Actions

Work Header

Rating:
Archive Warning:
Categories:
Fandoms:
Relationships:
Characters:
Additional Tags:
Language:
Português brasileiro
Stats:
Published:
2021-11-19
Updated:
2025-09-30
Words:
781,770
Chapters:
204/?
Comments:
208
Kudos:
1,047
Bookmarks:
169
Hits:
65,129

The Rise of The True Lord

Chapter 186: Capítulo 185

Notes:

AVISO
As imagens só são liberadas como presente de aniversário dos leitores no server do discord, e de forma quinzenal. ;p :3

GENTE! SE VOCÊS NÃO CONSEGUIREM ENTRAR NO SERVER DO DISCORD PELOS LINKS, ME MANDEM UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE NO DISCORD (allylittlewolf) E DAÍ EU CONSIGO TE COLOCAR NO SERVER!!! E avisem que é sobre o server de The Rise.

https://linktr.ee/tiulu

Chapter Text

          Hadrian respirou profundamente ao ver que estava na hora de levantar-se. Ele não havia conseguido voltar a dormir depois do sonho que teve, apenas ficou deitado na cama, abraçado com Colin e Dennis, apreciando o calor que vinha de seus corpos, as respirações contra o seu pescoço, o doce perfume de cada um o acalmando, o dando forças para o que viria naquele dia.

— Hora de acordar. — Sussurrou com doçura antes de beijar a testa de cada um dos loiros em seus braços. Seus dedos acariciando os braços de pele delicada como se fossem a coisa mais preciosa do mundo, o que realmente eram.

— Hazz...? — Dennis foi o primeiro a acordar com um longo bocejo.

— Já é de manhã? — Colin se espreguiçou como um gato antes de voltar a se aconchegar no namorado.

— Está na hora de levantar, meus amores. — Depositou outro beijo nas testas dos irmãos.

— Só mais cinco minutinhos. — Dennis choramingou antes de afundar o seu rosto no pescoço do moreno.

— Vocês sabem que eu tenho muita coisa a fazer hoje.

— Sim. — Colin sentou-se, suas mãos esfregavam os olhos de uma forma que o deixava adorável.

— E vocês precisam entreter a família para não enlouquecerem com a minha ausência. — Sentou-se, forçando Dennis a também se sentar.

— E nós temos culpa por nos preocuparmos com você? — O mais novo dos irmãos Prince questionou ao se espreguiçar.

— Não. — Os olhos bicolores perderam brevemente o brilho ao se lembrar de tudo o que fez a família passar. — Eu vou tomar banho primeiro. Vocês podem ficar de preguiça. — Deu um selinho em cada um e levantou-se.

— Cinco minutinhos. — Dennis voltou a se deitar para tentar dormir mais um pouco.

— Eu vou com você, Hazz. — Colin alcançou o moreno na porta do banheiro.

          O casal entrou no chuveiro juntos depois de se despirem. Colin foi muito atencioso com o moreno, ele sabia que esse dia já estava sendo difícil para Hadrian lidar, então ele o mimou e deu amor o máximo que pode. Lavou os cabelos negros com ternura, seus dedos massageando o couro cabeludo com delicadeza, seu sorriso iluminou a sua face ao ver o maior tão relaxado sobre os seus cuidados. Não houve nada sexual durante o banho, fora a mais pura e inocente troca de afeto que um casal poderia dar um ao outro. Hadrian precisava de amor e carinho, não se distrair com sexo, e Colin estava disposto a dar o que o seu namorado precisava para que ele se sentisse melhor com o que aconteceria naquele dia.

— Obrigado. — Hadrian abraçou o namorado com ternura assim que o banho deles acabou, a água ainda escorria pelos corpos unidos. — Eu te amo.

— Eu também de amo, Hadrian. — Separou-se do abraço para poder olhar nos olhos bicolores, uma de suas mãos acariciou a bochecha alheia com ternura. — Vou sempre estar aqui para você. — Hadrian diminuiu a distância entre eles e selou seus lábios em um beijo doce, quase inocente com a intensidade do amor verdadeiro que transbordada de si.

— Vamos antes que nos atrasemos. — Entregou uma das toalhas para o loiro antes de desligar a água e o seguir para fora do box. Quando voltaram para o quarto com as toalhas envolta dos corpos, os dois viram um Dennis adormecido na cama. A dupla sorriu para a cena antes de se direcionarem para o guarda-roupa e começarem a se vestir para o dia.

— Você pode ir descendo para não se atrasar. — Colin beijou brevemente os lábios de Hadrian. — Eu acordo o dorminhoco.

— Obrigado, querido. — Sorriu para o loiro antes de sair do quarto.

— Talvez um balde de água gelada acorde ele. — Colin sorriu travesso.

 

— Bom dia. — Hadrian sorriu para os integrantes da sua família que já estavam na mesa tomando o café da manhã.

— Bom dia. — Cumprimentaram com entusiasmo. Alguns, como Sirius, estavam quase dormindo na mesa.

— Vocês vão ficar bem sem mim por dois dias? — Hadrian sorriu.

— Dois dias?! — Jan pulou na cadeira com os olhos arregalados antes de se jogar no colo da quimera. — Dois dias longe do meu amor?! Isso é tortura?! Você não me ama mais?! — Falava choroso, já era possível ver as lágrimas se acumulando no canto de seus olhos. — Eu sei que nos conhecemos a uma semana... — Fungou. — Mas eu achei que o que tínhamos era especial... — Enterrou o seu rosto no pescoço do garoto moreno.

— Não! — Alexander, o baixinho russo, bufou e cruzou os braços. — Vai lá com o cara lá! Dois dias! Não, vai lá com o cara lá! — Tirou das vestes uma garrafa de vodka e tomou um grande gole. — ME TRAZ MAIS UM QUE HOJE EU VOU BEBER PRA ESQUECER AS DORES! — Hadrian riu do drama dos dois velhos revividos.

