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Language:
Português brasileiro
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Published:
2025-03-20
Updated:
2025-05-03
Words:
14,783
Chapters:
2/?
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2
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4
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93

Porta Vermelha

Chapter 2: Episódio da Praia

Summary:

Se isso fosse um anime, esse seria o episódio da praia.

Chapter Text

- Não.
A palavra não lhe era estranha, a mãe costumava dizer aquilo com frequência em um tom firme, que não abria espaço para discussões.
- Porque não?
- Porque eu sei que não vai ter nenhum adulto pra cuidar de vocês.
Ficou em silêncio. Era verdade. Todos os seus amigos eram intercambistas, seus pais estavam a muitos países de distância. Claro que não poderiam acompanhá-los.
- Viu? - A mãe estava com um meio sorriso cruel no rosto. - Pensei que você fosse inteligente, Daenerys. Como achou que eu aceitaria esse pedido?
Se encolheu na sua cadeira. Estavam novamente na sala de jantar, naquela longa mesa branca, acompanhadas de cadeiras vazias. A sala era larga, o teto era alto, havia bastante espaço entre ela e a mãe, mas Dany ainda se encolheu. Rhaella era uma mulher espaçosa, ela ocupava todo o ambiente em que estava. Se sentia sufocada.
- Não precisa ficar tão sentida, Daenerys - a mãe não parecia contente. - É só um passeio. Vão haver outros.
Dany assentiu, encarando o prato quase intocado.
- Não quero me atrasar para a escola. Preciso ir.
Estava aliviada que a mãe não tinha permitido que fosse ao passeio. Nunca tinha visto os amigos fora da escola, a ideia era estranha. Nunca tinha ido à Baía da Água Negra, na verdade, nunca tinha saído de Pedra do Dragão desde que voltaram de Braavos. A ideia de ir em um lugar desconhecido a assustava. E o pior de tudo, só a ideia de usar um biquíni publicamente a aterrorizava. Viserys já tinha comentado que seus peitos eram muito pequenos, e suas pernas muito magras. Não queria que ninguém visse aquilo. Não. Era melhor passar aquele fim de semana em casa.
Então que sensação estranha era essa enchendo o seu peito? Essa sensação que roubava a sua respiração e fazia os seus olhos arderem? Tentou respirar profundamente, mas sentia a garganta apertada e seca. Fechou os olhos, tentando impedir que qualquer lágrima saísse, mas isso só pareceu piorar a situação e, quando voltou a abri-los, mal conseguia enxergar.
Quando chegaram na escola, Dany desistiu de tentar segurar. Sentia as lágrimas quentes na bochecha. Mas só se sentiu aliviada depois de tossir tanto que ficou com a garganta dolorida. Não sabia o que o motorista iria pensar, não sabia se ele contaria para a mãe, mas decidiu não se importar com aquilo agora. Precisava ir ao banheiro antes de encontrar os seus amigos.
Conseguia ver os seus amigos no pátio, mas fez um longo contorno para evitá-los. Não queria que eles percebessem qualquer sinal de choro, não queria parecer uma menininha idiota. No banheiro, lavou o rosto e assoou o nariz, tentando voltar ao normal. No fim, não soube se conseguiu ter um bom resultado, mas aquilo teria que servir.
Rakharo foi o primeiro a vê-la, e ele a recebeu com um abraço apertado.
- E aí, khaleesi?
O amigo a guiou para o centro do grupo. Dany tinha avisado para eles naquela manhã, no grupo, que iria pedir a permissão da sua mãe. Todos tinham mandado mensagens incentivadoras, mas claramente não tinha sido o suficiente.
- Ela não deixou.
Era muito estranho estar naquele grupo quando ele se tornava silencioso. Só… parecia errado.
- É, eu já imaginava - comentou Doreah, enquanto lixava as suas unhas longas. - Você nunca saiu de Pedra do Dragão.
- É justamente por isso que ela tem que ir - disse Aggo, numa voz manhosa que não combinava nenhum pouco com a sua altura e seus ombros largos. - A khaleesi ia amar a baía.
- Paciência. Na próxima vez que a gente sair, vai ter que ser aqui mesmo - disse Doreah, impaciente.
- Mas não tem nada nessa merda de ilha pra fazer - Quaro parecia ainda mais triste do que Aggo.
- Então vamos ter que inventar alguma coisa - retrucou Doreah. E então ela se voltou para Dany. - O que ela disse, exatamente?
- Ela disse que eu não posso porque não vai ter nenhum adulto pra cuidar da gente - a cada palavra, seu rosto ia ficando mais vermelho.
- A gente não precisa de nenhum adulto pra cuidar da gente - disse Jhogo, irritado. - Já temos catorze anos! Doreah e Rakharo tem quinze!
Doreah riu, mas não se dignou a responder.
- Poxa, khaleesi - Jhiqui se levantou do banco e abraçou Dany. Isso não foi o suficiente para Quaro soltá-la, então Dany ficou presa entre os dois. - Queria muito que você pudesse ir.
- Eu também - respondeu baixinho.
A manhã não melhorou com o tempo. Nenhum conteúdo conseguia se manter na sua mente fantasiosa. Naquela manhã, estava pensando em Aerys. Vinha pensando bastante em Aerys nos últimos dias. A trilha que eles fizeram tinha sido no começo da semana. Depois disso, marcaram para almoçarem juntos nesta sexta. Se perguntou se iriam ao mesmo restaurante, ou se ele a levaria em um diferente. Será que ele lhe daria outro presente? E sobre o que conversariam?
A conversa que tiveram na caverna ocupava bastante a mente de Dany. Ver a honestidade crua de Aerys, suas lágrimas de arrependimento, seu desejo genuíno de querer melhorar, girou alguma chave dentro de Dany. Foi estranho pensar que, naquele passeio com Aerys, tinha conversado mais com ele do que com qualquer outra pessoa, exceto por tio Willem.
No fim da manhã, se despediu dos seus amigos no pátio.
- Olha, não se esquece do nosso combinado - Aggo estava firme. - Localização. E se ele fizer ou disser qualquer merda, liga pra gente.
- Eu não me incomodaria de encher esse velho de porrada - Quaro falou. Seu tom era engraçado, mas Dany não duvidava muito daquelas palavras.
- Quaro! - Irri bateu no ombro dele. E então ela falou longas frases extremamente irritadas em dothraki.
- O Quaro tá certo, Irri - disse Doreah, com uma expressão de nojo. - Nunca pensei que fosse dizer essa frase, mas é verdade. Se ele fizer alguma coisa com a Dany, a gente tem que fazer algo a respeito.
- Ele não vai fazer nada - falou num tom mais alto, tentando acabar com aquela discussão. Não gostaria de pensar no que os amigos fariam com Aerys caso algo acontecesse. Nada aconteceria. - Ele foi bastante respeitoso comigo segunda. Vai dar tudo certo, gente.
Percebeu que eles não concordavam com ela, mas eles guardaram isso para si, o que Dany apreciou.
Aerys a esperava encostado no capô do carro, no estacionamento. Estava novamente com roupas simples, uma bermuda florida e uma grande camiseta. Seus cabelos cinzas estavam presos em um rabo de cavalo. Era difícil de acreditar que aquele cara era o Aerys Targaryen de quem Dany tanto ouviu falar.
