. Lide com os pedidos." Quando parecia que ele estava prestes a protestar mais uma vez, dei um pequeno passo em direção a ele, o meu temperamento queimando. Nós estávamos de pé bem na frente de Taehyung, e eu me inclinei para frente, então só ele podia me ouvir. "Não está calmo o suficiente para você brincar, Brian, fique bem longe dele. Volte para o seu trabalho ou dê o fora daqui." Eu me inclinei para trás. "Você me entendeu?"
As suas sobrancelhas subiram em direção à sua linha do cabelo e ele levantou as duas mãos em sinal de rendição, recuando.
Ignorando Taehyung, coloquei um whisky para um cliente e peguei duas cervejas para outro. Mesmo que eu não quisesse, ainda podia vê-lo com o canto do olho, podia ver a rapidez com que o ômega engolia a cerveja. De repente, eu não suportava tê-lo por perto. Eu não conseguia me livrar do perfume dele, daquele cheiro de morangos. Eu não conseguia desviar o olhar e não lembrar de como era bom sentir a sua pele macia, tê-lo debaixo de mim, quão sensível o ômega era ao meu toque, como os seus olhos brilharam quando corri para o lado dele depois do jogo em Tucson, como era bom quando Taehyung olhou nos meus olhos por mais de alguns segundos..., o seu cabelo molhado, os seus olhos arregalados... os seus braços em volta de mim, segurando... o quão animado ele ficava quando estava comendo pizza, como o ômega chamava a maldita coisa de um círculo de amor... o seu sorriso tímido, os seus orgasmos... Tudo isso tocou como um filme na minha cabeça.
Raiva queimou o meu interior.
"Você já acabou," eu disse, ficando na frente dele. "Eu quero que você saia."
Eu olhei diretamente nos olhos dele, e Taehyung encarou o meu olhar sem hesitar. Eu não sabia se ele já estava bêbado ou não, não sabia dizer qual jogo o ômega estava jogando.
"Eu não vou a lugar nenhum, não antes de você falar comigo." Respondeu, dando mais um gole em sua cerveja.
"O que te deu a ideia de que temos algo para conversar? Se você quer que eu chame o treinador para te buscar me avise." Os seus olhos brilharam com uma emoção que eu não pude identificar, e ele endireitou-se no seu assento.
"Se você quer que eu vá embora, vai ter que me arrastar para fora daqui." Eu apoiei as minhas mãos no topo do balcão e o observei.
"Não me provoque. Não tem nada que eu queira dizer para você." Os seus olhos se estreitaram e ele se inclinou para frente.
"Ótimo. Então apenas me escute." Eu arqueei uma sobrancelha.
"Não estou interessado nisso, companheiro." Desta vez, os seus olhos brilharam de raiva, e por algum motivo fodido, me excitou. O meu ritmo cardíaco aumentou e eu agarrei a borda de madeira para me impedir de me inclinar e provar aqueles lábios novamente.
"Eu não vou deixar este lugar até você me dar cinco minutos, e você vai me dar pelo menos grande parte disso, companheiro," ele cuspiu.
"Fique à vontade." Eu fui embora. Um minuto depois, Lindy voltou do intervalo e assumiu.
Dez minutos se passaram.
Então quinze.
Então trinta.
A cada segundo que Taehyung ficava sentado naquele maldito banquinho de bar, eu chegava cada vez mais perto de perder a minha merda na frente de todos. Quando chegou a um ponto em que eu não aguentava mais, abri o pano que eu tinha na mão e o joguei fora. Saindo de trás do bar, eu caminhei para o lado dele. Quando eu cheguei lá, Taehyung já estava em pé, esperando.
"Eu não vou embora, Jungkook." Ele respondeu, sem se deixar abalar.
"Sim você vai. Vou ouvir o que você precisa dizer só para você sair da minha vista." Agarrando o seu braço logo acima do cotovelo, eu o puxei para trás do bar.
"Estou tirando minha pausa," eu gritei para Lindy quando abri uma porta que nos levou para a pequena cozinha, em seguida, para fora no beco mal iluminado. A porta de metal se fechou atrás de nós, e eu soltei Taehyung como se sua pele tivesse queimado a minha, então coloquei alguma distância entre nós. "Comece para que eu possa me livrar de você."
Ele ficou em silêncio, então olhei para ele. Os seus olhos pareciam estar se enchendo de lágrimas. Eu tentei ignorar o que estava sentindo e fiquei parado.
"Estou tão zangado com você," ele disse baixinho, finalmente.
"Desculpe-me?" Devo ter ouvido errado.
"Estou tão zangado com você!" Repetiu, a sua voz clara e forte.
"Sim?" Cruzei os meus braços sobre o peito. "Pelo quê? Por que eu não joguei com o que quer que você estava jogando? Por que eu peguei você com ele e interrompi vocês dois? Como eu me atrevi, certo?"
Os seus olhos se estreitaram quando ele se inclinou para mim.
"Estou com raiva de você porque você me bloqueou! Eu estou com raiva de você porque você nunca me deixou falar com você." Então ele se endireitou e não estava mais inclinado para frente. "Eu pensei que eu era seu amigo, Jungkook. Se nada mais, eu pensei que era pelo menos isso."
Eu bufei e ri.
"Meu amigo? Você estava pensando no seu amigo quando entrou no maldito carro dele? Ou bem antes de eu pegar vocês dois?" Cerrei os punhos, só de imaginá-los juntos eu ficava louco.
"Do que você está falando?" Ele franziu a testa. "Que carro?"
"Nem tente mentir para mim, Taehyung. Se você está aqui para me dizer que ele veio sozinho para o apartamento e eu entendi tudo errado, poupe o seu fôlego. Eu estava esperando por você na frente do apartamento de Yoongi. Eu estava lá quando você ignorou a minha mensagem e entrou no carro dele." O ômega lambeu os lábios e olhou para mim por um momento.
"Você está prestes a se sentir como um completo idiota e nem sabe disso."
"Eu duvido. Se você acabou, eu preciso voltar ao trabalho." Ele balançou a cabeça e mordeu o lábio inferior, atraindo o meu olhar para a sua boca.
O ômega se inclinou e tirou algo do bolso de trás. Desdobrando um pedaço de papel, ele fechou a distância entre nós.
Três passos – foi tudo o que precisou.
"Aqui." Ele bateu o papel contra o meu peito, e eu assisti ele flutuar no chão. Quando eu olhei para cima, o ômega parecia inseguro. O seu peito estava subindo e descendo rapidamente. Alguém bateu uma porta no prédio ao nosso lado e o som explodiu no beco, fazendo-o pular. "Pegue-o," ele exigiu, mas eu não me mexi. Os seus ombros caíram e a luta parecia ter saído dele. "Leia, Jungkook." Alguns segundos se passaram e eu tive que ficar parado quando vi os seus olhos começarem a se encher de lágrimas. "Você é um maldito idiota, Jeon Jungkook!"
Taehyung gritou, e tudo que eu podia ouvir era a dor em sua respiração. Tudo o que eu pude ver foi aquele olhar de coração partido no rosto dele. O ômega se virou para sair e eu me agachei para pegar o papel que parecia ter visto dias melhores. Eu desdobrei duas vezes e me endireitei. Com cada palavra que eu li, o meu ritmo cardíaco aumentou. No segundo em que entendi o que estava vendo, praguejei, deixei o papel cair no chão novamente e fui atrás dele.
Eu nem tinha notado ou ouvido a porta dos fundos abrindo e fechando, mas eu era o único parado naquele beco. Eu abri a porta e a alcancei enquanto ele caminhava pela cozinha. As suas mãos estavam em punhos ao seu lado quando o ômega chegou à porta que a levaria para o bar e para longe de mim.
Eu ignorei todos na cozinha – que era um total de três pessoas – agarrei o seu ombro e o girei. Eu estava respirando tão forte como se tivesse acabado de correr noventa metros para um touchdown. Quando o meu olhar encontrou o dele choroso, eu estava quase com medo de falar.
O ômega parecia tão esperançoso, tão triste e tão lindo.
"Tae," eu sussurrei. As lágrimas começaram a cair mais rápido e eu não consegui deixar de tocá-lo. Eu mal conseguia me conter quando estava irritado, agora que eu entendia não podia não o puxar para os meus braços.
Inclinei-me o suficiente para envolver os meus braços sob os dele e abraçá-lo. Quando os seus braços envolveram o meu pescoço e ele descansou a cabeça no meu ombro, os seus soluços ficaram mais altos. Eu coloquei os meus braços bem debaixo de sua bunda, o ergui e envolvi as suas pernas ao meu redor. O seu aperto no meu pescoço aumentou e ele empurrou o rosto no meu pescoço, ainda chorando.
Ignorando os olhares, eu nos levei de volta para o beco e o empurrei contra a porta assim que ela fechou. Eu não podia sentir os meus braços do aperto forte que eu tinha nele e não tinha a mínima ideia de como as minhas pernas nos mantinham, mas eu não tinha queixas sobre nada disso. Quando Taehyung levantou o rosto do meu pescoço e segurou o meu rosto entre as mãos, eu apenas olhei para ele, perplexo.
"É verdade?" Eu perguntei, precisando ouvir dos seus lábios e não apenas ver em um pedaço de papel. Ele assentiu. "Deixe-me ouvir você dizer isso."
"Ele é meu pai biológico." O ômega engoliu e eu assisti a sua garganta se mover, ainda tendo dificuldade em acreditar que ele estava dizendo a verdade.
"Todo esse tempo… você me deixou pensar..." Ele inclinou a minha cabeça e olhou nos meus olhos. Tae ainda tinha lágrimas nos dela.
"Eu ia te dizer, Jungkook, juro para você. É por isso que ele estava lá, porque ele me buscou na casa de Yoongi para conversar comigo. Eu disse a ele que ia contar tudo antes de entrar na biblioteca naquele dia, e depois tudo o que aconteceu e eu simplesmente acabei adiando. Mas eu ia contar a você. Eu juro para você, eu ia. Eu posso te mostrar o meu texto para ele. Eu posso te contar tudo." Eu olhei para seus lábios trêmulos e não pude evitar mais.
Você precisa de água para viver, e só pode sobreviver sem ela por três a cinco dias, Taehyung era assim pra mim. Já fazia tanto tempo desde que eu tive a minha dose dele, desde que o provei. Eu quase não sobrevivi. Os nossos lábios bateram e ele soltou um gemido silencioso no segundo em que minha língua tocou a dele. Foi o beijo mais bagunçado da minha vida e talvez um dos melhores. Os nossos dentes batiam, as nossas línguas emaranhadas, e ainda assim, eu não conseguia o suficiente de Taehyung. Eu soltei as suas pernas e me empurrei mais firmemente contra o seu corpo, esmagando-o entre a porta e eu. Com as mãos livres, embalei o rosto dele e inclinei sua cabeça para o lado para poder pegar mais, e o ômega me deu tudo – absolutamente tudo.
Empurrando os seus braços entre os meus, ele colocou os braços à volta do meu pescoço de novo e me deixou comandar. Quando paramos, estávamos respirando com dificuldade, como se tivéssemos terminado uma maratona, e eu não teria feito isso de outra maneira. Taehyung... ele me tirou o fôlego.
Descansando a minha testa contra a dele, lambi os meus lábios. Nós estávamos de pé muito perto, eu provei os dele também.
"Eu senti a sua falta," ele sussurrou. "Eu senti tanto a sua falta, você não tem ideia."
"Eu acho que sim," disse, muito calmamente. O mundo inteiro havia desaparecido e era só nós. "Você é só meu, então?" Eu perguntei, só para ter outra confirmação.
Taehyung puxou a cabeça para trás um pouco para olhar nos meus olhos.