— Acabou com o drama? — Perguntou divertido, uma mão acariciando o topo da cabeça de um Jan choroso.

— DRAMA?! — Alexander se exaltou. — Ele ainda tem a cara de pau em dizer que o meu sofrimento é drama! Toxico! Abusivo! Eu vou te denunciar por me prender nesse relacionamento tóxico! Vocês estão vendo isso?! Estão vendo como ele me trata?! Eu dou minha alma para fazer esse homem feliz e ele me retribui assim! EU QUERO O DIVÓRCIO!

— Ignore essa formiga dramática. — Jeanne levantou-se de sua cadeira para empurrar Jan do colo de Hadrian e ocupar o seu lugar, seus braços passaram pelo pescoço do moreno enquanto ele se acomodava. — Ele só está com inveja porque sabe que você me ama mais.

— AH! OLHA SÓ! TRAIÇÃO! — Alexander bebeu outro gole da vodka. Jan voltou a sentar-se em sua cadeira para comer o seu café da manhã.

— Patético. — Narcissa bebericou com elegância o seu chá.

— Eu mereço. — Hadrian ajudou Jeanne a se levantar para que ele pudesse comer o seu café da manhã. Alexander sorriu vitorioso para o francês, como se dissesse “Viu só, ele te descartou rapidinho.”, o que Jeanne retribuiu com um gesto nada elegante que os gêmeos Weasley o ensinaram.

— Modos na mesa, crianças. — Narcissa revirou os olhos. Os dez velhos revividos trocaram olhares entre si com os cenhos franzidos.

— HAZZ! — Dennis desceu as escadas correndo e jogou-se no colo do moreno, que quase se engasgou com o pedaço de torta que estava comendo. — Me vingue! Eu achei que eu era o irmão encapetado! Mas ele é pior! Você não vai acreditar no que ele fez comigo!

— Você não estava querendo acordar. — Colin entrou na sala com muita calma e classe antes de sentar-se em sua cadeira à mesa.

— Ele me acordou com um balde de água fria, Hazz! — Dennis falou choroso. — Você tem que me vingar! Minha honra foi manchada! Me vingue, meu príncipe!

— Eu só queria comer a minha torta. — Hadrian comentou em um suspiro.

— Se quiser eu te deixo comer até a reta. — Sirius falou sorridente, com o acréscimo de uma piscadela. Hadrian estava com outro pedaço de torta a boca e se engasgou com a piada terrível que o animagi disse. — A gente nem começou e você já está se engasgando, nós nem começamos. Achei que você tinha uma boca mágica. — Dennis deu alguns tapinhas nas costas do moreno para ajudá-lo a se desengasgar. Ao fundo era possível ver um Asmodeus com os polegares levantados e um imenso sorriso na direção de um Sirius orgulhoso.

— Não bate muito se não ele gosta. — Asmodeus entrou na brincadeira.

— O que eu fiz para merecer isso? — Hadrian suspirou quando finamente conseguiu se acalmar.

— Nasceu com um imã de macho atochado no cu. — Asmodeus deu uma piscadela.

— Que deselegante. — Colin bebericou o seu chá. Ele e Narcissa trocaram acenos de cabeça como cumprimento.

— Eu tenho medo de te apresentar para o resto da minha “família”. — Asmodeus fazia malabarismo com algumas frutas. — É capaz de você pegar todos para si e eu não serei mais o único.

— Você já não é. — Leviathan girava em um único dedo um prato muito caro. Michael e Gabriel se entreolharam, concordando com o pensamento de Asmodeus em não apresentar Hadrian para a “família”.

— Mas, Hazz, querido. — Bella apoiou os cotovelos na mesa para apoiar a cabeça. — Quando você vai pegar o meu marido e cunhado? — Hadrian, Rodolphus e Rabastan se engasgaram com o que quer que estivessem comendo ou bebendo. — É dois pelo peço de um. O meu marido ainda tá casado, mas é só esperar a papelada ser oficializada. Você já pode ir testando pra ver se gosta. O meu cunhado vai de brinde!

— Vergonhoso. — Colin e Narcissa falaram ao mesmo tempo enquanto limpavam os cantos das bocas.

— Você pode experimentar ele agora enquanto ele ainda tá casado! Vai que você tem um fetiche!

— É isso por hoje. — Hadrian tirou Dennis de seu colo e se levantou. — Até a coroação.

— Você não precisa de ajuda, querido? — Narcissa perguntou com doçura.

— Não, obrigado, Cissy. Isso é algo que eu e os goblins precisamos fazer sozinhos.

Vai! Me abandona mesmo! Muleke malcriado! Ingrato! Eu dou amor e carinho e ele me agradece assim! — Nyx sibilava ao subir pelo corpo do garoto e o apertar em um abraço.

Sabe que eu te amo, Nyx. — Sorriu para o drama da familiar. — Mas eu não posso te levar comigo.

Eu sei. Coisa de goblin e bla bla bla. — Acariciou a bochecha do garoto com a sua cabeça. — Se cuida, filhote. Vou sentir saudades.

Eu também vou, Nyx. — Colocou a serpente no chão e sorriu para a sua família toda reunida. — Até mais, pessoal. Amo vocês.

— Tchau, Hazz. — Um coro de muitas vozes foi ouvido enquanto o garoto acenava em despedida antes de se retirar.

— Pelo menos conseguimos fazer ele rir um pouco. — Charlie comentou preocupado.

— Pelo menos. — Godric concordou.