- Oi, Dany.
O cumprimentou com um aceno rápido antes de entrar no carro. Dessa vez, foi a própria Dany quem ligou o rádio do carro, colocando a música no volume máximo. E passou o caminho inteiro até o restaurante olhando pela janela.
Aerys tolerou aquele comportamento até se sentarem na mesa do restaurante.
- Me conte o que aconteceu - pediu.
- Não aconteceu nada - respondeu, brincando com a comida do prato.
- Você pode me contar - o tom de Aerys era irritante. Era um tom calmo, controlado, quente.
- Não precisa se preocupar com isso - garantiu, tentando soar firme em sua mentira. - Não é nada.
- Posso tentar te ajudar - ele insistiu.
- Eu não quero a sua ajuda.
Demorou alguns segundos para perceber que tinha gritado. Assim que a raiva súbita se dissipou, a vergonha ficou estampada no seu rosto. Abaixou os olhos para o próprio prato, não querendo pensar no que os outros clientes tinham achado daquilo. Não querendo pensar no que Aerys achou daquilo.
Aerys demorou alguns minutos para voltar a falar.
- Tá tudo bem se você não quiser contar. Só quero que saiba que pode me pedir ajuda.
Dany ainda brincava com a comida do prato, sem a menor vontade de comer. Pegou o celular, ignorando o grupo de amigos. Queria ver se tinha recebido mensagem dele. Mas não tinha. Ele era bastante ocupado, e ele não iria querer ser incomodado com seu drama. Dany teve que se esforçar muito para não mandar alguma mensagem para ele. Não deveria ser tão inconveniente.
Aquela sensação que sentiu mais cedo estava voltando. Já sentia a sua garganta apertando. Se curvou sobre a mesa, afastando o prato lentamente.
- Dany - Aerys a chamou. Dany finalmente ergueu os olhos. O homem estava inclinado sobre a mesa, estendendo uma mão. - Respira. Você precisa respirar pra conseguir se acalmar, tá? Vamos, respira uma vez, bem fundo.
Não se afastou quando ele segurou a sua mão, apertando-a gentilmente. E então respirou longamente, e depois soltou.
- Isso, agora mais uma vez.
Demorou alguns minutos para que conseguisse se acalmar. Aerys esperou pacientemente por ela, sempre encorajando-a a continuar respirando. Por longos minutos, não havia mais ninguém no restaurante além deles. Aerys pediu um copo de água e a obrigou a bebê-lo inteiro.
- Dany - Aerys esperou que ela olhasse para ele para continuar. - Eu preciso que você coma, ok? Pelo menos um pouco. Por favor.
O prato estava quase intocado. Não sentia fome. Mas Aerys pediu com uma voz tão dócil que Dany se viu incapaz de recusar. Por isso, se forçou a comer um pouco. Aerys ficou em silêncio durante longos minutos, apenas vendo-a tentar comer.
- Parece ser um assunto sério - comentou Aerys, cauteloso. - Pra você tá desse jeito.
Dany se encolheu.
- Não é nada.
- Não pareceu nada. Pareceu que você tá mal.
Deixou o garfo cair no prato.
- Não é nada - respondeu, frustrada, a voz já ficando agressiva. - É só um passeio.
- Um passeio? Com seus amigos?
Concordou com a cabeça.
- Eles vão na Baía da Água Negra - toda a fúria tinha sumido. Agora sua voz era fraca como um sussurro, mas todas as palavras saíam uma após a outra, sem ter espaço para respirar. - Mas minha mãe não me deixou ir porque não vai ter nenhum adulto pra cuidar da gente.
Não soube porque acabou contando, as palavras só jorraram para fora da sua boca. Falou tão rápido que ficou sem ar. Ele a ouviu atentamente. Passaram os próximos minutos em silêncio, mas Dany já não sentia mais aquele incômodo na garganta. Até conseguiu comer grande parte da comida no prato.
- O que você acha de eu acompanhar vocês?
Olhou para Aerys, as sobrancelhas franzidas.
- Você?
As bochechas dele estavam vermelhas, e ele coçou a nuca por um tempo.
- É. Sabe, eu adorava a Baía da Água Negra, conheço bem. Posso ir com vocês, ficar de olho, e te trazer de volta.
Se lembrou subitamente de como seus amigos reagiram mais cedo quando Dany contou que iria sair com Aerys.
- Não precisa, sério. Eles já estão planejando outro passeio aqui mesmo em Pedra do Dragão.
- E você perder a oportunidade de ver Porto Real? - Aerys pareceu animado, dando um pulinho na cadeira. - Você vai adorar. A cidade é enorme, Pedra do Dragão não chega nem perto em comparação. E as praias de lá são muito mais animadas. Tem bares pra todo lado, música alta e muito mais lojas. E muito mais gente.
- Eu posso ver depois - insistiu.
- Que isso. Você tem que ver o quanto antes. Vai adorar. As pessoas de Porto Real são muito mais legais. Pedra do Dragão é um lugar morto. Não é atoa que seus amigos querem sair daqui. Você vai finalmente ver a cidade grande.
O rosto de Aerys se iluminava cada vez mais a cada palavra pronunciada. Toda a vergonha tinha sido deixada de lado, substituída pelo desejo de desfrutar da novidade. E Dany não pôde deixar de se sentir afetada pelas palavras dele. Estava curiosa.
- Ok - falou, em voz baixa. - Mas eu tenho que perguntar pros meus amigos primeiro.
O sorriso de Aerys era largo, mostrando todos os dentes brancos e alinhados. Dany deu um meio sorriso de volta.
Soube que a demora dos amigos para responder a sua mensagem significava algo. Rakharo não mandou nada além de uma figurinha com uma cabeça explodindo. Sabia que os meninos não estavam contentes com a ideia. Mas as meninas se alegraram, afinal, era uma solução para o problema. E o desejo das meninas era a palavra final naquele grupo. Assim que Doreah aceitou, Dany soube que todos os outros aceitariam.
Quando voltaram para casa, Aerys entrou junto dela. Percebeu que ele estava nervoso, com a testa suada e as mãos um pouco trêmulas que ele tratou de esconder nos bolsos da bermuda. Se lembrou com bastante atenção do que Doreah tinha dito, sobre Aerys transformar as amigas da mãe em suas amantes. E do que Rakharo tinha dito sobre Aerys comparar Rhaella publicamente com a esposa do melhor amigo. Pela reação dele agora, começou a se perguntar se aquilo seria verdade. O quão podre Aerys tinha conseguido ser? E qual era a garantia de que ele realmente tinha mudado além da sua própria palavra?
Rhaella os encontrou na sala de estar. Segurava uma taça de vinho e tinha um sorriso cheio de escárnio no rosto. Dany se encolheu, mas Aerys se manteve mais firme.
- E porque você tá aqui? - Perguntou a mãe, naquela voz cordialmente gelada.
- Vim conversar com você - respondeu Aerys, mantendo uma pose descontraída no sofá. - Dany quer ir com os amigos dela na Baía da Água Negra.
- Ah, então você veio aqui pra pedir pra acompanhá-la, não é? - Rhaella se sentou no sofá de forma graciosa, e estreitou os olhos pálidos em direção a Dany, avaliativa. - Você foi pedir a ajuda dele, huh? Por essa eu não esperava. Não sabia que você tinha tão pouca vergonha.