"Você é o meu melhor companheiro, de quem mais eu seria?" Eu o beijei novamente, mais devagar dessa vez, bebendo em vez de engolir. Ainda assim, eu não acho que conseguiria preencher a minha dose dele.
"Estou com tanta raiva de você," ele sussurrou entre os meus beijos. "Ainda estou tão zangado."
"Por quê?" Eu bati o meu nariz no dele e o ômega abaixou a cabeça para me beijar, lambendo os meus lábios quando terminou. Eu mergulhei uma das minhas mãos para baixo e coloquei na bunda dele, puxando-a um pouco mais para baixo. Quando Taehyung sentiu o quão duro e pronto eu estava para ele, fechou os olhos, mordeu o lábio e gemeu, tentando mover seu corpo contra mim. Eu o parei e beijei seu pescoço, lambendo e chupando enquanto revirei os meus quadris.
"Como você pôde simplesmente sair assim?" Ele perguntou em um suspiro quando conseguiu encontrar as palavras.
Eu parei de me mover contra ele e meu aperto se fortificou de novo. O meu olhar seguiu o seu rosto corado e encontrou os seus olhos vidrados.
"Como você não veio atrás de mim?" Eu resmunguei.
"Eu sou um idiota. Qual é a sua desculpa?" Eu sorri e deixei a minha testa cair no ombro dele.
"Você me chamou de idiota algumas vezes esta noite, então estou supondo que sou sua outra metade, tão grande quanto o maior idiota, se não maior." Ele suspirou.
"Então nós somos perfeitos um para o outro, hein?"
"Somos melhores companheiros, não somos?" O seu sorriso me pegou de surpresa, e eu me vi perdido em outro beijo até que a porta atrás de nós foi aberta e eu tive que carregar o seu peso para protegê-lo.
A cabeça de Lindy surgiu da abertura e ela estremeceu quando nos viu.
"Desculpe interromper, Jungkook, mas eu preciso mesmo de você lá fora. Brian não é realmente a maior ajuda no momento, então se você..." Eu limpei a minha garganta.
"Sim. Apenas me dê mais um minuto, ok? Eu estarei lá." Ela assentiu e me ofereceu um pequeno sorriso.
"Sim, claro." Quando éramos apenas nós de novo, eu lentamente deixei os pés de Taehyung tocarem o chão, e ele tentou consertar a sua roupa. Quando olhou para cima, eu exalei e agarrei o seu rosto para pressionar um beijo em seus lábios rosados e inchados. O ômega sorriu para mim e o meu peito ficou pesado.
"Ainda precisamos conversar, Taehyung. Eu preciso saber tudo." Ele perdeu um pouco do sorriso, mas assentiu.
"Onde você está morando?" Um rápido encolher de ombros.
"Eu tenho ficado com Yoongi por agora. Preciso encontrar um lugar ou um colega de quarto após o início do semestre."
"Eu estou ficando com Namjoon. Ele se mudou com outro cara e eu tenho dormido no sofá deles. Você não vai voltar para o seu amigo esta noite," eu disse.
Ainda sorrindo, ele balançou a cabeça.
"Eu não vou?" Apertei a cintura dele.
"Não, e você está esperando até eu fechar. Você estará sentado bem na minha frente até então." Ele assentiu.
"Eu não vou me mexer, nem vou desviar o olhar." Com um último beijo, entramos novamente no bar, dessa vez de mãos dadas.
Chapter Text
TAEHYUNG
***
Depois que todos os clientes e a equipe saírem, ficamos só eu e Jungkook, sozinhos no lugar. Parecia muito grande quando todo mundo se foi, tão quieto, cada mesa vazia com as cadeiras viradas para cima.
Jungkook já havia apagado as luzes, exceto as pequenas luzes decorativas que ficavam acima do espelho atrás de todo o álcool. Eu pensei que era romântico. Eu ainda estava sentado no exato lugar em que o alfa havia me colocado, no mesmo banco, e estava bem acordado. A única vez que eu olhei para longe dele por mais de alguns segundos foi quando mandei uma mensagem para Yoongi para que ele soubesse que eu não voltaria e que tudo estava bem de novo.
Olhei para cima quando ouvi o alfa descendo as escadas que ele disse que levava ao escritório do seu chefe. A minha respiração ficou presa na garganta e o meu coração deu um pulo.
Jungkook era o homem mais bonito do mundo, pelo menos ele era aos meus olhos, e eu tenho certeza que você concordaria comigo se pudesse vê-lo. Os seus olhos nunca vacilaram e eu nunca desviei o olhar. O alfa usava calça preta e uma simples camiseta cinza escura de mangas compridas que tinha o logotipo do bar no seu peitoral direito. Ele parecia incrível, pronto para ser devorado. Basicamente, Jungkook parecia e tinha sabor melhor do que pizza. Ele também parecia alguém que eu nunca pensei que pudesse ser meu. Ele era o tipo de cara que engravidava só de olhar para ele por muito tempo.
Quando ele chegou ao meu lado, me pegou como se eu não pesasse nada e me sentou no balcão. Eu imediatamente coloquei as palmas das mãos para me equilibrar, em seguida, Jungkook abriu as minhas pernas e sentou entre elas no meu banquinho vazio. As suas mãos subiram e desceram nas minhas coxas, deixando arrepios no seu rastro. Me inclinei, apoiando as mãos em seus ombros e juntei nossos lábios, apenas um beijo pequeno e gentil que o alfa facilmente transformou em algo mais, me deixando sem fôlego.
Quando Jungkook se afastou, eu apenas olhei para ele com o maior sorriso no meu rosto. Foi como vê-lo pela primeira vez e me apaixonar de novo. O alfa era o sonho, aquele com quem você sempre quis acabar, a outra metade da sua alma, se você acredita nesse tipo de coisa. Eu estava disposto a apostar que Jeon Jungkook preenche todos os requisitos de todas as listas de alfa dos sonhos, e mesmo assim lá estava ele, de pé na minha frente, sorrindo para mim com um sorriso torto.
"O quê? Que olhar é esse?" Perguntei, sentindo suas mãos apertando meus quadris.
"Que olhar?" Ele apenas seguia me encarando, me fazendo derreter um pouco mais a cada segundo.
"Ninguém nunca me olhou assim antes, você sabe," eu admiti, tendo um pequeno problema em segurar o seu olhar.
O alfa se levantou, agora ele estava colado em mim e precisei tombar a cabeça para encará-lo. Uma das mãos subiu até meu cabelo, os meus olhos se fecharam por conta própria.
"Como o quê?" Eu o senti beijar o canto dos meus lábios, então a minha bochecha e meu pescoço.
"Desse jeito.” Repeti em um sussurro, sentindo-o sorrir contra o meu pescoço.
"Você pode ser um pouco mais específico?" Neguei com a cabeça.
"Não." Seu peito sacudiu enquanto ele ria e se afastava para me olhar novamente.
"Já que colocou dessa forma..." Jungkook me beijou. Os nossos lábios se moldaram juntos, suavemente, nada mais do que um sussurro durante a noite, antes dele acrescentar: “Você deveria ficar comigo, já que ninguém mais pode olhar para você do jeito que eu faço."
"Não foi isso que eu disse, okay?" Eu protestei com um pequeno sorriso, e abri os olhos para encontrá-lo olhando para mim.
O seu polegar se moveu sobre o meu lábio, mas ele não desviou o seu olhar do meu.
"Mantenha-me, Flash. Eu sou um bom partido." Eu sorri, o meu coração pulando por todo o lugar.
"Você sabe o quê? Acho que eu vou." O seu sorriso aumentou e me senti louco de felicidade. "Estou feliz de novo."
"Você estava miserável sem mim?" Eu pensei que era apenas uma questão retórica, não acho que Jungkook esperava que eu lhe desse uma resposta honesta porque o alfa alcançou minha boca novamente, mas eu recuei antes que pudesse me afogar nele.
"Se eu estava infeliz, Jungkook? Eu não conseguia dormir, só conseguia pensar em esclarecer tudo, mas eu não podia falar com você, não podia arriscar antes do seu último jogo. E então quando eu finalmente achei que resolveria tudo, não consegui encontrar você. Você foi passar a pausa com sua família e me bloqueou," eu o acusei. "Não que eu possa culpá-lo, mas acho que ainda vou. Senti tanto a sua falta. Senti a sua falta como nunca senti falta de alguém na minha vida." Coloquei a palma da mão no meu coração e tentei aliviar a dor. "Eu tenho essa dor, bem aqui, e todas as manhãs que eu acordei nas últimas duas semanas, eu tinha esse momento, aquele primeiro segundo depois que eu abria os meus olhos, onde eu pensava, levante-se, Taehyung, levante-se e vá ver o Jungkook. Levante-se e vá para a cama dele. Levante-se e tome o café da manhã com ele, ele está esperando por você na cozinha. Então eu percebi que não poderia fazer nada disso."
O alfa olhou para mim, analisando as minhas palavras ou decidindo como responder, talvez ambos. Eu me perguntei se tinha revelado muito dos meus sentimentos, não que eu me importasse se tivesse.
"Eu senti a sua falta mais do que tinha o direito de sentir e isso me corroeu," Jungkook disse antes que o silêncio pudesse ficar estranho. "Eu estava tão chateado comigo mesmo porque eu não conseguia nem mesmo te odiar. Você percebe o quão difícil foi ter que conviver com ele, olhar pra ele, ter que trabalhar com ele, sabendo que ele tinha você e eu não? Quão difícil ainda é? Você pensou em mim no momento em que acordou e eu não pensei em nada além de você desde então. Eu odiei o fato de você ter feito isso comigo, mentindo para mim daquele jeito. Quando eu vi você entrar no carro dele, eu não pude acreditar, você sabe. Eu tinha certeza que você explicaria, mas quando cheguei em casa e encontrei vocês dois... Vocês estavam tão perto e ele estava tocando você..." As mãos dele apertaram minha cintura.
"Posso contar tudo para você agora?" Questionei, acariciando o braço dele.
"Sim, você pode, e por favor, não deixe nada de fora."
"Eu não vou," eu prometi, e sabendo que tudo ficaria bem depois, que ele ainda estaria bem na minha frente, eu contei tudo. Comecei desde o início, naquele primeiro momento em que minha mãe me falou sobre Jung-ho e Seokjin, e terminei com como eu conversei com Jin apenas alguns dias depois dele ter apanhado Jung-ho e eu discutindo. "Eu queria te encontrar no dia seguinte e até liguei para você, mas você já tinha me bloqueado. Quanto mais eu pensava sobre isso, mais medo eu tinha de que ele fizesse alguma coisa para te prejudicar. A ameaça estava lá e eu não sei até onde ele estava disposto a ir. Acredite, eu não estava desistindo de você, mas não achei que correr para você logo depois de ir embora era a melhor ideia também. Eu me dei tempo, até passar o jogo, eu contaria para você depois do Cactus Bowl." Pela quantidade de tempo que levei para contar tudo a ele, voltamos para a mesma posição: Jungkook sentado no banquinho entre as minhas pernas, constantemente me tocando. Quando eu tinha dificuldade em expressar algo, ele apertava a minha cintura, me lembrando que estava lá, bem ali comigo. Em um ponto, as suas mãos empurraram debaixo da minha camisa e estávamos pele com pele. O alfa me distraiu inúmeras vezes, mas me cutucou para continuar, porque ele estava ouvindo cada palavra que eu estava dizendo. O seu rosto estava inclinado para baixo enquanto ele me ouvia com o seu foco nas suas mãos, desenhando círculos preguiçosos na minha pele sob a minha camisa, como se não pudesse evitar. "É por isso que eu não quero que você vá até ele ou conte algo sobre isso, Jungkook."