 

          Hadrian aparatou para um lugar isolado no meio do nada onde ele pode se transformar em quimera com tranquilidade, mesmo que o seu tamanho estivesse colossal. Ele já estava acostumado a ter os seus ossos quebrados e remodelados, agora era tão rápido e fácil ir e voltar entre as suas diferentes formas. Seus grandiosos olhos bicolores focaram-se em uma de suas garras afiadas, seu corpo esguio contorceu-se para que ele conseguisse tocar as escamas de suas costas, com a sua movimentação a terra abaixo de si tremeu com o seu peso. Sua garra afiada começou a puxar uma escama até que ela tivesse um espaço suficiente para que ele conseguisse arrancá-la com um único movimento. Um momento de preparação e então sua garra se infiltrou abaixo da escama, levantou-a e a arrancou de seu corpo. A dor o consumiu, mas ele não gritou, cerrou a mandíbula com força para não urrar de dor ao perder uma escama, o sangue escarlate vazou do ferimento e escorreu por entre as outras escamas até atingir o chão. A quimera demorou um tempo respirando para se acostumar com a dor e para se acalmar. Quando se sentiu pronto, ele repetiu o procedimento mais uma vez.

          Depois de um longo tempo a quimera estava caída no chão, tentando acalmar os batimentos cardíacos e se distrair da terrível dor que sentia em suas costas, ao seu lado estavam três escamas de cinco metros cada, seria o suficiente para produzir uma armadura. Seu corpo colossal estremeceu conforme ele diminuía de tamanho para voltar a sua forma humana. Suas costas só estavam levemente avermelhadas com três pequenas marquinhas do tamanho de uma unha pequena onde o sangue ainda escorria em um fluxo menor. Com um aceno de mão todo o sangue desapareceu, as escamas encolheram e foram guardadas em seu bolso antes que o garoto aparatasse em frente ao Banco de Gringotts do Diagon Alley. Ele cumprimentou os goblins nos balcões enquanto se encaminhava para o portal que tinha no escritório do Rei Goblin, que dava direto para a sua casa.

          Ao atravessar o portal ele viu-se mais uma vez na aconchegante casa que um dia já fora repleta de amor e carinho. Ele conseguia ver os seus pais sentados no sofá, abraçados e apreciando uma conversa profunda sobre vinhos. Tudo isso eram memórias, não sobrou nada além de um vazio gélido. O garoto balançou a cabeça para afastar os pensamentos em espiral que queriam o consumir, ele tinha muita coisa para fazer em apenas dois dias. Com uma profunda respiração ele deixou a casa de sua infância, casa essa que agora pertencia a ele, e saiu para as ruelas do Reino Goblin. Aqueles que cruzavam o seu caminho o cumprimentavam, mas não comentaram sobre o porquê de ele estar ali, sabiam que isso ainda era um assunto delicado para o garoto.

Bom dia, Laplih. — O garoto cumprimentou a dona da forja com um pequeno sorriso.

Hadrian. — Sorriu ao ver o humano tão crescido em comparação com a primeira vez que entrou na sua loja. — Está tudo pronto para você lá embaixo. Deixei uma área isolada para que você pudesse trabalhar sem ser incomodado e sem que possam ver no que você está trabalhando, assim como diz a tradição.

Obrigado, Laplih. — Direcionou-se para o elevador. — Tenha um bom dia.

Você também. — A goblin se segurou para não o chamar de “rei”, não queria tornar mais doloroso aquele dia para o pobre garoto.

          As memórias do passado colidiam com o presente conforme Hadrian avançava pela forja, era conflitante e doloroso, mas infelizmente não havia nada a se fazer. Sua família não voltaria nem com a sua necromancia. Ao alcançar a área de trabalho designada para si, ele retirou as escamas e as devolveu para o tamanho original antes de colocá-las em cima de uma grande mesa de madeira. Por serem as suas escamas e conterem o seu DNA, Hadrian poderia usar a sua magia para moldá-las livremente, já que a sua magia e o seu DNA são interligados. Com magia, o garoto recortou as escamas em diferentes sessões para que pudessem entrar na forja tranquilamente. Os vários pedaços foram divididos de acordo com a sessão da armadura que seria feita, de seu bolso um desenho com as diferentes partes da armadura estendeu-se no quadro ao lado e ele pode se organizar melhor com a divisão de suas escamas.

          A primeira forma com uma quantidade das escamas fracionadas foi direto para o forno, a temperatura máxima fora selecionada e a alavanca puxada. Enquanto suas escamas eram derretidas, Hadrian encaminhou-se para o armazém com um carrinho o seguindo logo atrás, neste carrinho com divisórias foram colocados outros materiais para incorporarem a armadura, eles eram: adamantine, orichalcum e mithirl. Quando terminou de encher o carrinho o garoto voltou para a sua área de trabalho, o seu cenho franziu ao ver que suas escamas não haviam mudado em nada, nem fumaça saíra. Ele desligou a forja, abriu a porta trouxe a forma para perto de si e a analisou. Seus olhos se fecharam por alguns momentos antes que ele os abrisse, assim como a sua boca, onde uma poderosa baforada de chamas irrompeu e tomou conta da forja. Toda a caverna estremeceu com a potência das chamas e a fumaça que era sugada pelos canos. Os goblins que já estavam trabalhando nas forjas se assustaram com o tremor repentino.

Pelos Lords! — Um goblin gritou ao desligar a sua própria forja, com medo de que a lava subisse de alguma forma e inundasse todo o local.

MALS AE! — Hadrian gritou de sua área de trabalho. — Podem voltar ao que estavam fazendo! Se tremer de novo é só eu!

Super tranquilo. — Uma goblin bem idosa suspirou, a mão segurando o peito com força. — Essa juventude de hoje em dia.