Dany estava tão encolhida que poderia acabar se tornando parte do sofá.
- Eu quem tive a ideia - Aerys falou, um pouco irritado. - Vou levá-los, ficar de olho nela o tempo inteiro, e trazê-la de volta.
Sabia que a mãe estava descontente. Sempre que Rhaella ficava em silêncio por tempo demais era um mau sinal. Nunca tinha conhecido ira mais gelada do que a de Rhaella. Mas não ousou falar nada. Quando a mãe estava irritada, era melhor ficar fora do caminho.
- Espero que vocês se divirtam.
Então ela se levantou e saiu.
Dany olhou para Aerys, chocada. Não esperava que aquilo fosse dar certo, apenas deixou que Aerys tentasse, já que ele queria tanto. Entendia que a mãe estava furiosa, seja lá por qual motivo, e sabia que, futuramente, poderia sofrer consequências, mas poderia lidar com isso mais tarde.
Assim que Aerys olhou para ela, Dany não conseguiu controlar o sorriso, saboreando o gosto da vitória.
Aerys sorriu para ela e deu uma piscadela.
- Foi o meu charme.
Dany não aguentou e soltou uma gargalhada.
Aerys se despediu com um toque singelo no ombro. Dany foi direto para o quarto, praticamente pulando enquanto subia as escadas, ansiosa para contar para os amigos. Aquilo ter dado certo fez os meninos serem mais adeptos a ideia de Aerys acompanhá-los. Já as meninas estavam nas nuvens, já começando a fazerem planos a respeito do que fariam com Dany assim que chegassem na baía.
Passou o restante do dia fazendo os deveres de casa e esperando receber uma mensagem dele. Ele apenas a respondeu de noite, quando estava prestes a ir dormir. Sabia que tinha que acordar cedo no dia seguinte, mas não conseguia parar de conversar com ele. As conversas com ele eram as melhores partes dos seus dias. Quando ele pediu fotos, apenas para saciar a saudade, ele disse, ela prontamente as mandou, e aceitou os elogios com as bochechas coradas.
No dia seguinte, acordou bastante enérgica. Preparou a sua mochila com todas as coisas que deveria levar. Se forçou a colocar o único biquíni que tinha, mas por cima vestiu uma saia que ia até os joelhos e uma blusa larga. Poderia apenas dizer que não queria nadar, esperava que os amigos não fossem insistir por uma explicação.
Aerys a buscou pontualmente. Ele sorriu assim que a viu.
- Você tá linda.
Dany corou, mas não respondeu.
Foram encontrar seus amigos direto no cais. Quaro, Jhogo e Aggo já estavam sem camisa, mostrando bastante da pele morena e lustrosa. Rakharo estava todo pomposo com seu chapéu de abas largas. Já Doreah estava toda arrumada, com um chapéu amarelo, os cabelos cor de mel presos em um coque baixo, óculos escuros e um vestido verde de tecido leve. Irri e Jhiqui usavam apenas um short e uma blusa.
Rakharo foi o primeiro a vê-la. Viu ele estreitar os olhos amendoados em direção a Aerys, com a boca franzida. Mas, quando ele se aproximou, ele foi educado. Isso foi muito mais do que o que Aerys recebeu dos outros meninos. Parecia haver um acordo em comum entre eles de manterem uma cortesia gelada e ofensas veladas. Se Aerys ficou incomodado, manteve isso para si, dando aos rapazes apenas sorrisos e cordialidade. As garotas foram mais gentis, até mesmo Doreah. Dany se sentiu grata por isso.
A balsa já estava saindo, por isso tiveram que fazer apresentações rápidas. Quando estavam subindo no barco, Aerys sorriu para eles.
- Não se preocupem, eu pago.
- A gente não precisa que você pague - Aggo nem disfarçava a sua raiva.
- Aggo, se você tentar ser um pouquinho mais educado, você vai perceber que, se aceitar, vai causar uma impressão melhor - disse Doreah, como se estivesse conversando com uma criança.
- E porque aceitaríamos? - Perguntou Quaro, cruzando os braços.
- Porque assim a gente gasta o dinheiro que a gente juntou com outras coisas - respondeu Doreah, irritada. Mas, quando ela se virou para Aerys, ela mostrou o seu mais belo sorriso. - Obrigada, Aerys.
- Que isso. Podem ir, eu cuido disso.
Dany seguiu os amigos, contente por Aerys estar se esforçando. Sabia que seus amigos não estavam sendo fáceis, e não achava que cabia a ela pedir para que eles fossem gentis com alguém que eles desprezavam. Mas esperava que eles pelo menos fossem educados. Se eles estavam agindo daquela maneira com apenas alguns minutos de encontro, não conseguia imaginar como seria o restante do passeio.
A balsa era grande, de dois andares, e estava bastante cheia. Os rapazes insistiram em ir para a proa do navio, e para as meninas nada restava além de aceitar a teimosia alheia.
- Que inferno, odeio ter que ficar em pé - Dany conhecia o lado reclamão de Doreah. Quando começava, era difícil parar. - Não podia ter pelo menos alguns bancos?
- Tadinha, a nossa gatinha deve estar cansada. - À sua maneira, Aggo conseguia ser ainda mais provocativo do que Doreah.
- Não seja chato, Aggo. A Doreah tá certa - Jhiqui cruzou os braços. - A gente vai ter que ficar em pé por muito tempo.
Jhogo passou um dos braços ao redor dos ombros de Jhiqui. Ela era a mais alta das garotas, mas ainda era meia cabeça mais baixa do que Jhogo, o mais baixo dos garotos.
- Vocês reclamam muito. A gente vai ficar em pé, mas olha que vista massa.
- Da água envenenada? - Irri tinha uma expressão fechada.
- Tá parecendo uma velha, Irri - Rakharo tinha aquele sorriso que sempre vinha fácil para ele. - Isso é só uma superstição. Assim que você nadar no mar, você vai se apaixonar.
Irri deu de ombros e virou o rosto, sem qualquer contra-argumento.
Aerys se juntou a eles pouco tempo depois.
- Vai demorar muito? - Perguntou.
- Um pouco. Talvez uma hora.
Dany bufou. Aerys sorriu para ela.
- Tá ansiosa pra ver Porto Real?
Dany admitiu com um aceno. E então sentiu um braço forte sendo colocado ao redor dos seus ombros. Aggo sorria para ela.
- Você vai adorar. A cidade é bem fedida, mas as praias são muito mais animadas do que as de Pedra do Dragão.
- Ah, com certeza. Porto Real é o centro de toda putaria e bebedeira de Westeros - disse Aerys, com uma voz animada.
Quaro tinha uma expressão fechada.
- Disso você entende bem, né?
Seus olhos se arregalaram. Todos os seus amigos ouviram, mas nenhum deles se viu disposto a falar. Aerys não parecia muito afetado, mas não teve nada para responder, apenas deu um sorrisinho e passou a olhar o mar.