"Você não pode me pedir para fazer isso, Taehyung." O alfa ergueu a cabeça, a raiva brilhando em seu olhar.
"Eu não só posso, como estou. É por isso que vim aqui, eu tinha que te contar, mas não quero que toda o seu trabalho duro seja em vão." Fechei os olhos e estremeci, me lembrando do olhar no rosto de Jung-ho.
"Eu não vou ficar longe de você até o dia do draft, Tae. Você pode tirar isso da sua cabeça linda, Flash. Agora que eu sei de tudo, nada que diga pode me manter longe de você." Sorrindo, eu me inclinei, dei um beijo suave nos lábios dele e recuei.
"Eu não estava planejando fazer nada remotamente próximo a isso, até mesmo no caso de que você não me quisesse mais." Então ele foi o único inclinando para a frente e capturando os meus lábios, a sua língua fazendo coisas que me deixaram extasiado. Quando o alfa recuou, os seus olhos estavam brilhando.
"Então o que você quer?" Suspirei, meu dedo acariciando o queixo dele.
"Eu vi o quanto você trabalhou para chegar onde está – apenas morar com você por alguns meses foi o suficiente para eu ver isso. Eu não vou ser a razão para que sua carreira seja arruinada, não quero pensar nem mesmo na possibilidade de..."
"O que você está me pedindo?" Jungkook questionou, suas mãos voltando a se mexer.
"Só não torne óbvio que você sabe, isso é tudo." Ele segurou a minha cintura nas suas mãos e o meu corpo sacudiu.
"Eu não posso ter você dormindo em outro lugar, Flash. Eu não posso suportar outro dia sem acordar com você nos meus braços. Nós vamos encontrar um pequeno apartamento e morar juntos. Eu sei que só tenho alguns meses até o draft e depois disso..." Nem mesmo tentando conter o meu sorriso, eu poderia ter gritado a minha resposta um pouco mais alto do que pretendia.
"Sim. Sim. Sim!" Com o jeito que eu estava agindo, você pensaria que o alfa me pediu em casamento. Foi a preocupação em seu rosto que suavizou primeiro – como se Jungkook realmente achasse que eu poderia deixar passar a oportunidade de acordar com ele por algum tempo – e então ele riu comigo. Eu não conseguia parar de tocá-lo, não conseguia parar de olhar nos seus olhos. "Ok, não surte, mas estou me apaixonando tanto por você, Jeon Jungkook – uma completa queda livre. Eu provavelmente vou pousar em breve também.”
Seu sorriso ficou brincalhão e ele se levantou.
"Pousar onde?” Empurrei o seu ombro enquanto as suas mãos começaram a se mover mais para baixo da minha camisa, me deixando hiper consciente de quão perto estávamos, o quão afetado eu estava pelo seu toque.
"Você sabe o que quero dizer." Pela primeira vez em muito tempo, evitei os seus olhos. "E eu quero que você se apaixone por mim também. Eu quero tanto isso – tão mal, Jungkook. Eu quero ser alguém importante para você, quero ser o tipo de pessoa que você é para mim, alguém que não pode viver sem. E bem, talvez eu seja um pouco esquisito – isso é um grande talvez – mas eu quero que você goste do fato de que eu sou esquisito e me queira..."
"Isso é fácil, Flash. Você é o meu melhor amigo, como eu disse a você, e eu já amo seu jeito estranho. Eu nunca esquecerei a visão daqueles M&Ms bem empilhados na cozinha, e o amor que você tem por pizza? Isso é um outro nível de esquisitice." Eu gemi e empurrei o meu rosto no seu pescoço.
"Todo mundo ama pizza, isso não é estranho."
"Não tanto quanto você, no entanto." As mãos de Jungkook seguraram o meu rosto e ele me puxou para longe de seu pescoço para fitar meus olhos. "Eu te pego quando você aterrissar, Flash. Só não demore muito, porque eu já estou lá, esperando impacientemente por você."
Eu pisquei.
"Você não pode fazer uma piada sobre algo assim, Jungkook."
"Quem disse que estou brincando? Você aconteceu em um piscar de olhos Tae, eu não tive a menor chance." Isso significa o que eu acho que significa? Então os seus lábios estavam nos meus e eu estava-o beijando como se as nossas vidas dependessem disso, e todos os pensamentos evaporaram da minha mente.
As suas mãos soltaram o meu rosto enquanto eu envolvi os meus braços em volta do seu pescoço para chegar mais perto e soltei um chiado surpreso quando o alfa me puxou para o seu colo.
"Merda," eu xinguei, voltando para agarrar a borda do topo do bar. "Jungkook, eu sou pesado. Você não pode..."
"Eu posso fazer tudo o que eu quiser com você agora." Ele achava que isso era uma ameaça? As suas sobrancelhas se uniram. "Espere, Jin? Ele nunca mencionou nada para mim."
Eu franzi os meus lábios e balancei a cabeça.
"Nós só conversamos duas vezes desde que eu disse a ele, mas ele me mandou uma mensagem para me deixar saber que você estava aqui, então talvez…" Um pequeno encolher de ombros. "Talvez nós possamos nos aproximar mais. Isso só depende dele."
"Então, eu estou transando com o irmãozinho do meu melhor amigo, hein? Eu gosto disso." O alfa sorriu e revirei os olhos, meus lábios sorrindo de volta.
"Eu não sinto nenhuma transa acontecendo, mas se você diz..." As palavras morreram na minha boca quando nos beijamos de novo e eu fui levado… para longe... para algum lugar.
Quando uma porta se abriu, as minhas costas bateram em uma parede, os nossos lábios ainda estavam conectados, abri os olhos para ver onde nós estávamos. Nós poderíamos ter caminhado por horas e eu não teria notado. Aparentemente, Jungkook só me levou até as escadas que eu vi antes, nós estávamos no escritório do Jimmy. Registrei a mesa de mogno quase vazia, o pequeno cofre antigo, um armário de arquivo alto e o sofá. Não era grande, nem um pouco, mas parecia bem confortável, e eu estava mais do que feliz em passar a noite ali com o alfa. Como era muito pequeno, significava que teríamos que ficar super perto.
Quando Jungkook mordeu o meu lábio, perdi todo o foco de novo e havia apenas nós. O alfa me levou para longe da parede, mas não me levou para o sofá como eu esperava que ele fizesse. Não, ele me ajeitou sobre a mesa.
Antes que eu tivesse a oportunidade de abrir a boca ou mesmo recuperar o fôlego, ele estava tirando a minha jaqueta e em um piscar de olhos lá se foi minha camisa também. Por um momento muito curto, eu quis me esconder dele, mas ao invés disso, peguei a bainha de sua camisa e a tirei dele. O alfa gemeu e abriu as minhas pernas, se pressionando contra meu corpo. Jungkook se inclinou para me beijar, eu tive que me inclinar para trás e agarrar-me a ele para corresponder.
"Eu nem sequer tive a oportunidade de aprender o que te excita," ele resmungou antes de chupar e morder suavemente a pele do meu pescoço.
"Eu não acho que você precise aprender alguma coisa," eu disse rapidamente, minha voz saindo toda agitada. "Você está praticamente me matando, então eu diria que está funcionando, mesmo se você ficar parado apenas olhando para mim me excita, então..."
O alfa riu e o som vibrou na minha pele.
"Você está me dizendo que está pronto para mim?" Questionou, me inclinando até que eu estivesse deitado sobre a mesa. Eu ofeguei quando a alfa agarrou minha cintura, me puxando contra a ereção dele. Sentir o seu pau duro e grosso contra o meu, me fazendo perder qualquer resquício de controle.
Jungkook me beijou, engolindo os gemidos que eu estava soltando. Me empurrei para baixo o mais forte que pude enquanto os seus dedos apertaram na minha cintura para me manter imóvel. Libertando os seus ombros, eu alcancei entre nós e tentei abrir o zíper da calça dele. Quando não me levou a lugar nenhum, me afastei do beijo e bati com a minha cabeça bem forte na mesa.
"Merda. Não quer abrir... Merda. Merda. Merda." Jungkook teve a audácia de rir.
"Calma, baby," ele sussurrou, uma de suas mãos delicadamente deslizando no meu cabelo e alisando a dor. "Você me quer?"
Eu não poderia tê-lo desejado mais, e realmente não achava que poderia falar naquele momento, então apenas balancei a cabeça. Nós encaramos e o que quer que Jungkook tenha visto no meu rosto fez com que ele sacudisse a cabeça e sorrisse para mim. As suas bochechas pareciam coradas, os seus lábios inchados – por minha causa. O alfa respirou fundo enquanto eu segurava a minha respiração. Os seus olhos estavam mais escuros e eu não me conseguia lembrar de ter visto algo mais perfeito.
"Eu gostaria de poder capturar este momento," sussurrei. "Você... apenas olhando para mim do jeito que você faz."
"Você terá todo o tempo do mundo para fazer o que quiser comigo, Tae. Confie em mim." Quando eu lambi os meus lábios, as suas mãos finalmente moveram-se para baixo e ele começou a tirar as calças. Eu fiz o mesmo, me mexendo e tentando me livrar delas o mais rápido possível. Eu tirei alguns arquivos da mesa, mas nenhum de nós parecia se importar. "Deixe-me," o alfa disse, ele tirou a minha calça em um segundo, a minha cueca deslizando com ela.
Eu não acho que poderia esperar mais, então me sentei e fui para os lábios dele de novo. Jungkook me ajudou, inclinando-se e envolvendo os seus braços em volta de mim. Eu acho que ele estava se sentindo como eu, como se não pudesse chegar perto o suficiente. Apertei a minha mão entre os nossos corpos e agarrei seu pau. Quando uma mão não foi o suficiente, usei a outra também. Jungkook afastou os lábios dos meus e gemeu no meu ouvido quando eu rolei o polegar sobre a sua glande.
"Eu quero provar você," gemi, a minha voz baixa.
"Me mata dizer isso, mas agora não." Ele afastou minhas mãos e resmunguei em protesto, mas logo não me importava mais em prová-lo, no momento em que seus dedos entraram em mim eu me tornei incapaz de raciocinar.
Jungkook se inclinou, sua boca se fechando em um mamilo, primeiro lambendo e depois chupando, enquanto sua outra mão agarrava minha ereção. Eu não sabia o que fazer com as minhas mãos, então eu apenas as ergui acima da minha cabeça e segurei na borda da mesa, meu corpo arqueando, incapaz de funcionar diante de tantos estímulos. O alfa deu o mesmo tratamento para o outro mamilo, seus dedos ganhando velocidade, me fazendo contorcer e ofegar debaixo dele.
Eu já estava no limite quando Jungkook afastou seus dedos e se enterrou em mim, observando onde nos conectamos com uma veneração que eu não conseguia explicar. Os meus ouvidos zumbiam, sangue rugindo nas minhas veias, abri a minha boca para ofegar, mas eu estava tão impressionado pelo seu tamanho e por tê-lo novamente que nada saiu. Uma fração de segundo depois, outro suspiro, e então eu gemi, sentindo-o trabalhar lentamente para dentro, me esticando deliciosamente.
"Você não tem ideia do quanto senti a sua falta, Flash. Saudade de estar dentro de você... Te sentir em torno do meu pau. Foder você." O meu corpo estremeceu.
Senti minhas coxas tremerem e então ele parou, reuni forças para abrir os olhos e encará-lo.
"O-o quê? Não, não pare." Parado na metade do caminho para dentro de mim, o alfa abaixou a testa bem no meio do meu peito, o seu hálito quente na minha pele fria me fazendo tremer debaixo ele.
"Camisinha... Eu esqueci." Jungkook gemeu, seus dedos apertando minhas pernas com tanta força que deixaria hematomas.