          Hadrian sorriu ao ver que suas escamas haviam derretido por completo, colocou a forma com o líquido negro em cima de uma grade para que ele pudesse derreter o outros metais. Depois de um tempo os três metais foram derretidos e misturados com as suas escamas líquidas. Com sua magia ele fez a mistura flutuar para fora da forma e assumir as formas básicas de braçadeiras e ombreiras, onde havia duas de cada, quando finalmente assumiram a forma básica as quatro peças foram colocadas em uma grande bacia de água gelada para esfriarem, e depois descansarem em cima da mesa. O garoto pegou uma braçadeira e colocou em seu antebraço para se certificar de que o tamanho estava adequado, e quando percebeu que havia feito os cálculos corretos ele colocou a peça sobre a bigorna, um martelo flutuou até a sua mão, com uma leve baforada de chamas para deixar o metal mais maleável ele finalmente começou a martelar.

          O eco do seu martelo preencheu a caverna, pois ele precisava colocar muita força já que o metal era feito com as suas escamas incrivelmente resistentes. Em um certo momento a cabeça do martelo que ele usava voou do cabo e se fincou na parede do outo lado da forja em uma velocidade tremenda, já que ele conseguiu atravessar a parede do local isolado em que o garoto estava. O garoto olhou para o objeto com o cenho franzido. A goblin idosa estava paralisada alguns centímetros abaixo de onde a cabeça do martelo se fincou, Hadrian arregalou os olhos ao ver a coitada desmaiando por causa do choque. Ele saiu correndo para ajudar a pobre goblin, os outros se aglomeraram ao redor para saber como ela estava. Graças aos Lords foi só um desmaio, alguns goblins a levaram para se deitar na enfermaria da forja e Hadrian voltou para o seu local de trabalho depois de se desculpar com todos os ocupantes do local.

          Com uma leve contração de lábios o garoto suspirou ao encarar a braçadeira em que estava trabalhando. Ele pegou um pouco de suas escamas, derreteu com o seu fogo e moldou em forma de martelo, mergulhou-o na água e tomou-o em mãos. Seu cenho estava franzido ao imaginar o que aconteceria se ele usasse aquele martelo.

Gente! — Ele saiu da sua área de trabalho e chamou a atenção de todos os goblins. — Geral aqui tá de atestado! Podem ir pra casa, não quero colocar mais ninguém em risco. Por favor, pela segurança de vocês. — Os goblins encararam o novo martelo as mãos de seu rei, lembraram dos recentes tremores da caverna e do que aconteceu com a pobre goblin idosa.

Tenha uma boa forja, rei! — Os goblins se despediram apressadamente. — EVACUAÇÃO DO REINO GOBLIN! ALERTA DE TERREMOTO VIOLENTO! SALVEM-SE! — Gritavam ao subir o elevador e irromperem na loja da Laplih. Hadrian soltou uma risadinha ao escutar o desespero dos pobres goblins.

— Essa vai ser a minha maior vigarice. — Hadrian sorriu ao voltar para o se local de trabalho, concentrar a sua magia tanto na mão quanto no próprio martelo para potencializar a força. Claro que não antes de colocar uma poderosa magia para que a caverna não desabe em cima de si. — Quem quer fazer bolo?! Porque a batida ta vindo! — Nisso ele desceu a mão com o martelo com toda a força contra a braçadeira. A caverna e todo o Reino Goblin estremeceu de forma violenta, onde os coitados acima da terra estavam agarrados a qualquer coisa que fosse minimamente sólida e fixa para se manterem vivos. — Eita porra! — Sorriu de uma forma maníaca para o martelo em sua mão. — É hoje que os goblins não dormem. — Outra martelada, mais um terremoto.

          Sua mente perdeu-se em meio ao trabalho, seus pensamentos se esvaíram, a única coisa que sua mente focava era o metal diante de si e o som do martelo se chocando contra ele. As faíscas saltavam para cima, mas isso não desviou o foco do jovem bruxo. Se o perguntasse quanto tempo ele havia levado com cada peça de metal ele não saberia dizer, estava muito absorto na tarefa para prestar atenção no tempo que passava. Em um certo momento, seus lábios se abriram e de sua garganta irrompeu uma conhecida canção que sua mãe cantava para si quando ele tinha um pesadelo. Ele conseguia ver com clareza Maray entrando em seu quarto, o semblante amoroso mesmo depois de ter sido acordada no meio da noite pelos gritos do garotinho. Ela deitava-se com ele na cama e o segurava com ternura, o seu ouvidinho contra o peito da mãe para escutar as batidas calmantes do coração. O outro ouvido conseguia escutar a doce voz cantar a música de ninar, o peito abaixo de sua cabeça vibrava conforme a goblin cantava, as mãos macias acariciavam sua cabeça e braço com ternura. Assim Hadrian era embalado em um doce sono sem mais pesadelos.

          Quando o garoto deu por si, ele já havia terminado de martelar todas as peças dessa primeira leva de materiais. Deixou-os de lado enquanto separava mais metais para derreter. O processo se repetiu como anteriormente, só que dessa vez ele fez a parte frontal e traseira do peitoral das armadura, tudo em um completo vazio de plenitude em sua mente. Ele não precisava pensar, ele sabia o que, e como deveria ser feito. Mais marteladas assombraram o Reino Goblin com os terremotos avassaladores. Dessa vez não fora uma canção de ninar que irrompeu do seu inconsciente, fora a canção favorita de comemorações goblins que o seu pai tanto gostava. O seu braço descia com força para martelar o metal, da mesma forma que os tambores imaginários soariam durante a música. Mais uma parte da armadura concluída, agora era a almofada da cintura, que era uma parte da armadura feita para proteger a cintura e as coxas do usuário (que é dividida em três: duas partes para as coxas e uma que servia como protetor das partes nobres). O processo se repetiu pela terceira vez, e a música que saiu de sua garganta era uma música de guerra comumente cantada pelos goblins enraivecidos e com sede de sangue. Neste ponto, suas marteladas eram muito fortes, toda a sua raiva sendo descontada na pobre peça de metal. Os goblins desistiram de tentar ficar no Reino Goblin e se refugiaram nas infinitas salas de todas as filiais do Banco de Gringotts. Por fim chegou a hora de fazer a última peça, o cinto, que fora acompanhado pela canção de adeus que os goblins cantam em um funeral. Uma forma de se despedir de seus entes queridos, uma forma de deixá-los partir para o outro lado.