- Quaro - Irri falou num tom pesado, se colocando na frente do rapaz. E, em seguida, fez um longo discurso em dothraki. Dany não pegou uma palavra, mas podia imaginar que a amiga estava repreendendo os amigos. Sabia que, depois dessa, os garotos não iriam mais tomar liberdade demais. Não queria que Aerys mudasse de ideia sobre o passeio, e os amigos não estavam ajudando. Após a reprimenda, Quaro e Aggo se afastaram de Aerys, tomando um interesse repentino em conversar sobre baleias.
Aerys estava certo, demoraram pouco mais de uma hora para chegar em Porto Real. Durante o caminho inteiro, os meninos ficaram falando sobre o que iriam fazer assim que chegassem. Rakharo disse que, com o dinheiro que tinha guardado, iria comprar algo de cada vendedor ambulante que se aproximasse. Doreah disse que gostaria de pegar um bronzeado, e tentou convencer Irri e Jhiqui a fazerem o mesmo. E ninguém ficou surpreso quando Quaro e Aggo disseram que iriam brigar por cinco minutos sem perder a amizade.
Aerys, no entanto, estava bastante silencioso. Enquanto deixavam Pedra do Dragão, os olhos de ametistas do homem não deixaram a ilha nem por um segundo. No homem, gentil e suave como couro velho, parecia haver uma melancolia enraizada que tomava conta sempre que ele ficava tempo demais na própria companhia. Viu aquilo enquanto caminhavam pela caverna, e voltava a ver enquanto ele tinha um último vislumbre de Pedra do Dragão.
Enquanto os amigos conversavam animadamente, Dany decidiu ir até Aerys.
- Você ia muito na Baía da Água Negra?
Aerys sorriu para ela. Era fácil ele sorrir para ela.
- Era o meu maior refúgio - ele começou, observando o mar ao invés dela. - Eu odiava Pedra do Dragão. Meu pai sempre manteve uma coleira curta em mim. Ir pra Porto Real me dava mais liberdade. Amava ir lá com meus amigos.
- Você ia pra lá com aquela sua amiga que você mencionou?
Aerys abaixou a cabeça.
- Não. Eu nunca fui lá com ela. Mas quem sabe, mais pra frente, eu leve vocês duas lá. Certeza que ela vai odiar, mas vai ser bom pra ela ter ares novos.
Dany bebeu um pouco da sua água antes de tentar continuar.
- Então quem eram seus amigos?
Soube que tinha feito a pergunta errada por causa do silêncio. Aerys era um homem de sorrisos fáceis e gracejos. Mas aquela pergunta o deixou silencioso, cauteloso, e Dany não sabia lidar com ele daquela forma.
- Me desculpe por ter perguntado.
Aerys tentou dar um sorriso para ela. Dany fingiu não perceber que o sorriso tinha falhado. E então, gentilmente tocando-a no braço, ele a afastou um pouco dos amigos.
- Seus amigos não estão muito errados por terem me tratado daquela forma - Aerys se apoiou nas barras de ferro, preferindo manter os olhos no mar do que nela. - Eles já devem ter lido uma notícia ou outra em algum site de fofoca sobre mim. E, eu confesso, eram poucas as fofocas que eram falsas.
Dany preferiu ficar em silêncio.
- Eu… já fiz coisas muito ruins, Dany - teve que se aproximar mais para ouvi-lo entre todas as outras vozes. - Claro que eu não vou esconder nada de você. Só que… tem alguns assuntos que ainda são difíceis de conversar. - E então Aerys finalmente se voltou para ela. Com os olhos marejados e a boca franzida, ele a tocou em ambos os ombros. - Mas eu prometo ser transparente. Você pode aceitar isso? Por favor?
Se lembrava vividamente de todas as histórias que Viserys já tinha contado para ela à medida que crescia. Sobre como Aerys desgraçou a família, preferindo passar seu tempo em festas e rodeado de prostitutas. Ou sobre como Dany quase tinha matado a mãe no parto, por causa da idade avançada dela. Sempre chegava um momento em que as histórias ficavam tão pesadas que Dany começava a chorar, e tio Willem terminava a noite brigando com Viserys e acolhendo a afilhada.
Já tinha conversado com diferentes pessoas a respeito de Aerys, mas todas elas tinham algo em comum em suas histórias: Aerys era podre. O próprio Aerys estava admitindo isso na frente dela.
Mas se lembrou da decisão que tinha tomado na caverna, entre o calor e a herança familiar. Aerys, em toda sua vulnerabilidade, tinha implorado por uma chance. E Dany tinha dado essa chance a ele. Não podia voltar atrás agora.
Por isso, se afastou dos toques em seus ombros, se virando para alcançar a mochila em suas costas. De dentro dela, tirou o boné lilás que tinha ganhado. Olhando para Aerys com um sorriso tímido, colocou o boné.
Assim que reparou que estavam se aproximando, ficou na beirada da balsa, não querendo perder nenhum detalhe. A cidade era realmente muito maior do que qualquer outra que Dany já tinha visto, Pedra do Dragão não chegava nem perto. Os prédios eram altíssimos e reluziam pela luz do sol, as praias transbordavam pessoas, mas o que mais reparou foi no barulho. Assim que atracaram no cais, Dany se viu cercada de um falatório e buzinas, um mar de barulho que nunca tinha ouvido, mesmo no centro de Pedra do Dragão.
- Incrível, né? - Aerys falou, perto do ouvido dela. - Aegon, o Conquistador, desceu aqui pra começar a conquista de Westeros.
- Junto com as irmãs - se sentiu obrigada a falar.
Aerys riu baixinho.
- É verdade. A cidade não pertence mais a gente - contou Aerys, tocando no ombro dela com delicadeza. - Mas eu sempre me sinto em casa quando volto.
Aerys ficou de olho em todos do grupo enquanto desciam. Do grupo, Irri e Jhogo eram os únicos que nunca tinham visto a cidade. Eles estavam tão maravilhados quanto Dany, ansiosos para ver tudo de perto. Aerys teve trabalho em mantê-los sob controle, principalmente porque, em relação aos meninos, isso era trabalho de Irri.
- Calma, gente, não andem tanto na frente assim - pediu Aerys mais uma vez, enquanto pegava alguma coisa na grande bolsa de praia que trouxe. - Ei, Jhiqui, você pode tentar segurar a Irri, por favor?
Dany também sairia correndo para ver tudo o que queria se tivesse coragem. Mas se manteve ao lado de Aerys, com a ansiedade a corroendo enquanto tentava se controlar. Jhogo e Irri não tinham a mesma cautela. Já estavam muito à frente no cais, vendo alguns cartazes e vendedores ambulantes.
Quando finalmente os alcançaram, eles estavam prestes a sair correndo de novo, desesperados pelas novidades.
- Se vocês continuarem desse jeito, vão se perder fácil - falou Doreah, com um tom alto e irritado. De novo, o lado reclamão. - E, se vocês se perderem, vai ser muito difícil pra gente achar vocês. Fiquem perto do Aerys.
Aquilo foi o suficiente para acalmá-los, pelo menos por um tempo. Achou fofo como Aerys se virou para Doreah, o olhar cheio de agradecimento. Não estava muito surpresa, afinal, ele não devia ter nenhuma experiência com adolescentes. Mesmo tendo sido pai de três filhos.