"Merda. Pegue uma e continua, por favor." Ele ficou imóvel por mais alguns segundos antes de me puxar pra ele, se afundando completamente em mim.
"Eu não tenho nenhuma, Flash. Porra, eu não tenho uma comigo." Os seus quadris se moveram como se ele não pudesse evitar, pressionando em mim, indo mais fundo, e nós dois gememos.
"Você percebe que está falhando nesta coisa de faculdade, certo? Que estudante universitário não carrega preservativos?" Questionei ofegante.
"Espertinho," Jungkook murmurou com um sorriso, então nós dois gememos. Estava na ponta da minha língua, eu estava a um passo de dizer ao alfa que não me importo e implorar para ele me foder, mas ele falou primeiro. "Eu não estive com mais ninguém desde você," Jeon murmurou, a sua língua encontrando o meu mamilo e girando em torno dele. "E eu nunca transei sem camisinha, prometo que estou limpo."
O puxei até os meus lábios.
"Eu estou tomando pílula," sussurrei contra sua boca entreaberta antes de respirar fundo e beijá-lo. Jungkook se moveu apenas um centímetro, fazendo com que o meu corpo se contorcesse de prazer. "Por favor, me fode, Jungkook." Eu ofeguei e suspirei. "Por favor..." Eu não me importei de implorar – nem um pouco. Graças a Deus isso bastou. O alfa lentamente empurrou os últimos centímetros para dentro de mim, engolindo os meus gemidos com a boca. "É isso... só um pouco mais."
Quando tentei afastar a sua espessura um pouco rolando os meus quadris contra ele, Jungkook se endireitou e segurou a minha cintura, me observando intensamente. Abri as minhas pernas mais largas e coloquei os meus pés na beira da mesa. Encontrando os meus olhos, Jungkook puxou quase todo o caminho para fora, em seguida, empurrou de volta, me fazendo arquear. O alfa colocou a mão no meu estômago e acariciou o meu corpo em delírio, todo o caminho até a minha garganta e depois para baixo novamente. Derrubando a minha cabeça para trás, tudo que eu pude fazer foi sentir a sua plenitude dentro de mim e tentar não me perder muito cedo.
Eu estava encharcado, mas demorei alguns minutos para me acostumar com ele. Quando olhei para o alfa, os meus olhos quase não abriram, eu o assisti empurrar gentilmente para dentro e fora de mim. Eu escolhi observar os músculos dos seus abdominais, a maneira como eles se contraíam e se soltavam. Observei o modo como os seus ombros fortes rolavam com os seus impulsos, o modo como os seus braços flexionavam, como Jungkook parecia fascinado, perdido, mas ainda assim focado.
Quando ele levantou o olhar e me encontrou observando-o, o seu ritmo acelerou. Alcançando a minha mão, o alfa me puxou até o seu peito e me beijou.
"Eu estou limpo também," eu sussurrei sem fôlego quando ele me deixou respirar por um segundo. A minha mente estava toda confusa. Eu estava atrasado para dizer isso?
"Bom," ele murmurou e ouvindo a sua voz fez algo para mim. O alfa moveu as mãos debaixo da minha bunda e de alguma forma conseguiu me abrir mais, manipulando o meu corpo de maneiras que eu não estava preparado. A minha bunda doeu do seu aperto, mas eu não me importei com a dor, ela só alimentou o que estava para vir. Todas as terminações nervosas do meu corpo gritavam, e foi tudo muito esmagador.
"Jungkook," eu choraminguei. "Jungkook, mais rápido, sim. Por favor."
"Bem aqui?" Ele perguntou, me fodendo mais forte. "Você vai gozar intocado? Vai vir só com o meu pau?" O alfa mordiscou minha clavícula, pouco abaixo da minha glândula odorífica. "Você quer que seu alfa te foda mais forte?" Eu estava a segundos de distância da morte mais doce e só queria mais. A minha resposta foi desnudar o meu pescoço pra ele. "Sim, é isso, baby. Eu vou foder a sua bunda doce todos os dias até o meu último suspiro, Taehyung," ele murmurou antes de lamber meu pescoço, seus dentes roçando bem em cima dela, e isso bastou para que eu fosse puxado para um orgasmo intenso. Jungkook continuou me fodendo através disso, as suas coxas batendo nas minhas pernas abertas com um som alto quando o meu mundo virou de cabeça para baixo nos seus braços. A minha respiração engatou quando ele agarrou meu pau, prolongando o orgasmo através da sensibilidade. "Vamos lá, Tae. Deixe-me ter tudo." Os meus dedos do pé enrolaram, os meus olhos reviraram na minha cabeça, e eu congelei completamente. Cada músculo do meu corpo ficou tenso quando o prazer surgiu através de mim. Não tenho certeza de quantos segundos eu fiquei sem respirar, mas quando acabou, eu não conseguia respirar rápido o suficiente. Agarrei os seus bíceps duros e inflexíveis e gemi o mais alto que pude enquanto o alfa diminuía o ritmo, mas ainda assim se aprofundou nos seus impulsos. "Merda, Taehyung," ele murmurou, e antes que eu estivesse pronto para isso, o alfa puxou para fora e gozou em cima de mim em jorros grossos. Eu estava fascinado pela maneira como a mão dele movia-se no seu pau. O seu aperto era mais forte do que eu teria me atrevido a apertar, e ele tirou cada gota. Senti uma linha molhada deslizar pelo lado da minha cintura, fazendo-me cócegas.
O meu corpo se contraiu em resposta e eu inclinei a cabeça para trás, fechando os olhos.
"Pode me enterrar, estou morto." Eu ouvi uma risada cansada, em seguida, senti suas mãos se movendo no topo das minhas coxas.
"Você deveria ver o jeito que está agora." As suas palavras saíram apenas um pouco mais do que um sussurro, e cada uma delas era uma carícia na minha pele nua.
Eu fechei os meus olhos e me estiquei.
"Vamos fazer isso de novo," eu disse com um sorriso estúpido no meu rosto. "Eu não tenho forças para abrir os meus olhos, mas posso fazer isso totalmente de novo."
Desta vez a sua risada foi mais alta, e isso me fez tremer completamente. Jungkook me limpou e depois me beijou por um minuto inteiro. Eu estava na lua. O alfa me ajudou a me vestir e então eu o vi colocar as suas próprias roupas. Nós conseguimos o impossível, nos deitamos no sofá juntos. Era pior do que sua cama estreita no apartamento, mas não poderia ter sido mais perfeito aos meus olhos.
"Eu mal posso esperar para foder você em uma cama normal." A sua voz era toda sexy e sonolenta, e eu não tenho vergonha de admitir que não teria dito não a mais uma vez, mas o alfa parecia muito sonolento, muito cansado.
Eu o beijei, apenas um suave toque dos meus lábios, e os seus olhos fechados abriram para me encontrar.
"Eu não quero sentir a sua falta assim de novo. Pode tirar sarro de mim por dizer isso se quiser, mas você é o meu companheiro, o meu melhor amigo. Eu não vou deixar você ir, não importa o que aconteça."
"Eu não vou a lugar nenhum, baby. Somos apenas nós a partir de agora." Jungkook me apertou em seus braços.
"Só nós." Exalei, as palavras me dando vida, e então eu hesitei. Não era a hora, mas... "Mas você não vai estar aqui no próximo ano, e se..."
"Nem termine a frase, Tae. Nós descobriremos tudo quando chegar a hora, mas acredite quando eu digo que não tenho intenção de deixar você ir. Apenas me deixe dormir com você nos meus braços e vamos dar um passo de cada vez amanhã, okay?" Eu me aconcheguei mais perto e fechei os olhos, respirando o seu perfume. Apenas quando eu estava prestes a adormecer, bem entre aquele espaço do sono, a sua voz me trouxe de volta. "Eu vou me odiar por perguntar isso, mas qual é o seu número?"
Eu abri os meus olhos rapidamente, as minhas sobrancelhas se juntando em confusão.
"O quê? Que número?" O alfa excluiu meu número do celular ou algo assim?
"Com quantas pessoas você dormiu?" Ele perguntou.
"Jungkook…" Eu gemi. "Eu não acho que isso é..."
"Conte-me." Suspirei em derrota.
"Três." Respondi.
"Três," ele repetiu, o seu corpo ficou tenso ao meu redor.
"Não foram muitos, e eu definitivamente não quero ouvir sobre você..." O seu corpo ficou mais tenso atrás de mim.
"Não são muitos?" O alfa perguntou incrédulo. Os seus dedos apertaram ao redor do meu pulso. "Esses três são demais." Senti ele descansar a testa contra a parte de trás da minha cabeça. "Eu gostaria de ter sido o seu primeiro. Eu sei que provavelmente pareço como um homem das cavernas dizendo isso, mas até mesmo imaginá-lo perto de outra pessoa faz o sangue ferver nas minhas veias. Eu não suporto imaginá-lo na cama de outra pessoa, deitado assim." Ele me puxou para mais perto. "Só eu a partir de agora, eu vou ser o único tocando você, te beijando, segurando, fodendo você."
"Você não ouvirá nenhuma reclamação minha sobre isso," eu respondi e, depois de alguns segundos, o seu corpo relaxou gradualmente.
Naquela noite, eu tive o melhor sono depois de semanas estando miserável, e eu tinha certeza que Jungkook também.
Chapter Text
JUNGKOOK
***
Alguns meses depois…
Era o grande dia, finalmente era o dia do draft.
Eu tinha acordado antes do nascer do sol no quarto de hotel em que estávamos hospedados em Arlington, Texas, onde o draft seria realizado. Os meus pais, irmãos e o meu agente – todos estavam lá para me apoiar. Bem, todos menos uma pessoa. A única pessoa que estava faltando tinha acabado de aterrissar há quinze minutos, e eu estava ficando inquieto e impaciente esperando por ela no aeroporto. Quando cinco minutos se passaram e Taehyung ainda não tinha saído, entrei em uma loja para comprar uma garrafa de água. Eu não tinha certeza se a minha empolgação era porque eu estava prestes a ver meu ômega ou se era por causa do grande dia – provavelmente uma mistura de ambos – e mesmo que parecesse ridículo sentir tanto a falta dele desde que tinha sido apenas alguns dias desde que eu o deixei em Los Angeles no pequeno apartamento de merda que partilhamos com outro aluno, eu já tinha aceitado que tudo era diferente com Taehyung. Eu nunca fui uma pessoa ciumenta na minha vida, não da forma como eu era com o ômega, e quando às vezes a intensidade dos meus sentimentos por ele me assustava, eu não teria feito de outra maneira. Se isso significasse que eu me sentiria como um neanderthal tentando mantê-lo longe de cada pessoa que tivesse um pau entre as pernas, eu ficaria em paz com isso. Até onde eu sabia, Taehyung também não tinha reclamações, o que poderia ter algo a ver com o fato de que eu o beijava sem sentido toda vez que o ômega estava prestes a reclamar, mas nunca teríamos certeza.
Enquanto esperava na fila para pagar a minha água, alguém me cutucou no ombro. Eu me virei e lá estava ele, sorrindo, brilhando, praticamente pulando.
“De onde você veio?” Questionei, meus lábios se esticando em um grande sorriso. Ao invés de responder, gritou empolgado, colocando os braços ao meu redor. Rindo, eu devolvi o seu abraço e o segurei com mais força. Depois de um longo momento, Taehyung olhou para mim. “Senti saudades.”
“Sim?” Ele questionou, com os olhos brilhando.
“Você não tem ideia.” Vendo como Tae estava feliz, me senti um pouco mais calmo. “Onde você esteve? Eu estava ficando louco sem você,” admiti contra seu ouvido, em seguida, o beijei até que eu tive que parar e pagar quando foi a minha vez na fila. Agarrando a sua bagagem de mão, entrelacei nossos dedos e saímos do aeroporto conversando o tempo todo.