          Hadrian encarou todas as partes da armadura, ainda rudimentares e suspirou. Usando o seu fogo para derreter o martelo feito com suas escamas, o garoto o separou em diferentes ferramentas que o ajudariam a moldar o metal para detalhá-lo. O se fogo aqueceu a primeira peça e agora ele poderia deixar a sua liberdade artística guiá-lo a partir dos esboços do que ele havia planejado. Essa parte do processo foi mais demorada, pois requeria muita atenção e precisão no que estava sendo feito, mas Hadrian conseguiu fazer as gravuras em cada braçadeira, que era as peças que ele queria com bravura. Fora muito tempo gasto apenas nas gravuras em todas as peças, mas Hadrian estava orgulhoso de si mesmo ao contemplar o resultado. Sentando-se diante de vários tamanhos de polidores em forma de rodas, o garoto começou a polir minuciosamente as peças sem danificar suas gravuras, e sim deixando-as em harmonia com o resto da armadura.

          Quando o polimento estava finalmente terminado, ele começou a derreter o ouro e o adamantine para fazer mais detalhes para a armadura. Depois de moldado e com as gravuras feitas, Hadrian usou uma quantidade fraca de seu fogo para fundir as peças douradas com as negras. O líquido dourado que sobrou ele mergulhou as braçadeiras para que elas fossem douradas em vez de pretas. O garoto suspirou ao ver todas as peças praticamente prontas antes de começar a ligar todas as partes com fivelas, presilhas e fechos. Um pedaço grande de escama que ele havia deixado de lado foi selecionado e ele começou a desenhar um padrão de escamas pequenas para se guiar antes de começar a cortar o material. Ele poliu as pontas para ficaram mais harmoniosas enquanto a prata e o adamantine eram derretidos e misturados, quando terminou de polir o garoto mergulhou as escamas no líquido prateado. Quando todas estavam secas, ele as entrelaçou para se unirem igual escamas, o que seria uma espécie de cota de malha.

          Agora que a armadura propriamente dita estava feita ele teria que começar a trabalhar nas joias. Arrumando toda a sua área de trabalho e guardando os materiais que não foram usados (os que pertenciam a forja ficariam na forja e os que pertenciam a ele iriam com ele). Depois de arrumar tudo, o garoto subiu de volta para a loja e se dirigiu até a joalheria, ele também percebeu a ausência de goblins no Reino, suas bochechas coraram de vergonha ao constatar que ele era a causa da evacuação. Clymret já havia deixado a sua área pronta para que ele pudesse trabalhar, mas agora que o Reino estava vazio, ele nem precisava se preocupar em acabar machucando alguém ou coisa do tipo.

— Winky e Dobby. — Chamou enquanto arrumava tudo na mesa de trabalho.

— O que podemos fazer pelo mestre, senhor? — Os dois house-elves questionaram com a mesma empolgação.

— Eu preciso que vocês me tragam uma roca de fiar, um tear manual, uma máquina de costura, muito sal e uma barrica vazia da adega dos goblins.

— Sim, senhor! — Os dois seres desapareceram em um pop alto, demoraram poucos minutos antes de retornarem com o que fora pedido.

— Podemos fazer mais alguma coisa pelo senhor, mestre Hadrian? — Winky questionou animada.

— Sim. Eu preciso de uma grande quantidade de couro e pelos, mas queria usar materiais que venham de mim para que a armadura fosse bem resistente e indestrutível. Então... — Moldou as ferramentas de gravura para virarem duas adagas afiadas. — Eu preciso que vocês retirem uma fração do couro da minha pele quando eu me transformar em werewolf. Eu não queria pedir algo assim para vocês, mas eu não conseguiria fazer isso sozinho.

— Nós fazemos, pelo mestre Hadrian. — Dobby segurou uma adaga com força, os olhos brilhantes em determinação, mesmo que lhe doesse ver o garoto sofrer e sangrar.

— Obrigado. — Tirou do bolso um frasco com algumas lágrimas de Fawkes e entregou para uma Winky chorosa. — Vai ficar tudo bem, Winky. — Sorriu. — Eu vou ficar bem e as lágrimas de phoenix vão me curar rapidamente.

— Okay. — A house-elf fungou, deixou o frasco de lado e pegou a adaga. Hadrian de um último sorriso de agradecimento antes de se se transformar em sua forma werewolf feral. O lobo era grande o suficiente para dar bastante material onde ele poderia trabalhar em cima. Ele deitou-se no chão e deixou as duas criaturas subirem em cima de si, infelizmente nenhuma anestesia funcionaria com ele, não mais.

— Está pronto, mestre Hadrian? — Dobby questionou com uma vozinha fraca.

          O lobo apenas soltou um bufo em concordância e fechou os olhos com força, concentrando-se em não se mover em hipótese alguma. Os dois house-elves começaram o trabalho em retirar uma sessão de pele do lobo, Hadrian cerrou a mandíbula com força e se esforçou em não se mover para não atrapalhar os seres nas suas costas. O sangue escarlate escorria e banhava o chão da caverna, Winky fungava durante o trabalho que estava fazendo, assim como Dobby. Foram longos momentos até que a pele cheia de pelo tivesse sido retirada com precisão e os house-elves praticamente tropeçaram até o frasco de lágrimas de phoenix e derramaram algumas gotas por toda a parte em carne viva. Rapidamente o sangramento parou e a pele voltou a se fechar, os pelos voltaram a crescer e em instantes era como se nada daquilo tivesse acontecido. Hadrian voltou a sua forma humana, as criaturinhas jogaram-se em seus braços e choraram em seu peito, pedindo desculpas por terem o machucado.