- Ok, nós vamos pra Praia de Ferro - disse Aerys, tentando manter algum respeito, alguma ordem. Mas todos sabiam que a única coisa que segurava aquele passeio era a mão firme de Doreah. - Fiquem perto de mim. Se quiserem ver alguma coisa, só me chamar e nós vamos.
No ritmo que seguiram, chegaram na Praia de Ferro depois do meio-dia. Isso porque Jhogo e Irri queriam ver tudo que tinha para ser visto. E, quando eles queriam alguma coisa, era difícil fazê-los mudar de ideia. Não que Aerys tentasse, pelo contrário, ele cedia a todas as teimosias dos garotos. Sempre que algum deles via algo minimamente interessante e queria tirar uma foto, Aerys incentivava todos a irem. Tinham parado em cada vendedor ambulante, cada loja grande e cada cantor de rua.
No primeiro vendedor que tinham parado, Aerys comprou picolés para todos. No segundo, Aerys convenceu alguns deles a experimentarem milho no espeto. No terceiro, foi Rakharo quem pediu com olhos grandes por queijo no espeto. Irri, Quaro e Aggo já estavam cheios de bijuterias artesanais, embora Doreah se achasse boa demais para aquele tipo de produto. E, quando finalmente chegaram na Praia de Ferro, suas bolsas já estavam cheias de compras.
Dessa vez, foi Aerys quem decidiu onde iriam ficar. Era um restaurante meio bar meio lanchonete que ficava no começo da praia. Pelo menos o chão era de madeira, não de areia, e o lugar era bem protegido do sol do meio-dia com o telhado de palha. Tiveram que juntar duas mesas, e ainda pegar uma cadeira de outra para Aerys. Dany estava exausta, se sentou e não quis levantar mais. Mas seus amigos eram insaciáveis.
- Vamos nadar? - Quaro nem tinha se sentado, só tinha largado a mochila em cima da cadeira. - Tô morrendo de calor.
- Vou pedir refrigerante - disse Aerys assim que o garçom deixou os cardápios.
- O mar vai ser melhor - respondeu Aggo, também ficando em pé.
- Vocês precisam comer primeiro. Algo melhor do que um picolé e espeto de milho.
Quaro e Aggo nunca se dobravam com facilidade, e ter alguém dando ordens diretas os deixavam ainda mais pendentes para a desobediência. Todos pressentiram a briga chegando, e nenhum dos lados parecia querer ceder.
Já Jhiqui pensava diferente.
- Vamos fazer nossos pedidos. Vai demorar um pouco pra chegar, então deixa eles se refrescarem enquanto a gente espera.
Aerys cedeu. Dany suspeitava que ele tinha permitido muito mais pelo tom manso de Jhiqui do que por concordar com ela. Aggo e Quaro nem esperaram Aerys responder, saíram correndo em direção ao mar.
No fim, decidiram pedir batata frita, arroz com camarão para acompanhar, arroz com brócolis para quem não comia camarão, tomate cereja e ovos de codorna no espeto, e salada temperada. O pedido não demorou muito para chegar e, como prometido, Jhiqui foi tirar os rapazes da água. Assim que terminaram, convenceram Aerys a deixá-los nadar.
- Deixem suas coisas aqui. E não vão pra longe - foi a sua resposta final.
Os meninos foram correndo. Todos tinham desfeito suas longas tranças para poderem nadar. Irri e Jhiqui foram mais atrás, tinham que tirar a roupa. Dany corou e desviou os olhos enquanto Irri tirava a sua blusa e deslizava o short jeans pelas pernas torneadas.
- Vocês deviam vir com a gente - Jhiqui incentivou, sorrindo.
- Nem fodendo - respondeu Doreah, parecendo insultada com a ideia. - Vou me bronzear um pouco e descansar. Vocês me deixam exausta.
Irri revirou os olhos, ignorando o que a amiga disse, se aproximando de Dany.
- E você, khaleesi? Não quer vir com a gente?
Dany encarou o seu prato vazio na sua frente. Irri estava muito próxima, e embora tivesse apenas catorze anos, tinha um corpo muito mais desenvolvido do que o de Dany. A garota era meia cabeça mais alta do que Dany, com pernas mais grossas e seios que caberiam perfeitamente em suas mãos pequenas. O biquíni não poupava nenhum detalhe. Dany mal conseguia olhar.
- Eu vou mais tarde - mentiu. - Ainda tô muito cheia.
De onde estavam sentados, conseguiam ver todos nadando. Quaro e Aggo cumpriram sua promessa, cinco minutos sem perder a amizade. A brincadeira parecia muito pesada aos olhos de Dany, era muito mais um tentando afogar o outro do que qualquer outra coisa. Mas nenhum dos amigos pareciam preocupados. Rakharo e Jhiqui estavam torcendo por Quaro, e Irri e Jhogo, por Aggo.
Também tinham uma boa visão de Doreah, que estava muito mais perto do que os meninos. Ela estava estendendo sua canga na areia, deixando o seu chapéu de lado e tirando os óculos de sol.
Todos os meninos pararam com as brincadeiras quando viram Doreah pegando seu protetor solar e óleo da bolsa. Foi cômico como todos apostaram corrida até Doreah, desajeitados e tentando atrapalhar uns aos outros. Aggo ganhou.
- Você vai precisar de ajuda pra isso, D?
- Eu tenho mãos mais macias - gritou Rakharo, que estava mais atrás.
- Mas eu sou mais delicado - insistiu Quaro, batendo no próprio peito.
- Eles são uns nojentos, D - Jhogo tentou se aproximar, mas Aggo impediu. - Deixa que eu faço isso pra você.
- Deixem ela em paz, idiotas - gritou Irri, que tinha ficado nadando com Jhiqui. - Voltem pra cá.
Doreah estava sorridente. Dany já tinha percebido que ela adorava atenção, e tinha que admitir, caía bem nela. Mas seu sorriso de alegria rapidamente foi se tornando maldoso, crescendo em seu rosto bonito.
- Dany - Doreah gritou, acenando. - Você pode passar o protetor solar em mim?
Dany, toda corada e sem fôlego, se sentiu presa na cadeira. Observou os meninos, desapontados, voltarem para o mar.
Aerys tocou a sua mão gentilmente.
- Vai, Dany.
Dany se levantou de forma desajeitada, quase derrubando a sua cadeira. Estava ciente dos olhos azuis analíticos de Doreah sobre si, mas fez o que pôde para ignorá-los. A areia estava quente sob os seus pés, por isso se viu obrigada a andar muito mais rápido do que teria desejado para alcançar a amiga. Se sentou atrás dela, também acomodada pela canga.
Doreah se virou assim que se aproximou, pegando uma de suas mãos e apertando-a.
- Você tem mãos tão macias, Dany - a amiga falou baixinho. - Você vai ser muito melhor do que qualquer um deles.
Doreah já tinha tirado o vestido, e entregou para Dany o protetor solar. Enquanto tentava não olhar muito, começou a espalhar o protetor solar pelos ombros da amiga. A pele dela era macia ao toque, e se viu sorrindo timidamente ao notar que ela tinha várias pintinhas ao longo das costas. Pôde passar as mãos por todas elas, e fingiu não reparar quando a viu se arrepiar ao passar as mãos pelas suas costelas.
- Já é o suficiente? - Perguntou, novamente envergonhada.
- Claro que não. Também preciso de ajuda com o óleo.