Enquanto esperávamos que o nosso Uber viesse, Taehyung se recostou contra mim e eu passei os meus braços em sua cintura, descansando o meu queixo no topo de sua cabeça.
“Acho que estou começando a pirar, e olhe,” ela ergueu as palmas das mãos. “As minhas mãos estão suando.”
“Por que você está pirando mesmo?” Era engraçado o quão nervoso Taehyung estava.
“Estou prestes a conhecer os seus pais, Jungkook, e os seus irmãos também. E se eles não gostarem de mim? E se eles não gostarem do que eu estou vestindo? E se eles acharem que não tenho o direito de estar aqui? Eu quero estar lá por você, mas se vai ser estranho, talvez eu deva esperar no hotel com o seu irmão e irmã? Mas eu também não quero fazer isso…” Me inclinei e o beijei, sabendo que Tae iria tagarelar por horas e surtar cada vez mais se eu não o interrompesse.
“Taehyung, você não vai sair do meu lado por um minuto, e os meus pais vão amar você... Na verdade eles já gostam de tudo que eu falei sobre você. Junghyun é ainda mais tímido do que você, então ele provavelmente ficará quieto, mas ele é doce. Você vai adorá-lo.” Taehyung resmungou um pouco, mas não protestou depois disso.
Só porque eu pensei que deveria distrai-lo, empurrei os meus quadris para frente para que o ômega pudesse sentir o quão duro eu estava por ele, em seguida, pressionei um beijo prolongado bem abaixo de sua orelha. Seu corpo ficou rígido e as suas mãos agarraram os meus antebraços mais apertados.
“Isso não é justo,” ele sussurrou, descansando a cabeça no meu ombro. Eu lambi os lábios e pressionei outro beijo em seu pescoço.
“O que?” Tae balançou a bunda e gemeu. Nós estávamos nos agarrando como coelhos há meses.
“Eu senti a sua falta,” eu sussurrei. “Sinto falta de estar dentro de você.”
“Nós ainda temos tempo para isso?” Ele sussurrou de volta. Eu suspirei e me afastei.
“Eu acho que não, não antes desta noite.” Suspirei, chateado.
“Nem mesmo cinco minutos?” Eu suavemente mordi o lóbulo da sua orelha e absorvi o modo como o corpo dele tremia.
“Você é adorável. Isso parece algo que você pode resolver em apenas cinco minutos?” Houve um tapa suave no meu braço. “Você é adorável.”
Eu ri, finalmente me sentindo completo depois de dias sem Taehyung.
“Porque você faz parecer um insulto? Claro que sou adorável.” Nosso carro apareceu e mantivemos nossas mãos unidas durante todo o passeio de carro até o hotel onde minha família estava esperando por nós. Nós nos tornamos um daqueles casais desagradáveis que todo mundo odiava que tinham que se tocar o tempo todo. Eu amava isso. “Você está com medo?” Taehyung perguntou quando estávamos a poucos minutos de distância do hotel. “Sobre esta noite.”
“Assustado, não, mas estou animado. Eu quero que a noite chegue logo para sabermos para onde vamos nos mudar.” Eu tentei agir casualmente e comecei a brincar com os dedos. Nós não tivemos essa conversa ainda. Para mim, não era necessário - eu o queria comigo, não importa o que – mas não sabia como Tae estava se sentindo sobre isso. Eu sabia que o ômega tinha o sonho de se mudar para Nova York por causa do seu trabalho fotográfico, e uma das equipes que queria falar comigo e com o meu agente eram os Giants – junto com várias outras equipes que não estavam nem perto do nordeste – mas eu não queria dizer-lhe nada até que estivesse certo. Infelizmente, nada é garantido quando se tratava da NFL. Você poderia se sentir muito bem consigo mesmo, confiante de que você seria escolhido na primeira rodada – talvez até no top dez – e, em seguida, do nada você poderia acabar indo na terceira rodada, se você fosse pego. Eu não tinha ideia de onde eu terminaria ou quanto tempo eu teria que esperar.
“Nós?” Eu endureci e parei de brincar com a mão dele.
“Flash?” Eu perguntei quando nada mais veio dos seus lábios. “Você não respondeu.”
“Desculpe, você perguntou alguma coisa?” De repente, o carro estava estacionando em frente ao hotel e tivemos que sair. Coloquei sua mala de mão no chão e esperei. Ele também saiu e ficou na minha frente.
“Taehyung…” Eu inclinei a minha cabeça e esperei.
“O quê! Você nunca me perguntou. Ficamos tão ocupados tentando encontrar um lugar para morar, e depois houve toda a preparação para o dia de hoje. Como eu deveria saber se você me quer lá ou não? Além disso, tenho mais um ano e talvez você…” Eu deixei a alça da sua bagagem de mão e embalei o seu rosto nas minhas mãos. O ômega ainda estava tentando falar quando eu coloquei a minha língua na boca dele e o beijei sem sentido bem ali na frente dos estranhos entrando e saindo do hotel.
“Eu sempre quero você comigo, você não sabe disso? Eu sou louco por você.” Eu gemi contra os seus lábios, a minha respiração já pesada, o coração acelerado. “Eu sempre quis você, Kim Taehyung.”
“Eu não tinha certeza.” Apoiei a minha testa contra a dele e deixei os braços dele em volta dos meus ombros. “Eu vou aonde você estiver, provavelmente no dia em que me formar, Jeon Jungkook. Você é o melhor companheiro de quarto que eu já tive, e não vou deixar você ir assim tão facilmente.”
Eu soltei o ar que eu nem tinha percebido que estava segurando e puxei o seu corpo contra o meu. Alguém limpou a garganta bem alto, mas nenhum de nós se importou o suficiente para nos separar.
“Jungkook, eu gostaria de ver o seu namorado, por favor. Pare de engolir o rosto dele.” Antes da minha mãe ter terminado a frase, Taehyung me empurrou com uma força inesperada e o seu rosto já estava virando aquele lindo tom de rosa que eu tanto amava. Ele lambeu os lábios e quando isso não bastou, os limpou com as costas da mão algumas vezes, o rosto ficando ainda mais vermelho.
“Sra. Jeon, é muito bom conhecer você.” Minha mãe olhou para o meu rosto sorridente e balançou a cabeça. Então ela estava na frente de Taehyung, puxando-o nos seus braços. “Apenas Soyeon. Eu estava morrendo de vontade de conhecer você. Estou muito feliz que você pôde tirar alguns dias de folga e nos encontrar aqui. Quando minha mãe o soltou, ele ainda estava corado, mas ao invés daquele olhar mortificado no seu rosto, o ômega sorria suavemente. “E olhe para você,” a minha mãe jorrou, segurando o rosto de Taehyung. “Deus, você é lindo. Olhe para esse rosto, os olhos dele, Jungkook. Meu genro parece um modelo.” Taehyung me enviou um olhar desamparado e eu ri, pegando a mão dele.
“Eu sei mamãe. É por isso que eu estou mantendo-o, então vou ter algo bom para olhar pelo resto da minha vida. O que você está fazendo aqui? O resto da gangue ainda está no restaurante?” Finalmente ela soltou Taehyung e se virou para mim. Puxando o meu rosto para baixo, ela beijou a minha bochecha.
“Eu não conseguia sentar e esperar, e, eu admito...” ela mandou uma rápida piscada para Taehyung “Eu queria ver Taehyung antes de todo mundo. Agora ele está aqui e tudo está muito perfeito. Estou muito orgulhosa de você, Jungkook. Estamos muito animados.” Eu gemi.
“Jeon Soyeon, se você começar a chorar de novo, então me ajude...”
“Não vou chorar, ainda não. Ok. Talvez um pouco...” Ela rapidamente afastou as lágrimas. “Vamos lá, vamos levar Taehyung para dentro para que ele possa conhecer todo mundo antes que você desapareça para as entrevistas. Com uma das minhas mãos sofrendo um aperto de morte em Taehyung, peguei a alça da sua bagagem com a mão livre e levei os dois para dentro.
***
As luzes no estádio, as conversas silenciosas, os caras das câmeras andando pelas mesas – todas as pessoas ao nosso redor estavam começando a me afetar. Eu senti a mão de Taehyung na minha perna, me impedindo de saltar contra a mesa. O show estava prestes a começar em menos de dez minutos.
“Você está bem?” Ele perguntou, inclinando-se para mim, os seus olhos preocupados. Eu agarrei a mão dele debaixo da mesa e a segurei.
“Tudo ótimo.” O ômega não parecia acreditar em mim, mas o seu toque me acalmou o suficiente. Os meus pais conversavam com o meu agente quando senti uma mão perto do meu ombro.
“E aí, cara?” Seokjin me cumprimentou com um enorme sorriso no rosto quando eu virei no banco para olhar para trás. Eu me levantei e nós demos um abraço rápido.
“Eu liguei para você no caminho até aqui, não tinha certeza se você conseguiria.” Ele suspirou e brincou com a gravata.
“Só um pouco atrasado, só isso.” Quando Taehyung empurrou a cadeira para trás e se juntou a nós, Seokjin se inclinou e beijou a sua bochecha. Ele estava sorrindo para ele. “Oi, Taehyung.”
“Ei. Mandei uma mensagem para você mais cedo para lhe desejar sorte, não tinha certeza se conseguiria falar com você aqui.” O ômega disse, com os olhos brilhando para o irmão mais velho.
“Eu liguei para você, mas acho que você não conseguiu ouvir nada com tudo o que está acontecendo.” Taehyung ficou ao meu lado enquanto os seus olhos deslizavam ao redor, sem dúvida, olhando para ver se Jung-ho estava por perto. “Ele não está aqui,” comentou Jin antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.
“Este é o melhor dia da sua vida, como ele pôde...” Taehyung franziu a testa, seus olhos castanho-esverdeados escurecendo.
“Você não contou pra ele?” Seokjin questionou, se virando pra mim.
“O assunto nunca surgiu,” eu respondi, evitando o olhar curioso do ômega enquanto eu distraidamente acariciava as suas costas. A interação deles ainda era estranha, na melhor das hipóteses, longe de um relacionamento normal entre irmãos, mas eu sabia que Jin queria isso... talvez não tanto quanto Taehyung queria, pelo menos não ainda, mas eu sabia que ele estava tentando chegar lá. Um cara com uma câmera começou a nos filmar quando passou, e Taehyung se aproximou do meu lado.
“O que você não conseguiu me dizer?” Quando Seokjin começou a dizer como ele basicamente forçou Jung-ho a renunciar à equipe, os dedos de Taehyung apertaram o meu antebraço cada vez mais.
“Era isso ou eu ia dizer à minha mãe que sabia da adoção. No seu próprio jeito estranho e doentio, ele se preocupa com ela... eu acho.” Jin deve ter visto o olhar no rosto de Taehyung, porque ele balançou a cabeça e deu a ela o resto da história. “Não é só você, Tae. Ele sempre foi um pai e um marido de merda, sempre teve centenas de amantes, a grande maioria estudantes. Ele acabaria se metendo em confusão.”
Nós não estávamos dando a ele toda a história, mas eu já tinha falado com o Seokjin e o alfa me prometeu que não diria ao ômega como eu tinha quebrado o nariz de seu pai logo depois que ele não era mais o nosso treinador oficial. Você vê, Taehyung tinha esquecido de me dizer o que tinha acontecido no apartamento antes de eu entrar naquela noite. Eu soube sobre isso apenas porque Seokjin fez uma observação impensada, pensando que Tae já tinha me dito. Eu deslizei o meu braço ao redor da cintura do meu ômega e o puxei para o meu lado quando eles anunciaram que o evento estava prestes a começar. Depois de prometermos nos encontrar depois que a noite acabasse, nos sentamos novamente.