— Está tudo bem. — Tranquilizava os dois seres chorosos. — Eu estou bem. — Ficou abraçado aos dois até que eles se acalmassem. — Obrigado pela ajuda. Vocês são incríveis. Mas vou ter que pedir para não contarem aos outros o que aconteceu aqui, sabem como eles são preocupados.

— Não iremos contar, mestre Hadrian. — Dobby assegurou quando soltaram o bruxo.

— Winky vai trazer algo para o mestre Hadrian comer. — Fungou ao ser abraçada por seu companheiro.

— Obrigado, mais uma vez. — O garoto sorriu antes de ver as duas criaturas desaparecerem.

          Seus olhos se focaram no sangue banhando o chão, sua magia o recolheu sem nenhuma impureza e o armazenou em um balde. A pele retirava estava toda ensanguentada, com um suspiro ele a mergulhou no balde de água e a lavou completamente. Winky voltou com a sua refeição e voltou a desaparecer, o garoto colocou a pele para secar diante da forja enquanto ele se deliciava com a refeição que lhe fora dada, ao terminar de comer ele enviou a bandeja de volta para Winky e pegou a primeira parte da pele. O pelo já estava todo seco quando ele o pegou, colocando-o sobre a mesa com o lado da carne virado para cima ele despejou uma grande quantidade de sal na carne, utilizando magia para que o sal fique apenas na parte da carne, Hadrian colocou o pelo dentro de uma barrica e a fechou para dar início ao processo de conservação do couro. Depois de alguns segundos ele abriu a barrica e retirou o pelo de dentro, graças a magia temporal um processo que duraria uma semana já havia terminado em poucos segundos. Com um estalar de dedos todo o sal foi removido da pele, a pele voltou para dentro da barrica (completamente limpa) e banhado em água e enzimas com a finalidade de repor o teor de água original da pele e a limpeza de sujeiras no pelo, bem como extração de proteínas e materiais interfibrilares. Depois de mais alguns segundos de espera, a pele foi retirada da barrica e depositada na mesa enquanto o recipiente era limpo mais uma vez. Hadrian pegou uma das adagas e repartiu o couro em duas partes diferentes, a menor foi colocada de lado enquanto a segunda era colocada de volta na barrica, onde fora coberta por cal e água quente. Mais alguns segundos de espera e essa segunda pele foi colocada em uma mesa vazia com a parte dos pelos para cima, água foi jogada para retirar o excesso de cal. Uma das adagas foi aquecida até virar líquido e ser remodelada para formar uma lâmina de manuseio fácil para raspar todo o pelo e a epiderme do couro.

          Ao fim desse processo ele jogou mais água para retirar os excessos antes de devolver para a barrica limpa e deixar secar lá dentro onde a magia temporal faria o seu trabalho. Alguns segundos depois ele retirou o couro e o deixou apoiado de forma vertical como se estivesse envolta de uma pilastra invisível, tudo isso graças a magia. A lâmina e a adaga que sobrou foram derretidas e remodeladas em uma lâmina com dois punhais em cada lado para facilitar o trabalho do descarne do couro. Essa operação tem como finalidade eliminar os resíduos ainda restantes no couro. A próxima etapa seria a divisão que seria o processo de separar duas camadas de pele (a que vai manter e a que seria descartada), porém o garoto queria o couro grosso para a armadura, então essa etapa não será feita. Com um estalar de dedos todo o cal que ainda estava no couro foi removido, junto com qualquer resto de gordura e carne que sobraram do descarne.

          O couro volta para a barrica, agora banhado em água, ácidos orgânicos e inorgânicos além de cloreto de sódio. Esse processo tem como objetivo acidificar a pele como uma preparação para o curtimento ao preparar as fibras colágenas para uma fácil penetração do cortente. Depois de alguns segundos foi adicionado sulfato de cromo (III) dentro da barrica e selada mais uma vez, este segundo procedimento é o curtimento, onde o cromo serve para estabilizar a estrutura colagenosa da pele, transformando-a em couro, deixando-o resistente à química e a biodegradação. Mais alguns segundos se passaram, o couro foi removido e a barrica limpa, o couro foi enxaguado antes de ser magicamente uniformizado, deixando-o liso e com a mesma espessura em todo o seu comprimento, (este seria o processo de rebaixamento). Graças ao cromo, o couro assumiu uma coloração azulada, mas que depois iria adquirir outra cor. Com um estalar de dedos o pH dou couro foi ajustado, o recurtimento é a próxima etapa, visando definir parte das características físico-mecânicas, tais como maciez, elasticidade, enchimento e algumas características de toque e tamanho de poro (abertura do folículo piloso). Neste banho de recurtimento dentro da barrica com agentes orgânicos, foi também adicionado um corante aniônico para tingir o couro de preto. Logo após isso o couro foi retirado e a barrica limpa, neste momento o couro passará pela etapa do engraxe, ou seja, é realizada com a finalidade de incorporar substâncias lubrificantes no couro visando à maciez. Os lubrificantes mantêm as fibras do couro separadas e permitem o deslizamento de umas sobre as outras.