Quando terminou, se sentia estranhamente ofegante, mas sorriu timidamente para Doreah quando ela lhe agradeceu com um toque na bochecha. Limpou as mãos na saia enquanto voltava para a mesa.
Aerys estava com uma sobrancelha arqueada.
- Vocês parecem bem próximas.
Dany corou.
- Foi ela quem me apresentou aos outros - contou, pegando um guardanapo para limpar melhor as mãos do óleo. - Não sei direito como eles se conheceram.
- Eles parecem ótimos - Aerys estava beliscando as sobras das batatas fritas. - Fico feliz que os garotos sejam protetores com você.
Sorriu, envergonhada.
- Você não viu nada. Quando a Irri ou a Doreah ficam preocupadas, elas ficam muito piores do que os garotos.
Ficaram apenas os dois na mesa. Às vezes um dos amigos ia até eles para buscar alguma coisa, ou deixar outra. Mas eles pareciam estar se divertindo demais no sol para voltarem a se sentar. Irri, que antes estava tão suspeita do mar, estava brincando de guerra de galo em cima dos ombros de Jhogo. Quando ela conseguiu jogar Jhiqui de cima dos ombros de Rakharo no mar, Dany soltou uma gargalhada.
- Que tal ir nadar com eles? - Ouviu Aerys perguntando.
Sua expressão se fechou.
- Não estou me sentindo bem. Acho que foi a comida.
- Você parecia bem até eu sugerir.
Ficou em silêncio.
- Se você quiser, eu posso ir com você.
- Temos que ficar aqui olhando as coisas - insistiu.
- Daqui a pouco a Doreah volta do bronzeado e vem pra cá olhar as coisas - retrucou Aerys, tão insistente quanto ela.
Dany cruzou os braços, tentando não olhar para Aerys. Porque ele tinha que ser sempre tão inconveniente?
- Eu não quero ir - disse, irritada.
- Ok. Posso saber porque?
- Não é da sua conta - falou, um pouco mais alto do que teria desejado, considerando que Doreah olhou para eles. Ignorou o olhar da amiga, e se recusou a olhar para Aerys. Não queria ver o estrago que tinha feito.
Já tinham se passado longos minutos até Dany voltar a olhar para Aerys. Ele estava terminando a sua lata de refrigerante, mas, assim que Dany olhou para ele, ele sorriu gentilmente.
- Tá tudo bem, Dany. Só estou preocupado.
Dany olhou para baixo.
- Porque você tá insistindo tanto? Não é nada.
Aerys aproximou a cadeira dele da dela.
- Porque eu te trouxe aqui pra se divertir. Isso inclui comer bem, comprar bugigangas e brincar com seus amigos. E seus amigos estão brincando, mas você tá aqui, observando. Quero saber porque você não quer participar.
Ainda observava as próprias mãos, sem saber o que responder. Não entendia porque Aerys era tão insistente, mas o que ele falava fazia sentido. Talvez ele só estivesse preocupado. Não custaria nada falar apenas para ele se acalmar.
- Eu… - se aproximou ainda mais, quase com os lábios na orelha dele. - Eu não quero que me vejam de biquíni.
Se recusou a ver a expressão dele quando se afastou. Provavelmente ele iria rir, dizer que era frescura. Ele não estava errado. Era só um biquíni. Dany devia crescer um pouco, ser como Doreah. Não ser uma menininha idiota que fica mal com qualquer coisa.
Aerys a tocou no ombro com os dedos macios.
Antes que ele pudesse falar qualquer coisa, se virou para trás. Tinha ouvido os amigos antes de vê-los. Eles eram barulhentos em qualquer lugar. Quaro e Aggo continuavam na água, mas todos os outros já tinham voltado para os seus lugares, até mesmo Doreah. Estavam molhados e cansados.
- Tio, a gente pode beber mais refri? - Pediu Jhiqui, com aqueles olhos grandes.
- Claro - e então ele se levantou. - Podem pedir pro garçom. Eu e a Dany temos que ir em um lugar, mas voltamos logo.
Sorte de Aerys que Quaro e Aggo ainda estavam no mar.
- Onde vocês vão? - Perguntou Irri, fuzilando Aerys com os olhos. Toda a educação sendo jogada no ralo.
- Eu quero mostrar algo pra Dany - Aerys ofereceu ajuda para Dany se levantar da cadeira. Ela não soube o que fazer além de aceitar. - Mas vou deixar nossas coisas aqui. Vocês podem ficar olhando?
- Claro - Doreah falou, passando por cima do que quer que Irri fosse falar. - Podem ir.
Aerys deixou a bolsa de praia, levando apenas o celular e a carteira, e incentivou Dany a deixar todas as suas coisas.
- De jeito nenhum. Ela vai levar o celular - falou Jhogo, em um tom marrento que Dany nunca tinha ouvido.
Dany, envergonhada, já ia pegando o celular da bolsa. Mas percebeu que já estava na hora dos amigos começarem a dar um voto de confiança em Aerys.
- Não se preocupem. Eu vou ficar com ele o tempo todo.
Irri e Jhogo pareceram bem irritados com a sua decisão, mas aceitaram em silêncio. Os outros ficaram bem distraídos quando o garçom chegou com o refrigerante, deixando Dany e Aerys saírem mais facilmente.
Aerys a guiou para longe da praia, levando-a em direção às ruas cheias de lojas e lanchonetes.
- O centro da cidade é muito melhor - Aerys começou a falar, enquanto caminhavam. - Essas lojas tem mais coisas que vem de Rosby. Mas mais pro centro tem todo tipo de coisa. Vê as três colinas?
Ah, claro que Dany via. Foi a primeira coisa que reparou na cidade. Sabia que cada uma fora nomeada em homenagem a um conquistador. Nunca pensou que realmente fosse chegar a vê-las.
- Legal, né? - Falou Aerys, assim que percebeu que Dany estava encarando. - Nunca fui religioso, mas admito que o Septo de Baelor é bonito de se ver. Talvez um dia a sua mãe deixe a gente passar mais tempo aqui na cidade. Então eu podia te levar nos melhores lugares. Não conte pra ninguém, mas eu tenho uns contatos na Baixada das Pulgas que ia deixar a sua mãe louca.
Dany riu. Conhecia a fama da Baixada das Pulgas, e não conseguia imaginar Aerys andando nas ruas que já descreveram para ela.
Entraram na primeira loja grande de roupas de praia que viram. Só de entrar em um ambiente com ar condicionado fez Dany derreter. Tinha passado bastante tempo querendo tirar aquela blusa que, mesmo sendo de um tecido leve, ainda incomodava. O ar condicionado foi mais que bem-vindo.
A atendente foi rápida em vê-los.
- Veio comprar algo pra sua neta?
Dany tampou a boca para não rir, mas Aerys conseguiu manter a compostura.
- Sim, claro. Precisamos de uma roupa de banho que cubra bem, hum? Que cubra os braços e parte das pernas.
A atendente não dava mais atenção a Dany do que daria a uma mosca.
- Claro. É importante pras crianças não mostrarem muito, né? Eu tenho aqui o que você procura.
A roupa de banho era preta, mas as mangas eram coloridas. Aerys escolheu a cor lilás para ela, e pediu para que ela provasse. Ela segurou a roupa nas mãos, caminhando na direção do provador. No entanto, antes que pudesse entrar, ela olhou para Aerys.