“Vai ser uma noite longa,” Taehyung murmurou ao meu lado, torcendo as mãos no colo.
“Como você se sente?” Eu perguntei no seu ouvido.
“Sobre o quê?” Ele olhou pra mim, confuso.
“O seu pai.” Taehyung estremeceu.
“Ele não é meu pai,” respondeu automaticamente. “Eu não sinto nada além de indiferença e ele é a última pessoa que eu quero falar hoje à noite.” Tae estendeu a mão para tocar a minha bochecha. “Esta noite é toda sobre você.” O seu sorriso ficou maior. “Você conseguiu, Jungkook. Todos aqueles turnos no bar, todos aqueles treinamentos matutinos – que eu desfrutei imensamente, muito obrigado – estudando loucamente para se formar cedo... todo o seu trabalho duro, e olhe onde você está. Estou muito orgulhoso de você.” Virando a minha cabeça, eu pressionei um beijo na palma da mão dele.
“Ainda não, Flash. Nós não sabemos nada ainda. Não tenho ideia de onde vamos acabar.” Eu queria desesperadamente acreditar que acabaria nos Giants, mas nunca se sabe.
“Oh vamos lá. Eu li algumas das previsões - alguém vai apanhar você na primeira ronda. A sua combine NFL tornou-se uma lenda.” Eu ri.
“Sim? O que você sabe sobre isso?” Questionei, encarando-o.
“Nada, mas eu sei que qualquer equipe que tenha você terá uma temporada incrível no ano que vem com você do lado deles.” Eu ri mais e acabei chamando a atenção dos meus pais. Eu acariciei o seu pescoço.
“Você me faz rir, Flash.” Ele me empurrou de volta.
“Você só fica tirando sarro de mim, companheiro. Eu prevejo que você estará entre os cinco primeiros.” Meus olhos se arregalaram. Eu empurrei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e o meu sorriso suavizou.
“Top cinco, hein?” O apresentador estava no palco e todos os jogadores sentados à nossa volta ficaram em silêncio.
“Bem-vindos ao draft da NFL!” A noite começou quando ele colocou o Cleveland Browns no cronômetro e o jogo de espera começou. A mesa que estávamos partilhando com outro jogador e sua família ficou muito mais calma depois disso, e o meu pai mudou de lugar com o meu agente, Scott, para sentar ao meu lado. A minha mãe estava ao lado de Taehyung e eles estavam sussurrando discretamente. Os minutos passaram e, com a primeira escolha, o Cleveland Browns selecionou um quarterback de Oklahoma. “Para a segunda escolha geral, os New York Giants estão agora no cronômetro.” Fechei os olhos e passei as duas mãos sobre a cabeça. Eu estava pronto para descobrir o que meu futuro reservava. Taehyung tocou o meu braço e eu olhei para ele.
“Vai ser fantástico. Você vai conseguir,” ele sussurrou, as nossas cabeças inclinadas para baixo, lado a lado. Oito minutos se passaram.
“Você tem uma ideia de qual equipe escolherá você?”” O meu pai perguntou.
“Não faço ideia pai. Se eu não for escolhido... se eu começar a cair muito, as minhas hipóteses serão apenas mais baixas.” Ele bateu nas minhas costas duas vezes e balançou a cabeça. Eu podia ver o quão nervoso e inquieto ele estava, mas estava fazendo o melhor para não demonstrar. Vimos o apresentador voltar ao palco e toda a conversa acalmou.
“Com a segunda escolha do draft da NFL 2018, os New York Giants selecionam Jeon Jungkook, wide receiver…” Levei um segundo ou dois para processar o que estava ouvindo, o que estava vendo na tela. O meu pai, a minha mãe e Taehyung estavam todos de pé, mas eu não conseguia ouvir uma única coisa por causa do sangue rugindo nos meus ouvidos.
Cobri a cabeça com as mãos e me levantei devagar. Os meus pais estavam chorando, mas eu ainda estava em choque. O meu pai foi o primeiro a me puxar para os seus braços. Todo mundo estava batendo palmas ao nosso redor, e eu senti o peito do meu pai rapidamente subindo e descendo com as suas lágrimas silenciosas. Ele se afastou e olhou para mim, as suas mãos segurando o meu rosto. Ele gentilmente acariciou a minha bochecha duas vezes e depois me soltou. A minha mãe estava de pé ao lado dele, os seus olhos brilhantes e largos e bonitos como sempre.
“Olhe para você,” disse ela, com a voz quebrada, mas ainda forte e orgulhosa. “Olhe para o meu lindo menino.” Quando ela me soltou, eu me virei. Taehyung estava parado ali, esperando por mim, e foi aí que sorri. Foi quando o som começou a fluir de volta, e ele ainda ficou parado ali, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Eu fui até ele porque não conseguia olhar para meu ômega e não o tocar. Inclinando-me, passei os meus braços ao redor da sua cintura e ele ficou na ponta dos pés para me abraçar de volta. Eu podia sentir os seus batimentos cardíacos frenéticos, o seu pulso batendo descontroladamente. Então começamos a rir, os meus próprios olhos enevoados de lágrimas não derramadas. Quando me disseram que eu precisava subir ao palco, Taehyung se afastou e sorriu.
“Vai! Vai! Vai.” Tudo o que veio depois aconteceu em câmera lenta, mas ainda assim tive problemas em acompanhar. Chris me parou no caminho e me abraçou. Eu ainda estava surpreso... eufórico, chocado, honrado e emocionado. Depois eu estava no palco e pude me ver na tela grande enquanto os fãs aplaudiam. Peguei a minha camisa nova com meu nome e sorri para as fotos. Eu fiz isso. Eu fodidamente fiz isso. Eu tinha tudo que eu sempre quis e mais. Assim que saí do palco, o meu telefone tocou e ouvi o meu novo treinador me dando as boas-vindas à equipe. Não me lembro de tudo o que ele disse para mim, mas lembro de repetir muitas das mesmas coisas: Sim, senhor. Não vou desapontá-lo, senhor. Eu agradeço, senhor. Era surreal, com certeza, mas também era agridoce. Assim que desliguei a chamada com meu novo treinador, o telefonema do Jaehyun chegou. O alfa não tinha se recuperado e os treinadores não achavam que ele teria um futuro jogando mais, mas meu amigo tinha levado tudo muito melhor do que eu se eu estivesse na sua posição. Ainda assim, planejei tentar o meu melhor para ajudá-lo de qualquer maneira que pudesse. Nós sempre seríamos uma equipe.
Quando voltei para a mesa, encontrei Seokjin e Taehyung juntos, sorrindo e conversando. Assim que voltei, fui para mais uma rodada de felicitações com a minha mãe e o meu pai e os ouvi falar, ainda sem palavras como estava no telefone com o meu treinador. Eu mal podia esperar para voltar para o hotel e ver os rostos dos meus irmãos quando souberam que eu fui a segunda escolha geral. Junghyun vai ficar maluco. Então era apenas Taehyung e eu, descansando as nossas cabeças uma contra a outra e apenas respirando enquanto eu segurava o seu rosto nas minhas mãos. Tentei limpar as lágrimas com os polegares, mas não consegui acompanhar.
“Nós fizemos isso.” Murmurei contra os lábios dele.
“Você fez isso, Jungkook. Isso é tudo você e você é incrível.” Taehyung afirmou, se afastando um pouco.
“Não. Nestes últimos meses... você tem sido incrível, e é Nova York, baby! É onde você queria viver.” Eu estou muito feliz por ter sido escolhido, mas ainda mais por ser Nova York. É como se tivesse destinado a acontecer, Taehyung vai se transferir para a Columbia, vamos ter uma bela casa e assim que ele se formar nos casar. Eu já consigo visualizar nosso futuro.
“Eu vou morar em qualquer lugar com você, Jungkook. Eu irei aonde você estiver.” O ômega disse, me trazendo de volta para o presente.
“Venha comigo.” Agarrando a sua mão, eu o arrastei atrás de mim, esquivando-me das câmeras e de cada vez mais pessoas. Sem fôlego, Taehyung correu atrás de mim para me acompanhar. Se eu pudesse manter as minhas mãos para mim por um tempo, teríamos ouvido que Jin tinha sido escolhido pelo Chicago Bears. Parei quando chegamos ao banheiro e o puxei para trás, trancando a porta imediatamente. Eu respirei fundo antes de me virar para olhar para ele. Taehyung estava encostado na pia, o seu lindo sorriso suave e convidativo. “Eu posso dar tudo o que você merece agora. Eu sei que não pude fazer muito até agora, mas Flash, acredite em mim, você vai ter o que quiser...”
“Cale a boca, seu bobo. Eu só quero você, Jungkook. Nada mais importa. Nós vamos descobrir tudo juntos, ok?” Eu engoli em seco. “Embora eu tenha que dizer, eu mal posso esperar para ver você vestindo mais ternos a partir de agora. Você está tão lindo.”
“Você gosta disto? Você gosta de me ver assim, Taehyung?” Fui até ele antes que o ômega pudesse responder e agarrei a sua cintura para levantá-lo. Taehyung deslizou os braços em volta do meu pescoço e escondeu o rosto na minha garganta, me puxando para mais perto. Eu descansei a minha cabeça contra sua têmpora, apenas respirando, apenas nós dois, longe de tudo e de todo o barulho.
“Eu amo você. Eu amei você por tanto tempo, eu nem sei quando começou,” ele disse baixinho, com muita emoção na sua voz. Eu recuei e olhei nos seus olhos brilhando com lágrimas.
“Você não sabe? A primeira vez que você me viu, você estava sorrindo para o meu pau.” Taehyung bufou e então gemeu para encobrir isso.
“Eu não me apaixonei pelo seu pau, Jungkook.” Sorri, amando provoca-lo com o assunto.
“Eu acho que você fez, mas vamos com a sua versão. De qualquer forma...” Abaixei a calça e a cueca dele, então o puxei para mim até que estivéssemos perfeitamente alinhados e eu podia sentir o seu calor contra as minhas calças. “Você não podia desviar o olhar e dizer as coisas mais sujas e adoráveis ao mesmo tempo, se bem me lembro disse que o meu regad mais se parecia com um chuveiro.”
Taehyung gemeu e tomou a cabeça, fugindo dos meus beijos.
“Eu te odeio por me lembrar disso, foi tão embaraçoso.” Ele resmungou, tornando meu sorriso ainda maior.
“Realmente fofo.” Murmurei contra a sua boca, a sua respiração já se misturando com a minha. Taehyung pegou os meus lábios em um beijo aquecido, a sua língua empurrando entre eles e exigindo que eu lhe desse o que ele gostava. Eu o beijei e deixei ele lentamente abrir minha calça com os seus dedos sorrateiros. “Você acredita em amor à primeira vista?”
“Não realmente,” Tae ofegou.
“Eu também não, mas então por que os meus olhos olharam para você em uma multidão quando eu nem sabia o seu nome? Por que o meu pulso acelerava sempre que via alguém que eu pensava ser você?” Gemendo, os seus olhos se fecharam e ele brincou com o meu pau, fazendo-me gemer. “Você me quer dentro de você?”
“Sempre.” Eu segurei o meu pau e lentamente me afundei dentro dele. Sua entrada estava escorregadia com a sua excitação, apertada e pronta para mim, como sempre. A minha respiração vinha em duras explosões quando lhe dei todo o meu comprimento e suas pernas tremiam ao meu redor.
“Vai ser sempre assim?” Taehyung perguntou, os seus olhos já sem foco, seu corpo inquieto.