          Depois de passado o óleo no couro, Hadrian o devolveu para a barrica para que o óleo fosse absorvido com precisão, depois e retirá-lo do recipiente (que fora limpo mais uma vez), o couro foi enxaguado na água limpa antes de ser magicamente estirado para eliminar o excesso de água, além de abrir e alisar o couro, que voltou para a barrica para “secar naturalmente”. Mais alguns segundos depois disso o couro foi preso em grades para completar a secagem e retirar o excesso de elasticidade ocasionando o aumento do seu tamanho (esta foi a etapa do grampeamento). Para a etapa de amaciamento o couro foi magicamente amaciado com movimentos vibratórios a fim de realizar o efeito mecânico para deslizamento das fibras engraxadas e amaciamento do material. A próxima etapa era o acabamento, onde foi feito um padrão de escamas em todo o couro antes de ser passado verniz no couro para dar-lhe brilho. Depois de seco (mais alguns segundos dentro da barrica) o couro foi colocado em cima da mesa onde Hadrian desenhou os moldes que seriam utilizados como uma parte interna da armadura e para o cinto externo, Depois de cortados o acabamento, Hadrian retirou as imperfeições das bordas com uma lâmina, lixou as bordas com três gramaturas diferentes (sempre começando com a mais áspera para a menos áspera) para deixar uniforme antes de passar um agente brunidor preto nas bordas e usar e utilizar um brunidor de couro (que é uma ferramenta ideal para pequenas áreas curvas que geralmente são difíceis de alcançar.) para o acabamento das bordas do couro. Por último ele passou um hidratante nas bordas para dar brilho, com uma escova, os excessos foram retirados e o couro estava pronto para ser utilizado.

          Com a máquina de costura movida a magia (e com uma agulha feita do metal das escamas) Hadrian costurou as partes do couro para fazer a roupa interna da armadura e o acabamento do cinto. Utilizando um manequim de madeira com as suas medidas exatas, Hadrian certificou-se de que tudo encaixava-se perfeitamente. Ao constatar que sim, o garoto virou-se para a pele que deixou separada. Todo o processo de descarne, curtimento e recurtimento foi igual ao outro, depois foi feito o engraxe, enxugamento, secagem e grampeamento. Hadrian misturou uma poção hidratante capilar com a água e o colocou apenas nos pelos, usando magia para que não chegue ao couro. Ele colocou a pele dentro da barrica e depois tirou-a, com magia ele enxugou os pelos sem molhar o couro e, com um estalar de dedos, estavam secos. Os pelos negros brilhavam e eram tão macios ao toque. A pele foi unida as ombreiras.

— Quão louco eu devo ser para usar minha própria pele para fazer uma armadura? — Hadrian questionou-se enquanto cortava o pelo, no formato desejado antes de fazer o acabamento de suas bordas. — E se eu usar o meu sangue para tingir um tecido? — Sorriu maníaco. — E SE EU USAR AS MINHAS ESCAMAS PARA FAZER O TECIDO?! — Riu de si mesmo. — Eu já ia fazer isso mesmo.

          Com uma baforada de fogo uma fração de suas escamas derreteu e deixou o líquido em um imenso balde ao seu lado ele despejou o sangue junto com as escamas dentro do recipiente e misturou até que a coloração se tornasse magicamente vermelha. O garoto colocou uma tampa cheia de buracos minúsculos para servir como uma espécie de peneira antes de sentar-se diante da roca de fiar e começar a “puxar” com sua magia fios minúsculos que saíam dos buracos da tampa e o passou pela roca, para fazer um fio mais resistente e contínuo. Depois que ele tinha vários rolinhos, deixou a roca de lado e passou para o tear. O tear é uma ferramenta simples, que permite o entrelaçamento de uma maneira ordenada de dois conjuntos de fios, denominados trama e urdidura, formando como resultado uma malha denominada tecido. Os fios se acomodaram magicamente no tear, passando pelos liços (dentes verticais com um espaço no meio onde passa o fio que sai da teia) dos pentes com o menor espaçamento para criar um tecido macio e esvoaçante, depois passou para a parte de trás do tear e prendeu fio por fio nos dentes, deixando o espaçamento de um dente entre cada, com um fio extra (solto do tear) ele passou em zigue-zague entre os dentes para que os fios não saiam do lugar e depois colocou a proteção dos dentes. Na parte frontal do tear, prende-se os fios da urdidura, rodando os fios que já estão presos no rolo traseiro até que sobre (na parte dianteira) o comprimento suficiente para render nos dentes dianteiros (os frontais não são deixados um espaço entre eles, e para deixá-los seguros para não escaparem, eles são enrolados no próprio dente algumas vezes), antes de colocar a proteção dos dentes. Um fio restante que o garoto deixou separado foi utilizado para preencher a navete (peça plana utilizada para transportar o fio da trama através da cala), a rete foi passada e a posição do pente invertida, a rete passa novamente e o tecido começa a ser feito. Esse processo se repetiu até que Hadrian tivesse em mãos um grande e macio tecido carmesim feito a partir do seu sangue e escamas.

          Deixando o que já fora usado de lado, o tecido fora esticado em cima da mesa, onde o garoto desenhou os moldes das peças que ele queria. A lâmina de descarnar com punhais duplos fora derretida para virar uma tesoura para cortar o tecido, onde depois ele fora colocado na máquina de costurar para fazer o acabamento da armadura onde teria esse tecido na parte externa. No final ele o ligou abaixo das ombreiras para parecerem mangas compridas e esvoaçantes até o chão com uma abertura no meio e parando na parte interna do cotovelo (basicamente uma capa longa envolta dos braços). Outra parte era envolta da cintura e abaixo do cinto de couro, e a última era abaixo do peitoral com uma pontinha sobressalente na parte frontal, logo abaixo de discos protetores. Derretendo o ouro e o misturando com o adamantine, Hadrian fez o líquido criar uma linha fina antes de uma linha grossa com belos padrões nas bordas do tecido carmesim.