- Mas… você não acha que meus amigos vão fazer piadas? É diferente dos biquínis que as meninas estão usando.
Aerys a segurou nos ombros, e depois passou uma das mãos macias e um pouco enrugadas pela sua cabeça.
- Porque eles ririam de você? São seus amigos.
Dany olhou para os próprios pés.
- Eu não sei… vai ver pra eles seria só uma brincadeira. Que nem eles me chamarem de khaleesi.
Não para a sua surpresa, Aerys riu. Dany teria se afastado do seu toque se se atrevesse, mas ele a segurou pelo queixo e a obrigou a olhá-lo.
- Você sabe o que khaleesi significa, Dany?
Dany negou, envergonhada.
- Significa rainha. Pode ser uma brincadeira, um apelido, mas claramente não é maldoso. Eles gostam de você. Eu passei o dia inteiro vendo isso.
Significava mesmo rainha? Nunca tinha ousado perguntar para nenhum deles o que khaleesi significava, mas não estava esperando por aquilo. Será que Aerys estava mentindo? Ele tinha dito mais cedo que iria ter um relacionamento transparente com ela, não acreditava que ele iria quebrar essa promessa no primeiro dia.
Aerys então colocou a mão em sua bochecha.
- E, se eles rirem, nós vamos embora logo depois. E ainda vamos deixar eles pagarem a conta.
Dany voltou a rir. Não conseguia ver o rosto dele, sua visão estava embaçada demais para isso. Antes que se envergonhasse, se soltou das mãos macias, indo para o provador. Qual era o problema dela? Porque ela tinha que chorar com qualquer coisa como uma menininha idiota?
Aerys insistiu que Dany passasse protetor solar antes de vestir a roupa. Recusou a ajuda dele para passar nas suas costas, e ficou contente quando ele não voltou a oferecer ajuda. No fim, estava toda apertada e grudenta.
A roupa ficou colada, como ela já esperava, mas não poderia ter ficado mais contente com o resultado. Sua clavícula, seus ombros e sua barriga ficavam bem escondidos, e por mais que desse para perceber o quanto ela era desprovida de seios, seria o melhor resultado que iria alcançar. E agradecia Aerys por ele ter tido a ideia.
- Vem, Dany. Me deixa ver.
Se forçou a sair do provador. Se não conseguisse mostrar a roupa nem para Aerys dentro da loja, não conseguiria para os amigos. Assim que saiu, Aerys sorriu largo para ela.
- Tá ótimo. Quer levar?
Dany assentiu, se voltando para o provador.
- Pode continuar com a roupa. Vamos voltar direto pra praia. Vou ir pagar, tá bom?
Dany voltou a assentir, não confiando na própria voz para responder. Temia que, se falasse, fosse começar a chorar de novo. Por isso, apenas voltou para o provador, pegou todas as suas roupas e o biquíni, e foi encontrar Aerys na frente da loja.
Quando voltaram para a praia, encontraram os amigos gritando, como sempre, sobre qualquer assunto. Aggo e Quaro estavam novamente com eles, e não pareciam nada contentes. Eram os únicos em silêncio, e estavam bastante emburrados. Assim que a viram, se levantaram da cadeira e foram até ela.
- Você devia ter avisado pra gente que tava indo com ele pra algum lugar, khaleesi - Aggo parecia irritado, mas, quando falou com ela, a voz estava calma.
- Você nem levou o celular - já Quaro teve mais dificuldade de manter a compostura.
- Tá tudo bem, gente - disse, sem fazer a menor ideia de como acalmá-los. - Ele só foi me mostrar algo em uma loja. Demoramos vinte minutos.
Aerys não parecia incomodado com os olhares que Quaro e Aggo lançavam para ele, e se sentou calmamente em seu lugar. A Quaro e Aggo, nada restou além de engolir toda a raiva e voltarem a se sentar. Dany, no entanto, se sentiu grata pela preocupação.
Percebeu como o clima na mesa estava um pouco tenso, seja lá qual fosse o motivo. Engoliu em seco antes de tentar.
- Eu tava pensando em… sabe… ir nadar um pouco.
Os olhares foram tantos e ao mesmo tempo, que Dany quis se esconder. Doreah estava com um sorriso gentil, mas todos os outros pareciam bastante surpresos.
- Pensei que você não fosse querer nadar, khaleesi - disse Jhogo.
- Eu… - Dany corou.
- Eu não ia deixar ela nadar de barriga cheia - disse Aerys, cruzando os braços. - Minha mãe sempre me dizia que não faz bem.
Os amigos se entreolharam, curiosos. Alguns deram de ombros, outros pareciam querer uma explicação.
- Homens de leite - Rakharo resmungou baixinho.
Irri se levantou tão subitamente que assustou todos na mesa.
- Então vamos - a garota estava animada, batendo palmas. - Tô ansiosa pra brincar de novo.
Todos, exceto Aerys e Doreah, se levantaram para ir. Os meninos saíram correndo, como sempre fazem quando querem alguma coisa. Irri e Jhiqui ficaram para acompanhar Dany, e reclamando sobre o quanto a Doreah era chata por não querer nadar com eles.
À medida que a areia foi ficando molhada, a textura sob os seus dedos dos pés foi mudando. A sensação de apertar os dedos dos pés na areia molhada era uma delícia. Quando demorou demais, Irri e Jhiqui começaram a puxá-la na direção do mar.
A água era morna, e as ondas estavam bem fracas. Dany estava de mãos dadas com Irri enquanto avançava. Parou quando ficou com água até o peito. Os meninos já estavam brincando de guerra de água, espirrando água uns nos outros. Assim que ficaram perto o suficiente, eles as atacaram. Dany foi percebendo, ao longo da brincadeira, que eles sempre pegavam mais leve com ela.
Foi ideia de Quaro voltar a brincar de guerra de galo, óbvio que Aggo o apoiou. Só não esperava que eles dois fossem discutir sobre quem ficaria no time dela.
- Eu sou muito melhor, claro que a khaleesi vai me escolher - disse Aggo, irritado.
- Mas todo mundo sabe que eu sou o preferido da khaleesi - retrucou Quaro, jogando água no rosto do amigo.
Foi Jhiqui quem encontrou uma solução, dizendo que Dany podia ir primeiro com quem ganhasse no pedra, papel e tesoura. Claro que, quando Aggo perdeu, ele tentou convencer todo mundo que Quaro tinha roubado de alguma forma.
Quaro podia ser o maior e o mais forte dos meninos, mas, enquanto ele a ajudava a subir em seus ombros, ele mantinha toques sempre gentis. Pela primeira vez na vida se sentiu alta, mas sempre voltava a agarrar as mãos de Quaro, que estavam levantadas para que ela se apoiasse caso achasse que poderia cair.
Por fim, Aggo escolheu Jhiqui para lutar com ele. Teve que confessar que estava assustada no começo, mas os incentivos de Jhogo e Rakharo a animaram. Em pouco tempo, estava se esforçando ao máximo para derrubar Jhiqui. Quando venceu a disputa, caiu na água enquanto comemorava. Quando Quaro a ajudou a ficar em pé novamente, foi agarrada pelos meninos, até mesmo por Aggo, enquanto comemoravam. Suspeitava que Jhiqui a tinha deixado ganhar, mas estava feliz mesmo assim.