“Sempre.” Sorri, sabendo que pelo resto dos meus dias eu queria ele comigo.
“Eu amo muito você.” O ômega sussurrou. “Tanto que não sei o que fazer com tudo isso.
“Eu também amo você, Flash. Dentro e fora do campo, você é a minha queda mais dura. Ninguém jamais se comparou, e ninguém nunca irá. Sempre vai ser você para mim.”
Chapter 32: Epílogo
Chapter Text
JUNGKOOK
***
SEIS ANOS DEPOIS...
Taehyung se engasgou, seu corpo ficou tenso por um rápido segundo, em seguida, relaxou contra o meu peito. Eu circulei os meus braços em volta de sua cintura antes que o ômega pudesse se afastar de mim.
"É você. Eu não ouvi você entrar." Ele disse ainda concentrado no prato que estava fazendo.
"Você estava esperando outra pessoa?" Eu provoquei, apertando sua cintura de leve e lhe provocado um guincho.
"Não." Tae respondeu finalmente me encarando.
"Boa resposta." Eu me inclinei e dei um beijo rápido na sua testa.
Taehyung sorriu para mim e os meus braços apertaram involuntariamente ao seu redor. Anos se passaram desde que ele me disse pela primeira vez que me amava, e eu ainda não conseguia obter o suficiente de ver o quanto esse amor transbordava em seus lindos olhos.
"Você não tem o direito de usar esse sorriso para mim," eu disse, o meu coração aquecendo apenas com a visão daquela expressão doce no seu rosto. “Você ainda precisa me compensar.”
"O quê?” Taehyung se virou então podia ficar de frente para mim, seus braços circulando meu pescoço. “E por que eu precisaria te compensar?”
"Eu ainda não me esqueci de John, Flash.” O ômega bufou e o seu sorriso ficou maior. Eu adorava ver o seu rosto se iluminar, vendo os seus olhos brilharem quando ele olhou para mim com um amor nítido e interminável.
"Ele é casado, John apenas me deu o número de telefone de sua esposa. Você estava lá, bem ao meu lado."
"Sim, graças a Deus eu estava. Eu nunca vi você sorrir assim tão grande para alguém que não seja eu ou seu pai."
"Oh, cale a boca." Os seus braços começaram a correr sobre os meus antebraços, acariciando, me seduzindo sem sequer perceber o que estava fazendo. "Eu só estava tentando ser gentil."
"Você não precisa ser gentil com os meus colegas de equipe. Seja gentil com o seu marido." Abaixei as mãos até os quadris dele, o puxando ainda mais apertado em meus braços.
"Eu sou sempre gentil com meu marido, e o seu colega me deu o número de sua esposa para que pudéssemos conversar sobre uma filmagem fofa que eu vou fazer quando o bebê nascer." Marido! Toda vez que a palavra saía de sua boca, o meu peito apertava e eu não conseguia evitar sentir orgulho.
Taehyung era meu, o meu ômega, meu companheiro, meu marido, meu Flash, e eu era o bastardo mais sortudo a caminhar nesta terra.
Inclinando-me, corri o meu nariz ao longo de seu pescoço e respirei o seu perfume.
"Ainda não muda o fato de que você sorriu para ele assim. Admita – eu sei que você verificou a bunda dele." Ele estremeceu nos meus braços quando deixei um beijo sobre a marca de acasalamento em seu pescoço.
"Você está brincando comigo? Você viu a sua própria bunda naquelas calças apertadas? Quero dizer, claro que você fez, mas... você sabe o que eu quero dizer? É difícil tirar os olhos quando alguém anda bem na sua frente usando esse tipo de roupa. Eu não sabia para onde mais olhar." Eu parei e levantei a minha cabeça do pescoço dele.
"Isso não foi uma piada, Taehyung." Meu marido riu. O seu corpo tremeu nos meus braços, mas antes que pudesse reclamar ele agarrou meu rosto e me puxou para um beijo que infelizmente acabou rápido demais.
"Então não me faça perguntas engraçadas. Agora vá embora para que eu possa terminar de cozinhar e não abra a geladeira - você não pode ver os bolos." Não havia como ele se livrar de mim tão facilmente. Em vez de soltá-lo, o empurrei contra a ilha da cozinha e o prendi entre os meus braços.
"Eu gosto de onde estou." Tentei ir para outro beijo, mas Taehyung se esquivou para longe de mim.
"Todo mundo vai estar aqui em breve e nada está pronto ainda." O ômega protestou.
"Relaxe. Tudo está pronto. Eu quase não consigo entrar na sala de estar com todos os balões," murmurei contra a sua garganta, minhas mãos agarrando sua coxa e o erguendo sobre o balcão.
"Como foi o seu treino?" Estávamos fora da temporada, mas isso não significava que eu não estivesse treinando. Eu estava trabalhando todos os dias para ficar no topo e ser o melhor que podia. Depois de Nova York, nos mudamos uma vez, mas já faz três anos com a nova equipe e eu estava feliz com a mudança. Eu ficaria feliz enquanto jogasse e essa era a verdade. Nós somos felizes. Ignorei a pergunta de Taehyung, abrindo ainda mais suas coxas e o puxando contra a minha ereção. Tae ofegou quando chupei a pele de seu pescoço, bem naquele lugar que eu sabia que iria enlouquecê-lo. "Jungkook," ele gemeu, o seu tom denunciava o quão perto o ômega estava de ceder a mim, ele sempre cedia a mim.
Eu roubei outro beijo, este mais longo e mais profundo, enquanto provava cada centímetro de sua boca, e roubava o seu fôlego. Quando dei a ele uma pausa, Taehyung já estava completamente rendido.
Com seus olhos ainda fechados, ele engoliu em seco e lambeu os lábios. Eu empurrei as minhas mãos sob sua camisa e acariciei as suas costas, sorrindo quando senti arrepios cobrirem sua pele.
"Você conseguiu a Nutella?" Ele questionou.
Eu enterrei o meu rosto no seu pescoço e acariciei a sua pele com os meus dentes.
"Todos os quatro potes." Murmurei, uma das minhas mãos se fechando sobre a ereção dele.
"E você pegou todos os Reese's também? E M&Ms?" Eu não pude segurar o meu sorriso quando Taehyung estremeceu e tentou deslizar a parte inferior do seu corpo contra o meu. Dei a ele o que ambos desesperadamente precisávamos – sempre – coloquei minha mão dentro dos shorts dele.
"Eu tenho tudo. Ainda temos tempo suficiente?" Questionei, querendo nada mais do que tirar aquela roupa dele e me enterrar em casa.
"Eles..." Antes que o meu lindo marido pudesse me dar uma resposta, nós ouvimos passos correndo em nossa direção, então a minha linda menina apareceu. Os seus olhos ficaram maiores quando ela me viu e os seus pezinhos aceleraram.
"Papai!" Ela gritou, de braços abertos, prontos para eu pegá-la. "Abraço!"
Taehyung desembrulhou as pernas das minhas costas e eu dei um passo para trás. O monstrinho mirando em mim era a única coisa que poderia me distrair do meu marido.
Eu me agachei e peguei o meu pequeno bebê, Sophia, nos meus braços.
"Oooff," eu gemi quando ela bateu em mim e colocou os braços em volta do meu pescoço.
"Papai," ela sussurrou enquanto colocava o rosto no meu ombro, e o meu coração derretia. Eu me endireitei e vi Taehyung nos observando com um sorriso no rosto. Eu não conseguia o suficiente deles, nunca faria até o dia que eu morresse. Me inclinando para o ômega, dei a ele um pequeno beijo nos seus lábios enquanto Tae fechava as pernas e se concentrava na nossa filha. "Eu senti a sua falta como uma louca," ela sussurrou quando terminou de me abraçar e olhou para o meu rosto.
"Eu sei, eu também senti a sua falta como um louco." Murmurei, meu coração apertando da forma mais doce do mundo com a adoração brilhando em seus olhos.
"Só se passaram algumas horas vocês dois," Tae disse, cortando o nosso amor habitual quando pulou do balcão. Eu teria que esperar até que todos fossem para a cama antes que eu desse ao ômega toda a minha atenção.
As pequenas mãos viraram a minha cabeça e eu olhei para o pequeno rosto feliz da minha filha, seus olhos castanhos como os meus.
"Ele está com ciúmes," ela sussurrou em voz alta e Taehyung bufou.
"Eu sei, seu pai sempre está com ciúmes de nós." Sophia assentiu ansiosamente, em seguida, um sorriso tocou seu rosto.
"O seu rosto parece feliz, papai. É por causa do meu aniversário, não é?" Seus lindos olhos castanhos-esverdeados, iguais ao de Taehyung me encararam animados.
"É meu aniversário também, você sabe," respondi. Enquanto a minha bebê era uma mini versão de Taehyung com todas as suas peculiaridades e aparência, ela nasceu no meu aniversário – o melhor presente que o ômega poderia me dar.
"Feliz aniversário, Papai. Mas seu rosto está feliz porque é meu aniversário, certo?" Eu ri.
"Sim, eu acho que é por isso que meu rosto está feliz." Assenti.
"Vê, eu lhe disse. Você comprou os meus Riris?" Questionou, olhando para os balcões vazios.
"Sim, eu peguei o seu Reese's." A ajeitei nos braços.
"E as minhas Nutellas?" Perguntou com a maior seriedade que uma criança de cinco anos poderia ter, quando assenti ela acrescentou. "Mostre-me."
Sophia era a coisinha mais mandona da casa, e eu a amava por isso.
"Vamos vê-los." Eu pisquei para Taehyung, que estava em pé ao lado do fogão e mexia o molho de carne para a lasanha que estava preparando. Ele balançou a cabeça, mas eu sabia o quanto o ômega gostava de me ver com Sophia. O casamento não matou o nosso amor ou a vida sexual – de maneira alguma. Nós ainda não conseguíamos manter as nossas mãos longe um do outro, e eu esperava que continuasse assim até que estivéssemos enrugados e velhos.
Levei Sophia para o balcão e mostrei a ela tudo o que eu tinha conseguido, um por um. Dizer que a minha filha e a meu marido tinham um dente doce teria sido um eufemismo.
"Bom, bom trabalho. Você fez bem, papai. Agora coloque todos no meu armário para que eu possa vê-los todos os dias." Eu joguei a minha cabeça para trás e ri.
Ela era a coisinha mais engraçada, repetindo tudo o que ouvia dos adultos ao seu redor e, assim como seu pai, adorava olhar para seus bens valiosos.
"Onde está o seu avô, Sophia?" Taehyung perguntou, e ela voltou a sua atenção para ele.
"Lá fora."
"Sim? O que ele está fazendo lá fora?" Ela levantou o seu pequeno ombro num encolher de ombros até que tocou a sua orelha.
"Não sei.” Taehyung arqueou uma sobrancelha para ela que suspirou. "A minha bola favorita desapareceu e ele está me ajudando a procurar por ela." O meu peito tremeu com uma risada silenciosa.
"Você a escondeu, Soph?" Ela virou os seus olhos grandes e inocentes para mim e deu outro encolher de ombros.
"Não sei." Suavemente, eu a abaixei e endireitei o seu vestido de aniversário branco com babados.
"Vamos lá, vá buscar o vovô Rony. Todo mundo vai estar aqui em breve." A virei em direção a porta.
"Para o meu aniversário, certo?" Perguntou animada.
"Sim, todo mundo está vindo para ver você. Agora vá buscá-lo." Feliz com tudo o que ela estava ouvindo, saiu correndo da cozinha depois de dar um rápido abraço na perna de Taehyung e um dizer um rápido eu te amo — gritando o tempo todo pelo seu avô.