          A última parte eram as joias. Dois dragões chineses dourados nas ombreiras, um broche de esmeralda pequeno bem acima do peitoral, ponteiras para as pontinhas sobressalentes do peitoral e um pingente de cintura de jade em forma de dragão chinês. Ele chamou por seus house-elves favoritos para que levassem os equipamentos que não serão mais necessários (claro que antes disso ele cobriu a armadura que já estava pronto). Quando estava sozinho mais uma vez, o garoto conjurou a vestimenta que surgiu quando ele se transformou pela primeira vez em obscurial e a colocou em outro manequim de madeira, depois fez com que a armadura se unisse a esta roupa para criar o conjunto completo. O manequim que sobrou fora descartado enquanto o garoto voltava com o carrinho até o armazém e o enchia com novos materiais.

          Ao retornar ele derreteu uma fração de suas escamas repartidas junto com ouro e mithril. O líquido fervente fora moldado na forma de um par de brincos que lembravam uma ampulheta, com três correntes que iam de uma ponta a outra da base da “ampulheta”, com uma lágrima de rubi no centro. Ele deixou esse par de brincos de lado e derreteu mais de suas escamas antes de uni-las com ouro e mithril, este brinco parecia um lustre, com uma grande gema oval de diamante amarelo em cima e três lágrimas penduradas na parte inferior. Os próximos brincos eram feitos de platina, mithril e escamas; a parte de cima pareciam folhas feitas com safiras, logo abaixo delas havia uma pequena flor de safira, de suas laterais formaram um antúrio com a base em platina e várias safiras pequenas o preenchendo; logo abaixo havia mais folhas feitas de safiras. Os próximos brincos eram feitos de prata, escamas e mithril com gemas de água marinha; possuía três flores esculpidas em gemas de turquesa, abaixo havia três “brotos” de água marinha de cada lado e n centro descia com um broto do mesmo tamanho que os outros, um de tamanho mediano, outro pequeno e uma lágrima grande no final. Os próximos brincos eram feitos de escamas, prata e mithril, com diamantes brancos; ele lembrava um grande lustre com pequenas gemas de diamantes brancos pendurados (três na parte superior e quatro na inferior), com uma grande pérola no final. Os próximos brincos eram feitos de escamas, mithril e platina com diamante laranja; o metal foi feto com filigrana (é um trabalho ornamental feito de fios muito finos e pequeninas bolas de metal, soldadas de forma a compor um desenho. É uma técnica de ourivesaria que consiste na aplicação de fios entrelaçados e soldados delicadamente) para que “emoldurasse” uma grande gema de diamante laranja com uma pequenina logo abaixo. Os próximos brincos eram feitos de escamas, mithril e ouro; o metal também foi feito em filigrana para formar uma cruz grega logo abaixo de uma rosa feita de ônix, o centro da cruz tinha uma gema de diamante preto e cada ponta da cruz possuía um diamante preto, e logo abaixo uma grande lágrima de diamante preto. Os próximos brincos eram feitos de escamas, mithril e ouro rose; havia vários diamantes rosas pequeninos formando um naipe de espada, uma gema mediana no centro do naipe e uma grande logo abaixo. Os próximos brincos eram feitos de escamas, mithril e prata; a parte de cima do brinco era feito de uma lágrima mediana de ametista com várias pedrinhas coloridas ao seu redor (água marinha, esmeraldas, diamante rosa, topázio rosa místico e diamantes brancos), abaixo tinha uma pequena ametista circular, seguida por uma grandiosa mandala feita com várias pedrinhas coloridas (água marinha, esmeraldas, diamante rosa, topázio rosa místico, diamantes roxos e diamantes brancos); logo abaixo há uma ametista circular mediana; finalizando por uma grandiosa lágrima de ametista. Os próximos brincos eram feitos de escamas, mithril e ouro; eram várias folhas feitas de esmeraldas que circulavam uma grande gema no centro, e na parte inferior há três lágrimas de esmeraldas penduradas (a do centro maior do que as das extremidades).

          Hadrian suspirou de alívio quando viu que o seu trabalho estava terminando, em teoria. O garoto pegou a tesoura de suas escamas e a transformou em uma adaga, cortou o pulso e fez o sangue escorrer pelo chão antes de manipulá-lo com a magia para formar um pentagrama, depois disso ele colocou os dez pares de brincos ao redor do pentagrama (um par em cada área vazia entre as linhas de sangue, tirando o centro), um tremor assolou o Reino Goblin enquanto os brincos começaram a se desfazer em líquido antes de rumarem para o centro do pentagrama e se fundirem em um único objeto. Hadrian se aproximou do objeto quando o ritual acabou e pegou o par de brincos que tinha a aparência do feito com rubis, com um pensamento o brinco mudou para o verde.

— Eu sou um gênio. — Sorriu ao ver que conseguira fazer com que tivesse um par de brincos de várias cores para combinar com qualquer roupa que usasse.

          O garoto colocou o par de brincos (agora verdes) na parte esquerda do pentagrama, pegou a armadura (já fundida com a roupa preta) e a deitou no chão na parte direita. Sua magia entrou em ação mais uma vez, com outro tremor que assolou o Reino Goblin, os objetos flutuaram até o centro do pentagrama e a armadura foi “consumida” pelos brincos. Hadrian pegou os brincos e começou a encantá-lo ainda mais até que finalmente colocou os brincos nas orelhas. Com um pensamento a armadura surgiu no seu corpo, o garoto se remexeu e testou se estava tudo perfeito e sem nenhuma falha, e, ao constatar que sim, a armadura desapareceu e voltou a ser um par de brincos de esmeralda.

— Já que eu ainda tenho um tempinho... — Os olhos bicolores brilharam em malícia. — Essa vai ser a minha maior vigarice. — Ele voltou com o carrinho para o armazém, um sorriso animado nos lábios.