Quando saíram no mar, Dany estava exausta. Mas claro que ainda não tinham acabado.
- Pensei que Quaro e Aggo fossem querer fazer manha pra nadar por mais tempo - ouviu Jhiqui comentar com Jhogo, enquanto todos eles observavam Quaro e Aggo indo em direção a mesa do restaurante.
- Não é possível que eles não estejam cansados - respondeu Jhogo, embora ele mesmo parecesse disposto para mais. - Na verdade eu só queria uma água de coco.
- Ou leite de égua fermentado - comentou Rakharo, baixinho, recebendo um tapa de Irri no ombro.
Todos pararam de conversar quando ouviram um grito. Ao olharem para a mesa, perceberam porque Quaro e Aggo tinham saído antes de todos. Quaro tinha jogado Doreah em seus ombros. Doreah podia ser alta, mas perto de Quaro, ela não era nada. Por isso, o rapaz conseguiu correr com ela no ombro com relativa facilidade. Tanto ele quanto Aggo ignoraram os gritos irritados de Irri e Jhiqui. Rakharo e Jhogo, ao invés de ajudar, foram correndo atrás dos amigos, animados. Dany, sorrindo, viu os pés se movendo por conta própria, indo de encontro aos amigos.
Chegou aos amigos assim que Doreah emergiu da água. O lindo cabelo cor de mel encaracolado estava molhado, e a sua expressão era furiosa. Os meninos, que antes estavam rindo, ficaram em silêncio, sabendo que aquilo mais tarde teria consequências. Mas, para a surpresa de Dany, assim que Doreah a viu se aproximando, a amiga colocou um braço pelo seu pescoço e a puxou para perto. Ela estava rindo. Era difícil vê-la rindo. Quando ela ria, Dany perdia aquela concepção de que Doreah era muito mais velha Quando ela ria, ela se assemelhava a uma criança.
- Eu também pensei que você não fosse nadar, Dany - Doreah a beijou na bochecha. - Que bom que conseguiu se soltar.
Dany, toda corada e desajeitada, sorriu de volta para a amiga.
Passaram mais tempo brincando na água. Doreah se recusou terminantemente a brincar de guerra de galo, mas ela viu bastante gosto em ficar subindo nas costas dos meninos para não ter que se esforçar ao ficar nadando. Quaro e Aggo nunca eram sua escolha, eles ficavam nadando demais e jogando água um no outro para que ela os escolhesse. Ela preferia Rakharo, que era o mais calmo e ficava mais parado, distante das brincadeiras. Quaro, Aggo e Jhogo começaram uma competição para ver quem nadava mais, enquanto os outros preferiam ficar conversando, por já estarem mais cansados.
Quando saíram de verdade da água, o sol já estava se pondo entre as três colinas da cidade, refletindo em cada janela espelhada de cada arranha-céu, tornando a cidade cheia de luz.
- Nós não vamos embora até eu tirar uma foto - pediu Aerys, já com o celular na mão.
- Justo quando eu tô feia por causa da água? Sério, Aerys? - Doreah colocou as mãos na cintura.
- Você tá sempre uma gata, D - falou Aggo, passando o braço pelo ombro dela. - É pra fazer pose?
- Se vocês quiserem - respondeu Aerys, rindo.
Não queria contrariar os amigos, que pareceram animados com a ideia da foto. Por isso, apenas ficou em pé, a cintura sendo enlaçada por Jhogo, enquanto Doreah fazia pose entre Aggo e Quaro. Rakharo, Irri e Jhiqui ficaram ajoelhados na frente do grupo. Tentou não pensar muito no quanto se sentia idiota tirando aquela foto, tentando fingir que a câmera não estava lá. O aperto de Jhogo em sua cintura a distraiu o suficiente da câmera.
- Sorria, Dany - pediu Aerys. - Você é a única que não tá sorrindo.
Dany corou, se obrigando a dar um meio sorriso. E então a foto foi tirada.
- Você parece ter se divertido - comentou Aerys, assim que todos pegaram suas coisas do restaurante, que já estava preparando os instrumentos para a música ao vivo que teria a noite. O lugar estava começando a encher.
Dany estava toda vermelha e sem fôlego.
- Eu nunca tinha nadado no mar antes - contou.
- Nem mesmo em Pedra do Dragão? Rhaella nunca te levou na praia?
Dany negou com a cabeça.
- Ela não sai de casa. Quando eu era pequena, às vezes tio Willem me levava pra caminhar. Mas era no jardim da mansão dele, então não acho que conta.
- Tem muitos lugares bonitos pra se ver, mesmo em Pedra do Dragão - disse Aerys. - Já que Rhaella não mostrou pra você, vou ficar muito feliz em mostrar.
Dany sorriu largo para ele.
A volta foi muito mais silenciosa do que a vinda. Todos estavam cansados, até mesmo os incansáveis Quaro e Aggo. Tinham nadado e comido muito, e tinham bolsas cheias de lembranças. Dany pensou em comprar uma lembrancinha, mas não teria ninguém para dar. Mas os amigos estavam cheios de presentes para suas famílias do outro lado do mundo. Dany ficou feliz apenas de vê-los conversando sobre quando poderiam ir no correio juntos mandar os presentes.
Dany nem percebeu que tinha adormecido no ombro de Aerys. Mas acordou com ele balançando-a levemente.
- Chegamos, Dany.
A despedida foi bem melhor do que os cumprimentos mais cedo. Todos pareciam mais tranquilos com a presença de Aerys. Quaro e Aggo apenas ignoraram Aerys, ao invés de despejar alguma ofensa velada ou provocação desnecessária. Dany ficou feliz com a evolução.
Aerys a deixou na porta principal da sua casa, como ele tinha prometido que faria.
- Que bom que você gostou de hoje, Dany.
- Foi bem legal - Dany não conseguia parar de sorrir. Sentia as bochechas doloridas. - Espero que o próximo passeio seja tão bom quanto esse.
- Vai ser.
Não encontrou a mãe quando chegou, e não foi atrás dela. Assim que entrou no quarto, jogou a mochila em cima da cama e entrou no chuveiro. Já eram quase oito horas, e estava faminta e exausta. O banho gelado foi bastante relaxante, sentia que estava queimando, mesmo já sendo noite quando voltou para casa.
Assim que saiu do banheiro, pronta para dormir, viu a bandeja com o jantar na sua cama. Era bem mais leve do que tudo o que tinha comido naquele dia, mas foi bastante bem-vindo. Assim que terminou, se deitou na cama, vendo todas as mensagens dos seus amigos, cada um mandando a foto que tirou, todos satisfeitos e exaustos com como o dia se desenrolou. Mas a sua mensagem preferida foi a foto que Aerys mandou. A foto dela e de todos os seus amigos. Podia ignorar a sua cara um pouco fechada na foto, se focasse em como os amigos pareciam felizes.
Estava tão cansada que acabou indo dormir sem sequer ver se tinha mensagens dele.

Notes:

Eu ainda tô aprendendo a usar o site, então se eu cometi algum erro nas tags, por favor me avisem. Espero que tenham gostado.