"Vovô, todo mundo está vindo! Nós vamos ter bolos e eu vou ter presentes!" Fui até Taehyung e ele gritou quando as minhas mãos agarraram a bunda dele.
O ômega me deu uma cotovelada e me afastou até que eu largasse a bunda dele.
"O meu pai está vindo aqui para dentro, o que você pensa que está fazendo?" Tae me repreendeu.
"Você não estava preocupado com o seu pai há um minuto atrás." Respondi, agarrando-o em um abraço por trás.
"Sim, porque eu sabia que eles estavam lá fora. Agora Sophia vai buscá-lo mais rápido do que você pode me dar um beijo." Ignorando os seus protestos descansei meu queixo em cima de sua cabeça.
"Nós poderíamos ter conseguido pizza – porque você está cozinhando tanta comida?" Eu amo a comida dele, não me leve a mal, mas não queria que ele se cansasse ainda mais.
"Não diga pizza. Eu quero uma tão mal. Todo mundo vai ficar para o fim de semana, então vamos pedir um pouco amanhã, e o seu pai ama minha lasanha." Ele disse, desligando o fogo.
"E você o ama."
"Bem… sim…" Eu pressionei um beijo contra a sua bochecha. Taehyung amava a minha família e eles o amavam também. Minha mãe ficou do lado dele em algumas ocasiões, e eu não poderia ter ficado mais orgulhoso dos meus pais com a forma como eles o receberam em nossa família.
"Eles pousaram? Ligaram para você? Junghyun me mandou uma mensagem antes de embarcarem, mas eu não verifiquei o meu telefone desde então."
"Eles pousaram. Eu acabei de falar com eles antes de entrar. Estão esperando por Jaehyun e a sua esposa, então vão vir todos juntos." Estendi a mão e roubei um pedaço de queijo antes que Taehyung pudesse me parar.
"Ele está feliz agora?" Tae perguntou antes de desligar o fogão.
"Sim, ele está feliz com o cargo de treinador assistente na sua antiga escola, e temos mais ideias. Vai ficar tudo bem." O meu melhor amigo tinha lutado com o resultado de sua lesão, mas nunca desistiu de nada na sua vida. Uma mudança de carreira não mudaria isso. Apenas uma estrada diferente agora, ele disse. Apenas um sonho diferente. "Quando é que o Jin vem?"
"Ele deve chegar a qualquer minuto, e Jimin deve chegar não muito depois dele."
"Bom." Eu acariciei o seu pescoço. "Você está feliz em viver a apenas uma hora de distância do seu melhor amigo? Ele está melhor, certo?"
Taehyung inclinou a cabeça para me dar mais acesso e deixou cair a colher de pau no balcão.
"Sim," murmurou. "Jimin não está namorando seriamente, mas pelo menos ele está saindo. Jungkook, o meu pai vai entrar a qualquer momento... Jeon Jungkook! Não faça isso."
"Eu posso ouvi-los, e Sophie está perguntando a ele que presentes ele comprou para ela." Eu ri e mordi suavemente o pescoço de Taehyung sorrindo ao senti-lo derreter contra mim. "Apenas no caso de você não saber, nós estamos criando um monstro. Eu não quero que ela cresça. Esse tamanho é perfeito."
"Só notou isso agora? Mmmm, isso é bom. Yoongi e Hobi não poderão vir, a propósito. Ele teve um problema com a exposição, mas disse que ligaria para você depois." Eu balancei a cabeça e continuei dando pequenos beijos na sua pele.
Jung Hoseok e eu nos aproximamos, ele é o linebacker do atual clube que estou jogando, não foi fácil superar meu ciúme da relação que ele e Taehyung tem, mas tudo se tornou mais tranquilo, principalmente desde que ele e Min Yoongi se tornaram um casal há pouco mais de um ano. Os dois moram juntos não muito longe daqui, Yoongi é dono de uma pequena galeria de arte.
A campainha tocou e nós dois congelamos. Um segundo depois, ouvimos o grito de Sophia enquanto ela corria pela casa para chegar à porta.
"Tio Seokjennie está aqui!" Taehyung riu do apelido que eu criei para Jin e sua namorada, em uma provocação que agradou tanto nossa filha que ele só o chama assim.
"Seokjennie, ele vai se vingar de você por isso, você sabe." Tae murmurou enquanto relutantemente nos soltamos.
Suspirei.
"Você não tem permissão para atender a porta, Sophia! Espere por mim." Gritei para minha filha.
"Apresse-se, papai. Apresse-se, apresse-se, apresse-se!" Eu vi Ronald entrar na cozinha com um sorriso no rosto e deixei Taehyung com ele para que pudesse abrir a porta para o meu melhor amigo, Tio da Sophia, o Seokjennie.
O relacionamento de Taehyung e Jin definitivamente evoluiu. Eles estavam muito mais próximos do que haviam estado seis anos antes, durante aqueles primeiros meses depois que ele descobriu sobre tudo, mas levou muito tempo para chegar aonde estavam agora. Ainda havia momentos em que podia vê-los se contendo, mas Taehyung estava feliz por vê-lo tantas vezes quanto fazia, já que estávamos jogando pelo mesmo time e praticamente imbatíveis. E Sophia... bem, Jin era o seu ser humano favorito no mundo, e tínhamos certeza de que os seus sentimentos eram recíprocos, o que provavelmente era o motivo pelo qual ele vinha à nossa casa para jantar três ou quatro vezes por semana.
Enquanto eu caminhava pelo corredor que continha as lindas fotografias do meu talentoso marido e cheguei à porta da frente, Sophia estava conversando com seu tio favorito pela porta.
"Senti a sua falta, tio Seokjennie. Onde você esteve? Você trouxe meus presentes com você? Hoje é meu aniversário." Rindo, abri a porta e Sophia se jogou em Jin, gritando alegremente quando ele a ergueu e girou em seus braços.
"Quem é essa menina linda?" Jin perguntou, e a minha filha sorriu para o meu melhor amigo.
"Sou eu, a princesa Sophia, bobo." Seokjin a encheu de beijos e sua risada ecoou por toda a nossa casa, como continuou a fazer pelo resto do dia.
***
Eram onze da noite e os meus pais tinham ido dormir quando encontrei Taehyung sentado na nossa cama.
"Onde foi que você se enfiou?" Eu perguntei quando abri mais a porta e entrei.
O ômega olhou para mim por cima do ombro e sorriu.
"Eu vou descer em um minuto. Onde está a Sophia?" Eu sorri abertamente.
"Dormindo no colo de Jin." Me sentei ao lado dele e agarrei a sua mão na minha. "Está tudo bem? Jin disse alguma coisa sobre...?"
"O quê? Não, não. Eles não se falam há anos, se é isso que está perguntando. Até onde eu sei, ele só fala com a mãe dele, e embora eles tenham se divorciado – eu não quero falar sobre ele. Você não precisa mais perguntar."
"Ok, Flash, o que você quiser. Você está cansado então? Você quase não se sentou hoje." Taehyung suspirou e descansou o seu ombro contra o meu, seus olhos nas nossas mãos.
"É um cansaço bom. Foi um dos melhores dias." Ele olhou para mim e os nossos olhos se encontraram. "Feliz aniversário, Jungkook. Não ache que me esqueci de você. Eu vou lhe dar o seu presente depois que todo mundo for dormir."
"Obrigado, Flash." Os meus lábios sorridentes tocaram os dele e nos separamos cedo demais para o meu gosto. "O que você está fazendo aqui?"
"Eu vim buscar meu laptop. Eu vou mostrar ao Jimin as fotos que fiz para o casal que mencionei no jantar. E os outros dois que decidi mandar para a galeria em Nova York. Eu apenas me sentei por um minuto."
"Você está feliz, Taehyung?" Ele riu.
"É o seu aniversário, eu deveria ser o único a perguntar isso.” Eu apenas continuei com o meu questionamento.
"Eu faço você feliz? Nossa vida te faz feliz?" As suas sobrancelhas se uniram e então ele estava subindo no meu colo, segurando o meu rosto nas suas mãos.
"Hey, de onde veio isso?" Seus olhos fitaram os meus, confusos.
"Só quero ter certeza." As suas mãos deslizaram para os meus ombros e ele se acomodou mais confortavelmente em cima de mim.
"Eu nunca pensei que poderia ser tão feliz, Jungkook." O ômega sussurrou.
"Eu lhe dou tudo o que você quer?" Eu sei que é bobo, mas as vezes não posso deixar de me questionar. Taehyung teve que renunciar a muita coisa por mim. Assim que se mudou para Nova York para cursar o último ano de sua faculdade, engravidou de Sophia e embora tenha conseguido se formar a tempo e com honras, teve que adiar os planos de carreira até que nossa menina tivesse um ano. Quando retornou a carreira de fotógrafo, não demorou muito para crescer na indústria e quanto atingiu seu auge eu fui contratado pelos Bengals e nos mudamos para Cincinnati, Ohio. Ele tem trabalhado a distância e vai a Nova York algumas vezes por mês, mas não consigo deixar de pensar se era isso que ele imaginava para o futuro dele.
"Sim, seu idiota, você me da tudo o que eu quero e muito mais. Mas nada disso importa, eu não preciso dessas coisas, ficaria feliz apenas com você." O cortei.
"Delirantemente feliz?" Sorri, me inclinando para beijá-lo.
"Sim, delirantemente feliz, mas olhe para tudo que você me deu. Eu nunca estive tão feliz, eu amo muito a nossa família." Seus olhos brilharam. “Eu amo muito você, Jungkook. Estou muito feliz por ter pegado você em flagrante naquele banheiro e visto o seu grande e glorioso pau.”
"Grande e glorioso, sim – boa escolha de palavras." Nós rimos juntos enquanto eu acariciava as suas costas. "E sua pequena família ama você de volta, especialmente eu. Eu amo você demais, baby. Eu sou o seu maior fã. No entanto, você perdeu o nosso café da manhã esta manhã, então claramente eu me preocupei, quase não consegui fazer as minhas flexões sem seus olhos em mim. Não faça disso um hábito, meu pequeno pervertido." O meu pau já estava endurecendo embaixo dele, e com o sorriso que Taehyung me deu, perdi a batalha.
"Eu estava preparando a nossa monstrinha, você sabe que ela quis se arrumar para a festa as seis da manhã."
"E essa é a única razão pela qual eu não fui buscá-lo para que você pudesse olhar para mim." Segurando o meu pescoço, Tae descansou a sua testa contra a minha, os nossos lábios quase se tocando.
"Eu sou muito estranho para você? Você sempre debocha das minhas peculiaridades." Ele perguntou indignado.
"Peculiaridades? Ah, é disso que estamos chamando agora?" Eu segurei a bunda dele e o puxei contra o meu pau. Graças ao tecido fino de sua calça de linho, o ômega podia sentir tudo de mim. Os seus olhos fecharam e ele mordeu o lábio inferior.
"Eu estou preso com você, então... acho que vou me contentar?" Eu sorri e Taehyung riu para mim.
Desde o primeiro dia em que o conheci, o ômega nunca tinha visto a sua perfeição, mas tudo bem. Eu não estava planejando ir a lugar algum, eu estaria ao lado dele para mostrá-lo todos os dias pelo resto de nossas vidas. É difícil explicar o que atrai você para uma pessoa, o que há sobre ela que a torna tão especial ao ponto de você dar a ela o seu coração. Eu acredito que é tudo sobre quem vocês são juntos, como vocês estão juntos. É simples, o que sinto por Taehyung é a coisa mais poderosa do mundo.
Nós escolhemos um ao outro, e continuaríamos escolhendo um ao outro por muito tempo depois de darmos os nossos últimos suspiros nesta terra.
Kim Taehyung era meu para sempre, o amor da minha vida e eu era o dele.